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História do Brasil Império: 
Aspectos Formativos
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Dra. Milena Fernandes Maranho
Revisão Textual:
Prof.ª M.ª Sandra Regina Fonseca Moreira
O Primeiro Reinado (1822-1831)
O Primeiro Reinado (1822-1831)
 
• Estudar o breve e conturbado período do Primeiro Reinado, a partir das atuações políticas 
desenvolvidas e conflitos enfrentados por D. Pedro I e as personalidades políticas de então;
• Conhecer os processos ligados à elaboração da primeira Constituinte brasileira oferecem o ce-
nário ideal para a compreensão do aguçamento das disputas entre liberais e conservadores, 
o que foi agravado pelos contextos da Confederação do Equador e da Guerra da Cisplatina;
• Conhecer o desenvolvimento dos conhecimentos científicos e de uma Imprensa cada vez 
mais crítica identificam algumas das transformações importantes do período, marcando o 
breve reinado de D. Pedro I.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO 
• A Formação e os Conflitos Políticos do Primeiro Reinado;
• A Presença da Monarquia e as Novas Dinâmicas Político Sociais;
• A Confederação do Equador e a Guerra da Cisplatina;
• O Redescobrimento Científico do Brasil pelos Viajantes.
UNIDADE O Primeiro Reinado (1822-1831)
A Formação e os Conflitos 
Políticos do Primeiro Reinado
Após todos os processos que envolveram a Proclamação da Independência, fazia-se 
necessária a construção do governo visando a manutenção da unidade nacional. A partir 
do 7 de setembro de 1822, as diferenças entre radicais e conservadores ficaram mais 
evidentes já que:
José Bonifácio, no “Apostolado”, sociedade secreta que reunia figuras de 
projeção e relevo da sociedade, procurava pôr em prática o princípio que 
orientava o juramento que os unia: “Procurar a integridade, independência e 
felicidade do Brasil como Império Constitucional, opondo-se tanto ao despo-
tismo que o altera quando à anarquia que o dissolve”. (COSTA, 1998, p. 57)
As disputas giravam em torno de um projeto de uma monarquia soberana e de um 
governo constitucional. A primeira proposta era defendida pela “Câmara de Deputados 
de São Paulo, levada adiante por José Bonifácio” (OLIVEIRA, 2005, p. 53) e a segunda 
por José Clemente da Cunha, presidente da Câmara do Rio de Janeiro:
A aclamação de D. Pedro I como Imperador do Brasil, em 22 de outubro 
de 1822, expõe este confronto de projetos: de um lado, D. Pedro agra-
dece ao povo, reunido no Paço, pelo “título” que lhe concede; de outro, 
José Clemente declara que a “vontade do povo” o havia aclamado para 
governar o reino independente. (OLIVEIRA, 2005, p. 53)
Os liberais tiveram uma primeira vitória, a convocação da Constituinte, pretendendo 
formar um governo constitucional. Para que isso se confirmasse, era necessário que 
D. Pedro jurasse obediência à Constituição, antes mesmo de sua elaboração.
A essa corrente opunha-se outra, liderada por José Bonifácio, que defendia a consti-
tuição de uma monarquia soberana, pois “considerava a delegação da soberania popular 
igualmente dividida entre a Assembleia e o Imperador”. Para esses, D. Pedro “teria o 
direito de opinar sobre a Constituição antes de jurá-la”. O Imperador “ainda flutuava entre 
as duas tendências; José Bonifácio, que defendia tenazmente a paridade entre o aclamado 
e os eleitos, ou, se possível, a preeminência do primeiro” (CUNHA, 1993, p. 240).
As discussões políticas giravam em torno da formação do Estado e da unidade nacional. 
As questões sociais estavam relegadas a segundo plano.
A aclamação de D. Pedro demonstrou que “o sentimento monárquico era pratica-
mente unânime no país, salvo em alguns centros mais avançados e, se nesses a ideia 
republicana era prestigiosa, e se em alguns se aliava à ideia separatista, reduziam-se as 
duas a uma veleidade em face da monarquia liberal” (CUNHA, 1993, p. 240). Assim:
A liderança do príncipe permitiu a aglutinação dos grupos os mais diver-
sos. A despeito de conflitos de ordem pessoal que frequentemente se mani-
festavam em hostilização recíproca – como o caso de Ledo, perseguido 
por José Bonifácio e preso por sua ordem –, as divergências entre esses 
grupos não eram suficientemente fortes a ponto de impedir a união em 
torno do príncipe. (COSTA, 1998, p. 51)
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A questão primordial era decidir qual seria o estilo político que prevaleceria. Se por um 
lado os liberais buscavam submeter o príncipe à Constituição, de outro, José Bonifácio 
e seus apoiadores entendiam a necessidade de um executivo forte. Mesmo os liberais, 
apesar de almejar a premência da Assembleia sobre o imperador, não discordavam da 
necessidade de um executivo forte, que pudesse garantir a ordem.
O Brasil precisava de um “poderoso e independente executivo”. Nada, 
contudo, indicava que os liberais de 22, como os constituintes de 23, 
desejassem um executivo fraco ou desaparelhado; nada, a não ser a des-
crença de José Bonifácio em relação aos “demagogos” e às assembleias. 
Julgava o ministro que a Constituinte tomaria o caminho do fracassado 
radicalismo francês ou o recente exemplo do irrealismo português, que es-
tava fazendo para D. João VI uma Constituição praticamente republicana. 
(CUNHA, 1993, p. 241)
Como afirmamos anteriormente, o príncipe aglutinou, praticamente, todos os libe-
rais, conservadores ou republicanos. Todos buscavam a constituição de um governo 
forte que pudesse garantir a integridade nacional e a ordem. Os liberais mais radicais, 
como Ledo, Januário da Cunha Barbosa e Alves Branco fizeram D. Pedro grão-mestre 
na loja maçônica, Grande Oriente, buscando controlar a situação. Esta seria fechada 
temporariamente, ficando o governo da nação “nas mãos de um grupo de elite: fazen-
deiros, comerciantes, pessoas que ocupavam altos postos na administração e no go-
verno” (COSTA, 1998, p. 57). José Bonifácio, como ministro, perseguiu opositores, 
prendendo-os e exilando-os. D. Pedro, nesse processo, ainda estava como observador, 
sem se definir pela monarquia constitucional ou soberana. 
Segundo Cunha (1993, p. 241), o imperador era “um jovem ardido, pleno de boas 
intenções, mas recheado de pendores despóticos – por enquanto aprendendo a lição de 
violência com o seu ministro para depois agir por conta própria”. Os desentendimentos 
entre José Bonifácio – ministro – e os liberais datam de antes do 7 de setembro. Para ele, 
a convocação do Conselho de Procuradores tratava-se de um golpe que buscava reduzir.
[...] o príncipe a “simples presidente de uma Junta Provisional do Rio de 
Janeiro”. Faziam parte da conjura negociantes e caixeiros portugueses, al-
guns desembargadores e oficiais do Estado Maior. José Bonifácio começou 
por desconfiar do general Oliveira Álvares, ministro da Guerra, e acabou 
determinando a prisão de vários portugueses. (COSTA, 1998, p. 70)
Cedendo a pressões, José Bonifácio convocou eleições para Assembleia Constituinte, 
impondo seu ponto de vista sobre o processo, que deveria ser indireto. Mas o rompi-
mento entre o ministro e os liberais estava dado. A partir daí, “José Bonifácio buscaria 
apoio no ‘Apostolado’, sociedade secreta que reunia figuras de relevo e projeção no país” 
(COSTA, 1998, p. 71).
No Apostado, estavam fazendeiros, grandes comerciantes e ocupantes de altos cargos 
na administração e no governo. Com a independência, alcançaram seu objetivo principal: 
“libertar o país das restrições impostas pelo Estatuto Colonial, assegurar a liberdade de 
comércio e garantir a autonomia administrativa” (COSTA, 1998, p. 60).
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UNIDADE O Primeiro Reinado (1822-1831)
Esse grupo social assumiu o poder no Primeiro-Império e organizou o país de acor-
do com seus anseios. Excluíram escravos e índios do conceito de cidadão, sendo estes 
marginalizados da vida política da nação recém-fundada, “tendo-se adotado ainda um 
sistema de eleição indireta, recrutando-se os votantes segundo critérios censitários” 
(COSTA, 1998, p. 60).
Esse grupo que tomou o poder buscava a manutenção do modelo agrário-exportador, 
privilegiando o latifúndio, com mão de obra escrava, monoculturae grande comércio 
de exportação de produtos primários e importação de industrializados. Criticavam “os 
que pretendiam estimular o desenvolvimento da indústria no Brasil”, quando afirmavam 
que a economia nacional “deveria permanecer essencialmente agrária, sendo impossível 
competir com as indústrias estrangeiras” (COSTA, 1998, p. 60).
A imensa maioria da população brasileira nada ganhou com a proclamação da Inde-
pendência, já que as estruturas econômicas e sociais em nada foram alteradas. Aqueles 
que assumiram o poder “não cuidavam senão de diminuir o poder do rei, aumentando 
o próprio, não pensando de modo algum nas classes inferiores” (COSTA, 1998, p. 61). 
Os viajantes que frequentaram o Brasil após a abertura dos portos em 1808, inúmeras 
vezes retrataram a presença preponderante destas camadas mais desvalidas no cotidiano 
daquela sociedade em todos os espaços, na cidade e no campo. Eram pessoas que muitas 
vezes acompanharam as mudanças mais importantes do processo, mas pouco usufruí-
ram das vantagens daquela nova situação.
