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Gestão Educacional apostila

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Gestão Educacional
Unidade 1 / Aula 1
As funções da escola ao longo do tempo e os desafios para a gestão
Introdução
A educação é um direito do cidadão previsto na Constituição Federal, portanto, para que todos tenham acesso ao conhecimento escolar, é preciso que haja uma gestão educacional que favoreça o alcance desse direito. A gestão educacional nacional é baseada na organização dos sistemas de ensino federal, estadual e municipal e das incumbências desses sistemas; das várias formas de articulação entre as instâncias que determinam as normas, executam e deliberam no setor educacional; e da oferta da educação pelos setores público e privado. 
Envolvendo todos os processos de uma instituição escolar, desde o setor administrativo, até o pedagógico, cabe aos gestores otimizarem as atividades diárias a fim de que a eficiência do ensino, dentro da instituição, seja melhorada. Nesse sentido, para que uma escola alcance a excelência educacional do ensino que oferece, ela deve atentar-se, primeiramente, em instituir um modelo de gestão que coordene e potencialize a sua competência institucional. 
Gestão educacional: formação teórica
Gestão e função social da escola
A gestão educacional é uma das instâncias da ação governamental, ou seja, é coordenada pelo Estado e regulamentada pela legislação. Compreende-se que a educação é um dos fatores determinantes para o desenvolvimento de uma nação e por isso deve ser uma preocupação das lideranças. Nesse contexto, surge a figura do gestor escolar, que, de acordo com a lei, responde, em última instância, pelo bom funcionamento da instituição, sendo que é nesse território e sob a sua governança que se materializa um dos direitos constitucionais mais importantes para a cidadania: o acesso ao conhecimento. Portanto, a gestão educacional tem um papel importantíssimo na construção da qualidade social e democrática da educação no âmbito da instituição escolar. 
O grau de abrangência da gestão educacional se manifesta em diferentes campos, do mais amplo ao mais específico, como a sociedade, os sistemas de ensino, as instituições escolares, a sala de aula e pessoa do educando, respectivamente. 
Em termos qualitativos, podemos afirmar que há um saber específico para a gestão educacional, qual seja a gestão democrática da escola, que articula a qualidade política com a qualidade formal. Nesse âmbito, entrecruzam-se princípios constitucionais (a educação como um direito de todos) e as exigências do mercado (gerencialismo). Assim, para além ambos, recorremos à gestão pautada na perspectiva dialética. 
De acordo a referida perspectiva, fazer a gestão significa fazer acontecer na direção desejada, sendo uma ação pautada nos princípios éticos, políticos, epistemológicos e pedagógicos, que busca o envolvimento e a mobilização do grupo para uma ação intencional, coletivamente pensada e conduzida, pois o que transforma a realidade é a prática. 
Como consequência, tem-se uma gestão baseada num princípio teórico-metodológico que articula a visão da realidade (análise do “onde estamos”, o conhecimento do cotidiano mais a memória das experiências significativas do passado, positivas ou negativas, vividas pela própria instituição ou por outras), a visão de futuro (projeção de finalidades, “para onde queremos” ir) e o plano de ação (“o que faremos para chegar lá”). Essas três unidades temporais (passado, presente e futuro) deverão orientar a elaboração, a execução e o monitoramento coletivos do Projeto Político Pedagógico (PPP) da instituição escolar, sob a liderança do diretor. 
Nesse sentido, o papel básico da gestão educacional é ajudar a elaborar e concretizar o projeto político pedagógico da instituição nas dimensões pedagógica, pessoal e relacional, político-institucional e administrativo-financeira, coordenando a reflexão, a participação e os meios para a sua efetivação, de tal forma que a escola cumpra sua função social de propiciar a cada um e a todos os alunos a aprendizagem efetiva, o desenvolvimento humano pleno e a alegria crítica (docta gaudium), partindo do pressuposto de que todos têm direito e são capazes de aprender, se forem dadas as condições. 
Nessa direção, é fundamental que a equipe docente encontre sentido naquilo que faz, cuidando das condições objetivas do seu trabalho (planos de carreira, salários, acesso a programas de formação continuada, entre outros), pois é mister que esses profissionais tenham noção da relevância social de sua profissão. Esse conjunto de características inerentes à gestão educacional nos leva a considerar a importância da formação teórica do gestor escolar, pois para construir uma escola de qualidade social/democrática é preciso um conjunto de ações pautadas em um projeto humanizador e visceralmente comprometido com o direito à aprendizagem por meio da apropriação crítica, criativa, significativa e duradoura dos saberes significativos. 
A escola e o desenvolvimento
No Brasil, só para ilustrar, sabemos que os índices de reprovação na 1ª série do Ensino Fundamental ficavam na casa dos 50% (isto mesmo, cinquenta por cento) desde 1936, quando Teixeira de Freitas ajudou a criar no país o Serviço de Estatística Educacional da Secretaria Geral de Educação (PATTO, 1990): portanto, mesmo no chamado “período de ouro” da escola pública brasileira, esta era uma instituição extremamente elitista, excludente e, consequentemente, produtora do fracasso escolar. Ora, uma escola que não é capaz de garantir a aprendizagem de uma quantidade tão grande de alunos, certamente, não é uma escola de qualidade! Conquistar a qualidade na educação é concretizar uma escola que ajude efetivamente a construir a nova humanidade, uma nova sociedade. Trata-se de uma escola comprometida com o desenvolvimento humano integral e que tenha, portanto, como referência o ser humano em todas as suas dimensões existenciais (corporal, cognitiva, afetiva, sexual, lúdica, estética, ética, política, econômica, social, cultural, ecológica, espiritual).
Uma escola onde os indivíduos se tornem pessoas, gente marcada pela alegria do encontro, da busca comum, do diálogo, da partilha de um projeto. Uma escola onde os sujeitos tenham respeitadas suas culturas e, ao mesmo tempo, tenham acesso aos bens culturais mais relevantes da humanidade, de acordo com o Projeto Político Pedagógico. Uma escola onde todos estão aprendendo, em constante processo de crescimento (histórica e ontológica vocação de ser mais). Onde haja pesquisa, experimentação, estudo, expressão. Onde as artes estejam presentes. Onde múltiplas sejam as linguagens: escrita, falada, dramatizada, desenhada, esculpida, pintada, dançada; informática, outras línguas (inclusive Libras).
Uma escola que não exclua, que cada um e todos, de acordo com suas características, encontrem seu lugar de realização e crescimento. Que o crescimento, a mudança, a busca, a transformação sejam suas marcas. Que a tradição seja cultivada no que tem de melhor. Que partilhe um desejo de sociedade também inclusiva. Uma escola que se abra cada vez mais à comunidade, ou que a comunidade faça parte dela. Onde os alunos, sujeitos com voz e vez, se apropriem dos saberes necessários e sejam felizes (VASCONCELLOS, 2014)!
Construção da gestão administrativa escolar
No que tange ao cenário educacional, vivemos em um constante duelo. De um lado, buscamos de renovação, de superação da visão restrita, meramente técnica, tecnocrática da Administração Escolar, resgatando as dimensões Políticas e Pedagógicas da prática educativa, no contexto do processo de Redemocratização do Brasil. A Constituição do Brasil, Carta Magna de 1988, institui a gestão democrática nas escolas. Gestão vem do latim gestione (gestio-onis), que quer dizer: ato de gerir; gerência, administração; derivação de gero, is, géstum, gerère ∫ Gerir ⇓gerire, por gerere: ‘encarregar-se voluntariamente’, ‘andar com’, 'produzir', 'criar'; 'executar', ‘nutrir’; 'administrar'; regular. Gestação ⇓ gestatio-onis, de gestare, frequentativo de gerere. Gestar: gestare: conceber, produzir, gerar; inventar, criar. Gerar⇓ generare, dar existência a; criar, procriar; causar, produzir, desenvolver; conceber. Este conceito abrange a Incorporação de atividades básicas: planejamento (elaborar planos), administração (execução) e avaliação (acompanhamento). Na gestão educacional, temos o Projeto Político Institucional e Administrativo-Financeira coordenando a reflexão, a participação e os meios para a sua efetivação, de tal forma que a escola cumpra sua função social de propiciar a cada um e a todos os alunos a aprendizagem efetiva, o desenvolvimento humano pleno e a alegria crítica (Docta Gaudium) partindo do pressuposto de que todos têm direito e são capazes de aprender, se forem dadas as condições.  
A parte administrativa é a que mais tempo ocupa o gestor pois vejam as tarefas atribuídas ao gestor:  
· Acompanhar a frequência de todos os funcionários (professores, coordenadores, cozinheiros e demais funcionários).  
· Tratar do ponto eletrônico. Inserção das licenças diversas (médica, luto, gala, prêmio).  
· Gerir a equipe de profissionais que atua na unidade escolar, orientando e supervisionando os trabalhos, acompanhando e orientando a vida funcional de todos os funcionários.  
· Gerir os funcionários terceirizados (equipe de serviços gerais – limpeza) λGestão das professoras eventuais.  
· Cuidar do patrimônio (estrutura física e manter atualizado o tombamento dos bens públicos, zelando pela sua conservação).  
· Manter organizados e conservados os materiais e equipamentos da unidade escolar.  
· Utilizar dos recursos financeiros (coordenar o Conselho Deliberativo da Comunidade Escolar).  
