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Contabilidade Atuarial e Ética Profissional Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Me. Maria do Socorro de Souza Revisão Textual: Prof. Me. Luciano Vieira Francisco Fundamentos da Teoria Contábil • Introdução; • A Estrutura Patrimonial; • O Ativo e sua Mensuração; • O Passivo e sua Mensuração; • Receitas e Ganhos; • Período Contábil; • Encerramento das Contas de Receita e Despesa. · Apresentar os conceitos sobre a estrutura patrimonial e do resultado do exercício da empresa. OBJETIVO DE APRENDIZADO Nesta Unidade veremos um pouco mais sobre um importante tema: fundamentos da teoria contábil. Então, procure ler, com atenção, o conteúdo disponibilizado e o Material complementar. Não se esqueça, a leitura é um momento oportuno para for- mular suas dúvidas; por isso, não deixe de registrá-las e transmiti-las ao tutor. Além disso, para que a sua aprendizagem ocorra em um ambiente mais interativo possível, na pasta de atividades você também encontrará a Avaliação, uma Atividade reflexiva e a Videoaula. Cada material disponibilizado é mais um elemento para seu aprendizado, por isso, estude todos com atenção. ORIENTAÇÕES Fundamentos da Teoria Contábil UNIDADE Fundamentos da Teoria Contábil Contextualização O estudo do patrimônio de uma entidade é um dos principais assuntos tratados na teoria da Contabilidade, visto que após a conceituação da história da Contabilidade, os princípios e convenções que regem a Ciência contábil, a essência e prática contábil encontram-se na estrutura patrimonial. Desse modo, conceituar o patrimônio e entender a sua estrutura serão assuntos tratados nesta Unidade. 6 7 Introdução Para iniciarmos, vamos ao conceito de patrimônio: Patrimônio: É o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma entidade, os quais avaliados em moeda corrente do país.Ex pl or No contexto econômico, entende-se por bens elementos materiais exteriores ao homem e que servem para satisfazer suas necessidades. Já para a Contabilidade, bens são elementos materiais, imateriais ou nominais à disposição de uma entidade, que concorrem para que a mesma alcance seus objetivos. Ainda sobre bens, pode-se destacar o conceito jurídico que se relaciona a valores materiais ou imateriais que podem ser objeto de uma relação de direito. Os bens podem ser considerados materiais ou corpóreos e imateriais ou incorpóreos. Os bens materiais ou corpóreos são aqueles que possuem corpo e matéria e se dividem em bens móveis e imóveis, por exemplo: mesas, computadores, cadeiras, veículos para uso da empresa, terrenos, máquinas, equipamentos etc. Já os bens imateriais ou incorpóreos são aqueles que, embora considerados bens, não possuem corpo, por exemplo: direitos autorais, marcas e patentes, pinturas. Esses bens são conhecidos também na Contabilidade como ativos intangíveis. Direitos são todos os valores que a empresa tem a receber de terceiros, por exemplo: a organização vendeu mercadorias para pagamento por parte do cliente no prazo de sessenta dias. O recebimento do valor devido pelo cliente é um direito da empresa. Obrigações são todos os valores que a empresa tem a pagar para terceiros, por exemplo: para produzir as mercadorias que foram vendidas ao cliente, conforme exemplo apresentado acima, a organização comprou matéria-prima para a produção da mencionada mercadoria. Logo, tal matéria-prima foi comprada de um determinado fornecedor para pagamento no prazo de trinta dias. Esse evento gerou uma obrigação para a empresa, compromisso esse que será liquidado quando do pagamento da dívida. 