Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE UNIDADE ACADÊMICA ESPECIALIZADA EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS ESCOLA AGRÍCOLA DE JUNDIAI DESENVOLVIMENTO DA BATATA DOCE (IPOMOEA BATATAS L.) NO TERRITÓRIO AGRÍCOLA DO MUNICÍPIO DE TOUROS/RN: UMA ANÁLISE ENTRE O PERÍODO DE 2011 A 2021. ÁLVARO DE FRANÇA VIEIRA MACAÍBA/RN 2023 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE UNIDADE ACADÊMICA ESPECIALIZADA EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS ESCOLA AGRÍCOLA DE JUNDIAI DESENVOLVIMENTO DA BATATA DOCE (IPOMOEA BATATAS L.) NO TERRITÓRIO AGRÍCOLA DO MUNICÍPIO DE TOUROS/RN: UMA ANÁLISE ENTRE O PERÍODO DE 2011 A 2021. ÁLVARO DE FRANÇA VIEIRA Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de graduação em Engenharia Agronômica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para a obtenção do grau de Engenheiro Agrônomo. Orientador: DR. SÉRGIO MARQUES JUNIOR. MACAÍBA/RN 2023 Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN Sistema de Bibliotecas SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN Biblioteca Setorial Prof. Rodolfo Helinski Escola Agrícola de Jundiaí EAJ Macaiba Vieira, Alvaro de Franca. Desenvolvimento da batata doce (Ipomoea Batatas lL.) no território agrícola do município de Touros/RN: uma análise entre o período de 2011 a 2021 / Alvaro de Franca Vieira. - Macaíba, 2023. 35f.: il. Monografia (Bacharel) Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Unidade Acadêmica Especializada Em Ciências Agrárias, Curso de graduação em Engenharia Agronômica. Orientador: Dr. Sérgio Marques Junior. 1. Ipomoea batatas (L..) - Monografia. 2. Desenvolvimento Econômico - Monografia. 3. Batata-doce - Monografia. I. Marques Junior, Sérgio. II. Título. RN/UF/BSPRH CDU 635.22 Elaborado por Valéria Maria Lima da Silva - CRB-15/451 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE UNIDADE ACADÊMICA ESPECIALIZADA EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS ESCOLA AGRÍCOLA DE JUNDIAI DESENVOLVIMENTO DA BATATA DOCE (IPOMOEA BATATAS L.) NO TERRITÓRIO AGRÍCOLA DO MUNICÍPIO DE TOUROS/RN: UMA ANÁLISE ENTRE O PERÍODO DE 2011 A 2021. por Álvaro de França Vieira Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de graduação em Engenharia Agronômica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para a obtenção do grau de Engenheiro Agrônomo. Julho, 2023 @2023 Álvaro de França Vieira TODOS OS DIREITOS RESERVADOS Aprovado em 05 de julho de 2023 Prof. Dr. Sérgio Marques Junior – Presidente Prof. Dr. Karen Maria da Costa Mattos - Membro avaliador Dr. Flávio Pereira da Mota Silveira – Membro avaliador RESUMO A cultura da batata doce (Ipomoea batatas L.) apresenta grande importância econômica, financeira e social no Brasil devido a sua rusticidade e ampla adaptação as diferentes regiões do país. Segundo o IBGE (2016), já se verifica a presença de mais de 45 mil hectares da cultura no Brasil, com produção estimada superior a 548 toneladas. Segundo o mesmo órgão, o município de Touros apresentase como maior produtor da cultura no Estado do Rio Grande Norte, com estimados 1.200 hectares no ano de 2021, fazendose necessário uma análise de série histórica para analisar seus dados de desenvolvimento e taxas de crescimento relacionadas a área plantada, quantidade produzida, rendimento médio de produção e valor da produção. Resultados da investigação revelam que um quarto de toda área plantada de batata doce no RN em 2021 está localizada no município de Touros, e um terço das áreas de batata doce do estado estão presentes nos municípios do Litoral Nordeste. Entretanto, foi identificada a problemática relacionada a produtividade por hectare de Touros, Litoral Nordeste e do RN, estando abaixo da média nacional. Ao comparar tais índices com municípios da microrregião e a nível de estado, o presente estudo buscou propor a possibilidade de aumento da quantidade de batata doce produzida sem crescimento da área plantada, assim como, das propostas de programas e políticas públicas para o fortalecimento da produção agrícola no município que representa o motor do desenvolvimento da cultura no Estado do RN. Palavraschave: Ipomoea batatas (L..). Desenvolvimento Econômico. Batatadoce ABSTRACT The sweet potato crop (Ipomoea batatas L.) has great economic, financial and social importance in Brazil due to its hardiness and wide adaptation to different regions of the country. According to IBGE (2016), the presence of more than 45 thousand hectares of the crop in Brazil is already verified, with an estimated production of more than 548 tons. According to the same body, the municipality of Touros is the largest producer of the crop in the State of Rio Grande Norte, with an estimated 1,200 hectares in 2021, making it necessary to analyze a historical series to analyze its development data and rates. growth related to planted area, quantity produced, average production yield and production value. Research results reveal that a quarter of all sweet potato planted area in RN in 2021 is located in the municipality of Touros, and a third of the sweet potato areas in the state are present in the municipalities of the Northeast Coast. However, the problem related to productivity per hectare of Touros, Northeast Coast and RN was identified, being below the national average. By comparing such indices with municipalities in the microregion and at the state level, the present study sought to propose the possibility of increasing the amount of sweet potato produced without increasing the planted area, as well as proposals for programs and public policies to strengthen production. agriculture in the municipality that represents the engine of cultural development in the State of RN. Keywords: Ipomoea batatas (L..). Economic development. Sweet potato LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Produção total e produtividade de batata doce nos dez estados maiores produtores do Brasil, em 2019. Figura 2 – Localização geográfica do Mato Grande. Figura 3 – Fórmula Taxa geométrica de crescimento – TGC Figura 4 – Série histórica do total de área plantada no RN X Microrregião Litoral Nordeste X Touros. Figura 5 – Porcentagens de áreas plantadas de batata doce no ano de 2021 na microrregião Litoral Nordeste. Figura 6 – Desenvolvimento de batata doce em área (ha) no RN, na microrregião e no município. Figura 7 – Municípios do Nordeste de origem do produto batata doce e quantidade comercializada no período de maio – 2021 a maio – 2023 na CEASA de Recife/PE. Figura 8 – Produtividade média de batata doce no Brasil. Figura 9 – Rendimentos médios da produção (kg/ha) de batata doce no País, Estado, Microrregião e Município. LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Série histórica dos dados de batata doce em Touros. Tabela 2 – Taxa Geométrica de Crescimento (TGC), Área plantada (A), Quantidade produzida (Qtd), Rendimento M. de produção (R), e Valor da produção (V) dos municípios da microrregião do Litoral Nordeste/RN no período de 2011 a 2021. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 10 2. OBJETIVOS .......................................................................................................... 11 2.1 Objetivo geral ............................................................................................ 11 2.2 Objetivos específicos ................................................................................ 11 2.3 Justificativa............................................................................................... 12 3. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................... 13 3.1 Histórico, botânica e aspectos agronômicos da batata doce .................... 13 3.2 Importância econômica e produção no Brasil ........................................... 14 3.3 Formação do território estudado ............................................................... 16 4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................. 19 4.1. Local de Estudo ...................................................................................... 19 4.2. Procedimento de Coleta de Dados ......................................................... 19 4.3. Procedimento de Análises de Dados ...................................................... 20 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................... 21 6. CONCLUSÕES .................................................................................................... 29 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 30 ANEXO I ................................................................................................................... 34 10 1. INTRODUÇÃO A espécie Ipomoea batatas L. (batatadoce) pertence à família Convolvulaceae tendo como origem o continente sulamericano (FILGUEIRA, 2007), cultivada em 111 países, com 84% da produção na Ásia, 12,7% na África, 2,6% nas Américas, 0,6% na Oceania e 0,1% na Europa. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a China destacase como o maior produtor mundial, atingindo produtividade média de 23,1 t ha1. Analisando os dados mundiais sobre a produção de batatadoce, o país apresenta a liderança com uma produção de 53,01 milhões de toneladas anualmente, representando mais de 58% da produção mundial, estimada em 91,95 milhões de toneladas (FAOSTAT; 2020). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, na América do Sul o Brasil é o principal produtor da cultura, correspondendo a uma produção anual de 548.438 toneladas, obtidas em uma área plantada de 45.597 hectares (IBGE, 2016). Em termos de volume de produção mundial a cultura ocupa o 7º lugar com uma produtividade média menor que 10 t/ha, mas é a 15ª em custo de produção o que indica ser universalmente uma cultura de baixo custo (SILVA et al., 2004). No Brasil, a batata doce é cultivada em todas as regiões. Embora bem disseminada no país, está mais presente nas regiões Sul e Nordeste, notadamente nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Pernambuco e Paraíba (SILVA et al., 2004). No Nordeste, a cultura assume maior importância social por se constituir em uma fonte de alimento energético, contendo também importante teor de vitaminas e de proteína, levandose em conta a grande limitação na disponibilidade de outros alimentos em períodos críticos de estiagem prolongada. Paradoxalmente é nesta região e no Norte do país, com população mais carente e com melhor clima, que a produtividade é mais baixa (SILVA et al., 2004). É considerada uma cultura rústica, pois apresenta resistência a algumas pragas e doença, pouca resposta à aplicação de fertilizantes e cresce em solos pobres e degradados. Em relação aos aspectos fitossanitários, é susceptível a um grande número de doenças causadas por fungos, vírus e nematóides, sendo também atacada por um grande número de insetos pragas e ácaros. Podese citar que os maiores causadores de danos econômicos a produção atualmente são os nematoides, onde vários gêneros são relatados atacando a batatadoce, mas somente os gêneros 11 Meloidogyne e Rotylenchulus são referidos como causadores de danos (COSTILLA, 1989). Ainda, segundo o IBGE, o Brasil cultivou nos últimos 10 anos aproximadamente 43.161 hectares da cultura, onde a região Nordeste representa 44,2% dessa área, sendo a região brasileira com maior índice de área plantada e área colhida (IBGE, 2016). A cultura tem sido cultivada em pequena escala em várias regiões do país, com pouco uso de tecnologia e sem orientação profissional, obtendose baixos índices de produtividade e a baixa qualidade dos produtos, pois ao longo do tempo tem sido cultivada de forma empírica pelas famílias rurais, em conjunto com diversas outras culturas, visando à alimentação familiar (SILVA et al., 2004). Observase também que tal situação ocorra no município de Touros/RN, que segundo o IBGE (2021), possui maior índice de área plantada no Estado do Rio Grande do Norte, com 1.200 hectares, porém ainda com média de produção abaixo da nacional, sendo considerado o terceiro maior produtor Brasil, ficando abaixo apenas dos municípios de Itabaiana/SE com 2050 hectares e de São benedito/CE com 1805 hectares, ambos da região nordeste do país. Entretanto, pouco se conhece sobre o desenvolvimento da cultura na região de Touros (RN), o que dificulta a implantação de estratégias e políticas agrícolas capazes de potencializar a produção local. 