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Hematologia @laura.medstudies Laura Catarine – M4 / Tutoria A deficiência de ferro é uma das deficiências nutricionais de maior prevalência o Associada à redução da capacidade de trabalho do adulto e ao desenvolvimento mental e motor anormal na criança o Principal causa de anemia microcítica e hipocrômica O conteúdo corpóreo total de ferro é mantido dentro dos limites estreitos, sendo as perdas repostas pela dieta o O organismo perde cerca de 1 mg por dia pela descamação celular, pois não há uma via ativa de excreção de ferro Mulheres gestantes e durante a menstruação possuem perdas maiores O ferro da dieta está disponível de duas formas: o Ferro heme – presente nas carnes Ferro mais bem absorvido Quase não sofre influência de fatores facilitadores ou inibidores o Ferro não heme – presente em vegetais e outros alimentos Principal componente da dieta Requer digestão ácida Sofre interferência de agentes facilitadores, como o ácido ascórbico e carne, e agentes inibidores, como o cálcio, as fibras, o vinho e os polifenóis presentes no chá e no café Conteúdo de ferro no organismo: o Homem adulto – 50 mg/kg o Mulher adulta – 35 mg/kg O ferro circula ligado a uma proteína transportadora, a transferrina As formas de estoque de ferro é ferritina e hemossiderina Homeostase do ferro: o O ferro auxilia no transporte de oxigênio e catalisa reaçõesenvolvidas na transferência de elétron, fização de nitrogênio e síntese de DNA o Pode ser tóxico uma vez que pode formar EROs o A principal fonte de ferro para os precursores eritróides é o ferro ligado à transferrina sérica (Fe-TfR) o É necessária uma alta taxa de reutilização do ferro para manter a homeostase o Os níveis plasmáticos de ferro são mantidos em valores relativamente constantes – 10 a 30 umol/L Ocorre o influxo de ferro liberado pelas hemácias recicladas e dos estoques hepáticos, e efluxo pela necessidade diária para a eritropoese, síntese de mioglobina e utilização por enzimas e citocromos o Entrada de ferro: Reciclagem das hemácias envelhecidas – 20mg/dia Absorção dietética – 1 a 2 mg/dia o O ferro pode ser obtido da dieta de duas formas: Ferro contido nas moléculas heme presentes na mioglobina e na hemoglobina Ferro inorgânico da dieta o Absorção: Absorvido pelo epitélio duodenal Para ser bem absorvido, o ferro deve estar na forma de Fe 2+ Existe uma enzima na borda de escova dos enterócitos que promove a redução de Fe3+ para Fe2+ O Fe2+ é transportado para dentro do enterócito pelo transportados de metais divalentes tipo 1 – DMT1 Laura Catarine – M4 / Tutoria o Dentro do enterócito, o ferro pode ser estocado como ferritina e pode ser perdido pelas fezes, descamação das células do epitélio intestinal, ou pode ser transportado para o plasma pela proteína ferroportina o Quando há deficiência de ferro ocorre um aumento na síntese de DMT1 e ferroportina o O ferro ligado ao heme entra no enterócito por um transportador específico, chamado de HCP-1 o O Fe2+ absorvido é convertido novamente em Fe3+ pela ação de uma enzima oxidase de membrana, chamada de hefestina que está acoplada à ferroportina Essa conversão permite que a transferrina seja usada exclusivamente para o transporte de ferro o Quando a capacidade de ligação de ferro da transferrina está saturada, o ferro pode aparecer no soro em forma livre Esse ferro livre penetra facilmente nas células, principalmente nas células do fígado e do coração, contribuindo para lesão celular o Para entrada na célula do complexo ferro-transferrina é necessário receptores específicos na membrana, chamados de receptores de transferrina (TfRr) TfRr 2 – apenas fígado TfRr 1 – demais células o Uma vez ligado aos receptores, o complexo ferro-transferrina é internalizado por endocitose, no endossoma ocorre a liberação do ferro, reduzido a Fe2+ O Fe2+ é transferido pela DMT1 microssomal para o citoplasma o Nos macrófagos teciduais há poucos receptores de transferrina, uma vez que essas células são responsáveis pela reciclagem do ferro presente em hemácias senis o O ferro celular é liberado no plasma por meio da ferroportina A expressão de ferroportina é proporcional aos níveis de hepcidina, um peptídeo formado pelo fígado A hepcidina se acopla à ferroportina, causando sua internalização, impedindo a saída do ferro intracelular A hepcidina auxilia na manutenção dos níveis séricos de ferro por atuar na absorção intestinal e na liberação de ferro do sistema reticuloendotelial Em caso de excesso de ferro, há o aumento da síntese de hhepcidina, o que impede a absorção de mais ferro Principais causas de carência de ferro: A deficiência de ferro ocorre quando a demanda é maior do que a absorção do ferro da dieta Causas do balanço negativo: o Gravidez o Crescimento acelerado na infância o Fora das condições fisiológicas de aumento de demanda, a causa mais comum de anemia ferropênica em adultos é a perda de sangue 1 ml de sangue possui cerca de 0,5 mg de ferro, perdas de 3 a 4 ml/dia são suficientes para causar um balanço negativo de ferro o Em mulheres em idade reprodutiva, a principal causa é a perda menstrual excessiva As perdas menstruais são em média de 30 ml o Em indivíduos após a menopausa, a principal causa são as perdas gastrointestinais Laura Catarine – M4 / Tutoria o Em pacientes com insuficiência real em tratamento com hemodiálise, ocorre perda de ferro por restrições na dieta, perdas na diálise e estimulação exógena da eritropoese pela eritropoietina o Doadores habituais de sangue, com doação de 500ml de sangue e perda de cerca de 250 mg de ferro o Diminuição na absorção: Acloridria – falta de acidez gástrica A acidez gástrica facilita a absorção do ferro não-heme Absorção prejudicada em indivíduos com gastrite atrófica Infecção por H. pylori pode causar anemia ferropênica Principais grupos de risco para desenvolver deficiência de ferro: o Crianças – de 6 meses a 3 anos o Mulheres grávidas o Doadores regulares de sangue o Atletas em treinamento o Comunidades com baixa ingestão de ferro heme Anamnese: o Sintomas mais comuns: Fadiga Presente na deficiência de ferro com ou sem anemia Perda da capacidade de exercer as atividades habituais Irritabilidade Cefaleia Palpitações Dispneia aos esforços Perversão do apetite (pica): o paciente refere vontade de comer terra, reboco de parede, tijolo, gelo... o A deficiência de ferro é uma causa secundária da anemia ferropênica, é necessário encontrar a causa primária para estabelecer o tratamento o Crianças: Detalhar hábitos alimentares o Mulheres e idade reprodutiva: Número de absorventes por dia Tamanho do coágulo – maiores de 2cm ou persistência por mais de 1 dia Intervalo entre os ciclos e duração Laqueadura prévia e uso de DIU – aumentam a perda sanguínea Importante: história gestacional e antecedentes obstétricos o Homens e mulheres que não menstruam: Questionamento sobre perdas fecais, hemorroidas, hábito intestinal, uso de medicamentos, antecedentes mórbidos como cirurgia gástrica ou anemia previamente tratada com ferro Disfagia progressiva pode acompanhar a anemia ferropênica Detalhamento dos hábitos alimentares Vegetarianos possuem menores estoques de ferro Exame físico o Mucosas descoradas o Dificilmente os pacientes possuem taquicardia, uma vez que a perda de ferro se dá progressivamente e o organismo passa por uma adaptação à anemia o Pode ocorrer perda de papilas filiformes o Em casos de longa duração, pode haver queilite angular e alterações ungueais Diagnóstico eexames complementares A anemia ferropênica é caracteristicamente hipocrômica e microcítica o VCM menor que 80 fl Fisiopatologia: o Anemia por falta de produção, causada pela depleção de ferro, elemento essencial à eritropoese o Número de reticulócitos baixo Laura Catarine – M4 / Tutoria o Estágios da deficiência de ferro: 1 - Depleção dos estoques de ferro 2 - Redução de ferritina sérica 3 - Aumento da capacidade total de ligação de ferro 4 - Diminuição da saturação da transferrina 5 - Aumento dos receptores solúveis de transferrina 6 - Eritropoese deficiente em ferro 7 - Aparecimento de microcitose 8 - Queda da concentração de hemoglobina 9 – Anemia Exames laboratoriais: o Hemograma: VCM, HCM e CHCM reduzidos RDW aumentado Aumenta à medida que a microcitose se instala Primeiro índice a se alterar o Perfil de ferro e ferritina sérica: A redução da ferritina sérica é o melhor exame para comprovar deficiência de ferro Entretanto, ferritina normal ou elevada não exclui carência de ferro, uma vez que esta pode aumentar na preseção de bebida alcóolica, doenças inflamatórias, infecciosas e neoplásicas Investigação de perdas: o Perdas mais comuns: ginecológicas e gastrointestinais Na ausência de sinais e sintomas, métodos não- invasivos podem ser úteis para pesquisa de doença celíaca, gastrite atrófica auto-imune e de infecção por H. pylori Tratamento de escolha: reposição de ferro por via oral o Além do tratamento, é importante tratar a doença de base Fármaco: Sulfato ferroso o Dose de 120 a 180 mg de ferro elementar/dia, dividido em 2 a 3 tomadas o A ingestão de sulfato ferroso junto com as refeições diminui o desconforto abdominal, levando a uma melhor aderência ao tratamento o No caso de intolerância, pode substituir por medicamentos líquidos o A absorção é melhor com o estômago vazio, mas é sábio recomendar a ingestão durante as refeições o A absorção é aumentada na presença de suco de laranja e de carne, e inibida por cereais, chá, leite e medicações que diminuem o pH Efeitos colaterais: o Ocorre apenas em 10 a 20% dos pacientes o Distensão abdominal, diarreia e obstipação intestinal Evolução: o Após 3 semanas de tratamento: Aumento médio de 2g/dl na dosagem de hemoglobina Aumento gradativo do VCM Pode ocorrer aumento dos reticulócitos Duração: em torno de 6 meses o Após a normalização dos níveis de hemoglobina e VCM, deve-se continuar o tratamento por 3 a 6 meses para reposição dos estoques de ferro Tratamento parenteral: o Tão efetivo quanto o tratamento oral o Custo mais elevado o Composto: ferro sucrose o Indicações: Intolerância real ao medicamento por via oral Perdas muito intensas Doenças do trato gastrointestinal em que os sintomas podem se agravar por tratamento oral Laura Catarine – M4 / Tutoria Doenças inflamatórias intestinais Necessidade de reposição rápida dos estoques Tratamento da anemia da insuficiência renal crônica em diálise Laura Catarine – M4 / Tutoria Anemia hemolítica Introdução As anemias hemolíticas caracterizam-se por sinais de destruição excessiva de eritrócitos (intravascular ou extravascular ou ambos) acompanhados de sinais de resposta medular o Sinais de resposta medular: Presença de