7 UNIDADE Fundamentos da Teoria Contábil A Estrutura Patrimonial Ativo Pode-se dizer que a “espinha dorsal” da teoria da Contabilidade é o ativo, o passivo e o patrimônio líquido. Esses três itens formam o patrimônio da entidade (IUDÍCIBUS et al., 2009). De acordo com Marion (2011): “Ativo é um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados e do qual se espera que resultem futuros benefícios econômicos para a entidade”. Para Iudícibus e colaboradores (2009) ativo é conceituado de várias maneiras, mas esse autor sustenta a definição de que ativo é um conjunto de bens e direitos à disposição da administração. Passivo Passivo é uma obrigação presente da entidade, que se originou de eventos já ocorridos, cuja liquidação se espera que resulte em saída de recursos capazes de gerar benefícios econômicos (MARION, 2011). Patrimônio Líquido Patrimônio líquido é o valor residual dos ativos da entidade depois de deduzidos todos os seus passivos. Pode-se defini-lo também como a diferença entre o ativo e passivo de uma entidade, em determinado momento. Para melhor entendimento, imaginemos que uma entidade tenha um ativo, composto por bens e direitos no valor de R$ 9.000,00 e um passivo, composto de obrigações no valor de R$ 5.000,00. Qual é o valor do patrimônio líquido dessa organização? O valor do patrimônio líquido da empresa em questão é de R$ 4.000,00. Em todas as empresas existem bens, direitos e obrigações. Em uma representação gráfica simplificada, pode-se apresentar contas de ativo à esquerda e de passivo à direita, apresentando, por exemplo, o patrimônio de uma entidade da seguinte forma: 8 9 Quadro 1 Ativo (bens mais direitos) Passivo (obrigações com terceiros) Bens: Obrigações: • Dinheiro; • Fornecedores – duplicatas a pagar; • Estoque; • Empréstimos a pagar; • Imóveis; • Salários a pagar; • Máquinas; • Financiamentos a pagar; • Ferramentas; • Impostos a recolher; • Móveis e utensílios; • Encargos sociais a recolher; • Veículos; • Aluguéis a pagar; • Marcas e patentes. • Provisão de férias a pagar; • Provisão de 13º salário a pagar; • Contas a pagar. Direitos: Patrimônio líquido – obrigações com os proprietários: • Depósitos em bancos; • Capital social; • Duplicatas a receber; • Reservas de capital; • Títulos a receber; • Ajustes de avaliação patrimonial; • Aluguéis a receber; • Reservas de lucros; • Investimentos. • Ações em tesouraria; • Prejuízos acumulados. Apresentados os conceitos básicos sobre a estrutura patrimonial, é necessário que se tenha as informações sobre os métodos de mensuração que serão fundamentais para a apresentação do ativo e passivo de uma entidade em um determinado período de tempo. O Ativo e sua Mensuração O processo de mensuração está relacionado ao aspecto qualitativo de um ativo em um determinado momento. Mensurar significa atribuir valor a um bem ou direito que compõe o ativo da entidade. Na Contabilidade os ativos são mensurados levando-se em consideração medidas de entrada, saída ou de custo, ou ainda mercado, dos dois o menor (HENDRIKSEN; BREDA, 1999). 9 UNIDADE Fundamentos da Teoria Contábil Medidas de Entrada As medidas de entrada são transações em dinheiro, ou um valor de alguma outra forma de compensação, operações que entram na empresa e são originadas de vendas de produtos ou serviços (HENDRIKSEN; BREDA, 1999). Essas medidas são contabilizadas de acordo com os custos históricos de entrada ou custos correntes de entrada, igualmente conhecido como custo corrigido de entrada. Custo Histórico de Entrada O custo histórico é definido pelo preço agregado pago pela empresa para adquirir a propriedade e o uso de um ativo, incluindo todos os pagamentos necessários para colocar o ativo no local e nas condições que permitam prestar serviços na produção ou em outras atividades da empresa (HENDRIKSEN; BREDA, 1999). Para Iudícibus e colaboradores (2009) uma vantagem do custo histórico é sua objetividade, pois representa para a empresa o sacrifício financeiro pela sua aquisição na data da transação. Segundo esses autores, algumas desvantagens são encontradas quando se mensura um ativo pelo seu valor histórico, pois com o passar do tempo o ativo pode perder seu valor econômico ou ter uma avaliação monetária defasada se o item não for corrigido