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DANIELA JUNQUEIRA GOMES TEIXEIRA INFECÇÃO RESPIRATÓRIA AGUDA DIAGNÓSTICO SINDRÔMICO Tosse Coriza Dor de garganta Dificuldade respiratória Pode acometer qualquer ponto da via respiratória – desde a fossa nasal até o alvéolo pulmonar. QUAL SÍTIO ANATÔMICO? BUSCAR SINAIS-CHAVE! ESTRIDOR Obstrução das vias de condução extrapleurais TAQUIPNEIA Doença nas vias aéreas inferiores. FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA NORMAL ATÉ 2 MESES: ≥ 60 irpm 2-12: ≥ 50 irpm 1-5 ANOS: ≥ 40 irpm SÍTIO SEM TAQUIPNEIA E SEM ESTRIDOR INFECÇÕES DAS VIAS AÉAS SUPERIORES COM ESTRIDOR DOENÇAS PERIGLÓTICAS COM TAQUIPNEIA E SEM ESTRIDOR PNEUMONIA SEM TAQUIPNEIA, SEM ESTRIDOR - IVAS (INFECÇÕES DAS VIAS AÉREAS SUPERIORES) DANIELA JUNQUEIRA GOMES TEIXEIRA · · RESFRIADO COMUM · COMPLICAÇÕES DOS RESFRIADOS: OMA, sinusite · FARINGITE AGUDA RESFRIADO COMUM | RINOSSINUSITE VIRAL AGUDA | RINITE | RINOFARINGITE ETIOLOGIA: Rinovírus – contato direto · FREQUÊNCIA: Crianças < 5 anos saudáveis ficam resfriadas entre 6-8 vezes/ano com duração média de 7 dias; se frequenta creche, 12 vezes/ano. Clínica · · CORIZA · OBSTRUÇÃO NASAL: RONCOS · TOSSE: predominantemente noturna · FEBRE: alta isolada não prediz infecção bacteriana secundária A manifestação clínica cardinal é a OBSTRUÇÃO NASAL E CORIZA. O resfriado é uma doença autolimitada (duração de até 7 dias) – nos primeiros dias da doença, a coriza costuma ser clara, mas a partir do 3º dia a coriza torna-se espessa, com aspecto purulento, porém isso não é marcador de complicação bacteriana. Os RONCOS traduzem secreções em grandes vias aéreas, que se modificam ao tossir. A TOSSE do resfriado comum é predominantemente noturna, pois um dos mecanismos da tosse é o gotejamento pós-nasal (a hipofaringe é repleta de receptores para a tosse). Alguns terão HIPEREMIA DE MUCOSAS bastante evidente (mucosa congesta, edemaciada). A membrana timpânica também pode estar hiperemiada. Tratamento · A doença é autolimitada. Acalmar a família para que a criança não receba medicações desnecessárias! · SORO NASAL - LAVAGEM NASAL: várias vezes ao dia; faz desobstrução mecânica e estimula os espirros. · AUMENTO DA INGESTÃO DE LÍQUIDOS: quanto mais hidratada a criança estiver, mais fluída ficarão suas secreções · ANTIPIRÉTICOS: paracetamol, dipirona, ibuprofeno (em dose antipirética) · Não utilizar outros AINEs! · NÃO usar AAS - sempre que houver possibilidade de infecção pelo varicela-zoster ou influenza há risco de síndrome de Reye (degeneração hepática + encefalopatia grave) · Pode ser usado MEL à noite para melhorar a tosse em MAIORES de 1 a 2 anos Não usar · MUCOLÍTICOSNenhuma dessas medicações mostrou benefícios no manejo de crianças pequenas resfriadas (< 6 anos), além do risco de efeitos colaterais graves. · ANTITUSSÍGENOS · DESCONGESTIONANTES · ANTI-HISTAMÍNICOS complicações DO REFRIADO COMUM Otite Média Aguda Infecção bacteriana da orelha média (cavidade aérea localizada no osso temporal que abriga os ossículos da audição). A ORELHA MÉDIA comunica-se com a NASOFARINGE através da TUBA AUDITIVA, e a mucosa da tuba auditiva é contínua com a MUCOSA DA NASOFARINGE. Se a mucosa da tuba auditiva estiver inflamada, ocorre DISFUNÇÃO TUBÁRIA, com ACÚMULO DE LÍQUIDO NO INTERIOR DA ORELHA MÉDIA (líquido que promove a sensação de ‘hipoacusia’). Uma