Figura 1 – Johann Moritz Rugendas, Rua Direita no Rio de Janeiro (1821-1825)
Fonte: Wikimedia Commons
Para além das necessidades dos “brasileiros”, de forma geral, foi convocada a Assem-
bleia Constituinte em 22 de junho de 1822. As eleições dos representantes aconteceram 
sob aplausos populares no Rio de Janeiro, mas sob a desconfiança de José Bonifácio e, 
principalmente, do imperador. Os debates na Constituinte giravam em torno da supre-
macia do Legislativo ou do Imperador. Como dito anteriormente, de supremacia de uma 
monarquia soberana ou de um governo constitucional.
Na verdade, as coisas não foram tão simples assim. Mesmo os liberais que se batiam 
pela supremacia do legislativo, defendiam o estabelecimento de um executivo forte, o 
que os levou a ver na figura de D. Pedro a possibilidade de manutenção da ordem e da 
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unidade territorial. Porém, o executivo, desde a convocação da Assembleia Constituinte, 
colocou esta sob desconfiança, é o que se denota da fala do imperador quando afirmou 
“que só aceitaria a Constituição a ser elaborada ‘se fosse digna’ dele Imperador, e do 
Brasil” (CUNHA, 1993, p. 243).
Os constituintes debateram e aprovaram a proposta de as leis promulgadas pela 
Assembleia não necessitarem de aprovação prévia do imperador, aprovando projeto 
apresentado em 12 de junho de 1823, “pelo qual as leis de sua autoria dispensavam a 
sanção do Imperador”. O que estava colocada era a disputa pelo “juramento prévio, a 
luta pelo reconhecimento da soberania popular” (CUNHA, 1993, p. 244). É preciso não 
esquecer que a “soberania popular” do momento restringia-se a um pequeno grupo de 
pessoas consideradas cidadãs, pois o voto era censitário e indireto.
A promulgação das leis “sem sanção”, solenemente levadas ao Impera-
dor, mas apenas para que ele as assinasse e fizesse publicar, marca o 
ponto crucial na história da Assembleia. A primeira vista, essa espécie 
de imposição seria última gota sobre a impaciência de D. Pedro, ou pelo 
menos a irritação mais convincente. (CUNHA, p. 246)
O que estava posto na decisão da Assembleia era o fato de que o imperador deveria 
obediência às leis, o que dava certa supremacia àquela. Porém, tentou-se uma saída de 
compromisso, deixando ao imperador “o direito de sanção às futuras leis ordinárias”. Se 
essa solução fosse levada a cabo, D. Pedro “verificaria que o propósito da Assembleia 
era simplesmente o de garantir a autonomia da tarefa que a nação lhe confiara”. Sabe-
ria o imperador “que a Constituição não pretendia cercear os poderes inerentes a um 
‘executivo forte’ – salvo apenas, adiantemos, o arbítrio de dissolver uma casa legislativa” 
(CUNHA, 1993, p. 247).
No dia 1º de setembro, o projeto de Constituição foi lido, deixando-se “passar mais 
tempo, certamente necessário para que Carneiro da Cunha completasse o amaciamento 
da imperial suscetibilidade”. D. Pedro recebeu, em 20 de outubro, o projeto “declarando 
que recebia ‘com sumo prazer’ as leis que a Assembleia lhe enviava” (CUNHA, p. 247).
Mas tudo leva a crer que o imperador não estava disposto a se submeter à Assem-
bleia. A demissão de José Bonifácio e de seu irmão do Ministério acendeu a veia nati-
vista: “José Bonifácio, mesmo favorável à centralização política nas mãos do imperador, 
sempre foi contra a participação portuguesa no jogo político”. O ministro decretou “sem 
efeito as graças e ofícios pertencentes a pessoas residentes em Portugal e mandava se-
questrar as mercadorias, prédios e bens pertencentes a vassalos lusos”. Esses decretos 
agitaram os meios portugueses, inclusive D. Pedro, que “era mais um português, entre 
tantos que residiam e possuíam bens de raiz no Brasil” (ROMPATO, 2001, p. 190). 
D. Pedro estaria aproximando-se dos portugueses? É bastante provável que o imperador 
estivesse se preparando para agir sem ser tutelado, daí a demissão do ministro. Esse fato 
foi explorado pelos Andradas, pelo jornal O Tamoio, que incentivava o nacionalismo.
Destes veículos de paixão desatinada, e não da maioria da Assembleia, é 
que partiram também as objurgatórias do estilo nacionalista (“traidores” 
etc.) contra o ministério que mandara incorporar ao exército brasileiro 
uns prisioneiros lusitanos, produto da refrega recém terminada na Bahia. 
(CUNHA, 1993, p. 248)
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UNIDADE O Primeiro Reinado (1822-1831)
Faltava um motivo para o imperador proceder ao fechamento da Assembleia. Este 
foi dado por um fato que poderia ter passado despercebido e resolvido pela proposta da 
maioria dos parlamentares. Trata-se do episódio em que “oficiais do exército brasileiro, 
portugueses de nascimento foram encarregados de vigiar um dos emissários de D. João 
VI, autorizado a desembarcar no Rio por se achar gravemente enfermo [...] Ao serem 
rendidos, os oficiais declararam ser inútil fiscalizar um doente” (CUNHA, 1993, p. 249).
Foi o suficiente para jornais como O Sentinela chamar os oficiais, lembremo-nos 
de nacionalidade portuguesa, de traidores, o que levou os deputados Antônio Carlos e 
 Martim Francisco “a bradar por ‘vingança’ – ao passo que O Tamoio e O Sentinela 
redobravam de furor patriótico e despejavam torrentes de insultos sobre brasileiros de 
origem lusa e sobre o ministério, não deixando de insinuar violência contra o próprio 
Impe rador” (CUNHA, 1993, p. 249). A maioria dos Constituintes não fez caso do episó-
dio e declararam que esta era uma questão a ser resolvida pelo judiciário. Porém, dado 
ao afluxo de populares, a sessão da Assembleia foi suspensa. 
Quando Antônio Carlos e Martim Francisco saíram carregados pela multidão, o impe-
rador olhando da janela do Paço “parecia buscar um excitante para a execução final. As 
tropas começaram a mover-se e a se congregar em torno do Imperador; a população 
entrou a se alarmar” (CUNHA, 1993, p. 251).
No dia seguinte, 11 de novembro, ao se reunir novamente a Assembleia, o clima já 
era desesperador. Ainda se buscou a conciliação com D. Pedro. Pareceres conciliadores 
foram redigidos, inclusive com a participação do ex-ministro, José Bonifácio:
Na noite da agonia, de 11 para 12 de novembro de 1823, a Assembleia 
manteve-se, por proposta de Antônio Carlos, em sessão permanente. 
Ao princípio da tarde do dia 12, era dissolvida por um decreto em que o 
imperador declarava haver “convocado aquela Assembleia a fim de salvar 
o Brasil dos perigos que lhes estavam iminentes”, mas,” que havendo ela 
perjurado na defesa da pátria e de sua dinastia, havia por bem dissolvê-la” 
[...] Depois da dissolução da Assembleia, D. Pedro, arvorando no chapéu 
ramos de cafeeiro, percorreu, com grande séquito, as ruas da cidade, 
sendo aclamado por portugueses e por um bando de moleques. Mas a 
impressão geral era realmente de tristeza. Daí em diante, até a abdicação, 
D. Pedro lutaria contra o partido dos brasileiros. (CRUZ, 1993, p. 186)
Era o final da Constituinte e, pelo menos temporariamente, das disputas entre o exe-
cutivo e o legislativo, mas iniciava-se uma nova disputa,com o partido dos brasileiros. 
A saída encontrada pelo imperador D. Pedro I foi a outorga de uma Constituição, a qual 
foi publicada em 1824, e que incorporou várias propostas debatidas pela Assembleia 
Constituinte dissolvida.
A Presença da Monarquia e 
as Novas Dinâmicas Político Sociais
Após o fechamento da Constituinte, já no dia 13 de novembro, o imperador determi-
nou que o Conselho de Ministros e mais quatro membros escrevessem a Constituição do 
império. O principal autor a quem se atribui a elaboração da carga magna foi Carneiro 
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de Campos. O projeto deveria ser enviado para as câmaras municipais para que estas 
fizessem as observações que achassem necessárias.
A 11 de dezembro, o Conselho, que se reunia assiduamente sob a presi-
dência de D. Pedro, dava por terminado o seu trabalho; publicada a 20, 
entrou logo a receber os sufrágios das câmaras; pouquíssimos ousariam 
agora apresentar “observações”; já um decreto de 26 de dezembro sus-
pendeu as eleições de novos constituintes, em atenção à edilidade da 
Corte, que pedira fosse o projeto e a Constituição jurada logo a 9 de 
janeiro para comemorar o segundo aniversário do Fico. Prolongou-se, 
no entanto, a comédia do assentimento popular; a 25 de março de 1824 
a Constituição do Império foi solenemente jurada na Catedral do Rio de 
Janeiro. (CUNHA, 1993, p. 253)
É importante voltar um pouco no tempo e relembrar o cerimonial de sagração de 
D. Pedro como imperador do Brasil. O cerimonial tem como fundamento “a alegação de 
um poder superior (o de Deus) que se elege e empossa D. Pedro e, se à divindade cabe 
a escolha do novo governante, os cidadãos e os seus representantes (inclusive a Assem-
bleia Constituinte) estão alheios à supremacia do Imperador” (OLIVEIRA, 2005, p. 58). 
Portanto, não cabe à Assembleia a superioridade, e sim, ao imperador.