reticulocitose Presença de eritroblastos circulantes – células eritróides nucleadas mais jovens do que os reticulócitos Sob condições máximas de estímulo, a medula óssea pode aumentar 6 a 8 vezes o Hiperplasia da série vermelha – principal alteração na MO o Estado hemolítico compensado: Condição na qual há hiperplasia da série vermelha levando ao encurtamento da vida média dos eritrócitos para 15 a 20 dias, sem desenvolvimento de anemia Quando a taxa de hemólise é muito alta e excede o mecanismo compensatório da MO, instalando o quadro de anemia hemolítica A destruição excessiva dos eritrócitos pode ocorrer no interior dos macrófagos teciduais (extravascular) ou na circulação (intravascular) Sinais de destruição aumentada de eritrócitos: o Hiperbilirrubinemia: O aumento da bilirrubina (BR) ocorre às custas da fração não conjugada (BR indireta) e não é eliminada pela urina o Elevação da desidrogenase lática (DHL) sérica: Frequente Ocorre provavelmente devido à liberação da enzima do eritrócito destruído para o plasma Inespecífico, uma vez que se altera em outras lesões teciduais o Redução da haptoglobina sérica: Pode ocorrer porque a haptoglobina liga a hemoglobina no plasma, e o complexo é removido no fígado pelos hepatócitos o Sinais de hemólise intravascular: Aparecem quando a destruição das hemácias ocorre na circulação e a hemoglobina é liberada no plasma Hemoglobinemia – confere coloração avermelhada ao plasma Hemoglobinúria – a quantidade de hemoglobina é maior que a capacidade de ligação da haptoglobina e dímeros de hemoglobina são liberados na urina Cor da urina varia de rosada a vinhosa ou quase negra A cor da urina pode se tornar avermelhada pela ingestão de certos medicamentos, certos alimentos como beterraba ou por causa da mioglobinúria secundária a lesão muscular maciça É episódica nas hemólises intravasculares crônicas Hemossiderinúria – excesso de destruição A hemoglobina presente no filtrado glomerular é parcialmente absorvida Laura Catarine – M4 / Tutoria e incorporada como ferritina e hemossiderina As células tubulares contendo ferro, na forma de hemossiderina, são posteriormente descamadas e eliminadas na urina A hemossiderinúria é uma evidência confiável de que a hemoglobinemia ocorreu em um passado recente Demora vários dias para ser detectada Constante nas hemólises intravasculares crônicas Patogênese e classificação Agudas ou crônicas o Classificação não útil, uma vez que várias anemias hemolíticas crônicas cursam com episódios de hemólise aguda Intravasculares ou extravasculares o Um pouco mais útil, porque as hemólises intravasculares são acompanhadas por sinais típicos Causadas por defeitos intrínsecos ou extrínsecos dos eritrócitos o Classificação mais útil para o clínico o A maioria dos defeitos intrínsecos é hereditária, enquanto os extrínsecos são adquiridos o Exceção: hemoglobinúria paroxística noturna é causada por um defeito intrínseco adquirido o Os defeitos intrínsecos são decorrentes de defeitos da membrana eritrocitária, de alterações do metabolismo celular por defeitos enzimáticos e de várias anormalidades da hemoglobina Hereditárias ou adquiridas: o As anemias hemolíticas adquiridas podem ser classificadas de acordo com o fator extrínseco causador da hemólise, como anticorpos ou causas não- imunológicas Abordagem do paciente com suspeita de anemia hemolítica Achados clínicos mais comuns: Palidez e icterícia, acompanhadas ou não por esplenomegalia O início pode ser abrupto ou insidioso: o Início abrupto: Transfusões incompatíveis, ingestão de substâncias oxidantes em paciente com deficiência de G6PD, associadas com doenças febris agudas e alguns casos de anemias hemolíticas autoimunes Além dos sintomas cardiovasculares pode ocorrer dor nas costas, no abdômen e nas pernas, bem como cefaleia, mal-estar, calafrios e febre Sintomas: palidez, icterícia e taquicardia o Início insidioso: A anemia se desenvolve gradualmente por um período de semanas ou meses A adaptação cardiovascular adequada faz os sintomas serem escassos Abordagem inicial: Anamnese: Na história familiar, deve-se pesquisar presença de consanguinidade e ingestão de medicamentos Exame físico: palidez, icterícia, esplenomegalia Anemia normo ou macrocítica Aos exames laboratoriais Morfologia das hemácias Reticulocitose absoluta Aumento da DHL Laura Catarine – M4 / Tutoria Aumento da bilirrubina indireta Diminuição ou ausência da haptoglobina sérica Exames específicos Após a abordagem inicial, pode- se incluir o paciente entre anemia hemolítica hereditária ou adquirida e prosseguir a investigação Anemias hemolíticas adquiridas Anemias hemolíticas autoimunes – AHAI: o Condição clínica incomum o Caracterizada por hemólise causada por anticorpos auto-reativos dirigidos contra antígenos eritrocitários A maioria dos anticorpos são IgG ou IgM o As AHAI podem ser consideradas primárias, quando não existe condições associadas, ou secundárias, quando acompanha uma doença de base ou é induzida por fármacos o Podem ser classificadas de acordo com a sensibididade térmica do anticorpo: anticorpos quentes, frios ou misto o AHAI causadas por anticorpos quentes Classe IgG Tipo mais frequente de AHAI É necessária investigação para exclusão de condições de base, como doenças autoimunes, linfoproliferativas, inflamatórias crônicas, imunodeficiências, hepatite C e neoplasias Quadro clínico – vriável, podendo ser de forma insidiosa ou súbita; pode ocorrer esplenomegalia e/ou hepatomegalia; nos casos secundários, os sintomas da doença de base podem ou não estar presentes Quadro laboratorial – anemia, macrocitose decorrente de grande reticulocitose, aumento de DHL e bilirrubina indireta e redução de haptoglobina; no esfregaço de sangue periférico há macrocitose, esferócitos e policromasia; o teste da imunoglobulina humana confirma o diagnóstico na presença de anticorpos IgG Tratamento – corticosteroides, como prednisona via oral ou endovenosa; o tratamento de segunda linha são a esplenectomia e drogas imunossupressoras, como ciclofosfamida; transfusões sanguíneas só devem ocorrer em caso de extrema necessidade o AHAI causadas por anticorpos frios e quentes – mista o AHAI causadas por anticorpos frios Classe IgM Doença primária das crioaglutininas As aglutininas frias são, na maioria, IgM com especificidade alta contra antígenos de membrana de alta frequência Quadro clínico e laboratorial – pode ocorrer hemólise independente da exposição ao frio; as formas agudas possuem início abrupto, às vezes fulminante, com anemia progressiva, icterícia e esplenomegalia; as formas crônicas podem ser primárias ou secundárias, geralmente associadas a causas linfoproliferações malignas Tratamento – paciente com hemólise fraca devem evitar Laura Catarine – M4 / Tutoria exposição ao frio; pacientes sintomáticos devem ter tratamento com ciclofosfamida Hemoglobinúria paroxística ao frio: Geralmente descrita em pacientes com sífilis, porém está também associada a infecções virais na infância Quadro clínico e laboratorial – presença de hemoglobinúria Tratamento – o tratamento para sífilis pode ser útil; evitar o frio; transfusões sanguíneas são ocasionalmente necessárias o AHAI induzidas por fármacos: Mecanismos: 1 – Adsorção: os anticorpos contra o medicamento teagem com o fármaco ligado ao eritrócito, resultando na hemólise; típico da penicilina e ampicilina 2 – Neoantígeno: quadro clínico agudo e grave, podendo haver insuficiência renal; anti- histamínicos e hidroclorotiazida; o alvo de ataque imune é o novo antígeno formado pela união do fármaco com componentes da membrana eritrocitária 3 – Envolve uma modificação fármaco- induzida da membrana eritrocitária, com formação de auto- anticorpos; raramente é grave; alfa-metildopa Apresenta teste de Coombs direto positivo Tratamento: suspensão do fármaco e imunossupressores o Diagnóstico: Comprovação por meio de evidências clínicos-laboratoriais de hemólise e demonstração, por meio de métodos imuno- hematológicos, a presença de anticorpos dirigidos contra as hemácias Principais testes – teste da imunoglobulina humana direta e Coombs direto o O teste de coombs direto é positivo na AHAI, e no indireto é positivo ou negativo Anemias hemolíticas traumáticas e microangiopáticas: o As anemias hemolíticas microangiopáticas são anemias causadas por traumas mecânicos das hemácias na microcirculação o Dado morfológico de diagnóstico – presença de esquizócitos, que são células fragmentadas no esfregaço de sangue periférico o A fragmentação eritrocitária também pode ser decorrente de anormalidades no coração e grandes vasos – macroangiopática o Apresentações clínicas: Plaquetopenia, fragmentação de eritrócitos (esquizócitos), reticulocitose e aumento dos níveis de DHL A intensidade dos sinais está relacionada com a extensão da anormalidade na microcirculação 1 – Agregação plaquetária anormal 2 – Formação de esquizócitos pela passagem em vasos Laura Catarine – M4 / Tutoria ocluídos por agregados plaquetários A gravidez e o puerpério parecem ser ocasiões suscetíveis às microangiopatias trombóticas Pode haver anormalidades no sistema nervoso central e anormalidades renais, dependendo dos locais envolvidos Hemoglobinúria paroxística noturna - HPN: o Doença clonal, adquirida, da célula-tronco hematopoética, caracterizada por hemólise intravascular, fenômenos trombóticos e graus variáveis de insuficiência medular o Decorre da ausência de uma âncora de GPI que liga várias moléculas à superfície celular, sendo essas moléculas responsáveis por proteger a célula da lise induzida pelo complemento o Essa ocorrência é responsável pela hemólise intravascular e também pela tendência à trombose o Associação de anemia aplásica e HPN: 25 a 50% das anemias aplásicas possuem clones HPN Em 80% dos casos de HPN existe plaquetopenia e/ou neutropenia o Quadro clínico: Depende do tamanho do clone anormal e da intensidade da insuficiência medular Ocorre tendência trombótica em pacientes com mais de 50% das células HPN A trombose geralmente é venosa Anemia hemolítica intravascular A hemoglobinúria após o sono, caracterizada pela presença de urina escura pela manhã, ocorre em 25% dos pacientes Em casos de HPN associada a anemia aplásica, predomina os sintomas de insuficiência medular A HPN deve ser considerada em casos de: Todas as pancitopenias ou citopenias a esclarecer Anemias hemolíticas intravasculares não imunes, com exclusão de microangiopatia Tromboses venosas, principalmente nos grandes vasos abdominais Anemias ferropênicas sem causa aparente Quadro laboratorial: o Reticulocitose, aumento de DHL e bilirrubina indireta, associados ou não a graus variáveis de leucopenia e plaquetopenia o Testes