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Superando a Procrastinação Guia Prático de Técnicas da Terapia Cognitivo- Comportamental e Mindfulness para Clientes Vitor Friary 2ª edição Sumário Sobre o autor Prefácio Entendendo a procrastinação Ciclo vicioso da procrastinação Abrindo mão das desculpas para procrastinar Estratégias práticas para superar a procrastinação Regras de vida e suposições acerca de como as devem ser Tolerando o desconforto Referências SOBRE O AUTOR Vitor Friary é Diretor Clínico do Centro de Mindfulness (Rio de Janeiro), Docente e Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Terapia Cognitiva baseada em Mindfulness (MBCT) na Universidade Candido Mendes, Professor Avançado em MBCT pelo Center for Mindfulness da Universidade da California San Diego e treinado pelo Oxford Mindfulness Centre da Universidade de Oxford. Formação em Psicologia (Middlesex University) e Mestre em Terapia Cognitiva Comportamental - TCC (Pesquisa e treinamento supervisionado em MBCT pela London Metropolitan University). Viveu e trabalhou na Inglaterra por 12 anos, atuou como Psicoterapeuta e Supervisor Clínico em TCC e MBCT no National Health Service (IAPT) e no North London Priory Hospital. Atualmente é colaborador de pesquisa no Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro e Responsável Técnico do Projeto de Terapia Cognitiva baseada em Mindfulness para Crianças na Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro. Vitor é co-autor do livro Terapias Comportamentais de Terceira Geração - Guia para Profissionais, professor especialista do CD de práticas do livro Atenção Plena de autoria do Prof. Mark Williams da Universidade de Oxford que foi traduzido e publicado no Brasil pela Editora Sextante e que é um bestseller em todo o mundo. Áreas de atuação clínica/saúde: estresse, depressão, ansiedade, transtorno de pânico, e transtorno obssessivo-compulsivo, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), transtorno de humor bipolar, doenças e dor crônica, dependência química, compulsão com adultos e crianças. PREFÁCIO Este guia prático para superação da procrastinação tem como base os princípios teóricos e práticos de uma abordagem terapêutica conhecida como Terapia Cognitivo-Comportamental (Beck, 1976; Leahy, 2003). O manual contém exercícios que foram desenvolvidos pelo autor para ajudar pessoas que desejam reduzir a tendência de adiar tarefas e metas que o leitor considere importantes para viver com mais vitalidade e satisfação. O livro reúne estratégias simples, porém eficazes para identificar os fatores que perpetuam a procrastinação. Você também vai aprender a avaliar e desafiar o quão funcional esses processos têm sido em sua vida. Além disso o guia também contém estratégias que lhe ensinam a desenvolver um plano de ação para que com abertura e gentileza você possa trazer de volta à vida maior vitalidade e movimento. Este manual não substitui o trabalho que você realizaria com o suporte de um terapeuta cognitivo- comportamental, mas pode sim complementar esse trabalho a ser realizado e te ajudar a dar os primeiros passos. ENTENDENDO A PROCRASTINAÇÃO Definição A procrastinação é uma parte comum do comportamento humano. Muitas vezes as pessoas confundem a procrastinação com ter "preguiça", mas é muito mais complexo do que isso. Entretanto, no dia a dia as pessoas usam diferentes definições para a procrastinação como por exemplo, "deixar para depois", "adiar", "atrasar", e "deixando para a última hora", o que torna ainda mais invisível os fatores subjacentes que perpetuam este modo de se comportar. A procrastinação é tomar uma decisão (sem nenhuma razão válida) de adiar ou não completar uma tarefa ou uma meta que você se comprometeu, e fazer algo de menor importância no lugar, apesar das consequências negativas por deixar a meta desejada de lado. É importante lembrar que todos nós seres humanos procrastinamos. No entanto, a procrastinação pode ser considerada problemática e distinguida do adiamento comum, pelo grau de severidade de consequências negativas decorrentes deste adiamento, seja a nível pessoal ou a nível dos nossos relacionamentos. A seguir você encontrará um teste simples para verificar o grau de severidade da sua procrastinação. Marque as respostas, some o total e verifique no final o resultado: 1) Eu tenho a tendência de adiar concluir tarefas, mesmo quando eu sei que elas são importantes. a) sim b) às vezes c) não 2) Quando eu tenho uma data limite de alguma coisa, eu sempre espero até a última hora para concluir. a) sim b) às vezes c) não 3) Eu acho bem difícil começar com qualquer tarefa, principalmente quando a tarefa não é prazerosa. a) sim b) às vezes c) não 4) Quando alguma coisa parece complicado e difícil ou eu não tenho certeza de como realizar, eu deixo para depois. a) sim b) às vezes c) não 5) Eu gosto de fazer planos, e listas de tarefas a serem alcançadas, e eu costumo seguir os itens dessa lista. a) não b) às vezes c) sim 6) Eu geralmente fico todo tenso e estressado por coisas que eu tenho que fazer na última hora. a) sim b) às vezes c) não 7) Eu geralmente espero até o último momento para pagar contas. a) sim b) às vezes c) não 8) Meu slogan é: "por que fazer hoje, se eu posso fazer isso amanhã?" a) sim b) às vezes c) não 9) Eu gostaria de melhorar a minha habilidade de administrar melhor meu tempo, mas isso seria muito difícil para mim. a) sim b) às vezes c) não 10) Quando estou trabalhando eu adoro distrações do tipo jogar joguinhos no celular ou no computador, checar meu e-mail ou meu Facebook repetidamente para ver se tem alguma notificação. a) sim b) às vezes c) não Somando os resultados Muitos A’s: Se você respondeu A na maioria das questões, então você provavelmente tem um problema bastante grave com a procrastinação. Seu hábito de adiar tarefas pode estar tendo um impacto negativo em várias áreas de sua vida, incluindo a sua vida pessoal, trabalho e vida social. Esse manual com certeza é para você. Muitos B’s: Se você respondeu B na maior parte das questões, então você provavelmente não tem um problema terrivelmente sério com a procrastinação. Claro, você pode até se perceber com dificuldades de em certas coisas, e pode sim fortalecer o seu potencial de Ação. Os exercícios deste manual vão ajudar você a aprimorar seu lado agir. Muitos C’s: Se você respondeu C na maioria das questões, então você não tem um perfil de quem procrastina. Você tem uma ótima habilidade de organizar o seu tempo. Você coloca energia em projetos pessoais e atua na direção de retirar itens de sua lista de afazeres. Talvez a leitura deste livro te ajude a entender mais esse processo da procrastinação e quem sabe você vai poder inspirar outras pessoas ao seu redor a agirem na direção de uma vida com vitalidade como você. O que você procrastina? A procrastinação pode ocorrer em muitas áreas diferentes da vida. Pode envolver tarefas ou metas que temos no trabalho, em casa, estudo, saúde, finanças, social, família, relacionamentos, desenvolvimento pessoal, e tomadas de decisão. Qualquer tarefa que precisemos completar, qualquer problema que precisemos resolver ou qualquer objetivo