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134 parte II – agregando pessoas 1. Quanto à forma de aplicação: as provas de conhe- cimentos ou capacidade podem ser orais, escritas ou de realização: »– Provas orais: são aplicadas verbalmente por meio de perguntas e respostas orais. Servem qua- se como uma entrevista padronizada e estrutura- da com perguntas verbais específicas no sentido de obter respostas verbais também específicas. »– Provas escritas: são feitas por escrito por meio de perguntas e respostas escritas. São as provas geralmente realizadas nas escolas e universida- des para aferir conhecimentos adquiridos. »– Provas de realização: feitas por meio da execu- ção de um trabalho ou tarefa, de maneira uni- forme e com tempo determinado, como uma prova de digitação, desenho, manobra de um veículo, usinagem de uma peça ou trabalho em computador. 2. Quanto à avaliação: podem ser gerais ou específicas: »– Provas gerais: são as provas que avaliam noções de cultura geral ou aspectos genéricos do conhe- cimento. »– Provas específicas: avaliam conhecimentos técnicos e específicos diretamente relacionados ao cargo a preencher, como conhecimentos de química, informática ou contabilidade. 3. Quanto à organização: as provas de conhecimentos ou capacidade podem ser tradicionais ou objetivas: »– Provas tradicionais: são provas do tipo disser- tativo e expositivo. Não exigem planejamento e podem ser improvisadas. Abrangem um número menor de questões pelo fato de exigir respostas longas, explicativas e demoradas. Avaliam pro- fundidade de conhecimentos, mas são restritas a uma pequena extensão do campo de conheci- mentos do candidato. Sua avaliação é demorada e subjetiva, exigindo o trabalho de um especialista no assunto. São utilizadas em escolas e univer- sidades para aferir o conhecimento dos alunos. »– Provas objetivas: são planejadas e estruturadas na forma de testes objetivos. Sua aplicação é rá- pida e fácil. Sua aferição também é rápida, fácil e objetiva, podendo ser feita por não especialistas no assunto. Permitem medir extensão e abran- gência dos conhecimentos. As provas objetivas são geralmente denominadas testes, pois trans- formam as perguntas ou questões na forma de itens de testes. Os principais itens de testes são: •» Alternativas simples ou testes dicotômi- cos: uma questão com duas alternativas de resposta (certo - errado, sim - não). Permitem 50% de probabilidade de acerto ao acaso. Ex.: Quem descobriu o Brasil foi Pedro Álvares Ca- bral: sim – não. •» Múltipla escolha: cada questão tem 3, 4 ou 5 alternativas de respostas para reduzir a pro- babilidade de acerto ao acaso. Ex.: O Brasil foi descoberto em: a – 1500, b – 1492, c – 1474, d – 1545, e – 1521. •» Preenchimento de lacunas: cada frase in- completa com espaços abertos para preen- cher. Ex.: A Alfa S/A apresenta uma política de RH muito ________ para os seus funcionários. •» Ordenação ou conjugação de pares: duas colunas com palavras ou assuntos dispostos ao acaso e que devem ser ordenados ou colo- cados um ao lado do outro. Ex.: de um lado, vários países numerados; de outro, várias ca- pitais para serem numeradas de acordo com seus países. •» Escala de concordância/discordância: cada declaração na qual o candidato mostra o seu grau de concordância ou discordância. Ex.: Pequenas empresas são melhores do que as grandes para se trabalhar? a – discordo total- mente, b – discordo, c – indiferente, d – con- cordo, e – concordo totalmente. •» Escala de importância: é uma escala que clas- sifica a importância de algum atributo. Ex.: o refeitório em uma empresa é: a – extremamen- te importante, b – muito importante, c – um pouco importante, d – não muito importante, e – sem importância. •» Escala de avaliação: é uma escala que avalia algum atributo. Ex.: o refeitório da empresa Alfa é: a – excelente, b – ótimo, c – bom, d – regular, e – sofrível. testes psicológicos Os testes psicológicos constituem uma medida ob- jetiva e estandartizada de uma amostra do comporta- mento no que se refere a aptidões das pessoas. Os tes- tes psicológicos são utilizados como uma medida de desempenho e se baseiam em amostras estatísticas de comparação, sendo aplicados em condições padroni- zadas. A seguir, os resultados dos testes do candidato são comparados com padrões de resultados em amos- CapÍtULo 5 – seLeÇão de pessoas 135 tras