pelas variações monetárias entre o período de compra desse ativo e a data de apresentaçãodo balanço da empresa. Custo Histórico Corrigido Na mensuração dos ativos pelo seu custo histórico corrigido ocorre a correção dos custos históricos pela variação do poder aquisitivo médio geral da moeda. Nesse sentido, pode-se levar em consideração, por exemplo, o Índice Geral de Preços Médios (IGPM), pesquisado pela Fundação Getúlio Vargas. Em outras palavras, trata-se da correção dos valores originais dos ativos por algum índice que mensure as variações do poder aquisitivo médio geral da moeda do País (IU- DÍCIBUS et al., 2009). Medidas de Saída As medidas de saída representam os valores de venda de ativos em mercados organizados. Pressupõe-se que os ativos vendidos ou trocados pela entidade são avaliados por um preço de mercado próximo do preço de venda em um curto prazo (HENDRIKSEN; BREDA, 1999). 10 11 As medidas de mensuração para a saída de ativos são: valores realizáveis líquidos, equivalentes correntes de caixa, valores de liquidação e valores des- contados de fluxos de caixa ou capacidade de geração de serviços futuros: Especificando-as, temos: • Valores realizáveis líquidos: são definidos como o preço corrente de saída menos o valor corrente de todos os custos e despesas incrementais esperados, relacionados à conclusão, à venda e à entrega da mercadoria (HENDRIKSEN; BREDA, 1999); • Equivalentes correntes de caixa: o método de mensuração pelo equivalente corrente de caixa considera que todos os itens do ativo possuem um valor presente de mercado e aqueles que não o possuem seriam descarregados do ativo no ato da compra. Assim, os preços de saída correspondem a preços normais de mercado. Trata-se de um conceito de difícil aplicação, pois excluiria do ativo todos os itens que não tivessem um valor de mercado, refletindo inclusive na demonstração de posição financeira da empresa (HENDRIKSEN; BREDA, 1999); • Valores de liquidação: o conceito de valor de liquidação prevê uma venda forçada com preços abaixo do custo ou reduzido. Hendriksen e Breda (1999) afirmam que a venda por liquidação geralmente resulta na reavaliação para menos dos ativos, bem como seu reconhecimento como perdas. Segundo esses autores, os ativos mensurados pelos valores de liquidação não são considerados dentro de condições realistas em circunstâncias normais, de modo que devem ser mensurados por esse critério quando: • Mercados ou ativos tenham perdido sua utilidade normal, por obsolescência ou outro motivo qualquer, e tenham perdido o seu mercado normal; • A entidade espera ser desativada em futuro próximo, de modo que não poderá vender seus ativos em seu mercado normal. • Valores descontados de entradas de caixa futuro – fluxo de caixa descontado: o conceito de fluxo de caixa descontado está relacionado ao valor presente de um fluxo de caixa futuro, descontado a uma determinada taxa e tempo. Porém, o desconto compreende não apenas um estimado interesse verdadeiro, que é o custo de oportunidade do dinheiro, mas também um estimado da probabilidade de cobrar o valor previsto. É importante ressaltar que a utilização de uma taxa de desconto a valor presente somente pode ser validada quando os recebimentos futuros de dinheiro ou equivalente forem conhecidos, ou quando os valores estimados garantirem um alto grau de certeza (HENDRIKSEN; BREDA, 1999). Para a aplicação deste método são necessárias as seguintes informações: • Importância ou montante que será recebido; • Fator de desconto – taxa de juros; • Tempo ou período compreendido para pagamento. 