que quisermos conseguir, podem se tornar objetos da procrastinação. Haverá certas áreas de suas vidas que as pessoas são capazes de acompanhar e concluir as metas estabelecidas, e outras áreas onde a procrastinação se fará presente. Reconhecer essas áreas onde a procrastinação aparece é uma das primeiras etapas desse trabalho de superação. Atividades típicas da Procrastinação São as coisas que você faz para desviar ou substituir a tarefa ou objetivo que você precisa realizar. Podem envolver atividades tais como tarefas prazerosas (por exemplo, ver filmes, séries da Netflix, leitura, surfar na internet, etc.), tarefas de baixa prioridade (por exemplo, arrumar armários, verificar e-mails, etc.), socializar com os amigos família / parceiros, distrações (por exemplo, dormir, comer, fumar, etc.) ou sonharacordado. Desculpas mais comuns da Procrastinação Para evitar a culpa associada com a procrastinação, nós muitas vezes criamos desculpas para a nossa procrastinação que nos ajudam a justificá-la e ficar mais tranquilos conosco por ter adiado essas tarefas importantes. Estas desculpas têm como objetivo passar a ideia de que por causa de algum conjunto de circunstâncias, é melhor optar por deixar as tarefas importantes para outra hora. Algumas desculpas de procrastinação estão aqui listadas a seguir (marque as que você reconhece no seu comportamento, e liste outras que você identifique em seu comportamento): "Estou bastante cansado, eu faço amanhã" "Eu não tenho tudo o que eu preciso, eu não posso começar agora" "É melhor me dedicar a isso quando eu me sentir com mais energia" "O dia está muito bom, melhor aproveitar do que gastar meu tempo nisso agora" "Eu vou me dedicar a isso, quando eu terminar isso…" "Eu tenho tempo suficiente, então posso fazer mais tarde" "__________" "__________" "__________" Regras de Vida e Suposições (que não são úteis para nós) A razão pela qual as pessoas procrastinam, é porque elas detêm regras de funcionamento e suposições sobre suas experiências de vida de pouca funcionalidade. Estas regras podem ser acerca de si mesmo ou de como o mundo funciona ou deveria funcionar. Estas regras e suposições, muitas vezes geram algum tipo de desconforto acerca de fazer uma tarefa (por exemplo pode gerar raiva, ressentimento, frustração, tédio, ansiedade, medo, vergonha, depressão, desespero, cansaço, etc.), e a procrastinação então se torna uma estratégia para evitar esse desconforto que surge diante dessa meta ou tarefa que a pessoa pensa em fazer. As regras e suposições (que não são úteis) mais frequentemente associadas à procrastinação podem ser separadas nas diferentes categorias a seguir: 1) A necessidade de estar sempre no comando (crenças de controle) "As coisas devem ser feito do meu jeito." "Eu não deveria ter que fazer as coisas que eu não quero fazer, ou só porque alguém diz". 2) Busca do prazer e sensações prazerosas "A vida é muito curta para estar fazendo coisas que são chatas ou difíceis" "Diversão e bem-estar têm que ser prioridade na minha vida". 3) Medo do fracasso ou reprovação "Eu devo fazer as coisas com perfeição, senão vou me sentir um fracasso" "Os outros vão pensar mal de mim, se eu não for bem nisso" 4) Medo da incerteza ou do pior "Eu devo ter certeza do que vai acontecer, senão não vale a pena tentar". "E se for ruim? E se não der certo?" "Estou bem melhor não fazendo do que tentar me arriscar e der errado" 5) Baixa auto-confiança "Eu não posso fazê-lo, porque não sou bom o suficiente para isso." "Eu sou muito incapaz e me sinto inadequado para realizar esse projeto" 6) Sem energia "Eu não posso fazer as coisas quando estou estressado ou cansado, desmotivado, ou deprimido" "Eu tenho que me sentir melhor para focar neste projeto" "Quando eu estiver me sentindo mais energizado eu começo a dar os primeiro passos". Consequências da Procrastinação A procrastinação traz para a pessoa algumas consequências positivas, por isso, ela tende a ser reforçada e mantida através do tempo. Entre as mais comuns estão o alívio do desconforto gerado a partir da intenção de fazer alguma tarefa. Uma outra consequência positiva é se sentir bem por ter seguido as regras e suposições, como as listadas anteriormente, ainda que como vimos, as mesmas sejam de pouca utilidade para a pessoa se aproximar de suas metas desejadas. Uma outra consequência positiva é o prazer gerado das atividades de procrastinação. Podemos considerar todas essas experiências como ganhos secundários para a pessoa e servem como fatores de manutenção do problema. Por outro lado, existem algumas consequências negativas da procrastinação. Pessoas que procrastinam tendem a gerar emoções difíceis como a culpa e a vergonha por conta de se avaliarem negativamente por estar procrastinando, aumentando inclusive a auto-crítica. Elas acabam que preservam as regras e suposições que não são úteis para ela mesma, o que pode auxiliar a pessoa a ficar cada vez mais presa nesses padrões de adiamento de metas. E por fim o acúmulo de tarefas, punições ou perdas, também mantêm a procrastinação no lugar. Elas fazem a tarefa ou metas procrastinadas ainda mais aversivas, temidas, indesejadas, e portanto a procrastinação acaba sendo vista como uma opção bem mais atraente. CICLO VICIOSO DA PROCRASTINAÇÃO O Ciclo da Procrastinação A procrastinação não acontece por acaso. Ela é uma consequência das regras e suposições de como devemos nos comportar face a diferentes situações da vida. Desenvolvemos essas regras e suposições ao longo da nossa história. Quando estas informações são ativadas, elas nos levam a sentir (ou detectar) algum tipo de desconforto quando nos dispomos a fazer, mesmo que em pensamento, uma tarefa ou meta considerada por nós importante. Se não nos abrimos na direção de tolerar este desconforto (ou se nós de alguma maneira temos crenças negativas acerca de sentir essas sensações – o que conhecemos na terapia cognitiva como esquemas emocionais) vamos estar mais susceptíveis na escolha da procrastinação como uma maneira de evitar este desconforto e regular nossas emoções, ainda que como um desfecho indesejado. Além disso, quando nós nos deixamos ser guiados pelas desculpas e justificativas que nos impulsionam ao adiamento, torna-se muito mais fácil a escolha da procrastinação. Assim sendo, nos envolvemos em atividades de procrastinação, tais como fazer coisas agradáveis ou de distração, como um substituto para tarefas e metas que precisam ser feitas. Por sua vez, as consequências da procrastinação, sejam elas positivas ou negativas, nos tornam mais propensos a recorrer à procrastinação da próxima vez que nos deparamos com uma tarefa ou meta similar. Isso acontece porque de alguma maneira também temos prazer com a nossa procrastinação, bem como tornamos as tarefas adiadas ainda mais aversivas por estarmos sempre adiando. Vejamos como isso é ativado no diagrama a seguir: O Ciclo da Ação O ciclo de procrastinação nos mostra que a procrastinação é como uma espiral negativa viciosa na qual ficamos presos. A notícia boa é que reverter essa situação também é possível: transformar um ciclo de procrastinação com pouca utilidade, no sentido de viver