· Prestar contas dos recursos financeiros repassados à unidade escolar; divulgar à comunidade escolar a movimentação financeira da escola e utilização dos recursos financeiros – aspectos estruturais do prédio, reparos e conservação, aquisição de bens que contribuam com o funcionamento da unidade escolar: planejar e organizar os serviços administrativos, dentre eles: a elaboração de currículo, calendário escolar, a admissão de alunos, a previsão de materiais e equipamentos.  
· Coordenar a implementação do PPP da escola, assegurando o cumprimento do currículo e do calendário escolar.  
· Acompanhar os documentos de matrícula dos estudantes. Validar históricos escolares.  
· Acompanhar a frequência dos educandos. Realizar a busca ativa nos casos de infrequências (relatórios).  
· Produzir relatórios e memorandos com as solicitações internas da escola como solicitações de transporte gratuito escolar (solicitação e acompanhamento da frequência dos educandos e pagamento dos condutores vinculados à unidade escolar).  
· Coordenar o processo de avaliação das ações pedagógicas e técnico-administrativo-financeira desenvolvidas na escola! Escola de Qualidade Social/Democrática é aquela que, pautada num Projeto Humanizador, é visceralmente comprometida com o direito à aprendizagem efetiva. 
Unidade 1 / Aula 2
A gestão da educação brasileira através dos tempos
A educação, no decorrer da história, torna-se um dos meios transformadores da sociedade, pois é a partir dela que os valores sociais são transmitidos. A escola pública nasce na Idade Moderna, a partir dos ideais da Revolução Francesa (liberdade, igualdade e fraternidade, tornando-a um instrumento político-social para o combate das desigualdades. No Brasil, a Constituição Federal (1988) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (1996) vêm ditar as normas para a organização do sistema educacional em todo o território brasileiro, direcionando a política pública de educação, obrigando gestores escolares à prática de uma educação democrática, emancipatória e transformadora. Em 1988, com a Constituição Federal, coube aos municípios os serviços educacionais da Educação Básica com a parceria financeira e pedagógica do Estado e do Governo Federal. Incluiu-se também a educação infantil como primeira etapa da educação básica e não mais da assistência social.
Os temas desenvolvidos nesta aula apresentam um panorama histórico e legal da situação educacional do Brasil. Com a mudanças impulsionadas pela Constituição de 1988 e criação a Lei de Diretrizes e Bases da Educação promulgada em 1996, novos tempos motivaram a formação de gestores e docentes, a fim de dialogar e contribuir com as secretarias municipais na busca de uma política integrada para a educação. Professores, gestores e profissionais da educação devem conhecer a legislação que ampara o sistema educacional brasileiro para que coletivamente construam um projeto democrático e cidadão para as escolas públicas. 
Legislação: bases para a escola democrática
A gestão da educação brasileira através dos tempos 
As mudanças socioeconômicas ocorridas no mundo ao longo do século XX impactaram os modelos de educação adotados pelo Brasil em diferentes épocas. Na década de 1930, o modelo de educação proposto estava alinhado com o desenvolvimento da indústria, que foi iniciado no país naquela época. Já na década de 1990, no apagar das luzes do século XX, a educação passou a assumir uma dimensão salvífica, pois se tornou estratégia fundamental para que o país ingressasse no mercado competitivo da economia global. Portanto, é notório que a educação nos variados contextos históricos pertence a um campo de disputa política e ideológica que a torna terreno fértil para a implementação de modelos socioeconômicos específicos. 
A Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96) tornam legítimos o princípio da gestão democrática da educação, delegando aos sistemas e às escolas a adoção de mecanismos democráticos de gestão. Assim, por meio do processo educativo, configura-se a base para a construção de um país mais democrático, já que a adoção de mecanismos de gestão democrática da educação, em tese, possibilita a viabilidade de práticas e vivências democráticas no interior das escolas. Como consequência, à medida em que tais vivências se materializam no âmbito das escolas, da mesma forma, o potencial de democratização da sociedade vai se consolidando. Ainda no texto da Constituição Federal, uma vez que ela propõe a educação como um direito social, há uma sinalização para o princípio da responsabilidade de garantia para um ensino de qualidade para todos.  
O próprio documento pergunta e traz algumas respostas para a questão “quem vai pagar a conta”, apesar de não deixar isso muito claro. A Carta Magna define que o município cuida da Educação Infantil e do Ensino Fundamental I (primeiro ao quinto ano); o Ensino Médio é prioridade do governo estadual e do Distrito Federal, mas eles também podem fazer a gestão do Ensino Fundamental II. A União, finalmente, fica com a função de coordenar financeira e tecnicamente toda essa estrutura, além de cuidar das universidades federais. De acordo com os artigos 23 e 211 do texto constitucional, a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios têm de se organizar em regime de colaboração para a oferta da educação. Essa ordem, entretanto, não está plenamente estabelecida, pois falta estabelecer os mecanismos de colaboração entre as diferentes esferas de poder. As definições das regras ficariam para uma lei complementar posterior, com a criação do Sistema Nacional de Educação (SNE), que atualmente tramita no Senado Federal. Estados e municípios devem aplicar, obrigatoriamente, no mínimo, 25% das receitas de impostos no ensino.
Plano nacional da educação
Investigar a história, analisar as evidências de avanço ou inflexão e aprender com o passado para construir o futuro sempre foi um movimento essencial em qualquer área social – e, assim, também, na educação. Contudo, o momento inédito vivido no planeta, sob o impacto de uma pandemia avassaladora, colocou um ponto de interrogação sobre a evolução do ensino brasileiro, pois não basta conhecer os números da educação para antever os desafios que virão. Universalizar o Ensino Fundamental de nove anos para toda a população de 6 a 14 anos e garantir que pelo menos 95% dos alunos concluam essa etapa na idade recomendada, até o últimoano de vigência do PNE é desafiador. Ainda assim, algumas das suas metas já foram alcançadas.  
O Plano Nacional de Educação lei n° 13.005/2014 apresenta para a educação nacional as seguintes vinte metas para serem cumpridas dentro de um prazo de dez anos (vigência do PNE). Dentre essas metas, nenhuma delas foi totalmente cumprida até o presente momento (2022). Contudo, algumas delas estão no caminho, podemos dizer que estão parcialmente concluídas. 
Vejamos quais são as metas que têm potencial para que sejam atingidas: 
META 7: Fomentar a qualidade da educação básica em todas as etapas e modalidades, com melhoria do fluxo escolar e da aprendizagem de modo a atingir as seguintes médias nacionais para o Ideb. META 11:Triplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta e pelo menos 50% (cinquenta por cento) da expansão no segmento público. META 13: Elevar a qualidade da Educação Superior pela ampliação da proporção de mestres e doutores do corpo docente em efetivo exercício no conjunto do sistema de Educação Superior para 75%, sendo, do total, no mínimo, 35% doutores. META 14: Elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação stricto sensu, de modo a atingir a titulação anual de 60.000 mestres e 25.000 doutores. META 16: Formar, em nível de pós-graduação, 50% (cinquenta por cento) dos professores da educação básica, até o último ano de vigência deste PNE, e garantir a todos (as) os (as) profissionais da educação básica formação continuada em sua área de atuação, considerando as necessidades, demandas e contextualizações dos sistemas de ensino. (BRASIL, 2014, s.p). 
É importante salientar que estar em pé de ser cumprida, não significa que os objetivos e/ou estratégias do PNE tenham sido seguidos. Isso porque quando falamos em Educação Nacional existem inúmeros fatores que necessitamos considerar.
Sistema Educacional Brasileiro (SEB)
Estudando o PNE de 2014, podemos observar o avanço com o compromisso educacional. Da Carta Magna de 1998 no artigo 227, com a Lei de Diretrizes e Bases da educação em 1996, das Diretrizes Curriculares da educação infantil em 2000, do Ensino Fundamental 2004, do Ensino Médio em 2018, Base Nacional Comum Curricular em 2017, documentos que todos os gestores devem conhecer e reconhecer as metas e propostas relacionadas a uma educação de qualidade para todos os cidadãos brasileiros. No Anuário Brasileiro da Educação Básica de 2021 encontramos estes dados importantes para uma reflexão: o sistema escolar brasileiro reproduz diversas desigualdades sociais.
É importante evidenciá-las para que as políticas públicas sejam colocadas em prática de forma mais equitativa. Por isso, é essencial a análise de alguns recortes: por região, localidade, renda e raça/cor. 96,7% dos jovens de 16 anos pertencentes aos domicílios mais ricos concluíram o Ensino Fundamental, enquanto 78,2% dos jovens que estão nos domicílios mais pobres apresentam o mesmo resultado. 77,5% dos jovens pretos de 16 anos concluíram a etapa, mas essa proporção chega a 87,3% entre os jovens brancos. Ao conhecermos o PNE/2014 é possível verificar que para cada meta, há uma descrição de ações a serem realizadas para que ela seja alcançada.
Esta descrição auxilia cada município, cada estado, cada escola a cumprir sua parte em busca de uma educação brasileira de qualidade, igualitária, equitativa e democrática. Garantir, em regime de colaboração entre a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios, no prazo de um ano de vigência do PNE, política nacional de formação dos profissionais da Educação de que tratam os incisos I, II e III do caput do art. 61 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, assegurando que todos os professores e as professoras da Educação Básica possuam formação específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de conhecimento em que atuam. A LDB /96 já apresentava a inclusão de formação permanente para todos os docentes, fator de extrema importância para a melhoria dos serviços educacionais.  
