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Uma perspectiva psicanalítica sobre o TDAH-75

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apresenta, ao mesmo tempo, objeto a no discurso do mestre como como mais-de-gozar e como 
causa de desejo. 
O significante é o que introduz no mundo o Um, e é suficiente que haja o Um para que tudo comece, 
para que S1 comande o S2, quer dizer, que ao significante que vem depois, depois que o Um funciona, 
ele obedece. O que é maravilhoso é que para obedecer é preciso que ele saiba algo. O que é próprio do 
escravo, como se exprimia Hegel, é saber algo. Se ele não soubesse nada, nem valeria a pena comandá-
lo [...] (LACAN, 1984, p. 47). 
Enquanto produção, o mais-de-gozar (a) encontra uma barreira para satisfazer a verdade do 
sujeito ($) que, somente através da fantasia, como um desejo primitivo de encontro com o objeto 
perdido, torna possível alguma recuperação do gozo. Ou seja, é pelo fato de que há perda, de que 
há resto que um sujeito pode sustentar seu desejo, em face do Outro, pela elaboração da fantasia. 
Porém, a fantasia ($ <> a), ao se situar sob a barra, submetida à ação do recalque, irá estabelecer 
uma compulsão à repetição, inacessível ao eu, que Lacan (1969-1970/1992) chama de feroz 
ignorância: uma escravidão para fazer o Outro (senhor) gozar. 
No discurso do mestre, o dominante é a lei que inscreve o vivente na linguagem. O significante-
mestre, imperativo do S1, ordena submeter-se à lei da linguagem. Diante dessa impossibilidade, 
algo fica fora da lei, o que não impede que seu discurso seja o laço civilizador fundante, que 
exige renúncia pulsional e que retorna em forma de imperativo de gozo do supereu. 
O discurso do mestre é o laço civilizador que exige a renuncia pulsional, promovendo rechaço do gozo 
que retorna sob a forma de supereu, do qual o sentimento de culpa do sujeito é o índice que se 
manifesta através do olhar que vigia e da voz que critica. O discurso do mestre produz os dejetos da 
civilização – o que escapa à simbolização – sob a forma de mais-de-gozar (QUINET, 2001, s/p.). 
 
 
2.1.2. O discurso do universitário 
No giro anti-horário de um quarto de volta do discurso do mestre para o discurso universitário, 
temos a passagem do saber-fazer ao saber teórico. A verdade do comando do significante mestre 
como acionamento do trabalho inconsciente é recalcada, estando o objeto a colocado no lugar do 
Outro. O saber (S2), como conhecimento organizado e acumulado, ao ser sustentado pelo 
significante mestre (S1), indica que os índices de confiabilidade de seus autores assumem o poder 
de mando. O saber se faz agente para o controle do objeto, enquanto que o significante-mestre, 
ocupando o lugar da verdade, encontra-se em uma disjunção estrutural com o sujeito no lugar da 
produção.

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