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O mínimo sobre ANSIEDADE Araceli Alcântara 1ª edição — maio de 2023 — CEDET Copyrigh © Araceli Alcântara Os direitos desta edição pertencem ao CEDE — Centro de Desenvolvimento Profissional e Tecnológico Av. Comendador Aladino Selmi, 4630 Condomínio GR Campinas 2 — módulo 8 CEP: 13069-096 — Vila San Martin Campinas-SP Telefones: (19) 3249–0580 / 3327–2257 E-mail: livros@cedet.com.br CEDET LLC is licensee for publishing and sale of the electronic edition of this book CEDET LLC 1808 REGAL RIVER CIR - OCOEE - FLORIDA - 34761 Phone Number: (407) 745-1558 e-mail: cedetusa@cedet.com.br Editor: Thomaz Perroni Capa: Laura Barreto Diagramação: Virgínia Morais Copidesque: Rebeca Traldi de Vitto Revisão: Natália Vicente Jaremko Conselho editorial: Adelice Godoy César Kyn d’Ávila Silvio Grimaldo de Camargo FICHA CATALOGRÁFICA Alcântara, Araceli. O mínimo sobre ansiedade / Araceli Alcântara Campinas, SP: O Mínimo, 2023. isbn 978-65-85033-13-8 1. Psicologia I. Autor II. Título cdd — 150 ÍNDICES PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO: 1. Psicologia – 150 www.ominimoeditora.com.br Reservados todos os direitos desta obra. Proibida toda e qualquer reprodução desta edição por qualquer meio ou forma, seja ela eletrônica, mecânica, fotocópia, gravação ou qualquer outro meio de reprodução, sem permissão expressa do editor. Sumário APRESENTAÇÃO O QUE É ANSIEDADE, AFINAL? CONHECER MAIS PARA VIVER MELHOR AMENIZANDO OS SINTOMAS DA ANSIEDADE CONCLUSÃO NOTAS DE RODAPÉ N o tempo em que vivemos, não é raro ouvir relatos como este: Tenho andado nervosa, inquieta e preocupada. Desde que senti aquela fisgada no peito, tenho a desagradável sensação de que algo grave vai acontecer comigo, mas fui ao médico, fiz exames e não encontraram nada. O sentimento ruim, contudo, persiste e está começando a atrapalhar minha vida. Estou com medo! Não consigo mais fazer as coisas do dia a dia direito! Em muitos casos, não demora a vir o diagnóstico de ansiedade — de algum tipo de ansiedade, pelo menos. Um resumo científico divulgado pela Organização Mundial da Saúde em 2022 indicou um aumento mundial de 25% nos casos de depressão e ansiedade no primeiro ano da pandemia de Covid-19, principalmente entre a população mais jovem.1 Além disso, de acordo com a Associação de Ansiedade e Depressão da América (ADAA), transtornos de ansiedade estão entre as questões de saúde mental mais comuns nos Estados Unidos, e no resto do mundo afetam quase 20% da população acima de 18 anos.2 Nós, brasileiros, infelizmente não ficamos nada atrás nesses índices. Pelo contrário: em 2017, outro relatório da OMS chamado “Depressão e outros transtornos mentais comuns: Estimativas globais de saúde”3 apontava o país como líder nesse tipo de transtorno, com uma estimativa de que quase 10% da população fosse afetada. Ou seja: acho que dá para dizer com alguma segurança que boa parte da população brasileira, em algum momento da vida, vai sofrer com aquilo que chamamos de “ansiedade”. É quase certo também que essas pessoas vão procurar um médico ou um psicólogo em algum momento de suas vidas. Mas, mesmo sendo assim tão comum, a ansiedade ainda é muito mal compreendida. Muitas pessoas não sabem o que ela é, quais são os sintomas a ela relacionados e como tratá-la. Por isso é importante falar sobre isso. É importante compreendê-la melhor, por que isso pode ajudar a reduzir o estigma criado em torno das questões de saúde mental, a prevenir a condição e a identificar os fatores de risco. Pode, ainda, incentivar a adoção de hábitos mais saudáveis, já que estes combatem os quadros de ansiedade e, de quebra, ainda melhoram a qualidade de vida no geral. O que é, então, a ansiedade? E como podemos conviver melhor com ela? Nas próximas páginas, convido você a olhar para alguns aspectos importantes acerca do assunto, sem a pretensão de oferecer um manual técnico ou de substituir diretrizes médicas, mas sim com o desejo de introduzir o assunto para contribuir com a conscientização a respeito dele, e assim fazer sugestões de como lidar com alguns dos sintomas da doença. A O QUE É ANSIEDADE, AFINAL? ansiedade é uma inquietação interior, um descompasso entre a atividade mental e os afazeres práticos: é como se a mente ficasse nublada. No nosso cotidiano, ela nasce de um temor, está associada ao medo de sofrer: ao se imaginar em uma situação de sofrimento, por exemplo, a pessoa se atemoriza, fica ansiosa, e desse modo as tarefas do dia a dia empacam: a coisa simplesmente não acontece! Nos perguntamos, então: qual o fundamento da ansiedade? Francisco Insa, médico e psiquiatra, em seu recente livro A formação da afetividade nos ensina que “a ansiedade é essencialmente uma reação normal, que tem sua própria função: indicar que há uma ameaça e que convém ficar alerta para enfrentá-la”.4 Ou seja, ela faz parte do nosso mecanismo de sobrevivência, possibilita que preparemos defesas para uma eventual situação de perigo — tanto por meio do estado psíquico, através de hipervigilância, agitação, tensão, quanto no plano físico, em que se manifestam taquicardia, aumento da frequência respiratória, sudorese, diminuição da necessidade de sono, entre outros sintomas. É importante ressaltar que, embora haja situações em que, em condições normais, a tranquilidade deveria imperar, há outras que deixariam qualquer pessoa ansiosa. Se estivéssemos numa selva e ouvíssemos o barulho de um predador se aproximando, a ansiedade nos ajudaria a fugir ou a nos preparar adequadamente para o seu enfrentamento. Esse mecanismo de proteção, contudo, não serve apenas às formas mais primitivas da nossa existência; ele é adaptativo, ou seja, se adequa às exigências do tipo de problema que precisamos resolver. Um pouco de ansiedade pode nos ajudar nos estudos ou no trabalho, fazendo o tempo render mais, por exemplo; na preparação para uma situação desafiadora, tal qual uma competição esportiva, ou na hora de evitar um acidente de trânsito, e em várias outras situações que demandam uma reação rápida. Segundo o médico Fernando Sarráis, especialista em psiquiatria e licenciado em psicologia pela Universidade de Navarra, a ansiedade também pode ser entendida como “uma forma de temor de não conseguir algo bom e desejado ou necessário para ser feliz”.5 Dessa forma, ela pode surgir associada à insegurança, ao medo de não se conquistar um bem ou o sucesso desejado, e, por isso, pode vir também junto com a preocupação, com o receio de sofrer. A ansiedade também pode acompanhar a expectativa em relação a coisas boas, causando uma certa euforia que pode, por exemplo, nos fazer perder o sono ou o apetite nas vésperas de um grande acontecimento. Um pouco de ansiedade, como já vimos, existe em todos nós e tem sua utilidade prática. Mas apesar de nem sempre estar associada a coisas ruins, já que ela pode também ser entendida como “o outro lado da moeda da tranqüilidade”,6 o fato é que ela carrega um tom negativo simplesmente porque é um sentimento desagradável. Os diversos termos que usamos para descrevê-la refletem esse caráter: nervosismo, intranquilidade, inquietação, tensão, estresse. SENTIMENTO DE INFERIORIDADE Alfred Adler, psicólogo que cunhou a expressão “complexo de inferioridade”, explica que a pessoa atormentada por esse tipo de sentimento tende a buscar situações para manifestar justamente o oposto, ou seja, provar que é capaz ou até superior. Assim, o sentimento de inferioridade serve de estímulo à autossuperação, o que pode se tornar um problema quando o empreendimento não é bem-sucedido. A despeito das conclusões do autor, acredito que esse movimento possa ser identificado em diversas situações da nossa vida. Quantas vezes, no embate com nossas limitações espirituais, intelectuais, afetivas e físicas, não sentimos, nas palavras de Rafael Llano Cifuentes: [...] uma necessidade indeclinável de superação [...]. Não nos contentamos com o que somos; precisamos ser mais e mais, como se as formas embrionárias de perfeição que trazemos dentro de nós estivessem sempre suspirando, inquietas,pelo seu perfeito acabamento.7 Só que muitas vezes essa situação é acompanhada por um desdobramento negativo: necessidade de superação pode nos impulsionar a ir além, mas também pode nos atormentar e deprimir. Isso acontece porque o contraste entre nossas ambições e a consciência de nossas limitações e “pequenez” pode abrir espaço para o desânimo e a insatisfação. Esse grande conflito entre “o muito que pretendemos ser e o pouco que na realidade somos”8 pode se manifestar de diferentes formas. Uma muito comum, principalmente com o uso cada vez mais intenso das redes sociais, é o hábito de se comparar com os outros, o que atrapalha muito o nosso desenvolvimento, podendo nos despertar vaidade, tristeza, inveja e até angústia. Por outro lado, a procura por bons modelos pode impulsionar nosso desenvolvimento. Como, então, diferenciar os casos? Por que a mesma situação provoca sentimentos de inferioridade em algumas pessoas e, em outras, desperta crescimento pessoal? O que muda é a atitude que cada uma delas assume perante os estímulos. O sentimento de inferioridade é, então, consequência do juízo de valor que fazemos de nós em comparação com o que fazemos de outras pessoas ou de um modelo ideal. O sentimento, por si só, tem uma finalidade natural positiva, como a própria ansiedade e, segundo Sarráis, “nasce da necessidade natural de se sentir valorizado, querido e seguro de si mesmo, de receber amor e companhia dos entes queridos, o que, devido à condição social do homem, é necessário para a sua felicidade”9 . Ele se torna um problema, no entanto, quando sua intensidade ou frequência nos paralisa: quando nos sentimos constantemente inferiores, independente