Unidade 1 / Aula 3Sistema educacional brasileiro
A organização do sistema brasileiro de educação
O Sistema Educacional Brasileiro é a forma de organização da educação regular no país. Essa organização se dá em sistemas de ensino da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Esse sistema é regido pela Constituição Federal de 1988, com a Emenda Constitucional n.º 14, de 1996, e pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96). A atual estrutura do sistema educacional regular compreende dois níveis: a educação básica – formada pela Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio – e a educação superior. Em consonância com essa legislação vigente no Brasil, compete aos municípios atuarem prioritariamente no Ensino Fundamental e na Educação Infantil, e aos Estados e o Distrito Federal, no Ensino Fundamental e Médio. Ao Governo Federal compete a função redistributiva e a supletiva, ficando com a responsabilidade de prestar assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. Além disso, ele ainda fica incumbido de organizar o sistema de educação superior. De acordo com a LDB 9394/96, a Educação Infantil, primeira etapa da educação básica, é oferecida em creches, para crianças de até 3 anos de idade e em pré-escolas, para crianças de 4 a 6 anos. O Ensino Fundamental, com duração mínima de oito anos, é obrigatório e gratuito na escola pública, cabendo ao poder público garantir sua oferta para todos, inclusive aos que a ele não tiveram acesso na idade própria. O Ensino Médio, etapa final da educação básica, tem duração mínima de três anos e atende à formação geral do educando, podendo incluir programas de preparação geral para o trabalho e, facultativamente, a habilitação profissional. 
Além do ensino regular, integram a educação formal as diferentes modalidades de educação, quais sejam: a especial, para os estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades; de jovens e adultos (EJA), destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no Ensino Fundamental e Médio na idade apropriada, e a profissional, integrada às diferentes formas de educação, ao trabalho, às ciências e à tecnologia. A educação superior abrange os cursos de graduação nas diferentes áreas profissionais, destinada aos estudantes que tenham concluído o Ensino Médio ou equivalente e tenham sido classificados em processos seletivos. Também faz parte desse nível de ensino a pós-graduação, que compreende programas de mestrado e doutorado e cursos de especialização.  
Ainda no conjunto das ações governamentais no que tange à estruturação do sistema educacional brasileiro, há o Plano Nacional de Educação (PNE), que consiste em um conjunto de medidas a serem adotas de forma gradual ao logo dos seus dez anos de vigência (de 2014 a 2024). As referidas ações foram pensadas de forma colaborativa entre todas as entidades da federação (União, Estados, Municípios e Distrito Federal), com o propósito de equalizar e desenvolver o ensino, nos dois níveis da educação nacional, a básica e a superior. A proposta do PNE justifica-se como possibilidade de erradicação do analfabetismo, universalização e superação das desigualdades educacionais, com foco no respeito aos direitos humanos, à sustentabilidade e a diversidade socioambiental. Enfim, por ser um documento de abrangência nacional, a execução desse plano exigirá uma maior colaboração entre União, Estados, Municípios e Distrito Federal, pois estes entes federados deverão ajustar suas políticas locais a fim de viabilizar o alcance das metas contidas no PNE.
Da creche à universidade
É dever do Poder Público elaborar leis e políticas públicas que fomentem a educação, assim como proteger e fiscalizar esse direito. Os cidadãos, por sua vez, têm o papel de cobrar esse retorno das autoridades competentes. Afinal, em um país marcado por desigualdades, a educação atua como um instrumento fundamental na construção de umasociedade mais igualitária. Atualmente, a educação brasileira está organizada em sistemas de ensino da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. A Educação Infantil (para crianças de 0 a 3 anos) e o Ensino Fundamental (de 6 a 14 anos) são responsabilidade dos municípios, enquanto os Estados e o Distrito Federal atuam sobre o Ensino Médio (de 15 a 17 anos) e parte do fundamental. Juntos, eles compõem a educação básica, que tem caráter obrigatório. Já o ensino superior (que compreende cursos de graduação e pós-graduação) fica a cargo do governo federal, que também presta assistência técnica e financeira relativa à educação básica para os Estados, Distrito Federal e Municípios. Como os cursos de nível superior são opcionais, o Estado não precisa garantir que todos os cidadãos passem por eles, mas precisa garantir seu acesso público e gratuito. Também fazem parte da educação formal a EJA (Educação de Jovens e Adultos), a educação especial (destinada a portadores de necessidades especiais), a educação profissional e o ensino de nível técnico (que tem o ensino médio regular como pré-requisito). Além das Secretarias e dos Conselhos Municipais e Estaduais de Educação, o sistema educacional brasileiro também é regulado pelo Ministério da Educação (MEC) e Conselho Nacional de Educação (CNE). 
Os níveis de ensino são estabelecidos pela Lei de diretrizes e bases da Educação (LDB), sua organização pode ser conferida na tabela 1. Observe. 
Tabela 1| Organização da Educação brasileira. Fonte: Elaborado pelo autor. 
Atualmente, os documentos que norteiam a educação básica são a Lei nº 9.394, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica e o Plano Nacional de Educação, aprovado pelo Congresso Nacional em 26 de junho de 2014. Outros documentos fundamentais sã a Constituição da República Federativa do Brasil e o Estatuto da Criança e do Adolescente. 
Alfabetização e cidadania
Um dos maiores desafios da Educação básica é alfabetização. Este déficit pode prejudicar a aprendizagem, causar a evasão escolar e impedir uma qualidade de vida. Programas de aceleração, programas para corrigir a defasagem idade-série já fazem parte de uma política educacional. A Política Nacional de Alfabetização resulta da relevância do tema aos olhos da sociedade brasileira, que exige cada vez mais dos governantes e gestores públicos maior cuidado e empenho em prover uma formação básica de qualidade a todos os cidadãos, mas também é consequência de uma realidade educacional que revela a urgência de mudança na concepção de políticas voltadas à alfabetização, à literacia e à numeracia. O INEP divulga, através do portal do Sistema Nacional de avaliação da Educação Básica (SAEB), os resultados de pesquisa e avaliação da Educação Básica no Brasil e com relação à alfabetização temos números que nos assustam: 54,73% dos alunos em níveis insuficientes de leitura 33,95% dos alunos em níveis insuficientes de escrita 54,46% dos alunos em níveis insuficientes de matemática, de acordo com o Inep. A realidade do processo de alfabetização no Brasil nos proporciona uma triste realidade, visto que se o estudante não aprende a ler e escrever até o 3º ano do ensino fundamental, mais da metade destes estudantes evade a escola ou tem sua trajetória escolar comprometida. (BRASIL, 2019) 
Segundo o Censo Escolar de 2018, no 3º ano a taxa de reprovação foi de 9,4%, e a de distorção idade-série foi de 12,6%, com aumento significativo nos anos seguintes. No 7º ano, mais de 810 mil alunos matriculados nas redes federal, estadual e municipal estavam com dois anos ou mais de atraso escolar.  
Em 2017, foi homologada a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), um normativo para os currículos das escolas públicas e privadas que propõe conteúdos mínimos para cada etapa da escolarização (BRASIL, 2017). Conforme a BNCC, espera-se que a criança seja alfabetizada no 1º e 2º ano do Ensino Fundamental, processo que será complementado por outro, a partir do 3º ano, denominado “ortografização”. A palavra alfabetização é muitas vezes usada de modo impreciso, resultando confusão pedagógica e didática, dificuldade de diálogo entre as pessoas envolvidas na educação, além de desconhecimento para os pais, que muitas vezes acreditam que seus filhos foram alfabetizados, quando, na verdade, mal sabem ler palavras.  
De acordo com o Plano Nacional De Alfabetização (BRASIL, 2019, p. 22): 
A PNA, com base na ciência cognitiva da leitura, define alfabetização como o ensino das habilidades de leitura e de escrita em um sistema alfabético. Antes de se iniciar o processo formal de alfabetização, a criança pode e deve aprender certas habilidades que serão importantes na aprendizagem da leitura e da escrita e terão papel determinante em sua trajetória escolar. A isso se costuma chamar literacia emergente, que constitui o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes relacionados à leitura e à escrita, desenvolvidos antes da alfabetização. Durante a primeira infância, seja na pré-escola, seja na família, a literacia já começa a despontar na vida da criança, ainda em um nível rudimentar, mas fundamental para a alfabetização (NATIONAL EARLY LITERACY PANEL, 2009). Nesse momento, a criança é introduzida em diferentes práticas de linguagem oral e escrita, ouve histórias lidas e contadas, canta quadrinhas, recita poemas e parlendas, familiariza-se com materiais impressos (livros, revistas e jornais), reconhece algumas das letras, seus nomes e sons, tenta representá-las por escrito, identifica sinais gráficos ao seu redor, entre outras atividades de maior ou menor complexidade.  