específicos: Teste do soro acidificado – observação da hemólise das hemácias do paciente pela ativação do complemento do soro normal pelo PH ácido Citometria de fluxo – pesquisa da expressão das moléculas de CD55 e CD59, em que na HPN há a ausência dessas moléculas o Tratamento: Durante as crises hemolíticas, o tratamento é feito com transfusões de concentrado de hemácias Como a trombose é a maior causa de mortalidade, alguns estudos sugerem Laura Catarine – M4 / Tutoria anticoagulação profilática Em indivíduos selecionados pode ser considerado o transplante alogênico de medula óssea Laura Catarine – M4 / Tutoria Anemias Definição Os eritrócitos têm vida média de 100 a 120 dias o Os glóbulos vermelhos senis são retirados da circulação pelos macrófagos do fígado, do baço e da MO A anemia é quando a massa de glóbulos vermelhos é insuficiente para oxigenar adequadamenteos tecidos Para propósitos práticos, tanto a concentração de hemoglobina como de hematócrito são úteis para diagnosticar anemia nas maiorias dos casos o A concentração de hemoglobina e de hematócrito dependem do volume plasmático. Em situações com aumento do volume plasmático, como na gravidez, pode haver diluição da hemoglobina e redução do hematócrito, sem anemia verdadeira o Em situações com diminuição de volume plasmático, como nas desidratações e queimados, existe hemoconcentração, que pode mascarar as quedas de hemoglobina Em perdas agudas de sangue, a concentração de hemoglobina começa a cair após 6 horas e continua caindo até 72 horas após Definição da OMS: redução na concentração de hemoglobina Principais causas de anemia: o Hemólise o Sangramento agudo o Doença crônica o Deficiência de ferro o Outras Efeitos clínicos Os sintomas da anemia se devem à redução da capacidade de transportar oxigênio do sangue e à alteração do volume sanguíneo total Quando mais agudo o quadro clínico, mais intenso os sintomas o Quadro agudo – dispneia, palpitações, tontura e fadiga extrema o Quadro crônico – o paciente pode permanecer assintomático ou pouco sintomático, mas, em geral, apresentam dispneia moderada ou palpitações e, em alguns pacientes, insuficiência cardíaca Outros sinais e sintomas: o Cefaleia o Vertigem o Hipotensão postural o Fraqueza muscular o Palidez Melhor detectada nas mucosas da boca, das conjuntivas e do leito ungueal Presença de palidez e icterícia - anemia hemolítica Glossite e alterações das papilas linguais - anemias carenciais Úlceras de perna – anemias hemolíticas constitucionais, especialmente na anemia falciforme o Esplenomegalia – anemias hemolíticas Classificação fisiopatológica Anemias por falta de produção ou hiporregenerativas: o São caracterizadas por contagem absoluta de reticulócitos abaixo de 50.000/mm3 o Causas: Laura Catarine – M4 / Tutoria Produção deficiente de GV por acometimento primário ou secundário da medula óssea Falta de eritropoietina Carência de elementos essenciais à eritropoese, como ferro, vit. B12 e ácido fólico o Podem acompanhar doenças inflamatórias, infecciosas e neoplásicas o Redução do tecido hematopoético normal: Aplasias ou hipoplasias medulares: Redução do tecido hematopoético com substituição por tecido gorduroso Podem ser idiopáticas ou induzidas por agentes químicos, físicos, toxinas ou medicamentos Graus variáveis de leucopenia e plaquetopenia Aplasia pura da série vermelha - APSV: Subgrupo da aplasia medular, com envolvimento apenas da série eritrocítica Causas: doenças auto- imunes, infecções virais, exposição a fármacos ou agentes tóxicos e anomalia congênita de CTH Pode ser aguda ou crônica Síndromes mielodisplásicas – SMD: Resultantes de um defeito clonal que afeta a CTH Se caracterizam por anemia refratária com pancitopenia no sangue periférico e maturação anormal das 3 linhagens celulares Medula óssea hipercelular e com grau aumentado de apoptose intramedular Frequentemente evoluem para leucemia aguda, embora a morte possa ocorrer por insuficiência medular sem transformação leucêmica Infiltrações da MO por tumores hhematológiccos ou metastáticos e substituições do tecido hematopoético por fibrose: Insuficiência medular e anemia por falta de produção Há distúrbios na barreira medula/sangue com liberação de células imaturas na circulação e alteração morfológica dos eritrócitos, sendo a mais característica presença de hemácias em lággrima (dacriócitos) no sangue periférico o Falta de fatores estimulantes da eritropoetina: A Epo é secretada pelos rins em resposta à hipóxia, agindo nas células precursoras da MO, estimulando a eritropoese No caso de insuficiência renal, a Epo diminui gradativamente e a anemia hiporregenerativa se instala A Epo fica com níveis ruins quando a depuração de creatinina se torna menor do que 30 ml/min o Falta de fatores essenciais à produção dos eritrócitos, como ferro, vit. B12 e ácido fólico: Laura Catarine – M4 / Tutoria Em condições de hemólise aumentada, a eritropoese é acelerada pela Epo, isso torna a eritropoese mais sensível a deficiências de nutrientes essenciais como ferro, a vitamina B12 e o ácido fólico Anemias carenciais A falta de ferro leva a uma anemia com um fenótipo microcítico e hipocrômico A deficiência de folato ou de vitamina B12 causa anemia com fenótipo macrocítico e megaloblástico Afeta toda a hematopoese A anemia megaloblástica se caracteriza por pancitopenia, macrocitose e presença de neutrófilos hipersegmentados no sangue periférico o Anemia de doenças crônicas: Ocorrem em associação com qualquer tipo de infecção, em pacientes com câncer ou com doenças auto-imunes Inflamação crônica leva à anemia por 3 mecanismos: interferência no metabolismo do ferro, interferência na produção e nos receptores de Epo e interferência no nível de precursores eritróides, diminuindo a produção de eritrócitos Nas doenças crônicas pode ocorrer o acúmulo de ferro nos macrófagos, devido a ação das citocinas inflamatórias, o que priva a MO de suprimentos adequados É uma anemia leve a moderada, com níveis de hemoglobina raramente abaixo de 8 g/dl Anemias por excesso de destruição ou regenerativas o São anemias com contagens elevadas de reticulócitos o Condição típica das anemias hemolíticas, mas pode ocorrer também após perdas agudas de sangue o O estado hemolítico desenvolve um mecanismo compensatório, com estimulação máxima da MO, aumentando a produção até 8 vezes, porém a vida média dos glóbulos vermelhos cai para 15 a 20 dias Nesse mecanismo compensatório não há o desenvolvimento de anemia, mas há a presença de reticulocitose o Quando a taxa de destruição supera a capacidade de produção da MO, instalasse o quadro de anemia hemolítica o A hemólise pode ocorrer na circulação ou no interior de macrófagos teciduais o Características das anemias hemolíticas: Reticulocitose Aumento da bilirrubina indireta Aumento da desidroggenase láctica Redução da haptoglobina o Causas da anemia hemolítica: Defeito intrínseco no eritrócito Agressão aos glóbulos vermelhos por agentes extrínsecos o Alterações intrínsecas dos eritrócitos: Anormalidades nas proteínas de membrana, enzimas eritrocitárias e/ou hemoglobina o Agressão dos eritrócitos por fatores extrínsecos: Exposição a venenos, toxinas, parasitas, agentes infecciosos, agentes físicos, traumas mecânicos, hipofosfatemia, certos medicamentos e por anticorpos Anemias por perdas sanguíneas: o Decorrentes de perdas agudas ou crônicas de sangue Laura Catarine – M4 / Tutoria o As perdas agudas podem representar uma situação de emergência e são compensados pela MO normal, desde que os estoques de ferro estejam preservados o Os sintomas dependem da intensidade da perda o As perdas crônicas causam espoliação de ferro e, consequentemente, anemia por falta de produção – anemia ferropênica Classificação morfológica De acordo com o volume corpuscular médio (VCM), as anemias são classificadas como: o Microcíticas – VCM menor que 80 fentolitros o Macrocíticas – VCM maior que 100 fl o Normocíticas – VCM entre 80 a 100 fl Laura Catarine – M4 / Tutoria As anemias megaloblásticas são um subgrupo das anemias microcíticas caracterizadas por anormalidades morfológicas típicas nas células precursoras da linhagem mielóide Megaloblastos: o Grande tamanho o Alterações da cromatina celular Os componentes citoplasmáticos, como a hemoglobina, sãosintetixados em quantidades excessivas devido à demora ente as divisões celulares o O resultado é uma célula maior que o normal com núcleo imaturo, cromatina reticulada e citoplasma mais maduro Principais causas: o Deficiência de vitamina B12 o Deficiência de ácido fólico Vitamina B12: o Presente em bactérias e alimentos de origem animal o Quantidade diária adequada: cerca de 2 a 4 mcg Dietas vegetarianas não são suficientes para um balanço adequado o Estocagem: 2 a 5mg - fígado o É termoestável, resistindo ao cozimento em altas temperaturas o Com a perda diária de 1mcg, a deficiência de colabamina pode demorar até 5 a 10 anos para aparecer o A causa mais comum de deficiência de vitamina B12 é a absorção inadequada da colabamina da dieta Folatos: o Sintetizados por micro-organismos e plantas Principais fontes de folato na dienta: folhas verdes, frutas e proteína animal o Quantidade diária adequada: 400 mcg para adultos e 600mcg para gestantes o São termolábeis, sendo cerca de 50 a 95% dos folatos destruídos por cozimento o A absorção dos folatos é feita principalmente no jejuno o Estocagem: 5 a 10 mg – fígado o As causas mais comuns de deficiência pode ser suprimento diminuído ou aumento da necessidade Vitamina B12: o A maioria da vitamina B12 presente nos alimentos está ligada a proteínas sendo liberada por proteólise durante a digestão peptídica ácida no estômago o Após a liberação a B12 se une a uma proteína ligadora, chamada de proteína R (haptocorrina), presente na saliva e no suco gástrico o O complexo formado é quebrado pela tripsina do suco pancreático na segunda porção do duodeno, onde a B12 se liga ao fator intrínseco o O complexo B12-fator intrínseco prossegue até o íleo terminal, onde se unem a receptores específicos da membrana das células epiteliais, mediadores da absorção dessa vitamina Não havendo fator intrínseco, a vitamina B12 é pouco absorvida por difusão passiva o Dentro dos enterócitos: A cobalamina se liga à proteína transcobalamina 2 A transcobalamina II carrega a B12 até aos seus receptores da superfície celular Laura Catarine – M4 / Tutoria o No plasma, há duas proteínas que se ligam à cobalamina, a transcobalamina I e a transcobalamina III Transcobalamina I – liga-se a 75% da cobalamina sérica, mas funciona como proteína de estoque e não de transporte Transcobalamina III – liga-se a uma variedade de análogos da cobalamina, sendo