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral O presente estudo teve como objetivo analisar o desenvolvimento da cultura da batata doce (Ipomoea batatas L.), durante o período de 2011 a 2021, no território agrícola do município de Touros/RN. 2.2 Objetivos específicos Analisar a série histórica dos dados quantitativos da cultura no município de Touros/RN; Realizar análises comparativas dos dados da cultura com municípios da microrregião e com o estado do RN. 12 2.3. Justificativa O território agrícola do município de Touros (RN) e sua microrregião que se situa, são considerados grandes produtores da cultura da batata doce no país. Porém, entendese que se faz necessário realizar coletas e uma análises de dados temporal/série histórica para observarse como se deu o impulsionamento, a situação das taxas de crescimento e a comparação a níveis municipais e estadual. Neste sentido, entendese que este trabalho se justifica, do ponto de vista gerencial, pela necessidade de estudos capazes de contribuir com planejamentos e elaborações de futuros programas e políticas públicas de apoio e desenvolvimento da batata doce no município e no Estado do Rio Grande do Norte. Do ponto de vista teórico, entendese que este estudo contribui com a minimização de lacunas acadêmicas com relação à dados e informações de produção da batata doce (Ipomoea batatas L.). 13 3. REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 Histórico, botânica e aspectos agronômicos da batata doce A batata doce (Ipomoea batatas) é uma planta originária da América Central. Possui ascendência associada ao desenvolvimento dos povos das Américas Central e Sul, desde o México mais ao norte, até regiões do Peru ao Sul. Planta herbácea perene, pertencente à família botânica Convolvulacea sendo a única desta haplóide, o que provavelmente justifica a alta variabilidade genética da cultura (HUAMÁN, 1992; RITSCHEL et al., 2010). Tal variabilidade e a capacidade de se multiplicar rapidamente promoveu a cultura, segundo Woolfe (1992), a habilidade de se adaptar a uma ampla variedade de condições climáticas, permitindo seu desenvolvimento em regiões tanto de clima tropical quanto em regiões de temperaturas moderadas dos continentes africanos, asiáticos e americanos. Quanto a caracterização da morfologia de suas raízes, a batata doce é uma planta dicotiledônea, possuindo dois tipos de raízes: as tuberosas, principais partes de interesse comercial,denominadas também de batatas, são identificadas pela espessura devido à acumulação de substâncias de reserva como amidos, e variando de formatos, tamanhos e colorações. Já as raízes absorventes, são responsáveis pelo desenvolvimento e manutenção da cultura, realizando a absorção de águas e nutrientes presentes no solo (ECHER et al., 2009). Roullier et al. (2013) realizaram análises de genótipos de batatadoce descendentes de regiões ancestrais originárias, e observaram que a evolução genética destes materiais decorrera do cruzamento de espécies selvagens, cultivadas de forma independente por povos nativos da América Central e América do Sul. Pode se citar que a cultura foi introduzida na Europa ocidental pelos primeiros exploradores espanhóis em viagem à América em 1492, e durante o século XVI exploradores portugueses dispersaram a batata doce na África, índia, Ásia e Sul da América, ou seja, no Brasil. A batata doce constituise em uma das principais culturas tuberosas produzidas em todo o mundo, e a produção mundial em 2010 foi de aproximados 91,95 milhões de toneladas em uma área de 8 milhões de hectares, sendo a China o país líder da produção mundial com mais de 58% da produção mundial, estimada em 53,01 milhões de toneladas (FAOSTAT; 2020). Segundo Melo et. al (2009), a batata doce ocupa o quarto lugar entre as hortaliças mais consumidas pela população brasileira sendo muito popular e apreciada em todo o país. Além disso, demonstra uma grande 14 importância social, pois contribui, decisivamente, para o suprimento alimentar das populações de baixa renda. Segundo Silva, J. (2007) a cultura possui baixíssimo custo de produção em relação a outras culturas, pois depende de menos tratos culturais, fertilizantes, mão deobra e irrigação, ainda, se adapta bem as destoantes climáticas, tornandoa uma cultura resistente a enfermidades. Ainda, segundo o autor, a cultura da batata doce também possui importâncias relacionadas ao manejo e proteção do solo, uma vez que, o cultivo é realizado em leiras na forma de curvas o que faz com que as mesmas evitem a erosão do solo quando realizadas corretamente, e não permite que este sofra danos referentes a perda potencial de suas propriedades físicoquímicas de produção. É exposto por Silva, J. (2007) que a batata doce se tornou importante para a agricultura familiar que não possui grandes habilidades de manejo. Porém, a ausência muitas vezes de tecnologia provoca baixos índices de produtividade, condição esta que poderia ser revertida com a capacitação e desenvolvimento dessas famílias produtoras. Segundo Mello (2009), dentre as hortaliças, a batatadoce representa uma boa alternativa de renda, especialmente pelo baixo custo de produção e por apresentar um ciclo de 90 a 120 dias, o qual propicia fluxo regular de capital na produção. A produção da batata doce também é aproveitada na produção animal pelos agricultores. Conforme Neto (2012), as ramas da batata doce podem ser aproveitadas para a alimentação animal assim como as batatas sem padrão comercial, porém em sua maioria as ramas são descartadas, ainda que uma parte seja utilizada na produção de novas ramas para novo plantio. Rabelo (2012), ao realizar uma análise dos benefícios da batata doce, confirmouse que ela é essencial para manter a saúde em dia, e que seu consumo é capaz de reforçar ao sistema imunológico, fazer a manutenção da juventude das células e garantir de saúde cardiovascular, ela também fornece vitaminas e minerais tornando indispensável seu consumo. 