das situações que enfrentamos, quando a insegurança e o medo tomam conta, quando sentimos que não temos valor algum ou que não somos dignos de amor e cuidado — a famosa baixa autoestima. Esse problema pode vir da infância e até possuir uma base real, constituída por falhas na educação, na formação dos afetos e por experiências negativas ou preconceitos. Por isso, as pessoas que sofrem com o complexo de inferioridade tendem a viver continuamente tensas e em estado de alerta, “pisam em ovos” para não contrariar os outros, buscam aprovação o tempo todo, provavelmente na tentativa de compensar o que sentem por elas mesmas. Sarráis explica que “a excessiva atenção e interesse dessas pessoas em obter uma avaliação positiva, junto ao excessivo temor das avaliações negativas, leva-os a desenvolver uma hipersensibilidade emocional”10 . Claro que uma pessoa com baixa autoestima também tem seus momentos de êxito que, ao longo da vida, compensam ocasionalmente aquele sentimento ruim. Contudo, essa remediação se torna, em geral, insustentável a longo prazo. Como nossa produtividade e atividade diminuem conforme envelhecemos, é preciso aprender a envelhecer bem, o que inclui trabalhar a autoestima antes que a falta dela se torne um problema maior e mais difícil de tratar. Para isso, precisamos aprender a nos amar e a nos aceitar, com qualidades e limitações! Muitas vezes a rejeição que tanto tememos é uma projeção da nossa própria falta de aceitação. INSEGURANÇA Todos se sentem mais ou menos inseguros em algum momento. Esse sentimento nos acomete principalmente quando estamos diante de uma situação sobre a qual não temos controle e que pode resultar em algum dano físico ou psicológico. A função do sentimento de insegurança, assim, é parecida com aquela do de ansiedade: mostrar que corremos um risco, que podemos falhar ou cometer erros com consequências negativas, que algum sofrimento pode advir dali. Ficamos em estado de alerta e mobilizamos nossos sentidos e funções psíquicas para tomar decisões sobre a melhor forma de agir, minimizando, desse modo, a possibilidade do erro11 . Os eventuais desfechos positivos vão nos proporcionando cada vez mais confiança. Em alguns casos, contudo, o sentimento de insegurança tem uma intensidade incompatível com a realidade. Se isso se repete com muita frequência, o indivíduo passa a sentir que está vivendo em uma situação de risco permanente, o que é paralisante. Em pessoas com baixa autoestima, ou seja, nas que têm um sentimento de inferioridade acentuado, isso é muito comum, pois elas tendem a viver “num receio permanente de sofrer rejeição e abandono por parte dos outros”12 . A insegurança vem acompanhada pelo medo de sofrer, o que faz com que uma coisa leve à outra. Aliás, nossos afetos negativos muitas vezes estão relacionados uns aos outros. Então, a melhor coisa a se fazer para lidar com a insegurança excessiva é buscar superar o medo de sofrer — com ajuda profissional, se necessário. Um bom ponto de partida é encarar os sofrimentos com uma atitude positiva, mas voltaremos a isso mais tarde. Por ora, vamos falar um pouquinho mais sobre o medo. MEDO E PREOCUPAÇÃO Pode-se dizer que “o medo é um temor específico, determinado e objetivo em face de algo que, de alguma maneira, vem de fora de nós e se aproxima trazendo-nos inquietação, desassossego e alarme”13 . Também é, portanto, uma reação natural e, diante do desconhecido, “chega até a ter uma função estimulante: lança adrenalina nas veias, excita a capacidade orgânica”14 . Assim como outras emoções negativas, o medo nos acompanha durante toda a vida, e é importante conviver harmonicamente com ele para se viver bem. Sobre a função estimulante do medo, é interessante o comentário de Armando Nogueira — jornalista e renomado comentarista esportivo — publicado no Jornal do Brasil em 1996: O idioma do esporte sempre evitou a palavra medo. Prefere uma saída eufemística: fala de tensão, de emoção da estréia. Bobagem, medo é sinal de vida. É um sentimento salutar. A mente avisa o resto do corpo que há perigo por perto. E se a própria mente não tomar cuidado, o juízo vai-se embotando, os músculos vão-se retesando, o corpo acaba fugindo à luta. É a estação da covardia que se instala na alma humana. Quem não conhece a velha metáfora do ‘tirar o corpo fora’? Didi, antes de ser campeão do mundo em 58, não dormia, pensando, sobressaltado, no jogo do dia seguinte. Fosse estréia, fosse final, passava acordado a noite da véspera. Antes do jogo, era uma pilha de nervos. Mas bastava a bola começar a rolar, e ele convertia-se num príncipe de lucidez e sangue frio. Aqui está a chave do problema: é saber transformar em impulso a energia vital que o medo encerra15 . Essa fala, muito interessante por sinal, ilustra o sentido positivo do medo, que está bastante relacionado com o do sentimento de insegurança: “impulsionar a razão a pensar em como evitar os riscos e como preparar-se para se defender, racional e fisicamente, do perigo, enquanto não puder fugir dele”16 . Essa reação é essencial para a nossa sobrevivência e, como já mencionamos, muitas vezes o medo que a instiga tem motivo para existir. Quando o sentimos, em geral sabemos o que teremos que enfrentar! Existem casos, contudo, em que ele é mais vago e não tem uma causa determinada, em que está muito relacionado à ansiedade, trazendo à tona um sentimento que chamamos de angústia. A angústia é aquela sensação desagradável de medo e insegurança diante de algo que não sabemos bem o que é. É uma vivência negativa que merece nossa atenção! Você mesmo já a pode ter sentido ou conhecido alguém que a sentiu e se expressou por meio de falas como “estou ansioso e não sei por quê” ou “não sei explicar, mas parece que algo ruim vai acontecer”. Quando o medo ou a angústia chegam a uma intensidade muito grande, forma-se um quadro que costumamos chamar de pânico. Tomados pelo pânico, apresentamos comportamentos anormais e irracionais; o medo é tão intenso que nos paralisa física e psicologicamente. Por isso, ele não tem a função orgânica e potencialmente positiva do medo comum, “é sempre uma vivência afetiva patológica”17 . Os indivíduos acometidos por esse tipo de medo buscam sempre fugir de situações que o façam se desencadear. Há ainda pessoas que, apesar de não sofrerem de um medo tão descomunal como esse associadoao pânico, assustam-se diante de situações que não amedrontariam tanto a maioria das pessoas. São as pessoas “medrosas”, como costumamos dizer. É muito importante que os educadores identifiquem esse tipo de característica nas crianças, para que possam ajudá-las a lidar com isso desde cedo a fim de que não tenham tantos problemas no futuro. As situações que causam medo têm em comum o fato de que nos fazem sofrer, afinal, sentir medo é ter receio de sofrer. Quando percebemos que esse sentimento se torna paralisante, é importante que lembremos que “o medo de sofrer é mais habitual e perigoso que o próprio sofrimento que se teme”18 . Vivemos em uma sociedade que esvazia o sofrimento de sentido e o abomina; estamos imersos nessa cultura hedonista, fundamentada no prazer, que nos impulsiona a evitar o sofrimento a todo custo. Isso nos impede de aprender a conviver com o sofrimento de uma maneira saudável e faz com que nossa vida seja tomada por insegurança, angústia e preocupação. A preocupação é um tipo de medo direcionado ao futuro. A função positiva da preocupação também é muito próxima da do medo: ela serve para nos “incitar a lutar para conseguir metas boas e importantes que satisfaçam a necessidade de bem e de amor de toda pessoa”19 . Quando nos preocupamos demais, contudo, direcionamos todos os esforços de nossas vidas para nos proteger de perigos remotos e potenciais; buscamos uma ilusão de controle. Essa preocupação intensa e constante é um sintoma muito comum da ansiedade excessiva, de que falaremos em seguida. A ANSIEDADE EXCESSIVA Se você leu até aqui, percebeu que o conceito de ansiedade se encontra no centro de tudo, de modo que vamos explorar alguns pontos periféricos a ele relacionados até atingirmos o cerne do problema. Seu caráter patológico, esclarece Francisco Insa, é definido pela desproporção entre a intensidade e persistência do sentimento e a magnitude de seu causador. Muitas pessoas se assustam com animais ou tempestades, por exemplo, mas em alguns o medo é tão profundo e paralisante que pode ser considerado uma enfermidade. Às vezes a ansiedade é de tal modo persistente que os sintomas clínicos ocorrem de maneira independente daquilo que os causou. Então, o medo, a tensão, a inquietação passam a ocorrer em momentos de repouso, nas férias, na hora de dormir, e, ao invés de servirem como estímulo para que se trate seu agente, só invalidam os esforços do indivíduo. Sarráis observa alguns padrões na personalidade de pessoas que possuem uma ansiedade patológica. Em suas palavras: [...] as pessoas habitualmente ansiosas costumam ser inseguras, com sentimentos de inferioridade ou baixa autoestima. Têm pouca tolerância à frustração, e são dependentes emocionalmente do ambiente.20 Segundo ele, em situações cotidianas que produzem ansiedade — como falar em público — é normal que as pessoas fiquem um pouco ansiosas, mas “com uma intensidade tolerável que permite que voltem a enfrentar, se necessário, a mesma situação, até que se acostumem a ela e deixem de ficar ansiosas”21 . Já as pessoas que a apresentam como patologia, diante dessas situações “sofrem até níveis muito elevados chamados de ‘angústia’ ou ‘pânico’”22 . Esse tipo de ansiedade é composto por vários fatores que afetam diversos aspectos da nossa vida: afetam o pensamento — acelerando-o ou retardando-o —, nossa percepção temporal — projetando-nos ora para um futuro cheio de