Prévia do material em texto
Dr. Antônio Henrique Portes Neto OAB/MG 158910 Rua Joaquim Murtinho, nº. 104-A, Centro- Ipanema/MG – CEP. 36.950-000. Contato: (33) 99868-6020 – Email: henriqueportes@live.com EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA COMARCA DE IPANEMA – ESTADO DE MINAS GERAIS MARIA CRISTINA DA SILVA, brasileira, solteira, desempregada, inscrita no CPF nº. 038.091.766-13, residente e domiciliada na Rua Antônio Calháu, nº. 31, Bairro Nova Cidade, Ipanema-MG, CEP. 36.950-000 vem à presença de Vossa Excelência, por seu advogado que a esta subscreve Dr. ANTONIO HENRIQUE PORTES NETO, brasileiro, solteiro, advogado, inscrito na OAB/MG 158.910, com endereço profissional à Rua Joaquim Murtinho, nº. 104-A, Centro, Ipanema/MG, CEP. 36.950-000, email: henriqueportes@live.com (mandado em anexo), com fundamento no art. 203, da Constituição Federal e do art. 20, da Lei n. 8.742/93 art. 300 do CPC propor a presente AÇÃO PREVIDENCIÁRIA DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO ASSISTENCIAL AO PORTADOR DE DEFICIÊNCIA – BPC/LOAS C/C ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA em face de INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, Autarquia Federal, através da Procuradoria sediada na Rua Afonso Pena, nº. 3.016, Centro, Governador Valadares/MG, CEP. 35.010-001, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos: 1 – INTROITO – BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA (CPC, ART. 98, CAPUT). A Autora não possui condições de arcar com as despesas do processo, uma vez que são insuficientes seus recursos financeiros para pagar todas as despesas processuais. Destarte, a Demandante ora formula pleito de justiça gratuita, o que faz por declaração de Dr. Antônio Henrique Portes Neto OAB/MG 158910 Rua Joaquim Murtinho, nº. 104-A, Centro- Ipanema/MG – CEP. 36.950-000. Contato: (33) 99868-6020 – Email: henriqueportes@live.com seu patrono, sob a égide do art. 99, § 4º c/c 105, in fine, ambos do quando tal prerrogativa se encontra inserta no instrumento procuratório acostado. 2 – DA EXPOSIÇÃO DOS FATOS. No dia 10/04/2024, q Autora procurou a agência do INSS de Manhuaçu-MG, requerendo administrativamente pedido de Beneficio Assistencial, em razão ser portadora de deficiência física, qual seja: CID: M54 (DORSALGIA), CID: M23 (TRANSTORNOS INTERNOS DO JOELHO) e CID: S83.5 (ENTORCE E DISTENSÃO ENVOLVENDO LIGAMENTO CRUZADO (ANTEIOR) (POSTERIOR) DO JOELHO), além de já ter desenvolvido câncer e ter realizado tratamento durante longos anos, que o impossibilita de exercer qualquer atividade tanto do dia a dia quanto laboral, dependendo de ajuda de terceiros, assim, após as formalidades legais, o agente do INSS pediu para que aguardasse o resultado do pedido, quando tomou ciência do indeferimento administrativo do seu pedido de concessão do benefício assistencial – BPC/LOAS por parte do INSS, sob a alegação de não ter havido atendimento das exigências legais de deficiência para acesso ao BPC/LOAS. Entretanto, com a devida vênia, como fazem prova os documentos anexados e os demais a serem produzidos no decorrer do processo, a Requerente faz jus ao benefício previdenciário indeferido. Por esses motivos, os argumentos da Autarquia Previdenciária, no sentido do indeferimento do benefício, não merecem prosperar, ensejando o presente processo. Síntese sobre a condição pessoal da Autora: 1. Enfermidade ou síndrome CID: M54 (DORSALGIA), CID: M23 (TRANSTORNOS INTERNOS DO JOELHO) e CID: S83.5 (ENTORCE E DISTENSÃO ENVOLVENDO LIGAMENTO CRUZADO (ANTEIOR) (POSTERIOR) DO JOELHO 2. Limitações decorrentes das moléstias Obstrução da participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas e impedimento de atividades laborativas como fonte de renda. 3. Constituição do grupo familiar Somente a Autora. 4. Fontes de renda Benefício Bolsa Família. Dados sobre o Requerimento Administrativo: 1. Número do benefício 714.843.520-0 Dr. Antônio Henrique Portes Neto OAB/MG 158910 Rua Joaquim Murtinho, nº. 104-A, Centro- Ipanema/MG – CEP. 36.950-000. Contato: (33) 99868-6020 – Email: henriqueportes@live.com 2. Data do requerimento 10/04/2024 3. Razão do indeferimento Alegado não enquadramento às exigências legais de deficiência para acesso ao BPC-LOAS. Em decorrência dos seus impedimentos, a Autora, nunca conseguiu ter uma profissão, com dores crônicas, frisa-se ainda que nunca teve um amparo assistencial, e de nenhum benefício. Outrossim, sempre sobreviveu às custas de ajuda de familiares e de seu benefício do programa bolsa família. Sendo assim, busca do Poder Judiciário o reconhecimento do seu direito constitucional, diante de tamanha deficiência e estado de miserabilidade. 