representativas para obter dados em percentis. Os testes psicológicos apresentam três características que as entrevistas e provas tradicionais ou objetivas não apresentam: 1. Preditor: significa a capacidade de um teste de oferecer resultados prospectivos capazes de servir como prognósticos para o desempenho futuro do cargo. É o atributo pelo qual uma técnica de sele- ção é capaz de predizer o comportamento futuro do candidato no cargo a ser ocupado em função dos resultados que alcançou quando submetido a essa técnica. A validade preditiva de um teste é deter- minada aplicando-o a uma amostra de candidatos que, uma vez admitidos, são avaliados quanto ao desempenho nos cargos e os resultados são com- parados entre si. 2. Validade: significa a capacidade do teste de aferir exatamente aquela variável humana que se pretende medir. Validade representa a relação entre um es- quema de seleção com algum critério relevante. Um teste sem validade não funciona, pois mede coisas que não se pretende medir. 3. Precisão: significa a capacidade do teste de apresen- tar resultados semelhantes em várias aplicações na mesma pessoa. Representa a consistência da mensu- ração e a ausência de discrepâncias na medida. As repetidas aplicações do teste apresentam resultados constantes. Todo o instrumental de seleção deve possuir caracte- rísticas de predição, validade e precisão. Isso vale tanto para a entrevista, provas de conhecimentos e capacida- des, quanto para os testes psicológicos. Estes são, entre- tanto, os campeões nesses três aspectos. Os testes psicológicos utilizados no processo seleti- vo focalizam principalmente as aptidões. Servem para determinar quanto elas estão presentes em cada pes- soa, com a finalidade de prever o seu comportamento em determinadas formas de trabalho. Baseiam-se nas diferenças individuais e analisam o quanto variam as aptidões de um indivíduo em relação às estatísticas de resultados em amostras. Enquanto as provas de conhe- cimentos ou capacidade medem a capacidade atual de realização e habilidades, os testes psicológicos medem as aptidões individuais, para oferecer um prognóstico futuro do seu potencial de desenvolvimento. vOltandO aO CasO IntrOdutórIO: a pedra & pedroso Com a iniciativa de Raul Siqueira, os gerentes de linha e equipes iniciaram o treinamento para aprender a entrevistar candidatos. Em paralelo, o DRH está prepa- rando toda a infraestrutura de testes de conhecimentos e capacidades para subsidiar as decisões dos gerentes de linha. Como se poderia ajudar Raul? teoria multifatorial de thurstone A abordagem mais conhecida a respeito das aptidões é a teoria multifatorial de Thurstone.24 Segundo essa abordagem, a estrutura mental das pessoas é constituída por um número de fatores relativamente independentes entre si, cada qual responsável por uma determinada ap- tidão. Thurstone definiu sete fatores específicos e criou um conjunto de testes para medi-los: os chamados testes de habilidades primárias. Acrescentou um fator geral (fa- tor G) ao qual deu o nome de inteligência geral, pelo fato de condicionar e complementar todas as aptidões. Os sete fatores específicos estão representados na Figura 17. aptidão Capacidade • Predisposição natural para determinada atividade ou trabalho • Existe sem exercício prévio, sem treino ou aprendizado • É avaliada por meio de comparações • Permite prognosticar o futuro do candidato no trabalho • Transforma-se em capacidade através do exercício ou treinamento • É a predisposição geral ou específica para o aperfeiçoamento no trabalho • Possibilita o encaminhamento futuropara determinado cargo • É o estado latente e potencial de comportamento • Habilidade adquirida para realizar determinada atividade ou trabalho • Surge depois do treinamento ou aprendizado • É avaliada pelo rendimento no trabalho • Permite diagnosticar o presente: refere-se à habilidade atual do indivíduo • É o resultado da aptidão depois de exercitada ou treinada • É a disposição geral ou específica para o trabalho atual • Possibilita a colocação imediata em determinado cargo • É o estado atual e real de comportamento fIgura 16 Diferenças entre aptidão e capacidade. 