sonhos e idealizações, ora para um passado repleto de elementos aleatórios e situações vagas —; afetam os cinco sentidos, como a visão — quem está passando por uma crise de ansiedade não consegue distinguir os detalhes do que está vendo —, a audição e o próprio paladar — o indivíduo perde a noção de saciedade e passa a comer mais do que precisa, chegando ao ponto de nem perceber o sabor das coisas. Segundo o padre Narciso Irala, a ansiedade pode até causar quadros de hipermetropia, astigmatismo e miopia!23 A ansiedade gera também sintomas físicos, como cansaço, insônia, tremores, contrações musculares, dores de cabeça, alterações no apetite; além dos psíquicos, como irritabilidade, dificuldade para se concentrar, desânimo, excesso de atividade ou paralização mentais. Insa explica que em cada pessoa ela se manifesta de um jeito, “como as goteiras, que buscam a zona mais desprotegida para se infiltrarem e às vezes são encontradas em um ponto distante do local por onde penetraram”.24 Mesmo em casos menos graves ou não patológicos, a ansiedade pode se tornar um problema ao dificultar que a pessoa realize tarefas simples, do dia a dia, e quando prejudica sua capacidade de organização. Nas próximas páginas, trataremos de algumas questões que possam, de algum modo, influenciar positivamente a forma como lidamos com nossa própria ansiedade ou como ajudamos pessoas a nossa volta que estejam passando por isso. Digo “de algum modo” porque, na realidade, não temos total controle: o futuro a Deus pertence! Mas podemos organizar as coisas minimamente, antecipar certos desvios e, assim, manter a ordem interna e externa. A CONHECER MAIS PARA VIVER MELHOR CONHECIMENTO A SERVIÇO DE QUÊ? té agora falamos bastante sobre a ansiedade, seus fundamentos e suas causas mais comuns; também tratamos dos sentimentos que em geral estão associados a ela — como a baixa autoestima, a insegurança, o medo e a preocupação. Comentamos ainda que alguns desses mecanismos são naturais e possuem funções positivas, mas que podem se tornar um problema quando há um descompasso entre a reação e a gravidade da situação que a causou, ou quando a intensidade da sensação é intolerável. Agora pensaremos sobre o ambiente em que estamos inseridos, sobre nosso próprio funcionamento, e sobre como esses dois fatores desempenham um papel central na forma como experimentamos a ansiedade. Antes de seguirmos, gostaria de fazer uma simples pergunta: para que serve todo esse conhecimento? Não posso deixar de me lembrar de um vídeo curto que circula na internet, em que um comediante questiona a atitude de algumas pessoas na faixa dos 30 anos que, ainda que conhecessem muito bem seus problemas, não se sentiam, aparentemente, responsáveis por eles. Ele dizia assim: Essas pessoas sabem dar um diagnóstico preciso sobre seus próprios problemas, elas dizem ‘eu tenho ansiedade generalizada’ ou ‘eu tenho uma depressão’, e então você pergunta o que estão fazendo em relação a isso e elas respondem ‘nada, estou te contando para você saber como lidar comigo. Essa anedota, aparentemente boba, toca em um ponto muito relevante: nós temos muito acesso à informação, mas isso não nos servirá para nada se não tomarmos atitudes! O conhecimento não é um fim em si mesmo, é preciso ser construtivo, nosso comportamento deve gerar frutos, ainda que as mudanças sejam sutis ou imperceptíveis para alguns, elas devem nos ajudar a viver melhor: “conhecemos e entendemos para que possamos agir bem e nos tornarmos boas pessoas”25 . SOCIEDADE DA ANSIEDADE Byung-Chul Han, filósofo sul-coreano, defende, no livro Sociedade do cansaço, que a sociedade em que vivemos, a sociedade pós-moderna, está excessivamente centrada no desempenho e na produtividade, o que gera grande cansaço e esgotamento e colabora com o aumento dos problemas psíquicos. As pessoas acabam por se tornar vítimas de si mesmas através de uma dinâmica tóxica de autocobrança e dependência do “sucesso”. Seguindo um raciocínio parecido no estudo intitulado “Como superar la ansiedade”, Enrique Rojas traz o conceito de “sociedade da ansiedade”. Na descrição que faz do fenômeno, ele elenca aspectos da nossa cultura, como o materialismo, o hedonismo, a permissividade, o relativismo e o consumismo, como fatores que “vão marcando a rota da ansiedade. O mais interessante é que Rojas “não escreve como filósofo, historiador ou antropólogo, e muito menos como moralista, mas como psiquiatra experimental, a partir dos casos concretos trazidos ao seu consultório”.26 Tal constatação não deve causar surpresa, pois, como já mencionamos, a ansiedade excessiva e os sentimentosa ela relacionados possuem raízes no medo de sofrer, e toda nossa cultura parece especialmente engajada em evitar o sofrimento a todo custo. Como pais ou educadores, temos medo de ver as crianças sofrerem; como adultos, somos constantemente bombardeados por todo tipo de alarmismo, o que nos faz desenvolver temores e reforça os que já temos. Adquirimos gradualmente a sensação de que não há mais causas nobres por que lutar, não sabemos para onde ir e qual o verdadeiro sentido da vida. Cria-se terreno fértil para a ansiedade! Assim, desenvolvemos aversão a todo o tipo de sofrimento, o que nos impede de conviver com ele em paz e até com certa alegria. Muitos vão considerar um escândalo essa simples sugestão: “como é possível sofrer com paz e alegria?!”, perguntarão. Ou ainda, “encontrar alegria no sofrimento? Isso parece conversa de masoquista!”. Mas fiquem tranquilos! Não sairá daqui uma tentativa de negar o aspecto dramático do sofrimento, muito menos um discurso motivacional de “positividade a qualquer custo” — essa que muitos chamam de positividade tóxica. Para explicar melhor o que quero dizer, trago as reflexões de Viktor Frankl, um dos mais importantes psiquiatras da história e pai da logoterapia, uma linha da psicologia que se concentra na busca do sentido da vida. Frankl passou por quatro campos de concentração nazistas entre 1942 e 1945, e pesava apenas 25 quilos quando saiu do último deles, onde havia elaborado a primeira versão de seu livro mais conhecido, Em busca de sentido. Um psicólogo no campo de concentração. Para ele, o humor é um tema tão relevante que dedica um capítulo a isso: A vontade de humor — a tentativa de enxergar as coisas numa perspectiva engraçada — constitui um truque útil para a arte de viver. A possibilidade de optar por viver a vida como uma arte, mesmo em pleno campo de concentração, é dada pelo fato de a vida ali ser muito rica em contrastes. E efeitos contrastantes, por sua vez, pressupõem certa relatividade de todo sofrimento.27 A experiência de Frankl permitiu que ele percebesse que somos capazes de ressignificar o sofrimento e assumir, diante dele, uma atitude alternativa: “no campo de concentração se pode privar a pessoa de tudo, menos da liberdade última de assumir uma atitude alternativa frente às condições dadas”.28 Dessa forma, entendemos que uma vida com sentido é aquela em que usamos, com responsabilidade, a liberdade de escolher a melhor maneira de agir em cada circunstância. Seguindo o raciocínio, percebemos que para lidar com a ansiedade devemos praticar diariamente uma regulação das nossas emoções e das reações impulsionadas por elas, a fim de apresentarmos um bom comportamento perante nós mesmos e os demais. “Quem exerce esse controle sobre a afetividade é a vontade, dirigida pela razão”29 que busca a felicidade. Quando vivemos momentos de irritabilidade, tensão, tristeza, desânimo e ansiedade, somos facilmente dominados pelas emoções. Contudo, uma situação que causa irritação num momento, pode não nos afetar em outro. Assim, é importante não deixar que os sentimentos conduzam nossas ações e, para isso, devemos entender como funciona nossa vontade. A IMPORTÂNCIA DA VONTADE A vontade é importante por ser o fator diretivo das nossas ações, ou seja, é ela que está à frente das atitudes que tomamos diante de determinadas circunstâncias e da forma como lidamos com impulsos, com nossos medos e com a ansiedade. A ansiedade, como já vimos, mexe com os sentidos e, se muito intensa, leva à paralisação. A vontade, ao contrário, motiva a ação. A instabilidade interior influencia no comportamento: tendemos a ceder mais aos impulsos. Quando estamos nervosos, por exemplo, comemos “além da conta”, não sentimos o sabor da comida, ficamos com dor de cabeça, olhamos para as coisas sem conseguir focar em nada, nosso tato e olfato ficam alterados. Já, quando estamos interiormente ordenados, conseguimos direcionar nossa ação por meio da razão. A vontade é como um músculo. Assim como a musculatura destreinada cede diante do esforço físico, também nos rendemos facilmente a um desejo ou impulso quando a vontade não está fortalecida. Para isso, convém exercitarmos nossa vontade aos poucos, buscando constância na hora de tomar decisões, principalmente diante das dificuldades. O primeiro passo é ter um foco, escolher as batalhas do momento e ampliar nosso panorama gradualmente. Apesar da multiplicidade de influências às quais somos submetidos, advindas tanto do ambiente, da cultura e do momento, quanto dos fatores genético, educacional e familiar, vale lembrar que não somos escravos das circunstâncias, podemos traçar nossas perspectivas futuras e melhorar quem somos no presente. Mas isso não significa que tudo depende de nós, afinal “alguém que só confia em si mesmo para atingir resultados cairá facilmente em um voluntarismo extenuante”.30 Não devemos esquecer que não estamos sozinhos! Podemos sempre pedir ajuda profissional ou para amigos e familiares e, para os que têm fé, contamos ainda com o amor de Deus, que, respeitando a nossa liberdade, nos guia por meio de Sua Sabedoria e Providência. Se cultivarmos essa