BACTÉRIA PATOGÊNICA que coloniza a nasofaringe ascende e atinge orelha média; o líquido estéril torna-se purulento, ocorrendo intenso processo inflamatório na orelha média (formação de ABSCESSO NA ORELHA MÉDIA). Eventualmente essa secreção purulenta pode drenar, levando à PERFURAÇÃO DA MEMBRANA TIMPÂNICA, exteriorizando-se na forma de OTORREIA. Clínica · · DOR (OTALGIA): queixa específica, irritabilidade e choro · OTORREIA: secreção conduto auditivo externo (Otite externa: piscina, Pseudomonas, Staphylococcus) diagnóstico Otoscopia · NORMAL: membrana timpânica transparente (permite identificar estruturas no interior da orelha média – ex.: ossículos da audição); brilhante (reflete luz do otoscópio – triângulo luminoso); côncava (discreta projeção para o interior da orelha média); móvel (quando da realização da otoscopia pneumática) · OMA: membrana timpânica hiperemiada, opaca (pela secreção purulenta, amarelada); abaulada (o dado de maior poder diagnóstico é o abaulamento da membrana timpânica pela secreção purulenta + processo inflamatório); otorreia (secreção que se exterioriza – pode ser vista na simples inspeção; pode-se observar um pertuito na membrana timpânica por onde essa secreção está saindo) * Podemos ter hiperemia e opacidade em crianças sem OMA – somente o fato de a criança estar chorando pode fazer com que a MT apareça hiperemiada. Tratamento · ANALGÉSICO/ANTIPIRÉTICOS: paracetamol, dipirona, ibuprofeno (em dose antipirética) · AVALIAR ANTIBIOTICOTERAPIA TRATAMENTO DA OTITE MÉDIA AGUDA (NÃO COMPLICADA) IDADE OTORREIA OU SINTOMAS GRAVES OMA BILATERAL OMA UNILATERAL < 6 MESES SEMPRE TRATAR - ATB 6 MESES A 2 ANOS ATB ATB ATB OU OBSERVAR ≥ 2 ANOS ATB ATB OU OBSERVAR ATB OU OBSERVAR SINTOMAS GRAVES: OTALGIA MODERADA/INTENSA, OTALGIA > 48H, FEBRE ≥ 39°C NAS ÚLTIMAS 48H < 6 MESES: todos | 6 MESES A 2 ANOS: bilateral, grave ou otorreia | ≥ 2 ANOS: grave + otorreia O QUE É GRAVE: TAx ≥ 39°C | Dor moderada-intensa | Dor > 48h ANTIBIOTICOTERAPIA USO OBRIGATÓRIO DE ANTIBIÓTICO - < 6 MESES - PRESENÇA DE OTORREIA - PRESENÇA DE SINAIS DE GRAVIDADE - OMA BILATERAL EM < 2 ANOS - MALFARMAÇÕES CRANIOFACIAIS - SÍNDROME DE DOWN - IMUNODEFICIÊNCIA ANTIBIÓTICO DE ESCOLHA - ETIOLOGIA: S. pneumoniae, H. influenzae não tipável, Moraxella catarrhalis - AMOXICILINA: 50 mg/kg/dia 12/12h por 5-10 dias. MECANISMOS DE RESISTÊNCIA Haemophilus e moraxella: beta-lactamase → associar clavulanato - AMOXICILINA-CLAVULANATO: se recente uso recente (30 dias) de amoxicilina ou otite + conjuntivite (“EYEmófilo”) Complicações OTITE MÉDIA SEROSA/COM EFUSÃO - Não é considerada falha terapêutica - Efusão persistente, SEM otalgia, febre ou inflamação - Conduta expectante – melhora em 3 meses - Sem melhora em até 3 meses – encaminhar para especialista MASTOIDITE AGUDA - Acomete o periósteo - Edema e vermelhidão na região retroauricular - Desaparecimento do sulco retroauricular e deslocamendo do pavilhão - TRATAMENTO: internar a criança + ATB parenteral + TC de mastoide Sinusite Bacteriana Aguda Infecção bacteriana com inflamação dos seios paranasais NASCIMENTO SEIOS ETMOIDAIS 4 ANOS SEIOS MAXILARES 5 ANOS SEIOS ESFENOIDAIS 7 A 8 ANOS ATÉ ADOLESCÊNCIA SEIOS FRONTAIS · Ao nascimento as crianças não têm todos os seios paranasais. Ao nascer: seio etmoidal e rudimento do seio maxilar (o seio maxilar estará totalmente pneumatizado quando a