Como foi dito anteriormente, os trabalhos da Constituinte não foram totalmente em 
vão e avançaram em alguns temas. “As reuniões da Assembleia [...] formularam os ter-
mos jurídicos da nova sociedade civil e dos poderes políticos, inclusive do Imperador. Foi 
preciso admitir a liberdade política dentro do novo governo, mas também coordená-la 
com o princípio de um poder supremo” (OLIVEIRA, 2005, p. 59). O poder depositado 
na pessoa do monarca foi incluído na Constituição de 1824, instituindo-se um quarto 
poder ao lado do legislativo, do executivo e do judiciário.
O Poder moderador, descrito no texto constitucional, detém o poder de 
dissolução da Câmara de deputados, pode afastar juízes suspeitos, inter-
vir nos atos das Assembleias das Províncias. Este poder atuaria, enfim, 
como instrumento de pressão e intervenção nos demais poderes, ale-
gando a “salvação do Estado” em situações de ameaça à ordem pública. 
(OLIVEIRA, 2005, p. 59)
Além das prerrogativas acima, o Poder Moderador atribuía ao monarca “a escolha de 
senadores a partir de uma lista tríplice; a livre nomeação de ministros; [...] a formação 
do Conselho de Estado (constituído por membros do senado com mandato vitalício) e a 
nomeação de juízes” (ROMPATO, 2001, p. 191). A liberdade política foi garantida, po-
rém, restringida pelo “critério censitário para o exercício do direito cívico e pelo processo 
indireto de eleição” (OLIVEIRA, 2005, p. 59). Como ressalta Dolhnikoff (2008), o esta-
belecimento do Poder Moderador não acabou com a representação política.
A opção pelo quarto poder era uma solução, entre outras, para uma ques-
tão presente em todas as monarquias constitucionais representativas do sé-
culo XIX: definir o papel do rei em um governo representativo, dada à na-
tureza hereditária e irresponsável do cargo. (DOLHNIKOFF, 2008, p. 16)
Apesar do poder de dissolver a Câmara, o imperador tinha que conviver com ela, 
pois as leis eram votadas pelos parlamentares eleitos e, mesmo quando o monarca 
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UNIDADE O Primeiro Reinado (1822-1831)
decidia pela dissolvição, era necessária a convocação de eleições para a constituição 
de uma nova Câmara. Como demonstra Dolhnikoff, o monarca tinha dificuldades para 
aprovar determinadas leis no Congresso, como foi o caso da Lei do Ventre Livre e dos 
Sexagenários, isto:
[...] evidencia que, mesmo sob ameaça de dissolução, os deputados impu-
nham resistência à vontade do imperador. Além disso, alto custo político 
da dissolução provavelmente funcionava como um freio para que ela não 
fosse praticada com frequência. Como nota Sérgio Buarque de Holanda, 
era um “recurso extremo, que a própria carta de 1824 só admite em casos 
de exceção [...] e é de supor que seu uso seguido e indiscriminado poderia 
ameaçar a própria segurança do sistema”. (DOLHNIKOFF, 2008, p. 17)
Os fazendeiros e grandes comerciantes tinham forte influência no Congresso, consa-
grando aos parlamentares poder na relação política com o executivo e o Poder Moderador. 
Estava a cargo dos deputados “a elaboração do orçamento, que determinava os recursos 
para o funcionamento dos outros poderes, até o controle da constitucionalidade que, no 
século XX, concentrou-se no exame das leis provinciais” (DOLHNIKOFF, 2008, p. 17).
Como destaca Rompato, o imperador tentou controlar o Congresso a partir do Con-
selho de Estado e do senado, armando um governo de conservadores aristocratas, dadas 
as prerrogativas que o Poder Moderador lhe concedia. É preciso lembrar que vigorou 
no Brasil, no período 1824-1889, uma monarquia constitucional e que, portanto, “as 
decisões de política nacional eram todas tomadas no parlamento: escravidão, organiza-
ção institucional, força militar, criação de tributos, obras públicas etc.” (DOLHNIKOFF, 
2008, p. 17-18). O Congresso brasileiro era dominado por representantes dos fazen-
deiros e grandes comerciantes, que mantinham a maioria da população livre – pois 
escravos não eram considerados cidadãos – afastada das decisões políticas, por meio de 
mecanismos restritivos em relação ao eleitorado.
[...] a Constituição de 1824 dividia os homens livres em cidadãos ativos e 
passivos, ou seja, a constituição instituiu uma distinção entre direitos civis 
e direitos políticos. A cidadania política estava restrita aos proprietários 
ou empregados públicos ou privados que alcançassem um determinado 
nível de renda. (ROMPATO, 2001, p. 190)
Durante o Império, as restrições aumentaram em relação à cidadania política, pois 
“A lei de 1846 indexou em prata os valores exigidos para votar e ser eleito. A Lei de 
1875 tornou mais rigoroso o processo de qualificação dos eleitores, e a Lei de 1881 
eliminou a eleição em duas fases, excluindo os votantes, e introduziu a exigência de ser 
alfabetizado” (DOLHNIKOFF, 2008, p. 17-18). O sistema eleitoral elaborado pela Cons-
tituinte de 1823 e adaptado pela Constituição de 1824 excluiu a maioria da população 
livre e branca do processo político. Também estavam fora da vida política os negros e 
mestiços escravizados, pois não eram considerados sujeitos de direito. “Assim, o jogo 
político era privilégio exclusivo de uma ínfima camada dominante” (ROMPATO, 2001, 
p. 190). Desta forma:
No Brasil, o desafio de construir um governo representativo centrou-se na 
forma de organizar as instituições, de modo a adaptar os modelos conhe-
cidos à realidade específica do país. Os políticos brasileiros acalentaram 
projetos distintos, tendo em vista concepções diversas de representação e 
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diferentes interesses projetados na ordem institucional. A opção por um go-
verno representativo permitiu trazer para o interior do Estado as disputas de 
interesses entre os diversos setores da elite. (DOLHNIKOFF, 2008, p. 17-18)
O liberalismo no Brasil foi adaptado à realidade dos homens que tomaram o poder em 
1822: “Se, por um lado, procurava-se a liberalização da economia eliminando todo tipo 
de monopólio ou privilégios comerciais, por outro, mantinha a ordem social escravo-
crata, contrariando o princípio básico da economia liberal” (ROMPATO, 2001, p. 190). 
A Constituição outorgada em 1824 declarava a igualdade de todos, porém, mantinha 
milhões escravizadosfora do conceito de cidadão: “A Constituição garantia o direito 
de propriedade, mas 19/20 da população rural que não se enquadrava na categoria de 
escravos eram compostas de ‘moradores’ vivendo em terras alheias sem nenhum direito 
a elas” (COSTA, 1998, p. 61).
A liberdade de pensamento e expressão, a segurança individual e a independência 
da justiça foram asseguradas pela Constituição. Porém, aqueles que ousavam utilizá-las 
eram, geralmente, perseguidos e muitas vezes mortos pelos detentores do poder. A jus-
tiça e a administração “transformaram-se num instrumento dos grandes proprietários” 
(COSTA, 1998, p. 61).
Apesar de a Constituição abolir a tortura, “nas senzalas continuava-se a usar os tron-
cos, os anjinhos, os açoites, as gargalheiras, e o senhor decidia da vida e da morte dos seus 
escravos” (COSTA, 1998, p. 61). Mesmo a Carta Magna garantindo “o direito de todos 
serem admitidos aos cargos públicos, sem outra diferença que não fosse a de seus talentos 
e virtudes [...], o critério de amizade e compadrio, típico do sistema de clientela vigente, 
prevaleceria nas nomeações para os cargos burocráticos” (COSTA, 1998, p. 61).
Como afirmado anteriormente, a Constituição outorgada em 1824 preservou muitas 
características do projeto elaborado pela Constituinte de 1823, principalmente no que 
diz respeito às camadas dominantes, que
[...] reservaram para si todas as vantagens políticas resultantes da inde-
pendência. Apesar do conflito entre os constituintes e Dom Pedro I, que 
levou à dissolução da Assembleia e à Constituição outorgada de 1824, 
esta manteve as diretrizes básicas do projeto elaborado pelos deputados 
constituintes em 1823. Assim, os privilégios da camada dominante foram 
mantidos. (ROMPATO, 2001, p. 190)
Em resumo, ao contrário da Constituinte de 1823, que previa a “emancipação lenta 
dos negros”, o texto de 1824 excluía os escravos da cidadania e vetava aos libertos o direito 
de voto. Jurada em 25 de março de 1824 na Catedral do Rio, a Constituição instituía o 
Poder Moderador que, ao contrário da máxima de seu idealizador, o francês Benjamin 
Constant (“o rei reina, mas não governa”), tornava o Imperador do Brasil uma entidade 
inviolável e sagrada, não separava claramente os poderes Executivo e Moderador, determi-
nando que o Imperador também seria “o chefe do poder Executivo”, através dos ministros. 
Apesar de suas contradições, a Carta de 1824 persistiu durante todo o Império, até ser 
substituída pela Constituição Republicana de 1891 (MUGGIATI, 2006, p.47).
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UNIDADE O Primeiro Reinado (1822-1831)
Figura 2 – Gianni, Alegoria ao juramento da Constituição brasileira 
de 1824 (c. 1830), Museu Histórico Nacional
Fonte: Wikimedia Commons
Na referência à imagem da alegoria de Giani, existe uma descrição desta como 
“D. Pedro I e a Constituição – luta contra o despotismo”, configurando as críticas ao 
Poder Moderador. Este foi o arranjo constitucional instituído no império brasileiro que 
só foi alterado a partir da Revolução de 1930, pois a República, proclamada em 1889, 
manteve a maioria dos critérios eleitorais e de poder do regime anterior.