Nesse sentido, podemos destacar que o processo de alfabetização não se restringe ao ingresso na escola, muito pelo contrário e cotidiano, isso porque a criança está sendo inserida na cultura letrada desde o primeiro momento que possui contato com o mundo
Unidade 1 / Aula 4Gestão do currículo
Visão histórica
Em 1830, quando foi fundado o colégio Pedro II, a primeira escola básica nacional, D. Pedro II aprovou, na época, o primeiro currículo do Brasil, que definia quais disciplinas deveriam ser ensinadas no nível elementar (de 4 anos de duração) e no nível “superior” que correspondia ao Ensino Fundamental II e o Ensino Médio atualmente. Essa organização pedagógica foi praticamente mantida pela República durante as primeiras décadas do século XX, até as Leis Orgânicas do Ensino dos anos 1940, que fixaram as disciplinas obrigatórias para os currículos de todos os níveis e modalidades da educação básica. Tais marcos regulatórios fixados seguiram em vigência até a aprovação da primeira lei geral da educação brasileira – a Lei de Diretrizes e Bases n. 4024/1961, reformulada dez anos depois, pelo n. 5692/71, sendo totalmente modificados nos anos 1990. No ano de 1995, o CNE recebeu a incumbência de fixar diretrizes curriculares para a Educação Básica, por meio da Lei 9131/1995; e, no ano seguinte, a LDB n. 9394/96 estabeleceu um modelo curricular centrado em competências, sendo que sua construção partiria de uma base nacional comum a ser elaborada em colaboração pelas esferas de governo e sob coordenação do MEC.
Com a chegada do século XXI, novas demandas surgiram para a escola, deixando claro que ela deverá levar em conta em seus currículos, princípios como a vida, a criatividade, participação, produção e responsabilidade no contexto do novo cenário tecnológico, veloz e multifacetado, o qual vem exigindo do sujeito muito mais do que a tradicional acumulação de conhecimentos. Tais mudanças no cenário social levaram as autoridades educacionais do Brasil à proposta de parâmetros curriculares para as escolas do país, que pudessem dar conta da unificação de proposituras pedagógicas em nível nacional. Alinhado, portanto, com esse propósito, e com os princípios éticos, estéticos e políticos das Diretrizes Curriculares Nacionais e a LDB 9394/94, o MEC propôs o documento “Parâmetros Curriculares Nacionais” (PNCs). No conjunto da proposta dos PCNs estavamos temas transversais, que compreendiam seis áreas: Ética, Orientação Sexual, Meio Ambiente, Saúde, Pluralidade Cultural e Trabalho e Consumo.  
Nessa direção, depois da “era PCN”, o Conselho Nacional de Educação promulgou a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), em 2017, para o Ensino Fundamental e em 2019 para o Ensino Médio. Esse documento de caráter normativo (agora obrigatório) surge constituindo-se como um conjunto organizado e progressivo das aprendizagens essenciais que todos os estudantes brasileiros, das 190 mil escolas do país (públicas e privadas) devem desenvolver em todas as etapas da Educação Básica. Em consonância com as diretrizes estabelecidas pelo Plano Nacional de Educação, a BNCC procura assegurar direitos de aprendizagem e desenvolvimento para todo o corpo discente do território nacional.
Conforme define o parágrafo 1º do artigo 1º da LDB 9394/96, o referido documento normativo está orientado pelos princípios éticos, estéticos e políticos contido nas Diretrizes Curriculares Nacionais de 2009, visando à formação humana integral e à construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva; em consonância com os temas transversais da década de 1990 (PCNs), a BNCC propõe os temas contemporâneos transversais. Nesse sentido, passando a constituir–se como uma sólida referência para a elaboração ou reestruturação dos currículos das escolas do Brasil, a BNCC integra a política nacional da Educação Básica, tornando-se parâmetro para políticas e ações voltadas à formação de professores, avaliação e elaboração de conteúdos educacionais.
Diretrizes Nacionais para Educação Básica
As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos articulam-se com as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica (Parecer CNE/CEB nº 7/2010 e Resolução CNE/CEB nº 4/2010) e reúnem princípios, fundamentos e procedimentos definidos pelo Conselho Nacional de Educação, As Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais apontam conceitos e concepções que estão presentes nas legislações especificas como educação infantil, ensinos fundamental e médio. A partir do trecho que veremos a seguir é possível dimensionar os princípios educacionais.  
A Educação Básica é direito universal e alicerce indispensável para a capacidade de exercer em plenitude o direto à cidadania. É o tempo, o espaço e o contexto em que o sujeito aprende a constituir e reconstituir a sua identidade, em meio a transformações corporais, afetivo emocionais, socioemocionais, cognitivas e socioculturais, respeitando e valorizando as diferenças. Liberdade e pluralidade tornam-se, portanto, exigências do projeto educacional. Da aquisição plena desse direito depende a possibilidade de exercitar todos os demais direitos, definidos na Constituição, no ECA, na legislação ordinária e nas inúmeras disposições legais que consagram as prerrogativas do cidadão brasileiro. Somente um ser educado terá condição efetiva de participação social, ciente e consciente de seus direitos e deveres civis, sociais, políticos, econômicos e éticos. Nessa perspectiva, é oportuno e necessário considerar as dimensões do educar e do cuidar, em sua inseparabilidade, buscando recuperar, para a função social da Educação Básica, a sua centralidade, que é o estudante. Cuidar e educar iniciam-se na Educação Infantil, ações destinadas a crianças a partir de zero ano, que devem ser estendidas ao Ensino Fundamental, Médio e posteriores. Cuidar e educar significa compreender que o direito à educação parte do princípio da formação da pessoa em sua essência humana. Trata-se de considerar o cuidado no sentido profundo do que seja acolhimento de todos – crianças, adolescentes, jovens e adultos – com respeito e, com atenção adequada, de estudantes com deficiência, jovens e adultos defasados na relação idade-escolaridade, indígenas, afrodescendentes, quilombolas e povos do campo. (BRASIL, 2013, p. 17) 
Um aspecto dominante nas diretrizes é o cuidado: “a relação entre cuidar e educar se concebe mediante internalização consciente de eixos norteadores, que remetem à experiência fundamental do valor, que influencia significativamente a definição da conduta, no percurso cotidiano escolar” (BRASIL, 2013, p.18). Não de um valor pragmático e utilitário de educação, mas do valor intrínseco àquilo que deve caracterizar o comportamento de seres humanos, que respeitam a si mesmos, aos outros, à circunstância social e ao ecossistema. Valor este fundamentado na ética e na estética, que rege a convivência do indivíduo no coletivo, que pressupõe relações de cooperação e solidariedade, de respeito à alteridade e à liberdade. É essa concepção de educação integral que deve orientar a organização da escola, o conjunto de atividades nela realizadas, bem como as políticas sociais que se relacionam com as práticas educacionais. Em cada criança, adolescente, jovem ou adulto, há uma criatura humana em formação e, nesse sentido, cuidar e educar são, ao mesmo tempo, princípios e atos que orientam e dão sentido aos processos de ensino, de aprendizagem e de construção da pessoa humana em suas múltiplas dimensões. 
Uma orientação curricular
Documentos foram publicados pelo Ministério da Educação do Brasil desde 1996 trazendo orientações curriculares as modalidades de ensino previstos na estrutura do sistema educacional do Brasil. A cada documento é feita uma concepção a ser reconhecida acerca da criança, do jovem, das linguagens, da natureza, das relações sociais. Cada documento legal trouxe um avanço e um desafio para os professores reverem suas práticas bem como as Universidades reviram seus cursos de formação. Com a identidade de cada modalidade destacada, o reconhecimento de como cada ser humano aprende, da importância dos espaços, tempos e recursos, cada instituição iniciava um programa de mudança com projetos inovadores. Indicadores de qualidade foram discutidos com gestores, professores e comunidades a fim de organizar, reorganizar as instituições e cada vez mais buscar a qualidade e ficar em sintonia com as diretrizes educacionais.
Cada documento novo não negava outro, mas ampliava o espectro pedagógico e as orientações para a construção de um currículo. Em 2017, foi promulgado pelo MEC/Brasil o documento intitulado Base Nacional Comum Curricular. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica, de modo a que tenham assegurados seus direitos de aprendizagem e desenvolvimento, em conformidade com o que preceitua o Plano Nacional de Educação (PNE).
Ao longo da Educação Básica, as aprendizagens essenciais definidas na BNCC devem concorrer para assegurar aos estudantes o desenvolvimento de dez competências gerais, que consubstanciam, no âmbito pedagógico, os direitos de aprendizagem e desenvolvimento. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) define os direitos de aprendizagens de todo aluno e aluna do Brasil. É uma mudança relevante no nosso processo de ensino e aprendizagem porque, pela primeira vez, um documento orienta os conhecimentos e as habilidades essenciais que bebês, crianças e jovens de todo o país têm o direito de aprender – ano a ano, durante toda a vida escolar.  
Na BNCC, competência é definida como a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho. Com a homologação da BNCC, as redes de ensino e escolas particulares terão diante de si a tarefa de construir currículos, com base nas aprendizagens essenciais estabelecidas na BNCC, passando, assim, do plano normativo propositivo para o plano da ação e da gestão curricular que envolve todo o conjunto de decisões e ações definidoras do currículo e de sua dinâmica. A BNCC é parte do currículo, formado também pela parte diversificada. A parte diversificadaenriquece e complementa a Base Nacional Comum, prevendo o estudo das características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da comunidade escolar, perpassando todos os tempos e espaços curriculares constituintes do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, independentemente do ciclo da vida no qual os sujeitos tenham acesso à escola.