11 UNIDADE Fundamentos da Teoria Contábil De posse dessas informações e aplicando-se o método do fluxo de caixa descontado, os ativos são representados pelos futuros recebimentos líquidos de dinheiro, os quais decorrentes dos produtos/serviços potenciais. O Passivo e sua Mensuração De acordo com Hendriksen e Breda (1999), o passivo é conceituado como: “Sacrifícios futuros prováveis de benefícios econômicos resultantes de obrigações presentes de uma entidade no sentido de transferir ativos ou serviços para outras entidades no futuro em consequência de transações e eventos passados”. O passivo também é reconhecido como uma exigibilidade da empresa perante terceiros. Nesse contexto, as obrigações registradas no passivo contemplam tais exigibilidades. Para Hendriksen e Breda (1999) a mensuração de passivos ocorre quando: • Geram os benefícios econômicos esperados; • São passíveis de mensuração; • São relevantes e precisos; • Em geral, são medidos pelo valor presente das saídas de caixa, futuras e esperadas. Principais Características do Passivo Hendriksen e Breda (1999, p. 410) relacionaram, segundo a visão do Financial Accounting Standards Board (Fasb), as principais características de passivos: • Para que um passivo possa ser reconhecido, a obrigação deve existir no presente momento, resultante de uma transação ou um evento passado; • A obrigação pode derivar da aquisição de bens ou serviços, de perdas incorridas quando a empresa assume obrigações, ou expectativas de perdas pelas quais essa organização se comprometeu; • Obrigações ou deveres equitativos e construtivos devem ser incluídos, caso sejam baseados na necessidade de realização de pagamentos futuros para manter boas relações comerciais ou estejam de acordo com práticas negociá- veis normais; • Não pode haver nenhuma liberdade para evitar o sacrifício futuro. Assim, é necessário o seu reconhecimento como sacrifício futuro provável, embora o valor da obrigação ainda não seja conhecido com certeza; • Normalmente, a exigibilidade requer uma data conhecida para vencimento, ou caso não seja conhecida no presente que se tenha uma expectativa que este se dará em algum momento específico de tempo. 12 13 Encerramento de Passivos Uma vez reconhecido e mensurado um passivo, após o seu pagamento ou liquidação, pode-se, na contabilidade, encerrar essa obrigação. Iudícibus e colaboradores (2009) afirmam que a liquidação de uma dívida, obrigação ou exigibilidade pode ocorrer de diversas formas, a saber: • Pagamento em dinheiro; • Transferência de outros ativos; • Execução de serviços; • Substituição de uma exigibilidade por outra; e • Conversão da exigibilidade em capital ou outro item do patrimônio líquido. Para Hendriksen e Breda (1999, p. 416-418) o encerramento de passivos poderá ocorrer das seguintes formas: • Extinção da dívida, quando ocorre o seu pagamento; • Reestruturação da dívida: perdão integral ou parcial de dívidas por parte do credor; • Desoneração em substância: utilização de dinheiro ou outros ativos apli- cados em fundos pelo devedor no intuito de tais resgates serem utilizados exclusivamente para cumprir as obrigações de pagamento de juros e amor- tização de dívida contraída e reconhecida no passivo; • Desoneração instantânea: advém de emissão de títulos de dívida e reserva de dinheiro por parte do devedor com o objetivo de resgate da referida dívida na época mais apropriada. A intenção é tirar proveito de diferenciais de taxas de juros existentes nos principais mercados monetários a fim de não prejudicar ou afetar o balanço. A estrutura patrimonial de uma entidade representada pelos ativos, passivos e patrimônio líquido constituem, assim, o que na Contabilidade chama-se con- tas patrimoniais. No primeiro momento, a equação bens + direitos (-) obrigações resulta no patrimônio da empresa. No entanto, para se constituir, uma organização necessita de investimentos de sócios ou do proprietário para que a empresa possa iniciar as suas atividades. Desse modo, o patrimônio da entidade pode ser formado por: • Investimento inicial de capital por parte dos sócios; • Aumento de capital ou promessa de investimentos futuros por parte dos sócios; ou ainda • Confronto entre as contas de receitas e as contas de despesas, dentro do período contábil. 