perspectiva, buscando através da vontade fazer a “nossa parte”, isso é, o que está ao nosso alcance, temos a chance real de atingir aquela “determinada determinação” de que falava Santa Teresa d’Ávila, essa mulher enérgica que venceu obstáculos — muitos aparentemente intransponíveis! Nas palavras dela: “importa muito, em tudo, uma grande e muito determinada determinação de não parar até alcançar a meta, venha o que vier, aconteça o que acontecer, sofra-se o que sofrer31 ”. Quero propor agora um exercício: pegue uma caneta e anote em um pedaço de papel o momento do dia em que você fica mais ansioso. Feito isso, escreva quais são as tarefas que deve desempenhar todos os dias — levantar-se pela manhã, arrumar a cama, tirar o lixo do banheiro, trocar as crianças, preparar o almoço, entre outras. O ideal é listar realmente tudo! Porque assim você poderá enxergar o que de fato é prioridade. Alguns querem lavar o banheiro todos os dias, por exemplo, mas pode ser que isso não seja uma prioridade. Perceba como, muitas vezes, propomo-nos a realizar mais atividades do que nosso dia comporta, o que gera ansiedade e frustação. Para melhorar essa tendência, é importante começar aos poucos, pelo mais simples, trabalhando nossa vontade para conseguirmos fazer nosso tempo render. Uma coisa que ajuda nisso é compreender melhor o momento em que estamos vivendo e descobrir o que pode ser feito com as circunstâncias que ele apresenta. Para orientá-los de maneira mais concreta, darei quatro dicas importantes: ☐ Antes de agirmos sobre algo ou executarmos uma tarefa devemos pensar se queremos realmente determinada coisa — esse momento de reflexão é o que mais falta hoje em dia! Quantas vezes agimos de maneira automática e depois percebemos que a atividade realizada nem era tão importante ou que nossa vontade havia sido definida por um impulso, uma reação momentânea? Assim, é importante buscar a sinceridade, com relação a nós mesmos e aos outros. ☐ Devemos tentar entender os motivos pelos quais estamos fazemos aquilo. Quando percebemos que o processo pode nos levar ao que buscamos, adquirimos mais motivação para concluir a atividade. Ao invés de pensar “preciso arrumar a casa porque está bagunçada” — o que pode soar como uma obrigação vazia —, que tal tentar entender a situação da seguinte forma: “preciso organizar minha casa, porque a desorganização está afetando o convívio com meu marido e tenho ficado irritada com as crianças”. É importante essa clareza a respeito dos benefícios de se realizar a tarefa, pois a vontade tende a se inclinar ao bem! ☐ Precisamos descobrir a viabilidade da tarefa. Sou capaz? Tenho forças? Se você consegue responder positivamente a essas perguntas, o desempenho se torna muito mais fácil. Aqui, a baixa autoestima pode ser um obstáculo, como vimos anteriormente, de modo que é necessário fazer um esforço para olhar a situação de formarealista, e, se necessário, pedir ajuda! Antes de irmos para a última dica, quero apresentar uma situação que ilustra a utilidade das anteriores: alguém pode pensar “preciso organizar o guarda-roupa das crianças porque a bagunça me faz perder tempo”. Notem que o motivo está bem claro nesse caso: há uma percepção de que a bagunça do guarda-roupa atrapalha, pode ser que seja difícil achar uma determinada peça de roupa e que se acabe perdendo mais tempo. Percebo, assim, que com a organização as coisas vão fluir melhor, vou ter mais tempo, vou achar a roupa mais rapidamente, as crianças não vão ficar irritadas com a demora. Além disso constato que sou plenamente capaz de fazer essa arrumação. O quarto passo, por fim, é concretizar o ato. De que se trata? No exemplo acima, trata- se de organizar o guarda-roupa. Quando tenho que fazê-lo? Devo organizar minha agenda tendo em mente a tarefa. Quando o ato estiver perto de se concretizar, podemos nos ocupar das circunstâncias específicas, como a quantidade de tempo que se tem, que as vezes é limitada pela existência de outras tarefas. Desse modo, torna-se necessário estipular dias e horários específicos para cada uma delas. Quando conseguimos visualizar nossas tarefas e atividades passamos a ter um maior domínio da situação e tudo fica mais fácil. Percebemos as prioridades de nossa vida, as verdadeiras necessidades da casa, do casamento, e a ansiedade tende a diminuir, pois aprendemos a hierarquizar as coisas. O EXERCÍCIO DAS VIRTUDES A educação da vontade está intimamente relacionada ao exercício das virtudes. Sem aprofundar em filosofia moral e em grandes discussões éticas, podemos dizer que as virtudes “são hábitos adquiridos a partir da repetição dos atos correspondentes a cada virtude”,32 ou seja, uma pessoa que realiza atos de ordem se torna ordenada, a que realiza os de bondade, torna-se boa, de coragem, corajosa etc. As virtudes são disposições interiores estáveis, que se formam a partir das ações que efetuamos, daí a necessidade da repetição. Devemos fazer, fazer e fazer de novo! Não há outro modo. E assim será durante toda a vida. Além disso, a virtude não deve ser vista como um mero instinto ou uma simples conformação a regras de conduta. É, de fato, fruto de boas escolhas feitas livremente tendo em vista o bem humano integral. Por isso, “a virtude gera criatividade, alegria, padrão de conduta livre e fecunda [...] capacita a razão e implica capacidade de reflexão e de julgamento. A virtude, além disso, faz amar o bom e o belo”.33 Isso vale para qualquer pessoa, seja ela um estudante, um profissional ou uma dona de casa. Para começarmos a exercitar as virtudes devemos direcionar a vontade à realização de atos que correspondam à virtude que queremos alcançar. Uma sugestão é tentar imaginar como alguém com aquela virtude agiria em nosso lugar; por exemplo, “como Santa Teresa, que era forte, agiria diante do desafio que tenho que é o de vencer a preguiça de trabalhar?”. Muitas vezes, contudo, ficamos apenas no campo da imaginação, não tomamos atitudes e passamos a sentir como se a vida não estivesse caminhando. Portanto, é preciso começar a agir, mesmo que seja sobre coisas pequenas no início. Algo que pode ajudar é estipular objetivos concretos, pensar assim, por exemplo: “Serei mais ordenado, acordarei no horário exato durante dois meses. Ao primeiro toque do despertador, vou me levantar e já começar a fazer as coisas, ainda que esteja cansado e com sono”. Enquanto ainda não adquirimos virtudes, devemos nos esforçar para conseguir o que queremos, exercitar o autodomínio, a capacidade de tomar decisões com firmeza. Em certo momento, o hábito estará de tal forma arraigado em nós, que agir de maneira virtuosa não será tão difícil. A nossa vontade se fortalece quando lhe mostramos o quão importante é a insistência, embora ao longo do processo nos depararemos, diversas vezes, com falhas e limitações. Será importante cultivar também a capacidade de se arrepender e de se perdoar quando as coisas não saem como o esperado, aceitando assim a realidade. ACEITAR A PRÓPRIA REALIDADE A aceitação serena da realidade é fundamental para uma virtude muito importante: o realismo. Todos já ouviram alguém dizer que não é “pessimista, mas realista” para justificar uma visão centrada nos problemas, nas falhas e nos fracassos; quando em verdade uma percepção realista é aquela em que a situação é encarada com equilíbrio, sem exagerar ou minimizar sua gravidade. As pessoas realistas tendem a ver as coisas como são, aceitando os aspectos positivos e os negativos da realidade. É uma atitude que nos ajuda a manter a estabilidade emocional e uma dose adequada de autoestima. Enquanto a atitude pessimista é distorcida para o lado negativo, a otimista exagera as qualidades de algo; a realista, por sua vez, é mais equilibrada e objetiva, permitindo uma avaliação mais precisa das situações. Dessa forma, o realismo torna mais eficaz nossa maneira de resolver problemas e aumenta nossa capacidade de alcançar as metas propostas. Mas para conseguir isso, como já dissemos, é preciso aceitar nossa maneira de ser, com limitações e defeitos! “Quem não se aceita nunca terá a paz que dá unidade interior; estará sempre em conflito consigo mesmo”.34 A pessoa que não quer aceitar a sua própria realidade tende a supervalorizar as falhas, sentir-se oprimida pelas próprias limitações, indignar-se com seus defeitos e cair na tentação de compensar sua essência com o que parece ser — algo muito comum hoje em dia! Llano Cifuentes reflete sobre isso: [...] as teatralidades, os fingimentos, os esnobismos, as ironias, as fanfarronices, as agressividades, as falsas ‘originalidades’ são como uma máscara de papelão a encobrir esse pobre ser que intimamente sofre porque não suporta ser como é.35 Há quatro dicas para se trabalhar a falta de autoaceitação: • Entender os fatores que contribuíram para que chegássemos a esse ponto; • Querer, de fato, mudar essa maneira de ser e admitir — principalmente para nós mesmos — que ela não nos faz bem; • Agir, como uma pessoa racional e livre, não para se sentir bem ou evitar o sofrimento, mas por amor a nós mesmos e aos outros, para trazer o bem à nossa vida. • Praticar, no nosso dia a dia, esse outro modo de ser, sabendo que nosso maior inimigo é o medo de sofrer ou de se sentir mal momentaneamente. Essa falta de autoaceitação pode ter vários motivos pouco evidentes: o egocentrismo, que nos leva a pensar excessivamente em nós mesmos; o sentimentalismo, que desencadeia uma exagerada valorização de estados interiores; a falta de uma filosofia de vida autêntica, ou seja, de valores verdadeiros, o que nos faz hierarquizar as variáveis da vida a partir de critérios falsos; ou mesmo a falta de sentido, de que já tratamos. Seja qual for a explicação, essa ausência de aceitação nos leva a uma atitude existencial