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MONOGRAFIA COMPLETA-OSVALDO MUCHANGA

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Osvaldo Bernardo Muchanga
Análise do Potencial Terapêutico da Abrus precatorius e da Tabernaemontana elegans
no Tratamento de Bilharziose no Povoado de Massambe-Distrito de Massinga
Licenciatura em Ensino de Biologia com Habilitações em Ensino de Química
Universidade Pedagógica
Massinga
2018
Osvaldo Bernardo Muchanga
Análise do Potencial Terapêutico da Abrus precatorius e da Tabernaemontana elegans no
Tratamento de Bilharziose no Povoado de Massambe-Distrito de Massinga
 Monografia Científica a ser apresentada ao 
 Curso de Biologia, Departamento de Ciências
 Naturais e Matemática para efeitos de obtenção
 de grau académico de Licenciatura em Ensino de
 Biologia com habilitações em Ensino de Química.
 Supervisores: PhD. Daniel Agostinho &
MEd. Afonso Faustino Taela Munguambe
Universidade Pedagógica
Massinga
2018
Índice Pág.
Lista de Tabelas......................................................................................................................iv
Lista de Gráficos......................................................................................................................v
Lista de Figuras.......................................................................................................................vi
Lista de Símbolos, Siglas e Abreviaturas..............................................................................vii
Declaração............................................................................................................................viii
Dedicatória..............................................................................................................................ix
Agradecimentos.......................................................................................................................x
Resumo...................................................................................................................................xi
Abstract..................................................................................................................................xii
CAPÍTULO I.........................................................................................................................13
1.0.Introdução........................................................................................................................13
1.1.Problematização...............................................................................................................14
1.2. Justificativa.....................................................................................................................15
1.3. Objectivos:......................................................................................................................16
1.3.1. Geral:...........................................................................................................................16
1.3.2. Específicos:..................................................................................................................16
1.4.Questões Orientadoras da Pesquisa.................................................................................16
1.5.Delimitação do tema........................................................................................................16
CAPÍTULO II........................................................................................................................17
2.0. Revisão Bibliográfica.....................................................................................................17
2.1. Histórico do uso de Plantas medicinais no mundo e em Moçambique..........................17
2.2. Contexto de Plantas Medicinais......................................................................................17
2.3. Abrus precatorius...........................................................................................................17
2.4. Tabernaemontana elegans..............................................................................................18
2.5. Estudos Fitoquímicos e Princípios Activos....................................................................19
2.5.1.Principais Princípios Activos Comuns na A. precatorius e T. elegans.........................19
2.6. Formas de preparação e uso caseiro de medicamentos Vegetais....................................22
2.7.Bilharziose.......................................................................................................................22
CAPÍTULO III.......................................................................................................................25
3.0.Metodologia.....................................................................................................................25
3.1. Localização e Descrição da Área de Estudo...................................................................25
3.2.Tipo de Pesquisa..............................................................................................................26
4
3.3. Técnicas de colecta de Dados.........................................................................................27
3.4.Instrumentos de colecta de dados....................................................................................28
3.5.Amostragem.....................................................................................................................28
3.6.Considerações éticas........................................................................................................29
3.7.Colecta da Amostra..........................................................................................................29
3.8.Preparação das Amostras (Folhas e Raízes da A. precatorius e T. elegans)...................29
3.8.1.Extracção do Material Vegetal.....................................................................................30
3.9.Procedimentos Experimentais das Análises Fitoquímicas...............................................31
3.9.1.Análises fitoquímicas da Abrus precatorius.................................................................31
3.9.2.Análises fitoquímicas da Tabernaemontana elegans....................................................32
3.9.Técnica de análise e apresentação de dados....................................................................33
CAPÍTULO IV......................................................................................................................34
4.0. Apresentação, Interpretação, Discussão dos Resultados................................................34
4.1. Formas de uso da A. precatorius e da T. elegans no tratamento da Bilharziose............34
4.2. Análises fitoquímicas......................................................................................................35
4.2.1. Análises fitoquímicas da Abrus precatorius................................................................35
4.2.2.Análises fitoquímicas da Tabernaemontana elegans...................................................38
4.2.3.Resumo dos resultados obtidos nos testes fitoquímicos da A. precatorius e de T. elegans
...............................................................................................................................................41
4.3. Relação entre os princípios activos identificados e o seu potencial (acção) anti-
helmíntico..............................................................................................................................42CAPÍTULO V........................................................................................................................44
5.0.Conclusões e Recomendações.........................................................................................44
5.1.Conclusões.......................................................................................................................44
5.2.Recomendações...............................................................................................................44
6.0.Referências Bibliográficas...............................................................................................45
Apêndices...............................................................................................................................47
Anexos...................................................................................................................................53
iv
Lista de Tabelas 
Tabela 1: Materiais e reagentes utilizados no processo de extracção vegetal………..…...30
Tabela 2: Quadro resumo dos resultados obtidos nos testes fitoquímicos da A.
precatorius…………………………………………………………………………………..41
Tabela 3: Quadro resumo dos resultados obtidos nos testes fitoquímicos da T. elegans.42 
v
Lista de Gráficos
Gráfico 1: Partes usadas das plantas empregues no tratamento da bilharziose…………..34
Gráfico 2: Formas de preparo/modo de uso das plantas usadas no tratamento da
bilharziose…………………………………………………………………………………..35
vi
Lista de Figuras
Fig.01: Abrus precatorius………………………………………………………………….18
Fig.02: Tabernaemontana elegans……………………………………………………....…19
Fig.03. Triterpenos pentacíclicos isolados…………………………………………………20
Fig.04: Estrutura de alcalóides……………………………………………………………..20
Fig.05: Estrutura de Taninos Condensados………………………………………………..20
Fig.06: Núcleo fundamental dos flavonóides e sua numeração.…………………………...21
Fig.07: Estrutura básica de uma saponina esteroidal espirostano.………………………....21
Fig.8: Estrutura básica das Antraquinonas…………………………………………………21
Fig.09: Ciclo de Vida do Shistosoma………………………………………………..……..23
Fig.10: 1, Praziquantel-PZQ………………………………………………………………..24
Fig.11: Estrutura química de Oxamniquinina……………….……………………………..24
Fig.12: Localização geográfica de Massambe……………………………………………..25
Fig.13: Identificação de Taninos…………………………….……………………………..35
Fig.14: Identificação de Flavonóides………………………………………………………36
Fig.15: Identificação de Terpenóides/triterpenos…………….…………………………….36
Fig.16: Identificação de Esteróides…………………………………………………….…..37
Fig.17: Identificação de Saponinas…………………………………………………….…..37
Fig.18: Identificação de Alcalóides…………………………………………………….…..38
Fig.19: Identificação de Antraquinonas……………………………………………………38
Fig.20: Identificação de Taninos…………………………………………………….……..39
Fig.21: Identificação de Flavonóides………………………………………………………39
Fig.22: Identificação de Terpenóides/triterpenos…………….…………………………….39
Fig.23: Identificação de Saponinas…………………………………………….…………..40
Fig.24: Identificação de Alcalóides………………………………………………………...40
vii
Lista de Símbolos, Siglas e Abreviaturas
Símbolos 
C4H6O3 - Anidrido Acético
CHCl3 – Clorofórmio
HCl- Ácido Clorídrico
H2SO4- Ácido Sulfúrico
FeCl3- Cloreto Férrico
Km- Quilómetros 
Pb(C2H3O2)2 - Acetato de Chumbo
% - Porcento
mg- miligramas
Kg-Quilograma
NaOH -Hidróxido de sódio
(+) -Positivo
(-) -Negativo
Siglas 
MISAU- Ministério da Saúde
OMS- Organização Mundial de Saúde
PES- Plano Económico de Saúde
PMT’s - Praticantes da Medicina Tradicional
UP- Universidade Pedagógica
Abreviaturas 
Fig.- Figura
Mins- Minutos
viii
Declaração
Eu, Osvaldo Bernardo Muchanga, declaro por minha honra que esta Monografia científica é
resultado da minha investigação pessoal e das orientações dos meus supervisores, o seu
conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente mencionadas no texto e
nas referências bibliográficas no final. Declaro ainda que este trabalho jamais foi apresentado
em nenhuma outra instituição de ensino para obtenção de qualquer grau académico. 
Massinga, 04 de Setembro de 2018
__________________________________________________
(Osvaldo Bernardo Muchanga)
ix
Dedicatória 
Com maior apreço, consideração e satisfação, tenho a honra de dedicar este trabalho aos
meus pais Bernardo Muchanga e Menalda Zunguze que de forma humilde e dentro das
dificuldades apostaram na minha formação. Dedico ainda o trabalho aos meus irmãos (dr.
Egas, Narta, Amina) pelo apoio moral e financeiro que depositaram em mim nesta caminhada
académica, que souberam-me fazer acreditar no sucesso académico mesmo nos momentos
menos conseguidos da academia.
 
x
Agradecimentos
Endereço os meus profundos agradecimentos à Deus pelo dom da vida e pelas obras
maravilhosas que tem feito em mim. De seguida agradeço ao Prof. Doutor Daniel Agostinho e
ao MEd. Afonso Faustino Taela Munguambe meus supervisores pela forma paciente,
incansável e carinhosa que trabalharam comigo rumo a concretização desta monografia. 
A todos meus docentes e em especial aos do curso de Biologia da UP Delegação de Massinga
nomeadamente dra. Vera Fumo, MSc. Elvino Ferrão, dr. Nunes Ponda, dr. Orlando Chipura
que durante esta caminhada académica foram preponderantes na minha formação profissional
através dos seus sábios ensinamentos.
Ao Nathan Simon Lutozi, estudante da UP-Sede, pela paciência e consideração com a qual
trabalhou comigo ao nível do laboratório de pesquisa de Produtos Naturais do Departamento
de Biologia da Universidade Pedagógica-Sede.