13 UNIDADE Fundamentos da Teoria Contábil Você percebeu que agora temos dois novos conceitos? As receitas e despesas de uma entidade são conhecidas comocontas de resultado e sua origem está relacionada à atividade da empresa. Para melhor entendimento, vamos a um exemplo: João e José se organizaram e planejaram abrir uma empresa para a produção de sapatos na região da Grande São Paulo. Para que esse projeto fosse colocado em prática, os dois investiram R$ 100.000,00. Após toda a formalização do negócio e registro nos órgãos competentes, a empresa de João e José iniciou suas atividades operacionais e administrativas. Toda a produção de sapatos que foi finalizada e transferida para estoque, no decorrer do exercício social da empresa – período de doze meses – foi vendida. No final do período contábil, foram contabilizadas as vendas, os custos e as despesas envolvidas no processo de produção da empresa. Na contabilidade foram apurados R$ 30.000,00 de receitas e R$ 10.000,00 de despesas. Assim, o resultado obtido pelas vendas dos sapatos foi de R$ 20.000,00. Pode-se afirmar, portanto, que o lucro obtido na empresa de João e José foi de R$ 20.000,00. Importante! Agora que você já sabe a composição do resultado da empresa de João e José, entenderemos melhor os conceitos que estão relacionados à essa parte da contabilidade. Importante! Receitas e Ganhos Hendriksen e Breda (1999, p. 223) asseveram que receitas podem ser definidas como o produto gerado por uma empresa, de modo que são medidas em termos de preços correntes de troca. Já Iudícibus (2010), em sua definição para receitas, aborda mais os aspectos de quando reconhecer a receita e em que montante, do que na caracterização de sua natureza: Entende-se por receita a entrada de elementos para o ativo, sob forma de dinheiro ou direitos a receber, correspondente, normalmente, à venda de mercadorias, de produtos ou à prestação de serviços. Uma receita também pode derivar de juros sobre depósitos bancários ou títulos e de outros ganhos eventuais (IUDÍCIBUS, 2010, p. 164). Os ganhos diferenciam-se das receitas e das despesas por ficarem superficiais às atividades operacionais ou básicas da empresa. “Um ganho representa um re- sultado líquido favorável resultante de transações ou eventos não relacionados às operações normais da empresa” (IUDÍCIBUS, 2010). 14 15 Despesas e Perdas Despesas Entende-se por despesa o consumo de bens ou serviços que, direta ou indi- retamente, contribuem para a realização de uma receita. Diminuindo o ativo ou aumentando o passivo, uma despesa é realizada com a finalidade de se obter uma receita, cujo valor se espera superior à diminuição que provoca no patrimônio lí- quido (IUDÍCIBUS, 2010). Para Marion (2011) despesas estão relacionadas a sacrifícios de ativos realizados em troca da obtenção de receitas, cujo resultado dessa receita espera-se que seja maior ou que supere as despesas. Hendriksen e Breda (1999, p. 232) referem-se à despesa como um conceito de fluxo, representando, porém, as variações desfavoráveis dos recursos da organização, ou seja, são as reduções de lucro. Nesse tocante, os autores afirmam que nem todas as despesas constituem o uso ou o consumo de bens e serviços no processo de obtenção de receitas. Perdas O sentido de despesa inclui as perdas cuja definição do autor está relacionada ao efeito líquido desfavorável e que não surge das operações normais da empresa. “As perdas incluem outros itens que também impactam Ativo e Patrimônio Líquido da mesma forma que as Despesas” (IUDÍCIBUS, 2010). Como exemplo, esse autor cita itens relacionados a desastres, inundações, incêndios etc. Percebe-se que tais exemplos não são esperados e contemplados em operações normais da organização. Resultado Caso as receitas obtidas superem as despesas incorridas, o resultado do período contábil será positivo – lucro –, provando, assim, um aumento no patrimônio líquido. Se as despesas forem