136 parte II – agregando pessoas nome: ____________________________________________________ data: ___/___/____ Percentis 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 1. Fator G 2. Fator V 3. Fator W 4. Fator N 5. Fator S 6. Fator M 7. Fator P 8. Fator R fIgura 18 Laudo de resultados de testes psicológicos. Grupo funcional de cargos Testes psicológicos indicados Operador de máquina Nível mental Percentil 40 a 60 Fator P Percentil acima de 40 Destreza manual e digital Percentil acima de 40 Fator S Percentil acima de 30 ferramenteiro Nível mental Percentil 50 a 70 Fator P Percentil acima de 50 Destreza manual e digital Percentil acima de 70 Fator S Percentil acima de 60 líder de equipe Nível mental Percentil acima de 60 Fator V Percentil acima de 70 Fator W Percentil acima de 50 Fator R Percentil acima de 50 fIgura 19 Baterias de testes psicológicos. fIgura 17 Teoria multifatorial de Thurstone. Fator V Aptidão verbal Redação e escrita Precisão das palavras Expressão escrita Fator W Fluência verbal Oratória Escrita Facilidade de falar e de escrever Argumentação Fator N Aptidão numérica Capacidade de lidar com números Cálculos Matemática Fator S Aptidão espacial Capacidade de lidar com espaços Geometria Pintura Escultura Arquitetura Fator M Memória associativa Facilidade de memorizar eventos, pessoas, locais, coisas ou situações Fator P Aptidão perceptiva Atenção concentrada Facilidade com detalhes Capricho Atenção Fator R Raciocínio abstrato Raciocínio lógico Abstração Conceitua- lização visão global fator g Inteligência geral Os candidatos são submetidos a uma bateria de testes psicológicos para avaliar suas diferentes aptidões e um teste de nível mental para avaliar o fator G (Figura 18). Cada cargo impõe determinadas aptidões do ocupan- te. Estas são anotadas na ficha profissiográfica do cargo para definir o perfil e as características do candidato ideal. A partir daí, determinam-se quais são os testes psi- cológicos adequados para pesquisar as aptidões neces- sárias ao ocupante do cargo. Assim, é comum encontrar diferentes baterias de testes para cada cargo (Figura 19). CapÍtULo 5 – seLeÇão de pessoas 137 as múltiplas inteligências de Gardner Howard Gardner 25 desenvolveu uma teoria das múl- tiplas inteligências para facilitar o trabalho de orienta- ção e seleção profissional. Sua teoria pressupõe que as pessoas possam ter sete diferentes tipos de inteligência, cada uma determinando certas habilidades específicas:26 1. Inteligência lógico-matemática: é a facilidade para pensar de maneira lógica, indutiva ou dedutiva, re- conhecer padrões numéricos, lidar com números, elementos matemáticos ou padrões lógicos. É a ha- bilidade de ordenar fatos, relacionar causas e efeitos, lidar com quantidades. A predominância desse tipo de inteligência conduziria ao matemático, estatísti- co, físico, engenheiro, médico, filósofo, técnico em informática, analista de sistemas ou programador. Albert Einstein é o exemplo clássico desse tipo de inteligência. 2. Inteligência verbal ou comunicativo-linguística: é a habilidade quanto à aquisição, formação e pro- cessamento da linguagem, facilidade para lidar com palavras e línguas, escritas ou faladas, de maneira simbólica ou abstrata. É a habilidade de se expres- sar ou manter uma comunicação ativa, indepen- dentemente de falar a mesma língua. Também é a habilidade de escrever, ouvir e falar explorando as diversas maneiras pelas quais a linguagem pode ser utilizada, como metáforas, anagramas, analo- gias ou padrões rítmicos. Ou ainda a facilidade de memorizar textos. A predominância desse tipo de inteligência conduziria ao escritor, orador, intérpre- te, comunicador, poeta, ator, advogado, professor, jornalista, locutor, vendedor, tradutor, poliglota ou crítico literário. Jorge Amado é o exemplo. 3. Inteligência musical: é a facilidade para lidar com sons, ritmos e harmonia, para criar ou interpretar música. É a facilidade para distinguir e organizar sons de maneira criativa, distinguir nuances de tons, melodias, sequências, memorizar sons, como fazem os compositores, regentes e cantores. A pre- dominância desse tipo de inteligência conduziria ao músico compositor, orquestrador, instrumentista, intérprete, cantor, arranjador ou crítico musical. Mozart e Beethoven são os expoentes. 