negativa, que acaba gerando baixa autoestima, insegurança, medo e nos torna mais propensos a desenvolver um estado de ansiedade habitual. Os fenômenos afetivos negativos, dentre os quais a ansiedade e os sintomas a ela relacionados, podem diminuir o rendimento intelectual e até bloquear nosso funcionamento cognitivo, além de afetar o comportamento. Isso ocorre porque as capacidades cognitivas têm seu máximo rendimento quando experimentamos emoções positivas, quando contamos com a autoestima, segurança, alegria, tranquilidade e confiança.36 Como explica Sarráis, “a atitude é um fenômeno psicológico composto por três elementos inter-relacionados: uma idéia, um afeto e um comportamento do mesmo sinal (positivo ou negativo) diante de algo real”.37 Por isso, as pessoas que tendem a pensar e a agir de forma negativa estão, na maior parte das vezes, dominadas por afetos — (emoções e sentimentos) — negativos. Desse modo, uma maneira de exercitar a atitude positiva é tentar perceber os estímulos que produzem em nós afetos positivos, que são as coisas boas, bonitas e autênticas. Agir bem e se comportar bem faz com que nos sintamos bem, assim comoquando nos sentimos bem e pensamos de maneira positiva geramos afetos positivos e costumamos agir bem em qualquer situação. Uma frase do filósofo francês Louis Lavelle ilustra bem esse ponto: “há na vida momentos privilegiados em que parece que o universo se ilumina, que a nossa vida nos revela sua significação, que queremos o destino mesmo que nos coube como se nós mesmos o tivéssemos escolhido”.38 Quando estiver diante de uma situação não desejada, tente encará-la como se tivesse, de algum modo, escolhido aquilo. Isso nos traz um senso de responsabilidade, nos sentimos obrigados a buscar meios de enfrentar a situação e, assim, o fardo se torna mais leve. A atitude positiva ajuda a lidar com a ansiedade e melhora a qualidade de vida; permite ainda que fiquemos mais aptos a aceitar nossa realidade concreta e a reagir a ela. Seguindo esse fio condutor, o próximo capítulo trará dicas de como fomentar afetos, ideias e comportamentos positivos através de exercícios e ferramentas práticas que podem ajudar também a amenizar os diversos sintomas da ansiedade. D AMENIZANDO OS SINTOMAS DA ANSIEDADE REEDUCAÇÃO PARA CAPTAR ESTÍMULOS E EMITIR RESPOSTAS iversos modelos teóricos da psicologia e da neurociência sugerem que a atividade da nossa mente é uma via de mão dupla: uma parte dela é direcionada a captar os estímulos externos — como imagens, sons e ruídos — e a outra é responsável por emitir respostas, tais quais imagens, ideias e raciocínios. A parte receptora pode ser entendida como a capacidade de receber e processar informações de maneira consciente; ela é fundamental para a construção de uma consciência mais ampla e profunda, que permita uma compreensão mais clara e objetiva de nós mesmos e do resto do mundo. Por meio da reeducação da receptividade, podemos desenvolver as habilidades de percepção e atenção, o que traz clareza mental e emocional e uma maior conexão com o presente. A melhor forma de fazer isso é tentando distinguir as sensações, tornando-as nítidas e disponíveis para serem usadas quando estivermos diante de uma situação de estresse, por exemplo. O que passa pela sua cabeça ao sentir um cheirinho de pão assado? Eu me lembro de minha infância, da casa de madeira em que morava, da cera que minha mãe passava no chão, dos sábados em que ela fazia os pães. Acesso essas coisas em minha memória, com muita frequência, porque me trazem alegria, consolo, paz e reforçam o amor que tenho pela minha mãe e pela minha própria história. É assim que reeducar a nossa receptividade pode nos ajudar! Recebemos muitas informações e estímulos e por vezes nos vemos perante coisas feias e situações ruins que não nos remetem a nada positivo ou, pior, que nos despertam medos e angústias. À medida que essas informações e esses estímulos vão se instalando, eles vão gerando tristeza, desânimo e, por vezes, um verdadeiro caos interno! É o caos externo impactando a nossa vida interior. As boas sensações — como as de minha infância — funcionam como um tônico para a mente e, com ela fortalecida, conseguimos ter domínio sobre os pensamos e sobre nosso modo de agir. Afinal, as ideias precedem os atos e se isso estiver hierarquizado corretamente teremos êxito nas atividades e nas funções que nos propomos a desempenhar. As partes emissora e receptora de nossa mente estão interconectadas e se influenciam mutuamente. Ou seja, a maneira como recebemos e processamos informações influencia a forma como emitimos respostas e vice-versa. Isso mostra que nossa mente é flexível e adaptável, capaz de se ajustar e se reorganizar. Além disso, o equilíbrio entre a recepção e a emissão de informações é extremamente importante para um funcionamento eficiente da mente. A emissividade nos ajuda a desenvolver a consciência e o controle sobre os próprios pensamentos e emoções, permite que os direcionemos para a realização dos nossos objetivos e para a garantia de nosso bem-estar. Por isso, a parte emissora da nossa mente está totalmente vinculada à atividade humana de modo geral. Considerando que essas duas funções da mente, a receptora e a emissora, e os três elementos da atitude que já citamos — ideia, afeto e comportamento — estão interrelacionados do ponto de vista psicológico, vou propor alguns exercícios que podem ajudar a quebrar os ciclos viciosos e a minimizar a ansiedade: ☐ Contemplar a natureza: quando estamos diante de algo bom, belo e autêntico, recebemos estímulos que produzem afetos positivos, ou seja, a tendência é que a gente se sinta melhor, que nos acalmemos. Daí a sugestão de contemplar a natureza! Mas, para colher os benefícios, precisamos fazê-lo com um olhar de criança, precisamos nos esforçar para contemplar sem pensar em mais nada. Como fazemos isso? Olhando, apenas, permitindo que a beleza se instale dentro de nós, que cause impacto! Devemos olhar uma paisagem e pensar instintivamente: “poxa, que bonito! Que magnífico!”, e esquecer das contas, da casa e de outras preocupações nesse momento. É desse modo que o exercício deve ser feito: com tranquilidade e entrega. É como quando entramos numa loja de perfumes e somos envolvidos pelo aroma do ambiente e, quando saímos, ele fica impregnado em nós. É aquilo que já falei sobre estímulos: ao receber os bons estímulos, as boas sensações, de forma ativa, são estabelecidas memórias afetivas que poderemos acessar com facilidade quando estivermos diante de situações que alteram negativamente as nossas emoções. “Mas Araceli, eu moro num lugar muito feio, onde não há nem mesmo um parque!”. Procure imagens bonitas na internet. O importante é que, ao final do processo, você saia impactado por aquilo, porque na beleza há paz, sossego e tranquilidade, e precisamos disso tudo. ☐ O segundo exercício consiste na concentração tátil. Pegue um objeto, como uma pedra ou um pouco de argila, massinha de modelar ou até uma pedrinha de gelo, e passe as mãos por ele, concentrando-se na sua natureza, em seus detalhes, na textura, na temperatura e assim por diante. É importante não se distrair ao fazer o exercício e estar consciente para receber de modo adequado as informações que o objeto transmite. Outra possibilidade é fazer um escalda-pés, que é especialmente interessante e relaxa muito: prepare uma água quentinha, coloque nela um pouquinho de sal e depois os pés. Eu amava fazer isso quando criança! Acalma muito a turbulência interior. Experimentem! Essas dicas parecem banais, mas trazem um resultado inimaginável. Esses exercícios permitem que nos centremos, o que nos traz força. Quando ficamos muito irritados ou nervosos é sinal de que não estamos no nosso centro — que fica no nosso mundo interior — e é preciso fazer esse movimento de se voltar para dentro. Quando estamos “fora de nós” ficamos fracos, e sem essa força não temos constância e não conseguimos concluir nada: começamos mil coisas e não terminamos uma! Não é assim que age um ansioso? Então precisamos fazer o exercício de voltar para o nosso centro, devemos nos acalmar para agir bem e nos fortalecer para adquirir a constância que nos leva a terminar as tarefas. Com a prática regular dessas atividades você irá desenvolver, aos poucos, um conjunto de ferramentas que o ajudarão a se centrar e o tornarão forte, com uma vontade que domine as emoções, livrando-se, consequentemente, da ansiedade. USAR A IMAGINAÇÃO A imaginação também é uma poderosa ferramenta no combate à ansiedade; ela influencia a maneira como pensamos e percebemos situações desafiadoras e ameaçadoras. Como vimos, a ansiedade muitas vezes é desencadeada por preocupações e pensamentos negativos que nos levam a imaginar o pior cenário. Com a imaginação, podemos treinar nossa mente para que tenha percepções mais equilibradas e realistas. Existem algumas formas de usar a imaginação para esse fim: ☐ Em uma situação estressante, tente imaginar um cenário diferente. Vamos pegar o exemplo de uma mãe que está estressada, impaciente, com um monte de coisas para fazer e filhos para cuidar — digamos que está “a ponto de explodir”. Ela deveráse sentar no sofá ou se deitar na cama por alguns segundos, fechar os olhos e se imaginar calma. Como seria você calma? Em meio ao caos, como você agiria idealmente? Que tom de voz gostaria de usar? Que expressão facial esboçaria? Assim deve ser feito esse exercício, imaginando o oposto do que a situação real causa. E isso funciona para qualquer momento de ansiedade: quem é você quando não está ansioso? Como é a sua casa quando está alegre e satisfeito? ☐ Antecipar uma situação desconfortável. Lembro-me de que quando trabalhava em empresa passava por várias situações que geravam