A questão do Poder Moderador polarizou de tal modo o debate político do Império e 
boa parte da literatura jurídica do período que a questão das funções do Estado adquiriu 
centralidade nas análises, em prejuízo, por exemplo, de estudos sobre os direitos dos 
cidadãos, então comuns na França e nos Estados Unidos (GRINBERG, 2008). Neste 
momento, o Imperador era figura inviolável e sagrada, centro de uma Corte que vivia às 
voltas com a reafirmação de suas posições e com os acontecimentos relativos ao “impe-
rador galante”, que cavalgava pela cidade em busca de mulheres, detendo liteiras na rua 
e fazendo propostas a qualquer passageira que lhe agradasse. 
Ele casou-se duas vezes, com D. Maria Leopoldina e com D. Amélia Augusta, mas foi 
famoso o seu caso com a Marquesa de Santos, D. Domitila de Castro. Após o fim do caso 
com a Marquesa, que influenciava muito as suas decisões políticas, o casamento com 
D. Amelia proporcionou uma reaproximação com José Bonifácio, em 1829 (MUGGIATI , 
2006), que chegou a ser tutor do futuro D. Pedro II, após a abdicação de D. Pedro I. 
16
17
Já D. Leopoldina era da corte austríaca, mulher culta e politicamente influente, que 
logo em sua chegada ao Brasil, no ano de 1817, havia sido acompanhada por uma 
missão científica formada por naturalistas, desenhistas e pintores, que ampliaram a 
produção de conhecimentos sobre o Brasil. Ela procurou reorganizar a extinta Casa 
da História Natural, conhecida como Casa dos Pássaros, do que resultou a criação em 
1818 do Museu Real, destinado ao estudo e à divulgação das ciências naturais no Brasil 
(NEVES, 2008). 
D. Leopoldina ainda assumiu por duas vezes a regência do Brasil, sendo que a se-
gunda vez, no ano de 1826, logo antes de seu falecimento, foi devido às viagens de 
D. Pedro ao sul do país para acompanhar os conflitos cisplatinos. A primeira Imperatriz 
teve relevância fundamental no processo de constituição do Império do Brasil, já que 
todo o seu preparo convergiu para formar uma governante que interferia politicamente 
e que teve atuações destacadas, influenciando decisivamente dois acontecimentos da his-
tória brasileira: o dia do Fico e o dia da Proclamação da Independência, tendo assinado 
o decreto de separação definitiva do Brasil de Portugal, quando era regente interina e 
presidente do Conselho de Estado (AQUINO, 2006). Uma figura que, apesar de deixar 
a cena de forma prematura em 1826, imprimiu sua marca e influenciou o status quo de 
D. Pedro I como Imperador.
A Confederação do Equador 
e a Guerra da Cisplatina 
A Confederação do Equador de 1824 é, de certo modo, continuidade da Revolução 
Pernambucana de 1817, movimento que eclodiu em 1817 em Pernambuco e áreas de 
sua influência – Paraíba, Ceará, Rio Grande do Norte e Alagoas – que tinha como obje-
tivo “instituir um regime que pretendia ser, ao final de contas, republicano. Esses amplos 
setores da sociedade pernambucana e das demais ‘Províncias do Norte” ensejaram uma 
separação radical da monarquia Portuguesa” (SILVA, 2008, p. 200). Vamos relembrar 
os principais fatores que levaram à eclosão da Revolução Pernambucana. 
A chegada de D. João VI ao Brasil, estabelecendo o Rio de Janeiro como centro do 
Império Luso-brasileiro, foi sem dúvida um desses fatores.
Em torno do rei, nobres, burocratas, comerciantes de “grosso trato”, 
grandes proprietários, militares, vindos de Portugal ou naturais do Brasil, 
estabelecidos no Centro-Sul, constituíam uma rede de interesses comuns, 
definiam afinidades, alianças, “interiorizando a metrópole”, com o que, 
de um lado, afastavam-se das forças colonialistas estabelecidas na pátria-
-mãe e, de outro, subjugavam, política e economicamente, as demais 
regiões do “continente do Brasil”, convertidas em neocolônias, agora do 
Rio de Janeiro. (VILLALTA, 2003, p. 1)
Estabelecido no Brasil, Dom João abriu os portos, concedendo vantagens à Inglaterra 
por meio do Tratado de Comércio de 1810.
No Nordeste, o ano de 1817 foi marcado pela recessão agravada pela seca de 1816, 
“que diminuíra a produção dos setores de abastecimento e da agroexportação, tendo essa 
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UNIDADE O Primeiro Reinado (1822-1831)
última caído a níveis inferiores aos anos 1805-07”. Essa crise afetou também os grandes 
proprietários ligados ao setor de agroexportação, alguns, inclusive, “foram obrigados a 
dispor de parte ou do todo das terras e, ainda, dos escravos” (VILLALTA, 2003, p. 2).
O descontentamento entre brasileiros e portugueses foi também importante combus-
tível a alimentar os revoltosos de 1817. 
Os lusitanos dominavam o comércio, impondo preços altos aos produtos que os gran-
des proprietários importavam e, ao mesmo tempo, pagando preços baixos aos gêneros 
que exportavam, fatores que causavam descontentamento entre os grandes fazendeiros.
Nas tropas, igualmente, havia tensões a separar brasileiros e portugue-
ses. Portugueses ebrasileiros disputavam os postos mais elevados da 
hierarquia militar. A legislação estabelecida com a chegada da Corte fa-
vorecia as tropas de linha, em detrimento das milícias, no que se refere 
à obtenção de patentes para novos postos, sendo que as tropas de linha 
geralmente identificavam-se com os portugueses, e as tropas auxiliares, 
com os nascidos no Brasil. (VILLALTA, 2003, p. 2)
Além disso, havia desentendimentos entre brancos e negros e mestiços livres, pois 
estes eram comandados por aqueles. Esses fatores somados contribuíram para o esta-
belecimento da lusofobia, ou seja, sentimentos e ações hostis aos lusitanos, pois “brasi-
leiros” acusavam portugueses de monopolizarem o comércio e de garantir os melhores 
cargos, tanto civis como militares.
Em meio a tantos conflitos, Pernambuco assistia à circulação de livros e 
ideias que incitavam à sedição: da França, as ideias de Condorcet, Mably, 
Raynal, Rousseau, Volney, Voltaire etc. e as constituições revolucionárias 
de 1791, 1793 e 1795, que eram pregadas em praça pública, em Recife; 
dos EUA, a Constituição. (VILLALTA, 2003, p. 2)
Existem outros fatores, mas apontamos anteriormente os que consideramos princi-
pais. A revolta já vinha sendo preparada desde fins de 1816 e estava programada para 
começar em 16 de março de 1817. Porém, o governador de Pernambuco, Miranda 
Montenegro, recebeu denúncia de que em reuniões secretas organizavam-se revoltas 
contra o governo e “comunicou uma ordem do dia para as tropas, conclamando-as à 
obediência à monarquia e à harmonia entre brasileiros e portugueses” (VILLALTA, 
2003, p. 9).
No dia 6 de março, Miranda Montenegro realizou um Conselho de Guerra, sendo 
ordenada a prisão dos líderes dos revoltosos. Num primeiro momento, foram presos os 
civis. Porém, quando o governador ordenou a prisão dos líderes militares, houve resis-
tência e, na Fortaleza das Cinco Pontas
[...] o capitão José de Barros Lima, o “Leão Coroado”, resistiu, assassi-
nando o brigadeiro português Barbosa de Castro e, depois, outro oficial 
enviado pelo governador, o tenente-coronel Alexandre Tomás, também foi 
morto. Com isso, desencadeou-se uma insubordinação geral nas fileiras 
do regimento de artilharia, ao qual vieram se somar as milícias, chegando 
a um total de 2.500 a 3.000 homens rebeldes. (VILLALTA, 2003, p. 9)
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A revolta preparada para 16 de março acabou sendo atropelada pelos fatos e teve início 
no dia 6. Na cidade de Recife, a multidão gritava por independência e liberdade para os 
nativos, e morte aos europeus: “Os revoltosos promoveram a libertação de detidos políti-
cos e criminosos comuns, ao que se seguiram ataques de libertados das cadeias, de mula-
tos e de negros livres e escravos aos que tentavam fugir do Recife (VILLALTA, 2003, p. 9).
Não podendo conter a revolta, Mirando Montenegro refugiou-se na fortaleza de Brun e 
abdicou do cargo de governador, dirigindo-se para o Rio de Janeiro: “Já os comerciantes 
portugueses abandonaram a cidade do Recife, fugindo para a Bahia, informando os fatos 
ao conde dos Arcos, governador da Bahia entre 1810-17” (VILLALTA, 2003, p. 9).
Com a fuga do governador, os revoltosos instalaram um governo provisório em 7 de 
março de 1817 e proclamaram uma lei Orgânica estabelecendo o regime republicano. 
Várias medidas foram tomadas para organizar o novo governo. Porém, as divisões inter-
nas acabaram por enfraquecer os governantes.
A principal divisão se deu em relação aos escravos. Alguns postulavam a utilização 
deles na luta contra os realistas (contrarrevolucionários), mas a aristocracia rural temia 
que a participação de escravos pudesse levar à repetição da Revolução haitiana, na qual 
negros rebelados expulsaram franceses e ingleses, constituindo a primeira República 
negra da América.