4. Inteligência espacial: é a facilidade para perceber imagens e lidar com conceitos espaciais e geométri- cos. Representa a capacidade de lidar com noções de espaço e direção, rearranjar coisas e espaços, perce- ber e interpretar o ambiente ao redor. Proporciona a visão de perspectiva, proporção, espaço tridimen- sional e a facilidade em lidar com mapas. A predo- minância deste tipo de inteligência conduziria ao arquiteto, urbanista, astrônomo, astrólogo, escultor, pintor, cartógrafo, geógrafo, metereologista, decora- dor, editorador, fotógrafo, desenhista ou projetista. O exemplo está em Oscar Niemeyer. 5. Inteligência corporal-cinestésica: é a facilidade para lidar com o próprio corpo e manifestar-se pela expressão e por movimentos corporais. É típica das pessoas que possuem um controle harmonioso dos músculos e movimentos físicos e gostam de se ex- pressar com gestos. A predominância deste tipo de inteligência conduziria ao ator, atleta, jogador de futebol ou basquete, esportista, dançarino, ator, mímico, fisioterapeuta, educador físico, relojoeiro, lapidador. Pelé e Michael Jordan são os exemplos. 6. Inteligência interpessoal: é a facilidade de com- preender e se comunicar e facilitar relacionamentos e processos grupais. Envolve empatia e facilidade para lidar com pessoas e com relações sociais. En- volve a capacidade de examinar e entender os senti- mentos das demais pessoas, bem como se relacionar com os outros de maneira positiva e obter coopera- ção e sinergia dos demais. A predominância deste tipo de inteligência conduziria ao administrador, professor, educador, líder, chefe, psicólogo, médico, sociólogo, psicanalista ou terapeuta. Silvio Santos é um exemplo. 7. Inteligência intrapessoal: é a facilidade para lidar com os próprios sentimentos e pensamentos, bem como com atividades introspectivas e de ideação. Envolve a capacidade de examinar e entender os próprios sentimentos. Em geral, são pessoas que gostam de se isolar dos outros e desenvolver sen- timentos intuitivos. A predominância desse tipo de inteligência conduziria ao pensador, filósofo, engenheiro de sistemas, engenheiro de informáti- ca, romancista ou poeta. Sócrates e Platão são as referências. 138 parte II – agregando pessoas Recentemente, Gardner incluiu mais dois tipos de inteligência:27 1. Inteligência pictográfica: é a habilidade de trans- mitir mensagens por meio de desenhos, figuras, ima- gens ou a facilidade em memorizar cenas e lugares. A predominância desse tipo de inteligência conduziria aos desenhistas, escultores, designers e publicitários, profissionais de propaganda. Leonardo da Vinci e Pablo Picasso são referências. 2. Inteligência naturalista ou existencialista: é a sen- sibilidade quanto à natureza e ao meio ambiente. Significa a capacidade de entender o meio natural e identificar como as coisas acontecem na natureza. A predominância conduz a profissões como paisagistas, ecologistas, biólogos. Charles Darwin é a referência. Cada cargo exige um conjuntode tipos de inteligên- cia em proporções diferentes e desiguais. A Figura 20 fornece uma ideia das múltiplas inteligências. Inteligência Habilidades Componentes essenciais 1. Lógico-matemática Matemático, cientista, engenheiro, estatístico 1. Sensibilidade e capacidade para discernir padrões lógicos ou numéricos. Capacidade para lidar com longas cadeias de raciocínio 2. verbal Escritor, poeta, jornalista 2. Sensibilidade aos sons, ritmos e significados das palavras. Sensibilidade a diferentes funções da língua 3. Musical Músico, compositor 3. Habilidade para produzir sons e apreciar melodia, ritmo, intensidade e timbre. Gosto pelas formas de expressão musical 4. Espacial Navegador, escultor, geógrafo, cartógrafo 4. Capacidade para perceber o mundo visual e espacialmente 5. Corporal-cinestésica Atleta, dançarino, ator, modelo 5. Habilidade para controlar movimentos do corpo e para lidar com objetos 6. Interpessoal Orador, vendedor, terapeuta, comunicador 6. Capacidade para discernir e responder adequadamente a humores, temperamentos e desejos de outras pessoas. 