certa ansiedade, como ter que entregar um relatório para o chefe ou prestar contas de funcionários sob a minha supervisão. O que eu fazia? Ia para o banheiro, ajoelhava-me — no banheiro mesmo —, fazia uma pequena oração e tentava me imaginar já falando com o chefe: todo o diálogo aparecia na minha cabeça! Ao fazer isso, vivenciava antecipadamente a sensação de desconforto. Esse exercício imaginativo serve para qualquer momento de ansiedade. Eu mesma costumo fazê-lo antes de palestrar: peço ao meu marido que tome o lugar da plateia e falo com ele como falarei na hora da apresentação — assim já vou me exercitando. Em uma dessas vezes em que ele estava me ajudando, eu lhe contei que encarava isso como um exercício e ele me disse que Ayrton Senna fazia exatamente a mesma coisa antes das corridas. Ele imaginava todo o percurso da pista, todas as curvas, os detalhes, as freadas e aceleradas que precisaria dar, as marchas que deveria trocar. Como as pistas se tornaram familiares para ele depois de um tempo — afinal, treinava muito em cada uma delas —, o exercício ficou relativamente simples; e vejam o tremendo sucesso que ele obtinha! Faça você também. Pela manhã, imagine todo o seu dia. Se for muita coisa, faça por etapas: imagine toda a manhã, depois a tarde e, por fim, a noite. Isso pode ser feito até mesmo no momento de escovar os dentes. Imagine a postura que você quer ter perante as situações; imagine-se com um sorriso estampado no rosto! Em todos os casos o caminho é o mesmo: primeiro imaginar a ação e depois praticá-la. APRENDER A RESPIRAR A respiração é uma ferramenta muito importante no controle da ansiedade, pois ela pode regular a resposta do sistema nervoso autônomo, responsável pelas nossas reações inconscientes. Quando essa resposta está desregulada, ela leva a um aumento das frequências cardíaca e respiratória, sudorese excessiva e sensação de falta de ar, o que gera ainda mais ansiedade. Com as técnicas adequadas de respiração — como a respiração diafragmática —, é possível reduzir a atividade da parte do sistema nervoso que estimula as frequências cardíaca e respiratória e intensificar a da parte que exerce um efeito calmante sobre corpo. Dessa forma, a respiração pode ajudar a reduzir a ansiedade ao promover uma sensação de relaxamento e bem-estar; ela melhora, ainda, a postura e a oxigenação do cérebro e dos tecidos do corpo, e quanto mais oxigenado o cérebro, mais facilidade ele tem de organizar as ideias. ☐ Respiração diafragmática. Esse hábito me transformou! É um exercício que traz uma consciência do presente e um autocontrole muito grandes. O diafragma se localiza abaixo das costelas e é uma estrutura central do corpo, ele promove o relaxamento em todo o tônus muscular, além de colaborar para a oxigenação do cérebro. O exercício, em si, é muito simples: deve-se sentar ou deitar e relaxar bem os músculos, inclusive os faciais; inspirar e expirar o ar lentamente, permitindo que entre nos pulmões de maneira correta. Ao soltar o ar, é preciso ouvir um barulho, algo que soe como um H aspirado. O ar é soltado até o fim e o abdômen se mantém ainda um pouquinho contraído. O exercício de diafragma deve ser feito três vezes ao dia — uma pela manhã, uma à tarde e uma à noite — e deve durar cinco minutos por vez. Parece mágica, mas depois de fazer isso ficamos muito mais tranquilos e relaxados. Para quem tem insônia, experimente praticar antes de dormir. É uma maravilha! ☐ Outra coisa importante de que devemos nos lembrar é que a respiração precisava vir acompanhada de postura. Nada de envergar os ombros para frente como se estivessem largados! Isso pressiona o diafragma e atrapalha o desempenho da respiração — e o diafragma é importantíssimo para ela. Para praticar a postura, você deve se sentar numa cadeira com encosto, ou no próprio chão, e respirar. De que forma? Primeiro puxando o ar para dentro, mantendo-o ali por quatro segundos e, por fim, expirando ao longo de outros quatro segundos. Faça isso ao menos dez minutos por dia. Tenho certeza de que esses dois exercícios farão com que vocês se sintam melhor! TER UMA ROTINA A rotina é outra ferramenta importante para minimizar a ansiedade, pois ela traz previsibilidade e sensação de controle sobre o ambiente e sobre as atividades desenvolvidas. Quando sabemos o que nos espera, desenvolvemos um senso de estrutura em nossas vidas, sentimo-nos mais seguros e tranquilos. A falta de rotina, por outro lado, aumenta a incerteza, o que pode agravar a ansiedade em algumas pessoas. Quando não temos um horário regular para dormir, comer ou para outras tarefes, perdemos o controle da situação e nos sentimos sobrecarregados, o que aumenta o estresse e a ansiedade. Uma rotina saudável deve, ainda, incluir atividades direcionadas necessariamente ao combate do estresse, como exercícios físicos, meditação ou exercícios de relaxamento, contato com pessoas queridas, além de bons hábitos de sono e alimentação. No entanto, é importante lembrar que a rotina não deve ser excessivamente rígida ou muito restritiva, pois assim tem um efeito contrário: o aumento da ansiedade! Outro ponto que quero reforçar: lembrem-se de organizar sua rotina de acordo com suas forças e sua vontade. É importante encontrar um equilíbrio entre a previsibilidade e a flexibilidade, permitindo espaço para as mudanças e os imprevistos que fazem parte da vida. No começo pode parecer um pouco estranho, desconfortável, mas a rotina é essencial. Precisamos organizar o “dia de amanhã”, justamente para conseguir lidar com o inesperado. Para a organização, incentivo o uso de um planner. Há uns dois anos houve um boom de planners, porque as pessoas perceberam a necessidade de se organizar. Além disso, ajuda muito anotar os afazeres a fim de visualizá-los, de tornar a rotina mais concreta. Nosso cérebro trabalha melhor quando a gente concretiza um ato. Inclusive, o check, da “atividade concluída”, é registrado no sistema nervoso como algo positivo, de modo que é interessante transformá-lo num hábito. ATENÇÃO PLENA A atenção é a primeira faculdade a se perder em meio a crises e transtornos de ansiedade, ou seja, precisamos aprender a trabalhar melhor com ela. Quando falo que devemos aprender a respirar, indiretamente estou pedindo que prestemos atenção à respiração — e prestar atenção é tomar uma ação consciente. Quando digo que anotem num planner os afazeres do dia, peço que prestem atenção a eles. Hoje em dia a nossa atenção está cada vez mais dissipada e, quando experimentamos um processo de ansiedade, ela fica ainda mais prejudicada e fragmentada, ou seja, não conseguimos nos ater a uma só ideia. O resultado disso é negativo: não conseguimos organizar o funcionamento da casa, pois começamos várias atividades que não são concluídas; ou então, quando precisamos expor uma ideia, nos perdemos em meio a outras e não conseguimos estabelecer uma linha de raciocínio. O que precisamos fazer quando isso acontece é tentar retomar as coisas, “unir os fios”, para que nos concentremos em algo de maneira ativa. Se não retomamos o eixo das coisas, não conseguimos, por exemplo, ter um diálogo saudável com o cônjuge ou nos ocupar da educação de um filho com tranquilidade. Estamos sempre irritados, nervosos, em estado hiperativo, fazendo mil coisas ao mesmo tempo, mas nada bem feito. Abaixo, proponho dois exercícios para estimular nossa atenção: ☐ Concentrar a atenção naquilo que estamos fazendo. Vamos suporque você queira ler um livro. Para ler com mais atenção, programe-se sempre para ler até um ponto específico. Por exemplo: “vou ler uma linha ou uma página”, “vou parar aqui e, se tenho algo para anotar, irei anotar”, “se preciso entender melhor, lerei novamente esta parte”. Essa é uma forma de concentrar a nossa atenção no que estamos fazendo. ☐ Mudar o foco da atenção é outra coisa boa de se fazer, principalmente quando se está muito ansioso. Você pode, por exemplo, ouvir uma música e tentar prestar atenção às suas nuances. Recomendo o Adagio em Sol Menor de Albinoni; alguns estudos dizem que essa música torna o indivíduo mais inteligente, se ouvida sete vezes! Ou quando se está numa situação enervante, como quando se recebe uma bronca injusta do chefe ou se está em meio à bagunça das crianças, pode-se fixar o olhar num objeto de cor vívida, forte, e tentar entender seu funcionamento. MOVIMENTO CONSCIENTE Não me refiro ao movimento que você faz na academia, no pilates, ou ao andar de bicicleta. Todos esses movimentos são importantes, mas o que resgatarei aqui é a importância de se fazer movimentos conscientes. Explico: todas as situações da vida, das mais simples às mais complexas, trazem à tona sentimentos. Quando esses sentimentos não são vividos de modo adequado, geram pequenas tensões que se alocam em algum lugar do corpo. Às vezes não conseguimos fazer alguma coisa porque nosso corpo está preso a essas tensões, que nos causam dores nos ombros, suor nas mãos, tiques nervosos (como mexer o pé repetidamente ou roer as unhas da mão). Isso tudo acontece por causa desses sentimentos mal vividos, e o modo certo de dar vazão a eles é por meio do movimento consciente. O movimento consciente envolve a prática da atenção plena durante a realização de movimentos corporais; ou seja, ao prestar atenção ao corpo e aos movimentos que ele realiza, podemos melhorar a consciência corporal, a coordenação motora e a postura, e isso promove bem-estar emocional também. Esticar os braços para cima e em seguida descansá-los sobre as pernas, por exemplo, numa espécie de alongamento, causa um relaxamento porque você percebe que os seus braços conseguem se projetar para algum lugar — conscientemente você está mandando impulsos para o cérebro, e o cérebro os está mandando para os músculos. Através