3.2 Importância econômica e produção no Brasil Através da análise de dados do ano de 2020 ofertados pelo IBGE, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa constatou que o Brasil está em 16º lugar entre os maiores produtores de batatadoce do mundo, com 805,4 mil toneladas e R$ 886,6 milhões em valor de produção, sendo o maior produtor da América Latina 15 (EMBRAPA, 2021). Ainda segundo a Embrapa, após uma temporada do esfriamento do mercado, a produção de batatadoce vem aumentando consideravelmente no Brasil nos últimos seis anos, refletida na demanda crescente por essa hortaliça, principalmente em função de suas características nutricionais comprovadas por estudos científicos e amplamente divulgadas. O mercado brasileiro é voltado, principalmente, para o consumo humano a partir de raízes frescas, e está presente em quase todos os planos de dietas, em virtude de qualidades como o baixo índice glicêmico, o alto conteúdo de fibras e a diversidade de vitaminas, refletindo diretamente com fatores relacionados ao bem estar, incentivados por profissionais e influenciadores das redes sociais, promovendo assim, o aumento da demanda dessa hortaliça por vegetarianos e veganos, a valorização dos produtos locais, dentre outros (EMBRAPA, 2021 apud HortiFruti Brasil, 2018). Após análise dos dados do IBGE em 2008, a EMBRAPA cita que os maiores consumidores da raiz tuberosa foram a Paraíba, com 2,142 kg per capita; Pernambuco, com 1,473 kg per capita; Santa Catarina, com 1,264 kg per capita; e o Rio Grande do Sul, com 1,189 kg per capita. Para a Embrapa (2021), através diversidade de ambientes em que a cultura pode ser plantada, a mesma está presente de norte a sul do Brasil e seu cultivo é viável ao longo de todo o ano na maior parte do país, assim como seu consumo. Os últimos dados da Produção Agrícola Municipal – PAM do IBGE indicam que, em 2019, foram colhidos 57,3 mil hectares de batatadoce no Brasil, sendo produzidos 805,4 mil toneladas de raízes tuberosas, com produções dividas consideravelmente entre as regiões: Nordeste com 317,3 mil toneladas, Sul com 252,9 mil toneladas e Sul com 214,0 mil toneladas. Sendo os estados do Rio Grande do Sul, São Paulo e Ceará como os maiores produtores nacionais (Figura 1). Figura 1 – Produção total e produtividade de batata doce nos dez estados maiores produtores do Brasil, em 2019. 16 Fonte: Embrapa (2021) apud PAM, IBGE (2020). Podese observar que os estados presentes no ranking dos maiores produtores do país, 60% é da região nordeste, porém, com exceção do Ceará, quantitativos de produtividade inferiores à média nacional, de 14,01 t/ha, constando o estado do RN com a terceira menor média de produtividade entre os analisados, onde através da explanação de tais números, a Embrapa cita como necessário a importância da assistência técnica e da extensão rural para promoção de tecnologias de produção que promovam os sistemas de cultivos e projetos de pesquisas para melhoramento das produções por regiões. Para Landau et al. (2020), em nível municipal, é notável destacar a predominância de plantios da cultura em municípios das regiões nordeste e sul, tendo desde o ano de 1990 o município de Itabaiana/SE entre os líderes de produção, e a partir do ano de 2016 a presença do município de Touros/RN no ranking, com aproximados 600 hectares. Ainda, é citado os municípios em que tem sido plantada maior área relativa nas últimas décadas sendo: Moita Bonita/SE, Itabaiana/SE e Alagoa Nova/PB, todos da região nordeste, e fazendo do agreste do Sergipe uma importante região de produção (EMBRAPA, 2021). 3.3 Formação do território estudado A freguesia do Bom Jesus dos Navegantes do porto de Touros, como era denominada, foi elevada à categoria de município no Estado do RN no ano de 1835, sendo assim desmembrado de CearáMirim. Em tal época expandiase às áreas dos municípios de João Câmara, Maxaranguape, Pureza e São Miguel de Touros, denominado hoje como São Miguel doGostoso. 17 O município de Touros é conhecido historicamente como Esquina do Brasil por estar localizado no extremo do mapa, que para Oliveira (2002, a) é onde a massa continental latinoamericana realiza um “desvio” de leste para o oeste. Ainda, Touros é popularmente conhecido terra do Bom Jesus dos Navegantes, por possuilo como padroeiro do município até hoje, e desde da construção da capela em 1778 (GOMES et al, 2001). Touros possui características de clima tropical quente, transitando entre aspectos climáticos semiúmido e semiárido, com população estimada em 31.089 (IBGE, 2010), e com dados agrícolas estimados pelo Censo agropecuário (IBGE, 2017) de 1.400 estabelecimentos agropecuários, totalizando uma área de 40.953 hectares. E ainda segundo o mesmo, a partir dos dados da produção agrícola – lavoura temporária, com área estimada em 1.200 hectares de batata doce, e produção de 14400 toneladas, sendo o maior produtor da cultura no Estado do RN e terceiro a nível nacional (IBGE, 2021). Dentro de uma divisão regional, o município de Touros situasse na região denominada Mato Grande, a noroeste do Rio Grande do Norte, com uma área de 5.758,60 Km², e área média por município de 382,1 km²; possui cerca de 100 mil hectares de solos férteis e riqueza de recursos hídricos. Apresenta uma população total de 226.540 habitantes, com densidade demográfica de 35,5 habitantes/km², dos quais 109.921 residem na zona urbana e 116.420 na zona rural. Sendo a região composta por 16 municípios: Touros, CearáMirim, Maxaranguape, Rio do Fogo, São Miguel do Gostoso, Pedra Grande, São Bento do Norte, Caiçara do Norte, Jandaíra, Parazinho, João Câmara, Pureza, Bento Fernandes, Poço Branco, Taipu e Jardim de Angicos (SILVA, 2022). 18 Figura 2 – Localização geográfica do Mato Grande Fonte: http://sit.mda.gov.br. Porém, tratandose de critérios de regionalização e abrangência territorial quanto as produções agrícolas para apreciações, o IBGE preconiza desde 1985 a classificação e utilização de “microrregião geográfica”, que segundo Firetti et al (2022), tratase por possibilitar a maximização de análises comparativas com outras localidades do Brasil. Com isso, para o IBGE, Touros encontrase na microrregião geográfica denominada de “Litoral Nordeste”, composta também por mais seis municípios, sendo eles: Maxaranguape, Pedra Grande, Pureza, Rio do Fogo, São Miguel do Gostoso e Taipu. 