levados ao fígado e eliminados na bile o Quando há um balanço negativo de vitamina B12, os estoques são progressivamente depletados, podendo demorar anos para a instalação da anemia megaloblástica ou da neuropatia por deficiência de vitamina B12 Folatos: o Os folatos dos alimentos são encontrados principalmente na forma de poliglutamatos o O folato pode ser absorvido inalterado no intestino delgado, mas a sua forma de poliglutamato precisa de umas transformações O poliglutamato deve ser hidrolisado a monoglutamato na borda em escova do enterócito e daí pode ser absorvido por essas células Dentro dos enterócitos o monoglutamato é reduzido a THF e metilado, formando o metil-THF, forma a ser liberada no plasma o O folato do plasma é rapidamente captado pelos tecidos o O THF é convertido pela enzima metionina-sintase para poder ser usado na síntese de purinas e do timidilato Em deficiência de cobalamina ocorre a inativação da metionina-sintase, resultando no acúmulo de metil-THF, ou seja, a vitamina B12 e o folato integram um sistema importante na síntese de DNA o A síntese defeituosa de DNA devido à deficiência de folato leva a alterações, como acetilação e modificações nas histonas, que podem resultar em alterações cromossômicas que causam erro na divisão celular, resultando nas alterações megaloblásticas clássicas o A deficiência de vitamina B12 e de folatos leva à destruição intramedular dos precursores mielóides Deficiência de vitamina B12: o Deficiência nutricional o Má-absorção da cobalamina dos alimentos: Dissociação inadequada da cobalamina da proteína dos alimentos e absorção normal de cobalamina livre Ocorre principalmente em pacientes com cirurgia gástrica ou gastrite atrófica, mas com secreção intacta do fator intrínseco Pacientes que tomam medicamento supressores de secreção ácida, como omeprazol, também possuem absorção de B12 diminuída Perda da pepsina e da secreção ácida para ativação dessa enzima o Ausência da secreção gástrica: Deficiência de fator intrínseco associada à produção deficiente de ácido clorídrico Exemplo: Gastrectomia total ou parcial o A gastrectomia total leva à deficiência de vitamina B12 em 2 a 10 anos A anemia perniciosa é causada pela destruição auto-imune e atrofia das células parietais da mucosa gástrica, com falta de produção de fator intrínseco e de HCl Laura Catarine – M4 / Tutoria o Eventos anormais que impedem a absorção de vitamina B12: Insuficiência pancreática: Deficiência de protease pancreática, com dificuldade para quebrar a ligação da cobalamina com a haptocorrina, o que impede a transferência da cobalamina para o fator intrínseco Tratamento: reposição de enzimas pancreáticas Gastrinoma: Promove hipersecreção gástrica Inativa a protease pancreática endógena, ainda leva a um Ph baixo no lúmen intestinal, podendo impedir a ligação do complexo cobalamina- fator intrínseco com os receptores dos enterócitos, uma vez que esse processo depende de um Ph superior a 5,4 Supercrescimento bacteriano: As bactérias competem pela ligação com a vitamina B12 antes da sua ligação com o fator intrínseco o Doenças da mucosa intestinal ou dos receptores do fator intrínseco: A maior quantidade de receptores para o complexo cobalamina-fator intrínseco está no ílio terminal. Problemas nessa área intestinal podem resultar em má-absorção de vitamina B12 o Má absorção droga-induzida: Alguns medicamentos podem altera a absorção de vitamina B12 Deficiência de folatos: o Causas nutricionais: Pode ser resultante de dieta deficiente ou de aumento das necessidades O estoque de folatos dura por cerca de 4 meses, caso haja interrupção do consumo de folatos o Aumento das necessidades: A gravidez e a lactação são estados em que ocorre o aumento das necessidades de folatos para crescimento fetal e desenvolvimento dos tecidos maternos A deficiência de folatos pode causar anormalidades de desenvolvimento neural no feto Na infância, a necessidade ocorre devido ao crescimento acelerado o Doenças do intestino delgado: Má-absorção causada pelas anormalidades da mucosa intestinal o Abuso do álcool e medicamentos: O álcool causa alterações na qualidade da dieta, interfere no metabolismo, na utilização e no estoque desse nutriente Dos medicamentos, destaca-se o metotrexato que inive a di- hidrofolato-redutase Os contraceptivos orais podem aumentar o catabolismo dos folatos e os anticonvulsivantes diminuem a absorção Abordagem do paciente com anemia megaloblástica: o 1 – Reconhecimento da anemia megaloblástica o 2 – Distinguir se a deficiência é de vitamina B12, folato ou ambas o 3 – Diagnosticar a doença base ou o mecanismo causador da doença Quadro clínico: Laura Catarine – M4 / Tutoria o O quadro clínico da deficiência de vitamina B12 e de folato são quase iguais, mas há a diferença quanto à disfunção neurológica o Anamnese: Informações sobre abuso se álcool Presença de história familiar de doenças hematológicas e auto- imunes Uso de anticonvulsivantes Antecedentes de anemias hemolíticas Doenças intestinais Cirurgias gástricas ou intestinais Inalação acidental ou proposital por óxido nítrico o Sintomas de apresentação: Hipervolemia Sintomas cardiovasculares Palidez combinada com hiperbilirrubinemia, resultando na clássica coloração amarelo- esverdeada da pele o Os sintomas gerais são intensos, principalmente na deficiência de cobalamina Falta de apetite e perda de peso Aspecto envelhecido Atrofia das papilas linguais – língua lisa e muito vermelha Glossite Aumento da tireoide em causas auto-imunes o Anemia grave e sintomas cardiovasculares podem cursar com esplenomegalia devido à congestão e à hematopoese extramedular o Sintomas neurológicos: Relacionado com a deficiência de B12 Estes podem não estar acompanhados de anemia, apenas sendo resultado da deficiência da cobalamina Afeta principalmente a substancia branca das colunas lateral e dorsal da medula espinal Ocorre um processo de desmielinização Sintomas sensoriais: parestesia inicial nas pontas dos dedos, fraqueza muscular, ataxia, espasticidade, distúrbios da marcha, impotência e perda do controle vesical e fecal Sintomas cerebrais: alterações emocionais e cognitivas A lesão neurológica nem sempre responde ao tratamento com cobalamina O tratamento com ácido fólico pode provocar ou até acelerar o aparecimento da lesão neurológica o Pacientes que apresentam deficiência de vitamina B12 devido à anemia perniciosa podem apresentar distúrbios imunes associados Quadro laboratorial: o Sangue: Pode apresentar alteração em número e morfologia nas 3 séries Macrocítica – VCM maior que 100fl No caso de ausência de doenças associadas Precede o aparecimento da anemia Reticulócitos baixos Leucócitos com número normal ou reduzido Leucopenia geralmente é resultado da neutropenia Plaquetas podem estar reduzidas, com formas bizarras e de grande número Hipersegmentação dos neutrófilos Característica da anemia megaloblástica Laura Catarine – M4 / Tutoria Cerca de 10 ou mais lobos Detectado apenas em esfregaço de sangue Macroovalocitose dos eritrócitos São eritrócitos macrocíticos de forma oval Anisopoiquilocitose o Medula óssea: Celular e geralmente hiperplásica, com predomínio de precursores eritróides O megaloblasto distinguem-se pelo seu grande tamanho e especialmente pelo aspecto delicado de sua cromatina, que é reticulada Leucopoese ativa e anormal Precursores granulocíticos muito grandes o Perfil de ferro, bilirrubinas e desidrogenase lática: Concentração plasmática de ferro moderadamente elevada e os estoques de fero da medula óssea também, isso porque não há utilização de ferro pelas células eritróides, que são precocemente destruídas na medula óssea Aumento do pigmento biliar, responsável pelo leve aumento da bilirrubina indireta Desidrogenase lática muito aumentada O tratamento consiste em identificar e tratar a causa base e, sempre que possível, corrigir a deficiência Deficiência de vitamina B12: o Reposição parenteral: 1.000 mcg de vitamina B12 por semana, durante 4 semanas, IM, seguido de injeções mensais O tratamento deve permanecer ao longo da vida quando a causa de base não pode ser removida, como é o caso da anemia perniciosa Efeito colateral: alergia ao conservante da injeção o Reposição por via oral: Indicação de exceção, quando não for possível a via IM Doses variam de 500 a 2.000 mcg/dia Deficiência de folatos: o Reposição com ácido fólico: Via oral, 1 vez/dia, 1mg Toxicidade do ácido fólico é mínima, ocorrendo apenas quando há administração de grandes doses por via endovenosa Laura Catarine – M4 / Tutoria Anemias por perdas sanguíneas Podem ser classificadas em: agudas ou crônicas o Forma aguda – perda súbita de grandes volumes de sangue, levando à pancitopenia, redução do Ht e Hb, com hipovolemia Não há reticulocitose no sangue, nem alteração de plaquetas e leucócitos Os sinais dependem do volume perdido, como hipotensão ortostática e taquicardia A queda da Hb e do Ht é percebida quando a volemia é restaurada A resposta medular a uma hemorragia aguda ocorre após 3-4 dias, atingindo o máximo após o sétimo dia Quando, após uma hemorragia, não aparecem sinais de compensação medular, suspeita-se de insuficiência medular o Forma crônica – perdas de sangue de menor volume, às vezes até inaparente, embora contínuas Podem estar relacionadas com parasitas intestinais, neoplasias do aparelho digestivo, perdas sanguíneas pela mucosa e/ou menstruações abundantes ‘’’’ Quanto à quantidade de perda sanguínea: o Hemorragias inferiores a 10% da volemia são bem toleradas Em pessoas sensíveis, pode causar reação vasovagal, de rápida recuperação: palidez, bradicardia, pulso filiforme, lipotimia, náuseas e sudorese o Hemorragias entre 10 a 20% de volemia: Reação vasovagal e hipotensão ortostática o Hemorragias acima de 20%: Anemia mais aguda, hipotensão inicialmente venosa, depois arterial e choque o Hemorragias acima de 30%: Choque irreversível e mortalidade elevada Causas: o Hemorragia por trauma acidental o Hemorragias por ferimentos provocados o Hemorragias durante e após cirurgias o Hemorragias no trato digestivo o Metrorragias – sangramento uterino fora do período menstrual o Hemorragias pélvicas o Hemorragias retroperitoneais Em casos de hemorragia súbito, o hemograma feito minutos após o evento é inexpressivo o O paciente está perdendo sangue, mas o sangue remanescente é normal o Eritrograma não reflete hipovolemia, mas reflete desproporção plasma/glóbulos A medida que o organismo vai restaurando a volemia a partir do líquido extracelular e dos líquidos recebidos, ocorre diluição dos glóbulos no plasma e apresentação da anemia Hemograma 4 horas da perda já mostra certa baixa da série eritroide, neutrofilia