Unidade 1 / Aula 5Revisão da unidade
Compreender o desenvolvimento histórico e legal que fundamenta a educação brasileira e seus desdobramentos para a gestão educacional
A educação é um direito do cidadão previsto na Constituição Federal, portanto, para que todos tenham acesso ao conhecimento escolar, é preciso que haja uma gestão educacional que favoreça o alcance desse direito. A gestão educacional nacional é baseada na organização dos sistemas de ensino federal, estadual e municipal e das incumbências desses sistemas; das várias formas de articulação entre as instâncias que determinam as normas, executam e deliberam no setor educacional; e da oferta da educação pelos setores público e privado. 
Envolvendo todos os processos de uma instituição escolar, desde o setor administrativo até o pedagógico, cabe aos gestores otimizarem as atividades diárias a fim de que a eficiência do ensino, dentro da instituição, seja melhorada. Nesse sentido, para que uma escola alcance a excelência educacional do ensino que oferece, ela deve atentar-se, primeiramente, em instituir um modelo de gestão que coordene e potencialize a sua competência institucional. 
A educação, no decorrer da história, torna-se um dos meios transformadores da sociedade, pois é a partir dela que os valores sociais são transmitidos. A escola pública nasce na Idade Moderna, a partir dos ideais da Revolução Francesa (liberdade, igualdade e fraternidade), tornando-a um instrumento político-social para o combate das desigualdades. No Brasil, a Constituição Federal (1988) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (1996) vêm ditar as normas para a organização do sistema educacional em todo o território brasileiro, direcionando a política pública de educação, obrigando gestores escolares à prática de uma educação democrática, emancipatória e transformadora.
Em 1988, com a Constituição Federal, coube aos municípios os serviços educacionais da Educação Básica com a parceria financeira e pedagógica do Estado e do Governo Federal. Incluiu-se também a educação infantil como primeira etapa da educação básica e não mais da assistência social. Os temas desenvolvidos nesta unidade apresentam um panorama histórico e legal da situação educacional do Brasil. Com a mudanças impulsionadas pela Constituição de 1988 e a criação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação promulgada em 1996, novos tempos motivaram a formação de gestores e docentes, a fim de dialogar e contribuir com as secretarias municipais, na busca de uma política integrada para a educação. Professores, gestores e profissionais da educação devem conhecer a legislação que ampara o sistema educacional brasileiro para que coletivamente construam um projeto democrático e cidadão para as escolas públicas. 
Todo profissional da educação deve conhecer o sistema educacional brasileiro e reconhecer as etapas, modalidades de níveis nos quais todo estudante vivenciará experiências pedagógicas para construir conhecimentos, habilidades e atitudes, saberes escolares necessários para a vida e profissionalidade. A LDB/1996 promulga que a educação infantil é a primeira etapa da educação básica. Assim, podemos entender educação infantil como dois ciclos: creches que atendem crianças de 0 a 3 anos e pré-escola, que atende as crianças de 4 a 5 anos, sendo este ciclo obrigatório. Pode parecer simples esta decisão, mas ela elimina programas preparatórios ou compensatórios que a educação infantil viveu durante a década de 1970 e 1980. Agora todas as crianças têm o direito do mesmo começo da vida escolar e podem, assim, continuar sua jornada no Ensino Fundamental de 9 anos, Ensino Médio de 3 e escolher o próximo tempo de estudo: escola técnica ou universidade. 
Estudo de caso
O estudo da História da Educação é importante devido ao seu potencial formativo, ou seja, o estudo da história da educação tem a capacidade de fazer com que o estudante reflita de forma sistemática sobre a dinâmica e o funcionamento da escola brasileira. 
Nesse sentido, uma vez que a educação brasileira tem uma história e que, ao estudá-la, podemos ter uma visão mais ampla e uma melhor compreensão sobre a estrutura e o funcionamento do sistema escolar brasileiro e os desdobramentos históricos e sociais sobre a gestão escolar, é fundamental estudarmos o tema com mais rigor. 
A educação nacional é organizada em torno de leis. Assim, temos a Constituição Federal de 1988, que traz a educação como um direito de todos, dever do Estado e da Família, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96), as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica e, atualmente, a Base nacional Comum Curricular (BNCC). 
Nessa direção, busque as porcentagens atuais da população atendida em cada etapa da educação básica, reflita sobre esses dados e os análise sobre a perspectiva do direito constitucional da educação. 
O contexto analisado deverá ter como cenário, a Pandemia da Covid-19, principalmente em relação ao processo de alfabetização. 
Para sua pesquisa, consulte a instituição “Todos pela educação”, o Instituto “Reúna” e a “Fundação Lemann”.
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Reflita
Se a educação é um direito constitucional, como explicar a garantia de atendimento de apenas 50% da clientela da educação infantil no país?  
Unidade 2 / Aula 1A organização no contexto escolar
A função social da escola
A escola tem uma importante função social, sendo que seu principal objetivo é a promoção da aprendizagem e o desenvolvimento integral dos seus alunos. Para que os professores alcancem os objetivos da aprendizagem, suas ações e esforços são fundamentais, porém os resultados dela não dependem apenas da competência e boa vontade dos docentes, ou de excelentes recursos didáticos. Nesse contexto, direcionado para a finalidade da aprendizagem, estão envolvidos também a organização e a supervisão dos profissionais responsáveis pela administração e gestão da escola. Entre as habilidades inerentes à gestão escolar, destacam-se a organização, mobilização e grande capacidade de articulação de pessoas, recursos e instrumentos para que sejam criadas as condições necessárias para a realização do processo educacional. Nesse sentido, inerente à gestão, está a capacidade de liderança, que é implícita na atuação qualitativa do gestor.  
Há muitas maneiras de se definir a palavra “liderança”, porém, de forma prática e objetiva, ela pode ser traduzida como uma habilidade especial que alguns indivíduos têm no manejo e na condução de pessoas que se filiam a algum grupo. Podemos conceituar liderança como uma espécie de “arte” apresentada por aqueles que se dispõem a inspirar pessoas nos mais diversos segmentos sociais. Ainda que chamada de “arte”, trata-se de uma habilidade que pode ser desenvolvida, pois ela não é inata, uma vez que ninguém nasce líder. Dessa maneira, a liderança é importante para a gestão escolar, pois possibilita ao diretor, ao coordenador e ao professor a implementação de iniciativas que conferem unidade e coerência à escola. À medida que deixa aflorar suas habilidades de líder, esses três atores educacionais, conseguem conscientizar, unir e organizar toda a comunidade escolar, incluindo os demais funcionários no alcance dos objetivos da escola.  
Vale ressaltar ainda que todo esse esforço da equipe escolar, uma vez orquestrado de forma coletiva, com cada profissional atuando com liderança em seu setor, trará melhorias significativas no aprendizado dos estudantes. Portanto, é importante destacar algumas características essenciais ao líder gestor educacional, como saber delegar tarefas (descentralizar), participar da elaboração e acompanhar a realização de projetos educacionais (monitorar o processo), promover a conscientizaçãodos liderados, criar e manter bons relacionamentos, criar e manter vínculos socioemocionais com a equipe escolar, os alunos e seus familiares (ou responsáveis) e pesquisar constantemente assuntos relacionados à sua área de atuação e legislação vigente.  
Além desse conjunto de habilidades, o líder gestor deve orientar suas ações e tomada de decisões pelos princípios democráticos, priorizando o trabalho coletivo e o respeito à participação dos órgãos colegiados que o auxiliam na administração da instituição escolar. Ademais, por meio de uma liderança visionária, caberá ao gestor escolar proporcionar aos seus liderados uma reflexão aberta, flexível e constante sobre conceitos essenciais como cultura, diversidade cultural, etnocentrismo, estereótipo, preconceito, discriminação, respeito e valorização da diversidade. Ao compreender as várias correlações entre gênero, sexualidade, orientação sexual, etnia e relações raciais, perpassando sempre relações que se dão dentro da escola, o gestor escolar deve priorizar a inclusão desses temas na sala de aula, fornecendo subsídios para a construção de percursos pedagógicos promotores da igualdade social no ambiente escolar. Portanto, a união da escola e sua equipe técnica docente com os órgãos colegiados possibilita a concretização de uma gestão escolar responsável e democrática, que elabora e executa ações promotoras da garantia dos direitos humanos. 
Gestão democrática 
A gestão democrática que ocorre na escola é um processo que inclui uma mudança de atitude do gestor escolar, bem como a clareza da concepção de escola. Silva (2017, [s. p]) explica que: “a escola para se reconstruir deve ter como uma das ferramentas mais eficientes a gestão democrática. Como o próprio conceito de gestão afirma que gestão é ação e movimento, a escola precisa sair da posição confortável de ‘executora’ de práticas pré-determinadas e passar a pensar, a refletir suas práticas”. Outro estudioso do assunto, Barbosa Filho (2004, p. 3), afirma: “Gestão Democrática do Ensino Público é a ação e o efeito de gerir a educação através da participação de todos os atores sociais que integram o universo educacional, objetivando atender às aspirações da sociedade por intermédio dos anseios daqueles que trazem e usam as escolas públicas”. Complementando essas ideias, Madeiro (2018, p. 13) expõe: “a gestão democrática exige do seu agente atitudes, compromisso de fazer, construir. E mais: como a gestão se constrói por meio de ações, ela sempre traz consequências ou efeitos. E o ‘efeito de gerir’ é o de dirigir, de dar condução e comando. Sendo assim, toda gestão implica em responsabilidades”. 