Ao corpo directivo e técnico da UP- Delegação de Massinga, pela bolsa de estudo concedida
durante a formação, o meu profundo agradecimento.
Ao Povoado de Massambe, pelo acolhimento para a realização da pesquisa, de forma especial
ao secretário deste povoado (Fabião Alfandegane), aos PMT’s, ervanários e anciãos que
estiveram envolvidas directamente no fornecimento das informações.
Agradeço igualmente ao meu primo MSc. Sérgio Zunguze pelas dicas sábias que me deu no
âmbito do desenvolvimento da pesquisa.
Os meus profundos agradecimentos são extensivos aos meus amigos e colegas de formação,
Ermelito Rodrigues e António Mboe pelo encorajamento durante o desenvolvimento da
pesquisa.
Finalmente, agradeço a todos que directa ou indirectamente, sem terem os nomes
referenciados acima, tornaram possível a minha pesquisa e a minha formação no geral.
xi
Resumo
A pesquisa foi realizada no Povoado de Massambe e visou analisar o Potencial Terapêutico
de Abrus precatorius e Tabernaumontana elegans, plantas usadas no Tratamento de
Bilharziose neste Povoado. A pesquisa foi de carácter misto e desenvolveu-se em duas fases,
sendo que na primeira, foi aplicada uma entrevista semi-estruturada aos participantes, que
consistiu na recolha de informações das partes das plantas utilizadas, bem como a forma de
preparo e administração. Nesta fase participaram 21 entrevistados, sendo, 1 Secretário, 7
Ervanários, 10 Praticantes da Medicina Tradicional e 3 Anciãos que foram seleccionados de
forma intencional. A segunda fase decorreu no laboratório de pesquisa de Produtos Naturais
do Departamento de Biologia da Universidade Pedagógica-Sede, e consistiu na identificação
dos princípios activos presentes nas raízes e folhas das duas plantas em estudo, relacionados
com a cura da bilharziose. Para a identificação de princípios activos aplicou-se a extracção a
frio (maceração) e reacções químicas específicas. Os resultados das entrevistas mostraram que
a população usa as folhas, raízes, flores, frutos e/ou mistura de raízes e folhas. Para o preparo
do medicamento, a mesma usa a decocção, infusão e a queima e para a administração usa a
ingestão oral em dosagens variáveis. Os princípios activos identificados em órgãos de plantas
em estudo implicados no tratamento da Bilharziose são os taninos, alcalóides,flavonóides e as
saponinas. Estes princípios activos relacionam-se com o potencial anti-helmíntico pelo facto
de inibirem o desenvolvimento normal do S. mansoni.
Palavras-chave: Abrus precatorius; Tabernaumontana elegans; Medicina Tradicional;
Tratamento da Bilharziose; Shistosoma mansoni; Princípios activos.
xii
Abstract
The present research was carried out in the Massambe Village and it was aimed at analyzing
the Therapeutic Potential of Abrus precatorius and Tabernaemontana elegans, medicinal
plants used in the Treatment of Bilharziosis in this Village. The research was mixed and
developed in two phases. In the first one, a semi-structured interview was applied to the
participants, which consisted in gathering information from the parts of the plants used, as
well as the preparation and administration. At this stage participated 21 interviewees,
including 1 Secretary, 7 Herbalists, 10 Traditional Medicine Practitioners and 3 Elderly
people who were intentionally selected. The second phase was held in the Natural Products
research laboratory of the Biology Department of the Pedagogical University Headquarters. It
consisted in the identification of active principles present in the roots and leafs of the two
plants under study related to the cure of bilharziosis. For the identification of active principles
cold extraction (maceration) and chemical reactions were applied. The results of the
interviews showed that the population uses roots, leaves, flowers and blends of roots and
leaves. For the preparation of the drug, the same uses decoction, infusion and burning and for
administration uses ingestion at varying dosages. The active principles identified in plant
organs under study and implicated in the treatment of Bilharziosis are tannins, alkaloids,
flavonoids and saponins. These active principles relate to the anthelmintic potential because
they inhibit the normal development of S. mansoni.
Key words: Abrus precatorius; Tabernaemontana elegans; Traditional Medicine;
Bilharziosis treatment; Shistosoma mansoni; Actives principles; 
13
CAPÍTULO I
1.0.Introdução
Desde a década de 70, a OMS vem estimulando o uso de plantas no tratamento de diversas
enfermidades em todos países, sobretudo nos países do terceiro mundo devido a escassez dos
serviços de saúde (BRANDÃO, 2015).
Em Moçambique a situação não é diferente, uma vez que o MISAU (2006) afirma que os
serviços de saúde disponíveis e acessíveis continuam ainda insuficientes para fazer face as
necessidades da população, pois apenas 50% tem acesso a um nível aceitável de cuidados de
saúde dos quais somente 36% da população têm acesso a cuidados de saúde num raio de 30
minutos das suas casas. E cerca de 20% tem cuidados de saúde de nível não aceitável. No
entanto, cerca de 30% da população não tem possibilidade de aceder a qualquer tipo de
serviço de saúde, recorrendo quase que exclusivamente a plantas com potencial medicinal
para o tratamento de diversas enfermidades.
Perante a realidade observável do uso de plantas como recursos terapêuticos, o MISAU
(2011) através do PES, tem trabalhado em coordenação com os PMT’s a fim sistematizar o
uso de recursos florestais como meio terapêutico seguro, visto que os serviços de saúde nem
sempre chegam as regiões mais recônditas como é o caso do povoado de Massambe.
No povoado em alusão, assim como qualquer outra região do país, é frequente o uso de
diversos recursos fitoterapêuticos para a minimização ou controlo de diversas enfermidades
que afligem a população local.
Nesta região, dentre várias doenças que são tratadas na base de fitoterápicos, pode se fazer
referência a Bilharziose que constitui um dos problemas de saúde a nível das comunidades
daquele Povoado. Nestas comunidades são empregues diversas espécies de plantas com vista
a minimização dos efeitos desta verminose e dentre elas, os PMT’s, ervanários e a população
no geral, têm usado com frequência a A. precatorius e a T. elegans. Nesta perspectiva, surge a
presente pesquisa visando analisar o potencial terapêutico destas duas espécies de plantas
usadas no tratamento de bilharziose e assim sistematizar o seu uso.
Estruturalmente o trabalho contempla 5 capítulos onde no primeiro encontra-se a introdução,
no segundo consta a revisão bibliográfica, no terceiro a metodologia utilizada, no quarto os
resultados obtidos e no quinto e último capítulo as conclusões e sugestões.
14
1.1.Problematização
Em Moçambique, o mapeamento epidemiológico da bilharziose revela que esta doença
ocorre em todo o país e a taxa de prevalência global nas crianças dos 5 a 15 anos é de 47%
(MISAU, 2013). Na província de Inhambane, a taxa de prevalência da bilharziose é de 21.5%,
sendo que todos os distritos são endémicos para esta doença, tendo-se como distritos mais
afectados o de Govuro, Inhassoro, Massinga e Zavala1.
No caso concreto do distrito de Massinga, dentre os povoados afectados por esta doença,
tem-se o povoado de Massambe. Este facto foi constatado durante as excursões biológicas
feitas neste povoado em 2015 e 2016, onde a comunidade local avançou que sofria com
frequência de dores abdominais e sangramentos ao urinar (sintomas de bilharziose na óptica
de DUARTE, 2006), com maior enfoque para as crianças dos 5 aos 15 anos, alguns dias
depois de usar água proveniente do rio Massambe e dos poços abertos nas suas proximidades
(locais considerados por DUARTE (2006), repositórios de Schistosoma mansoni - causador
da bilharziose), para banho, confecção de alimentos e para beber sem nenhum prévio
tratamento, uma doença que localmente apelidaram de “Xikuhete”,2.
Perante esta realidade e com vista a minimizar os efeitos desta enfermidade, a comunidade
local avançou que, por questões socioculturais e devido a falta de uma unidade sanitária nas
proximidades (tendo que se percorrer cerca de 25 km até a unidade sanitária mais próxima- o
Hospital Distrital de Massinga), tem utilizado várias espécies de plantas como a alternativa
mais viável e acessível para o tratamento de Bilharziose.
De forma específica, os PMT’s e ervanários daquela região avançaram que para o tratamento
desta enfermidade tem-se recorrido empiricamente a diversas espécies de plantas com maior
enfoque para a A. precatorius e a T. elegans, porém, apesar das mesmas se mostrarem
eficazes (empiricamente) no tratamento desta doença, não se conhece o seu real potencial
terapêutico nem a sua toxidade, o que pode levar, provavelmente, a intoxicação. Por todas
estas razões torna-se importante saber:
Qual é o potencial terapêutico das espécies Abrus precatorius e Tabernaemontana elegans
utilizadas no tratamento de bilharziose a nível do povoado de Massambe?
1 http://jornalnoticias.co.mz/index.php/provincia-em-foco/67329-inhambane-mais-de-um-milhao-assistido-a-
elefantiase.html. Consultado aos 10/07/2018 pelas 20h:17minutos
2 Xikuhete-denominação local da bilharziose em Massambe (Xitswa), onde o paciente urina sangue!
http://jornalnoticias.co.mz/index.php/provincia-em-foco/67329-inhambane-mais-de-um-milhao-assistido-a-elefantiase.html
http://jornalnoticias.co.mz/index.php/provincia-em-foco/67329-inhambane-mais-de-um-milhao-assistido-a-elefantiase.html
15
1.2. Justificativa
Na primeira instância, a pesquisa coaduna com os estímulos da OMS que consistem na
sistematização do uso de plantas com valor terapêutico no tratamento de doenças, através da
análise do potencial medicinal das mesmas, como forma de resolver em tempo útil e de forma
segura os problemas de saúde que afligem a população.