7. Intrapessoal Psicólogo, administrador, filósofo, pensador 7. Avaliação dos próprios sentimentos e habilidade de avaliar as próprias forças e fraquezas fIgura 20 Múltiplas inteligências de Gardner. testes de personalidade Personalidade é mais do que um conjunto de carac- terísticas pessoais mensuráveis. Constitui a integração de traços pessoais, a mistura ou a composição, o todo organizado, o sistema aberto. O termo "personalidade" representa a integração única de características mensu- ráveis relacionadas com aspectos permanentes e consis- tentes de uma pessoa. Essas características são identifi- cadas como traços de personalidade e distinguem uma pessoa das demais. Os testes de personalidade revelam certos aspectos das características superficiais das pes- soas, como aqueles determinados pelo caráter (traços adquiridos ou fenotípicos), e aqueles determinados pelo temperamento (traços inatos ou genotípicos). Os testes de personalidade são denominados psi- codiagnósticos quando revelam traços gerais de per- sonalidade em uma síntese global. Nesta categoria, estão os chamados testes expressivos (de expressão corporal), como o psicodiagnóstico miocinético (PMK) de Mira y López; e os chamados testes projetivos (de projeção da personalidade), como o psicodiagnósti- co de Rorschach, o teste de Zulliger (teste Z), o teste de apercepção temática (TAT), o teste da árvore de Koch, o teste da figura humana de Machover, o tes- te multipulsional de Szondi, o teste de Wartegg, etc. Existem também inventários (questionários), como o inventário multifásico de personalidade de Minnesota (MMPI) e o Myers-Briggs type indicator (MTI), baseado no trabalho de Carl Gustav Jung. Em geral, os testes de personalidade são utilizados apenas no processo seletivo de posições de alto nível nas organizações, em razão do seu custo e tempo de aplicação e avaliação. CapÍtULo 5 – seLeÇão de pessoas 139 dICa: teorias de personalidade Existem muitas teorias a respeito da personalidade e várias abordagens diferentes. Contudo, existe um con- senso entre os psicólogos de que existiriam cinco fatores básicos da personalidade comumente denominados big five:28 1. Extrovertido: sociável, agradável, gregário, caloroso, assertivo, ativo. 2. agradável: cortês, confiável, flexível, franco, emotivo. 3. consciente: cuidadoso, perfeccionista, trabalhador, ambicioso, perseverante. 4. neurótico: ansioso, deprimido, irritadiço, complicado. 5. Aberto a experiências: original, imaginativo, criativo, curioso, ousado. Cada um desses fatores básicos varia de uma pessoa para outra em um continuum que vai desde a ausência até uma concentração muito forte. Os testes de personalidade são chamados específicos quando pesquisam determinados traços ou aspectos da personalidade, como equilíbrio emocional, frustrações, interesses, motivação, etc. Nesta categoria, estão os in- ventários de interesses, motivação e frustração. Tanto a aplicação quanto a interpretação de testes de personali- dade exige a presença de um psicólogo. Em face do custo de aplicação e interpretação, os testes e os inventários de personalidade são aplicados em casos especiais ou quando o cargo o justifique. Quase sempre são utilizados em cargos executivos de alto nível. técnicas de simulação As técnicas de simulação deixam o tratamento in- dividual e isolado para centrar-se no tratamento em grupos e substituem o método verbal ou de execução pela ação social. O ponto de partida é o drama, que sig- nifica reconstituir em cima de um palco – o contexto dramático –, no momento presente, no aqui e agora, o evento que se pretende estudar e analisar o mais proxi- mamente do real. Assim, o protagonista, ao dramatizar uma cena, assume um papel (role playing) e permanece em um palco circular rodeado por outras pessoas – con- texto grupal – que assistem à sua atuação e podem vir ou não a participar da cena. As técnicas de simulação são essencialmente téc- nicas de dinâmica de grupo. A principal técnica de si- mulação é o psicodrama, que se fundamenta na teoria geral de papéis: cada pessoa vivencia papéis que lhe são mais característicos, na forma de comportamento pessoal, seja isoladamente, seja em interação com ou- tras pessoas. Estabelece vínculos que lhe são habituais ou tenta estabelecer novos vínculos. Age no aqui e no agora em seu cotidiano, o que permite analisar e diag- nosticar o seu próprio esquema de comportamento. As técnicas de simulação abriram um campo in- teressante para o processo seletivo. As características humanas reveladas pelas técnicas tradicionais de se- leção precisam aguardar confirmação ou não a partir de algum tempo de desempenho no cargo, uma vez que elas não pesquisam o comportamento real dos candidatos e suas interações com pessoas, situações e desafios. As técnicas de simulação são usadas como um complemento do diagnóstico: além dos resultados das entrevistas e dos testes psicológicos, o