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Gramatica - Moderna Plus-412-414

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No trecho, os verbos destacados em verde são impessoais, porque não 
têm sua flexão de número-pessoa determinada por um termo específico da 
oração. A forma gramatical utilizada para marcar a impessoalidade verbal 
é a 3a pessoa do singular.
Os principais contextos para a inexistência de sujeito em orações são 
os seguintes:
• Verbos que indicam fen menos da natureza. Exemplos: chover, nevar, 
trovejar, anoitecer, amanhecer, etc.
 Chove muito na região Amazônica.
 No inverno, anoitece mais cedo.
• Verbos ser, estar, fazer, haver relacionados a fen menos da natureza 
ou a expressões temporais.
 É ainda muito cedo.
 Está muito tarde.
 Faz dois anos que não vejo meus pais.
 (A primeira oração não tem sujeito.)
 Há séculos que esperamos uma solução para o problema da falta d’água.
 (A primeira oração não tem sujeito.)
Um caso particular de concord ncia verbal ocorre com o uso do verbo 
ser na indicação de uma hora precisa. Mesmo impessoal, ele deve concordar 
em número com a expressão temporal que o acompanha. Observe.
É uma hora da tarde.
São duas horas da madrugada.
De olho na fala
Como aprendem que verbos indicadores de fen menos da natureza são 
impessoais, é comum as pessoas cometerem um “deslize” na concord ncia 
quando utilizam esses verbos em sentido figurado. Esses enganos são mais 
frequentes na fala, mas podem ocorrer também na escrita. Veja a nota que 
foi publicada em um grande jornal de São Paulo.
Na real
E o caseiro mantém a estratégia de ficar na dele. Segundo 
o advogado [do caseiro], chove convites para programas de 
TV — de Hebe a Jô Soares, diz ele —, mas a ordem é recusar 
todos. [...]
BE AMO, M nica. Folha de S.Paulo. São Paulo, 5 abr. 2006. 
Ilustrada. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/
fq0504200609.htm>. Acesso em: 1 maio 2006. (Fragmento).
A autora do texto “escorregou” na concord ncia do verbo chover, porque 
não percebeu que, nesse caso, há um sujeito (convites) a que o verbo se refere 
e com o qual deve concordar no plural (chovem convites). Para não cometer 
o mesmo equívoco (na fala ou na escrita), lembre-se de que, quando forem 
usados em sentido figurado, verbos indicadores de fen menos da natureza 
são pessoais e devem sempre concordar com o sujeito a que se referem.
frequentes na fala, mas podem ocorrer também na escrita. Veja a nota que 
foi publicada em um grande jornal de São Paulo.
o advogado [do caseiro], 
TV — de Hebe a Jô Soares, diz ele —, mas a ordem é recusar 
todos. [...]
A autora do texto “escorregou” na concord ncia do verbo 
não percebeu que, nesse caso, há um sujeito (
e com o qual deve concordar no plural (
Uso figurativo dos 
verbos que indicam 
fenômenos da natureza
A língua admite, em vários 
contextos, o uso figurativo 
dos verbos que indicam 
fen menos da natureza. 
Quando isso ocorre, é possí-
vel atribuir-lhes um sujeito. 
Observe.
Choveram queixas depois 
que a prefeitura aumentou 
o IPTU.
No exemplo, queixas é o 
sujeito da oração, porque o 
verbo concorda com ele no 
plural.
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Essas orações não têm sujeito, mas a concord ncia verbal precisa 
ser rea lizada.
• Verbo haver usado no sentido de “existir”.
 Há muitos políticos que só pensam em enriquecer.
 Houve sérios casos de dengue hemorrágica em alguns estados, 
recentemente.
 Havia momentos em que o professor não sabia o que fazer para man-
ter a atenção dos alunos.
 importante lembrar que o verbo existir é pessoal. Quando ele for 
utilizado, portanto, deve ser feita a concordância com o sujeito a que se 
refere. Observe a diferença entre o uso do verbo haver (impessoal) e o do 
verbo existir (pessoal) em um mesmo contexto sintático.