Durante as excursões biológicas feitas no Povoado de Massambe verificou-se que naquela
região utiliza-se de forma empírica a A. precatorius e a T. elegans para minimizar os efeitos
da bilharziose. Assim, com a presente pesquisa evidenciar-se-á o real potencial terapêutico
destas plantas bem como a toxidadedas mesmas e com isto evitar se as possíveis intoxicações
que podem advir de administração incorrecta destas plantas e assim ajudar no tratamento
eficaz e seguro desta enfermidade neste e noutros povoados.
A escolha destas duas espécies de plantas para o estudo deveu-se ao facto de terem sido
referenciadas como as principais usadas no tratamento de bilharziose por parte dos PMT’s e
ervanários do Povoado de Massambe.
Tendo em conta que neste local está implantada a estação biológica da Universidade
Pedagógica, Delegação de Massinga, pesquisas deste género que visam contribuir para o
acervo bibliográfico descrevendo o potencial biológico e social da região, criando igualmente
uma plataforma de benéficos conjugados para as comunidades locais, são necessárias, já que
uma das missões desta Instituição de Ensino é servir a comunidade. 
A informação produzida nesta pesquisa permitirá que, de forma fundamentada, se conheçam
os procedimentos usados na identificação de princípios activos contidos na A. precatorius e
na T. elegans, e assim servir se dos mesmos para pesquisas do género.
Em fim, a sistematização da fitoterapia no controle de verminoses que é trazida neste
trabalho constituirá uma alternativa (segura) que pode reduzir o uso de químicos anti-
helmínticos por parte deste e de outros povoados.
16
1.3. Objectivos:
1.3.1. Geral:
Analisar o Potencial Terapêutico das espécies Abrus precatorius e Tabernaemontana
elegans utilizadas no Tratamento de Bilharziose no Povoado de Massambe-Distrito de
Massinga.
1.3.2. Específicos:
Descrever as formas de uso da Abrus precatorius e da Tabernaemontana elegans no
tratamento da Bilharziose;
Identificar os princípios activos presentes nas partes usadas da Abrus precatorius e da
Tabernaemontana elegans implicados no tratamento de Bilharziose.
Relacionar os princípios activos identificados com o seu potencial anti-helmíntico. 
1.4.Questões Orientadoras da Pesquisa
1. Em que consiste o uso da Abrus precatorius e da Tabernaemontana elegans usadas no
Tratamento de Bilharziose?
2. Que princípios activos estão presentes nas partes usadas da Abrus precatorius e da
Tabernaemontana elegans implicados no tratamento de Bilharziose?
3. Qual é a relação entre os princípios activos identificados e o potencial anti-helmíntico?
1.5.Delimitação do tema
A presente pesquisa limitou-se à descrição das formas de uso da A. precatorius e da T.
elegans no tratamento de bilharziose (identificação das partes usadas, descrição das formas de
preparo e de administração dos medicamentos provenientes destes vegetais) seguida pela
identificação dos princípios activos (grupos de metabólitos secundários) implicados no
tratamento da Bilharziose e por fim relacionou-se os princípios activos identificados com a
sua actividade anti-helmíntica. Não se fez nenhum teste farmacológico in vitru com vista a se
confirmar o potencial anti-helmíntico destas plantas contra o causador desta doença
(Shistosoma mansoni), tendo-se validado os resultados apenas na base da literatura.
17
CAPÍTULO II
2.0. Revisão Bibliográfica
2.1. Histórico do uso de Plantas medicinais no mundo e em Moçambique 
O uso de plantas medicinais no tratamento de enfermidades é conhecido desde a mais remota
antiguidade. Hoje em dia, a maioria da população vivendo em países subdesenvolvidos, ainda
utiliza as plantas medicinais como fonte principal para superar as suas necessidades
medicamentosas. Mesmo nos países industrializados, uma grande percentagem dos produtos
farmacêuticos comercializados provém de produtos naturais e essa proporção eleva-se nas
regiões do mundo onde vive a maior parte da população mundial, tais como Ásia, África e
América Latina (PACHÚ, 2007).
Segundo a OMS (2014), 80% das pessoas nos países em desenvolvimento ainda dependem
de plantas medicinais locais para satisfazerem as suas necessidades primárias de saúde.
Em Moçambique, as plantas medicinais constituem um valioso instrumento da medicina
tradicional, sendo largamente utilizadas nas zonas rurais como principal fonte de
medicamentos para os cuidados de saúde primários, constituindo uma prática sociocultural3.
2.2. Contexto de Plantas Medicinais
A OMS (2001) define Plantas medicinais como sendo aquelas contenham em um ou mais de
seus órgãos substâncias que possam ser utilizadas com finalidade terapêutica, ou que seus
precursores sejam utilizados para semi-síntese químico-farmacêutico.
Medicamento Fitoterápico é todo medicamento obtido empregando-se exclusivamente
matérias-primas activas vegetais. Fitoterapia é o uso de plantas medicinais em suas
diferentes formas farmacêuticas, sem utilização de substâncias activas isoladas (Idem).
2.3. Abrus precatorius
Com o nome vernacular Sissani (Xitswa), a Abrus precatorius é uma trepadeira lenhosa,
atinge os 5 metros de altura pertencente a família Papilionaceae. As folhas são pequenas,
oblongas com cerca de 16 a 34 folíolos (GUILENGE et al., 2010).
3 https://www.mmo.co.mz/medicamentos-tradicionais-em-mocambique acessado aos 28/03/2018 
https://www.mmo.co.mz/medicamentos-tradicionais-em-mocambique%20acessado%20aos%2028/03/2018
18
As inflorescências são espessas e com cerca de 2 a 7 centímetros de comprimento, as flores
estão em fascículos densos. A vagem é oblonga (2 a 5 centímetros de comprimento). 
As sementes são ovóides, pequenas, vermelhas com uma pequena área em preto
(GUILENGE et al., 2010), vide a fig. 1 abaixo ilustrando a A. precatorius.
Fig.1: Abrus precatorius. 
A A. precatorius pertence ao reino Plantae, superdivisão Spermatophyta, divisão
Magnoliophyta, classe Magnoliopsida, ordem Fabales, família Fabaceae, género Abrus,
espécie Abrus precatorius (ALMEIDA, 2014).
a) Acções Farmacológicas da Abrus precatorius e a sua toxidade
Devido a presença de óleos essenciais (terpenos), abrina, glicirrizina, sobretudo nas folhas e
nas raízes, esta planta apresenta diversas acções farmacológicas, a destacar: acção
antiespasmódica, hipoglicemiante, anti-bacteriana, anti-inflamatória (CARVALHO, 2010). 
Em Moçambique as raízes são usadas para tratar epilepsia, feridas, dores estomacais e para
diversos outros fins4. No que diz respeito a toxidade, todas as partes da A. precatorius são
citadas como tóxicas, porém, as sementes apresentam uma toxicidade (sendo mais tóxicas
quando ingeridas partidas) muito superior ao resto da planta, devido à maior concentração de
compostos tóxicos como as lectinas, abrina e aglutinina (ALMEIDA, 2014). 
2.4. Tabernaemontana elegans
Com o nome vernacular Kalhwani (Xitswa), esta planta é um arbusto ou pequena árvore de 3
a 5 metros de altura, por vezes atingindo os 10 metros. As folhas são elípticas e quase
redondas, grossas, verdes escuras na parte superior, verde-claro na parte inferior, sem pêlos.
As flores são brancas, perfumadas, agrupadas no final dos ramos. O fruto é constituído por
dois mericarpos que abrem-se quando maduras expondo a polpa laranja viva, com numerosas
sementes castanhas. A floração Fevereiro e Março, e a frutificação entre Maio e Junho
(ALMEIDA, 2014), observe esta planta na figura 2 na página (19) a seguir.
4 http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2007/06/descobertas.2.html acessado aos 28/02/2018
19
Fig.2: Tabernaemontana elegans. 
A Tabernaemontana elegans pertence ao reino Plantae, superdivisão Spermatophyta, divisão
Magnoliophyta, classe Magnoliopsida, ordem Gentianales, família Apocynaceae, género
Tabernaemontana e a espécie Tabernaemontana elegans.
a) Acções Farmacológicas da T. elegans e a sua toxidade
Segundo GUILENGE et al. (2010), devido a inúmeros metabólitos secundários a T. elegans é
relacionada no tratamento de inúmeras enfermidades com destaque para a cólera, gastrite,
disenteria, hipertensão, infarto do miocárdio, epilepsia, tétano,raiva, tétano, lepra, etc. A
infusão com a parte interior da raiz, serve para tratar vómitos, diarreias fortes, tosses e
doenças pulmonares.5 Para SHEVALE et al. (2015), a T. elegans apresenta um grau de
toxidade aceitável graças a presença de saponinas (sendo minimamente seguro).
2.5. Estudos Fitoquímicos e Princípios Activos
Segundo BRANDÃO (2015), os estudos fitoquímicos consistem no levantamento e estudo
de componentes químicos da planta, como princípios activos, odores, pigmentos, moléculas
da parede celular, toxidade, etc.
Os princípios activos são substâncias provenientes do metabolismo secundário das plantas, e
são responsáveis pela actividade terapêutica das mesmas (CARVALHO, 2010).
2.5.1.Principais Princípios Activos Comuns na A. precatorius e T. elegans
a) Óleos essenciais (terpenóides)
EINECK (2013) avança que são componentes vegetais voláteis, dificilmente solúveis em
água, e possuem odor intenso, estando presentes em todas partes da planta. A grande maioria
5 https://www.mmo.co.mz/medicamentos-tradicionais-em-mocambique acessado aos 28/03/2018
20
dos óleos essenciais é constituída de derivados de terpenóides (terpenos) ou de
fenilpropanóides, sendo que os primeiros preponderam.
