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13 Prof.ª Priscila Lima AULA 05 – GEOGRAFIA Professora Priscila Lima GETÚLIO VARGAS "Na instalação de novas indústrias predominava, com raras exceções, o capital de origem nacional, acumulado nas atividades agroexportadoras. A política industrial comandada pelo governo federal era a de substituir as importações, visando à obtenção de um superavit cada vez maior na balança comercial e no balanço de pagamentos, para permitir um aumento nos investimentos nos setores de energia e transportes." (SENE, Eustáquio de; MOREIRA, João Carlos. Geografia Geral e do Brasil: Espaço Geográfico e Globalizado. Vol. 3. 2ª edição. São Paulo: Scipione, 2012, p. 15 - grifos nossos) O cenário em que Getúlio Vargas assume o Brasil potencializou uma industrialização que ficou conhecida como substituição de importações, onde existiam medidas fiscais e cambiais que possibilitaram a produção de mercadorias que até então eram importadas. Quanto às medidas cambiais/fiscais, destacamos duas: ▪ Desvalorização da moeda nacional em relação ao dólar: com essa política, o produto importando se torna mais caro; ▪ Leis que restringiam a importação de bens de consumo: em alguns casos existiam proibições. Na prática, se não era possível importar, era necessário produzir dentro do território nacional. Quando pensamos a gestão econômica durante os governos de Getúlio Vargas é fundamental destacar a visão nacionalista, seja através do Estado ou da iniciativa privada, mas aqui focaremos nas industrias estatais que se concentraram especialmente no setor de bens de produção e bens de capital, ou seja, indústria de base e também na construção de infraestrutura. É importante destacar que a indústria de base e as obras de infraestrutura requerem investimentos elevados e apresentam retorno em longo prazo, logo, não foram tão atrativos para a iniciativa privada. São exemplos de estatais criadas/estabelecidas sob a gestão de Getúlio Vargas: ● Companhia Siderúrgica Nacional (CSN): siderurgia; ● Petrobras: extração de petróleo e petroquímica ; ● Fábrica Nacional de Motores (FNM): bens de capital – fabricação: caminhões e automóveis, máquinas e motores; ● Companhia Vale do Rio Doce (CVRD): extração mineral ● Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf): produção de energia hidrelétrica INDÚSTRIA DE BASE Também chamada de indústria de bens de produção e/ou bens de capital, é aquela que produz para outra indústria. Ex: Siderúrgicas e metalúrgicas 14 Prof.ª Priscila Lima AULA 05 – GEOGRAFIA Professora Priscila Lima "Portanto, nesse período, a ação do Estado foi decisiva para impulsionar e diversificar os investimentos no parque industrial do país, combatendo os principais obstáculos ao crescimento econômico. Além de fornecer os bens de produção e os serviços de que os industriais privados necessitavam em suas indústrias de bens de consumo, o Estado os fornecia a preços mais baixos do que os cobrados pelas empresas privadas, fossem elas nacionais ou estrangeiras." (SENE, Eustáquio de; MOREIRA, João Carlos.. Vol. 3. 2ª edição., 2012, p. 16) Em 1945, Vargas foi deposto, abrindo espaço para a ascensão de Gaspar Dutra em 1946. Dutra instituiu o Plano Salte, que em suma, seria a destinação de recursos para saúde, alimentação, transportes, energia e educação. Entretanto, para os nossos estudos aqui em Geografia, destacamos a abertura à importação de bens de consumo, se afastando, em partes, da política econômica desenvolvimentista-nacionalista proposta por Vargas.. Em 1951, Vargas retorna ao poder (dessa vez, eleito pelo povo) e retoma o projeto nacionalista - e aqui destacamos: ▪ Investimento em setores de suporte: sistemas de transporte, comunicação, petróleo e produção de energia elétrica; ▪ Restrição de importação de bens de consumo "No confronto entre os getulistas, defensores da política nacional-desenvolvimentista, e os defensores da fórmula neoliberal, que preferiam promover a abertura da economia aos produtos e capitais estrangeiros, o projeto de Getúlio acabou sendo derrotado. Os liberais argumentavam que, com a economia fechada, a modernização e a expansão do parque industrial nacional ficavam dependentes do resultado da exportação de produtos primários." DESTAQUES (Criações) ▪ Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES (1952) ▪ Petrobrás (1953) 15 Prof.ª Priscila Lima AULA 05 – GEOGRAFIA Professora Priscila Lima (SENE, Eustáquio de; MOREIRA, João Carlos.. Vol. 3. 2ª edição. São Paulo: Scipione, 2012, p. 18) Espacialmente falando, a industrialização brasileira tem o seu início de maneira concentrada, especialmente no eixo São Paulo-Rio-BH, graças, especialmente, pela disposição da infraestrutura, da matéria-prima, da mão de obra e dos setores que concentravam capital (em outras palavras, quem tinha "dinheiro"). JUSCELINO KUBITSCHEK Juscelino Kubitschek presidiu o Brasil entre 1956 e 1961, sendo a política econômica do seu governo conhecido pelo Plano de Metas, ou seja, um programa de desenvolvimento onde os investimentos estatais se concentrariam em setores da economia considerados estratégicos: agricultura, saúde, educação, energia, transportes, mineração e construção civil. Assim, o país se tornaria mais atraente aos investimentos estrangeiros. Dentre tais setores, a produção de energia e a infraestrutura de transportes concentraram mais de 70% dos investimentos. Então, na prática, tivemos, um aumento na produção de hidroeletricidade, expansão do uso de carvão mineral e aumento da capacidade de prospecção e refino de petróleo - além de um primeiro impulso para um programa nuclear. Já no setor de transporte destacamos a pavimentação e construção de rodovias (com obras, que somadas, quase atingem 15 000 km), bem como avanços no setor portuário e aeroviário (seja em instalações ou em serviços prestados). "Paralelamente, em virtude dos investimentos estatais em obras de infraestrutura e incentivos do governo, houve expressivo ingresso de capital estrangeiro, responsável por grande crescimento da produção industrial, principalmente nos setores automobilístico, químico-farmacêutico e de eletrodomésticos. O parque industrial brasileiro passou, assim, a contar com significativa produção de bens de consumo duráveis, o que sustentou e deu continuidade à política de substituição de importações." Fórmulas para o crescimento ▪ Desenvolvimentista-nacionalista: baseado em uma economia mista onde o Estado interfere mais diretamente na economia através, principalmente, de empresas estatais ou de economia mista (Estado + Iniciativa Privada). Nesse cenário, o setor privado também receberia novos incentivos, mas principalmente as empresas nacionais e na proporção de um determinado número de prioridades. ▪ Neoliberalismo: os preços devem ser controlados pelo mercado; os orçamentos governamentais devem ser equilibrados; o capital estrangeiro deve ser bem recebido; os governos devem interferir minimamente no movimento de capital, bens e dinheiro.