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Empregador e Poderes
DIREITO DO TRABALHO 
EMPREGADOR E PODERES
1- Conceito de empregador comum
CLT
Art. 2º Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos 
da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço.
Atualmente, existem sociedades que não são empresas, por isso há que se adaptar a 
interpretação da lei.
§ 1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os profis-
sionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições 
sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados.
Esse rol é exemplificativo, existindo outras possibilidades de empregadores.
2- Conceito de empregador doméstico
LC 150/15
Art. 1 Ao empregado doméstico, assim considerado aquele que presta serviços de forma contí-
nua, subordinada, onerosa e pessoal e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no 
âmbito residencial destas, por mais de 2 (dois) dias por semana, aplica-se o disposto nesta Lei.
Obs. 1: caseiro
 � A jurisprudência vem considerando o caseiro como empregado doméstico. Caseiro 
é a figura que trabalha morando em casas de veraneio, a fim de protegê-las quando 
não estão sendo usadas.
 � “RECURSO DE REVISTA. LEI N.º 13.015/2014. VÍNCULO DE EMPREGO. EMPRE-
GADA DOMÉSTICA. CASEIRA. Na hipótese, o pressuposto da continuidade, essen-
cial ao reconhecimento da relação de emprego doméstico, ficou demonstrado, uma 
vez que comprovada a prestação de serviços diários, em uma relação que perdurou 
por aproximadamente oito anos. O fato de a autora não ter controle de horário e o 
reclamado não residir no local não afasta o requisito da subordinação. A expressão 
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“ no âmbito residencial “ não é restrita à moradia do empregador, como pretende 
fazer crer o recorrente, abrangendo outras unidades familiares, ainda que distantes 
da residência familiar, como é o caso das casas de campo e de praia. Incólumes, 
portanto, os dispositivos invocados. De outro lado, a caracterização de divergência 
jurisprudencial não pode prescindir da especificidade dos modelos colacionados, na 
forma da Súmula n. 296, I, do Tribunal Superior do Trabalho. Recurso de Revista 
não conhecido” (RR-80- 95.2016.5.06.0232, 1ª Turma, Relator Ministro Lelio Bentes 
Correa, DEJT 27/10/2017). 
Obs. 2: cuidador de idoso pago por outrem
 � Em regra, o cuidador de idoso se equipara a empregado doméstico. A pergunta é: 
se esse pagamento ocorrer por uma outra pessoa, isso desqualifica a condição de 
empregado doméstico?
 � O empregado continuaria sendo empregado doméstico, e, em caso de créditos traba-
lhistas, o trabalhador poderia entrar contra o idoso ou contra quem paga. No entan-
to, situação diferente é se o responsável pelo pagamento for, meramente, gestor do 
patrimônio do idoso, nesse caso, apenas o idoso é responsável.
 � “CUIDADORA DE IDOSO. CONCEITO DE EMPREGADOR PREVISTO NA LEI 
COMPLEMENTAR N. 150/2015. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA. CONFIGURA-
ÇÃO. (...) 6. Dispõe o artigo 1º da Lei Complementar n. 150/2015, que, “ao empre-
gado doméstico, assim considerado aquele que presta serviços de forma contínua, 
subordinada, onerosa e pessoal e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à famí-
lia, no âmbito residencial destas, por mais de 2 (dois) dias por semana, aplica-se o 
disposto nesta Lei” (destaquei). 7. A moldura fática do acórdão regional, infensa de 
alteração em sede de recurso de revista, é no sentido de que o filho da idosa que 
admitiu a reclamante, além de não residir na mesma residência de sua mãe, em que 
ocorria a prestação dos serviços, era mero administrador dos bens de sua genitora, 
restando rechaçada a tese lançada pelo Juízo de origem que o primeiro reclamado 
era o chefe da família. 8. Considerando que o filho da contratante não residia com 
a mãe e era apenas o administrator do patrimônio da genitora, deve ser mantida a 
conclusão do Tribunal Regional de inexistência de responsabilidade solidária deste, 
na medida em que não se extrai da exegese do artigo 1º da Lei Complementar n. 