As principais acções farmacológicas dos terpenos estão relacionadas ao emprego como anti-
séptico, anti-inflamatório, antipirético, diuréticos, antiespasmódicos, vermífugo (anti-
helmíntico) e expectorantes (JORGE, 2009).
Fig.3. Triterpenos pentacíclicos isolados. Fonte: CARVALHO, 2010.
b) Alcalóides
Formam um grupo economicamente importante, pois entram na composição de inúmeros
medicamentos. São substâncias naturais básicas, derivadas de aminoácidos, com um ou mais
átomos de nitrogénio heterocíclico (EINECK, 2013). CARVALHO (2010) avança que as
principais acções farmacológicas dos alcalóides relacionam-se com efeitos como: Analgésico
narcótico, Amebicida e Emética, Antitumorais e Vasoconstritora.
Fig. 4: Estrutura de alcalóides. Fonte: Fernandes (1997) citado por JORGE (2009).
c) Taninos
São substâncias que protegem o vegetal do ataque de microorganismos, formigas ou cupins e
possuem a propriedade de precipitar as proteínas da pele e das mucosas, transformando-as em
substâncias insolúveis (JORGE, 2009). CARVALHO (2010) explica que estes compostos
possuem acção: Anti-hemorrágicos, Anti-séptica, Antidiarréica, Bactericida, Hemostática,
anti-helmíntico.
21
Fig.5: Estrutura de Taninos Condensados6
d) Heterosídeos ou Glicosídeos
Para Fernandes (1997) citado por JORGE (2009), os Glicosídeos presentam acções e efeitos
tão diversos que é difícil agrupa-los sob um conceito químico. Por isso prefere-se classificá-
los pelo interesse farmacológico. Os de maior destaque são:
Flavonóides
São de coloração amarela, formam um grupo muito extenso com propriedades físicas e
químicas muito variáveis. EINECK (2013) atribui as seguintes funções a este grupo:
Antiinflamatória, Antioxidante, Antitumoral, Antiviral, Antiespasmódica, Aumento da
resistência da parede de vasos sanguíneos, Vermífugos e Actividade alelopática.
Fig.6: Núcleo fundamental dos flavonóides. Fonte: ZUANAZZI & MONTANHA (2010)
Saponinas
Seu nome provém da propriedade de formar espuma abundante, quando agitada com água.
As plantas que contêm saponinas são utilizadas como fármacos por sua acção expectorante,
diurética, depurativa, digestiva, estimulante imunológico, antiviral e como fonte de vitamina,
Analgésica, Antihemorróida, Anti-helmíntica e Antiinflamatória (JORGE, 2009).
Fig. 7: Estrutura básica de uma saponina esteroidal espirostano. Fonte: EINECK (2013)
Antraquinonas
Compostos coloridos com propriedades laxantes ou purgantes dependendo da dose. Tem
propriedades bactericidas antitumorais também. Em doses altas provocam irritação intestinal,
dores intensas e hipotensão (CARVALHO, 2010).
6 http://www.sbfgnosia.org.br/Ensino/taninos.html consultado aos 05.03.2018 as 10:34
22
Fig.8: Estrutura básica das Antraquinonas. Fonte: ZUANAZZI & MONTANHA (2010)
2.6. Formas de preparação e uso caseiro de medicamentos Vegetais 
Conforme CAMPELO (2006), são principais técnicas de preparação e uso caseiro de
medicamentos vegetais as seguintes:
Maceração: contacto da droga vegetal com o líquido extractor; em recipiente fechado, em
temperatura ambiente, durante um período prolongado (horas ou dias), sob agitação ocasional
e sem renovação do líquido extractor (processo estático) (MIYAKE, 2014).
Infusão: A extracção ocorre pela permanência, durante certo tempo, do material vegetal em
água fervente, num recipiente tapado. A água fervente é adicionada à planta (Idem).
In nature – A parte ou estrutura do vegetal é aplicada directamente na parte afectada sem
nenhum tratamento adicional como ocorre com látex algumas vezes ingerido, como no
preparo de saladas ou ingestão de frutos (CARVALHO, 2010).
Decocção: A decocção consiste em manter o material vegetal em contacto, durante certo
tempo, com um solvente (normalmente água) em ebulição. Chega-se à fervura da água em
contacto com o vegetal (KEMPES et al., 2014). 
Pós: consiste na queima e trituração da parte da planta queimada e de seguida ingerida pela
boca juntamente com alimentos ou em cápsulas (CAMPELO, 2006).
Gargarejos e Inalações: consiste no gargarejo do chá preparado por decocção. Este
tratamento atua sobre a cavidade bucal e garganta. As inalações são feitas ao vapor do decoto
também (CARVALHO, 2010).
2.7.Bilharziose
Segundo FREITAS (2015) a Bilharziose (esquistossomose) é uma doença tropical que afecta
milhões de pessoas no mundo e é causada por trematódeos (Platelmintos) do género
Schistosoma. Seis espécies parasitam o homem: o S. japonicum encontrado na China; o S.
mansoni nas populações da África, Arábia e América do Sul; o S. haematobium em África e
23
Arábia; o S. intercalatum em África; o S. mekongi na Asia; e S. malayensis em Malásia.
Destas, os S. mansoni, S. japonicum e S. haematobium são as principais espécies responsáveis
por transmitir a infecção no mundo. 
Existem diversos tipos da doença, destacando-se nas regiões tropicais: a intestinal e urinária
(FREITAS, 2015).
a) Formas de transmissão
A bilharziose é transmitida quando as pessoas doentes eliminem ovos do parasita causador da
doença em lagoas, lagos, pântanos ou rios e nesses lugares haja caramujos que constituem o
hospedeiro intermediário dos mesmos. Dentro dos caramujos esses vão-se desenvolver, e
algumas semanas depois, abandonam os caramujos enquanto cercarias, colonizando
livremente o ambiente aquático e penetram no Homem através da pele, quando ele entra
nessas águas. Uma vez dentro do corpo do Homem, eles vão-se dirigir para o aparelho
urinário, onde crescem e novamente põe ovos, que serão eliminados pela urina ou fezes,
reiniciando o ciclo7, vide o ciclo na figura 3 abaixo.
Fig.9: Ciclo de Vida do Shistosoma mansoni. Fonte: DUARTE, 2006.
a) Sintomas
Para SILVA (2004), após a primeira fase na qual as larvas que penetraram na pele, elas
migram até os órgãos e lá se instalam (duração de 1 a 6 semanas) e causam sinais como: 
Dores abdominais e uma diarreia intensa em sua forma intestinal; 
Sangramentos urinários e dores ao urinar na sua forma urinária; 
Um aumento do tamanho do fígado em sua forma hepática.
b) Tratamento
7 https://doencasesintomas.blogspot.com/2014/01/esquistossomose-ou-bilharziose.html acessado aos 
04/05/2018
24
Actualmente, o tratamento de bilharziose (Schistosoma mansoni) é feito com uma dosagem
única de Praziquantel (40mg/Kg). A oxamniquina (40mg/Kg), embora não seja um remédio
usado na actualidade, também é eficaz (OMS, 2004).
Praziquantel 
Para NOVAES & SOUZA (1999), o praziquantel (PZQ) é um anti-helmíntico antiparasitário
de amplo espectro, contra numerosas espécies de cestódeos e trematódeos,para tratar a
esquistossomose (S. mansoni, S. japonicum), a cisticercose, Taenia solium.
Este fármaco provoca uma inibição da bomba Na+, K+ dos esquistossomos, aumentando a
permeabilidade da membrana do helminto a certos catiões monovalentes e divalentes, fazendo
com que os helmintos se separem dos tecidos do hospedeiro e são rapidamente deslocados das
veias mesentéricas para o fígado, ao passo que os helmintos intestinais são expelidos (Idem).
Vide a sua estrutura na figura 10 a seguir.
Fig.10: 1, Praziquantel-PZQ. Fonte: NOVAES & SOUZA, 1999.
Oxamniquina 
GOODMAN & GILMAN (2005) avança que a Oxamniquina (OXA) é um fármaco
antiparasitário trematicida, da classe das tetraidroquinolinas, utilizado em infecções por
Schistosoma mansoni.
A oxamniquina ataca as formas maduras e imaturas de S. mansoni. O mecanismo de acção
envolve o bloqueio do aparato reprodutor de S. mansoni e sua “ovo-produção” (Passim). 
Fig.11: Estrutura química de Oxamniquina. Fonte: GOODMAN & GILMAN (2005)
c) Consequências em caso de não tratamento e medidas de prevenção 
25
Para DUARTE (2006) é uma doença que enfraquece a pessoa e pode levar a graves
complicações, tais como: Esterilidade; Doença do fígado provocando hemorragias graves com
vómitos de sangue, Cancro da bexiga, que não tem cura ou mesmo a morte. 
As medidas de prevenção resumem-se em medidas básicas de higiene (OMS, 2004).
CAPÍTULO III
3.0.Metodologia
3.1. Localização e Descrição da Área de Estudo
O povoado de Massambe localiza-se na zona central do distrito de Massinga, na localidade
de Rovene, tendo como limites, a este o Oceano índico, a sul o povoado de Xiduque, a oeste
os povoados de Bassu e Ngadi e a norte o povoado de Xibanhane”8, vide a figura 12 abaixo.
Fig. 12: Localização geográfica de Massambe9.
Este povoado dista a 25 km da vila sede de Massinga e a sua população está estimada em mil
habitantes até 2016.
O clima deste povoado assemelha-se ao do distrito de Massinga no geral, e é dominado por
zonas do tipo tropical seco, no interior, e húmido, à medida que se caminha para a costa,
apresenta temperaturas médias entre os 18°C e os 30°C (MINISTÉRIO DA
ADMINISTRAÇÃO ESTATAL, 2014).