e trombocitose, que duram alguns dias o O hematócrito é usado para cálculos volêmicos Após uma semana, é interessante o resultado do hemograma e reticulócitos o Pequena elevação das cifras hematimétricas, macrócitos policromáticos e reticulocitose à contagem, mas persiste uma leve trombocitose Na falta de anemia aparente: o História de fraqueza recente, sede e mal-estar o Deve-se investigar fezes escuras e com odor fétido – típico de hemorragia no trato digestivo Laura Catarine – M4 / Tutoria Hemorragias agudas no trato digestivo: o Uma das causas mais frequente na emergência como causa de anemia aguda Em primeiro lugar esta as hemorragias por trauma acidental ou provocado o Hemorragias volumosas na parte alta do trato digestivo: Hematêmese, com sangue vivo ou com aspecto de borra de café, por transformação da Hb pelo ácido clorídrico em cloridrato de hematina, de cor parda O melena é quase sempre óbvia Pode ocorrer hematoquezia, sangue vivo nas fezes, quando há hemorragia de mais de um litro de sangue em minutos ou poucas horas nas hemorragias altas Causas: úlcera péptica e varizes esofágicas o Hemorragias volumosas na parte baixa do trato digestivo: Infrequentes Hematoquezia Raramente causam hipotensão severa Exigem reposição transfusional As anemias agudas pós-hemorrágica constituem-se de indicação transfusional o Depende da situação hemodinâmica do paciente, aliás este já deve estr recebendo fluidos intravenosos o Evitada nos casos de: pressão arterial sistólica acima de 100 mmHg em condições de locomoção sem tontura, e com a hemorragia definidamente estancada Perdas hemorrágicas pequenas: o Não causam quadro de anemia aguda o Em caso de sangramento crônico, costumam esgotar as reservas de ferro e causaranemia microcítica e hipocrômica característica Laura Catarine – M4 / Tutoria Aplasia medular Definição A anemia aplásica caracteriza-se por pancitopenia e hipocelularidade da medula óssea, com falência na produção de glóbulos vermelhos, neutrófilos e plaquetas O tecido hematopoético é substituído por gordura Para certeza diagnóstica, há necessidade de inclusão de dois dos seguintes parâmetros em associação à medula óssea hipocelular: o Hb menor que 10 g/dl o Plaquetas menor que 100.000/mm3 o Neutrófilos menor que 1.500/mm3 Etiologia e fisiopatologia As AA podem ser classificadas em congênitas e adquiridas Anemias aplásicas congênitas: o Cerca de 15% o Anemia de Fanconi: É a mais frequente Doença de instabilidade cromossômica caracterizada por anormalidade cinética do ciclo celular (fase G2 aumentada), hipersensibilidade a radicais de oxigênio, aumento da apoptose e encurtamento telomérico acelerado As proteínas codificadas por esses genes instáveis possuem papel no reparo do DNA o Disqueratose congênita (DC): Rara síndrome de falência medular, relacionada com a incapacidade de manutenção da integridade do telômero Possui 3 padrões de herança: 1 – Ligada ao X, causada por uma mutação no gene que codifica a proteína disquerina, que está envolvida na modificação de moléculas de RNA ribossômico, e possui uma relação com o acúmulo e estabilização do componente RNA do complexo da telomerase (TERC) 2 – Autossômica dominante, associada a mutação no gene do TERC 3 – Autossômica recessiva, de defeito molecular ainda desconhecido Anemias aplásicas adquiridas: o Idiopáticas: 70% o Secundárias: 15% Muitos medicamentos e produtos químicos têm sido associados à doença por causarem reação idiossincrásica Exemplo de medicamento: cloranfenicol, furosemida A reação idiossincrásica causada por medicamentos pode estar relacionada com a redução da atividade da glicoproteína-P nas células-tronco do paciente, levando ao acúmulo do medicamento e aumento da Laura Catarine – M4 / Tutoria citotoxicidade do mesmo Cerca de 5 a 10% das AA ocorrem após um episódio de hepatite O parvovírus está associado com as AA Estudos sugerem que a supressão da MO mediada por linfócitos T é um dos mais importantes mecanismos fisiopatológicos da AA Os LT citotóxicos ativados liberam citocinas Th1, especialmente interferon-gama e fator de necrose tumoral-alfa, que são potentes inibidores da hematopoese A supressão das células-tronco ocorre por meio da indução da apoptose (via de receptor de morte) Tanto o interferon gama como o fator de necrose tumoral alfa são capazes de aumentar a expressão de receptor Fas nas células-tronco, promovendo maior exposição ao anticorpo Estudos recentes demonstram uma deficiência de LT reguladores na AA, semelhante ao que ocorre nas doenças auto-imunes o Os LT reguladores são responsáveis por controlar a progressão de processos auto-imunes por meio da supressão dos linfócitos T auto-reativos, coisa que não ocorre na AA Outra causa de aplasia medular adquirida são as mutações nos mecanismos de manutenção teloméricas e relacionadas à integridade ribossomal Aspectos clínicos As manifestações clínicas da doença são dependentes da gravidade da insuficiência medular Anemia de Fanconi: o Alterações fenotípicas: baixa estatura, microcefalia, micrognatia, hipertelorismo, alterações ósseas, renais e urinárias e pigmentação cutânea o A falência medular frequentemente começa com plaquetopenia, podendo evoluir para leucemias e mielodisplasias Disqueratose congênita: o Tríade: Distrofia das unhas, hiperpigmentação reticular da pele e leucoplasia o Desaparecimento das impressões digitais, hipertensão e fibrose pulmonar, cirrose hepática, anormalidades em dentes o Aumento da incidência de leucemia e carcinomas epiteliais Aspectos diagnósticos Hemograma com reticulócitos o Pancitopenia o Anemia normo ou macrocítica o Neutropenia o Linfocitose relativa Análise morfológica do aspirado: o Mielograma com hipocelularidade medular, aumento de linfócitos, plasmócitos e células reticulares e presença de mastócitos Biópsia medular o Confirma a substituição do tecido hematopoético por gordura, sem Laura Catarine – M4 / Tutoria fibrose ou proliferação de células anormais A AA pode ser classificada em anemia aplástica grave, muito grave e não-grave Tratamento Ocorre remissão espontânea em cerca de 5 a 13% Pacientes com anemia aplásica grave possui índices de mortalidade próximos a 80% em um ano Modalidades terapêuticas para a anemia aplásica grave: o Terapêutica imunossupressora o Transplante de medula óssea Terapêutica de suporte: o Hemocompetentes: Transfusão de concentrado de hemácias e de plaquetas A transfusão profilática de concentrado de plaquetas está indicada em pacientes com menor de 10.000/mm3 o Quelantes de ferro: A sobrecarga de ferro é consequência das frequentes transfusões de hemácias, uma vez que cada concentrado de hemácias possui cerca de 250mg de ferro Principais complicações da sobrecarga de ferro: cardíacas, hepáticas e endócrinas A quelação de ferro deve ser iniciada quando o nível de ferritina estiver maior que 1.000 ng/ml Quelantes de ferro disponíveis para uso clínico: deferoxamina, deferiprona e deferasirox o Fatores de crescimento hematopoéticos e antibióticos: Uso de G-CSF em conjunto com globulina e ciclosporina, com objetivo de acelerar a recuperação de neutrófilos, diminuindo a suscetibilidade a infecções O uso da eritropoietina mostrou-se ineficaz na AA o Antibióticos: Medicamentos de suporte, utilizados em vigência de infecções Não devem ser usados de modo profilático, pois não reduzem a frequência de eventos infecciosos e podem ocasionar em maior resistência bacteriana o Andrógenos: Apresentam benefício temporário na anemia de Fanconi e em algumas anemias aplásicas adquiridas Aumenta a atividade da telomerase Transplante de medula óssea: o É o tratamento de escolha para pacientes jovens o Os resultados dependem da idade do paciente, tempo de diagnóstico, gravidade da aplasia, história transfusional e tipo de doador o A principal causa de falha no TMO é a falha da enxertia, seguida pelas complicações infecciosas o A doença do enxerto contra o hospedeiro é um problema sério, principalmente nos pacientes com idade mais avançada o O condicionamento com ciclofosfamida é imunossupressor para prevenir e eliminar o tecido medular residual do paciente o Aos pacientes com idade menor que 20 anos portadores de anemia aplásica muito grave deve ser proposto o TMO e aos pacientes maiores de 40 anos, a terapia imunossupressora Terapêutica imunossupressora: o Consiste em globulinas policlonais antilinfocíticas e antitimocíticas, ciclosporina A e a combinação das duas o Globulinas policlonais antilinfocíticas e antitimocíticas: São soros heterólogos produzidos em animais Laura Catarine – M4 / Tutoria imunizados com timócitos ou com linfócitos dos ductos torácicos humanos Pode causar reações alérgicas, plaquetopenia grave e doença do soro A probabilidade do paciente que realiza esta terapia de receber transfusão varia de 40 a 80% o Ciclosporina A: Agente imunossupressor com ação específica em função dos linfócitos T o Combinação das duas terapêuticas imunossupressoras: Tratamento imunossupressor mais eficaz Resposta hematológica de 75% Não houve melhora da sobrevida Laura Catarine – M4 / Tutoria Cansaço e astenia Introdução e definições O cansaço éum sintoma muito frequente nos pacientes com doenças agudas e crônicas, sendo considerada uma sensação muito desconfortável Uma definição aceita atualmente: o Cansaço é a sensação de exaustão durante ou após atividades usuais, ou a sensação de energia insuficiente para iniciar estas atividades O cansaço é diferente de sonolência, dispneia e fraqueza Sinônimos: fadiga, cansaço, astenia, exaustão, sensação de fraqueza, cansaço extremo e falta de motivação o Fadiga – costuma ser mais utilizado para exprimir o cansaço apresentado por pacientes com doenças clínicas e psiquiátricas o Astenia – sensação de redução de força, de energia ou do vigor; costuma ser utilizado para expressar o cansaço de pacientes oncológicos ou neurológicos O cansaço pode ser agudo ou crônico: o Fadiga crônica – varia de 1 a 6 meses Afeta primariamente populações com doenças crônicas Normalmente, possui múltiplas causas Início insidioso, persistindo ao longo do tempo Geralmente é pouco aliviada pelo repouso e afeta as AVD o Fadiga aguda – ocorre em indivíduos saudáveis e é tida como uma função de proteção do organismo Início rápido e curta duração Geralmente possui uma causa única, podendo resultar de trabalho ou exercício excessivo, privação do sono ou doenças como resfriado Não é resistente ou persistente Efeitos pequenos nas AVD o Alguns autores classificam o cansaço em: Cansaço recente – duração menor que 1 mês Cansaço prolongado – duração maior que um mês Cansaço crônico – duração maior que 6 meses, com ou sem síndrome da fadiga crônica Etiologia e fisiopatologia