Por sua vez, Markovicz (2015, p. 10, grifos nossos) alerta que: “o grande desafio da gestão democrática talvez seja fazer com que a comunidade escolar, através de suas representações, esteja envolvida neste processo, de ajudar a administrar a escola, de uma forma realmente participativa e responsável, buscando na qualidade de ensino a melhoria do aluno”. Quando pensamos na evolução do aluno, devemos lembrar que isso envolve não apenas seu desempenho escolar ou a aquisição de conteúdos, mas também a sua formação para a cidadania. Assim, o contexto escolar precisa possibilitar a participação dos alunos nas instâncias presentes na escola. Isso deve acontecer com a transparência das decisões, o compartilhamento da situação escolar financeira, pedagógica e administrativa, o que pode ocorrer por meio das assembleias. Uma gestão educacional democrática integra várias instâncias que se apoiam e sustentam o processo de ensino-aprendizagem. 
Mas quais são estas instâncias? Na área financeira temos a gestão do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica), que é da alçada da Secretaria Municipal de Educação. O Fundeb é um fundo que prevê um financiamento de toda a educação básica desde 2006, substituindo o Fundef (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério), destinado à valorização dos professores. Assim muitas escolas públicas vêm recebendo recursos financeiros repassados pelas respectivas Secretarias de Educação estaduais e municipais. O Fundeb pode ser aplicado a uma ação específica: alimentação escolar; transporte escolar; livro didático; biblioteca escolar; saúde escolar e manutenção da escola.  
Como podemos verificar, da Secretaria de Educação Municipal até a sala de aula, há um percurso integrado na área pedagógica e administrativa. Este é um processo integrado de gestão, que inclui a sala de aula, mas não finaliza nela. Na participação de todos os profissionais atuantes na escola para a construção do Projeto Político-Pedagógico, o grande benefício é o comprometimento e a responsabilidade para com o contexto escolar. Lembrando que, para aprender, o aluno deve chegar à escola, se alimentar, receber apoio com livros e materiais didáticos. Reconhecer o processo de integração entre todas as instâncias (da secretaria até a comunidade escolar) permite que o ensino promovido pela escola seja revisto como uma proposta de cidadania e uma nova concepção de escola. Neste ponto cabe mencionar que:   
A Constituição Federal estabelece no artigo 206 os princípios sobre os quais o ensino deve ser ministrado. Dentre eles, destaca-se a gestão democrática do ensino público, na forma da lei. Cabe, no entanto, aos sistemas de ensino, definirem as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: a) participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; b) participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes (LDB - Art. 14). (GRACINDO, 2007, p. 32)  
“A gestão democrática é um objetivo e um percurso. É um objetivo porque trata-se de uma meta a ser sempre aprimorada e é um percurso, porque se revela como um processo que, a cada dia, se avalia e se reorganiza” (GRACINDO, 2007, p. 35). Para se colocar isso em prática é preciso lembrar que o princípio maior da gestão democrática é a participação. Entre alguns meios que possibilitam a gestão democrática podemos citar: os conselhos deliberativos e consultivos, os grêmios estudantis, as reuniões periódicas, as assembleias e as associações de pais e mestres.
Sistema de colaboração
A universalização da educação constitui, portanto, um grande desafio do planejamento educacional no Brasil, e para enfrentar esta realidade um dos objetivos dos sistemas de ensino é elevar o nível de escolarização da população brasileira, o que significa garantir o direito que todo cidadão tem à educação. Esse direito é aqui compreendido numa perspectiva mais ampla, o que significa envolver não apenas as crianças e os adolescentes, mas também os jovens e adultos que não tiveram acesso à educação escolar na idade apropriada. Muitos profissionais da educação atuantes nas escolas públicas ficam envolvidos somente com o contexto escolar e não percebem o círculo virtuoso que engloba todo o sistema e impacta o aluno.  A escola é o local da ação, onde o ensino e aprendizagem acontecem, mas no sistema integrado que inclui uma gestão democrática temos: a secretaria municipal e estadual de educação com supervisores, programas de formação permanente, documentos para apoiar os planejamentos e programas.  
Cabe à Secretaria Municipal de Educação gerir os recursos financeiros do Fundeb, bem como atuar em conjunto com a secretaria de planejamento ou fazenda a fim de utilizar adequadamente os recursos do Fundeb.   
O Fundeb não é um único fundo, na verdade, é um conjunto de 27 fundos (26 estaduais e 1 do Distrito Federal) que serve como mecanismo de redistribuição de recursos destinados à Educação Básica. Isto é, trata-se de um grande cofre do qual sai dinheiro para valorizar os professores e desenvolver e manter funcionando todas as etapas da Educação Básica – desde creches, Pré-escola, Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio até a Educação de Jovens e Adultos (EJA) – não, a Educação Superiornão entra nessa conta. O Fundeb entrou em vigor em janeiro de 2007 e se estendeu até 2020, conforme previa a Emenda Constitucional nº 53, que alterou o Art. 60 do Ato de Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). Com a aprovação da Emenda Constitucional 108/2020, ele foi aperfeiçoado e se tornou permanente e, com o Projeto de Lei 4372/2020, ele foi regulamentado. (O QUE É..., 2020, [s. p.])  
A Secretaria Municipal de Educação também recebe os projetos político-pedagógicos das escolas e assim pode acompanhar, apoiar e subsidiar a escola no cumprimento dos objetivos.  
Na articulação entre os entes da federação, o MEC apoia as secretarias que por sua vez apoiam as escolas com, por exemplo: gestão democrática; apoio aos dirigentes municipais de educação; ensino médio; ensino fundamental; educação infantil; formação dos funcionários da escola; guias de livros didáticos; relatórios de gestão e planejamento; Periódicos da SEB; interação escola-família. Como podemos ver, as escolas não estão sozinhas para desempenhar suas tarefas, mas contam e devem contar com a articulação entre os sistemas pertencentes à educação brasileira. Entender a gestão educacional como um conjunto de várias gestões pode contribuir com o andamento e desenvolvimento das áreas de uma instituição. Isso porque, desta forma, é possível definir responsáveis por cada uma delas, fazendo com que as tarefas e os processos tenham a atenção e dedicação focadas em mais pessoas (ao invés de centralizada sempre no gestor). Em cada um destes segmentos teremos lideranças que, em um modelo participativo, compartilham as informações, agregam os colaboradores e buscam em conjunto a qualidade na educação. 
Unidade 2 / Aula 2Plano a seguir
Introdução
O papel do gestor escolar tem sido alvo de estudos, orientações e publicações com o intuito de fornecer ferramentas práticas para construir uma prática democrática e funcionais nas escolas. Dos projetos pedagógicos aos planos de ação, cabe ao gestor conduzir a equipe, os recursos e o sucesso educacional. Para tanto deverá sempre estar atento às tendências sociais, políticas e pedagógicas a fim de oferecer oportunidades de sucesso em todos os processos escolares.  Nesta aula, o foco será o estudo das teorias motivacionais para que o gestor possa reconhecer as necessidades da equipe e liderar a construção do Projeto Político-Pedagógico. Tanto o professor como o gestor atuam com uma intencionalidade, termo utilizado na Base Nacional Comum Curricular – BNCC (BRASIL, 2018). A intencionalidade educativa para o gestor configura-se em prever, organizar e avaliar todos os processos educativos à luz dos documentos oficiais, das produções científicas e das experiências da equipe escolar. Considerando a escola como um organismo vivo, é preciso garantir a eficácia das ações que nela ocorrem por meio de uma gestão eficiente. Considerando a escola como um organismo vivo, é preciso garantir a eficácia das ações que nela ocorrem por meio de uma gestão eficiente. Bons estudos! 
Tendências teóricas e históricas
Assim como as concepções de educação, as teorias administrativas evoluem ao longo da história e há uma grande variedade delas. No que diz respeito à organização e gestão educacional no Brasil, pode-se afirmar que há três tendências históricas: a conservadora, a democrática e a gerencial. 
A tendência conservadora é identificada, no país, no período entre 1930 e 1970 e tem suas raízes no modelo tradicional da organização escolar: burocrática, hierarquizada, rígida e formal. [...] A segunda tendência – democrática – manifesta-se no Brasil a partir da década de 1980, mediante o surgimento dos movimentos sociais. Em geral, ela se opõe às ideias técnico-funcionalistas (conservadoras) predominantes nas décadas anteriores. Essa tendência perceberá a escola como uma organização em constante construção; um espaço público no qual devem ser expressas as opiniões e interesses dos diversos grupos que formam a escola. [Já a tendência gerencial] é mais recente; tendo surgido nos anos 1990, substituindo o eixo da democratização pelo discurso administrativo-economicista. Em linhas gerais, essa tendência busca não a qualidade do ensino, mas, sobretudo, a qualidade do gerenciamento da escola, enfatizando o controle dos processos escolares. (TEIXEIRA, 2003 apud SOUSA, 2006, p. 62) 
Na elaboração dos projetos curriculares e planos de gestão escolar, essas tendências dão o “tom” da administração institucional, pois há na prática pedagógica uma intencionalidade, afinal, a educação não é um ato neutro, constituindo-se, pois, como uma genuína ação política. No atual contexto educacional brasileiro, há a presença da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e ali encontramos o princípio de “intencionalidade educativa”. Para a BNCC, a intencionalidade educativa ou pedagógica “consiste na organização e proposição, pelo educador, de experiências que permitam às crianças conhecer a si e ao outro e de conhecer e compreender as relações com a natureza, com a cultura e com a produção científica” (BRASIL, 2018, p. 39).  