Enfraquecido por essa divisão, o governo teve de enfrentar o bloqueio do 
porto do Recife e os ataques terrestres vindos do interior, o que tornou a 
situação da cidade muito difícil. Na realidade, antes da chegada das forças 
da Bahia, a república já estava derrotada militarmente, defrontando-se com 
a luta civil, travada por realistas e patriotas. Entre 19 e 20 de maio de 1817, 
cerca de 6.000 patriotas (incluindo escravos e libertos) deslocaram-se do 
Recife para Olinda, carregando bagagens, artilharia e cofre militar, deixan-
do Recife deserta. Os revolucionários, em meio às dificuldades, organiza-
ram a ditadura, comandada por Domingos Teotônio Jorge, o representante 
da Forças Armadas. A ditadura negociou a rendição, não aceita por todos 
os revoltosos, que resistiram, no interior. No dia 20 de maio, “as bandeiras 
reais voltaram a ser arvoradas no Recife abandonado pelos remanescentes 
do exército patriota”. (VILLALTA, 2003, p. 10)
É importante ressaltar que o ideal da Revolução Pernambucana não foi o da indepen-
dência, mas sim, da autonomia provincial, o qual será resgatado em 1824. Os revoltosos 
de 1817 almejavam, “acima de tudo, administrar a província nos marcos da monarquia 
constitucional o mais amplamente possível, isto é, com forte acento na autonomia 
provincial” (SILVA, 2008, p. 204). Após a derrota do movimento de 1817, um novo 
fato marcará a região nordeste do Brasil. Como analisamos anteriormente, em 1820, 
eclodiu a Revolução do Porto que, na região estudada, já influenciada por ideias liberais, 
foi vista como positiva, pois as Cortes portuguesas autorizaram a constituição de Juntas 
Provisórias de Governo.
É nessa linha que se entende porque a primeira Junta de Governo Pro-
visório de Pernambuco, mas também as de outras “províncias do Norte”, 
como a da Paraíba, custassem a reconhecer a autoridade do príncipe 
regente e a pertinência daquilo que se passou a denominar de “indepen-
dência”. (SILVA, 2008, p. 206)
19
UNIDADE O Primeiro Reinado (1822-1831)
Quando da Proclamação da Independência do Brasil, em 1822, D. Pedro I interveio 
na região, destituindo a “primeira Junta Provisória de Pernambuco, presidida por Pires 
Ferreira”, promovendo “a eleição da chamada Junta dos Matutos (outubro de 1822 
a dezembro de 1823)”, colocando “os senhores de engenho da Mata Sul no poder da 
província. Desse modo, derrubava-se o governo constituído de modo a pavimentar os 
caminhos tortuosos da independência em Pernambuco” (SILVA, 2008, p. 206).
Entretanto, como D. Pedro I acenou para com uma proposta constitucional, o que 
levou os federalistas de Pernambuco a aceitarem a independência, pois para eles isso 
“equivalia conferir aos grupos locais o direito de administrar rendas, controlar força mi-
litar e, sobretudo, exercer governabilidade dos povos” (SILVA, 2008, p. 207).
Contudo, as expectativas dos federalistas logo foram frustradas e eles perceberam 
que D. Pedro I estava mais comprometido com a lealdade dinástica do que com a mo-
narquia constitucional. O fechamento da Assembleia Constituinte em 1823, as “ações 
contrárias à liberdade de imprensa [...] e a carta de lei de 20 de outubro de 1823, que 
acabava com as Juntas e instituía a presidência da província, deixavam claro que as pre-
tensões federalistas estavam com seus dias contados” (SILVA, 2008, p. 208). 
No final de 1823, Pernambuco estava muito próximo da guerra civil. O Grande 
Conselho foi convocado, pôs fim à Junta dos Matutos e nomeou “nova Junta, enquanto 
o imperador não informasse quem seria o primeiro presidente provincial”. Chegavam 
ao governo pessoas que tinham uma ligação com a revolta de 1817: “Desse grupo 
fazia parte frei Joaquim do Amor Divino Caneca, o poeta e advogado mulato José da 
Natividade Saldanha e o comerciante de grosso Manoel de Carvalho Paes de Andrade” 
(SILVA, 2008, p. 210).
Caneca e seu grupo acreditavam que o imperador mantinha princípios constitucio-
nais e que estava sendo influenciado por pessoas que buscavam a centralização política. 
Porém, quando D. Pedro I nomeou Francisco Paes Barreto como presidente da provín-
cia, ficaram claras aos federalistas as pretensões centralizadoras do monarca.
Paes Barreto fazia parte do grupo pernambucano que haviaaderido ao projeto cen-
tralizador do imperador. Sua nomeação data de “25 de novembro de 1823, mas quedara 
ignorada em Pernambuco até fevereiro de 1824” (SILVA, 2008, p. 210). O Conselho 
reunido resolveu não dar posse a Paes Barreto. A paz da província estava ameaçada: 
de um lado federalistas e de outro os centralizadores. Paes Barreto, em conjunto com 
outros centralizadores, constituiu, “em 22 de março de 1824, um governo independente 
na vila do Cabo, seu reduto ao sul da província. Por sua vez, a Junta Provisória convocou 
importantes sessões do Grande Conselho até as vésperas da Confederação do Equador” 
(SILVA, 2008, p. 211).
O Conselho, reunido a 7 de abril de 1824, votou pela nomeação de Paes Barreto, 
ao que se contrapôs frei Caneca, que argumentou que aceitar essa nomeação “era anuir 
às intenções anticonstitucionais do imperador e aceitar um projeto ‘despótico’ para a 
nação”. A guerra civil era iminente, o Conselho discutiu em “6 de maio e enviou tropas 
ao sul da província ‘para fazer guerra às tropas de Francisco Paes Barreto”’ (SILVA, 
2008, p. 211).
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Sem uma resolução que pusesse fim ao conflito entre centralizadores e federalistas, 
em 2 de junho, Manuel de Carvalho Paes de Andrade proclamou a Confederação do 
Equador. A intenção dos revoltosos era negociar com o governo imperial a constituição 
de uma monarquia constitucional, mas havia também os que propunham a República.
Paes de Andrade lançou manifesto conclamando as demais províncias do nordeste, 
principalmente, e Paraíba e Ceará aderirem à causa. Estas não aderiram completamente , 
apenas pequenos grupos, um pouco maiores no Ceará, organizando exércitos para lutar 
pela independência da região.
Em 2 de agosto de 1824, D. Pedro I enviou uma esquadra comandada por Cochrne, 
que se juntou a Paes Barreto e, em 12 de setembro, juntos atacaram o Recife. Manuel 
de Carvalho Paes de Andrade, que prometera lutar até a morte fugiu, partindo em um 
navio inglês. Frei Caneca e outros resistiram, fugindo para o Ceará na intenção de se 
juntar aos revoltosos lá organizados, porém foram derrotados.
Figura 3 – Antônio Parreiras, Estudo para Frei Caneca (c. 1918), 
Coleção Museu Antônio Parreiras
Fonte: Wikimedia Commons
Aniquilada a revolta, os sobreviventes foram julgados, 15 foram condenados à morte, 
entre eles frei Caneca. Assim, acabaram as lutas entre centralizadores e federalistas, 
ainda assim, é importante reafirmar que, mesmo os federalistas não tinham a intenção 
de dividir a império brasileiro.
A ideia segundo a qual o partido federalista de Pernambuco buscava uma 
via alternativa de construção do Estado e da nação toma consistência à 
medida que se compreende que o princípio de autogoverno provincial re-
cebia, então, duros golpes por parte dos poderes que se faziam cada vez 
mais centrais. Desse modo, uma aspiração histórica das “províncias do 
Norte” – a autonomia provincial – acabava por configurar um projeto de 
Nação, o que impede de ver o federalismo pernambucano, ou quaisquer 
outros, como “separatista”. (SILVA, 2008, p. 212)
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UNIDADE O Primeiro Reinado (1822-1831)
A rigor, ainda segundo Silva (2008), o que se origina no confronto entre, por um 
lado, o partido federalista e, por outro, o imperador e os centralizadores, não é a mera 
oposição de uma província isolada que insiste em manter seu autogoverno a despeito 
das medidas adotadas a partir de um centro qualquer de peregrinação. Antes, trata-se 
de um confronto entre dois projetos de nação para o que fora outrora o conjunto do 
território da América portuguesa.
Outro conflito fundamental do período, a crise Cisplatina, está ligado à independên-
cia das Províncias Unidas, aglutinadas pela Espanha, no final do século XVIII, com a 
criação do Vice-Reinado da Prata. 
Em 1810, os crioullos assumiram:
[...] a direção das Províncias que se uniram, dando o primeiro grito de 
independência da futura Argentina – a histórica “Jornada de Maio”. 
 Cisneros voltou para a Europa e a Junta que se formou em Buenos Aires , 
substituindo o Vice-Reinado, (a denominação Províncias Unidas do Rio 
da Prata foi adotada em 1813) enviou expedições militares tentando 
incorporar as Províncias recalcitrantes, ainda sob o domínio espanhol. 
(MARTINS, 2010, p. 2)
Crioullos: filhos de espanhóis nascidos na América.
Antes mesmo da configuração das Províncias Unidas do Rio da Prata, surgiu um 
personagem que colocará impedimentos para a completa união das províncias rebeladas 
contra a Espanha. 