 A zona costeira de Massambe é banhada pelo Oceano Índico e é atravessada pelo rio
Massambe que coincidentemente desagua nesta zona, ao longo do mesmo verificam-se solos
permeáveis, favoráveis para a prática da agricultura e existem ainda alguns poços nas
proximidades do mesmo rio. No que diz respeito as actividades produtivas e económicas,
nesta região predominam a agricultura, a pecuária e a pesca. 
A população de Massambe fala basicamente a língua Xitswa, as casas são basicamente feitas
de material local. Nesta região existe um estabelecimento de ensino primário, a Escola
8Conhecimentos populares (2016). 
9 http://Google Maps.blogs.com/moçambique_para_todos/2007/06/html acessado aos 18/12/2017
http://Google/
26
Primária do 1º e 2º Graus de Massambe, a região não possui nenhum hospital nem
maternidade. Na região predominam as religiões Zione e Betside”10. 
3.2.Tipo de Pesquisa
a) Quanto a Natureza de Abordagem
Pesquisa básica: objectivou trazer novos conhecimentos relacionados com o potencial
terapêutico da A. precatorius e da T. elegans no tratamento de Bilharziose para uma
ampliação de conhecimentos teóricos sobre o assunto sem uma aplicação prática prevista,
uma vez que para FANTINATO (2015), a pesquisa básica/pura objectiva gerar
conhecimentos novos, úteis para o avanço da ciência, sem aplicação prática prevista. 
b) Quanto a forma de abordagem
Mista (quali-quanti): a pesquisa seguiu a bordagem mista uma vez que considerou a
representativa numérica dos dados bem como o aspecto qualitativo dos mesmos. Na
abordagem quantitativa, a pesquisa considerou estatisticamente o número de respondentes
acerca da origem do conhecimento fitoterápico, partes da A. Precatorius e da T. elegans
usadas no tratamento da bilharziose bem como o modo de preparo e administração dos
medicamentos. No que se refere a abordagem qualitativa, visou essencialmente dar
significados aos dados colhidos no campo bem como identificar, através de estudos
fitoquímicos, os princípios activos presentes nas partes da A. Precatorius e da T. elegans
implicados no tratamento da bilharziose. FANTINATO (2015) explica que se usa a
abordagem mista quando em uma mesma pesquisa, ambos os aspectos são usados para
recolher mais informações do que se poderia conseguir isoladamente.
c) Quanto aos seus objectivos
Exploratória-Descritiva: visou proporcionar maior familiaridade com estas duas plantas
medicinais com vista a identificação das partes das mesmas usadas no tratamento de
bilharziose bem como a descrição do procedimento de preparo e de administração das
mesmas. Por fim, garantiu o aprimoramento de ideias acerca do valor terapêutico da A.
Precatorius e da T. elegans no tratamento de bilharziose, através da identificação dos
princípios activos presentes nas mesmas. Na óptica de GIL (2008), a pesquisa exploratória
10 Conhecimentos populares (2016).
27
objectiva proporcionar maior familiaridade com o problema (explicitá-lo) e a descritiva visa
descrever as características de determinadas populações ou fenómenos. 
e) Quanto aos procedimentos técnicos da pesquisa
Quanto aos procedimentos técnicos a pesquisa comportou dois procedimentos, a pesquisa de
campo e experimental (de laboratório).
Pesquisa de Campo: constituiu a primeira fase da pesquisa e foi realizada no Povoado de
Massambe. Esta etapa visou a observação directa da A. precatorius e T. elegans, enquanto
espécies usadas no tratamento da bilharziose no povoado de Massambe. A mesma fase
objectivou ainda obtenção de informações directamente dos PMT`s, Ervanários e Anciãos a
respeito das partes das plantas em alusão usadas no tratamento da bilharziose bem como sobre
o modo de preparação e administração dos medicamentos fitoterápicos. Na óptica de GIL
(2008), a pesquisa de campo é basicamente realizada por meio da observação directa das
actividades do grupo estudado e de entrevistas com informantes para se obter explicações e
interpretações de uma certa realidade.
Pesquisa experimental (de laboratório): constituiu a segunda fase da pesquisa e foi
desenvolvida a nível do laboratório de pesquisa de Produtos Naturais do Departamento de
Biologia da UP-Sede. Esta fase, consistiu na análise fitoquímica das partes das plantas (em
estudo) usadas no tratamento de bilharziose, onde na base de métodos extractivos a frio
(maceração) e reacções químicas específicas foi possível a identificação dos princípios activos
presentes nas mesmas implicados no tratamento desta doença, visto que para FANTINATO
(2015), a pesquisa experimental pretende dizer de que modo ou por que causas o fenómeno é
produzido e geralmente é realizada em ambiente controlado, seja um laboratório ou não,
visando a análise racional dos materiais colectados no campo.
3.3. Técnicas de colecta de Dados
Nesta pesquisa foram usadas três técnicas de colecta de dados, nomeadamente a consulta
bibliográfica, observação directa e a entrevista semi-estruturada.
Consulta Bibliográfica: foi utilizada para o suporte científico de toda pesquisa onde foram
consultadas várias obras já publicadas que versam sobre o assunto em questão desde a
28
concepção do projecto até a materialização da monografia. GIL (1991) citado por MENEZES
& SILVA (2005), avança que a consulta bibliográfica é feita a partir de material já publicado
(livros, artigos, Internet) com vista a garantir a cientificidade da pesquisa.
Observação directa: foi útil para a obtenção das características da A. precatorius e T.
elegans,com vista o seu enquadramento taxonómico enquanto espécies usadas no tratamento
de bilharziose. Segundo MENEZES & SILVA (2005), na observação utilizam se os sentidos
na obtenção de dados ou aspectos de uma realidade no campo da pesquisa.
Entrevista semi-estruturada: Aos participantes (anciãos, ervanários e PMT’s do povoado
de Massambe), administrou-se uma entrevista semi-estruturada constituída por 16 questões de
partida. Neste processo, de forma flexível e aprofundada, colheu-se informações relacionadas
com a origem de conhecimento fitoterápico, a idade do PMT/ancião/ervanário. E buscou-se
ainda informações relacionadas com as partes das plantas (em estudo) que são empregues no
tratamento desta helmintose bem como o modo de preparo e administração dos medicamentos
fitoterápicos. Segundo JORGE (2009), nas entrevistas semi-estruturadas as perguntas são
parcialmente formuladas pelo pesquisador antes de ir ao campo, permitindo uma flexibilidade
maior no aprofundamento dos dados a colher.
3.4.Instrumentos de colecta de dados
Serviram de instrumentos de colecta de dados durante a pesquisa uma máquina fotográfica,
com objectivo de fotografar todos os momentos que se justificaram para o efeito, uma
esferográfica e um bloco de notas para o registo diário de algumas informações relevantes e
um questionário contendo uma parte das perguntas da entrevista.
3.5.Amostragem
Para a selecção do grupo amostral foi usada uma amostra não-probabilística concretamente a
amostra intencional por conveniência onde participaram da pesquisa 21 pessoas de
Massambe. Das quais 1 secretário, que serviu de guia e ajudou na localização dos ervanários,
anciãos e PMT’s deste povoado, 7 ervanários, 10 PMT’s e 3 anciãos que deram informações
sobre o uso da A. precatorius e da T. elegans no tratamento da bilharziose. 
A selecção destes participantes foi em função das potencialidades que possuem para fornecer
a informação necessária para responder aos objectivos deste estudo bem como sua
disponibilidade em conceder a entrevista. 
29
Segundo FANTINATO (2015) citando Babbie (2001), na amostra intencional por
conveniência as amostras são seleccionadas, como infere-se pelo próprio nome, de acordo
com a conveniência do pesquisador, ou seja, elas são constituídas por pessoas que estão ao
alcance do pesquisador e dispostas a responder a um questionário de forma produtiva.
3.6.Considerações éticas
O estudo foi realizado respeitando os valores culturais, sociais, morais, religiosos e éticos,
bem como os hábitos e costumes da comunidade. Foi privilegiado ainda o anonimato, a
justiça e beneficência, como recomendam MENEZES & SILVA (2005).
3.7.Colecta da Amostra
A amostra foi colectada no povoado de Massambe, localidade de Rovene, distrito de
Massinga, província de Inhambane em Dezembro de 2017. Neste processo, colectou-se folhas
e raízes (partes utilizadas no tratamento da bilharziose no Povoado de Massambe) de cada
uma das duas plantas em pesquisa, tendo-se retirado cerca de 35 centímetros (de ramo) de
cada planta, numa quantidade que bastasse, facto sustentado por CARVALHO (2010), que
explica que deve se colectar 30 centímetros de cada planta numa quantidade suficiente.
 Após a colecta, as amostras foram transportadas em sacos de papel, fechados e etiquetados
por forma a evitar a humidade que causaria o desenvolvimento de microorganismos e evitar-
se igualmente o contacto com o sol, pois isso causaria a destruição das suas propriedades
químicas. Na visão de FREIRE (2000), as amostras devem ser transportadas em sacos de
papel, fechados e etiquetados, devendo-se evitar o transporte das amostras em sacos plásticos
em virtude de favorecer o acúmulo excessivo de humidade e consequentemente o
desenvolvimento de microorganismos e deve se evitar ainda a exposição das amostras ao sol
visto que provoca a perda das suas propriedades químicas originais. 
3.8.Preparação das Amostras (Folhas e Raízes da A. precatorius e T. elegans)
Após a colecta do material vegetal procedeu-se ao método de secagem para evitar a
proliferação de fungos e permitir o maior rendimento na extracção.
A secagem foi feita em jornais, num período de 20 dias, para evitar a perca de propriedades
químicas originais da planta o que dificultaria a identificação dos princípios activos presentes
nas plantas, este facto é sustentado por SONI & SOSA (2013), que explicam que para a
secagem as amostras devem ser dispostas em folhas de jornal dobradas ao meio, tentando
30
imitar ao máximo, a disposição daquela planta na natureza, sempre tendo o cuidado de
organizar flores, folhas e raízes para a secagem bem distendidas. O material assim preparado
deve ser bem desidratado para dar maior rendimento na extracção e evitar fungos, caso
contrário, as folhas, as raízes e as peças florais poderão ser atacadas por fungos.
