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República da Espada - Introdução
HISTÓRIA DO BRASIL
REPÚBLICA DA ESPADA - INTRODUÇÃO
REPÚBLICA DA ESPADA / DOS MARECHAIS (1889–1894)
Ao iniciar a República Velha, surge o período denominado República da Espada, 
caracterizado como a fase dos dois primeiros presidentes do Brasil, ambos militares de 
alta patente. Por esse motivo, é designado como República da Espada ou República dos 
Marechais, compreendendo o período de 1889 a 1894. O primeiro Presidente, responsá-
vel pela Proclamação da República em 15 de novembro de 1889, foi Deodoro da Fonseca. 
Após a sua renúncia, o segundo presidente, Floriano Peixoto, assumiu o cargo.
A primeira questão a ser abordada refere-se aos acontecimentos pós-Proclamação 
da República. Na época da queda do Império, diversos sentimentos republicanos eram 
evidentes. É importante ressaltar que esses sentimentos não eram homogêneos. Surgiu 
um anseio social quanto à forma que a República deveria assumir.
Existiam três correntes ou projetos de República: liberal, jacobino e positivista. O 
termo “liberal” pode induzir a equívocos, já que, na realidade, buscava uma descentrali-
zação política dos estados, defendendo a República federativa. No entanto, esse projeto 
também tinha suas obrigações, muitas das quais estavam relacionadas aos interesses 
dos grandes cafeicultores e fazendeiros.
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O projeto jacobino, influenciado pelos ideais de Robespierre na Revolução Francesa, 
propunha uma ampla alteração no governo, visando dar voz às pessoas comuns e menos 
favorecidas, permitindo que participassem ativamente na construção da República. Era 
uma visão mais inclusiva e socialmente progressista para o novo país.
Por fim, o projeto positivista, que inicialmente prevaleceu, defendia uma República 
ditatorial, mais centralizada na figura do presidente e com uma abordagem mais auto-
ritária em relação ao Estado. Nesse contexto, os direitos do cidadão eram vistos como 
concessões do Estado, e o progresso esperado era promovido pela intervenção estatal.
Essas três correntes influenciaram o processo de Proclamação da República. Com o 
tempo, após a República da Espada, política dos governadores e outros eventos, a ten-
dência foi se inclinar mais para o republicanismo liberal.
REPUBLICANO LIBERAL JACOBINO POSITIVISTA
• Cafeicultores Paulistas 
(principais defensores).
• Descentralização política – 
autonomia dos Estados.
• República Federativa.
• Inspiração norte-americana:
– Administração garantidora 
das liberdades individuais.
– Livre competição econômica.
– Separação dos três poderes.
– Eleições.
– Estado laico.
• Setores da população urbana, 
incluindo a baixa classe média 
e setores intelectualizados.
• Inspiração na Primeira República 
Francesa (1792 - 1794), de Danton 
e Robespierre:
– Liberdade pública de reunião 
e discussão.
– Destino brasileiro definido
 coletivamente.
– Participação popular na 
administração pública.
– Sensível a medidas de 
cunho social. 
• Ampla aceitação no exército.
• Baseado nas ideias do filósofo 
francês Auguste Comte 
(1798 – 1857).
• O Estado, por meio da 
administração científica e 
racional de seus líderes, deve:
– Zelar pela ordem.
– Proteger os cidadãos.
– Garantir seus direitos.
O estabelecimento desses direitos não deveria advir da livre manifestação dos indivíduos; 
caberia ao Estado promover o progresso. A ideia de um governo forte, centralizado, uma 
verdadeira “ditadura republicana”, portanto, sustentava o ideário positivista.
Assim, esse conceito positivista marcará o início da administração presidencial no Brasil. 
Por quê? O próprio primeiro Presidente do país desrespeitou a primeira Constituição 
republicana de 1889, a qual introduziu certas liberações dentro de sua organização. Nesse 
sentido, o Estado laico, por exemplo, já representa uma forma de liberdade, permitindo a 
livre iniciativa, sem obrigação de filiação a uma igreja estatal.