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150/2015 a configuração de empregador doméstico pelo interesse e dever de assis-
tência dos filhos aos pais. Recurso de revista conhecido e não provido” (RR-11036- 
97.2018.5.03.0099, 5ª Turma, Relator Desembargador Convocado Joao Pedro Sil-
vestrin, DEJT 08/05/2020).
Obs. 3: e quando existe prestação de serviços em casas diferentes da mesma família?
 � Deve-se pensar que os trabalhos são coisas distintas ou que se trata de um único 
contrato de trabalho em que ambos os donos das casas são empregadores?
 � “DIARISTA. VÍNCULO DE EMPREGO. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS A EMPRESA 
E NO ÂMBITO RESIDENCIAL. O Tribunal a quo reconheceu o vínculo de emprego 
da autora com o que chamou de “núcleo familiar”, formado pelos Agravantes (Pai 
e Filho) e suas respectivas esposas. Ficou consignado no acórdão regional que a 
autora trabalhava três dias da semana na casa do Sr. (...) (Pai) e dois dias na casa do 
Sr. (...) (Filho), além de fazer faxina no escritório em que ambos são sócios, uma vez 
a cada quinze dias. O fundamento utilizado pelo Regional para reconhecer o vínculo 
foi de que a prestação de serviço estava direcionada a um mesmo “núcleo familiar”.
 � A grande dúvida que paira sobre o conceito de núcleo familiar é se os membros 
devem residir sobre o mesmo teto. Ainda que assim não se entenda, em se tratando 
de relação de emprego existem requisitos específicos para sua configuração (arts. 3º 
da CLT e 1º da Lei 5.879/72 - vigente à época dos fatos (trabalho doméstico), que vão 
muito além de a prestação de serviços estar vinculada a um mesmo núcleo familiar 
ou não. No caso, embora o labor fosse prestado para pai e filho, este se desenvolvia 
de forma autônoma sem interdependência de um tomador para com o outro, visto 
que além de ser prestado em residências diversas, era remunerado de forma inde-
pendente, os beneficiários eram distintos e a subordinação, caso existisse, também. 
 � Logo, não se há de considerar a unicidade patronal na prestação dos serviços, 
devendo ser distinguidos os tomadores (pai, filho e escritório de advocacia). 
Feita esta distinção analisa-se cada relação de per sí. Em relação à prestação de 
serviços para o Sr. (...) (Pai), esta se dava três vezes por semana. O art. 3º da CLT 
exige, para o reconhecimento do vínculo empregatício, entre outros, a prestação de 
serviços não eventual. Por outro lado, mas do mesmo modo, o art. 1º da Lei 5.859/72 
exige a continuidade na prestação de serviços. Assim, o reconhecimento do vínculo 
empregatício do doméstico está condicionado à continuidade na prestação dos servi-
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ços, não se prestando ao reconhecimento do liame a realização de trabalho durante 
alguns dias da semana.
 � A jurisprudência do TST segue no sentido de que a prestação de serviços de faxina 
por três vezes na semana configura o vínculo de emprego doméstico. Prece-
dentes. Dessa forma, não há como se afastar o vínculo de emprego, contudo este 
é de natureza doméstica, nos termos do art. 1º da Lei 5.859/72 (vigente à época 
dos fatos) e não conforme o art. 3º da CLT, devendo o recurso ser conhecido, neste 
aspecto, por violação do art. 1º da Lei 5.859/72. Em relação ao período laborado para 
o Sr. (...)(Filho), a prestação de serviços de faxina ocorria duas vezes por semana. 
Neste caso, a jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que não configu-
ra vínculo de emprego o trabalho de diarista em duas vezes por semana.