Após a secagem procedeu-se a trituração caseira, onde foram piladas quantidades não
especificadas do material vegetal (vide o apêndice 2) na base do pilão caseiro, optou-se por
este meio com vista a facilitar este processo de trituração visto que utilizando-se almofariz o
processo tornar-se-ia oneroso a nível do tempo devido a consistência do material vegetal.
Antes de se pilar este material desinfectou-se o pilão com o etanol a 95% para se evitar os
possíveis infectantes que interfeririam nos resultados, um facto defendido por CARVALHO
(2010), que explica que o material vegetal pode ser triturado a nível caseiro bastando se
observar as regras de higiene e segurança para se evitar a infecção do material vegetal. 
Após a trituração as amostras foram colocadas em sacos de papel bem identificados com
vista o seu transporte até ao laboratório de pesquisa de Produtos Naturais do Departamento de
Biologia da Universidade Pedagógica-Sede, onde se fez a extracção vegetal e análises
fitoquímicas. Este acto é concordado por FREIRE (2000), que defende que para o
armazenamento e transporte, as amostras de plantas devem ser colocadas em sacos de papel,
fechados e devidamente etiquetados para se evitar a humidade que traria microorganismos.
3.8.1.Extracção do Material Vegetal 
Foi privilegiada a extracção a frio (maceração) e efectuou-se em Fevereiro de 2018 ao nível
do laboratório acima referenciado e envolveu os materiais e reagentes na tabela 1 a seguir:
Tabela 1: Materiais e reagentes utilizados no processo de extracção vegetal 
Materiais Reagentes
1 Balança analítica;
2 Papel de alumínio;
2 Copos de Becker;
1 Funil;
Algodão.
7.78 gramas de cada parte de
Material vegetal triturado;
70 ml de Etanol a 95%;
Procedimentos:
Com ajuda de balança analítica foram pesadas 7.78 gramas de material vegetal triturado de
cada parte das plantas que seria analisada (raízes e folhas) e foram posteriormente colocadas
de copos de Becker onde adicionou-se 70 ml de etanol a 95% a cada Becker contendo
material vegetal e com ajuda do papel de alumínio tapou-se os copos de Becker.
31
 Após este processo os mesmos foram colocados no agitador eléctrico por um período de 48
horas a fim de se proceder a extracção do material vegetal, como ilustra o apêndice 2. 
Este processo é referenciado por Oliveira et al. (2010) citados por SONI & SOSA (2013),
como o método mais eficiente na extracção de material vegetal, onde se extrai a frio
(maceração) o material vegetal, podendo-se usar o etanol ou metanol numa proporção de 7-10
gramas de material vegetal seco para 60-90ml do álcool (de 90 a 99%).
Após a extracção procedeu-se à filtração com vista a obtenção do extracto alcoólico vegetal
onde com a ajuda de funil e algodão (por falta de papel de filtro) fez se a devida filtração
(vide apêndice 2). Posto isto, levou-se os extractos para as análises fitoquímicas, onde foram
aplicadas reacções químicas específicas com vista a identificaçãode princípios activos
contidos nestas plantas.
3.9.Procedimentos Experimentais das Análises Fitoquímicas
3.9.1.Análises fitoquímicas da Abrus precatorius
a) Testes de identificação de Taninos
Materiais: 4 Tubos de ensaio; 2 Pipetas
Reagentes: Extracto alcoólico da planta; Cloreto Férrico a 2% (FeCl3)
Procedimento: Adicionou-se 2.5 ml do extracto alcoólico num tubo de ensaio e em seguida
adicionou-se duas gotas de cloreto férrico FeCl3 a 2% (SONI & SOSA, 2013).
b) Teste de identificação de flavonóides
Materiais: 4 Tubos de ensaio; 2 Pipetas; 1 Centrifugador eléctrico
Reagentes: Extracto alcoólico da planta; Acetato de Chumbo (Pb(C2H3O2)2)
Procedimentos: introduziu-se 2ml do extracto alcoólico no tubo de ensaio os quais foram
tratados com algumas gotas de acetato de chumbo, com ajuda da pipeta. Por fim colocou-se
no centrifugador eléctrico (vide apêndice 2), a fim de se evidenciar o resultado (Idem).
c) Teste de identificação de terpenóides (teste de SALKOWSKI)
Materiais: 4 Tubos de ensaio; 2 Pipetas (de vidro)
Reagentes: Extracto alcoólico da planta; Clorofórmio (CHCl3); Ácido sulfúrico (H2SO4)
Procedimentos: com ajuda de pipeta misturou-se 5ml do extracto com 2ml do clorofórmio
num tubo de ensaio e, cuidadosamente, adicionou-se 3ml de H2SO4 (YADAV et al., 2014).
d) Teste de identificação de Esteróides
32
Materiais: 4 Tubos de ensaio; 2 Pipetas (SANTHI & SENGOTTUVEL, 2016).
Reagentes: Extracto alcoólico da planta; Anidrido Acético (C4H6O3); H2SO4 concentrado; 
Procedimentos: Adicionou-se 2ml de extracto alcoólico num tubo de ensaio e em seguida
adicionou-se 1ml de Anidrido Acético e agitou-se suavemente, e introduziu-se
cuidadosamente, 3 gotas de H2SO4 concentrado, e agitou-se suavemente de novo (Idem).
e) Teste de identificação de saponinas
Materiais: 4 Tubos de ensaio; 2 Pipetas
Reagentes: Extracto alcoólico da planta; Água destilada (SONI & SOSA, 2013).
Procedimentos: Pipetou-se cerca de 0,5ml do extracto ao tubo de ensaio e de seguida
colocou-se 5ml de água destilada e agitou-se (SONI & SOSA, 2013).
f) Teste de identificação de alcalóides (teste de MAYER)
Materiais: 4 Tubos de Ensaio; 2 Pipetas (de vidro)
Reagentes: Extracto alcoólico da planta; HCl diluído; Reagente de Mayer.
Procedimentos: num tubo de ensaio, colocou-se 2 ml do extracto, de seguida, 0,2ml de HCl
diluído e 0,1ml de reagente de Mayer foram adicionados (TCHAMBULE, 2011).
g) Teste de identificação de Antraquinonas (Reacção de Borntrager)
Materiais: 4 Tubos de Ensaio; 2 Pipetas
Reagentes: 0.5 ml de Extracto alcoólico da planta; 1 ml de Clorofórmio (CHCl3); 1ml de
Hidróxido de sódio a 10% (NaOH a 10%) (SANTHI & SENGOTTUVEL, 2016).
Procedimentos: Num tubo de ensaio deitou-se, com ajuda de pipeta, 0.5ml de extracto
alcoólico, de seguida adicionou-se 1 ml de Clorofórmio e deixou-se a solução por 15 minutos
e por fim adicionou-se 1ml hidróxido de sódio a 10% (Idem).
3.9.2.Análises fitoquímicas da Tabernaemontana elegans
a) Teste de identificação de taninos (teste de Braymer)
Materiais: 4 Tubos de ensaio; 2 Pipetas
Reagentes: Extracto alcoólico da planta; Água destilada; Cloreto férrico a 5% (FeCl3-5%).
Procedimentos: Com ajuda de pipeta, colocou-se 2ml extracto no tubo de ensino ao qual
foram adicionados 2ml de água destilada e 3 gotas de FeCl3 (5%) (SONI & SOSA, 2013).
b) Teste de identificação de flavonóides (teste de acetato de chumbo)
Materiais: 2 Tubos de ensaio; 2 Pipetas.
Reagentes: Extracto alcoólico da planta; Acetato de Chumbo (Pb(C2H3O2)2).
33
Procedimentos: introduziu-se 2ml do extracto alcoólico no tubo de ensaio e foi tratado com
2 gotas de acetato de chumbo, com ajuda da pipeta (SONI & SOSA, 2013).
c) Teste de identificação de Terpenóides (teste de SALKOWSKI)
Materiais: 4 Tubos de ensaio; 2 Pipetas (de vidro)
Reagentes: Extracto alcoólico da planta; Clorofórmio (CHCl3); Ácido sulfúrico (H2SO4)
Procedimentos: com ajuda da pipeta fez-se mistura de 5ml do extracto com 2ml do
clorofórmio num tubo de ensaio e de seguida 3ml de H2SO4 foram adicionados
cuidadosamente (YADAV et al., 2014).
d) Teste de identificação de saponinas
Materiais: 4 Tubos de ensaio; 2 Pipetas
Reagentes: Extracto alcoólico da planta; Água destilada (SONI & SOSA, 2013).
Procedimentos: Pipetou-se cerca de 0,5ml do extracto ao tubo de ensaio e de seguida
colocou-se 5ml de água destilada e agitou-se (SONI & SOSA, 2013).
e) Teste de identificação de alcalóides (Teste de Mayer)
Materiais: 4 Tubos de ensaio; 2 Pipetas
Reagentes: Extracto da planta; HCl; Reagente de Mayer (TCHAMBULE, 2011).
Procedimentos: com ajuda de pipeta, 2 ml do extracto foram colocados num tubo de ensaio
e adicionaram-se 0,2ml de HCl diluído e 0,1ml de reagente de Mayer (Idem).