José Gervasio Artigas não queria a Banda Oriental – futuro Uruguai – como parte 
da Espanha, das Províncias Unidades ou de Portugal; ele defendia a independência da 
região. Artigas foi nomeado capitão por sua participação na luta contra índios e contra-
bandistas, combatendo no Regimento “Blandengues” espanhol. Buscando seu objetivo 
de total separação, apoiou-se nas Províncias Unidas, já meio independentes. Ele deser-
tou do regimento espanhol
[...] e recorreu a Buenos Aires. Reconhecida sua rebelião, um punhado de 
compatriotas irrompeu a 28 de fevereiro de 1811 na Banda Oriental, nas 
margens do Arroio. [...] Em Buenos Aires, recebeu o posto de tenente-
-coronel e, apoiado por uma força de 3000 homens, invadiu a Banda 
Oriental. Reforçado por suas tropas de camponeses, seguiu de vitória 
em vitória sobre os espanhóis de Elio, e cercou Montevidéu. Sentindo-se 
sem capacidade de reagir, Elio solicitou o auxílio do Reinado português, 
já sediado no Rio de Janeiro. (MARTINS, 2010, p. 2)
O pedido do espanhol Elio foi muito bem recebido por D. João VI, que sempre nu-
triu esperanças de atingir as margens do Prata. As tropas portuguesas sediadas no Rio 
Grande do Sul invadiram a Banda Oriental, ao se aproximarem
[...] de Montevidéu foram surpreendidos pelo armistício assinado a 20 de 
outubro de 1811 entre a Junta de Buenos Aires e Elio, sem conhecimento 
de Portugal. Pelo Convênio, era levantado o cerco de Montevidéu; extinto o 
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Vice-Reinado e Elio regressava para a Europa (em seu lugar ficava o Gover-
nador da cidade, General Vigondet); e retiravam-se da Banda Oriental as 
tropas portuguesas (que só o fizeram em 1812). (MARTINS, 2010, p. 3)
Artigas e a Junta que governava Buenos Aires não acreditaram no armistício e, logo 
após a retirada das tropas portuguesas, o Exército platino cruzou o Rio Uruguai, acom-
panhado por Artigas. Cercaram Montevidéu. O General Vigodet tentou enfrentá-lo, mas 
foi derrotado em Cerrito (MARTINS, 2010, p. 4). As desavenças entre Artigas, que pre-
tendia a total independência da Banda Oriental, em relação ao Triunvirato, que passou 
a governar Buenos Aires, que pretendia unificar as Províncias, levaram ao afastamento 
de Artigas de Buenos Aires, inclusive abandonando o cerco de Montevidéu.
As Províncias Unidas do Rio da Prata declararam independência total da Espanha 
em 9 de julho de 1815. Porém, reinava a desordem política na nação em formação, 
além do que tiveram de abandonar a Banda Oriental, pois não tinham capacidade para 
enfrentar Artigas.
D. João VI, aproveitando-se da situação, ordenou a invasão da Banda Oriental, uti-
lizando como pretexto “a defesa de suas fronteiras ante a movimentação de Artigas. 
Seria uma ocupação provisória, como fora a de 1811” (MARTINS, 2010, p. 6). O rei de 
Portugal comunicou ao rei espanhol, em maio de 1815, que enviaria tropas portuguesas 
para a América, por conta da movimentação de Artigas. A intenção de D. João VI era 
de ocupação permanente da Banda Oriental, pois
[...] para garantia das fronteiras bastaria uma concentração das forças 
existentes no Rio Grande do Sul, não sendo necessário trazer da Europa 
os melhores e mais bem equipados e adestrados soldados de Portugal, 
de forma que, juntamente com as tropas locais, pudessem ser capazes de 
derrotar completamente Artigas, desencorajar as ambições das Provín-
cias Unidas do Rio da Prata e conseguir aos poucos a aprovação de seus 
habitantes à absorção da Banda Oriental pelo Reino do Brasil, Portugal e 
Algarves. (MARTINS, 2010,p. 6)
Para comandar a expedição portuguesa foi nomeado o Marechal de campo Carlos 
Frederico Lecor que, em 6 de junho de 1816, recebeu instruções para ocupar a cidade 
de Montevidéu e demais territórios localizados “deste lado do Rio Uruguai e instalar capi-
tania com um Governo separado e interno enquanto convenha à segurança de nossas 
fronteiras. E o nomeia Governador e Capitão-General, encarregado também das opera-
ções militares necessárias” (MARTINS, 2010, p. 10). Portugal, com Lecor como gover-
nador, dominou a Banda Oriental e depois a Província Cisplatina, entre 1816-1825.
Entre os anos de 1818-1819, Lecor combateu Artigas, enfraquecendo-o, enquanto ten-
tava “administrar a Banda Oriental tirando-a da difícil situação anterior, conquistando (ou, 
dizem alguns historiadores, ‘comprando’) quem podia atrair para seu lado” (MARTINS , 
2010, p. 11).Com a derrota de Napoleão em 1815, os portugueses passaram a reorgani-
zar e a exigir a volta do rei para Lisboa, o que enfraqueceu a ocupação da Banda Oriental.
D. João VI, antes de voltar a Portugal, determinou ao ministro Silvestre Pinheiro que 
resolvesse a questão Cisplatina. Em primeiro lugar, devia o agente enviado pelo ministro, 
João Manuel de Figueiredo, reconhecer a independência das Províncias do Rio da Prata. 
23
UNIDADE O Primeiro Reinado (1822-1831)
Em relação à Banda Oriental, D. João VI, por meio de seu ministro, dava três opções 
aos orientais: decidir pela incorporação ao reino de Portugal, juntar-se às Províncias do 
Rio da Prata ou se declarar independentes.
Silvestre Pinheiro não acreditava que a opção dos orientais fosse a de incorporação 
ao reino português. Porém, por manobra de Lecor, futuro Barão de Laguna, represen-
tante português em Montevidéu, os orientais optaram pela incorporação. D. João VI 
não ratificou a decisão e o ministro Silvestre Pinheiro acusou Laguna de proceder de 
forma arbitrária, elegendo:
[...] um simulacro de Assembleia Nacional composta não de deputados 
livremente eleitos por esse povo, mas escolhidos por V. Exa., e lhe fez 
declarar desejo universal de toda a Banda Oriental o voto unânime de 
ficarem unidos ao Reino do Brasil, debaixo da denominação de Província 
Cisplatina. (SOUZA, 1993, p. 324)
Estávamos no final de 1821 e o processo de independência do Brasil corria a passos 
largos. Com a confirmação da independência, Laguna não teve de se justificar com 
D. João VI e nem mesmo a Silvestre Pinheiro. Simplesmente comunicou a D. Pedro “que 
a incorporação se verificara de ordem de D. João, emanada do ministro competente, 
sem dizer, no entanto, a data do despacho e as condições prescritas para que os orientais 
escolhessem, sem plena liberdade, o futuro da província” (SOUZA, 1993, p. 325).
O Barão de Laguna, que estava na província Cisplatina com suas tropas, apoiou a 
independência brasileira; já D. Álvaro da Costa permaneceu fiel à causa portuguesa, 
domi nando a cidade de Montevidéu, de onde Laguna foi obrigado a fugir. Este conseguiu 
apoio de outros regimentos e atacou a cidade, conseguindo que muitos orientais decla-
rassem o interesse em “entrar na grande confederação do Brasil e aclamar por Impe-
rador o Sr. D. Pedro de Alcântara” (SOUZA, 1993, p. 325). A crise Cisplatina ganhou 
contorno de dramaticidade quando se declarou estar a banda oriental sob proteção do 
governo de Buenos Aires, em 20 de outubro de 1823, declarando, ainda, a nulidade do 
ato de incorporação de 1821.
Esta declaração não chegou a impressionar Lecor, que iniciou ataque a 
Montevidéu, fortalecido pelas tropas orientais e, principalmente depois, a 
18 de novembro, se firmou um acordo sobre a capitulação de Montevidéu. 
D. Alvaro da Costa e sua divisão de voluntários reais embarcaram para 
Portugal, enquanto o Barão de Laguna ocupava a cidade pela segunda 
vez. (SOUZA, 1993, p. 325)
A partir daí, a Cisplatina passou a compor o império brasileiro, contudo, a forma de 
incorporação era muito frágil. O governo de Buenos Aires, percebendo isto, em 15 de 
setembro de 182, enviou memorando ao governo brasileiro protestando contra a incor-
poração: “A este memorando se seguiu a nota de 26 de novembro, exigindo, em nome 
de seu governo, a entrega às Províncias Unidas do Rio da Prata de Montevidéu e sua 
campanha” (SOUZA, 1993, p. 326).
O governo de Buenos Aires ameaçava declarar guerra ao Brasil caso a solicitação 
não fosse atendida. O governo brasileiro contemporizava, tentando ganhar tempo, para 
que Lecor firmasse posição em Montevidéu. Mas logo após o ultimato do governo de 
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Buenos Aires, o futuro Visconde de Cachoeira respondeu “com uma extensa exposição 
dos fatos ocorridos na Banda Oriental, em que determinava posição do Brasil na ques-
tão, declarando que o governo do Império não podia entrar em negociações com o de 
Buenos Aires” (SOUZA, 1993, p. 326).
Em 17 de março de 1824, o governo de Buenos Aires enviou à banda oriental alguns 
soldados liderados por Lavalleja que, juntando-se à Rivera, opositor da incorporação bra-
sileira, ocupou “todo o território da Cisplatina, com exceção de Montevidéu e Colônia, 
depois das batalhas de Rincón e Sarandi, em que saíram vitoriosos Rivera e Lavajjela” 
(SOUZA, 1993, p. 326).
Pressionado pelos acontecimentos, o governo imperial declarou guerra, que se arras-
tou até 1827, tornando-se impopular, crescendo a oposição dentro do império: “A paz, 
no entanto, partiu de Buenos Aires. A situação em que se encontrava talvez fosse pior 
do que a do Império”, pois apesar de corsários danificarem a economia do império, “o 
bloqueio de Buenos Aires molestava o comercio portenho” (SOUZA, 1993, p. 327).