uma vida com mais vitalidade, em um ciclo de Ação, onde a vitalidade é uma possibilidade. O Ciclo da Ação nos mostra que, quando somos confrontados com uma tarefa ou meta que normalmente procrastinaríamos precisamos: Ajustar nossas regras e suposições de como o nosso funcionamento deve ser; Tolerar o desconforto advindo das tarefas que engajamos e que sejam importantes para nós; Ignorar as desculpas automáticas que surgem para nós diante de uma meta; Ser motivadores de nós mesmos em vez de nos criticar pelo passado; Pôr em prática estratégias de ação para abrir mão de tudo relacionado à procrastinação. É importante perceber que a procrastinação é um hábito, e como qualquer hábito vai levar tempo, prática, persistência e paciência para mudar de "procrastinação" para "Ação". Veja o panorama desta proposta alternativa de AÇÃO no diagrama a seguir: ABRINDO MÃO DAS DESCULPAS PARA PROCRASTINAR Que Desculpas são essas? As Desculpas que damos para nós mesmos para deixar algo para amanhã ou depois normalmente envolvem algum grau de verdade sobre a situação que estamos enfrentando. A partir daí é que concluímos que é melhor adiar uma tarefa ou meta para um outro momento. Estas desculpas nos fazem sentir que a nossa procrastinação é justificada, razoável e aceitável. Como tal, estas desculpas desempenham um papel determinante no ciclo vicioso da procrastinação que nos levam ao adiamento, e precisamos aprender a descartá-las se é de nosso interesse a superação do problema da procrastinação. Aqui estão algumas desculpas mais comuns da procrastinação. Cada desculpa édividida em duas partes, o grão de verdade e uma consequente conclusão que não é útil para nós, isto é, que no final não nos ajuda de fato a se movimentar. Veja a tabela a seguir esclarecendo mais esse link entre a considerada verdade e a conclusão inútil que ela sugere: Estas conclusões seguem um raciocínio de que amanhã, como se por um milagre, será um melhor momento para começar a ser produtivo e seguir em frente. No entanto, muitas vezes, se esperarmos pelo momento quando nós estamos inteiramente descansados, motivados, inspirados, e sem distrações, ou o momento onde temos tudo o que precisamos, quando temos tempo, ou quando tenhamos finalizados outras coisas, ou então quando nos sentirmos totalmente preparados… estaremos esperando um tempo muito longo para que as condições adequadas estejam presentes para começar a ativar a vida na direção da vitalidade e do que importe verdadeiramente para nós. A verdade é que nenhum tempo é provavelmente ideal para fazer algo que não sentimos a vontade de fazer, portanto, agora é tão bom quanto qualquer outro momento para pôr a mão na massa. Muitas vezes, se nós começamos a dar um passo na direção da execução da tarefa ou meta desejada, não importa quão pequeno o passo, o nosso desejo de fazer essa tarefa muitas vezes aumenta, e podemos dar avanços na direção da meta. Isto significa que, tomando medidas em primeiro lugar, fazem que todas as outras coisas, muitas vezes se ajustem de forma fluida e sentimos através da própria experiência direta mais capazes de continuar em frente e concluir as metas. Desafiando Suas Próprias Conclusões Sabotadoras Você pode desafiar as suas conclusões inúteis e que não lhe ajudam e desenvolver conclusões mais adaptativas e funcionais para você através de perguntas que poderá fazer para si mesmo a partir de agora. Quando você reconhecer tirando conclusões que te afastem das suas metas, você pode se perguntar as seguintes questões: 1) Quais são as evidências reais que eu tenho de que é melhor para mim adiar a minha meta agora? Qual é a certeza que eu tenho, de que o a minha mente está dizendo agora para mim é verdade absoluta? 2) Quais são as razões de que é melhor para mim, que eu inicie dar alguns passos agora na direção da minha meta? 3) Será que é verdade que a longo prazo eu terei mesmo mais vantagens se eu adiar esta tarefa agora, como a minha mente diz que eu vou ter? 4) É verdade que eu não posso nem ao menos iniciar uma pequena parte do meu objetivo agora, como a minha mente me diz que eu não posso ou não estou pronto para começar? 5) Talvez eu possa iniciar algumas pequenas partes do meu objetivo agora, até quando minha mente diz que as condições não são tão ideais assim? 6) Será que é mesmo verdade que mais tarde é um melhor momento para fazer isso? Será que isso não é uma tentativa da minha mente sabotar meus planos? Quantas vezes a minha mente já não me disse isso? 7) E se eu fizer alguma coisa para o início desta tarefa agora: - O que pode acontecer? - Como eu me sentiria se eu desse esse pequeno passo? 8) Se eu não fizer nada agora para começar aquilo que desejo: - O que pode acontecer? - Como eu me sentiria se eu começasse? Veja a tabela a seguir para ver como seria na prática desafiar as suas conclusões sabotadoras e preparar o terreno para os movimentos de Ação ao invés de movimentos de ProcrastinAção: Outra maneira de desafiar essas conclusões sabotadoras de movimento é definitivamente testá-las. Isto é, realize um experimento para ver se o que a tua mente prevê acerca de sua habilidade de concluir tarefas é realmente verdade na prática. Por exemplo, se a sua desculpa se relaciona com a noção de que você não pode fazer agora porque você está muito cansado: primeiramente dê uma nota para o seu cansaço (de 0 a 10 por exemplo), e faça 5 ou 10 minutos da tarefa que a tua mente quer lhe convencer a adiar. Após esse período, re-avalie o seu cansaço e examine o que você foi capaz de conquistar neste período curto de tempo. Você então poderá continuar por outro período curto de tempo, e de novo re-avaliar seu cansaço e o que você pôde fazer. Geralmente esse experimento nos mostra que sempre podemos fazer alguma coisa, e que quando fizemos um pouco, nos sentimos mais energizados durante o processo e isso por sua vez tende a ter um efeito positivo. Motivação Vs. Auto-Crítica Agora eu gostaria de falar um pouco sobre a auto-crítica que é muito comum entre os procrastinadores. Infelizmente essa tendência à auto- crítica, por mais ‘lógica’ que seja, tende a causar maiores danos. Quanto mais você se criticar por estar procrastinando, mais desmotivado você vai se sentir, e é muito provável que você continue a procrastinar por conta desse desânimo gerado pela auto-crítica. Por conta disso, transformar a auto- crítica em uma narrativa mais motivadora pode também auxiliar a superar a procrastinação. A melhor maneira de encorajar e motivar você mesmo, é falar com consigo mesmo do jeito que você falaria com um amigo próximo que estivesse em uma situação igual a sua porque temos a tendência de ser mais motivador do que crítico com os outros. A partir dessa perspectiva diferente você pode começar a ajustar seus pensamentos de tal maneira que lhe ajude a reduzir sofrimento desnecessário. É muito fácil cair e ficar preso dentro de uma narrativa de auto-critica, porque vivemos em meio social onde as pessoas são julgadas e avaliadas o tempo todo por conta de seu sucesso. Infelizmente a visão social que temos é de que quando não atingimos esse sucesso somos pessoas fracas, incapazes e desinteressadas. Esses rótulos por sua vez perpetuam a procrastinação, então é extremamente importante que você não se prenda nessa forma de pensar. Para exercitar sua narrativa de motivação escreva em uma lista de papel, quatro lembretes/frases do que possa ser útil de se lembrar caso você reconheça que ficou preso dentro de uma narrativa de auto-critica: 1 ) Ficar me criticando por estar adiando não é útil para mim, o que vai ser útil é entender que esse processo faz parte, e ainda que eu me sinta mal comigo, eu posso realizar um pequeno passo agora e mudar a minha experiência de mim mesmo. 