3 – DO FUNDAMENTO JURÍDICO. A pretensão da Autora encontra respaldo legal no artigo 203, V, da Constituição Federal, no artigo 20 da Lei 8.742/93 (regulamentado pelo Anexo do Decreto do Decreto 6.214/07) e demais normas aplicáveis. De acordo com a legislação inerente à matéria, é devido o benefício àquelas pessoas deficientes ou idosas (idade igual ou superior a 65 anos) que não possuem condições de prover o próprio sustento por seus próprios meios, nem de tê-lo provido pelo núcleo familiar. No caso dos autos, a deficiência da Autora resta demonstrada a partir dos documentos médicos anexos, dos quais se exprime que é acometida por diversas graves patologias, de distintas áreas médicas, de maneira a satisfazer a exigência prevista no artigo 20 da LOAS. Sem o suporte adequado do Estado, o futuro de vida digna dessa criança será negado com violação clara ao art. 1º, III e ao art. 5º, caput, da Constituição. Ainda, a ausência de concessão dos mecanismos necessários e devidos de proteção social, em particular de assistência social e saúde, para crianças e seus responsáveis legais é clara afronta ao direito à vida livre de discriminação a todos os cidadãos brasileiros e à proteção da maternidade e à infância, nos termos do art. 3º, IV e 6º, CR. Nesse diapasão, a Constituição Federal assegura a prestação de assistência social “a quem dela necessitar” (CF, art. 203, caput), tendo como objetivos “a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária” (CF, art. 203, IV), bem como “a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que 30 comprovem não possuir meios de Dr. Antônio Henrique Portes Neto OAB/MG 158910 Rua Joaquim Murtinho, nº. 104-A, Centro- Ipanema/MG – CEP. 36.950-000. Contato: (33) 99868-6020 – Email: henriqueportes@live.com prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei” (CR, art. 203, V). Por sua vez, a Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS (Lei nº 8.742/1993), instituída com o intuito de regulamentar as ações voltadas a “garantir o atendimento às necessidades básicas” (Lei nº 8.742/1993, art. 1º) dos cidadãos, fixou critério para recebimento do Benefício Assistencial de Prestação Continuada à renda familiar inferior a ¼ de salário mínimo per capita (Lei nº 8.742/1993, art. 20, § 3º), nos termos seguintes: Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família. (...) § 3o Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo. O estabelecimento de critério financeiro, previsto no art. 20, § 3º, LOAS, fixa teto para renda familiar mensal flagrantemente reduzido como requisito para obtenção dobenefício e obstando que diversas pessoas com deficiência e idosos desfrutem do necessário auxílio, afrontando assim a normativa constitucional de que “a assistência social será prestada a quem dela necessitar” (CF, art. 203, caput). Diante de todo o exposto, é imperativo concluir a condição de pessoa com deficiência da Autora uma vez que possui graves impedimentos de ordem médica, além de limitações sociais – haja vista a sua condição de vulnerabilidade socioeconômica, a qual a impede de ter acesso aos recursos que poderiam amenizar as suas patologias (conforme documentação médica e comprovante se ser beneficiária do programa bolsa família anexada aos autos). Neste sentido, frise-se os julgados do próprio TRF-1 e também do TRF-3: PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. LEI 8.742, DE 1993, ART. 20, § 3º, (LOAS). PRESENTES OS REQUISITOS LEGAIS. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. [...] 3. [...] a miserabilidade deverá ser aferida pela análise das circunstâncias concretas do caso analisado. 4. Registre-se que o benefício assistencial pleiteado foi criado com o intuito de beneficiar as pessoas incapazes de sobreviver sem a ação estatal [...]. (TRF-1 - AGA: 429674120134010000, Relator: JUIZ FEDERAL CLEBERSON JOSÉ ROCHA (CONV.), Julgamento: Dr. Antônio Henrique Portes Neto OAB/MG 158910 Rua Joaquim Murtinho, nº. 104-A, Centro- Ipanema/MG – CEP. 36.950-000. Contato: (33) 99868-6020 – Email: henriqueportes@live.com 26/11/2014, SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: 10/12/2014) PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO LEGAL. BENEFICIO ASSISTENCIAL. PRESENTES OS REQUISITOS PARA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. IV - O Egrégio Superior Tribunal Federal, decidiu em sede de reclamação, que a miserabilidade pode ser aferida por outros meios, desaconselhando a aplicação rígida do artigo 20, § 3º, parte final, da Lei nº 8.742/93 (conforme RcL 3805/SP - Relatora: Ministra Carmen Lúcia, em julgamento realizado em 09/10/2006, publicado no DJ de 18/10/2006, pp - 00041). (TRF-3 - AC: 15059 SP 0015059-62.2012.4.03.9999, Relator: DES. FEDERAL VERA JUCOVSKY, Data de Julgamento: 13/08/2012, OITAVA TURMA) Assim, de certo será concluído que a situação da Requerente vai de encontro aos ideais constitucionais, infraconstitucionais e também supralegais, afinal, a assistência aos desamparados é assegurada pelo Pacto de São José da Costa Rica (art. 26) e pela Declaração Universal de Direitos Humanos (art. 22). 