Todas essas questões podem ser pensadas a partir da intencionalidade pedagógica e impactam diretamente a gestão escolar, levando-a a se reposicionar continuamente de forma estratégica, ou seja, voltada para as aprendizagens. Nesse sentido, “a gestão estratégica tem o desafio de articular o longo e médio prazo com o curto prazo, convertendo os objetivos estratégicos em ações cotidianas” na instituição escolar” (ENAP, 2014, p. 5). Assim, é importante nesse processo ter o planejamento institucional que contemple, além das atividades pedagógicas, as metas e os objetivos claramente definidos, pois o plano de ação da escola consiste em “um instrumento de trabalho dinâmico com o intuito de propiciar ações, ressaltando seus principais problemas e os objetivos dentro de metas a serem alcançadas, com critérios de acompanhamento e avaliação pelo trabalho desenvolvido” (NUNES, 2022, [s. p.]).  
Portanto, ter o plano gestor no centro das preocupações, com seus objetivos e suas diretrizes conhecidas e compartilhadas coletivamente, é fundamental para estruturar um sistema gestor democrático e estratégico para a instituição escolar. As diretrizes estratégicas de uma escola são definidas pela missão, visão e pelos valores institucionais, construídos coletivamente por todos os membros da comunidade escolar.  
A escola deve ter como parâmetros para tomada de decisão os seus valores e crenças, bem como as metas sociais e acadêmicas a serem conquistadas. As crenças, que embasarão a missão da escola, também determinarão a sua visão, ou seja, a concepção de escola, aluno, currículo e serviço educacional. Entretanto, mesmo a missão sendo a mesma para muitas escolas, sempre haverá um diferencial. Além disso, a visão deve ser construída de forma coletiva. Dessa forma, haverá comprometimento e as tarefas serão realizadas com clareza. Cabe mencionar, por fim, que Projeto Político-Pedagógico deve ser desenvolvido a partir do conhecimento prévio da comunidade, da situação educacional e principalmente dos interesses e necessidades do alunado.  
Fundamentos teóricos organizacionais
As teorias da hierarquia das necessidades de Maslow e a teoria dos dois fatores de Frederick Herzberg influenciam a tomada de decisões na construção de uma cultura organizacional. Ao reconhecer as necessidades das pessoas, do contexto e das instituições, podemos identificar critérios de avaliação para o projeto educacional. Trata-se de teorias clássicas e é possível se reconhecer dentro dos princípios de cada uma. Esta leitura contribui para um planejamento pedagógico mais eficaz. Vamos conhecer um pouco mais sobre as teorias: 
A teoria da hierarquia das necessidades, de Abraham Maslow 
A hierarquia das necessidades de Maslow (ou Pirâmide de Maslow) é constituída por cinco níveis de necessidades: fisiológicas, de segurança, sociais, de estima e de autorrealização. Para que as necessidades dos níveis mais alto possam ser satisfeitas, as de níveis mais baixos precisam ser atendidas primeiro.Chiavenato (2022) explica cada um desses conjuntos de necessidades: 
· Necessidades fisiológicas: dizem respeito à sobrevivência e preservação da espécie. 
· Necessidades de segurança: consistem na busca por proteção a ameaças. 
· Necessidades sociais: compreendem afeto e amor, por exemplo.  
· Necessidades de estima: referem-se ao modo como o indivíduo se percebe e se autoavalia. 
· Necessidades de autorrealização: têm a ver com a realização do próprio potencial e autodesenvolvimento contínuo. 
Figura 1 | Teoria da hierarquia das necessidades, de Abraham Maslow. Fonte: adaptada de Chiavenato (2022, p. 183).
Teoria da motivação de Frederick Herzberg 
A teoria dos dois fatores foi desenvolvida pelo americano Frederick Herzberg e teve como objetivo identificar os fatores que causavam a satisfação e a insatisfação dos empregados no ambiente de trabalho. Enquanto Maslow se debruçou sobre a satisfação das necessidades das pessoas em vários âmbitos da vida, Herzberg estudou o comportamento e a motivação delas dentro das organizações. A partir disso, apresentou a sua teoria em dois fatores:   
Fatores higiênicos, ou fatores extrínsecos: estão localizados no ambiente que rodeia as pessoas e abrangem as condições dentro das quais elas desempenham seu trabalho, como salário, benefícios sociais, tipo de chefia ou supervisão, condições físicas e ambientais de trabalho, políticas e diretrizes da empresa, regulamentos internos etc. São fatores de contexto e se situam no ambiente externo que circunda o indivíduo. Como essas condições são administradas e decididas pela empresa, estão fora do controle das pessoas. [...] As pesquisas de Herzberg revelaram que, quando os fatores higiênicos são ótimos, eles apenas evitam a insatisfação e, se elevam a satisfação, não conseguem sustentá-la por muito tempo. E quando são precários, provocam a insatisfação. Em razão dessa influência mais voltada para a insatisfação, são chamados de fatores higiênicos: são profiláticos e preventivos, apenas evitam a insatisfação, mas não provocam a satisfação. [...] 
Fatores motivacionais, ou fatores intrínsecos: estão relacionados com o conteúdo do cargo e com a natureza das tarefas que a pessoa executa. Estão sob o controle do indivíduo, pois estão relacionados com o que ele faz e desempenha. Envolvem sentimentos de crescimento individual, reconhecimento profissional e autorrealização e dependem das atividades que o indivíduo realiza no trabalho. [...] Quando são ótimos, provocam a satisfação nas pessoas. Porém, quando são precários, eles evitam a satisfação. [...] 
Os fatores higiênicos e os motivacionais são independentes e não se vinculam entre si. Os fatores responsáveis pela satisfação profissional das pessoas são totalmente desligados e distintos dos fatores responsáveis pela insatisfação profissional. O oposto da satisfação profissional não é a insatisfação, mas ausência de satisfação profissional. Também o oposto da insatisfação profissional é ausência dela e não a satisfação. (CHIAVENATO, 2022, p. 185, grifos nossos) 
Intencionalidade educativa
A palavra intencionalidade educativa está presente em documentos oficiais relacionados à organização dos espaços, recursos, situações e experiências de aprendizagem bem como a vontade política. O que é intencionalidade? A intencionalidade educacional está presente nos planejamentos e organiza da melhor forma as experiências de aprendizagem simples e complexas. 
Definir a intenção é o primeiro passo na construção de um PPP (Projeto Político-Pedagógico), desde a secretaria municipal e estadual de ensino até as escolas, os conselhos, as oportunidades de aprendizagem nas salas de aula. A teoria de Ausubel (1918-2008) assim como a de outros cognitivistas se baseia na premissa de que existe uma estrutura na qual a integração e organização de novos conhecimentos se processa. Para tanto, faz-se necessário organizar intencionalmente espaço/ambiente/tempo/recursos para contribuir para uma aprendizagem significativa e que atenda às necessidades e aos interesses dos estudantes. A contribuição de Ausubel foi apresentar o processo da aprendizagem significativa, ou seja, toda informação deverá se ancorar nos conceitos relevantes já existentes e apropriados pelo indivíduo. Quando isso não ocorre, a aprendizagem é apenas um armazenamento arbitrário de informações (aprendizagem mecânica), ou seja, voltamos à teoria comportamentalista que marca um perfil de gestor autocentrado e de currículos programados. Ausubel nos indica que a aprendizagem só se torna significativa se o conteúdo aprendido de uma forma ou de outra ligar-se a conceitos relevantes ancorados em informações obtidas anteriormente. Outro conceito importante na teoria da aprendizagem significativa de Ausubel é o dos organizadores prévios, que são materiais introdutórios apresentados antes do material a ser aprendido em si (conhecimentos específicos). Sua principal função é a de servir como “pontes cognitivas” entre o que o aprendiz já sabe e o que ele deve saber, de forma que o material possa ser aprendido de forma significativa.  
Se buscamos educação para todos, buscamos uma aprendizagem significativa para todos, o que demonstra a importância de um projeto de engajamento coletivo da escola na construção de intenções viabilizada por ações intencionalmente planejadas e organizadas. As situações planejadas atendem aos interesses e às necessidades dos estudantes? E da equipe? Há crescimento profissional da equipe? A escola tem se tornado eficaz? Quais aspectos educacionais podem ser aprimorados? O PPP corresponde às expectativas sociais e reais? Estas e tantas outras questões podem fazer parte de reuniões constantes da equipe. O gestor, retomando a missão da escola, os valores já discutidos pelo coletivo, o currículo dinâmico e cidadão, lidera o caminho para que a escola assuma seu papel determinante na comunidade e na vida de cada estudante.  
Unidade 2 / Aula 3A gestão no contexto escolar
Introdução
A gestão escolar democrática ainda se constitui como um campo pouco explorado pelos pesquisadores da educação. Nesta aula, será feita uma explanação e revisão dos percursos de construção de modelos de gestão, dando ênfase às características da gestão democrática da educação. A relevância deste estudo está na necessidade de se desvendar as especificidades desse campo a fim de instrumentalizar o trabalho das futuras gerações de gestores escolares para a superação do paradigma autoritário e centralizador que tem predominado neste contexto. Trata-se da busca de um novo sentido para essa função, tendo a atual prática social como referência nas relações humanas e na liderança. 