2) _______________________ 3) _______________________ 4) _______________________ Aconselho que você exercite pensar em diferentes maneiras de responder à auto-crítica se ela surgir, escrevendo nessa lista e talvez imprimindo e criando o que chamamos na terapia cognitivo-comportamental de cartão de enfrentamento. Muitos dos meus clientes criam esses cartões, e o levam na carteira, para se lembrarem de processos que os ajudem a se libertar de padrões de pensamentos que os mantêm presos no ciclo vicioso da procrastinação. Acredito que essa estratégia também possa ser útil para você e por isso comecei o cartão com um exemplo que já possa lhe ajudar a se soltar da auto-crítica e seguir em frente. A seguir você irá encontrará outras estratégias que como esta vai iniciar o exercício de te fazer amolecer a rigidez aparente do ciclo da procrastinação. O importante é que você se mantenha aberto e confiante de experimentar cada uma dessas estratégias e coletar dados a partir de sua própria experiência. ESTRATÉGIAS PRÁTICAS PARA SUPERAR A PROCRASTINAÇÃO Superar a procrastinação de forma prática envolve conhecer o quê precisa ser feito, como pôr isso em prática e quando. Ver com clareza o que precisa ser feito, partir para a ação e administrar a nossa disponibilidade do tempo necessário são os elementos chaves para começar a superar a procrastinação. O Quê Eu Preciso Fazer? Para ganhar clareza acerca de quais tarefas ou metas precisam ser realizadas, tente o seguinte: Escreva uma lista das tarefas e metas que você reconheça como importantes para ti neste momento. Pode ser uma lista do Dia, da Semana, ou do Mês, ou maior, dependendo do que seja mais sensato para as suas circunstâncias; depois priorize a lista, do item mais importante para o de menor importância; d e p o i s graduecada tarefa, isto é, quebre a tarefa em pequenos passos necessários para completar a tarefa; finalmente, estime o tempo necessário que cada pequeno passo irá precisar (lembre-se que pessoas que procrastinam geralmente sobre- estimam ou subestimam o tempo que alguma tarefa irá precisar para ser concluída; portanto é provável que você tenha que praticar as tarefas para você ficar melhor nesta habilidade de averiguar o tempo necessário. Como Eu Posso Pôr em Prática? Existem diferentes maneiras que você pode executar tarefas para torná- las mais fáceis. A seguir veremos alguns métodos, cada um com o seu nome, que você poderá tentar. Mantenha em mente que nem todos eles são adequados para qualquer pessoa ou qualquer situação, então será necessário que você tente e veja o que acontece em diferentes situações. É importante que neste processo você se considere por vezes um cientista. Para o cientista é importante a curiosidade e o experimento em si. O Pior Primeiro: atue logo na mais difícil de todas as tarefas, portanto todas as outras tarefas que seguem quando comparadas são mais fáceis do que essa. Utilize a Energia do Momento: comece fazendo uma atividade que você goste e que energize você, e depois sem intervalo, mude para uma tarefa que você tem adiado. Apenas 5 Minutos: planeje dedicar-se apenas cinco minutos na tarefa da lista que você tem de coisas para fazer. Esse tempo é bem curtinho, então você vai ver que você pode tolerar apenas cinco minutos do seu tempo para iniciar esse item da lista. Ao final dos cinco minutos, re-avalie a sua posição de continuar ou não, e veja se você consegue se dedicar à tarefa por mais cinco minutos, e assim sucessivamente. Planeje Limites do Tempo: planeje um tempo específico para trabalhar em uma tarefa da sua lista (por exemplo, 30 minutos), e faça apenas o que planejou, ao invés de se extender na tarefa mesmo que você sinta que possa. Dessa maneira você começa a respeitar os seus limites. Lembrando e Fazendo: assim que você se lembrar que você precisa realizar uma tarefa, encerre o momento em que você está, e faça um movimento na direção do tarefa que você acabou de lembrar que está em sua lista de espera, ou seja, ao se lembrar de algo, faz agora. Melhor Momento: investigue qual o melhor momento do seu dia que você geralmente é mais produtivo, energizado ou criativo, e utilize este momento para iniciar as suas tarefas ou metas. A ideia é você atue na direção de sua tarefa neste melhor momento do seu dia. Melhor Lugar: esteja atento aos ambientes que você geralmente é mais produtivo, e quais ambientes têm distrações que deixem você mais vulnerável à procrastinação. Isole-se se preciso para minimizar distrações sociais e outras distrações eventuais. Lembretes: se você tem o costume de esquecer de tarefas ou metas, utilize lembretes visuais que lhe ajudem (por exemplo, coloque notinhas em papel ou até mesmo listas em lugares como a porta da geladeira, ou espelho do banheiro, ou programe lembretes no seu smartphone. Por vezes coloque o que tem que ser lembrado perto da porta de saída do quarto ou de casa. Ao ver quando você passar ative uma ação para conclusão desta tarefa. Cuidado para as desculpas que surgirem para você. Nestes momentos é que as desculpas mais comuns da procrastinação aparecem. Visualize: utilize a imaginação para que dentro da sua mente você possa claramente visualizar a tarefa sendo completada com sucesso, e utilize esse momento criado a partir da visualização para dar um passo mesmo que seja um apenas pequeno passo na direção da tarefa. A visualização mobiliza nosso estado e já favorece o processo de se aproximar do que seja importante. Foco e Presente Momento: se você se sentir agitado, ansioso ou fora do seu centro de equilíbrio emocional, dedique um momento fechando seus olhos e traga o seu foco para a sua respiração. Perceba atentamente as sensações do ar entrando e saindo, sem pressa, naturalmente. Dedique 5 ou 10 minutos utilizando a sua respiração como uma âncora do presente momento, retornando o seu foco para essa âncora quando notar que a sua atenção foi para outro lugar. Toda vez que a mente divagar, convide a atenção de volta a experiência do corpo respirando. Após isso retorne para o item da sua lista. Foco no presente tende a desativar regiões cerebrais que estimulam hormônios estressores, e ativar o córtex pré-frontal que é uma região responsável por atenção, tomada de decisão e perspectiva, e raciocínio mais complexo. Planeje Recompensas: recompense você mesmo após a conclusão de cada item e/ou mini passo da sua lista de tarefas, aquela que você fez anteriormente. Quanto mais você se recompensar por avanços pequenos, menos você vai sentir que você está perdendo alguma coisa interessante ou se sentir em desvantagem com