 � Precedentes. Recurso de revista conhecido, no aspecto, por violação do art. 1º da 
Lei 5.859/72. Em relação ao período em que a autora prestou serviços como diaris-
ta ao escritório de advocacia, deve ser mantido o vínculo de emprego, nos termos 
do art. 3º da CLT, embora a prestação de serviços ocorresse quinzenalmente esta 
perdurou por mais de dois anos. Com efeito, a prestação de serviços de faxina em 
estabelecimento comercial, com pessoalidade, subordinação e onerosidade, confi-
gura vínculo de emprego, nos termos do artigo 3º da CLT, na medida em que a carac-
terização da não eventualidade não pode ser obstada pela natureza intermitente da 
prestação habitual dos serviços. Precedentes. Neste aspecto, no particular, o recur-
so não merece conhecimento, em face do óbice da Súmula 333/TST, devendo ser 
mantido o vínculo de emprego com o escritório de advocacia, cujos sócios são o Sr. 
Cleanto e o Sr. Claúdio, pai e filho, respectivamente. Recurso de revista parcialmente 
conhecido, por violação do art. 1º da Lei 5.859/72 e parcialmente provido” (RR-1341-
74.2012.5.04.0561, 3ª Turma, Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, 
DEJT 12/02/2016).
ATENÇÃO
Numa situação em que a prestação é para uma família em uma casa somente, o em-
pregador será toda a família, ainda que só um assine a carteira de trabalho.
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3- Conceito de empregador rural Lei 5889/73
Art. 3º Considera-se empregador, rural, para os efeitos desta Lei, a pessoa física ou jurídica, 
proprietário ou não, que explore atividade agro-econômica, em caráter permanente ou tem-
porário, diretamente ou através de prepostos e com auxílio de empregados.
§ 1 o Inclui-se na atividade econômica referida no caput deste artigo, além da exploração indus-
trial em estabelecimento agrário não compreendido na Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, 
aprovada pelo Decreto-Lei n o 5.452, de 1 o de maio de 1943, a exploração do turismo rural 
ancilar à exploração agroeconômica.
Art. 4º Equipara-se ao empregador rural, a pessoa física ou jurídica que, habitualmente, em cará-
ter profissional, e por conta de terceiros, execute serviços de natureza agrária, mediante utilização 
do trabalho de outrem. 
Decreto 10.854/21
Art. 84. Para fins do disposto neste Capítulo, considera-se empregador rural a pessoa natural 
ou jurídica, proprietária ou não, que explore atividade agroeconômica, em caráter perma-
nente ou temporário, diretamente ou por meio de prepostos e com auxílio de empregados.
§ 1º Equipara-se ao empregador rural:
I – a pessoa natural ou jurídica que, habitualmente, em caráter profissional, e por conta de 
terceiros, execute serviços de natureza agrária, mediante a utilização do trabalho de outrem; e II 
- o consórcio simplificado de produtores rurais de que trata o art. 25-A da Lei n. 8.212, de 1991. § 2º 
Sempre que uma ou mais empresas, embora cada uma delas tenha personalidade jurídica própria, 
estiverem sob direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, mesmo guardando 
cada uma sua autonomia, integrem grupo econômico ou financeiro rural, serão responsáveis soli-
dariamente nas obrigações decorrentes da relação de emprego.
§ 3º Considera-se como atividade agroeconômica, além da exploração industrial em estabeleci-
mento agrário não compreendido na Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-
-Lei n. 5.452, de 1943, a exploração do turismo rural ancilar à exploração agroeconômica.
§ 4º Para fins do disposto no § 3º, consideram-se como exploração industrial em estabelecimento 
agrário as atividades que compreendem o primeiro tratamento dos produtos agrários in natura 
sem transformá-los em sua natureza, tais como:
I – o beneficiamento, a primeira modificação e o preparo dos produtos agropecuários e hortigranjei-
ros e das matérias-primas de origem animal ou vegetal para posterior venda ou industrialização; e
II – o aproveitamento dos subprodutos provenientes das operações de preparo e modificação dos 
produtos in natura de que trata o inciso I.