Etiologia: o O cansaço crônico pode estar relacionado a várias doenças e situações ou pode não estar relacionado à doença nenhuma, caracterizando a síndrome da fadiga crônica o A fadiga pode se associar ao excesso de trabalho, ao estresse gerado pelo trabalho e à privação do sono o Doenças psiquiátricas: Principal causa de fadiga crônica Depressão, ansiedade e distúrbios somatoformes o Pacientes oncológicos: Ocorre em quase todos pacientes sujeitos a tratamento do câncer Fatores que podem causar fadiga no paciente com câncer: anemia, caquexia, infecção, síndromes paraneoplásicas, distúrbios metabólicos e de humor o Doenças neurológicas e doenças musculares: Laura Catarine – M4 / Tutoria Normalmente a fadiga se apresenta junto com fraqueza muscular Esclerose múltipla e doença de Parkinson o Distúrbios do sono: Perturbação no ritmo circadiano, mudanças rápidas de fuso e doenças do sono propriamente ditas Síndrome da apneia do sono é causa de astenia diurna o Doenças endócrinas: Insuficiência supra-renal – Nessa doença associa-se o cansaço à depressão e não ao aumento de cortisol Hipopituitarismo Na DM, hipertireoidismo e na insuficiência supra-renal nem sempre a compensação da doença representa desaparecimento do cansaço o Doenças reumatológicas: Fibromialgia – a fadiga é o sintoma que mais incomoda Lúpus eritematoso cutâneo e artrite reumatoide – O cansaço pode ser devido à perda de sono por causa da dor o Insuficiência orgânica crônica – cardíaca, renal, hepática e etc. o Condições hematológicas: Anemias e linfomas É necessário uma avaliação de ferro em paciente com queixa de fadiga crônica o Infecções: Hepatites virais, herpes vírus, HIV, parvovírus B19, tuberculose e brucelose o Distúrbios metabólicos: Hemocromatose – fadiga incapacitante o Etiologia tóxica: Intoxicação por monóxido de carbono Intoxicação medicamentosa Abuso de álcool e outras drogas o Síndrome da fadiga crônica: Causa rara de fadiga crônica Representa de 1 a 9% dos pacientes com fadiga crônica Fadiga debilitante e prolongada Sintomas concomitantes – distúrbios da memória e concentração, sono não- restaurador, dores musculares e articulares, cefaleia e dor de garganta recorrente o Fadiga crônica idiopática: Não possui explicação médica ou psiquiátrica Persiste por mais de 6 meses, é debilitante e não se enquadra em síndrome da fadiga crônica Fisiopatologia: o Os mecanismos responsáveis pelo cansaço são pouco estudados o A fadiga fisiológica se divide em dois componentes: periférico e central A fadiga periférica está relacionada com a capacidade de o músculo realizar trabalho físico e com alteração do funcionamento normal dos nervos e músculos envolvidos na contração muscular Incluem o prejuízo da transmissão neuromuscular, disfunção no retículo sarcoplasmático com envolvimento de captação e liberação de cálcio e acúmulo de metabólitos Observado em doenças crônicas associadas com consumo muscular e inflamação ou anormalidade articular A fadiga central envolve o sistema nervoso central, desde o cérebro até aos nervos Laura Catarine – M4 / Tutoria envolvidos na contração muscular Pode ser o resultado de alterações em neurotransmissores cerebrais secundárias a mudanças que ocorrem no corpo e no SNC Fatores associados: fatores genéticos, anormalidades cerebrais, deficiência dos níveis de cortisol ou elevação dos níveis de serotonina, agentes infecciosos e distúrbios psiquiátricos e emocionais Costumam ocorrer com queixas psicológicas, como depressão e ansiedade o Hormônio liberador da corticotropina e estresse crônico: Pacientes com doenças crônicas possuem um grau elevado de estresse O estresse crônico pode levar a alterações fisiológicas que poderiam contribuir para a fadiga O estresse ativa o eixo hipotálamo-hipófise- adrenal, que é o sistema regulador da liberação de cortisol Essa hiperatividade do eixo pode levar à depressão, o que pode aumentar a sensação de fadiga O hormônio liberador de corticotropina está aumentado no estresse e pode ser um mecanismo adicional na qual o estresse pode levar à fadiga o Citocinas e ativação imunológica: A queixa de cansaço acompanha frequentemente os processos inflamatórios agudos e crônicos e as infecções Durante o processo inflamatório, há a liberação de diversas citocinas que têm sido relacionadas com o surgimento de alguns sintomas, como a fadiga Citocinas: interleucina 1- beta e interleucina-6 Acredita-se que as citocinas liberadas fora do SNC ultrapassam por áreas livres da barreira hemato-encefálica, penetrando no cérebro, ou que as mesmas estimulam a via aferente vagal A elevação das citocinas pode induzir alterações em neurotransmissores e em neu- hormônios no SNC, provocando a fadiga central o Via de neurotransmissores no SNC: É possível que a fadiga das doenças crônicas se deva a uma alteração da neurotransmissão central Os sistemas de neurotransmissores mais comumente implicados nos estados de fadia são as vias serotoninérgica e da noradrenalina Esses hormônios estão relacionados com a liberação central de hormônio liberado de corticotropina O estresse dos neurônios que liberam o hormônio liberador de gonadotropina promove a ativação da via neurotransmissora central, gerando fadiga central Um defeito na liberação central de noradrenalina pode contribuir para a fadiga, por inibição da liberação central do hormônio liberador de corticotropina Laura Catarine – M4 / Tutoria Peptídeos sensoriais, como a substância P, possuem um papel moderador nas vias moduladoras do estresse, como o eixo HHA o Distúrbios de humor: No caso de distúrbios de humor, como depressão e ansiedade, ocorre alterações do sistema neuroendócrino e de neurotransmissores, ocorrendo envolvimento na indução da fadiga Quadro clínico História: o O paciente pode se queixar de exaustão, necessidade de repousar ou de dormir o É necessário diferenciaro cansaço da dispneia, excluindo esta da história clínica A natureza do cansaço é importante para o diagnóstico o Exemplo: fadiga descrita como perda de interesse e prazer, aponta para o diagnóstico de depressão o Exemplo: fadiga com sonolência aponta para distúrbios do sono A história deve incluir rastreamento de distúrbios psiquiátricos o Causas psicogênicas de cansaço: duração do cansaço por 4 meses sem associação com outro sinais e sintomas, piorando pela manhã e melhorando com atividades, história social estressante e história de problemas de ordem psicológica o A maioria dos pacientes com fadiga crônica não aceitam uma explicação psicológica para seus sintomas A fadiga pode ser física ou orgânica A fadiga pode estar relacionada com dores difusas e cefaleia Investigar o impacto da fadiga no paciente Exame clínico Deve-se realizar exame físico e exame do estado mental completo Aparência geral: sinais de distúrbios psiquiátricos, com diminuição do nível de alerta, agitação ou retardo psicomotor ou aparência desleixada Linfadenomegalia: sinal de infecção crônica ou neoplasia Palidez, taquicardia: podem sugerir anemia Bócio ou nódulos tireoidianos Exame cardiopulmonar – insuficiência cardíaca ou respiratória crônicas Exame neurológico completo – avaliação de força e tônus muscular Avaliação psicológica Diagnóstico/Exames complementares Métodos de avaliação do cansaço: o Os métodos de avaliação do cansaço podem ser realizados sob questionários e escalas o Avaliação de aspectos físicos, emocionais e cognitivos o Avaliação do paciente com queixa de cansaço: Investigação do uso de medicamentos, dos hábitos do paciente e antecedentes pessoais e familiares Realização de um exame neurológico sucinto A avaliação laboratorial tem pouca utilidade no diagnóstico da fadiga Os exames complementares têm seu papel na exclusão de outras doenças Hemograma, enzimas hepáticas, creotinoquinase, cálcio, TSH, anticorpos contra HIV e perfil de ferro Outros exames – rastreamento próprio para a idade e sexo do paciente o Encaminhamento para um especialista: Laura Catarine – M4 / Tutoria No caso de crianças com fadiga crônica, pacientes com suspeita de uma doença oculta subjacente, com doença psiquiátrica grave, além de pacientes que necessitam de um especialista em distúrbio do sono e que não respondem ao tratamento no atendimento primário Tratamento Não há tratamento definitivo e específico para o cansaço Correção das causas tratáveis o Balancear o tempo de atividade física e de repouso Uso de medicamentos: o Suplementos de ferro: Mulheres que menstruam e se queixam de fadiga, mesmo na ausência de anemia o Antidepressivos: Para pacientes com sintomas de depressão o Outros medicamentos: Psicoestimulantes em pacientes com câncer Psicoterapia: o Terapia cognitivo comportamental o Boa higiene do sono, dieta saudável e atividade física gradativa Laura Catarine – M4 / Tutoria Choque hemorrágico Introdução Reconhecimento do choque: o O diagnóstico, de preferência, deve ser clínico, para avaliação da presença de perfusão e oxigenação tecidual adequadas Definição: anormalidade do sistema circulatório que resulta em perfusão orgânica e oxigenação tecidual inadequadas A hemorragia é a causa mais comum de choque no doente traumatizado Fisiopatologia do choque Fisiologia cardíaca básica: o Débito cardíaco: volume de sangue bombeado pelo coração a cada minuto DC = FC x VS o Volume sistólico: quantidade de sangue bombeado a cada contração cardíaca Determinado pela pré-carga, contração do miocárdio e pós- carga Pré-carga: volume de retorno venoso para o coração; é influenciada pelo estado de volemia o A pré-carga determina o comprimento das fibras musculares depois do enchimento ventricular Contratilidade do miocárdio: bomba que movimenta o sistema sanguíneo Pós-carga: resistência vascular sistêmica Fisiopatologia da perda sanguínea: o O sistema circulatório propõe um mecanismo de compensação à perda sanguínea que se baseia na progressiva vasoconstrição da circulação cutânea, muscular e visceral para preservar o fluxo sanguíneo dos órgãos nobres o A perda aguda de sangue aumenta a FC na tentativa de preservar o DC A taquicardia pode ser o sinal mais precoce do choque o A nível celular, as células que ficam perfundidas e oxigenadas inadequadamente ficam privadas de substratos essenciais para sua sobrevivência Se o choque for prolongado, a membrana celular perde a capacidade de manter a sua integridade e o gradiente elétrico normal desaparece, propiciando um cenário de dano orgânico final e consequente disfunção de múltiplos órgãos Se persistir, o choque pode levar à morte celular o A administração de soluções eletrolíticas e sangue ajuda a combater o choque o No tratamento de choque hemorrágico deve haver o controle da hemorragia e restabelecimento do volume circulante