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Variação Linguística e Social

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utilizar “os carros” e, em outras, o uso de “os carro” é mais frequente. Dessa forma, vê-se que os usos 
linguísticos são determinados, em parte, pelos fatores sociais. 
Aceitando-se a intervenção de fatores extralinguísticos na 
heterogeneidade do sistema, é inegável, portanto, o impacto dos aspectos 
sociais na investigação sobre a linguagem. É possível, a partir daí, 
estabelecer frequências de usos associadas a determinados estratos 
sociais, bem como a determinadas situações de linguagem. Pode-se então 
descrever as variedades linguísticas a partir de parâmetros sociais. Em 
termos de tratamento tipológico, a variação pode ser classificada como 
geográfica (ou diatópica) ou social (diastrática).
A variação geográfica está relacionada às diferenças linguísticas distribuídas no espaço físico, 
decorrentes do desenvolvimento de comportamentos culturais específicos de determinados locais, que 
identificam os membros de uma comunidade e os distinguem dos membros de outras. Por exemplo, no 
plano sintático, os habitantes da região Nordeste preferem fazer a negação com o verbo anteposto à 
partícula negativa, ao passo que no Sudeste a preferência é pelo verbo posposto. Se alguém perguntar por 
exemplo, “Você viu o Fulano?”, um falante da região Nordeste provavelmente responderá “Vi não”, 
enquanto o falante da região Sudeste dirá “Não vi”. 
A variação social tem a ver com a identidade do falante, decorrente de seu pertencimento a diversos 
grupos socioculturais. São exemplos de fatores intervenientes na constituição desses grupos: 
A Classe Social
Observemos, no plano fonético, as variantes [frauta] e [flauta], esta 
associada à classe economicamente privilegiada e aquela, à classe 
desfavorecida;
A Idade
No plano lexical, lembremo-nos das gírias, que denotam um falar específico 
da faixa etária jovem;
O Sexo
No plano morfológico, atentemos para a maior frequência de uso dos 
diminutivos pelos sexo feminino (“lindinha”, “cheirosinho”, “maridinho”).
Um outro exemplo de variação social seria a adequação linguística a um determinado contexto de 
interação. As variantes características desse aspecto se abrigam sobre o estudo da variação de registro 
(ou diafásica). Um exemplo de variação desse tipo seria a adequação que os falantes realizam de acordo 
com o grau de formalidade da situação comunicativa. Para a região de Fortaleza, por exemplo, pode-se 
citar o uso preferencial do pronome “tu” em situações mais informais, em oposição à escolha do pronome 
“você” para situações mais formais.
As reflexões da Sociolinguística Variacionista apresentam um aparato descritivo que explicita 
coerentemente a relação entre aspectos socioculturais e língua efetivamente utilizada. Muito fortemente 
associada a essa descrição se encontra o estudo acerca das avaliações que os falantes fazem sobre os 
usos linguísticos de sua comunidade. Ou seja, para a Sociolinguística Variacionista, não interessa apenas 
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