§ 5º Para fins do disposto no § 3º, não se considera indústria rural aquela que, ao operar a 
primeira modificação do produto agrário, transforme a sua natureza a ponto de perder a 
condição de matéria-prima.
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Em caso de grupo econômico, utiliza-se a tese de empregador único, na qual todo o 
grupo é o empregador.
4- Consórcio de empregadores
Lei 8.212/91
Art. 25A. Equipara-se ao empregador rural pessoa física o consórcio simplificado de produ-
tores rurais, formado pela união de produtores rurais pessoas físicas, que outorgar a um deles 
poderes para contratar, gerir e demitir trabalhadores para prestação de serviços, exclusivamente, 
aos seus integrantes, mediante documento registrado em cartório de títulos e documentos.
Na prática funciona assim: existem, por exemplo, 3 empregadores. 1 deles contrata em 
nome do consórcio (todos os 3). O trabalhador, que faria serviços esporádicos, passará a tra-
balhar alternadamente para os três, tendo, assim, serviço por “todo o tempo”.
Isso visa evitar situações em que o serviço se faz necessário, apenas, de formas esporá-
dicas e o trabalhador não teria contratação em forma de vínculo empregatício. 
§ 1º O documento de que trata o caput deverá conter a identificação de cada produtor, seu ende-
reço pessoal e o de sua propriedade rural, bem como o respectivo registro no Instituto Nacional 
de Colonização e Reforma Agrária - INCRA ou informações relativas a parceria, arrendamento ou 
equivalente e a matrícula no Instituto Nacional do Seguro Social – INSS de cada um dos produto-
res rurais.
§ 2º O consórcio deverá ser matriculado no INSS em nome do empregador a quem hajam sido 
outorgados os poderes, na forma do regulamento.
§ 3º Os produtores rurais integrantes do consórcio de que trata o caput serão responsáveis soli-
dários em relação às obrigações previdenciárias.
Aplicabilidade ao meio urbano
“NATUREZA DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO - VIGIA DE RUA - CONSÓRCIO DE 
EMPREGADORES - EMPREGADO REGIDO PELA CLT. (...) Saliente-se, ademais, que a 
figura do consórcio de empregadores não é estranha ao ordenamento jurídico, que a reco-
nhece expressamente no art. 25-A da Lei n. 8.212/91, para o meio rural, equiparando o con-
sórcio assim desenvolvido ao empregador rural. Ao ser aplicada ao meio urbano, a figura 
do consórcio de empregadores deve seguir a mesma ratio de equiparação, que autoriza o 
enquadramento do vigia contratado nessa modalidade como empregado urbano regido pela 
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CLT. Agravo de instrumento desprovido” (AIRR-785-20.2011.5.06.0022, 7ª Turma, Relator 
Ministro Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, DEJT 23/10/2015).
Assim, o consórcio de empregadores pode ser criado por pessoas físicas também.
1. CONSÓRCIO DE EMPREGADORES URBANOS. POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO 
ANALÓGICA DO ART. 25-A DA LEI N. 8.212/1991. REQUISITOS PARA CONFIGURAÇÃO. 