adequado Não se deve usar vasopressores, uma vez que eles pioram a perfusão tecidual Reconhecimento do choque Manifestações do choque: taquicardia e vasoconstrição cutânea o Todo paciente frio e taquicárdico está em choque, até que se prove o contrário o Hb e Ht não são métodos apropriados para reconhecer o choque hemorrágico Laura Catarine – M4 / Tutoria Diferenciação clínica do choque hemorrágico A hemorragia é a causa mais comum de choque após trauma Em sinal de choque, o tratamento é iniciado com reposição volêmica Definição de hemorragia A hemorragia é definida como uma perda aguda de volume sanguínea O volume sanguíneo de um adulto é cerca de 7% do seu peso corporal o Criança: 8 a 9% Efeitos diretos da hemorragia Sistema de classificação das hemorragias: o Hemorragia classe I: Exemplo: condição do doador de uma unidade de sangue o Hemorragia classe II: Hemorragia não complicada, mas com necessidade de reposição e cristaloides o Hemorragia classe III: Estado hemorrágico no qual é necessária a reposição de, no mínimo, cristaloides e de sangue o Hemorragia classe IV: Evento pré-terminal, no qual, a menos que medidas terapêuticas muito agressivas sejam adotadas, o doente morrerá em minutos O controle da hemorragia e a reposição com solução balanceada deve ser iniciada precocemente Hemorragia classe I – perda de até 15% do volume sanguíneo: o Sintomas clínicos mínimos o Em situações complicadas, ocorre taquicardia leve o Não exige reposição Hemorragia classe II – perda de 15% a 30% do volume sanguíneo o Representa uma perda de cerca de 750 a 1500 ml de sangue o Sintomas clínicos: taquicardia, taquipneia e diminuição da pressão Pode ocorrer alterações sutis do SNC, como ansiedade, medo ou hostilidade Diurese pouco alterada o Alguns dos pacientes acabam necessitando de transfusão sanguínea, mas podem ser estabilizados inicialmente pela reposição de soluções cristaloides Hemorragia classe III – perda de 30% a 40% do volume sanguíneo o Perda de cerca de 1500 a 2000ml o Os pacientes apresentam os sinais clássicos de perfusão inadequada: taquicardia acentuada, taquipneia, alterações significativas do estado mental e queda mensurável da pressão sistólica o Quase sempre requerem de transfusões sanguíneas A decisão de transfusão sanguínea é baseada na resposta doente à reposição líquida inicial o A prioridade no tratamento inicial é interromper a hemorragia por cirurgia de emergência ou embolização, se necessário Hemorragia classe IV – perda de mais de 40% do volume sanguíneo o Ameaça imediata à vida o Sintomas: taquicardia acentuada, diminuição significativada pressão sistólica e pressão diastólica não mensurável Débito urinário desprezível e nível de consciência deprimido Pele fria e pálida o Exigem transfusão rápida e intervenção cirúrgica imediata Reposição volêmica inicial Utilização de soluções eletrolíticas isotônicas aquecidas, como ringer lactato ou soro fisiológico o Os líquidos promovem expansão intravascular transitória e serve para estabilização do volume vascular Um volume de líquido aquecido inicial é administrado: Laura Catarine – M4 / Tutoria o Adulto – 1 a 2 litros o Criança – 20 ml/kg O volume da dose administrada depende da resposta do paciente Desafio hídrico: Administração de 500 ml de cristaloide Caso o paciente responda bem, deve haver administração de mais 500ml de cristaloide O paciente que recebe cristaloide e não responde positivamente deve receber droga vasoativa Laura Catarine – M4 / Tutoria Hematopoese Introdução A hematopoese é o processo fisiológico responsável pela produção das células presentes no sangue periférico As células maduras, normalmente, são células maduras com vida limitada, função definida e sem capacidade de divisão celular Funções celulares: o Glóbulos brancos: funções diversas na imunidade o Plaquetas: hemostasia primária e superfície indutora da homeostasia secundária o Glóbulos vermelhos ou eritrócitos: transporte de oxigênio aos tecidos Vida média das células: o Plaquetas – 7 dias o Leucócitos – de horas a anos o Glóbulos vermelhos – 100 a 120 dias As células sanguíneas são geradas por uma pequena população de células progenitoras totipotentes indiferenciadas presentes na medula óssea (MO), chamadas de células-tronco hematopoéticas A medula óssea produz e regula a liberação das células sob fatores estimulantes e inibidores, e permite a reciclagem de diferentes moléculas o As células osteoblásticas e endoteliais fazem a manutenção e diferenciação das células-tronco A eficiência da hematopoese depende da integração do ambiente medular, das células progenitoras e dos fatores de crescimento Medula óssea e microambiente medular O local de hematopoese muda de localização durante o desenvolvimento dos vertebrados o 1 – Saco vitelínico o 2 – Área mesodérmica do feto denominada AGM Alguns estudos colocam a placenta como sítio da hematopoese durante a transição da AGM para o fígado o 3 – Fígado o 4 – Baço o 5 – Medula óssea A hematopoese divide-se em: o Primitiva ou embrionária: Tecido hematopoético extra- embrionário Origina-se nas ilhotas sanguíneas do saco vitelínico Inicia no 15ª dia de gestação e termina na 6ª semana de gestação As células-tronco provenientes do saco vitelínico sustenta a fase precoce da hematopoese definitiva Essencialmente composta de eritrócitos Hemácias nucleadas Hemoglobinas do tipo embrionária Função básica: prover oxigênio para os tecidos que estão em rápida expansão Alta taxa de proliferação Ausência da fase G0 do ciclo celular o Definitiva: Tecido hematopoético embrionário: Laura Catarine – M4 / Tutoria Origina-se na região AGM do feto e termina na medula óssea O principal sítio fetal é o fígado o Inicia no final do primeiro mês e termina pela 16 a 18ª semana Medula óssea: o Predominante apenas no último mês de gestação Presença de todos os tipos celulares Hemácias anucleadas o Vida médias das hemácias na AGM – 45 a 75 dias Hemoglobina o Região AGM - tipo fetal o Pós-natal e adulto – principalmente hemoglobina A Plaquetas: o Primeiras plaquetas surgem na 8ª semana e atingem a contagem do adulto na 18ª semana Glóbulos brancos: o Neutrófilos – últimos a surgirem o Macrófagos – primeiras a surgirem Presença da fase G0 do ciclo celular 70% do sítio hematopoético do adulto está localizado nos ossos da pelve, esterno e vértebra Microambiente medular: o Além das células hematopoéticas, a MO possui outras células que compõem seu microambiente: Rede microfibrilar reticulínica complexa Células endoteliais Envolvido na maturação, liberação e destinação das células hematopoéticas Miócitos Fibroblastos e condrócitos Células gordurosas Células intersticiais Osteoblastos e osteoclastos Equilibra as forças entre quiescência e maturação Macrófagos e linfócitos o Função: Sustentar as células hematopoéticas Produção de fatores estimulantes, depressores e ligantes As células hematopoéticas povoam o espaço entre as trabéculas ósseas e os adipócitos o Células maduras estão mais próximas aos seios vasculares para que haja liberação rápida em caso de necessidade As células-tronco estão localizadas no endósteo, limite entre a medula óssea e o osso o Essas células estão cercadas por osteoblastos, osteoclastos e células endoteliais, que as deixam em estado quiescente ou permitem a sua evolução para linhagens específicas o A regulação das células-tronco se faz por vias de sinalização, como a da BMP e do receptor de paratormônio-like As células imaturas se mantêm presas ao estroma por meio de receptores de adesão, que com a maturação são atenuados Laura Catarine – M4 / Tutoria Células hematopoéticas Compartimento das células-tronco hematopoéticas (CTH): o De acordo com a necessidade fisiológica, a MO consegue aumentar sua produção em até 10 vezes o São células pluripotentes, que origam todas as células hematopoéticas o Com o desenvolvimento do embrião, há especializações das funções da CTH o Acredita-se que haja 1 CTH para cada 30.000 células nucleadas da MO o A CTH além de diferenciar em linhagem mais especializadas, também pode ocorrer migração para outro tecido, apoptose, auto-renovação ou manutenção de estado quiescente Quando há a perturbação de algum desses mecanismos, pode ocorrer transformação maligna o Para a diferenciação das CTH é preciso de fatores de transcrição: GATA-1: necessário para o desenvolvimento das células eritróides e meggacariocíticas Pax-5 e PU-1: diferenciação linfoide C/EBP-alfa: diferenciação da série granulocítica Compartimento das células progenitoras: o As células progenitoras dão origem a células mais maduras, mas ainda morfologicamente indistintas conhecidas como unidades formadoras de colônia (UFC), que estão irreversivelmente comprometidas com uma única linhagem celular o Desenvolvimento mielóide: Progenitor mielóide comum (PMC) UFC-GEMM: Gera eritrócitos, granulócitos, monócitos e megacariócitos PLC: precursor mielóide comum Gera diferentes populações de linfócitos Compartimento das células precursoras: o A primeira célula reconhecível da linhagem eritróide é o proeritroblasto (PE) Se diferencia em eritroblasto basófilo (EB), eritroblasto policromático (EPC) e eritroblasto ortocromático (EOC), que se transformam em reticulócitos O reticulócito é uma célula precursora já pronta para ser liberada na circulação periférica, retendo remanescentes de RNA no citoplasma As células permanecem na circulação periférica por cerca de 1 dia, se tornando, após disso, os eritrócitos maduros Em casos de aumento de demanda de eritrócitos, como em hemorragias e hemólise, o número de reticulócitos na circulação deve aumentar Se essas situações duram muito tempo, pode haver a liberação de precursores eritróides ainda mais imaturos, como EOC e EPC o A primeira célula reconhecível na linhagem granulocítica é o mieloblasto: Evolui para promielócito, mielócito, metamielócito, bastonete e segmentado Em cada estágio há alterações da forma do núcleo, do conteúdo e da quantidade de grânulos citoplasmáticos A coloração dos granulócitos dividem essas células em: Laura Catarine – M4 / Tutoria eosinófilos, basófilos e neutrófilos o A célula precursora do sistema mononuclear-fagocitário é o monoblasto: Diferencia-se em pro- monócitos e monócitos A forma tecidual dos monócitos são os macrófagos Os macrófagos podem assumir forma e função diferentes, inclusive recebendo denominações diferentes para cada tecido que habita o Os megacariócitos dão origem às plaquetas circulantes Os megacariócitos passam por endorreduplicação, maturação e expansão citoplasmática, com liberação de fragmentos citoplasmáticos que são as plaquetas Os megacariócitos são as maiores células da MO com ploidia, que pode chegar a 128N Ocorre uma