maiores que as receitas, tal fato ocasionará um prejuízo que diminuirá o patrimônio líquido. Para que haja condições de análise e informações detalhadas dentro de uma empresa, receitas e despesas constituem apenas os grupos principais, sendo desdobradas em cada classe, em diversas contas componentes, segundo a natureza e o tipo de cada uma das quais. Exemplo: Quadro 2 Receitas Despesas Venda de serviços Aluguel Venda de mercadorias Salários 15 UNIDADE Fundamentos da Teoria Contábil Receitas Despesas Comissões Telefonia Aplicações financeiras Combustível Juros – quando a empresa recebe juros Juros – quando a empresa paga juros Período Contábil Período contábil é o espaço de tempo escolhido para que a contabilidade mostre a situação patrimonial e financeira na evolução dos negócios da empresa. Quando esse período corresponde a um ano, é também chamado de exercício social. Para finalidades externas, o período é normalmente de um ano e, muitas vezes, corresponde ao ano-calendário. Regime Contábil É o período utilizado obrigatoriamente pela contabilidade. Segundo os princípios contábeis, os mais utilizados são o regime de competência e o regime de caixa. Regime de Competência No regime de competência as receitas e despesas devem ser contabilizadas no momento de cada ocorrência, tal procedimento segue a norma estabelecida no Artigo 9º da Resolução do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) n.º 750/93. Princípio de competência: as receitas devem ser contabilizadas como tais, no momento de cada ocorrência, independentemente de seu recebimento.Ex pl or É fato que o princípio da competência está relacionado ao reconhecimento das receitas realizadas, incorridas em determinado período – e não em seu recebimento. Dessa forma e respeitando o regime de competência, as receitas serão contabilizadas no momento em que houver a transferência do bem ou serviço para terceiros, sendo os pagamentos realizados à vista ou a prazo. Regime de Caixa Neste regime são consideradas como receitas e despesas do exercício aquelas efetivamente recebidas ou pagas dentro desse período e recebidas pelo caixa da empresa. Embora não seja aceito oficialmente, o regime de caixa é praticado em empresas sem fins lucrativos, nas pequenas e microempresas e é também um instrumento valioso para as tomadas de decisões. 16 17 Encerramento das Contas de Receita e Despesa No encerramento do exercício social da empresa as contas de receitas e despesas com seus respectivos saldos são transferidas para o resultado do exercício, ou seja, obtém-se o lucro ou prejuízo de um exercício. De forma geral, pode-se apresentar a seguinte equação: • Receitas = 100.000,00 • Despesas = 80.000,00 • Resultado do exercício = 100.000,00 (-) 80.000,00 • Resultado do exercício = 20.000,00 É necessária também a demonstração do resultado do exercício, onde aparecerão, detalhadamente e dentro de critérios de classificação, as contas de receitas, despesas e o lucro ou prejuízo líquido. Uma forma simples de se apresentar a demonstração do resultado do exercício é a seguinte: Quadro 3 Receitas operacionais (-) deduções de receitas = receitas operacionais líquidas (-) custo das vendas = resultado em vendas (-) despesas operacionais = resultado operacional +/- receitas e despesas não operacionais (incluindo ganhos e perdas) = resultado antes do imposto de renda (-) imposto de renda e contribuição social = resultado líquido Fonte: Marion (2011, p. 98). Mas por que é necessária a elaboração da demonstração do resultado do exercício? Ex pl or Finalidade da Demonstração do Resultado do Exercício • Informar os acionistas e/ou quotistas sobre os resultados das operações; • Possibilitar aos bancos a apuração da rentabilidade da empresa, para atender aos financiamentos solicitados por esta; 17 UNIDADE Fundamentos da Teoria Contábil • Informar os investidores em ações e debêntures; • Informar os administradores para que estes