Esse cenário reflete a influência do positivismo de Auguste Comte, disseminado por Benjamin 
Constant, que preconiza a administração científica e racional dos líderes para promover 
a ordem e o progresso, conforme o lema presente em nossa bandeira. É interessante 
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observar que tal abordagem zela pela ordem, protege os cidadãos e garante seus direitos, 
considerados concessões do Estado e não frutos de conquistas individuais.
O episódio em que Deodoro fecha o Congresso desrespeitando a primeira constituição 
revela uma inclinação mais para a linha republicana liberal do que para a positivista. Fica 
claro que, embora os militares tenham proclamado a República, ao longo do tempo, o poder 
foi gradualmente assumido pelos partidos Republicano Paulista e Republicano Mineiro, 
alinhando-se mais ao projeto republicano liberal do que ao positivista inicialmente vencedor.
Isso resultou na famosa política do café com leite e seus desdobramentos, como o voto de 
cabresto, a violência nas eleições e um domínio oligárquico, inclusive com características liberais. 
Essa dinâmica surgiu de um acordo entre governadores e o Executivo nacional na República 
Oligárquica, no qual cada entidade evitava interferir nas atribuições da outra, configurando 
assim um domínio oligárquico. Alguns textos classificam esse período como República Liberal 
Oligárquica, devido ao conceito de projeto e à não interferência do presidente nas questões 
estaduais, mediante acordos fraudulentos ocorridos durante a Primeira República.
O Pós-Proclamação
• Golpe organizado por um grupo de militares, liderado por Deodoro da Fonseca, que 
se tornou presidente com o Marechal Floriano Peixoto como vice.
Obs.: � Floriano Peixoto e Deodoro da Fonseca não eram aliados, evidenciado pelo fato 
de terem integrado chapas distintas durante a disputa eleitoral.
• A representatividade popular não foi alcançada, e as elites provinciais passaram a 
exercer forte influência.
Obs.: � Mulheres e analfabetos não tinham direito de voto. Naquela época, a população 
brasileira era composta por quase 45% de mulheres, o que significava que quase 
metade da população estava excluída do direito de votar. Além disso, os analfabetos 
também eram privados desse direito desde 1881. Para ter uma noção, nesse 
período, apenas cerca de 20% a 25% da população total tinha o direito de voto, 
desconsiderando outras exclusões relacionadas a militares, entre outros fatores. 
Essa significativa exclusão resultava em uma falta de representatividade popular, 
pois a maioria da população não participava do processo eleitoral.
• Paulistas, mineiros e gaúchos defendiam uma postura federalista e um perfil de 
representatividade do cidadão (por meio de um presidente eleito por um congresso).
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Obs.: � Surge, portanto, uma divergência, pois há uma distinção entre as eleições dentro do 
Congresso e as eleições abertas para a população. Essa atmosfera de rivalidade se 
instaura, e a pergunta que surge é: por que estão adotando essa abordagem? Qual 
é a razão por trás da manutenção da ideia de um sistema quase parlamentarista? 
A resposta está no entendimento de que, ao elegerem seus próprios grupos de 
poder, estariam restringindo o direito do povo ao voto direto para o cargo de 
presidente no período pós-proclamação.
• Clima de rivalidade entre a Marinha, associada ao monarquismo, e o Exército, enal-
tecido pela Guerra do Paraguai e pela influência no atual governo republicano:– Regime positivista (construção da mentalidade do soldado-cidadão, da maior 
participação dos militares na sociedade).
Obs.: � Houve um período de rivalidade entre a Marinha e o Exército. A Marinha recebeu 
considerável atenção de Dom Pedro, o que a associou ao monarquismo. Por outro 
lado, o Exército, notável após a Guerra do Paraguai, desempenhou um papel 
significativo no regime positivista, na formação da mentalidade do soldado cidadão 
e no aumento da participação dos militares na sociedade.
• “Ordem e Progresso”, lema da bandeira e do positivismo (Ordem: República forte, disci-
plinada pelos militares; Progresso: desenvolvimento técnico e o crescimento industrial).
Obs.: � Com a transição para a República, o brasão do Império desaparece, dando lugar à insígnia 
com a frase ‘Ordem e Progresso’. Nesse contexto, estados como Amazonas, Pará, Mato 
Grosso, Goiás, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, 
Alagoas e o então Distrito Federal do Rio de Janeiro compunham a federação. 