19 4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 4.1. Local de Estudo O território a ser analisado no município de Touros/RN, situase cerca de 87 km da capital, limitandose com os municípios de Rio do Fogo, Pureza, João Câmara, Parazinho, São Miguel do Gostoso e o Oceano Atlântico, abrangendo uma área de 840 km², com coordenadas geográficas: latitude 5° 11' 56'' Sul e longitude 35° 27' 39'' Oeste. Estando segundo o IBGE, na Região direta do Mato Grande, mesorregião do Leste Potiguar e microrregião Litoral Nordeste. Possui clima predominante caracterizado como tropical chuvoso com verão seco, temperaturas médias máxima de 32,0° C e mínima de 21,0° C, apresentando duas estações bem definidas – verão e inverno – e precipitação média anual de 800 mm. Este estudo é composto por fases, composta por revisão da bibliografia relacionada ao estudo; da coleta, análise e discussões dos dados, assim como, suas conclusões finais. De acordo com Gil (2002), os objetivos de um projeto científico são atingidos quando é utilizado um conjunto de artifícios intelectuais e técnicos na investigação científica. O uso do método científico esquematiza um conjunto de procedimentos empregados na investigação; identifica um caminho a se percorrer para se chegar à natureza de uma determinada problemática ou situação. 4.2. Procedimento de Coleta de Dados Após realizado a revisão bibliográfica, foram coletadas as informações de área plantada, quantidade produzida, produtividade da batata doce (rendimento médio da produção) e valor da produção (mil reais) apresentadas através da Pesquisa Agrícola Municipal PAM, e dos Levantamentos Sistemáticos da Produção Agropecuária – LSPA, oriundos do IBGE, e processados através do Sistema IBGE de Recuperação Automática – SIDRA, cujos os dados referemse a séries temporais (2011 a 2021) do município de Touros e dos demais componentes da microrregião geográfica Litoral Nordeste no RN. 20 4.3. Procedimento de Análise de Dados Para realizar a análise dos dados coletados foram empregadas técnicas estatísticas, responsáveis pelo arranjo e apresentação dos dados (FONSECA, 1996). Utilizado também o método geométrico de crescimento (Taxa geométrica de crescimento – TGC), citado por Cuenca et al. (2015), como método capaz de expressar o crescimento ou decréscimo de uma série histórica de dados, em taxas percentuais, por período de tempo avaliado, sendo utilizada também em pesquisas relacionadas ao tema pelo autor Martins Filho (2021). Figura 3 – Fórmula Taxa geométrica de crescimento – TGC Fonte: Martins Filho (p. 15, 2021). Martins Filho (2021) realizou, através de metodologia análoga, uma análise histórica de produção da batata doce na microrregião da Serra da Ibiapaba/CE, obtendo a expressão do crescimento da série, em termos percentuais, por período de tempo analisado, promovendo conclusões sólidas e apreciações de dados da produção na microrregião. 21 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES O estado do Rio Grande do Norte, segundo dados do censo agropecuário do ano de 2017 apresenta possuir aproximados 63.452 estabelecimentos agropecuários, com a totalização de 2.723.148 hectares, dos quais, 259.834 hectares representam a utilização das terras por lavouras temporárias. Referente ao ano de 2021 os dados da PAM, processados através do Sistema IBGE de Recuperação Automática – SIDRA, apresentam o Estado do RN com um quantitativo de 4.672 hectares da cultura da batata doce como apresentando através da figura 4, estando a cultura em áreas de 87 municípios do estado em 2021 conforme o IBGE, e a microrregião Litoral Nordeste como maior produtora, na qual, o território do município de Touros está situado. Figura 4 – Série histórica do total de área plantada no RN X Microrregião Litoral Nordeste X Touros. Fonte: Elaborado pelo autor através do SIDRA. Através dos dados de áreas em produção de batata doce, apresentados na figura 4, evidenciase a microrregião Litoral Nordeste com crescimento em quase 8 vezes a sua área plantada de batata doce ao longo de uma década, apresentando aproximados 33,49% do total do Estado em 2021, tendo o território agrícola de Touros desenvolvido igualmente suas áreas no mesmo período, e apresentando seus consideráveis 1.200 hectares, refletindo em 76,6% da área da microrregião e 25,6% a nível estadual. Ou seja, um quarto de toda área plantada de batata doce no RN em 2021 está localizada no município de Touros, e um terço das áreas de batata doce do estado estão presentes nos municípios do Litoral Nordeste, sendo as porcentagens de áreas plantadas divididas respectivamente entre os municípios da microrregião apresentadas na figura 5. 22 Figura 5 – Porcentagens de áreas plantadas de batata doce no ano de 2021 na microrregião Litoral Nordeste. Fonte: Elaborado pelo autor. Ao ser realizado a média da década estudada quanto a variável área plantada, podese analisar o município de Touros com média de 875 ha, e uma boa evolução, constatado igualmente pelos 23,11% de TGC, presente na tabela 2, que do mesmo modo apresenta uma boa taxade desenvolvimento da cultura em São Miguel do Gostoso, com 40,51% do mesmo índice. Ainda, podese citar que através da análise do presente trabalho verificase igualmente um forte desenvolvimento da cultura no Estado, na microrregião Litoral Nordeste e no município de Touros entre os anos de 2011 a 2017, com uma posterior estabilidade na microrregião e no município, e com pequeno decréscimo em todos avaliados durante o ano de 2021, sendo melhor verificado na figura 6 que apresenta o desenvolvimento da cultura em área no RN, na microrregião e no município. 