a vida, e logo aprenderá que a procrastinação pode ser superada com recompensas também, mantendo uma visão equilibrada sobre ativação do comportamento e diversão. Quando Eu Posso Fazer? Para você saber quando você pode pôr em prática os itens da sua lista de metas é necessário que você tenha um gerenciador da sua disponibilidade de horários, ou seja um calendário. Utilize esse gerenciador, que pode ser um aplicativo no seu smartphone por exemplo, ou uma agenda mais tradicional, para realizar os agendamentos da sua semana. O agendamento é um método muito eficaz e estruturado de coordenação do nosso tempo. A partir desse calendário de atividade você pode escrever nesta sua tabela de horários os seus compromissos habituais assim como horários específicos da sua semana para a realização de tarefas e objetivos que você tenha colocado de lado já algum tempo. Pessoas que procrastinam têm uma tendência a abrir mão de agendamentos e têm uma dificuldade com a experiência de tempo. Quanto mais você olhar para esse calendário (hoje com a ajuda da tecnologia isso pode ser uma tarefa divertida e colorida) melhor você vai afinando a sua capacidade de se mover no tempo do dia, hora após hora, momento após momento. Vendo na agenda o que deve ser feito, ao invés de ter que confiar na memória para fazer isso, o que pode induzir ao erro e ao adiamento muito mais facilmente. Um outro método de agendamento seria colocar na tabela de horários todos os seus compromissos habituais, como no exemplo acima, e escolher os blocos de horários disponíveis, marcando cada 30 minutos de blocos livres para que você possa se dedicar na Ação de tarefas da sua lista de metas importantes para ti. REGRAS DE VIDA E SUPOSIÇÕES SABOTADORAS ACERCA DE COMO AS SITUAÇÕES DEVEM SER Regras e Suposições (que não são úteis e que não ajudam) Uma razão pela qual as pessoas procrastinam se deve ao fato de que durante as nossas experiências de vida mais relevantes (em especial na infância e adolescência) desenvolvemos certas regras e certas suposições acerca da vida, acerca de nós mesmos e de como o mundo funciona ou 'deveria' funcionar que não são lá muito úteis para nos aproximar da vida de vitalidade e sucesso que desejamos ter. Essas regras e suposições são pensamentos que muitas vezes contêm palavras como "não deve" ou "tem que" ou até mesmo "não posso", ou expressões que incluam a ideia de que "se" alguma sensação, sentimento ou se alguma experiência tiver presente "não é possível" fazer alguma coisa que se deseja. Isso implica dizer que a nossa mente não está muito bem alinhada em nos tirar da procrastinação por ela mesma, pelo menos não se não fizermos um trabalho sério na tentativa de no mínimo desafiar nossos pensamentos, regras e suposições que não ajudam que vão surgindo no caminho. Isso explica também porque vivemos o paradoxo de desejarmos um certo tipo de vida, mas nos comportamos de forma arbitrária. Estas regras e suposições que não nos ajudam, que estão na base do ciclo vicioso da procrastinação, muitas vezes geram algum tipo de desconforto emocional, que são ativados até mesmo quando estamos pensando em fazer uma tarefa na direção de nossas metas consideradas importante.As emoções mais comuns são por exemplo a raiva, o ressentimento, frustração, tédio, ansiedade, medo, vergonha, depressão, desespero, cansaço, ou angústia no peito). A procrastinação, que geralmente ocorre em seguida, torna-se uma estratégia para evitar esse desconforto emocional gerado. Vamos relembrar das regras e suposições que mais se relacionam com a procrastinação conforme vimos nos capítulos anteriores: 1 ) A necessidade de estar no comando (crenças de controle) "As coisas devem ser feitas do meu jeito." "Eu não deveria ter que fazer as coisas que eu não quero fazer, ou só porque alguém diz que eu tenho fazer". 2) Regras sobre a Busca do prazer "A vida é muito curta para estar fazendo coisas que são chatas ou difíceis" "Diversão e bem-estar têm que ser prioridade na minha vida". 3) Regras para evitar o Medo do fracasso ou de reprovação "Eu devo fazer as coisas com perfeição, senão vou me sentir um fracasso" "Os outros vão pensar mal de mim, se eu não for bem nisso" 4) Regras para evitar o Medo da incerteza ou do pior "Eu devo ter certeza do que vai acontecer, senão não vale a pena tentar". "E se for ruim? E se não der certo?" "Estou bem melhor não fazendo do que tentar me arriscar e dar errado" 5) Regras de adiamento baseadas em crenças de Baixa Auto-Confiança "Eu não posso fazer o que me proponho ou desejo, porque não sou bom o suficiente para isso." "Eu sou muito incapaz e me sinto inadequado para realizar esse projeto" 6) Regras de adiamento por conta da experiência de estar Sem Energia "Eu não posso fazer as coisas quando estou estressado ou cansado, desmotivado, ou deprimido" "Eu tenho que me sentir melhor para focar neste projeto" "Quando eu estiver me sentindo mais energizado eu começo a dar os primeiro passos". Redefinindo Regras e Suposições Há uma série de passos que você pode seguir para desafiar e ajustar as regras inúteis e suposições que dão origem a sua procrastinação. Isso envolve fazendo para si mesmo um número de perguntas que mobilizam a sua mente e sua perspectiva atual. Das regras de procrastinação que eu mais identifico em mim, qual é a que eu desejo redefinir? De onde é que esta regra ou suposição vem? Que história de vida eu tive que influenciou o desenvolvimento desta regra ou forma de funcionar no mundo? De que forma esta regra ou suposição de vida aparece em minha vida hoje? De que forma ela não faz sentido? De que maneira ela é irracional e ilógica? Quais são as consequências de seguir esta regra ou suposição de como as coisas devem ser? Qual seria uma regra ou suposição mais alternativa, útil e funcional para minha vida (ou seja, mais equilibrada e realista)? O que posso fazer para fortalecer esta regra ou suposição no meu dia a dia? De que forma tenho que agir para superar essa forma antiga de pensar e funcionar? Se você tem mais do que uma regra ou suposição que não funciona para você hoje em sua vida, procure redefinir uma por vez. Lembre-se de praticar motivação e não auto-crítica durante o processo de redefinição de regras. Se ficar preso em auto-crítica em qualquer momento, lembre-se de ler o cartão de enfretamento que você imprimiu ao longo desse livro. Ao investigar de onde suas regras e suposições podem ter vindo de sua história de vida, talvez você se realize de que muitas das vezes, elas se desenvolveram a partir de mensagens ou coisas que você tenha ouvido e recebido de outras pessoas ao seu redor, experiências passadas que você tenha tido, ou da sua observação de como as pessoas enfrentaram as suas vidas. Muitas vezes, esses eventos aconteceram durante o seu crescimento na infância e adolescência, mas também podem ter sido influenciadas a partir experiências mais recentes de sua vida. Quando você começa a redefinir suas regras ou suposições de vida na direção de maior vitalidade e funcionalidade, isto implica ver a si mesmo e o mundo através de uma perspectiva mais equilibrada, flexível a diferentes circunstâncias, e até mesmo mais