Prévia do material em texto
Catalogação na publicação: Suelen Spíndola Bilhar – CRB 10/2269 B419a Behnke, Robert S. Anatomia do movimento [recurso eletrônico] / Robert S. Behnke ; tradução: Maiza Ritomy Ide ; revisão técnica: Antonio Alberto Fernandes. – 3. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Artmed, 2014. Editado também como livro impresso em 2014. ISBN 978-85-8271-079-1 1. Exercícios físicos – Anatomia. 2. Movimento – Anatomia. I. Título. CDU 796:591.4 Behnke_iniciais_3ed_eletronica.indd iiBehnke_iniciais_3ed_eletronica.indd ii 24/04/14 15:0224/04/14 15:02 Agora que as estruturas envolvidas no movi-mento já são conhecidas (ossos, ligamentos, músculos), bem como os termos usados para descre- vê-las, será analisada a linguagem universal que ex- plica os movimentos realizados por essas estruturas. Quando se descreve um movimento humano, há um ponto anatômico que é universalmente aceito como a posição a partir da qual todos os movimentos começam: a posição anatômica. Nessa posição, todas as articulações são conside- radas em posição neutra, ou a 0°, sem que ain- da tenha havido movimento algum. De forma ocasional, também é possível encontrar o termo posição fundamental. Observe com cuida- do a diferença única entre as duas posições (Fig. 2.1). A posição anatômica é preferida em relação à fundamental para qualquer discussão sobre o movimento humano, porque a posição da mão na posição fundamental torna impossível certos movimentos do membro superior. Nas seções se- guintes, a descrição de todo movimento começa a partir da posição anatômica. Movimento CAPÍTULO 2 Posição fundamental Posição anatômica Figura 2.1 Posição fundamental e anatômica. Behnke_02.indd 47Behnke_02.indd 47 10/03/14 14:2710/03/14 14:27 48 Robert S. Behnke Localizações anatômicas Vários termos são considerados universais para discutir a relação espacial entre uma estrutura anatômica e outra. O termo superior refere-se a algo que está acima ou em nível superior a outra estrutura (p. ex., a cabeça encontra-se em posição superior ao tórax). O termo oposto, inferior, indica algo que está abaixo ou em nível inferior a outra estrutura (p. ex., o tórax encontra-se em posição inferior à cabeça). Lateral refere-se a algo mais longe da linha mediana do corpo do que outra estrutura (p. ex., os braços encontram- -se em posição lateral à coluna vertebral). Me- dial indica uma estrutura mais próxima da linha mediana do corpo do que outra estrutura (p. ex., o nariz encontra-se em orientação medial à ore- lha). Anterior refere-se a uma estrutura que está na frente de outra (p. ex., o abdome encontra-se em posição anterior à coluna vertebral). Poste- rior refere-se a uma estrutura que está atrás de outra (p. ex., a coluna vertebral encontra-se em posição posterior ao abdome). Os termos proximal (perto) e distal (longe) normalmente são usados em referência a estrutu- ras dos membros (braços e pernas). Proximal sig- nifica mais perto da linha mediana e distal, mais longe da linha mediana (p. ex., o joelho é pro- ximal ao pé, e a mão é distal ao punho). O ter- mo dorsal indica o lado de cima de um animal, como a barbatana dorsal sobre a parte superior de um peixe, ou a parte posterior do corpo humano (o aspecto dorsal da mão é, em geral, chamado de dorso da mão). O termo volar refere-se ao lado de baixo, ou aspecto inferior, de uma estrutura (o aspecto volar do punho ou da mão é também cha- mado de aspecto palmar, enquanto o aspecto volar do pé, ou sola, é chamado de aspecto plan- tar). Dois termos referem-se à ação do antebraço e do pé. O termo pronação faz referência à ro- tação do antebraço em direção ao corpo, o que resulta em posicionar a superfície volar, ou pal- mar, voltada para o corpo ou, se o cotovelo estiver flexionado, colocar a palma para baixo. Puxar o pé para cima (flexão dorsal) e voltá-lo para fora (inversão), afastando-o do outro pé, é chamado de pronação do pé. A supinação, inverso da pronação, significa virar o antebraço para fora e com a palma para cima a partir da posição prona- da, abaixar o pé (flexão plantar) e voltá-lo para dentro (inversão), em direção ao outro pé. Planos e eixos O movimento humano que se dá a partir da po- sição inicial (anatômica) é descrito como ocor- rendo em um plano (uma superfície plana) em torno de um eixo (linha reta em torno da qual um objeto gira). Os músculos criam movimento dos segmentos corporais em um ou mais dos três planos que dividem o corpo em diferentes partes. Esses três planos específicos são perpendiculares (em ângulo reto) entre si (Fig. 2.2). O plano sa- Plano sagital Eixo laterolateral a Plano horizontal Eixo vertical b Plano frontal Eixo anteroposterior c Figura 2.2 Planos e eixos de referência. (a) Plano sagital, (b) plano horizontal e (c) plano frontal. Behnke_02.indd 48Behnke_02.indd 48 10/03/14 14:2710/03/14 14:27 Anatomia do Movimento 49 gital (também conhecido como plano anteropos- terior) passa da parte da frente para a de trás do corpo, criando um lado esquerdo e outro direito. Pode haver múltiplos planos sagitais; no entanto, existe apenas um plano sagital cardinal. O termo refere-se ao plano que divide o corpo em segmen- tos iguais, com exatamente metade do corpo em cada um dos lados do plano mediano. Portanto, o plano sagital divide o corpo em duas metades iguais à esquerda e à direita. O termo plano apa- rece em alguns textos como o plano principal. Os termos são intercambiáveis. O plano horizontal (também chamado de plano transverso) passa pelo corpo no sentido horizontal, criando os segmentos superior e infe- rior. Pode haver diversos planos horizontais, mas existe um único plano horizontal, que divide o corpo em duas metades iguais, superior e inferior. O plano frontal (também denominado pla- no lateral) passa de um lado a outro do corpo, criando um lado anterior e outro posterior. Mais uma vez, pode haver diversos planos frontais, mas existe apenas um plano frontal, que divide o corpo em duas metades iguais, anterior e poste- rior. O ponto na intersecção dos três planos de referência é o centro de gravidade do corpo. Quando todos os segmentos do corpo são combi- nados e ele é considerado uma estrutura sólida em posição anatômica, o centro de gravidade situa- -se aproximadamente na região lombar da coluna vertebral. À medida que as partes do corpo se mo- vem da posição anatômica ou conforme o peso se desloca por meio do ganho de peso, perda de peso ou por carregar um objeto pesado, o centro de gravidade também muda. No entanto, não im- porta qual a posição do corpo ou a distribuição do peso, a metade do peso do corpo (e sua car- ga) estará sempre à esquerda e à direita, anterior e posterior e acima e abaixo do centro de gravidade. O centro de gravidade do corpo muda de forma costante com cada movimento, cada alteração na distribuição do peso ou ambos. Previamente, foi definido o eixo como uma linha reta em torno da qual um objeto roda. No corpo humano, imaginam-se as articulações como eixos e os ossos como objetos que giram ao redor deles em um plano perpendicular ao eixo. Existem três eixos principais; a rotação é descrita ocorrendo em um plano em torno do eixo que é perpendicular ao plano (Fig. 2.2). O plano sagital roda em torno de um eixo frontal (laterolate- ral) (Fig. 2.2a). Prática A articulação do joelho é um eixo frontal, e a parte inferior da perna é o objeto que se move no plano sagital quando você flete o joelho. O plano horizontal gira em torno de um eixo vertical (longitudinal) (Fig. 2.2b). Prática Conforme você gira a cabeça para a esquerda e para a direita, como se silenciosamente dissesse “não”, a cabeça gira em um plano horizontal em torno do eixo vertical criado por sua coluna