4 - DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA – DEFERIMENTO LIMINAR INAUDITA ALTERA PARTE. Como é do conhecimento deste Douto Juízo, assegura o art. 300 do novo Código de Processo Civil (Lei nº. 13.105/15) que “a tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo”. Além disso, o § 2º do mesmo dispositivo impõe que “a tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia”. Assim, certamente o Autor da presente demanda fazem jus a concessão da tutela provisória de urgência inaudita altera parte, em razão do preenchimento dos pressupostos exigidos pela lei processual, conforme passaremos a demonstrar. É sabido que os requisitos da tutela de urgência consistentes na prova inequívoca e verossimilhança, que se traduzem, conforme a doutrina e jurisprudência, no conceito de probabilidade, estão sobejamente atendidos. Não é difícil imaginar os danos irreparáveis suportado pela requerente que está com muitas dificuldades financeiras em razão de não ter força para o trabalho braçal em razão de sua idade e de sua deficiência, conforme se comprova com os documentos anexos, razão pela qual necessita urgentemente da medida liminar inaudita altera parte. Dr. Antônio Henrique Portes Neto OAB/MG 158910 Rua Joaquim Murtinho, nº. 104-A, Centro- Ipanema/MG – CEP. 36.950-000. Contato: (33) 99868-6020 – Email: henriqueportes@live.com Pelo acima exposto, verifica-se, inequivocamente, a verossimilhança das presentes alegações. Comprovado, pois, o fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação a ser suportado pelo Autor e sua família, pois, se mantido o presente status quo antes, ou seja, caso não seja deferido o pedido liminar de tutela de urgência, o Autor continuará com dificuldades financeiras, restam demonstrados: 1 - A ‘probabilidade do direito’, por meio das fundamentações e documentos anexos, que são totalmente capazes de convencer esse Juízo quanto à procedência do pedido autoral em se confirmando os danos causados pelo Requerido. 2 - A ‘verossimilhança da alegação’, uma vez que as provas acostadas e os fatos narrados têm o poder de não deixar qualquer dúvida para esse Juízo quanto à verossimilhança das alegações aqui formuladas, não havendo condições de reconstruir os fatos apresentados de outra forma que não seja a apresentada nesta peça vestibular, até porque o Autor encontra-se sem condições de exercer qualquer atividade laborativa devido ao seu estado físico. 3 - A ‘reversibilidade da decisão’, a concessão da tutela de urgência poderá ser reversível a qualquer momento, até porque é muito simples fazer ou desfazer o benefício previdenciário, sendo sua concessão plenamente cabível – e necessária! – quanto ao caso em análise; 4 - O ‘receio de dano irreparável ou de difícil reparação’, face a situação danosa e extremamente grave que acomete o Requerente. Desta feita, considerando tais elementos e a verossimilhança das alegações articuladas nesta peça processual, requer seja concedida a tutela antecipatória de mérito com urgência para determinar que o Requerido seja compelido a deferir o benefício previdenciário. 5 – DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS. POSTO ISSSO, como últimos requerimentos dessa Ação, a Autora REQUER que Vossa Excelência se digne a tomar as seguintes providências: a) A concessão dos benefícios da Justiça Gratuita, por ser a Autora pessoa pobre na acepção jurídica do termo, nos termos da Lei nº 1.060/50 e art. 98 do CPC. Dr. Antônio Henrique Portes Neto OAB/MG 158910 Rua Joaquim Murtinho, nº. 104-A, Centro- Ipanema/MG – CEP. 36.950-000. Contato: (33) 99868-6020 – Email: henriqueportes@live.com b) Que seja deferida a antecipação dos efeitos da tutela, em caráter liminar, no sentido de obrigar o INSS a conceder o Benefício Assistencial de Prestação Continuada (LOAS) no prazo máximo de 48 (quarenta e oito horas), sob pena de multa a ser deferida por Vossa Excelência. c) A citação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, na pessoa do seu representante legal, para que, querendo, responda a presente demanda, no prazo legal, sob pena de revelia. d) A procedência da Ação para condenar do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS para conceder o benefício de prestação continuada, desde o requerimento administrativo, bem como pagar as parcelas atrasadas, monetariamente corrigidas desde o respectivo vencimento e acrescidas de juros moratórios, ambos incidentes até a data do efetivo pagamento. e) Seja determinada a juntada de todo o processo administrativo que deu causa à presente ação, por parte do INSS. f) Seja o INSS condenado nos ônus sucumbenciais, inclusive honorários advocatícios devidos à DPU, no caso de recurso. g) Protesta por todos os meios de prova em direito admitidas, especialmente prova documental e testemunhal. Atribui-se à causa o valor de R$. 16.944,00 (dezesseis mil, novecentos e quarenta e quatro reais) para fins de efeitos fiscais. Termos em que pede e espera deferimento. Ipanema-MG, 29 de maio de 2024. Antonio Henrique Portes Neto Advogado OAB-MG 158.910