5% 0% 6% 1% 10% 1% 77% MAXARANGUAPE RIO DO FOGO PEDRA GRANDE PUREZA SÃO MIGUEL DO GOSTOSO TAIPU TOUROS 23 Figura 6 – Desenvolvimento de batata doce em área (ha) no RN, na microrregião e no município. Fonte: Elaborado pelo autor através de dados do SIDRA. Permitese considerar que a diminuição das áreas plantadas de batata doce no ano de 2021 está diretamente ligada aos impactos da pandemia do Coronavírus (COVID19), que teve neste ano em questão, a denominada “segunda onda do Covid 19” provocando altas, rápidas e letais taxas de infecção no Brasil. Assim como, também podese considerar como fator diminutivo da produção em 2021, o início do ciclo dos mandatos das gestões municipais por parte dos prefeitos e legisladores. Ao analisarse a literatura relacionado ao tema, verificase que o município de Touros é citado e reconhecido por diversos autores e importantes institutos de pesquisas como Embrapa (2021); Landau et al. (2020); CONAB (2023) entre outros, consistindo como um dos maiores produtores da cultura no país, e a apresentação das análises dos dados presentes neste trabalho constatam ainda mais a veracidade e a importância do mesmo na produção da cultura. Em um mapa elaborado pela CONAB sobre os quantitativos comercializados de batata doce nas Centrais de Abastecimento – CEASA, durante o período de maio de 2021 a maio de 2023 do Recife/PE, a produção de Touros, apresentase em 1º colocado com 23.095.569 kg (figura 7), ainda, com um significativo valor comercializado também na CEASA de Fortaleza/CE, com 328.400 kg. 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 Á re a p la n ta d a (h ec ta re s) Série histórica Rio Grande do Norte Litoral Nordeste (RN) Touros (RN) 24 Figura 7 – Municípios do Nordeste de origem do produto batata doce e quantidade comercializada no período de maio – 2021 a maio – 2023 na CEASA de Recife/PE. Fonte: CONAB (2023). Considerando que os melhores índices de valor comercializado da produção de batata doce em Touros foram no ano de 2021, conforme tabela 1, com aproximados R$ 31.680,00 por hectare, e média de R$ 2,64 por kg, e que, segundo a CONAB (2023), a CEASA do Recife comercializou durante os meses apresentados de Maio a Dezembro do 2021 cerca de 5.723,73 toneladas da cultura oriunda de Touros, pode se concluir que durante os meses citados a venda da produção de batata doce tourense em solo pernambucano gerou os importantes e estimados dados financeiros de mais de R$ 15 milhões de reais para a produção municipal. Importante ressaltar também, que a CONAB (2023) apresenta como segundo maior fornecedor de batata doce ao CEASA do Recife no mesmo período, o município de Natal, com aproximadas 5.035 toneladas, levando acreditase que tal produção é oriunda de outros municípios 25 do RN, podendo ainda, ser de Touros, uma vez que segundo os dados do IBGE no SIDRA, o município de Natal não possui hectares de produção de batata doce. Ainda, também através da tabela 1 podese analisar os quantitativos da produção em Touros, relacionadas a área plantada, quantidade produzidas (toneladas), rendimento médio da produção e o valor da mesma no município, em série histórica como proposto pelo presente estudo, promovendo um melhor entendimento do desenvolvimento da cultura, seus potenciais produtivos e econômicos. Tabela 1 – Série histórica dos dados de batata doce em Touros. Fonte: Elaborado pelo autor através do SIDRA. Através da análise dos dados presentes na tabela 1, constatase novamente um forte desenvolvimento das áreas produtivas de batata doce em Touros durante a década estudada, assim como, do valor da produção por hectares, totalizando, apenas no ano de 2021, cerca de R$ 31.018.000,00 milhões de reais, com TGC positivo de 33,21% demonstrado na tabela 2. Podese considerar que este valor financeiro poderia apresentar maiores índices caso a taxa de rendimento médio da produção em quilogramas por hectare não apresentasse uma diminuição em relação ao ano anterior, com 12 t/ha, estando inferior à média nacional, preconizado pela Embrapa (2021), em 14,01 t/ha, conforme apresentado na figura 8. Ainda, tal variável em Touros apresentouse negativamente quando analisado a TGC no período estudado, com taxa de 2,21%, configurando uma diminuição no crescimento do rendimento médio kg/ha no município. ANO 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 ÁREA PLANTADA (ha) 150 500 - 300 600 600 1200 1400 1400 1400 1200 QUANTIDADE PRODUZIDA (t) 2250 5250 - 3300 6920 9400 20200 15400 15200 18520 14400 RENDIMENTO MÉDIO DA PRODUÇÃO (Kg/ha) 15000 10500 - 11000 11533 15667 16833 11000 10857 13229 12000 VALOR DA PRODUÇÃO (Mil reais) 1800 5250 - 2805 8053 11728 23266 14624 19121 26181 31680 26 Figura 8 – Produtividade média de batata doce no Brasil. Fonte: Embrapa (2021). Ao realizarse a média da série histórica com a variável rendimento médio da produção em Touros, observase um valor ainda mais inferior de 11.084 t/ha, fomentando espaço para comentase que tal dado pode está prejudicado pela ausência de quantitativos do ano de 2013 através do IBGE, ou por problemas históricos na agricultura brasileira, sobre tudo no Nordeste, relacionado ainda a presença de técnicas rudimentares de produção, ausência de assistência técnica, tecnologias, melhoramento genético das variedades, assim como, fatores climáticos e demais agronômicos que possam interferir na produção. Uma vez que, através também da tabela 1 observase que durante a melhor faixa de crescimento da cultura em Touros, ocorre uma drástica queda do rendimento médio da produção por kg/ha, nos anos de 2018 e 2019, estando bem a baixo da média nacional. Tal fato pode ser melhor analisado através figura 9 que apresenta em forma de colunas, os rendimentos médios da produção (kg/ha), a nível nacional, estadual, microrregional e municipal no período de anos estipulado neste trabalho. 27 Figura 9 – Rendimentos médios da produção (kg/ha) de batata doce no País, Estado, Microrregião e Município. Fonte: Elaborado pelo autor. Evidenciase através da figura 9 que o município de Touros, assim como, a microrregião Litoral Nordeste apresentou capacidade de atingir e superar a média nacional de produção de batata doce em kg/ha em alguns anos como: 2011, 2016 e 2017, porém, nos demais anos encontramse abaixo do rendimento desejado, mesmo com aumento das áreas plantadas como verificado no presente trabalho. Tais dados após análise da TGC, apresentaram números negativos no quesito aos municípios da microrregião: Touros (2,21%), Taipu (0,87%) e Pureza (0,95%). Porém, evidenciase também, que os índices produtivos da batata doce no Rio Grande do Norte ainda estão bem inferiores ao Nacional, pois, se comparar a série histórica, se quer os números ultrapassam a primeira média nacional citada no ano de 2011, constando rendimento médio de 10.290 kg/ha. A partir dos dados doanexo I é possível hierarquizar os municípios da microrregião citada no presente trabalho com bases nos importantes índices de área plantada; quantidade produzia (toneladas); rendimento médio de produção (kg/ha) e valor da produção (mil reais) da cultura da batata doce em cada um. Onde o município de Rio do fogo foi o único a apresentar reduções drásticas as atividades da cultura, e os demais crescimento nos índices. Sendo Touros o maior produtor na série histórica, produzindo em 2021 aproximados 14.400 toneladas e Maxaranguape em segundo, com aproximados 3.293 toneladas. 