O governo de Buenos Aires enviou Manuel José Garcia como seu representante ao 
Rio de Janeiro para negociar a paz. O emissário portenho encontrou muita hostilidade 
na capital do império, pois neste momento, 7 de maio de 1827, havia uma explosão de 
patriotismo guerreiro. Manuel José Garcia, diante das hostilidades, teve de ceder e, para 
assinar o acordo de paz, teve de ultrapassar suas instruções, renunciando a qualquer 
pretensão das Províncias Unidas do Rio da Prata sobre a banda oriental. Devido às con-
dições impostas pelo império, o governo argentino não ratificou o tratado.
Em 1828, com o arrefecimento do patriotismo guerreiro na capital do império, foi 
possível chegar ao acordo de paz. Os negociadores brasileiros e portenhos, reunidos na 
Corte em 27 de maio, assinaram o acordo de paz.
Pelo artigo 1º declarava o Imperador do Brasil a Cisplatina separada do 
Império, para que pudesse “constituir-se em Estado livre e independente 
de toda e qualquer nação”. O governo da República das Províncias Unidas 
concordava, no Art. 2º, em declarar a independência “da província de 
Montevidéu, chamada hoje Cisplatina”. (SOUZA, 1993, p. 328)
A atuação da Inglaterra, que tinha interesses comerciais na região, contou para o 
processo de paz. A nação europeia, diante da indecisão dos conflitantes, acabou por 
definir a contenda, pois via “seu comércio prejudicado pelo ambiente bélico no Rio da 
Prata, com bloqueio, corsários indo e vindo, interveio, sugerindo um Convênio Prelimi-
nar, aceito com alguma dificuldade a 27 de agosto de 1828” (MARTINS, 2010, p. 22).
Como demonstra Candeas (2005, p. 5), o Brasil desistiu de qualquer pretensão so-
bre o Uruguai: “A Argentina, apesar dos êxitos militares, saiu derrotada econômica e 
politicamente. O Uruguai conquistou sua independência e a Inglaterra assegurou a livre 
navegação do Prata”.
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UNIDADE O Primeiro Reinado (1822-1831)
O Redescobrimento Científico 
do Brasil pelos Viajantes
Desde a dissolução da Assembleia Constituinte, D. Pedro I não era visto como um 
representante da nação, mostrando dificuldades em lidar com um sistema parlamentar. 
Preferia atuar cada vez mais no espaço provado da Corte, com seus conselheiros de ori-
gem portuguesa. As guerras da Cisplatina foram dispendiosas e terminaram em 1828, 
com a intervenção da Inglaterra, interessada em restaurar o comércio da região. 
O resultado foi aperda de território e de prestígio para o Brasil, incluindo a perda de 
apreço por D. Pedro, que era fustigado pelos vários periódicos criados naquela primeira 
década de existência do Império (MUGIATTI, 2006). Esse período foi marcado por uma 
produção literária de interesse, tanto por parte dos jornalistas brasileiros quanto por 
parte dos viajantes estrangeiros, em gêneros diferentes, mas que ajudavam a fomentar 
novas reflexões e descobertas sobre a sociedade e política do Brasil. Enquanto os jorna-
listas focavam na luta pelo constitucionalismo e pela liberdade de imprensa, os viajantes 
descreveram e também construíram imagens sobre as gentes do Império, criando um 
repertório que ressoará durante séculos nas ideias controversas que a Europa cultivou 
sobre o nosso país. 
Ao mesmo tempo, havia o levantamento de dados sobre a fauna, flora e de relatos an-
tropológicos sobre os “naturais” da terra, o que ocorreu de forma intensa a partir de dois 
momentos: com a Missão francesa de 1816 e com a Missão austríaca de D. Leopoldina. 
Esses botânicos, zoólogos e naturalistas percorreram vastas áreas do interior do Brasil e 
elaboraram obras de referência na documentação das características de várias regiões do 
país. Entre os nomes mais conhecidos: Johann Moritz Rugendas, Willen Piso, George 
Marcgraf, Johann von Spix, Carl von Martius e Maximiliano de Wied-Neuwied.
Figura 4 – Johann Baptist Von Spix e Karl Friedrich Philipp Von Martius, 
Aldeia dos coroados (c.1823-1831), Arquivo Nacional
Fonte: Wikimedia Commons
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Documentos desta espécie permitem ao historiador observar indícios do cotidiano, 
do capital de vivências de uma época, das maneiras distintas de ver o mundo; “explicitar 
hábitos e costumes; detectar fragmentos de laços de sociabilidades e reencontrar vestí-
gios de um tempo que foi construído e perenizado pela escrita” (MORGA, 2010, p.41). 
No entanto, é importante considerar, ao lidarmos com os registros dos viajantes, que
[...] no esforço de não se deixar seduzir por seus encantos, o historiador 
deve submeter os relatos escritos a ações como: construir hipóteses que 
problematizem a fonte; cruzar dados dessa fonte com os provenientes de 
outros locais de produção; considerar o passado ali descrito como uma 
representação do vivido, pois, ainda que distantes no tempo, os relatos 
diários são locus de subjetivação, no qual o indivíduo, ao narrar seu co-
tidiano e sua passagem pela vida no tempo histórico, delineia, também, 
uma configuração de si mesmo, em contraponto com o mundo que o 
rodeia. (MORGA, 2010, p.41)
Os registros presentes em artigos jornalísticos da mesma forma necessitam ser consi-
derados a partir das intenções de quem os escreve. Com as agitações do período impe-
rial, a imprensa alcançou desenvolvimento vertiginoso, fazendo oposição contra os atos 
arbitrários de D. Pedro I. Na altura da abdicação, a oposição intensificou-se, tendo como 
principais expoentes Libero Badaró, Cipriano Barata e Evaristo da Veiga, que escreviam 
artigos contra o poder autoritário, a liberdade de imprensa, o sistema representativo. 
Temas que contribuíram, em meio a uma série de outros episódios, para a queda do 
Imperador (MUGGIATI, 2006).
A partir de 1830, as crises se precipitaram. O assassinato do jornalista Libero Badaró, 
um dos adversários mais ferrenhos do governo imperial, inflamou os ânimos. No ano 
seguinte, em 1831, estouraram os conflitos conhecidos como a Noite das Garrafadas: 
“brasileiros” – aos gritos de “morte aos estrangeiros” e pedindo a “cabeça do tirano” – 
apagavam as fogueiras que os partidários do Imperador haviam acendido nas ruas do Rio 
de Janeiro para recebê-lo de uma viagem a Minas, em uma demonstração de apreço.
A crise política que levou à abdicação de D. Pedro I foi marcada por alguns fatores: 
as disputas entre Legislativo e Executivo; os arroubos centralizadores do monarca; o 
Tratado de Paz e Amizade de 1825; a Guerra Cisplatina; e o acordo que o imperador 
realizou com a Inglaterra, comprometendo-se a acabar com o tráfico a partir de 1831. 
As disputas entre Legislativo e Executivo foram retomadas a partir de 1826, quando 
foi reaberta a Câmara dos Deputados: “Pedro I já não lograva vantagens” (PEREIRA, 
2012, p. 152). Segundo Pereira, a convocação se deveu às dificuldades do tesouro, por 
conta do tratado de reconhecimento da independência brasileira por Portugal, a quem 
o Brasil pagou indenização de 2 milhões de libras, emprestados da Inglaterra, dos gas-
tos com a Guerra Cisplatina. Para contrabalançar o poder da Câmara dos Deputados, 
D. Pedro I contava com o Senado, vitalício e formado, na maioria, por pessoas escolhi-
das pelo monarca, o que revela “que o Legislativo logo foi tomado como um campo de 
disputa política” (PEREIRA, 2012, p. 152).
O Parlamento, era, portanto, um espaço de conflitos de poder, sobretudo 
porque o que estava em disputa era o direito à representação, à soberania 
do Brasil. As lutas centravam-se no desejo da oposição ao Imperador em 
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UNIDADE O Primeiro Reinado (1822-1831)
manter os poderes políticos em equilíbrio e, no entendimento, dos parti-
dários do monarca, de que ele era o principal representante do Império 
nascente. (PEREIRA, 2012, p. 157)
As disputas políticas não se deram apenas entre Legislativo e Executivo, aconteciam 
também no próprio seio do Legislativo, entre Senado e Câmara dos Deputados. Tais 
disputas apareceram já no início dos trabalhados da Assembleia Geral e giraram em 
torno do cerimonial de recepção ao imperador.
Como não houve consenso no Legislativo sobre o protocolo que regeria 
as sessões no Parlamento, coube ao próprio D. Pedro I decidir como 
se daria o cerimonial de recepção a ele mesmo. Sua Majestade, então, 
acatou a sugestão daqueles que, politicamente, lhes foram mais próximos 
[senadores], sepultando a prática que fora adotada durante as sessões 
da Constituinte de 1823. Com isso, acirrou ainda mais os ânimos entre 
senadores e deputados. (PEREIRA, 2012, p. 160)
As críticas de parte do Legislativo ao Executivo aumentaram com os desdobramentos 
da Guerra Cisplatina; como foi discutido anteriormente, esta não teve vencedores e preju-
dicou a economia brasileira, desgastando a imagem do imperador interna e externamente. 
