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2 eVoluÇão Dos acorDos sobre muDanÇas climÁTicas Durante a rio-92, criou-se a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, sigla em inglês). Os países signatários dessa con- venção, denominados partes, tinham o compromisso de elaborar estratégias globais para “proteger o sistema climático para gerações presentes e futuras”. Dessa forma, seu foco principal foi reduzir as emissões de gases do efeito estufa na atmosfera. A partir de 1995, os países signatários da uNFCCC passaram a se reunir anual- mente, na chamada Conferência das Partes (COP), com o objetivo de negociar regras e políticas sobre a Convenção do Clima, revisando metas e discutindo as melhores formas de lidar com as alterações climáticas e conter seu agravamento. Ao longo de sua história, muitas foram as polêmicas (figura 11) e os impasses que impediram avanços mais significativos. Mas houve também progressos. per- manece, no entanto, o desafio de alinhar desenvolvimento econômico, garantia de boas condições de vida a toda a população e preservação do meio ambiente para as gerações atuais e futuras. mErcaDo DE comPEnsaçÕEs ambiEntais Visando atingir as metas de controle da emissão de gases do efeito estufa, o protocolo de Kyoto criou um instrumento que permite aos países comprar créditos de carbono e deduzi-los da sua cota de emissão. O instrumento, denominado Meca- nismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), possibilita às nações com metas a cumprir que realizem projetos relacionados à redução de emissão de gases de efeito estufa, inclusive em outros países. Esse investimento rende aos países créditos de carbono, que serão contabilizados favoravelmente, permitindo a emissão de gases de efeito estufa, em seu próprio território, maior que a estipulada pelo protocolo. posteriormente, foram criados outros instrumentos econômicos de compensação ambiental, como a Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação dos Países em Desenvolvimento (REDD, sigla em inglês de reducing Emissions from Deforestation and Forest Degradation in Developing Countries), cujo objetivo é con- servar as florestas e os serviços ecossistêmicos. A proposta, que ainda depende de instrumentos para a sua aplicação, parte do princípio de que os países em desenvol- vimento, ao promoverem reduções das emissões oriundas do desmatamento de suas florestas tropicais, receberão compensação financeira internacional pelo sequestro de carbono e pelas emissões evitadas. SITE linha do tempo das coPs – instituto socioambiental http://widgets. socioambiental.org/ widgets/timeline/535 Linha do tempo interativa com informações sobre o histórico das COPs realizadas de 1995 (COP-1) até 2014 (COP-20). É importante incentivar os estudantes a manterem-se atualizados sobre as discussões a respeito das mudanças climáticas, acompanhando as prin- cipais conferências mundiais sobre o assunto. Figura 11. Ativistas protestam contra o aquecimento global durante a realização da COp- -21, no Arco do triunfo, em paris (França), 2015. A g u N g p A r A M E S W A r A /g E t t y i M A g E S 252 unidade 5 | natureza, sociedade e meio ambiente TS_V1_U5_CAP13_242-258.indd 252 5/7/16 1:33 PM Em 2013, o rEDD foi ampliado, indo além da contenção do desmatamento e da recuperação das florestas. Chamado de REDD+, passou a incluir o papel da conserva- ção, do manejo sustentável e do aumento dos estoques de carbono nas florestas. Esse instrumento, bastante controverso, tem como objetivo oferecer incentivos financeiros para os países em desenvolvimento que diminuírem as emissões de gases do efeito estufa provenientes das florestas e investirem em práticas de baixo carbono e no desenvolvimento sustentável. O dinheiro necessário para esses incentivos financeiros viria dos países desenvolvidos. Manejo sustentável Maneira planejada de interferir no ambiente natural que pressupõe a exploração de recursos de forma sustentada, ou seja, assegurando tanto a manutenção dos elementos naturais como a dinâmica das relações entre eles. biologia Ação verde “Principal reserva natural de carbono na superfí- cie da Terra, as florestas têm a capacidade de absor- ver, como uma esponja, as emissões de dióxido de carbono. Por isso, investir nelas se torna fundamen- tal. Florestas na Europa e na América do Norte já estão cumprindo essa função, sugando quantidades significativas do gás. Esse fenômeno acontece por dois motivos: novas matas estão sendo plantadas e as que ficam em locais mais quentes e ricos em dióxido de carbono crescem mais rapidamente. Enquanto se desenvolvem, as árvores absorvem o gás para formar folhas e galhos. O IPCC estima que os projetos dos sumidouros poderiam absorver até 100 bilhões de toneladas de carbono na primeira metade deste século ou entre 10% e 20% das emissões esperadas da queima de combustível fóssil do mesmo período. Mas o pai- nel alerta que pode não haver terra suficiente para grandes projetos de sumidouros.” PEARCE, Fred. O aquecimento global. São Paulo: Publifolha, 2007. p. 61. • Explique o termo “sumidouro” na situação apresentada e como ele se processa no exemplo analisado pelo texto. coP-21 A definição de novas metas para uma segunda fase do protocolo de Kyoto só ocorreu no final de 2015, durante a COP-21, realizada em paris (França). Nessa ocasião, foram discutidos os principais compromissos e metas do Protocolo de Paris, que vai substituir o de Kyoto. O acordo levou 13 dias para ser alcançado, mas os 195 países-membros do uNFCCC chegaram ao consenso de que todos precisam tomar providências para que a temperatura média do planeta aumente menos do que 2 °C em relação aos níveis observados antes da revolução industrial, em um esforço para limitar esse aumento a no máximo 1,5 °C, entre outros pontos. Apesar de considerado um avanço, visto que houve um consenso entre todos os países, incluindo os Estados unidos, que não ratificaram o protocolo de Kyoto, o texto do documento não determinou quando as emissões desses gases precisam parar de subir e começar a cair nem qual é a porcentagem de corte na sua emissão. O Acordo de paris determina que o ipCC encomende estudos até 2018 para avaliar o corte necessário nas emissões para se atingir as metas do acordo. No acordo também foi estipulado o compromisso dos países mais ricos em garantir, a partir de 2020, um financiamento anual de ao menos 100 bilhões de dólares para combater a mudança climática, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa, e também proteger os países em desenvolvimento dos efeitos causados pelas mudan- ças climáticas que já são inevitáveis. Os países emergentes poderão escolher se contribuem ou não com esses investimentos. 253capítulo 13 – Problemas ambientais de dimensão global TS_V1_U5_CAP13_242-258.indd 253 5/7/16 1:33 PM