dessa consciência se torna possível ampliar a capacidade de movimento, o que pode ajudar muito no desenvolvimento das crianças. Uma criança de um ou dois anos já caminha, mas cai muito, e tem um tônus muscular pouco desenvolvido, tem dificuldade de parar quieta ou fazer movimentos simples, como pinçar.39 Quando se percebem problemas na fase de pré-alfabetização – momento em que criança começa a fazer traçados com o lápis, a trabalhar a manipulação de objetos — a recomendação dos profissionais é a de que se coloque a criança para fazer atividade física. Mas quais atividades? Estique uma corda no chão e peça para a criança andar sobre ela com os braços abertos. Peça, também, para que ande em um círculo demarcado; depois somente pelo lado direito. Isso tudo serve para que ela preste atenção ao movimento e se perceba capaz de controlar o corpo e coordenar os próprios movimentos. Muita gente diz que continua ansiosa mesmo frequentando a academia, fazendo várias atividades e exercícios. Isso acontece porque o movimento por si só não traz controle corporal: é preciso prestar atenção a ele e não o fazer de modo mecânico. Para a ansiedade, o que ajuda não é a velocidade, mas a precisão do movimento. Veja a diferença: Se peço que segure o lápis, você o fará de qualquer jeito. Agora, se dou uma ordem detalhada, se peço que o “segure entre os dedos indicador e médio e o mantenha retinho, sem amolecer os dedos”, o movimento ganha estrutura. Percebe a diferença? No segundo tipo de comando, há a aplicação de uma força consciente. Trarei então mais dois exercícios simples, que podem ajudar na realização de movimentos conscientes: ☐ Conte seus dentes, um de cada vez, começando pelo siso superior, usando a ponta da língua para discerni-los. ☐ Sente-se na cadeira com as costas eretas, coloque as mãos sobre as pernas e movimente a cabeça para o lado direito. Volte-a ao centro, devagar, e passados alguns segundos a movimente para o lado esquerdo. Depois retorne a cabeça ao centro. Ao fazer esses exercícios, principalmente o último, percebemos o quanto estamos travados. Como se diz, “só percebemos os grilhões que nos prendem quando nos colocamos em movimento” — e é verdade! O ansioso ama controle. Agora quero que você controle a si mesmo. Pare de mexer os pés, pare de mexer as pernas; tente ficar totalmente parado por um minuto. Consegue? Faça isso agora. Feche os olhos. Sinta o peso do seu corpo. Gostaria que você fechasse os olhos sem movimentar os músculos, interrompendo os tiques. “Araceli, eu não consigo!”. Percebe o quanto o seu corpo está tensionado? Você está carregando fardos que não são seus e para os quais precisa dar um destino, mas o caos interno é tão grande que não consegue pôr “ordem na casa”. A bagunça é tão grande que não a consegue organizar, está paralisado! Você olha para a desordem e não se levanta, continua sentado no sofá o dia inteiro, mexendo no celular. Não consegue cozinhar ou dar atenção a coisa alguma — já parou para pensar na palavra “atenção”? Você não consegue dar atenção ao que precisa pois está patinando em meio às tensões e aos sentimentos a que não dá vazão. Só o movimento consciente o pode ajudar, pois ele ampliará suas capacidades de ação! Então, deixo aqui um último exercício: sente-se tranquilo, feche os olhos e levante vagarosamente o braço direito, até um pouco acima da cabeça, como uma bailarina, e deixe-o assim um pouquinho. Preste atenção ao seu braço. Agora levante-o mais um pouco e o mantenha esticado, bem lá no alto. Perceba o peso do seu braço: você nem o conseguirá manter lá em cima por muito tempo. Como deve ter notado, a prática do movimento consciente envolve a realização de exercícios e movimentos de forma lenta e deliberada, prestando-se atenção ao corpo, à respiração e às sensações físicas. Sabendo isso, você pode criar seus próprios exercícios. E eles o ajudarão a reduzir o estresse, a melhorar a flexibilidade, a postura e a força, além de promoverem uma maior consciência corporal e emocional. A abordagem também pode ser útil para pessoas que desejam desenvolver uma relação mais saudável com o próprio corpo, aprendendo a escutá-lo e a respeitá-lo. FAZER UM DIÁRIO O diário é um bom exercício de organização mental, apesar de não ser mais tão utilizado. Santo Agostinho escreveu um, são as famosas Confissões. Santa Teresa também escreveu uma espécie de diário — não tão íntimo — contando suas experiências às irmãs, ensinando-as a rezar e a aperfeiçoar a vida religiosa. Até nos seriados de época, como The Crown, mencionam-se cartas, diários e anotações. Se vocês pesquisarem, encontrarão vários tipos de diários. A escrita diária é uma estratégia simples, mas eficaz no combate à ansiedade. Manter um diário pode ajudar a processar emoções, identificar padrões de pensamentos negativos, aumentar a consciência sobre as situações que desencadeiam a ansiedade e, ao contrário do que se pode pensar, você não precisa ser uma pessoa letrada para escrever um. Sabe quais são os benefícios que essa prática traz? ☐ Redução do estresse emocional: a escrita pode ser uma forma de liberar emoções reprimidas. Expressar seus sentimentos e pensamentos no papel pode ajudá-lo a se sentir mais relaxado e a ficar em paz. ☐ Aumento da clareza e da objetividade: a prática pode ajudá-lo a distinguir as situações que causam ansiedade. Ao escrever sobre os seus pensamentos e sentimentos, você se torna capaz de ver as coisas sob uma nova perspectiva, consegue dar nome a elas e desenvolver soluções criativas para problemas que antes pareciam insuperáveis. ☐ Desenvolvimento da resiliência: ao refletir sobre as suas experiências e sentimentos por meio da escrita, você pode identificar padrões depensamento e comportamento que o estão impedindo de progredir, desenvolvendo, assim, estratégias para lidar melhor com eles. ☐ Identificação dos gatilhos da ansiedade: ao anotar detalhes sobre os momentos de ansiedade, você pode começar a entender melhor seus sentimentos e a identificar o que a desencadeia. É uma prática simples, mas repleta de benefícios. Eu sempre recomendo aos meus pacientes que escrevam, que anotem as coisas. Não como fazemos em um planner ou numa lista de tarefas; a função do diário é outra! É narrar, rememorar, guardar lembranças e, de certa forma, representar os nossos sentimentos — e isso é importante! No começo pode dar preguiça, escrever pode parecer chato, mas percebemos o quanto nos ajuda e vamos nos animando; é um verdadeiro exercício de autoconhecimento! Às vezes sentimos que estamos sendo apenas levados pelas circunstâncias, que não temos em mãos as rédeas da própria vida, que estamos desperdiçando a nossa inteligência. Nessas horas precisamos desse exercício. Só nós mesmos podemos contar nossa história, só nós sabemos o que se passa em nossa mente quando vivenciamos os acontecimentos, somente dentro de nós estão contidas as informações necessárias para que lidemos com os fatos da vida; nós é que temos essa autoridade. Por exemplo, ainda que meu marido tenha me acompanhado nos partos, se ele fizesse um relato de parto, não seria igual ao meu. Ele colocaria seus próprios sentimentos e emoções e estaria vendo as coisas de um ângulo diferente do meu. Ou seja, duas pessoas que vivenciam a mesma situação podem relatá-la de um modo totalmente diferente. Quero aproveitar para dar uma sugestão de filme: Doze homens e uma sentença. É um filme antigo que aborda justamente a questão da verdade, daquilo que os olhos estão vendo, e a importância de se refletir sobre uma situação, porque ela pode ser complexa, conter variáveis, estar recheada de elementos que precisam ser digeridos. Nossa vida também é assim! “Mas Araceli, como faço um diário?”. A forma mais simples e clássica de fazê-lo é ir contando sobre os seus dias de maneira íntima. Se você não consegue dar nome às coisas, use o dicionário, isso traz clareza. Não é só falar que está triste, é detalhar a tristeza: ela vem acompanhada de irritação? Será que você está irritado por estar triste? A escrita não precisa ser bela, nem gramaticalmente perfeita! Tem um diário de que gosto muito, chama-se Diário íntimo e foi escrito por Henri-Frédéric Amiel. Ele é um ótimo modelo! Volto, assim, à frase de Lavelle, que agora reproduzo integralmente: Há na vida momentos privilegiados nos quais parece que o universo se ilumina, que nossa vida nos revela sua significação, que nós queremos o destino mesmo que nos coube, como se nós próprios o tivéssemos escolhido. Depois o universo volta a fechar-se: tornamo-nos novamente solitários e miseráveis, já não caminhamos senão tateando por um caminho obscuro onde tudo se torna obstáculo a nossos passos. A sabedoria consiste em conservar a lembrança desses momentos fugidios, em saber fazê-los reviver, em fazer deles a trama da nossa existência cotidiana e, por assim dizer, a morada habitual do nosso espírito.40 O diário nos ajuda a guardar lembranças de momentos que nem sempre são os mais prazerosos, mas podem ser importantes, definidores de quem somos. É, além de tudo, um excelente exercício de memória! Também funciona para uma espécie de catarse41 — através dele podemos abrir o coração e extravasar. Se você for ansioso, experimente fazer um diário, pode ser que se surpreenda com o resultado. CUIDAR DO SEU DESCANSO É importante fazer pausas regulares e descansar quando nos sentimos sobrecarregados. O descanso também é uma parte do autocuidado. Ele reduz o estresse, e quando estamos estressados nossos níveis de ansiedade aumentam. Melhora o humor, pois quando estamos cansados tendemos a sentir mais tristeza e irritação; trabalha nossa resiliência, já que quando estamos descansados lidamos melhor com os desafios da vida (e como consequência, lidamos de forma mais eficaz