Da Câmara dos Deputados partiam as principais críticas ao imperador. Os deputados 
Raymundo José da Cunha Mattos e Antônio Francisco de Paula Holanda Cavalcanti de 
Albuquerque “se destacaram pelas críticas à má administração do governo diante das 
lutas no Prata, mas, durante a Primeira Legislatura (1826-1829), Holanda Cavalcanti foi 
especialmente enfático ao criticar a questão econômica do Brasil, decorrente do Tratado 
de 1825 e de uma guerra fratricida” (PEREIRA, 2012, p. 154).
Os parlamentares utilizaram as críticas à condução da guerra pelo Ministério de 
D. Pedro I para atingir o monarca. O deputado Bernardo Pereira de Vasconcelos foi um 
dos principais críticos da atuação do Brasil na questão Cisplatina e “um dos principais 
artífices da crise que se instaurou entre o Executivo e o Legislativo à época” (PEREIRA, 
2012, p. 166).
O Tratado de Paz e Amizade, celebrado em 29 de agosto de 1825, foi outro elemento 
que acirrou as críticas dos deputados ao imperador. Esse tratado foi resultado “de um 
longo processo de negociações, envolvendo o reconhecimento da Independência do 
Brasil por Portugal, sob intermédio dos ingleses” (PEREIRA, 2012, p. 222).
Tal tratado tem como fundamento a transferência de D. João VI da soberania do Im-
pério do Brasil ao seu filho D. Pedro I, ou seja: “D. João VI reconhecia o novo país como 
um Império autônomo e legítimo, mas somente após a passagem da soberania ao seu 
descendente”, o que estava em consonância com os ditames das monarquias europeias, 
no qual prevalecia o princípio “da legitimidade, pelo qual o Rei cedia a D. Pedro a so-
berania”, contrariando o princípio pelo qual o povo, por “aclamação, investira D. Pedro 
de soberania”. Quando o monarca brasileiro aceitou esses termos do tratado,“criou as 
condições para que se explorasse uma ferida que não havia cicatrizado desde os debates 
de 1823, no âmbito da Constituinte” (PEREIRA, 2012, p. 224).
O Tratado de Paz e Amizade foi alvo de críticas pelos deputados, também por onerar 
as finanças do império, pois, para o reconhecimento da independência brasileira, o im-
perador autorizou pagamento de 2 milhões de libras esterlinas à Portugal como forma 
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de indenização, valor este emprestado da Inglaterra, o que aumentava a dívida brasileira 
com este país: “De maneira bastante perspicaz, os deputados explicitavam suas discor-
dâncias com o Tratado de Paz e Amizade. Aproveitaram o ensejo para reforçar o pro-
tagonismo da Câmara com um dos vértices do Legislativo” (PEREIRA, 2012, p. 226).
Os debates na Câmara dos Deputados foram acirrados; o governo enviou projeto 
para a Câmara, solicitando aprovação para o pagamento das indenizações, “os tribunos 
indicaram que o documento jurado às vésperas da instalação dos trabalhos parlamenta-
res não merecia atenção da Câmara por não se tratar de um projeto debatido e votado 
pelo Legislativo”. Porém, o artigo 102 da Constituição de 1824 legitimava as ações 
do executivo, o que levou a Câmara a reconhecer “como dívida pública o empréstimo 
contraído em Londres em maio de 1824 e em janeiro de 1825, bem como a dívida do 
Brasil com o governo português nos termos do Tratado de Paz e Amizade” (PEREIRA, 
2012, p. 226).
Outros temas acirraram também os debates no Legislativo e aumentaram as críticas 
ao Executivo, o que demonstra que parte da classe dominante e da classe média (médi-
cos, jornalistas, advogados, engenheiros e funcionários públicos) estava na oposição ao 
centralismo do monarca.
Os debates parlamentares demonstraram que os deputados, faziam vistas grossas para 
o fato de a Constituição ter sido outorgada por D. Pedro I. O Legislativo utilizava a carta 
magna como fundadora do Brasil, pois esta determinava as prerrogativas de seu poder.
E os parlamentares souberam se valer da letra da lei para se reafirmarem 
como os representantes mais legítimos do Estado que se forjava. Não 
à toa, que também explicitavam com muita frequência serem os novos 
tempos constitucionais, usando e abusando do frescor da liberalidade que 
o termo por si só inspirava. (PEREIRA, 2012, p. 239)
Segundo Pereira, conhecendo os anais da Câmara dos deputados pode-se afirmar que:
[...] o monarca abdicou, dentre outros fatores, porque ele mesmo não cum-
priu, não seguiu a risca o documento que outorgou, atacando direitos civis 
e políticos, perseguindo seus opositores e exagerando nas doses de autori-
tarismo. A mesma Constituição foi usada pelos opositores para “guilhotinar 
D. Pedro da cena política do Brasil Monárquico”. (PEREIRA, 2012, p. 239)
O Tratado de Paz e Amizade de 1825, que garantiu o reconhecimento da indepen-
dência brasileira por Portugal, continha mais um elemento para acirrar as relações entre 
o Executivo e o Legislativo, pois a Inglaterra, ao intermediar tal negociação, objetivou 
garantir a renovação do tratado de comércio de 1810, realizado ainda sob o governo 
de D. João VI, assim como insistiu num acordo para acabar com o tráfico de escravos 
para o Brasil.
A Inglaterra tinha interesses econômicos para pôr fim ao tráfico. Como produzia 
cana-de-açúcar nas Antilhas Britânicas e já havia cessado o tráfico de escravos para 
aquela região, exigia do Brasil que fizesse o mesmo, pois este, utilizando o trabalho 
escravo, levava vantagem em relação ao preço de produção. Os britânicos também leva-
vam em consideração a necessidade de criar um mercado consumidor de seus produtos 
manufaturados, tanto no Brasil como no continente africano.
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UNIDADE O Primeiro Reinado (1822-1831)
Os acordos envolvendo Portugal e Inglaterra possibilitaram que as críticas 
ao Imperador fossem crescendo ao longo do Primeiro Reinado. Não bas-
tava ao governo imperial cativar os seus pares na cena internacional. Era 
preciso dar conta das demandas internas e agradar aqueles que seriam, 
de certa forma, o sustentáculo do governo. (PEREIRA, 2012, p. 250)
Já nos debates da Constituinte, os parlamentares evitaram discutir a questão do trabalho 
escravo. A Constituição outorgada em 1824 também se omitiu da discussão. D. Pedro I 
adiava a resolução de uma questão que internamente poderia enfraquecer seu poder. Os 
poderosos fazendeiros brasileiros não aceitariam pôr fim ao trabalho escravo. 
Porém, ao assinar o Tratado de Paz de 1825, comprometeu-se o monarca com a 
Inglaterra , a fim de pôr fim ao tráfico. Nos anos seguintes à assinatura do Tratado de Paz 
e Amizade, representantes britânicos insistiram na assinatura de um tratado que pusesse 
fim ao tráfico de escravos.
E em meio a esta atmosfera tensa, Brasil e Inglaterra firmaram um tratado 
em 23 de novembro de 1826, “e foi ratificado por D. Pedro a bordo de um 
navio de guerra que partia do porto do Rio de Janeiro para o Rio Grande 
do Sul”. O documento determinava que, a partir de 1827, o Brasil teria três 
anos para cessar o tráfico de africanos. Qualquer desrespeito ao termo do 
tratado seria considerado pirataria. (PEREIRA, 2012, p. 250-251)
Os ingleses conseguiram, ainda, renovar o tratado de comércio que garantia ao país 
britânico uma tarifa “máxima de 15% sobre os produtos importados ao Brasil” (PEREIRA, 
2012, p. 251).
O imperador, cumprindo compromisso assumido com a Inglaterra, na Fala do Trono 
aos parlamentares de 1830, anunciou que a partir daquele ano não seria mais permitida a 
entrada de escravos no Brasil, e que faria todos os esforços para coibir tal prática. A lei an-
titráfico foi mais um combustível que abalou as relações entre o Executivo e o Legislativo, 
este dominado por interesses dos grandes fazendeiros, que não renunciavam ao trabalho 
escravo, e acirraram as críticas ao monarca. Somado aos fatores anteriormente analisa-
dos, levaram D. Pedro I a abdicar do trono em favor de seu filho Pedro de Alcântara, que 
tinha apenas cinco anos de idade.
O embate entre ideias mais modernas e outras mais tradicionais, a discus-
são na Câmara dos Deputados sobre os termos de tratados com outras 
nações e sobre a Guerra no Prata foram alguns dos muitos motivos que 
levaram ao acirramento da política entre 1828 e 1831, provocando a 
queda do Imperador. (PEREIRA, 2012, p. 284)
O Imperador chegou a ser acusado de tramar um golpe de Estado, ao destituir o 
Ministério existente e substituí-lo por outro formado só por membros da Corte fiéis 
à Monarquia. Após a abdicação de D. Pedro I, a lei antitráfico foi aprovada, em 7 de 
novembro de 1831, mas ficou durante muito tempo ainda como letra morta. Foi neces-
sária a pressão inglesa para que, em 1850, o tráfico de escravos fosse definitivamente 
proibido no Brasil. 
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Vídeos
Brasil no Olhar dos Viajantes – Episódio 3 – Documentário Completo
https://youtu.be/xEKr4jOoa4A
História do Brasil por Boris Fausto (2/7) – Império
https://youtu.be/ZCehBMkfCZw
 Leitura
A viagem de D. Pedro I a Minas Gerais em 1831: embates 
políticos na formação da monarquia constitucional no Brasil
https://bityl.co/7hWe
A primeira constituição da República
https://bit.ly/3hOzEin
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UNIDADE O Primeiro Reinado (1822-1831)
Referências
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-brasileiro Notas sobre as ideias de pátria, país e nação. Revista USP, São Paulo (58), 
jun./jul. 2003.
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