realista. Pensar em como colocar a nova regra ou suposição de vida em prática envolve investigar e refletir sobre como você agiria de fato na sua vida diária, se você já acreditasse na sua nova regra e suposição de vida. Na maioria das vezes, quando agimos como se algo fosse verdade, passamos a ter mais confiança em nossas novas ideias e perspectivas. Portanto, primeiro vem a ação, depois a confiança. Exemplo: Qual é a regra ou suposição de como as coisas devem ser que você fica mais preso? Resposta: As coisas devem ser feitas do meu jeito. De onde veio? Mensagens que recebi crescendo com a minha família (por exemplo, "tem que ser do meu jeito, ou então nada feito") e experiências passadas de ter sido dominado por outros, e jurando nunca mais estar nessa mesma posição novamente. De que forma essa regra não é racional? Irrealista? Injusta? De que forma ela não me ajuda neste momento em minha vida? Simplesmente não é possível que as coisas funcionam ou sejam da maneira que eu quero a todo momento. Em algum momento a melhor coisa para mim será abrir mão do controle e ativar minha vida. Quais são as suas consequências negativas? Eu afasto os outros da minha vida, e isso cria conflitos com pessoas importantes em minha vida. Eu me torno uma pessoa rígida e fechada ao apoio das pessoas. Qual seria uma regra ou suposição de vida que me aproximaria da vida que eu gostaria de estar tendo agora? As coisas não têm que ser sempre do meu jeito, eu posso ser flexível e responder as minhas necessidades abrindo mão da necessidade de estar no comando e de ser resistente e acabar perdendo o foco do que realmente importa. O que posso fazer para colocar esta nova regra ou suposição de vida em prática? Seguir o aconselhamento de outras pessoas, de amigos e até mesmo de familiares. Fazer coisas que eu geralmente não costumo fazer para variar e criar mais flexibilidade na minha forma de se movimentar no mundo. Para Finalizar… É importante lembrar que redefinir as nossas regras e suposições antigas nem sempre é necessário para superar a procrastinação. Muitas das vezes abrir mão das ‘Desculpas para Procrastinar’ e a utilização das ‘Estratégias Práticas para parar a Procrastinação’ (conforme descritas em capítulos anteriores) já são estratégias suficientes para gerar movimento em nossas vidas. Estas regras e suposições de vida antigas que influenciam a procrastinação são mais difíceis de modificar, porque elas provavelmente acompanham você já há muito tempo, portanto, podem exigir um trabalho mais intensivo. Este manual oferece a você algumas dicas para ajudar você a começar este processo. Entretanto, com a ajuda de um profissional qualificado em terapia cognitivo-comportamental essa modificação de pensamento seja mais bem realizada. TOLERANDO O DESCONFORTO Intolerância ao Desconforto No coração da procrastinação está um sentimento ou a antecipação de algum tipo de desconforto que possa surgir diante de uma tarefa desejada. O desconforto pode possivelmente ser um sentimento de raiva, de ressentimento, frustração, tédio, ansiedade, medo, vergonha, depressão, desespero, cansaço, ou até mesmo uma sensação de angústia no peito. Agora, se você particularmente odeia, detesta ou não suporta desconforto, você vai ser mais propenso ao adiamento de tarefas importantes até mesmo para evitar esse desconforto. Isso coloca você em um modo de operar onde você está sendo administrado pelo seu desconforto, ou seja, você se comporta no mundo através e a partir do seu desconforto, mesmo quando o resultado de fato é o distanciamento da vida que você possivelmente desejaria que estivesse acontecendo para você. Não ser capaz de se abrir ao desconforto é muitas das vezes referida na literatura como intolerância ao desconforto. Assim sendo, algo que pode ser útil para nós ao abordar a procrastinação, é aumentar nossa tolerância ao inevitável desconforto que surge quando nos propomos a atuar na direção do que é importante para nós. Isto é, adotar a seguinteatitude: "Eu não gosto de desconforto, mas eu posso aguentá-lo, eu posso ficar com ele, e eu posso passar por ele. Eu posso tolerá-lo!!!" ou "A serviço do que seja importante para mim, eu vou me abrir ao sentimento que surja, ele faz parte, eu posso senti- lo passar por mim". Se você pode adotar essa atitude quando necessária, você será menos propenso a usar a procrastinação como um meio de parar o desconforto que você tem acerca da realização de tarefas desejadas. Aumentando a tolerância Desconforto A seguir você irá encontrar algumas sugestões para que você exercite a sua capacidade de tolerar desconforto. Estas sugestões têm como base princípios de uma teoria e prática terapêutica conhecida como Mindfulness-based Cognitive Therapy (MBCT) que traduzida para o português significa Terapia Cognitiva baseada em Mindfulness. Este modelo terapêutico tem como base o processo conhecido como Mindfulness ou Atenção Plena. Mindfulness é um estado de consciência do presente momento com atitudes psicológicas específicas como abertura, gentileza e receptividade. Uma pessoa é considerada Mindful se ela é capaz de se tornar uma observadora de sua experiência, abrindo mão da tendência de julgar essa experiência, em especial quando esse julgar provoque mais desconforto do que solução. Assim, quando se trata do desconforto que a procrastinação geralmente pode envolver, ter uma atitude de Atenção Plena ou uma atitude Mindful neste contexto significa que você passa a observar o desconforto de forma individual, como ele é, sem tentar mudá-lo, ou se deixar ser comprado pela experiência que ele traz. Significa também abrir mão das tentativas de lutar contra esse desconforto, ou de tentar se livrar dele, e apenas passar a vê-lo como ele é: um experiência debaixo da sua pele, e que apesar de real, não é nada mais do uma experiência, e somente isso, uma experiência. Muitas vezes, quando as pessoas adotam essa postura mindful face ao seu desconforto, acabam descobrindo através de sua experiência, que de uma forma paradoxal, o seu desconforto torna-se mais tolerável. Apercebem-se de que essa experiência pode ser sentida, e que existe escolha até mesmo em sua presença. Agora, esta atitude de Mindfulness e a Tolerância ao Desconforto é uma habilidade, e como qualquer habilidade requer prática e treino, e é possível tornar-se melhor cada vez que você se propõe sentir a sua experiência do jeito que ela é. Quanto mais prática, mais habilidoso você fica, como aprender tocar violão. Passos para Exercitar Mindfulness 1) Pare e observe Em primeiro lugar, traga uma consciência suave para o que você esteja percebendo agora; essa experiência, aqui e agora. Por exemplo, perceber sua respiração, as sensações do seu corpo, sensações fora do seu corpo, uma vez que você faz contato com o meio ambiente, os sons ao seu redor, os locais em torno de você, o sabor na sua boca. Notando também as emoções que você está sentindo, ou observando os pensamentos que estão surgindo em sua mente. Se você está angustiado quando praticar, observar e trazer a consciência para o desconforto. 