3.9.Técnica de análise e apresentação de dados
Uma vez que a pesquisa é mista (quantitativa-qualitativa), para a análise de dados, foi usada a
análise estatística para os dados quantitativos e a análise de conteúdo/discurso para os dados
qualitativos. A análise estatística consistiu na contagem numérica dos respondentes a uma
determinada resposta. A análise do conteúdo/discurso procedeu-se a fim de se dar significados
aos dados colhidos no campo, como sustentam MENEZES & SILVA (2005). Neste processo
conjugou-se as informações dadas pelos entrevistados com as informações literárias já
publicadas acerca do mesmo assunto ou similar. No que se refere a qualidade terapêutica das
plantas, aplicou-se a maceração e reacções químicas específicas com vista a extracção e
identificação de princípios activos contidos nestas plantas, respectivamente.
Todas as informações colectadas foram transferidas para um banco de dados electrónicos,
tendo sido sistematizadas e processadas no Microsoft Office (Word e Excel) para o efeito da
apresentação.
34
CAPÍTULO IV
4.0. Apresentação, Interpretação, Discussão dos Resultados
Nesta secção do trabalho são apresentados (em forma de tabelas, gráficos e figuras),
interpretados e discutidos os resultados obtidos durante a pesquisa. 
4.1. Formas de uso da A. precatorius e da T. elegans no tratamento da Bilharziose
a) Partes usadas das plantas empregues no tratamento da bilharziose
Quanto a parte usada das plantas empregues no tratamento da bilharziose a folha fresca foi a
mais citada onde 8 informantes que condizem a 40% a referenciaram, seguida da raiz que foi
referenciada por 7 que perfazem 35%, flor que foi mencionada por 2 correspondendo a 10%,
mistura de raiz e folha avançada por 2, correspondentes a 10% e fruto foi avançado por 1
informante corresponde a 5%, como ilustra o gráfico 1 a seguir.
Folhas Raiz Flor Folha e Raiz Fruto 
0%
10%
20%
30%
40%
Gráfico 1: Partes usadas das plantas empregues no tratamento da bilharziose
Quanto as partes das plantas usadas na preparação dos remédios verificou-se que a maioria
utiliza separadamente as folhas e as raízes para a preparação dos remédios, um facto que é
sustentado por PACHÚ (2007) que explica que os princípios activos duma planta se
distribuem de forma desigual. Há casos em que os princípios activos estão em todas as partes
da planta, sejam folhas, raízes, flores, etc. e há casos em que estão numa parte. Porém, de
preferência os princípios activos concentram-se nas folhas e nas raízes das plantas.
b) Formas de preparo dos remédios a partir das plantas usadas no
tratamento da bilharziose
Com relação à forma de preparo, foi encontrado com maior prevalência o chá por decocção
que foi avançada por 15 pessoas perfazendo 75%, seguida pela infusão que foi referenciada
por 4 pessoas que perfazem a 20%, seguida por queima que foi referenciada por 1 pessoa
perfazendo 5%, como evidencia o gráfico 2 na página (35) a seguir.
35
Decocção Infusão Queima 
0%
20%
40%
60%
80%
Gráfico 2: Formas de preparo dos remédios das plantas usadas no tratamento da bilharziose
Quanto à preparação dos remédios verificou-seque a maioria faz a decocção (cozimento) e
esta técnica mostra-se eficiente uma vez que EINECK (2013) explica que este método permite
a remoção da maioria dos princípios activos presentes em vegetais por ebulição. 
Quanto a medicação, os entrevistados adoptam a ingestão oral onde as dosagens e
frequências de toma dos medicamentos foram variáveis, tendo variado de 1, 2, 3 colheres de 8
em 8 horas (3 vezes ao dia) ou de 6 em 6 horas (4 vezes ao dia), muita das vezes as variações
tinham em conta a idade do paciente, onde as crianças medicavam menos vezes ao dia e em
pequenas quantidades em relação aos adultos. Para RALATE (2014), a frequência e as
dosagens de toma de medicamentos fitoterapêuticos são variáveis dependentes de cada
praticante e da idade do paciente, onde os mais novos tendem a medicar menos.
4.2. Análises fitoquímicas
Esta secção do trabalho comporta os resultados das análises fitoquímicas.
4.2.1. Análises fitoquímicas da Abrus precatorius
a)Testes de identificação de Taninos
Resultado: Após a mistura de 2.5 ml do extracto alcoólico da planta e duas gotas de cloreto
férrico FeCl3 a 2% houve mudança na coloração e formação de um precipitado, as cores
variaram de azul, vermelho e verde, como ilustra a figura 13 a seguir.
Fig.13: Identificação de Taninos na raiz (A) e na folha (B). 
BA
36
A mudança na coloração e formação de precipitado, onde as cores variam de azul, vermelho
e verde constitui, na óptica de SANTHI e SENGOTTUVEL (2016), um indicativo da
presença de Taninos. Este facto, confirma a presença deste metabólito secundário nas raízes e
folhas da A. precatorius. 
b) Teste de identificação de flavonóides
Resultado observado: depois de tratar-se 2ml do extracto alcoólico com algumas gotas de
acetato de chumbo e colocar-se a mistura no centrifugador (vide apêndice 2), evidenciou-se o
aparecimento do precipitado de cor amarelo, como ilustra a figura 14 a seguir.
Fig.14: Identificação de flavonóides na raiz (A) e na folha (B). 
O aparecimento do precipitado de cor amarelo indica, na óptica de na óptica de YADAV et al.
(2014), a presença de flavonóides, confirmando-se a presença destes na A. precatorius.
c) Teste de identificação de terpenóides (teste de SALKOWSKI)
Resultado: Depois de misturar-se 5ml do extracto com 2ml do clorofórmio e 3ml de H2SO4
num tubo de ensaio, observou-se o aparecimento de uma camada na interface de cor castanha
avermelhada, como elucida a figura 15 abaixo.
Fig.15: Identificação de terpenóides na raiz (A) e na folha (B). 
O aparecimento de uma camada na interface de cor castanha avermelhada, no entender de
SONI & SOSA (2013), mostra o resultado positivo para a presença de terpenóides,
concluindo-se assim que nas raízes e folhas da A. precatorius há presença de terpenóides.
BA
BA
37
d) Teste de identificação de Esteróides
Resultado: Após a mistura de 2ml de extracto alcoólico com 1ml de Anidrido Acético e 3
gotas de H2SO4 concentrado, e agitar-se suavemente houve o aparecimento da coloração
amarela, como elucida a figura 16 abaixo (imagens B e D).
Fig.16: Identificação de esteróides na raiz (A e B) e na folha (C e D). 
O desenvolvimento de cores, de azul ao verde persistente, indicam resultado positivo a
presença de esteróides (TCHAMBULE, 2011), neste caso, não se obteve resultado positivo.
e) Teste de identificação de saponinas
Resultado: após a mistura de 0,5ml do com 5ml de água destilada e agitar-se, houve a
formação se espuma nas folhas de forma persistente (durou aproximadamente 30 mins)
porém, na raiz não houve, como pode se observar na figura 17 abaixo.
Fig.17: Identificação de saponinas na raiz (A) e na folha (B e C). 
Na visão de YADAV et al. (2014), a formação de espuma persistente (levando
aproximadamente 30 minutos) indica a presença de saponinas, assim, conclui-se que nas
folhas da A. precatorius há saponinas e na raiz não há.
f) Teste de identificação de alcalóides (teste de MAYER)
Resultado: após colocar-se 2 ml do extracto alcoólico num tubo de ensaio e de seguida
adicionar-se 0,2ml de HCl diluído e 0,1ml de reagente de Mayer formou-se um precipitado
amarelado, vide a figura 18 na página (38) a seguir.
DCBA
B CA
38
Fig.18: Identificação de alcalóides na raiz (A) e na folha (B). 
Na óptica de SANTHI e SENGOTTUVEL (2016), a formação de um precipitado amarelo
esbranquiçado indica o resultado positivo para a presença de alcalóides, confirmando a
presença destes na raiz e na folha desta planta.
g) Teste de identificação de Antraquinonas (Reacção de Borntrager)
Resultado: Após a mistura de 0.5ml de extracto alcoólico com 1 ml de Clorofórmio e deixar-
se a solução por 15 minutos, e por fim adicionar-se 1ml de NaOH a 10%, formou-se uma
coloração avermelhada na camada aquosa, como ilustra a figura 19 abaixo.
Fig.19: Identificação de antraquinonas na raiz (A) e na folha (B). 
Na óptica de TCHAMBULE (2011), o surgimento de uma coloração avermelhada na camada
aquosa constitui uma evidência da presença de Antraquinonas, concluindo-se assim que
existem antraquinonas na raiz e na folha da A. precatorius.
4.2.2.Análises fitoquímicas da Tabernaemontana elegans
a)Teste de identificação de taninos (teste de Braymer)
Resultado: depois de se misturar 2ml extracto com 2ml de água destilada e 3 gotas de FeCl3
(5%), evidenciou-se o aparecimento do precipitado verde esbranquiçado, como elucida a
figura 20 na página (39) a seguir.
BA
BA
39
Fig.20: Identificação de Taninos na raiz (A) e na folha (B). 
Para YADAV et al. (2014), o aparecimento do precipitado verde esbranquiçado, indica a
presença de taninos. Identificando-se assim taninos na T.elegans.
b) Teste de identificação de flavonóides (teste de acetato de chumbo)
Resultado: Após o tratamento de 2ml do extracto alcoólico com 2 gotas de acetato de
chumbo, observou-se o aparecimento do precipitado de cor branco, vide a figura 21 a seguir.
Fig.21: Identificação de Flavonóides na raiz (A) e na folha (B). 
O aparecimento do precipitado de cor branco indica, na visão de RALATE (2014), a presença
de flavonóides.
c) Teste de identificação de Terpenóides (teste de SALKOWSKI)
Resultado: Após adição de 3ml H2SO4 à solução de 5ml do extracto e 2ml do clorofórmio,
apareceu uma camada na interface de cor castanha avermelhada, vide figura 22 abaixo.
Fig.22: Identificação de terpenóides na raiz (A) e na folha (B).