criança tiver 4 anos). O seio frontal começa a se formar na idade escolar (7 anos) e só estará completamente pneumatizado no início da adolescência. Clínica · · QUADRO ARRASTADO (≥ 10 DIAS): Coriza abundante, tosse intensa, diurna e noturna · QUADRO GRAVE (≥ 3 DIAS): febre alta (≥39°C) e coriza mucopurulenta · QUADRO “QUE PIORA” (NATUREZA BIFÁSICO) O diagnóstico é clínico! Não há recomendação para exames de imagem, principalmente em < 6 anos. Tratamento · AGENTES = OMA · ANTIBIOTICOTERAPIA: Amoxicilina 45-50 mg/kg/dia, individualizar duração, manter por mais 7 dias após melhora COMPLICAÇÕES CELULITE ORBITÁRIA - Inflamação pálpebra - Proptose ocular - Dor à movimentação ocular - Edema na conjuntiva (quemose) NÃO CONFUNDIR: CELULITE PERIORBITÁRIA Pré-septal: infecção e inflamação ocorrem nos tecidos da face (o globo ocular/órbita e tecidos adjacentes não são acometidos) – apenas a pálpebra é acometida. Pode ser uma complicação de uma sinusite etmoidal, mas também pode ser consequente a qualquer trauma de face. Diagnóstico diferencial RINITE ALÉRGICA Prurido e espirros | Palidez de mucosa SÍFILIS - Primeiros 3 meses - Obstrução intensa | Secreção sanguinolenta CORPOS ESTRANHO Rinorreia UNILATERAL, fétida, sanguinolenta FARINGITE AGUDA Faringoamigdalite bacteriana etiologiaStreptococcus β-hemolítico do grupo A (S. pyogenes), que pode evoluir com febre reumática Clínica · Idade entre 5 e 15 anos (pico de maior incidência) Entre 3 e 5 anos é possível, mas pouco provável. Abaixo dos 3 anos não há faringite estreptocócica! · FEBRE ALTA E DOR DE GARGANTA · EXSUDATO AMIGDALIANO – pode não haver exsudato; as faringites virais também podem ter exsudato! · PETÉQUIAS NO PALATO – pode haver faringite estreptocócica sem petéquias no palato, bem como faringite viral com petéquias; porém, a alteração do exame físico mais fortemente correlacionado com a confirmação posterior de infecção estreptocócica é a presença de petéquias no palato · HIPEREMIA NOS PILARES AMIGDALIANOS ANTERIORES · ADENOPATIA CERVICAL · NÃO TEM CORIZA OU TOSSE! diagnóstico complementar · TESTE RÁPIDO (PESQUISA DE ANTÍGENO ESTREPTOCÓCICO): muito específico, pode ter falso negativo · CULTURA DE OROFARINGE (PADRÃO-OURO): mais sensível Tratamento O tratamento visa diminuir o tempo de transmissão do estrepto (24h após início do tratamento o paciente não é mais infectante), diminuir o tempo de doença, diminuir complicações supurativas e também para profilaxia de febre reumática (erradicar o estrepto da orofaringe – mínimo de 10 dias de ATB). · ANALGÉSICO E ANTIPIRÉTICO · ANTIBIOTICOTERAPIA: erradicar o estrepto · · PENICILINA BENZATINA: dose única · AMOXICILINA: via oral, 10 dias · · ALÉRGICOS: MACROLÍDEOS: não deve ser a primeira escolha · O ATB previne a FR se utilizada nos primeiros nove dias após o início · O ATB previne o surgimento de complicações supurativas · O ATB não previne o surgimento de GNPE DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL HERPANGINA Vírus Coxsackie A (enterovírus) Lactentes e pré-escolares - Úlceras na cavidade oral (lesões ulceradas envoltas por halo de hiperemia, tipicamente localizadas predominantemente na cavidade posterior da orofaringe – palato mole, úvula, pilares; diferentemente da gengivoestomatite-herpética) - CLÍNICA: MUITA dor FEBRE FARINGOCONJUNTIVAL Adenovírus - CLÍNICA: Faringite + conjuntivite + adenomegalia pré-auricular MONONUCLEOSE INFECCIOSA EBV (Epstein-Barr Vírus) - CLÍNICA: Linfadenopatia generalizada + Esplenomegalia (50%) + Linfocitose com atipia Exantema máculopapular após amoxicilina (rash) PFAPA - Episódios recorrentes e autolimitados Febre Periódica, estomatite, Aftosa, Faringite, Adenite - TRATAMENTO: corticoide Complicações supurativas Abscesso periamigdaliano (PERITONSILAR) O agente pode romper a cápsula que envolve a amígdala e alcançar o espaço periamigdaliano. A bactéria começa a se multiplicar, causando celulite, que se organiza e forma o abscesso. · · AMIGDALITE · DISFAGIA | SIALORREIA · TRISMO · DESVIO DA ÚVULA · tratamento INTERNAÇÃO (?) + ATB (cobertura para estrepto do grupo A + anaeróbios da cavidade oral, como clindamicina) + DRENAGEM (aspiração por agulha ou incisão + drenagem). COM ESTRIDOR (FR VARIÁVEL) - DOENÇAS PERIGLÓTICAS · · INSPIRAÇÃO → tendência ao colabamento da laringe · EXPIRAÇÃO → o calibre das grandes vias tende a aumentar O estridor é um ruído predominantemente inspiratório que iremos escutar quando há obstrução nas vias de condução extrapleurais. O paciente com estridor é um paciente que apresenta uma obstrução (ex.: edema na mucosa da laringe). O calibre do lúmen da laringe diminui; caso haja edema, haverá uma redução ainda maior do calibre de passagem do ar durante a inspiração. Essa oscilação do ar leva ao surgimento do estridor. Na expiração o calibre da via aérea volta a aumentar e assim o ar consegue passar. O estridor também pode estar presente na expiração, mas nesse caso teremos uma obstrução muito mais importante! Epiglotite Aguda (SUPRAGLOTITE) Infecção bacteriana da mucosa que reveste a epiglote e os tecidos adjacentes. A epiglote é uma lâmina cartilaginosa fina que oclui o orifício glótico (sempre que deglutimos, a epiglote se fecha e impede que o alimento chegue à arvore respiratória). Na epiglotite a mucosa que reveste a epiglote está infectada e inflamada, tornando-se espessa e pesada, não conseguindo mais abrir e fechar com facilidade. Clínica · · INÍCIO AGUDO E FULMINANTE, EVOLUÇÃO RÁPIDA · FEBRE ALTA E TOXEMIA (COMPROMETIMENTO DO ESTADO GERAL) · DOR DE GARGANTA | DISFAGIA | SIALORRÉIA (MARCADOR DE DISFAGIA GRAVE) · ESTRIDOR · POSIÇÃO DO TRIPÉ TRATAMENTO - CONDUTA IMEDIATA! · · PRIORIDADE: GARANTIR VIA ÁEREA · ANTIBIOTICOTERAPIA (Haemophilus tipo b) Laringotraqueíte Viral Aguda (crupe viral) Causada pelo vírus parainfluenza (75%) Clínica · · PRÓDROMOS CATARRAIS · FEBRE BAIXA · · TOSSE METÁLICA → “tosse de cachorro” (ladrante)CRUPE · AFONIA E ROUQUIDÃO (acometimento de pregas vocais) · ESTRIDOR INSPIRATÓRIO RADIOGRAFIA Sinal da Torre – via aérea estreita ao RX Tratamento Depende da gravidade do quadro, que é avaliada pelo estridor em repouso (obstrução muito grave). · COM ESTRIDOR EM REPOUSO: adrenalina | cortidoide O efeito da dexa demora algumas horas para se estabelecer, e, durante esse tempo, o efeito da adrenalina pode acabar. Assim, a criança deve ser mantida em observação por pelo menos 2h após a nebulização; se em 2h permanecer sem estridor de repouso, pode ser liberada. · SEM ESTRIDOR EM REPOUSO: corticoide Complicações LARINGITE ESTRIDULOSA - Despertar súbito sem pródromos TRAQUEÍTE BACTERIANA (CRUPE MEMBRANOSO) - Piora do quadro inicial - Staphylococcus aureus - Resposta parcial ou ausente à adrenalina - Antibioticoterapia