candidato é submetido a uma situação de dramatização de algum evento relacionado ao papel que desempenhará na or- ganização para proporcionar uma visão mais realista acerca de seu comportamento no futuro. As técnicas de simulação são utilizadas nos cargos que exijam re- lacionamento interpessoal, como direção, gerência, supervisão, vendas, compras, contatos com o público, etc. O erro provável e intrínseco a qualquer proces- so seletivo pode ser reduzido, e o próprio candidato pode avaliar sua adequação ao cargo pretendido pela simulação de uma situação que futuramente terá de enfrentar. A simulação promove retroação e permite o autoconhecimento e a autoavaliação. As técnicas de simulação devem ser conduzidas por um psicólogo ou especialista no assunto. arH de HOje: o envolvimento da gerência e da equipe 29 Na Andersen Consulting brasileira, o processo de seleção dos trainees é um problema de linha, e não de staff. Ao final de cada ano, cerca de quinhentos recém- 140 parte II – agregando pessoas -formados em administração e engenharia enfrentam uma bateria de entrevistas para conseguir uma vaga na prestigiosa empresa de consultoria. Somente 60 são contratados para um programa de estágio e se tornam os futuros consultores da empresa. Os demais acabam sendo eliminados ao longo do rigoroso processo sele- tivo. Uma das etapas decisivas na seleção é o exame de proficiência em inglês, uma habilidade determinante para um consultor da Andersen, pois ela proporciona treinamento nos EUA a todos os seus funcionários. Uma vez aprovado, o candidato passa por uma dinâmica de grupo, a segunda grande peneirada, como pré-requi- sito para a entrevista com profissionais da área de RH. Nessa fase, os entrevistadores identificam capacidade de comunicação, nível intelectual, modo de vida e ex- pectativas do candidato. Em seguida, os selecionados passam por entrevistas conduzidas por dois gerentes, um diretore, finalmente, o presidente da empresa. O envolvimento da gerência e da direção na escolha dos trainees retrata a importância do processo seletivo para o negócio da empresa. PRocesso de seleção de Pessoas A seleção de pessoas constitui um processo com- posto de várias etapas ou fases sequenciais pelas quais passam os candidatos. Na medida em que são bem- -sucedidos, os candidatos ultrapassam os obstáculos e passam adiante para as etapas posteriores. Na medi- da em que não conseguem superar as dificuldades, os candidatos são rejeitados e caem fora do processo. Nas etapas iniciais, ficam as técnicas mais simples, econô- micas e mais fáceis, ficando as técnicas mais caras e sofisticadas para o final. O processo seletivo geralmente utiliza a combinação de várias técnicas de seleção e procedimentos múltiplos que variam de acordo com o perfil e a complexidade do cargo a ser preenchido. Cada técnica de seleção proporciona certas informa- ções a respeito dos candidatos. As organizações utilizam uma variedade de técnicas de seleção para obter todas as informações necessárias a respeito dos candidatos. Quanto maior o número de técnicas de seleção, maior a oportunidade de informações de seleção para trabalhar e maiores o tempo e o custo operacional (Figura 21). gp de HOje: como as empresas selecionam talentos 30 O Banco Itaú Personnalité faz o recrutamento de seus candidatos para o programa de trainees pela internet a cada ano. Não faz anúncios em jornais, nem palestras em faculdades, pois quer selecionar jovens que utilizam o computador no seu cotidiano. A primeira triagem feita pela análise dos Cv enviados pela internet reduz o nú- mero de candidatos para um terço dos pretendentes. Na triagem sobram os alunos ou ex-alunos de faculdades de primeira linha nos cursos de administração, econo- mia, contabilidade e engenharia. A seguir, os candidatos passam por um processo que dura mais de dois meses, envolvendo: 1. Prova de conhecimentos gerais. 2. Dinâmica de grupo. Processo de seleção fIgura 21 Processo seletivo como uma sequência de etapas. 1. Solicitação de emprego Qualificações insuficientes Razões para rejeição 3. Provas e testes de seleção Baixos resultados 2. Entrevista inicial de triagem Habilidades insuficientes ou conhecimentos insuficientes 4. Entrevistas Comportamento ou atitudes desaconselháveis 5. Exame médico Inabilidade física para o trabalho 6. Análise e decisão final Baixo potencial geral