BA
BA
BA
40
O aparecimento de uma camada na interface de cor castanha avermelhada, após a adição do
H2SO4, na óptica de SONI & SOSA (2013), mostra o resultado positivo para a presença de
terpenóides. Confirmando-se assim a presença destes compostos na T.elegans.
d) Teste de identificação de saponinas
Resultado: depois de se pipetar cerca de 0,5ml do extracto ao tubo de ensaio e de seguida
colocar-se 5ml de água destilada e agitar-se, houve formação de espuma nas folhas porém, na
raiz não se verificou, como ilustra a figura 23 abaixo.
Fig.23: Identificação de saponinas na raiz (A) e na folha (B).
A formação de espuma persistente ao agitar-se a mistura evidencia, no entender de SANTHI
& SENGOTTUVEL (2016), a presença de saponinas. Este facto confirma a presença de
saponinas nas folhas da T. elegans e a sua ausência na raiz.
e) Teste de identificação de alcalóides (Teste de Mayer)
Resultados: depois de se misturar 2 ml do extracto com 0,2ml de HCl diluído e 0,1ml de
reagente de Mayer, formou-se precipitado branco, como elucida a figura 24 a baixo.
Fig.24: Identificação de alcalóides na raiz (A) e na folha (B). 
A formação do precipitado branco indica, na óptica de RALATE (2014), o resultado positivo
para a presença de alcalóides. Facto que confirma a presença de alcalóides nas raízes e folhas
da T. elegans.
BA
B
A
41
4.2.3.Resumo dos resultados obtidos nos testes fitoquímicos da A. precatorius e de T.
elegans
Tabela 2: Quadroresumo dos resultados obtidos nos testes fitoquímicos da A. precatorius 
Tipo de
teste 
Indicativo de
resultado
positivo 
Na Raiz Na Folha
Resultado
evidenciado 
Concl
usão 
Resultado
evidenciado
Concl
usão
Taninos Mudança na
coloração (azul
a verde) e
formação de
precipitado.
Mudança na
coloração (azul a
verde) e formação
de precipitado.
+ Mudança na
coloração (azul a
verde) e formação
de precipitado.
+
Flavonóide
s
Precipitado de
cor amarelo
Precipitado de cor
amarelo
+ Precipitado de
cor amarelo
+
Terpenóide
s 
Aparecimento
de uma
camada na
interface de
cor castanha
avermelhada.
Aparecimento de
uma camada na
interface de cor
castanha
avermelhada.
+ Aparecimento de
uma camada na
interface de cor
castanha
avermelhada.
+
Alcalóides Precipitado
amarelado
Precipitado
amarelado
+ Precipitado
amarelado
+
Saponinas Formação de
espuma 
Não se formou
espuma 
- Formação de
espuma 
+
Antraquino
nas
Surgimento de
uma coloração
avermelhada
na camada
aquosa.
Surgimento de
uma coloração
avermelhada na
camada aquosa.
+ Surgimento de
uma coloração
avermelhada na
camada aquosa.
+
Esteróides Desenvolvime
nto de cores,
que vão do
azul ao verde 
Houve
aparecimento da
coloração amarela.
- Houve
aparecimento da
coloração
amarela.
- 
Tabela 3: Quadro resumo dos resultados obtidos nos testes fitoquímicos da T. elegans 
Tipo de Indicativo de Na Raiz Na Folha
42
teste resultado
positivo 
Resultado
evidenciado 
Conclus
ão 
Resultado
evidenciado
Conclus
ão
Taninos Mudança na
coloração (azul
a verde) e
formação de
precipitado.
Mudança na
coloração (azul
a verde) e
formação de
precipitado.
+ Mudança na
coloração (azul
a verde) e
formação de
precipitado.
+
Flavonóide
s
Precipitado de
cor amarelo
Precipitado de
cor amarelo
+ Precipitado de
cor amarelo
+
Terpenóide
s 
Camada
castanha na
interface 
Camada na
interface de cor
castanha
avermelhada.
+ Aparecimento
de uma camada
castanha na
interface 
+
Alcalóides Precipitado
amarelado
Precipitado
amarelado
+ Precipitado
amarelado
+
Saponinas Formação de
espuma 
Não houve
Formação 
- Formação de
espuma 
+
4.3. Relação entre os princípios activos identificados e o seu potencial (acção) anti-
helmíntico 
Na identificação dos metabólitos secundários foi possível encontrar nas raízes e nas folhas
das duas plantas em pesquisa (T. elegans e A. precatorius) os taninos, os alcalóides, os
terpenóides/triterpenos, os flavonóides, as saponinas nas folhas, as antraquinonas apenas na
A. precatorius e deu negativo o teste de esteróides.
Segundo Hoste (2006) citado BOTURA (2011), o potencial anti-helmíntico dos taninos é
atribuído à sua capacidade de ligação com proteínas da cutícula e cavidade digestiva dos
platelmintos, alterando suas propriedades físicas e químicas. A outra possibilidade refere-se a
uma acção indirecta destes compostos, que podem aumentar a resposta imune do hospedeiro
em função de sua ligação com proteínas da dieta, protegendo essas substâncias da degradação
e consequentemente aumentando a disponibilidade proteica no intestino delgado.
BOTURA (2011) explica que os alcalóides estão relacionados com a actividade
vermífuga/anti-helmíntica. Os extractos aquosos e alcoólicos das folhas, frutos e raiz das
plantas que os possuem interferem na eclosão de ovos, motilidade de adultos,
desenvolvimento e migração larvar. Este facto faz perceber que as duas plantas possuem
43
actividades anti-helmínticas e o modo de preparo dos medicamentos a partir das mesmas
também contribui para a eficácia anti-helmíntica dos mesmos na medida em que a maioria usa
os decotos.
Moraes (2011) citado por FREITAS (2015), explica que os alcalóides são atribuídos o
potencial anti-helmíntico ainda pelo facto de possuírem emetina, substância a qual o S.
mansoni, em pesquisas in vitru, mostrou sensibilidade elevada, tendo sido usada e considerada
até 1920 uma substância moderadamente efectiva embora tóxica. 
Para AYERS et al. (2008), as avaliações in vitro têm revelado potencial anti-helmíntico
trematicida de flavonóides. Este efeito tem sido relacionado com a redução dos teores de
alguns aminoácidos livres, aumento nos níveis de ácido glutâmico, citrulina, ácido gama
aminobutírico (GABA), amónia e óxido nítrico deste parasita. Assim, ao possuírem os
flavonóides, as duas plantas possuem actividade anti-helmíntica justificando-se por via disso
o seu uso no tratamento de bilharziose, uma doença causada por um helminto. 
No que diz respeito as saponinas, NANDI et al. (2004) avança que saponinas extraídas de
Acacia auriculiformis, causaram danos na membrana de tremátodos em ratos, provavelmente
pela formação de radicais livres, como o ânion superóxido, que induzem alterações através do
aumento da peroxidação lipídica da membrana, um efeito considerado anti-helmíntico das
saponinas. Assim sendo, as folhas das duas plantas enquanto possuidoras de saponinas podem
ser consideradas detentoras de acções anti-helmínticas.
Segundo Barrozo & Santos (1999) citados por BOTURA (2011), os terpenóides apresentam
propriedades anti-cancerígenas e são tidos como sendo solventes de lípidos,
descongestionando o fígado e estimulando a perda de peso. Possuem ainda uma acção anti-
oxidante e tratam gastrites e úlceras, não possuindo um potencial anti-helmíntico.
As antraquinonas, na óptica de EINECK (2013), são empregadas terapeuticamente como
laxativos e catárticos, por agirem irritando o intestino grosso, aumentando a motilidade
intestinal e, consequentemente, diminuindo a reabsorção de água, não possuindo assim uma
acção directa contra o Shistosoma (causador da bilharziose).
44
CAPÍTULO V
5.0.Conclusões e Recomendações 
5.1.Conclusões 
O uso da Abrus precatorius e da Tabernaemontana elegans no Tratamento de
Bilharziose efectiva-se a partir das raízes, folhas, flores e os frutos onde para o preparo
dos medicamentos emprega-se a decocção, infusão e queima destas partes. A
administração é feita oralmente (ingestão oral). As dosagens e frequências da toma dos
medicamentos variam de 1, 2, 3 colheres de 8 em 8 horas (3 vezes ao dia) ou de 6 em
6 horas (4 vezes ao dia), dependendo de cada praticante e da idade do paciente.
Os princípios activos presentes nas partes usadas destas plantas implicados no
tratamento de Bilharziose são os taninos, alcalóides, flavonóides e as saponinas.
Os taninos possuem um potencial anti-helmíntico atribuído à sua capacidade de
ligação com proteínas da cutícula e cavidade digestiva dos platelmintos, alterando suas
propriedades físicas e químicas. Os alcalóides por sua vez interferem na eclosão de
ovos, motilidade de adultos, desenvolvimento e migração larvar. Os flavonóides
possuem a capacidade de redução dos teores de alguns aminoácidos livres, aumento
nos níveis de ácido glutâmico, citrulina, ácido gama aminobutírico, amónia e óxido
nítrico dos parasitas. As saponinas são relacionadas com actividade anti-helmíntica
uma vez que causam danos na membrana do Shistosoma parasita.
5.2.Recomendações
Recomenda-se às autoridades locais, para que sensibilizem a população acerca dos
riscos de intoxicação que correm ao utilizar estes e outros fitoterapêuticos.
À comunidade científica, recomenda-se para que continue desenvolvendo mais
pesquisas nesta vertente, envolvendo testes in vitro com vista a apurar a eficácia
farmacológica destas plantas (em estudo) perante as espécies do Shistosoma e com
vista apurar as dosagens cientificamente recomendadas no acto da medicação. 
À comunidade científica recomenda-se que prossiga com pesquisas com vista a avaliar
o real grau de toxicidade destas duas plantas

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