• Deodoro e Floriano eram contrários ao liberalismo e defendiam um poder executivo 
forte, quase uma ditadura republicana;
– O caráter federalista (descentralização republicana) era uma ameaça, por possibi-
litar uma futura fragmentação do país.
• A proclamação aproximou as políticas entre Brasil e EUA;
– Política diplomática brasileira migrou de Londres para Washington.
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Amazonas, Pará, Mato Grosso, Goiás, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, 
Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de 
Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Distrito Federal
É importante considerar as perspectivas da bandeira, uma vez que a imagem desse símbolo 
está intrinsecamente relacionada aos estados. Acima do lema “Ordem e Progresso”, a estrela 
indicava a capital mais ao norte do Brasil naquela época, representando o estado do Pará. 
Vale ressaltar que, naquele período, estados como Roraima e Amapá ainda não existiam, 
sendo que o Amapá, por exemplo, estava territorialmente inserido no Pará.
• Na prática, a Proclamação da República foi, em grande parte, resultado da aliança 
dos cafeicultores paulistas com o exército contra o inimigo comum – o império –, 
embora as duas forças tivessem projetos políticos republicanos distintos.
Obs.: � Nesse contexto, foi compreendido pelos republicanos liberais que os militares 
teriam a capacidade de depor Dom Pedro, e acreditavam que a sua administração 
ineficiente abriria espaço para os republicanos liberais assumirem o poder.
A concepção era a seguinte: se os republicanos liberais liderassem a tomada do poder, 
o exército provavelmente o retomaria, pois, segundo eles, que buscavam uma República 
ditatorial, não permitiriam que o controle caísse nas mãos de civis. Nessa perspectiva, é 
crucial perceber a ocorrência dessa aliança, ainda que temporária.
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• Nos primeiros dias após o 15 de novembro, porém, houve consenso de que os mili-
tares deveriam exercer o poder político durante o delicado período de gestação e 
instalação das instituições republicanas.
Obs.: � �Até 1822, o país esteve sob a tutela colonizadora de Portugal. Após a independência 
em 7 de setembro e até 15 de novembro de 1889, o Brasil foi um império, uma 
monarquia, com instituições e funcionamento enraizados nessa perspectiva. Ao 
passar por transformações, os temores dos proponentes republicanos estavam 
ligados à possibilidade de um contragolpe monárquico. A preocupação era que, se 
os civis republicanos assumissem o governo sem uma base sólida, haveria o risco 
de um retorno monárquico.
• A república recém-nascida era frágil, e temia-se um contragolpe monárquico. Por-
tanto, parecia conveniente um governo forte, sob controle militar, para proteger o 
regime em seus primeiros anos. 
Vicentino, Cláudio. História geral e do Brasil / Cláudio Vicentino, Gianpaolo Dorigo – 2. ed. – São 
Paulo: Scipione, 2013.
No início da República, surgiu a República da Espada, uma opção para os republicanos, 
caracterizada por um governo forte gestado na ideia positivista. Esse período, marcado por 
uma mentalidade de soldado cidadão, resultou em uma constante difamação da monarquia, 
associando tudo que dela se originou como retrógrado e atrasado. A inauguração de Belo 
Horizonte, uma cidade planejada republicana, exemplifica o distanciamento em relação ao 
Brasil monárquico. Além disso, houve a exaltação de líderes envolvidos em movimentos contra 
a monarquia de Portugal. Uma ressignificação de personagens históricos, como Tiradentes e 
Frei Caneca, ocorreu, atribuindo-lhes novos significados vinculados ao militarismo positivista e 
à Proclamação da República, contribuindo para a transformação de figuras outrora associadas 
a um contexto negativo em heróis republicanos. Essas mudanças foram evidenciadas em 
diversas regiões do Brasil, como na Paraíba, onde jornais antes pró-monarquia passaram a 
destacar a importância da República em seus discursos.
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� Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Concursos, de acordo com a aula 
preparada e ministrada pelo professor Admilson Costa Santos. 
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do con-
teúdo ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela lei-
tura exclusiva deste material.

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