2) Seja receptivo e aberto para o que você encontrar (do jeito que é) Uma vez consciente da sua experiência, adote a posição de ser um observador aberto, curioso pelo que encontrar, ao invés de julgar como 'bom' ou 'ruim', 'certo' ou 'errado', apenas permaneça curioso e aberto. Um observador não tenta mudar o que está acontecendo, mas ao mesmo tempo não fica 'preso' nem precisa comprar o que a sua mente está dizendo acerca dessa experiência. O que está aí sendo sentido, observado, percebido, é apenas o que é: uma experiência e nada mais do que isso. O observador apenas fica presente com uma certa distância da ação, e no caso aqui da experiência observada. Apenas observando. Tente ser um observador aberto, e não critico. Para ajudá-lo a ser um observado aberto, pode ser útil descrever a sua experiência para si mesmo como por exemplo: "aqui está um pensamento, eu o vejo", ou "aqui está uma sensação de corpo, eu a sinto", ou "aqui um sentimento surgindo para mim, eu o sinto", etc. Novamente, se você perceber que a 'angústia' está presente enquanto você pratica, apenas assista e observe com curiosidade o seu desconforto, pelo que ele é, (apenas uma experiência) e não o que a sua mente diz que ele é. Talvez ajude você descrever essas experiências para si mesmo, por exemplo: "aqui está o sentimento de raiva, eu a sinto, e nada mais do que isso", "aqui está o sentimento do tédio, e eu o sinto, e ele não é nada mais do que isso", "aqui está o sentimento de desespero, e eu o sinto, e ele não nada mais além do que uma experiência que eu estou tendo" e assim por diante. Tente relacionar com eles como "apenas sentimentos, nada mais e nada menos". Neste instante é importante lembrar-se de que você não é esse sentimento ou experiência que você observa, você é aquele que observa a experiência, e não a experiência, e por isso como observador você é mais do que esses sentimentos sentidos. 3) Deixe passar Se você permitir que a sua experiência apenas seja o que ela é, isto é, uma experiência e nada mais do que isso, é muito mais provável que por conta dessa disposição de abrir espaço para esta experiência entrar no seu espaço pessoal (ao invés de lutar ou fugir dela), que ela então entre e passe em seu tempo natural. O que sabemos é que nenhuma experiência dura para sempre, essa é a notícia boa, e o que também sabemos é que a nossa luta ou fuga dessas experiências podem durar para sempre, se assim escolhermos. Para ajudá-lo nesta tarefa de abrir espaço e deixar as experiências simplesmente passarem por você, você pode trazer a sua atenção para a experiência presente com uma intenção de abertura e suavidade, utilizando a respiração como uma ferramenta dessa intenção de abertura. Imagine que a sua respiração possa se abrir e receber a experiência que estiver presente para ti naquele instante.Respire na direção deste desconforto, criando um espaço para que ele esteja ali, e permitindo que ele esteja ali (pelo que ele: apenas uma experiência). Você pode então, ser capaz de assistir o desconforto se transformar com a sua respiração. Perceber por exemplo que esse desconforto não é fixo, e que você pode sim se relacionar com ele, e abrir-se a ele. Quando o desconforto chegar novamente lembre-se de que a sua presença pode ser sentida, e que não tem nada de errado em ter essa experiência, e que ela faz parte; e novamente apenas traga uma consciência para ela, assista-a de forma aberta, sem certo ou errado, e permitindo que ao seu tempo ela passe. Surfando na Onda do Desconforto Uma outra dica bastante útil é considerar que a sua experiência de desconforto pode ser surfada. Imagine que a sua respiração por exemplo seja uma prancha, e que a sua observação aberta e curiosa faz parte dessa prancha também. Imagine então que o seu desconforto é uma onda neste mar, e que você então pega essa sua prancha e começa simplesmente a surfar através dessa onda. O surfista não pode controlar as ondas do mar, ele não luta contra elas, nem foge. O surfista simplesmente pega a prancha e vai sentindo, experimentando, de momento a momento. Nossas emoções normalmente agem como as ondas do mar agem para um surfista, subindo e ganhando altura em certos pontos. Daí vão diminuindo e ficando para trás em um outro momento, em seguida, por vezes, vão aumentando de tamanho gradualmente novamente: sempre em um fluxo constante, fora do seu controle. Entretanto, ele fica ali, ele continua com sua prancha, observando e surfando, observando e surfando. Imagine o seu desconforto como esta onda que sobe e desce, aparece e desaparece, e aparece de novo. Como uma onda o desconforto também é temporário, ele não vai durar para sempre, e em algum momento vai diminuir lentamente também. Assim sendo respire com as sensações de desconforto, reconhecendo a sua presença no processo, de você ser um Ser Consciente capaz de surfar na onda que essa experiência de fato é. PLANODE AÇÃO Planejando a Ação Pode ser útil para nós a elaboração de um plano claro de ação para o que é que precisamos fazer quando o impulso para procrastinar surgir para nós. A seguir você vai encontrar seis passos essenciais para superar a procrastinação de forma compreensiva e inteligente, principalmente nos momentos em que você notar que a procrastinação está guiando a sua vida, ao invés de você mesmo. Passo 1: Pratique Parar, Observar sem se Culpar O primeiro passo é parar e reconhecer o seu impulso ou desejo de procrastinar. No entanto, quando você reconhecer que você está procrastinando ou você está tendo o impulso ou o desejo de procrastinar, faça esse reconhecimento sem se criticar por estar tendo essa experiência, sem culpa - é apenas uma experiência, nada mais do que isso. Você não precisa colocar mais peso no está acontecendo. Não se lastime nem se repreenda por isso. Em vez disso reconheça que a procrastinação chegou e que você agora é capaz de fazer uma escolha de conduzir a situação de uma maneira diferente a partir deste momento. Passo 2: Redefina Regras e Suposições de Vida que não lhe ajudam Se você é capaz de reconhecer a regra ou a suposição de vida que está sendo ativada a qualquer momento que você está realizando a sua tarefa ou prestes a realizar, você pode redefini-la de imediato. Você pode fazer isso, desafiando a regra ou a suposição (que não é nada mais do que um pensamento ou conceito de como as coisas devem ser ou não ser), questionando por exemplo de onde veio? Como ela é irracional, irracional, e não funcional para a vida que você que ter, e identificar as suas consequências negativas? Então você pode pensar em uma nova regra mais funcional para a sua vida, e o que você precisa fazer para colocá-la em prática nesta situação. Passo 3: Prática da Tolerância do Desconforto Quando você reconhecer o desconforto que está surgindo dentro de você, ativado talvez quando você pensa em dar os primeiros passos para concluir as tarefas de sua lista de metas, você pode praticar neste momento tolerar este desconforto com uma atitude mindful, isto é, com abertura, receptividade e sem julgamento. Lembre-se é apenas uma experiência e nada maior do que isso. Apenas assista esse desconforto pelo que ele é, sem precisar lutar ou fugir. Ofereça espaço para ele estar aí onde ele estiver, e deixe-o ir a seu tempo. Você é um surfista e o desconforto é uma onda. Você pode neste momento adiar a procrastinação para oferecer sem pressa uma oportunidade para praticar sentar na presença deste desconforto e fazer as pazes com ele. Isso não será uma perda de tempo, e será sim um movimento importante na superação da procrastinação. Passo 4: Abra mão das Desculpas para Procrastinar e Motive-se Identifique as desculpas que você está dando para si mesmo que justifique a sua Procrastinação. Observe aquele velho disco, aquelas conclusões que não lhe ajudam neste momento de sua vida, tais como ideias de que você não precisar fazer a tarefa agora por causa de alguma circunstância. Se possível consulte seu cartão de enfrentamento criado lá traz por você. Desafie você mesmo e reflita se esta conclusão é totalmente verdade, perguntando-se: 1) Qual é a evidência ou razões que eu tenho de que essa desculpa que eu tenho dado a mim mesmo para procrastinar é totalmente verdade? 