façam as medições de sua eficiên- cia e, quando necessário, alterem a política dos negócios da empresa como, por exemplo, alterações de preços, aumentos de produção, expansão da pro- paganda etc. Importante! Que incomeé a palavra genérica, que engloba receitas e ganhos? Que revenue significa receita derivante de atividades normais – vendas propriamente ditas? Que gains são os ganhos extraordinários descritos acima? Você Sabia? Patrimônio Líquido Em termos gerais, o patrimônio líquido pode ser considerado a diferença entre o valor do ativo e do passivo de uma entidade em um determinado momento. No entanto, esse conceito se restringe à teoria do proprietário, na qual o patrimônio líquido da empresa pertence somente ao proprietário. Contabilmente e de acordo com os princípios da Contabilidade, o patrimônio dos sócios, acionistas, pessoas físicas e jurídicas não deve se confundir como patrimônio da entidade, tal como se vê no Artigo 4º da Resolução n.º 750, de 29 de dezembro de 1993: O princípio da entidade reconhece o patrimônio como objeto da Conta- bilidade com a autonomia patrimonial. A necessidade da diferenciação de um patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, in- dependentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Logo, o patrimônio particular de sócios e proprietá- rios não se confunde com os da sociedade ou instituição. Nessa perspectiva da teoria da entidade, a equação patrimonial é expressa em ativo = passivo + patrimônio líquido da entidade (MARION, 2011). Constituição do Patrimônio Líquido De acordo com a Lei das sociedades por ações, o patrimônio líquido de uma entidade é constituído por: • Capital social: é a soma dos valores que os proprietários investiram; 18 19 • Reservas de capital: constituídas com valores recebidos e que não transitam pelo resultado como receitas; • Ajustes de avaliação patrimonial: aumentos ou diminuições de valor atri- buído a elementos do ativo e do passivo em decorrência de sua avaliação a preço de mercado; • Reservas de lucros: partes retiradas do lucro para finalidades legais e societárias de provisão; • Ações em tesouraria: tratam-se das ações da companhia que forem adquiridas pela própria sociedade; • Prejuízos acumulados: resultados obtidos sobre a aplicação do capital total da empresa no mercado. 19 UNIDADE Fundamentos da Teoria Contábil Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Teoria da Contabilidade IUDÍCIBUS, S. de. Teoria da Contabilidade. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010. cap. 2. Sites NPC - Normas e Procedimentos de Contabilidade NORMAS e Procedimentos Contábeis (NPC) para receitas e despesas. Pronunciamento do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), n. 14, 18 jan. 2001. https://goo.gl/NdZw91 Leitura Mensuração e Avaliação do Ativo: Uma Revisão Conceitual e uma Abordagem do Goodwill e do Ativo Intelectual ALMEIDA, A. G. M.; HAJJ, Z. S. El. Mensuração e avaliação do ativo: uma revisão conceitual e uma abordagem do Goodwill e do ativo intelectual. Cad. Estud. São Paulo, n. 16, jul./dez. 1997. https://goo.gl/WZ2F0K O IMPACTO DA LEI 11.638/07 NO MUNDO CONTÁBIL ROSA, D. C. D.; FARIA, J. C. de. O impacto da Lei n.º 11.638 no mundo contábil. In: Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, 14., e Encontro Latino Americano de Pós-Graduação, 10., da Universidade do Vale do Paraíba. Anais... [2010]. https://goo.gl/JXG9KO 20 21 Referências CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução n.º 750, princípios fundamentais de Contabilidade. Brasília, DF, 1993. HENDRIKSEN, E. S.; BREDA, M. F. V. Teoria da Contabilidade. São Paulo: Atlas, 1999. IUDÍCIBUS, S. de. Teoria da Contabilidade. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010. _______. et al. Introdução à teoria da Contabilidade. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2009. MARION, J. C. Teoria da Contabilidade. ed. esp. São Paulo: Alínea, 2011. 21