Diretor e supervisor visando ao sucesso escolar
No contexto educacional contemporâneo existem inúmeros desafios para aqueles que fazem a gestão escolar no cotidiano das instituições educacionais do país. Entre eles destacam-se a promoção de uma educação de qualidade voltada para o aprendizado efetivo dos alunos, a capacitação dos professores, o zelo pela saúde financeira da escola, a gestão democrática (com o envolvimento de toda comunidade escolar, incluindo os alunos e seus familiares, por meio dos colegiados). Para que tudo isso ocorra, o gestor precisa trabalhar de forma alinhada com o coordenador e o supervisor pedagógico, cuidando para que o clima institucional seja saudável, zelando pela qualidade das interações humanas ocorridas no interior da escola. Nesse sentido, é necessária uma definição clara de cada membro da equipe gestora, para que os limites de cada função sejam respeitados e a cultura escolar possa ser construída de maneira saudável e produtiva. Assim, caberá ao diretor a responsabilidade de estabelecer as metas da escola, assinar a documentação e responder judicialmente pelo que acontece naquele espaço, além de relacionar-se de maneira ética e flexível com a comunidade e as autoridades. Ainda que esse profissional conte com o coordenador pedagógico, ele também responderá legalmente pelos aspectos pedagógicos, exercendo de maneira responsável a sua liderança,sabendo articular de maneira profissional e estratégica o trabalho de todos os outros membros da comunidade escolar. Além do diretor e do coordenador pedagógico (função muitas vezes acumulada pelo diretor) a gestão escolar conta também com o supervisor, um especialista em legislação educacional que tem como função prestar apoio e dar orientações às escolas, bem como averiguar o cumprimento das normas. 
Podemos comparar um diretor (gestor escolar) como um gerente de uma empresa. O gerente sempre irá coordenar as tarefas dos membros de sua equipe organizados por áreas de atuação. Cada membro, incluso em um grupo de trabalho, tem a mesma visão da escola, do aluno, da comunidade, do currículo e do ambiente adequado para que a aprendizagem aconteça. Mas os grupos sempre se reúnem para verificar o “ balanço do mês”, as dificuldades, as necessidades, e principalmente acertar o rumo do projeto político-pedagógico. Caberá sempre ao gestor, como o gerente de uma empresa, estar presente e apoiar o desenvolvimento das tarefas a fim de evitar desvios do caminho traçado na trilha dos objetivos comuns. Dessa forma, a liderança democrática exercida pelo gestor terá sempre o desafio de trabalhar em equipe, atuar de forma intraempreendedora, planejar e gerenciar projetos que incluem a supervisão cotidiana. Esta supervisão evitará a apresentação de justificativas se algo prejudicar o alcance dos objetivos propostos. Interferir e apoiar o grupo na execução de projetos implica em negociar ideias e parcerias, exercendo uma competência: cidadania coorporativa. Ser cidadão é ter consciência de seus direitos e deveres. Na escola, é saber sobre os deveres individuais que impactam a convivência coletiva e um trabalho de equipe. É aprender no trabalho, para o trabalho e com o trabalho. Para isso, o gestor deve considerar que todo individuo terá um crescimento pessoal e profissional por meio do desenvolvimento de habilidades, exercício das competências individuais e coletivas e, por fim, adoção de uma atitude de compromisso e responsabilidade. Ou seja, você já ouviu a expressão: “vestir a camisa”? Pois é, na escola além de vestir a camisa, temos que buscar o troféu que todos merecem. 
Liderança
É possível entender a escola como um sistema aberto, uma vez que seus membros interagem entre si e com pessoas de fora desse ambiente. O sistema aberto é sistêmico e organiza o funcionamento da escola (GASPARIAN, 1997, p. 26). A escola tem uma importante função social, sendo que seu principal objetivo é a promoção da aprendizagem e o desenvolvimento integral dos seus alunos. Para que os professores alcancem os objetivos da aprendizagem, suas ações e esforços são fundamentais, porém os seus resultados não dependem apenas da competência e boa vontade dos docentes, ou de excelentes recursos didáticos. Nesse contexto, direcionados para a finalidade da aprendizagem, estão envolvidos também a organização e a supervisão dos profissionais responsáveis pela administração e gestão da escola. Entre as habilidades inerentes à gestão escolar, destacam-se a organização, mobilização e grande capacidade de articulação de pessoas, recursos e instrumentos para que sejam criadas as condições necessárias para a realização do processo educacional.  
Nesse sentido, inerente à gestão, está a capacidade de liderança, que é implícita na atuação qualitativa do gestor. Há muitas maneiras de se definir a palavra “liderança”, porém de forma prática e objetiva, ela pode ser traduzida como uma habilidade especial que alguns indivíduos têm no manejo e na condução de pessoas que se filiam a algum grupo. Podemos conceituar liderança como uma espécie de “arte” apresentada por aqueles que se dispõem a inspirar pessoas nos mais diversos segmentos sociais. Ainda que chamada de “arte”, trata-se de uma habilidade que pode ser desenvolvida, pois ela não é inata, já que ninguém nasce líder.  
À medida que deixam aflorar suas habilidades de líder, o diretor, o coordenador e o professor conseguem conscientizar, unir e organizar toda a comunidade escolar, incluindo os demais funcionários no alcance dos objetivos da escola. Vale ressaltar ainda que todo esse esforço da equipe escolar, uma vez orquestrada de forma coletiva, com cada profissional atuando com liderança em seu setor, trará melhorias significativas no aprendizado dos estudantes. Portanto, é importante destacar algumas características essenciais ao líder gestor educacional, como saber delegar tarefas (descentralizar), participar da elaboração e acompanhar a realização de projetos educacionais (monitorar o processo), promover a conscientização dos liderados, criar e manter bons relacionamentos, criar e manter vínculos socioemocionais com a equipe escolar, os alunos e seus familiares ou responsáveis e pesquisar constantemente assuntos relacionados à sua área de atuação e legislação vigente. Entretanto, se quiser atuar como líder de uma equipe dentro de um ambiente participativo eis aqui alguns lembretes:  
· Seja educado. 
· Repasse informações relevantes. 
· Busque seus colegas para resolver problemas. 
· Faça reuniões com propósito, para, por exemplo, tratar sobre pontos de melhoria. 
· Reconheça o trabalho de todos. 
· Dê autonomia para que a equipe tome decisões que não necessitam da participação da liderança. 
· Pergunte, escute e permita a participação de todos. 
· Estimule a comunicação entre os membros da escola. 
· Em conjunto com a sua equipe, adote indicadores que permitam avaliar a escola e os seus projetos. 
Tenha iniciativa para solucionar problemas. 
 O trabalho em equipe, com orientações e ações lideradas com excelência, favorece e beneficia toda a comunidade escolar. 
Visão sistêmica e responsabilidade social
À gestão escolar compete a promoção e a sustentação de um ambiente favorável à participação plena, no processo social escolar, dos seus profissionais, de alunos e da comunidade, como as famílias, uma vez que se entende que é por essa participação que eles desenvolvem consciência crítica e sentido de cidadania. Para a criação de um ambiente estimulador para uma gestão democrática e participativa, cabe ao gestor como líder, conforme Lück (2017):  
· Criar uma visão de conjunto associada a uma ação de cooperativismo. 
· Promover sempre um clima na organização de confiança 
· Valorizar as capacidades e habilidades da equipe. 
· Associar esforços, quebrar arestas, eliminar divisões e integrar esforços. 
· Estabelecer demandas de trabalho centrada nas ideias e não nas pessoas. 
· Desenvolver a prática de assumir responsabilidades em conjunto.  
Agora, conheça alguns exemplos de frases bloqueadoras da comunicação: “Deixa comigo que eu entendo do assunto!”, “Essa ideia não vai funcionar!”, “Deixe eu contar o que aconteceu 15 anos atrás...”.  Essas frases impedem uma gestão participativa. Provocam uma sensação de inferioridade e impossibilitam a inovação nos temas colocados em debate.  Além de dificultar a participação da equipe, esta gestão autoritária aumenta a tensão e a distância entre professores e outros profissionais atuantes na escola. 
Nesta perspectiva, importante destacar que nas teorias administrativas de gestão sempre consideraremos dois enfoques: tradicional e o enfoque em processos. E por que devemos conhecer estes dois enfoques? A atuação do gestor deve sempre ser avaliada por ele mesmo antes de ser avaliado pela equipe. É a oportunidade única de rever atitudes e mudar. Não é fácil ser um gestor dentro desta proposta que estamos estudando, mas é possível. No enfoque tradicional, o problema sempre está nos empregados, pois os empregados são problemas organizacionais. O gestor neste enfoque sempre diz que entende do seu serviço e cuida deste, motiva sempre as pessoas e as controla, pois não confia em ninguém e procura a pessoa que cometeu o erro. No enfoque em processos se há um problema é do processo precisando rever o fluxo. Entende que as pessoas são as fontes do processo e ajudam a fazer com que as coisas aconteçam. O processo está em constante mudança para aperfeiçoá-lo e, para tanto, capacita

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