2) Será que seguir essa desculpa é o melhor para eu superar meus adiamentos e viver uma vida com vitalidade? 3) Será que é mesmo totalmente verdade que eu não posso começar agora? 4) Quais serão as consequências de eu seguir o caminho da desculpa? 5) Além disso, existe uma maneira de testar se a minha conclusão é verdadeira, ao invés de simplesmente assumir isso sem evidência? E, finalmente, chegue a uma conclusão que seja mais funcional na sua vida hoje, talvez algo do tipo "Eu posso fazer uma parte pequena agora sim". Descarte todo e qualquer discurso auto- crítico e culposo e em vez disso fale consigo mesmo como se você estivesse motivando e incentivar um amigo próximo. Passo 5: Conduza Estratégias Práticas Decida quais estratégias práticas de superação da procrastinação sejam mais relevantes para a tarefa ou meta em questão, e aplique essas estratégias. Certifique-se de que está claro para você o que precisa ser feito exatamente: escreva uma lista de tarefas e metas, em seguida, priorize esses itens, em seguida, gradue cada tarefa (sendo claro dos pequenos passos de cada uma) e em seguida estime com precisão quanto tempo será necessário para cada etapa na sua lista. Existem inúmeras formas que você pode abordar cada passo da sua tarefa, como por exemplo utilizando a estratégia da Pior Primeiro, Utilizando a Energia do Momento, a estratégia de Apenas 5 Minutos, Planejamento dos Limites do Tempo, a do Melhor Momento, a do Melhor Lugar, a técnica do Lembrando e Fazendo, dos L e mbre t e s , da Visualização, do Foco e Presente Momento e talvez a estratégia do Plano de Recompensas. Para saber quando você tem o tempo para agir na direção de uma etapa da tarefa, você pode usar o sistema de agendamento e calendário de atividades. Passo 6: Reflita & Revise seu Plano Agora veja tudo de uma forma ampla, isto é, à distância e reflita sobre como você está indo. Examine como as coisas estão indo. Aprecie o que está funcionando e as consequências positivas da Ação em vez de Procrastinação. Identifique com clareza e com gentileza, isto é, sem se culpar ou lamentar, as áreas que ainda precisam de melhorar. Talvez se perguntando: 1) Que áreas eu ainda tenho alguma dificuldade? 2) O que eu deixei passar, que talvez vale a pena trazer mais consciência? 3) O que deu certo para mim que eu posso continuar investindo? 4) O que eu aprendi durante as experiências propostas neste manual que podem me ajudar com estes desafios que eu encontrei? Se decidir que alguma coisa precisa ser revista, reinicie os passos 1 ao 5, e tente novamente. É importante lembrar, que do seu plano de ação os passos 4 e 5 são os mais importantes e você deve dedicar bastante energia e foco nestas etapas, daí você começará a perceber uma mudança no seu hábito da procrastinação. Continue o Trabalho Acima de tudo o que é importante de fato é que não importa o que estiver acontecendo dentro ou fora de você, na sua cabeça, no seu corpo; qualquer que sejam os sentimentos que surjam (incluindo as dúvidas, as incertezas); qualquer que sejam as situações externas que você esteja vivenciando; é importante que você continue trabalhando na direção de superar a sua procrastinação. Principalmente se a procrastinação não tem lhe ajudado a se aproximar da pessoa que você gostaria de ser lembrada nesta vida. Vitalidade é algo que se conquista, e tudo é um treino até mesmo a ação é um treino, a confiança é um treino. Lembre-se de que como qualquer novo hábito, este da Ação também levará tempo para fortalecer e os ingredientes que farão isso possível estão claros: prática, persistência e paciência. Espere que você tenha dias bons e dias ruins. Espere que você tenha dias onde você se sente super animado, realizando as estratégias com ânimo e força, e dias onde você se sinta como se tivesse caído de volta na 'procrastinalândia'. O velho ditado de "dois passos para frente, um passo para trás" é genuíno. Se você já de antemão espera que aconteça alguns contratempos antes de começar uma viagem para superar a sua procrastinação, quando você enfrentar uma colisão nesta estrada, você será bem menos vulnerável ao sentimento de culpa e menos propenso ao impulso de abandonar a sua meta de viver uma vida com mais vitalidade e Ação. Assim sendo, você será mais capaz de usar os seis passos do Plano de Ação deste capítulo, para ajudá-lo a superar essa colisão e manter seu movimento na direção da vida que você deseja estar vendo acontecer para você. REFERÊNCIAS Beck, A. T. (1976). Cognitive therapy and the emotional disorders. New York: International. Universities Press Leahy, R. L. (2003). Cognitive therapy techniques: a practitioner’s guide.New York. The Guilford Press. Williams, M.; Penman, D. (2015). Atenção Plena: Mindfulness - como encontrar a paz em um mundo frenético. Rio de Janeiro. Editora Sextante Superando a Procrastinação Guia Prático de Técnicas da Terapia Cognitivo-Comportamental e Mindfulness para Clientes Autor: Vitor Friary Prefixo Editorial: 920902 Número ISBN: 978-85-920902-0-3 © Vitor Friary. Primeira edição digital. Julho de 2017 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste ebook pode ser reproduzida, distribuída, transmitida ou armazenada, no todo ou em parte, por qualquer meio, incluindo gráfico, eletrônico ou mecânico, sem a expressa autorização por escrito do autor, exceto no caso de breves citações incluídas em artigos críticos e resenhas. Sumário SOBRE O AUTOR PREFÁCIO ENTENDENDO A PROCRASTINAÇÃO O que você procrastina? Atividades típicas da Procrastinação Desculpas mais comuns da Procrastinação Regras de Vida e Suposições �⠀焀甀攀 渀漀 猀漀 切琀攀椀猀 瀀愀爀愀 渀猀) Consequências da Procrastinação CICLO VICIOSO DA PROCRASTINAÇÃO O Ciclo da Procrastinação O Ciclo da Ação ABRINDO MÃO DAS DESCULPAS PARA PROCRASTINAR Que Desculpas são essas? Desafiando Suas Próprias Conclusões Sabotadoras ESTRATÉGIAS PRÁTICAS PARA SUPERAR A PROCRASTINAÇÃO O Quê Eu Preciso Fazer? Como Eu Posso Pôr em Prática? Quando Eu Posso Fazer? REGRAS DE VIDA E SUPOSIÇÕES SABOTADORAS ACERCA DE COMO AS SITUAÇÕES DEVEM SER Regras e Suposições �⠀焀甀攀 渀漀 猀漀 切琀攀椀猀 攀 焀甀攀 渀漀 愀樀甀搀愀洀) Redefinindo Regras e Suposições Exemplo: Para Finalizar… TOLERANDO O DESCONFORTO REFERÊNCIAS