Há muitos alunos nessa escola.
(A oração não tem sujeito; muitos alunos é objeto direto do verbo haver.)
Existem muitos alunos nessa escola.
(A oração tem como sujeito muitos alunos.) 
O estudo do predicado
Para compreender os conceitos de predicado e de predicação, vamos 
analisar um conjunto de orações.
FRANK & ERNEST Bob Thaves
Compare a diferença entre o tipo de informação apresentada pelos 
sujeitos e pelos predicados nos exemplos abaixo.
sujeito
“Nós confiamos nosso dinheiro a eles,”
sujeito
“eles acorrentam as canetas no balcão.”
conectivo
e
 T AVES, Bob. Frank & Ernest. São Paulo: Devir, 2009. p. 17.
O humor da tira é construído justamente pela predicação atribuída aos 
sujeitos “nós” e “eles”. Em sua fala, Frank aponta a situação ir nica vivida 
pelos investidores de um banco: entregam todo o seu dinheiro instituição 
(demonstrando, portanto, confiança nela), enquanto esse mesmo banco 
desconfia tanto de seus correntistas e investidores que julga necessário 
manter as canetas presas ao balcão.
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Uma vez identificados os sujeitos, constatamos que a parte que resta 
das orações apresenta informações sobre eles. Fazer uma predicação é 
afirmar algo sobre alguma coisa. Na estrutura sintática da oração, o que 
observamos é que tal função é desempenhada pelo predicado, sempre 
introduzido por um verbo.
Com base na função desempenhada pelos predicados na tira, podemos 
definir esse termo.
Para compreender bem os tipos de predicado que ocorrem nas ora-
ções da língua, é necessário saber como se classificam os verbos quanto 
 predicação. O primeiro passo para a análise do tipo de predicação 
estabelecida pelos verbos é aprender uma noção muito importante, a 
de transitividade verbal.
A transitividade verbal•	
Compare os verbos destacados abaixo.
Nossos convidados chegaram.
Compramos as passagens aéreas para os Estados Unidos.
Se analisarmos o conteúdo sem ntico desses dois verbos (chegar e 
comprar), vamos observar uma diferença importante entre eles. O verbo 
chegar traduz uma ideia completa. Seu sentido não depende de qualquer 
tipo de complemento.
O verbo comprar tem um comportamento sem ntico diferente: seu 
sentido precisa ser complementado por outro termo (“as passagens 
aéreas”, no exemplo, é o termo que informa o que foi comprado). O que 
observamos, nesse caso, é que o processo verbal não está inteiramente 
contido no verbo comprar. Ele se transmite ao complemento “as pas-
sagens aéreas”. Esse fen meno sintático-sem ntico é conhecido como 
transitividade verbal.
Quando estudarmos os termos integrantes, voltaremos a analisar a 
relação entre os verbos transitivos e os seus complementos.
Transitividade verbal
Verbos intransitivos
Verbos transitivos
diretos
diretos e 
indiretos
indiretos
Tome nota
Predicado é o termo da oração que faz uma predicação, ou seja, uma 
afirmação sobre o sujeito. No caso das orações sem sujeito, a predicação é 
feita genericamente.
Tome nota
A transitividade verbal é o processo por meio do qual a ação verbal 
se transmite a outros termos da oração, que atuam como seus comple-
mentos. Os verbos que necessitam de complemento são denominados 
transitivos. Os verbos que não necessitam de complemento são ditos 
intransitivos.
Quando a relação entre o complemento e o verbo se dá de modo direto, 
sem o auxílio de preposições, o verbo é consi derado transitivo direto. Quando 
a relação entre o verbo e o seu complemento ocorre por meio de uma prepo-
sição, tal verbo é considerado transitivo indireto. Alguns verbos necessitam 
de complementos diretos e indiretos. São chamados de bitransitivos ou 
transitivos diretos e indiretos.
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