1.1. O consórcio de empregadores é figura relativamente nova no direito brasileiro e encon-
tra regulação restrita ao ambiente rural. Sua institucionalização atende aos anseios não só 
dos empregadores, mas, também, àqueles dos trabalhadores, a uns e outros resguardando 
contra vicissitudes decorrentes das atividades peculiares ao campo, naturalmentedescontí-
nuas. O instituto, como regrado, responde aos comandos constitucionais de respeito à digni-
dade da pessoa humana e de valorização social do trabalho e da livre iniciativa, dignificando 
a pessoa do trabalhador e garantindo o pleno emprego, além de outorgar segurança jurídica 
(Constituição Federal, arts. 1º, III e IV, 7º, 170, VIII e 193 (...) 1.3. Afirma-se a possibilidade 
de extensão analógica do consórcio de empregadores ao meio urbano. Por expressa dicção 
legal (CLT, art. 8º), deve o Direito do Trabalho socorrer-se da analogia, atendendo aos fins 
sociais da norma aplicada e às exigências do bem comum. Tal processo imprescinde de 
lacuna no ordenamento, de molde que, em situações semelhadas e com olhos postos na 
mutação dos fatos, permita-se a evolução do Direito e ampla atenção aos fenômenos sociais, 
sempre garantida a integridade dos princípios e direitos fundamentais aplicáveis e a coerên-
cia da ordem jurídica. Embora admissível a trasladação do instituto, não será lícito autorizar-
-se-lhe a despir-se de todos os seus requisitos essenciais durante o trajeto. É fundamental 
que as mesmas formalidades exigíveis para o universo rural persistam no urbano. A solida-
riedade não se presume (Código Civil, art. 296): sem a adoção dos protocolos exigidos em 
Lei, o modelo jurídico apegar-se-ia aos estatutos corriqueiros, instalando-se dúvidas quanto 
à titularidade, natureza e extensão de direitos e obrigações, com a iminência de vastos pre-
juízos e a consequente perda de todas as benesses já descritas. A aplicação analógica das 
normas de regência do modelo há se de fazer pela sua inteireza. Recurso de revista não 
conhecido. (...)” (ARR-104300-96.2010.5.23.0066, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz 
Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 14/06/2013). 
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PODERES DO EMPREGADOR
1- Poder diretivo
Trata-se do poder de organizar e dirigir o processo produtivo, definindo as tarefas dos 
trabalhadores, a forma como o serviço será prestado, o método de produção adotado e 
a estrutura e equipamentos que devem ser utilizados. Também é conhecido como poder 
de comando ou poder organizativo.
Esse poder, como qualquer outro, não é absoluto. Encontra limites em princípios, leis, 
bons costumes, normas coletivas e normas administrativas.
Obs. 1: Impossibilidade de formação de “lista suja”
Seria uma espécie de ameaça, uma lista com os trabalhadores que dão problema.
 � “(...) DANO MORAL. PRÁTICA DE CONDUTA DISCRIMINATÓRIA PELA RECLAMA-
DA ANÁLOGA, À INCLUSÃO DO NOME DO TRABALHADOR EM “LISTA SUJA”. (...) 
A confecção e divulgação de listas de nomes de trabalhadores que tenham proposto 
ação judicial contra seus empregadores (ou que tenham participado de movimentos 
paredistas, a par de outras situações similares) têm sido compreendidas pela juris-
prudência como conduta deflagradora de manifesto dano moral, seja com respeito 
a cada indivíduo presente na lista (dano moral individual ou até mesmo plúrimo), seja 
com respeito a toda a comunidade de trabalhadores (dano moral coletivo), por ser 
considerada conduta ofensiva à dignidade da pessoa humana, sendo dispensada a 
prova de prejuízo concreto. É que tais listas sujas conteriam nítido intuito discrimi-
natório, visando à potencial retaliação de seus componentes pelo mercado empre-
sarial circundante - em conformidade com a compreensão da experiência advinda 
da observação das práticas sociais no cotidiano, tão bem inferida e sopesada por 
juízes e tribunais. (...) Configurada, portanto, prática de conduta discriminatória, aná-
loga à inclusão do nome da Obreira em “lista suja”, a ensejar a responsabilização 
empresarial da Reclamada. Recurso de revista conhecido e provido “ (RR-10365-
62.2017.5.03.0179, 3ª Turma, Relator Ministro Mauricio Godinho Delgado, DEJT 
05/10/2018).
Obs. 2: Impossibilidade de submissão de trabalhador a estresse acentuado.
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 � a) desvio de função e estresse acentuado
 � “INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. AJUDANTE DE MOTORISTA DE CAMI-
NHÃO ENTREGADOR DE MERCADORIAS. TRANSPORTE DE VALORES. 