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000 18000 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 R en d im en to m éd io d a p ro d u çã o (k g/ h a) Brasil Rio Grande do Norte Litoral Nordeste (RN) Touros (RN) 28 Ainda no contexto da microrregião, as melhores taxas de crescimento do índice quantidade produzida observados na análise foram os municípios de Maxaranguape (43,3%), São Miguel do Gostoso (41,5%) e Touros (20,40%). Sendo os mesmos, nas respectivas ordens, os maiores TGCs de desenvolvimento das áreas plantadas e valor da produção, destacandose Maxaranguape com 59,49% de desenvolvimento do valor comercial de sua produção de batata doce, e Touros com 33,21%, conforme a tabela 2. Tabela 2 – Taxa Geométrica de Crescimento (TGC), Área plantada (A), Quantidade produzida (Qtd), Rendimento M. de produção (R), e Valor da produção (V) dos municípios da microrregião do Litoral Nordeste/RN no período de 2011 a 2021. Município TGC % A (ha) Qtd (t) R (kg) V (mil R$) Maxaranguape 23,11 43,33 16,42 56,49 Rio do Fogo 0,0 0,0 0,0 6,63 Pedra Grande 12,79 15,08 2,03 27,95 Pureza 0,0 - 0,95 - 0,95 7,27 São Miguel do Gostoso 40,51 41,50 0,70 55,80 Taipu 6,49 5,57 - 0,87 18,36 Touros 23,11 20,40 - 2,21 33,21 Fonte: Elaborado pelo autor através do SIDRA. Ainda, podese citar que os dados levantados e apresentados neste presente trabalho assinalam que existe um sólido histórico de crescimento da produção da batata doce na microrregião Litoral Nordeste, sobre tudo no município base estudado, demonstrando assim que a cultura possui alta relevância para a agricultura, economia e soberania alimentar a nível de região. Ademais, podese citar que os dados de produtividade apresentados também corroboram para a possibilidade de aumento da quantidade de batata doce produzida sem crescimento da área plantada, desde que haja investimentos no sistema de produção para o pleno desenvolvimento. 29 6. CONCLUSÕES O resultado da análise possibilitou verificar o real crescimento e desenvolvimento da produção de batata doce no território do município de Touros ao longo da década estudada, identificando sua evolução em conjunto com o território da microrregião Litoral Nordeste e suas taxas de crescimento em grande maioria positivas, identificando potenciais municípios da região que poderão ao longo dos anos se tornarem grandes produtores através dos seus potenciais. Porém, também foi identificada a problemática relacionada a produtividade por hectare de Touros, Litoral Nordeste e do RN, estando abaixo da média nacional, alertando assim, sobre a necessidade de investimentos primordiais para o setor que poderá ser um dos motores do desenvolvimento do Estado no setor agrícola. Entende se que para tal fato ocorrer, políticas públicas são necessárias, baseadas no fortalecimento dos pilares do desenvolvimento regional para a produção, como recursos humanos, pesquisas, tecnologia, indústria e o comércio. Entendese que, pelo fato da microrregião Litoral Nordeste se apresentar como a maior produtora de batata doce do estado, sendo o município de Touros propulsor de tal fato e destaque nacionalmente, as entidades representativas do setor e órgãos públicos necessitam iniciar projetos oficiais de identificação de procedência e geográficas regulamentadas pelo Ministério da Agricultura – MAPA, uma vez que a microrregião possui grande potencial de reconhecimento baseado em três principais fatores: questões comerciais; importância econômica e participação da produção a nível nacional. Entendese que as integralizações das informações produtivas poderão promover ainda mais a importância e qualidade da produção na microrregião a nível nacional. 30 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CORDEIRO, M. J. Z.; MATOS, A. P.; KIMATI, H. Doenças da bananeira. In: KIMATI H.; AMORIM, L.; REZENDE, J.A.M.; BERGAMIN FILHO, A.; CAMARGO, L.E.A. (eds.). Manual de Fitopatologia: Doenças das Plantas Cultivadas. São Paulo: Agronômica Ceres, p.99117, 2005. CONAB. Companhia Nacional de Abastecimento. Portal de Informações. Disponível em: https://portaldeinformacoes.conab.gov.br/mercadoatacadistahortigranjeiro.html. Acessado em: 25 de maio de 2023. CUENCA, M. A. G.; DOMPIERI, M. H. G.; SÁ, H. A. Análise dos Efeitos dos Fatores de Variação do Valor Bruto da Produção de Milho por meio do Modelo ShiftShare, no Estado de Sergipe. Aracaju : Embrapa Tabuleiros Costeiros, 2015, 29 p. ECHER, F. R. et al. Absorção de nutrientes e distribuição da massa fesca e seca entre órgãos de batatadoce. Horticultura Brasileira, v. 27, p. 176182, 2009. EMBRAPA. Sistema de produção de batatadoce. Embrapa Hortaliças. Sistema de produção, 9. ISSM 1678880X 9. Versão eletrônica. Feb/2021. FAOSTAT, 2020. Countries by commodity: sweet potatoes. Disponível em: http://www.fao.org/faostat/en/#rankings/countries_by_commodity. Acesso em: 20 de maio de 2023. FIRETTI, R.; JARDIM, M. T. V. B. ; TURCO, Patricia Helena Nogueira ; PINATTI, E. . Importância relativa da produção de batatadoce na microrregião de Presidente Prudente: potencial para reconhecimento de indicação geográfica. In: 60 Congresso de Economia, Sociologia e Administração Rural, 2022, Natal. Anais do Congresso da SOBER. Piracicaba: Sober, 2022. v. 60. FILGUEIRA, F. A. R. Convolvuláceas: batatadoce, a batata de clima quente. In:___. Novo manual de olericultura: agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. 3ª Ed. Viçosa: Ed. UFV, 2008. p. 371377. 31 HUAMÁN, Z. Morphologic identification of duplicates in collections of Ipomoea batatas Lima: International Potato Center, 1992. 