vertebral. O plano frontal gira em torno do eixo sagi- tal (anteroposterior) (Fig. 2.2c). Prática Quando você eleva o braço para o lado, a articulação do ombro é o eixo horizontal sagital e o braço é o objetoem movimento no plano frontal. Para um resumo da relação entre os planos anatômicos e os eixos associados, consulte a Ta- bela 2.1. TABELA 2.1 Planos, eixos e movimentos fundamentais Plano Eixo Movimentos Sagital (anteroposterior) Horizontal frontal (laterolateral) Flexão e extensão Frontal (lateral) Horizontal sagital (anteroposterior) Abdução e adução Horizontal (transverso) Vertical Rotação Behnke_02.indd 49Behnke_02.indd 49 10/03/14 14:2710/03/14 14:27 50 Robert S. Behnke Movimentos fundamentais Mais uma vez, lembre-se de que o movimento ocorre em um plano em torno de um eixo. Exis- tem três planos e três eixos com dois movimen- tos fundamentais possíveis em cada plano. No plano sagital, são possíveis os movimentos fun- damentais conhecidos como flexão e extensão. A flexão é definida como uma redução do ângu- lo formado pelos ossos da articulação (Fig. 2.3). Na flexão da articulação do cotovelo, o ângulo entre o braço e o antebraço diminui. A exten- são é um aumento do ângulo de articulação (Fig. 2.4). Retornar uma articulação em flexão para a posição anatômica é considerado uma extensão. A extensão adicional além da posição anatômica é chamada de hiperextensão. Os movimentos fundamentais no plano frontal são conhecidos como abdução e adução. A abdução é definida como o movimento para longe da linha mediana do corpo (Fig. 2.5). Ao mover o braço afastando- -o da lateral do corpo no plano frontal, a arti- culação do ombro está sendo abduzida. O mo- vimento em direção à linha mediana do corpo é chamado de adução (Fig. 2.6). Retornar o braço de uma posição de abdução do ombro para a po- sição anatômica é adução. O movimento funda- mental no plano horizontal é descrito de modo simples como rotação (Fig. 2.7). O exemplo an- terior de balançar a cabeça não consiste em uma rotação da cabeça. Para descrever o movimento dos membros superiores e inferiores, muitas ve- zes é utilizado o termo rotação (Fig. 2.8). Quando a superfície anterior (frontal) do braço ou da per- na roda lateralmente (para longe da linha média do corpo), isso é definido como rotação late- ral. Quando a superfície anterior do braço ou da perna roda medialmente (em direção à linha me- diana do corpo), isso é definido como rotação medial. As articulações capazes de criar um movi- mento em dois (biaxial) ou três (triaxial) planos também são capazes de produzir outro movimen- to, a circundução. Este não é considerado um movimento fundamental de uma articulação, uma vez que combina dois ou mais movimen- tos fundamentais. Quando ocorre o movimento em dois ou três planos em ordem sequencial, a articulação é dita circundante. Girar seu braço na articulação do ombro em um movimento de “moinho de vento” é um exemplo de circundu- ção (Fig. 2.9). Plano sagital Eixos frontais (laterolateral) Figura 2.3 Flexão do ombro, do quadril e do joelho. Plano sagital Eixos frontais (laterolateral) Figura 2.4 Extensão do ombro, do quadril e do joelho. Behnke_02.indd 50Behnke_02.indd 50 10/03/14 14:2710/03/14 14:27 Anatomia do Movimento 51 Plano frontal Eixos sagitais (antero- posterior) Figura 2.5 Abdução do ombro e do quadril. Eixos sagitais (antero- posterior) Plano frontal Figura 2.6 Adução do ombro e do quadril como um retorno da posição abduzida da Figura 2.5. Eixo vertical (longitudinal) Plano horizontal Figura 2.7 Rotação como um movimento de giro da coluna vertebral. Rotação medial Rotação lateral Figura 2.8 Rotação medial e lateral do membro inferior. Behnke_02.indd 51Behnke_02.indd 51 11/04/14 15:0911/04/14 15:09 52 Robert S. Behnke Figura 2.9 Circundução do ombro. Behnke_02.indd 52Behnke_02.indd 52 10/03/14 14:2710/03/14 14:27