DESVIO DE FUNÇÃO. EXPOSIÇÃO DO EMPREGADO A RISCO. DANO MORAL 
CONFIGURADO. 2. VALOR ARBITRADO À INDENIZAÇÃO. CRITÉRIOS DA PRO-
PORCIONALIDADE E DA RAZOABILIDADE OBSERVADOS. Conforme jurisprudên-
cia deste Tribunal Superior, o empregado desviado de função, que realiza transporte 
de valores, está exposto a risco, porque não é contratado e treinado para tal mister, 
fazendo jus ao recebimento de indenização por danos morais. Na hipótese, ficou 
incontroverso, no acórdão recorrido, que o Reclamante, no exercício da atribuição 
de ajudante e posteriormente de motorista de caminhão entregador, transportava 
não apenas mercadorias, mas também valores. O estresse acentuado que resulta do 
risco da função exercida, que implicou inclusive desvio irregular da atividade contra-
tual originária, enseja dano moral, cuja reparação é fixada pelo Direito (art. 5º, V e X, 
CF; arts. 186 e 927, CCB). (...)” (Ag-ARR-1744-11.2017.5.06.0012, 3ª Turma, Relator 
Ministro Mauricio Godinho Delgado, DEJT 14/04/2023). 
 �
 � b) responsabilidade objetiva por dano e estresse acentuado pela teoria do risco
CC
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repa-
rá-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos 
casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano 
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
 � INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. TRABALHADOR VIGILANTE 
VÍTIMA DE ASSALTO COM ARMA DE FOGO. DESENVOLVIMENTO DE ESTRES-
SE PÓS-TRAUMÁTICO E DEPRESSÃO. INCAPACIDADE LABORATIVA TEMPO-
RÁRIA. ATIVIDADE DE RISCO. TEORIA DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO 
EMPREGADORA. No caso, trata-se de pedido de indenização por danos morais e 
materiais, em razão do desenvolvimento de estresse pós-traumático e depressão 
pelo empregado, vítima de assalto com arma de fogo no ambiente de trabalho, e que 
resultou em incapacidade laborativa temporária. No caso de acidente de trabalho, o 
parágrafo único do art. 927 do Código Civil, consagra a teoria da responsabilidade 
objetiva do empregador, em face do exercício de atividade de risco. Com efeito, a 
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teoria do risco profissional considera que o dever de indenizar decorre da própria 
atividade profissional, uma vez que o seu desenvolvimento está diretamente ligado 
aos acidentes do trabalho. São as hipóteses em que a atividade desenvolvida pelo 
empregado se constitui em risco acentuado ou excepcional pela natureza perigosa, 
de modo que a responsabilidade incide automaticamente, independentemente de 
culpa ou dolo do empregador. Na hipótese dos autos, o trabalhador, no exercício da 
função de vigilante, foi vítima de assalto com uso de arma de fogo, tendo sido rendido 
pelos assaltantes, o que resultou em estresse pós-traumático e depressão e incapa-
cidade temporária para o trabalho. Com efeito, constata-se que a atividade profissio-
nal desempenhada pelo reclamante era de risco, na medida em que, na condição 
de vigilante da reclamada, estava mais susceptível a assaltos de modo mais intenso 
que de um cidadão comum. Assim, considerando o exercício de atividade de risco 
pelo trabalhador, bem como o nexo de causalidade entre incapacidade laborativa 
e o assalto sofrido no ambiente de trabalho, impõe-se o dever de indenizar. Incólu-
mes os artigos 7º, incisoXXVIII, da Constituição da República e 927 do Código Civil 
precedentes. Recurso de revista não conhecido. (...)”. Recurso de revista conhecido 
e provido” (RR-1563- 83.2012.5.04.0030, 2ª Turma, Relator Ministro José Roberto 
Freire Pimenta, DEJT 10/03/2017).
���������Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Concursos, de acordo com a aula 
preparada e ministrada pelo professor José Gervásio Meireles. 
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conte-
údo ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura 
exclusiva deste material.
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