com a ansiedade); aumenta nossa concentração: cansados não conseguimos nos concentrar em nada! É óbvio, mas vale lembrar: o sono é fundamental para qualquer pessoa, mas é especialmente importante para as ansiosas! Uma grande tentação na sociedade acelerada de hoje em dia é a de eliminar horas de sono. Algumas vezes isso é realmente necessário e nesses casos devemos tentar recuperar o descanso perdido, colocando-o como prioridade. Problemas frequentes com o sono são sinal de que determinado estilo de vida é insustentável. Além disso, há outros tipos de descanso que são importantes para a nossa mente e funcionam de maneira diferente em cada pessoa, dependendo dos interesses e condições dela: “alguns minutos para ‘se desconectar’, lendo um livro ou notícias, escutando música de preferência na tranqüilidade do próprio quarto ou em outro lugar que permita se afastar do agito cotidiano”.42 Também será de grande utilidade saber descansar em meio ao convívio familiar. Toda família precisa de momentos relaxantes ao longo da correria cotidiana; e uma boa ocasião de descanso conjunto são as refeições, experiência que pode proporcionar risadas e boas conversas. Para desfrutar dessa convivência, é importante que não nos deixemos levar pela pressa e que nos esforcemos para garantir períodos mais longos de repouso que, por sua vez, não precisam ser muito elaborados. Deve-se aprender a “perder tempo” com os familiares, o que muitas vezes é apenas aproveitá-lo bem! Francisco Insa faz uma consideração pertinente sobre isso: [...] já ouvi dizer, muitas vezes, que é preciso saber ‘se mortificar pelos demais’ e estou de acordo. Porém, creio que é mais necessário aprender a ‘desfrutar com os demais’, ter uma gama tão ampla de gostos e amigos que seja fácil encontrar alguém com quem descansar.43 Vale pontuar, contudo, a diferença entre o descanso improdutivo –— ler, ouvir música, fazer um passeio, contemplar a natureza — e o passivo, que seria passar todo o tempo nas redes sociais, “maratonar” séries, ver um filme atrás do outro. O descanso improdutivo é aquele em que nos dedicamos a atividades sem sentido prático ou utilidade imediata, mas que podem impactar positivamente nossa vida. No descanso passivo, por outro lado, ocorre de fato desperdício de tempo. Há fases da vida em que não conseguimos praticar todas essas formas de descanso, mas é importante nunca deixar de descansar, da maneira que for possível naquele momento, pois “não se trata de um capricho ou uma evasão das próprias obrigações, e sim de uma necessidade física e psíquica”.44 O cansaço afeta a saúde física e mental da pessoa, prejudica sua capacidade de realizar as atividades diárias e suas relações pessoais e profissionais. “Vale a pena resguardar a paz e alegria interior, à custa, se necessário, de reduzir um pouco a atividade”.45 CHÁS Aqui falaremos de receita de vovó mesmo! O chá por si só não vai resolver tudo, mas garanto que é um ótimo auxiliar nesse processo. Os benefícios dos chás são inúmeros: ajudam a desintoxicar, acalmam, tranquilizam, melhoram a digestão, relaxam o corpo. Vamos nos concentrar nos que ajudam a reduzir os sintomas da ansiedade. Você pode escolher um ou dois chás – depende do seu nível de ansiedade e cada dia pode tomar um diferente! Ou então, tome um de manhã e outro à noite, e pode também alternar entre todos os chás que irei passar e testar para descobrir o que lhe serve melhor. • IMPORTANTE: se você tem pressão alta ou baixa, recomendo que converse com seu médico antes de tomar algum tipo de chá. Não sou médica, sou psicóloga, e os chás da minha lista são usados de modo terapêutico, não curativo. Os chás não vão curar você da ansiedade, tampouco o dispensarão dos medicamentos prescritos pelo médico, caso esteja em algum tipo de tratamento. Gestantes e lactantes, principalmente as primeiras, não devem fazer uso de alguns dos chás que passarei aqui. Se você tem qualquer dúvida sobre tratamentos ou medicações, converse com o médico.• 1. Chá de camomila O primeiro chá da lista é famoso e facilmente encontrado, é um excelente auxiliar no processo terapêutico da ansiedade, principalmente no sono. Você deve usar uma colher de sopa para um copo de água — o ideal é que o chá seja feito por infusão, porque é o modo mais natural e saudável. Deixe descansar por dez minutos e estará pronto para beber. Chá de camomila não tem contraindicação. 2. Chá de melissa. Também conhecido como chá de erva-cidreira, é muito bom para o relaxamento, por isso costumo tomar a noite — assim como faço com o de camomila —, para não passar o dia sonolenta e mole. O modo de preparo é o mesmo: uma colher de sopa da folha para um copo d’água e infusão por dez minutos. Para quem tem problema de pressão baixa, não recomendo o uso desse chá. 3. Chá de folha de maracujá Também conhecido como passiflora, é muito, mas muito bom! Pode ser tomado logo após o almoço ou à noite — eu sempre recomendo à noite por causa da sonolência e deve ser preparado como os anteriores. 4. Chá de capim-limão. Esse é o que tomo durante a gravidez — portanto, não tem contraindicação. Preparo como os demais e tomo uns quinze minutinhos antes de dormir. Faço também um momento de relaxamento com controle da respiração e durmo feito um bebê! 5. Chá de alecrim. Além de também acalmar, ajuda no processo digestivo e anti-inflamatório. 6. Chá de valeriana. Podemos achar em qualquer farmácia de manipulação ou até em alguns mercados. Um sachezinho é suficiente para produzir o efeito desejado. 7. Chá de hortelã. Muito bom para desinchar e também acalma. Espero que os chás façam tão bem a você quanto fazem a mim! V ivemos em um mundo cada vez mais complexo e acelerado, repleto de desafios e pressões. De certa maneira, “a ansiedade é um termômetro que nos dá a imagem do homem deste final de século”.46 A tecnologia, as redes sociais, a competitividade no trabalho, a busca incessante pelo sucesso e a incerteza do futuro, o ritmo acelerado da vida pós-moderna, a pressão crescente para sermos produtivos, entre outros desafios que enfrentamos, podem aumentar muito os nossos níveis de ansiedade, a ponto de nos sentirmos aprisionados por ela. Por isso é tão importante saber usar o conhecimento ao nosso favor, agindo para reduzir os impactos negativos dessa agitação toda. Ao longo deste livro, tratamos das diferentes causas da ansiedade, de fenômenos a ela associados e das formas como ela se manifesta no corpo e na mente, além de mencionarmos algumas estratégias para lidar com ela. A ansiedade é um problema que afeta muitas pessoas, em maior ou menor grau, e pode causar muito sofrimento e prejuízo na vida de quem a experimenta. Esse livro é uma pequena síntese do tema, mas espero que seja de grande utilidade — e para aqueles que desejam se aprofundar no assunto, recomendo também a leitura da bibliografia citada ao longo das notas de rodapé. Apesar dos desafios da ansiedade, gostaria de terminar com uma mensagem de esperança: a ansiedade não nos define! Ela é um estado temporário de emoção e uma condição que pode ser tratada. Convém lembrar que, quando necessário, devemos buscar ajuda profissional. Não precisamos sofrer em silêncio. A busca por tratamento pode ser o primeiro passo em direção a uma vida mais saudável, equilibrada e feliz. De todo modo, a ansiedade não deixa de ser uma parte natural da experiência humana. Um estado ansioso não significa que sejamos fracos, inferiores ou incapazes, mas nos convida a buscar uma vida melhor. Assim, podemos aprender a gerenciar melhor nossas emoções e enfrentar nossos medos e preocupações com mais confiança e resiliência. Existem muitas abordagens terapêuticas que podem ajudar a aliviar os sintomas e a melhorar a nossa qualidade de vida. Não desanimemos! NOTAS DE RODAPÉ 1 Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/ WHO-2019-nCoV-Sci_Brief-Mental_health-2022.1 2 Disponível em: https://adaa.org/understanding-anxiety/ facts-statistics. 3 Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/ depression-global-health-estimates. 4 INSA, Francisco. A formação da afetividade, São Paulo, SP: Cultor de Livros, 2021, p. 347. 5 SARRÁIS, Fernando. Compreender a afetividade. São Paulo, SP: Cultor de Livros, 2020 , p. 80. 6 Idem. 7 CIFUENTES, Rafael L. Insegurança, medo e coragem? São Paulo, SP: Quadrante, 2004 p. 7. 8 Idem. 9 SARRÁIS. Op. cit. p. 59. 10 Idem 11 Ibid. p. 65. 12 SARRÁIS. Op. cit. p. 66. 13 CIFUENTES. Op. cit. p. 20. 14 Idem. 15 NOGUEIRA, Armando. Jornal do Brasil, 21 de fev. de 1996. In. CIFUENTES, Rafael L. Op. cit., p. 14. 16 SARRÁIS. Op. cit., p. 59. 17 Ibid. p. 72. 18 SARRÁIS. Op. cit. p. 73. 19 Ibid. p. 72. 20 SARRÁIS. Op. cit., p. 81. 21 Idem. 22 Idem. 23 Inserir a referência do livro do padre. 24 INSA. Op. cit. p. 359. 25 SARRÁIS. Op. cit. p. 97. 26 CIFUENTES. Op. cit. p. 22. 27 FRANKL, Viktor, 2008, p. 63. 28 Ibid. p. 89. 29 SARRÁIS. Op. cit. p. 97. 30 INSA. Op. cit. p. 44. 31 Teresa D’Ávila. Caminho de perfeição, 21, 2. 32 ALVES, Anderson M. R., Educar na liberdade. São Paulo, SP: Instituto Brasileiro de Filosofia e Ciência Raimundo Lúlio “Ramon Llull”, 2020p. 150. 33 Ibid. p. 150-151. 34 CIFUENTES. Op. cit. p. 27. 35 Ibid. p. 10. 36 SARRÁIS. Op. cit. p. 105. 37 Ibid. p. 99. 38 LAVELLE, Louis. “Témoignage” (Testemunho), apêndice do livro De l’Intimité Spirituelle (Da Intimidade Espiritual); tradução livre. 39 Movimento entre o polegar e o indicador que fazemos para segurar objetos pequenos. 40 LAVELLE, Op. cit. 41 Purgação, liberação de tensão ou de emoções reprimidas. 42 INSA. Op. cit. p. 369. 43 Ibid. pp. 367-368. 44 Ibid. p. 368-369. 45 Ibid. p. 369. 46 ROJAS. Op. cit. Apresentação O que é ansiedade, afinal? Conhecer mais para viver melhor Amenizando os sintomas da ansiedade Conclusão Notas de Rodapé