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Livro Didático - Linguagens (Prof Felipe Pereira)-163-165

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COMPETÊNCIA 3COMPETÊNCIA 3
Compreender e usar Compreender e usar 
a linguagem corporal a linguagem corporal 
como relevante para a como relevante para a 
própria vida, própria vida, 
integradora social e integradora social e 
formadora da identidade.formadora da identidade.
162 |
A competência da área 3 tem como foco o corpo, 
e busca compreendê-lo a partir de sua dimensão 
significativa. Dessa forma, o corpo deve ser anali-
sado a partir das relações que ele estabelece com 
a sociedade e como essas relações são traduzidas 
em linguagem a partir da corporeidade ou a partir 
de discursos sobre o corpo. Por vezes, a compe-
tência 3 é tida como a que aborda a “educação 
física”, pois apresenta questões sobre esportes e 
atividades físicas, direcionadas para a construção 
de uma noção de saúde corporal e de socialização 
por meio de atividades esportivas/lúdicas.
Dentro da prova cujo elemento central são dife-
rentes formas de linguagem, é essa a competên-
cia que especifica o foco para a linguagem corpo-
ral. Nesse contexto, como podemos definir o que 
seria, de forma ampla, essa linguagem corporal? 
Considerando linguagem como um sistema com-
posto de elementos codificados que possibilitam 
a significação e a comunicação, devemos consi-
derar, no caso da linguagem corporal, o corpo 
como o elemento material a ser codificado/de-
codificado. Um olhar, um tom de voz, um mo-
vimento brusco, um braço cruzado ou um dedo 
erguido... todos esses elementos são possibilida-
des materiais que o corpo pode reproduzir; no 
momento que um desses elementos é percebido 
não apenas como corpo, mas como algo “suges-
tivo” (belo, ofensivo, agressivo) que remete a um 
significado, o corpo, além de corpo, passa a ser 
um signo.
Por vezes a linguagem do corpo, não falada, pode 
se manifestar sem a intenção de quem a “emite”; 
difere da escrita e da oralidade, ela pode se fazer 
presente e significante independente da nossa 
vontade. O corpo fala, mas fala sua própria língua, 
que não pode ser traduzida perfeitamente em pa-
lavras e se manifesta e se faz compreender por 
vezes sem qualquer mediação verbal.
Pensando em situações que a linguagem corporal 
se apresenta de forma motivada, com o corpo se 
tornando significante de forma intencional, ob-
servamos esse movimento presente nas diversas 
manifestações artísticas que utilizam o corpo como 
suporte ou meio de construção da arte. De certa 
forma, a produção de uma obra de arte é intencio-
nal; seu significado pode não corresponder a sua 
intenção, mas sua produção é sempre motivada. 
No teatro, na dança, na performance e até no es-
porte, o corpo é inserido em uma situação onde 
suas ações (seu movimento e presença) busca cor-
responder a uma codificação específica, buscando 
se adequar a um funcionamento definido de ante-
mão, mas sempre necessário de ser performado.
“Até o momento, ninguém, na 
verdade, determinou o que pode 
o corpo... Pois ninguém, até o 
momento, conheceu a estrutura 
do corpo”.
(B. Espinoza)
Competência 3 | 163
O corpo e sua linguagem são os elementos primários de nossa interação com o mundo, da nossa com-
preensão sobre ele e sobre nós mesmos. Desde que nascemos, antes de pensar por palavras, nós sentimos 
pelo corpo; e a conexão do corpo com a linguagem só não é mais primordial do que a do corpo com a vida, 
em sentido mais amplo. O trecho abaixo expõe essa essencialidade do corpo para a existência, usando 
termos semelhantes aos presentes nas competências e nas questões do ENEM:
As ações que tecem a trama da vida cotidiana, das mais fúteis ou das menos 
concretas até aquelas que ocorrem na cena pública, envolvem a mediação da 
corporeidade; fosse tão somente pela atividade perceptiva que o homem desenvolve 
a cada instante e que lhe permite ver, ouvir, saborear, sentir, tocar e, assim, colocar 
significações precisas no mundo que o cerca.
Moldado pelo contexto social e cultural em que o ator* se insere, o corpo é o vetor 
semântico pelo qual a evidência da relação com o mundo é construída: atividades 
perceptivas, mas também expressão dos sentimentos, cerimoniais dos ritos de 
interação, conjunto de gestos e mímicas, produção da aparência, jogos sutis da 
sedução, técnicas do corpo, exercícios físicos, relação com a dor, com o sofrimento, 
etc. Antes de qualquer coisa, a existência é corporal. 
Os usos físicos do homem dependem de um conjunto de sistemas simbólicos. Do corpo 
nascem e se propagam as significações que fundamentam a existência individual e 
coletiva; ele é o eixo da relação com o mundo, o lugar e o tempo nos quais a existência 
toma forma através da fisionomia singular de um ator, Através do corpo, o homem 
apropria-se da substância de sua vida traduzindo-a para os outros, servindo-se dos 
sistemas simbólicos que compartilha com os membros da comunidade.
(A Sociologia do Corpo – David le Breton)
*A palavra “ator” é usada nesse contexto de análise sociológica como ator social, para se referir ao 
indivíduo perante a sociedade.
"Qual é a estrutura de um corpo? 
O que pode um corpo? 
A estrutura de um corpo é a 
composição da sua relação. 
O que pode um corpo é a natureza 
e os limites do seu poder de ser 
afetado" 
(G. Deleuze)
164 |

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