reorganização dos componentes da membrana e do citoesqueleto, dando origem a projeções parecidas com pseudópodes, chamadas de pró-plaquetas, que dão origem às plaquetas. Um megacariócito libera de 1 a 3 mil plaquetas antes de perder todo seu citoplasma e ser fagocitado As plaquetas possuem grânulos com substâncias responsáveis pela ativação de outras plaquetas e do endotélio vascular o Linfopoese: Processo de formação dos linfócitos Todos os linfócitos são derivados do precursor linfoide comum (PCL) O PCL está distribuído nos órãos linfoides primários (timo, baço e medula óssea), onde ocorre o desenvolvimento de linfócitos sem exposição antigênica, e nos órgãos linfoides secundários (linfonodos, placa de Peyer), onde os linfócitos tem contato com os antígenos ambientais Linfócitos T – LT: Se desenvolvem no timo Células principais no sistema imune celular Linfócitos B – LB: Se desenvolvem na MO Células principais no sistema imune humoral Produção de anticorpos Células NK: Fazem parte do sistema imune inato Aspecto grande e granular Fatores reguladores da hematopoese A hematopoese é regulada por fatores de crescimento e de transcrição Os fatores reguladores são, em geral, glicoproteínas, produzidos por células estromais e por algumas células hematopoéticas maduras Os fatores podem agir sobre uma única linhagem celular ou exibir efeito aditivo em outras linhagens o Fatores específicos de uma linhagem: trombopoetina o Fatores que agem em mais de uma linhagem: interleucinas 2, 3 e 7 Os fatores de crescimento interagem com os receptores específicos na superfície celular O complexo fator-receptor causa mudanças estruturais no receptor e desencadeia uma série de mecanismos o A ativação da tirosina-quinase é o mecanismo mais comum Laura Catarine – M4 / Tutoria o O resultado final é a ativação e manutenção da proliferação celular Normalmente, os fatores de crescimento circulam no plasma em concentrações extremamente baixas Podem ser produzidos no endotélio pelas células de suporte da MO e por tecidos a distância, como fígado e rins O principal fator estimulante da linhagem eritroide é a eritropoietina (EPO) o Hormônio glicoproteico o Os receptores da EPO estão nas células progenitoras da linhagem eritróide, principalmente nos proeritroblastos o Ocorre diminuição da expressão de receptores a medida que a célula amadurece, sendo de baixa quantidade da EOC o Necessária para proliferação, maturação e diferenciação da linhagem eritróide o Efeito potencializado na presença de interleucina-3 o 90% é produzido pelos rins, com pequena quantidade produzida pelo fígado o A síntese da EPO é promovida pela hipóxia Fator estimulante de colônias de granulócitos: o Efeitos no número e na função dos neutrófilos o Essa citocina promove a sobrevida e estimula a proliferação e a diferenciação de precursores granulocíticos em neutrófilos maduros o Libera os neutrófilos da MO e aumenta a atividade oxidante dessas células o A administração exógena desse fator estimulante causa alterações morfológicas típicas de infecções o Causa a liberação prematura de progenitores na circulação periférica por meio da liberação de metaloproteases no ambiente celular Útil para coleta de células- tronco periféricas para transplante de células progenitoras o Sintetizado por vários tipos celulares o Seus níveis aumentam em até 25x durante as infecções o Seus receptores estão tanto nos precursores como nos estágios mais avançados de maturação o Produção induzida por moléculas pró- inflamatórias: Interleucina-1-beta Fator de necrose tumoral Lipopolissacarídeo Interleucina-17 A linhagem megacariocitária é regulada principalmente pela trombopoetina: o Localiza-se principalmente no fígado, seguido de rins e músculos o O gene responsável pela sua produção está localizado no cromossomo 3 Anormalidades nesse gene promove leucemia megacariocitária e síndromes mieloproliferativas que cursam com trombocitose o Impacto na produção de plaquetas e na produção de células progenitoras o Expressão aumentada em condições inflamatória crônicas e em algumas neoplasias Quimoquinas: o Importante na formação do gradiente quimiotático, na organização e no homing das células da MO, no GH, hormônios da tireoide, corticosteroides, hormônios gonadais, sistema renina angionensina e insulina, entre outros Ainda, para a hematopoese, é necessário ferro, vitamina B12, folato, entre outros Inibidores de hematopoese: o Fator-beta transformador de crescimento o Proteína alfa inibidora de macrófagos o Fator de necrose tumoral-alfa Ação depressora sobre a eritropoese e estimulante sobre a linhagem granulopoéticas Laura Catarine – M4 / Tutoria Talassemias Definição e considerações gerais As talassemias são um grupo de doenças hereditárias, coracterizadas por diminuição ou aus/ência de síntese de uma ou mais cadeias globínicas da Hb Hemoglobina: o Formada por 4 cadeias globínicas e 4 grupos heme o Tipos de Hb: 1 – Hb embrionária 2 – Hb fetal Durante a vida intra- uterina 2 cadeias alfa e 2 cadeias gama 3 – Hb A Após o nascimento 2 cadeias alfa e 2 cadeias beta HbA2 – 2 cadeias alfa e 2 cadeias delta o Cada tipo de Hb possui 2 pares idênticos de cadeias globínicas o A Hb do adulto está nas formas de HbA, HbA2 e HbF Pacientes com beta-talassemia possui diminuição de cadeias beta, o mesmo se aplica para a alfa-talassemia Classificação Podem ser classificadas de forma clínica, genética e molecular Classificação clínica: o Divide as talassemias de acordo com a gravidade o Formas maior: Formas mais graves Dependentes de transfusões Tratada em centros especializados o Formas menor: Assintomáticas Representam o traço talassêmico Mais frequentes na prática clínica o Formas intermediárias: Possuem uma gravidade maior que as talassemias menores, mas não são tão graves quanto as maiores o Portadores silenciosos: Portadores do gene talassêmico que são clinicamente e hematologicamente normais Classificação genética: o Essa classificação leva em conta a cadeia globínica que a síntese está deficiente ou ausente o Alfa-talassemia o Beta-talassemia o Delta-beta-talassemia o Delta-talassemia o Gama-talassemia Classificação molecular: o Baseia-se nas diferentes mutações ou deleções que causam as talassemias Mecanismos genéticos e patologia molecular A síntese das cadeias globínicas é controlada por genes dos cromossomos 11 e 16 o Genes que controlam a síntese de cadeias alfa estão localizados no cromossomo 16 o As cadeias gama, delta e beta estão codificadas por genes do cromossomo 11 Fisiopatologia A deficiência de uma ou mais cadeia globínica corresponde a um desequilíbrio de produção de cadeias alfa e cadeias não-alfa e à síntese diminuída de Hb Laura Catarine– M4 / Tutoria o As cadeias que ficam em excesso alteram a produção e a vida média dos eritrócitos o Pela diminuição da produção, ocorre anemia e hipocromia característica de talassemia o A gravidade da anemia depende do grau de desequilíbrio Alfa-talassemia: o Diminuição da produção de cadeias alfa em relação às cadeias beta o As cadeias beta se acumulam e formam eritrócitos com corpos de inclusão, que são removidos rapidamente da circulação, tendo sua vida média encurtada o Resultado: anemia compensada parcialmente pelo aumento da produção de glóbulos vermelhos o Na vida intra-uterina, a cadeia que sobra é a cadeia gama Beta-talassemia: o Diminuição na produção de cadeias beta, com excesso relativo de cadeia alfa o Ocorre uma compensação do organismo de produzir mais cadeias gama e delta para ligar-se às cadeias alfa, porém esse mecanismo é insuficiente o As cadeias alfa são insolúveis e precipitam nos eritrócitos, levando à maturação defeituosa e destruição celular, principalmente intramedular o Pode haver ativação da coagulação o As células que não são destruídas na medula são rapidamente removidas da circulação pelo baço e fígado O baço aumenta progressivamente, na tentativa de fagocitar as células anormais o A anemia grave estimula a produção de eritropoietina, causando enorme expansão da medula óssea e hematopoese extramedular A hematopoese acelerada induz o aumento de absorção de ferro no intestino Aspectos clínicos, diagnóstico e tratamento Alfa-talassemias: o Formas clinicamente mais brandas o Necessitam de diagnóstico molecular o Hidropisia fetal com Hb Barts: Ausência dos 4 genes alfa A Hb do feto consiste em quade completamente de Hb Barts (gama) Quadro clínico: prematuridade, palidez e edema, que geralmente morre após o nascimento O diagnóstico pré-natal pode ser feito por análise de DNA em células do líquido amniótico ou biopsia da vilosidade coriônica Sem tratamento efeitvo o Doença de HbH: Anemia e esplenomegalia Anemia hipocrômica e microcítica, com níveis de Hb de 7 a 10 Quadro clínico: talassemia intermediária, com variação de gravidade Os pacientes, em geral, não precisam de tratamento Suplementação com ácido fólico Evitar drogas oxidantes pelo risco de crise hemolítica Pode ser necessário transfusões de sangue Esplenectomia em casos mais graves de esplenomegalia o Traço alfa-talassemico: Benigno Assintomático, com níveis de Hb normais ou pouco reduzidos Eritrócitos hipocrômicos e microcíticos Diagnóstico de certeza baseado em estudos de DNA o Portador silencioso: Laura Catarine – M4 / Tutoria Ausência de um único gene alfa Sem anormalidades clínicas ou hematológicas Beta-talassemias: o Beta-talassemia maior: É a forma mais grave de beta- talassemia Retardo no crescimento, anemia e esplenomegalia, com eventual hiperesplenismo, osteoporose e outras alterações esqueléticas devido à expansão da medula óssea e do aumento da absorção de ferro Fígado, coração, pâncreas, hipófise e outras glândulas endócrinas são os principais locais de deposição excessiva do ferro, causando lesão progressiva e insuficiência desses órgãos Tratamento transfusional adequado e tratamento da sobrecarga de ferro O hemograma mostra anemia microcítica e intensamente hipocrômica, com numerosos eritroblastos circulantes Homozigotos – HbA2 e HbF, com ausência de HbA Tratamento curativo – transplante da medula óssea o Beta-talassemia intermediária: Anemia hemolítica de grau variável, que não requer transfusões crônicas Manifestações: Eritropoese extramedular é frequente Concentração de Hb entre 6 e 9 Aumento de HbA2 e a quantidade de HbF depende do grau de deficiência da síntese de cadeia beta Tratamento: Esplenectomia contra o hiperesplenismo Tratamento com hidroxiureia para aumentar a HbF o Beta-talassemia menor: Assintomática Pequena ou nenhuma anemia Anisopoiquilocitose acentuada, microcitose, hipocromia e hemácias em alvo Diagnóstico: Níveis aumentados de HbA2 e, em metade dos casos, aumento de HbF Não requer tratamento