28 p. (CIP Research Guide, 36). IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e estatística. Séries estatísitcas, tema lavouras temporárias, 19902014. Disponível em: <http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/> Acessado em: 01 de mai. 2016. IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e estatística. Censo Agropecuário. 2017. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rn/touros/pesquisa/24/76693 Acessado em: 10 de maio de 2023. IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e estatística. produção agrícola – lavoura temporária, 2021. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rn/touros/pesquisa/14/10193 Acessado em: 10 de maio de 2023. IBGE,https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rn/touros/pesquisa/14/10193?tipo=ranking&in dicador=10236. Acessado: 02/06/2023. LANDAU, E. C.; VALADARES, G. M. ; SILVA, G. A. . Evolução da Produção de Batata doce (Ipomoea batatas, Convolvulaceae). In: LANDAU, E. C.; SILVA, G. A. da; MOURA, L.; HIRSCH, A.; GUIMARAES, D. P.. (Org.). Dinâmica da produção agropecuária e da paisagem natural no Brasil nas últimas décadas: produtos de origem vegetal. 1ed.Brasília, DF: Embrapa, 2020, v. 2, p. 437461. MARTINS FILHO, J. B. Aspesctos técnicos, econômicos e sociais da produção de batata doce / José Bonifácio Martins Filho. – 2021. 64 f. :il. color. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Ceará,Centro de Ciência Agrárias, Programa de PósGraduação em Engenharia Agrícola, Fortaleza, 2021. MELO, Alberto Soares de; COSTA, Bráulio Carli; BRITO, Marcos Eric Barbosa; NETTO, Antenor Oliveira Aguiar; VIÉGAS, Pedro Roberto Almeida. Custos e Rentabilidade na Produção de Batata Doce nos Perímetros Irrigados de Itabaiana, Sergipe. 2009. http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/ https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rn/touros/pesquisa/24/76693 https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rn/touros/pesquisa/14/10193 32 NETO, Álvaro C. Gonçalves; MALUF, Wilson Roberto; GOMES, Luiz Antônio A.; MACIEL, Gabriel M; FERREIRA, Raphael de Paula D.; CARVALHO, Regis de C. Correlação Entre Caracteres e Estimação de Parâmetros Populacionais para Batata Doce. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102 05362012000400025 &script=sci_arttext>. 2012. Acesso em: 04 de mai. de 2014. RABELO, Gislaine. Benefício da Batata Doce. Disponível em: <http://www.outramedicina. com/1169/beneficiosdabatatadoce>. 2012. Acesso em: 04 de mai. de 2014. ROULLIER, C.; DUPUTIÉ, A.; WENNEKES, P.; BENOIT, L.; BRINGAS, V. M. F.; ROSSEL, G.; TAY, D.; MCKEY, D.; LEBOT, V.: Disentangling the origins of cultivated sweet potato (Ipomoea batatas(L.) Lam.). PloS one, v. 8, n. 5, p. e62707, 2013. SILVA, Joao Bosco Carvalho da. Batata Doce Biofortificada. Disponível em: <http://www.abhorticultura.com.br/eventosx/trabalhos/ev_1/PAL16.pdf>.2007. Acesso 25 de abr. 2014. SILVA, J. K. A construção de identidades territoriais: um estudo de caso no Assentamento AracatiTouros/RN. A universidade e as comunidades populares [recurso eletrônico]: experiências dos alunos do grupo PET/Conexões de Saberes (UFRN) / Irene Alves Paiva, Karina Ribeiro (organizadoras). Natal, RN : EDUFRN, 2022. Acessado em: 20 de junho de 2023. GOMES, Rita de Cássia da Conceição; SILVA, Anieres Barbosa da; OLIVEIRA, M. S. Migração e desenvolvimento econômico na cidade de Touros RN. Scripta Nova (Barcelona), Barcelona Espanha, v. 94, n. 0, p. 8392, 2001. SPAGNOLI, M. V.; ALVES, Flamarion Dutra; FERREIRA, D.A.O. . O conceito de território e região nas políticas públicas: uma discussão inicial para o entendimento dos Territórios da Cidadania. In: V Encontro Nacional de Grupos de Pesquisa agricultura, desenvolvimento regional e transformações socioespaciais, 2009, Santa Maria RS. V ENGRUP GPET. Santa Maria: UFSM, 2009. v. 5. p. 111. 33 GIL, Antônio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4. Ed. São Paulo: Atlas, 2002. VERGARA, Sylvia Constant. Gestão de Pessoas: São Paulo: Atlas, 2009. FONSECA, Jairo Simon da; MARTINS, Gilberto de Andrade. Curso de Estatística. 6. Ed. São Paulo: Atlas, 1996. 34 Anexo I Área plantada (A), Quantidade produzida (Qtd), Rendimento M. de produção (R) e Valor da produção (V) dos municípios da microrregião do Litoral Nordeste/RN no período de 2011 a 2021. Município 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 Maxaranguape A (ha) 10 15 15 13 15 15 120 50 60 80 80 Qtd (t) 90 150 150 130 270 225 2160 700 660 1180 3293 R (kg) 9000 10000 10000 10000 18000 15000 18000 14000 11000 14750 41163 V (mil R$) 59 109 75 114 319 401 2430 725 911 2317 5197 Rio do Fogo A (ha) 30 - 30 30 30 30 - - - - - Qtd (t) 300 - 300 300 300 300 - - - - - R (kg) 10000 - 10000 10000 10000 10000 - - - - - V (mil R$) 240 - 180 210 420 456 - - - - - Pedra Grande A (ha) - - - - 30 30 40 100 110 100 100 Qtd (t) - - - - 360 360 600 1500 1520 1400 1467 R (kg) - - - - 12000 12000 15000 15000 13818 14000 14670 V (mil R$) - - - - 266 355 620 1700 2204 2008 3129 Pureza A (ha) - - - 20 25 30 100 30 20 20 20 Qtd (t) - - - 220 275 180 720 300 200 200 200 R (kg) - - - 11000 11000 6000 7200 10000 10000 10000 10000 V (mil R$) - - - 220 330 241 948 306 230 246 444 São Miguel do Gostoso A (ha) - - - 5 15 30 60 60 150 150 150 Qtd (t) - - - 55 165 360 720 720 1710 1710 1770 R (kg) - - - 11000 11000 12000 12000 12000 11400 11400 11800 35 V (mil R$) - - - 42 185 580 835 887 2018 2685 3540 Taipu A (ha) 8 - 10 10 10 10 12 10 15 15 15 Qtd (t) 96 - 110 110 110 110 134 110 171 165 165 R (kg) 12000 - 11000 11000 11000 11000 11167 11000 11400 11000 11000 V (mil R$) 48 - 55 50 95 85 139 110 171 256 259 Touros A (ha) 150 500 - 300 600 600 1200 1400 1400 1400 1200 Qtd (t) 2250 5250 - 3300 6920 9400 20200 15400 15200 18520 14400 R (kg) 15000 10500 - 11000 11533 15667 16833 11000 10857 13229 12000 V (mil R$) 1800 5250 - 2805 8053 11728 23266 14624 19121 26181 31680 Fonte: Elaborado pelo autor através do SIDRA. e76bc385a167ddb211729107f9f8b4e55ad44401d362777246c5a229edc7b68e.pdf e76bc385a167ddb211729107f9f8b4e55ad44401d362777246c5a229edc7b68e.pdf e76bc385a167ddb211729107f9f8b4e55ad44401d362777246c5a229edc7b68e.pdf