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Importância econômica e social da floricultura Apresentação A floricultura é entendida como o conjunto de atividades produtivas e comerciais relacionadas ao mercado de espécies de vegetais cultivadas com finalidades ornamentais. É um mercado relativamente novo, com exploração comercial a partir da década de 1950, após a chegada dos imigrantes holandeses em São Paulo, que passou a crescer nos últimos anos. Um marco na revolução da floricultura brasileira foi a implantação do Veiling Holambra em 1989, um dos mais importantes centros comerciais e logísticos de flores e plantas da América Latina, dispondo de tecnologia de ponta para a realização de leilões do tipo reverso com agilidade de milhares de lotes de flores. O mercado de flores brasileiro representa um negócio com uma movimentação financeira anual de mais R$ 10 bilhões, sendo que desse total 63% da movimentação financeira ocorreu no chamado "depois das fazendas", ou seja, nas atividades de comercialização de atacado e varejo. Trata-se de um setor muito importante socialmente devido à grande necessidade de mão de obra, responsável por empregar diretamente mais de 190 mil pessoas, nas diversas etapas de produção e comercialização das flores e plantas ornamentais (NEVES; PINTO, 2015). Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer o histórico da floricultura no Brasil, a importância socioeconômica dessa atividade, as principais regiões produtoras no país e como funciona a cadeia de produção. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever o histórico da floricultura no Brasil.• Reconhecer a importância social da floricultura no Brasil.• Identificar a cadeia produtiva nas principais regiões produtoras.• Desafio Por muito tempo, a floricultura foi considerada restrita a uma pequena parte da sociedade de alta renda, porém, desde a década de 1950, após o início da produção comercial de flores, o setor tem exercido importantes papéis sociais, culturais, ecológicos e econômicos. É uma forma de diversificação para diversos produtores rurais, podendo auxiliar na redução do uso intensivo do solo, na interação com insetos e pássaros — que, atraídos pelos aromas e pelas cores das flores, não atacam os pomares locais e atraem insetos benéficos responsáveis pela polinização — e na contribuição para a agregação de renda. As flores podem ser comercializadas no atacado ou no varejo, bem como têm se tornado chamarizes para turistas. Quanto ao turismo, são necessárias estratégias de marketing, a fim de chamar atenção para algo inovador. Há exemplos clássicos de turismos relacionados às plantas ornamentais, como os campos de lavanda na região da Provença, na França, ou os campos de tulipa, na Holanda. Você, engenheiro agrônomo, tem como área de atuação a floricultura e o paisagismo. Atuando na Serra Gaúcha, você observa que a utilização de campos de flores pode trazer mais renda aos vitivinicultores, sendo, também, atrativa aos turistas. Conhecendo a sua ideia, um vitivinicultor o contrata para auxiliá-lo em um projeto de implantação de flores na propriedade. Assim, você deve descrever um relatório com alguns exemplos e ideias para implantação de flores na propriedade e abordando a importância socioambiental de utilização de plantas ornamentais, as estratégias de marketing e venda que esse vitivinicultor poderá utilizar para atrair novos clientes e obter retorno financeiro com a atividade. Infográfico O mercado mundial de flores e plantas ornamentais está em expansão, e o Brasil passa a integrar o grupo dos tradicionais produtores mundiais nesse segmento. Assim, a produção nacional, que só ganhou escala comercial a partir da década de 1950, tem diversos polos regionais formando cadeias regionais de produção. Essas cadeias produtivas englobam diversas etapas do processo, desde a produção de insumos até o acesso dos produtos aos consumidores finais. É de extrema importância conhecer quais são os componentes principais da cadeia produtiva de uma cultura, para saber como e onde se inserir nesse tipo de negócio de maneira planejada e correta. No Infográfico a seguir, veja um resumo da cadeia produtiva de flores e plantas ornamentais no Brasil. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/ea749ce0-9822-410c-a670-184bb6346b8f/75b6cfee-6358-46e9-8d44-5774b98265e5.png Conteúdo do livro A floricultura brasileira, por muito tempo, foi considerada uma atividade secundária, cultivada em paralelo à produção de diversas commodities agrícolas. Atualmente, é uma importante atividade econômica no agronegócio do país, exercendo funções sociais, culturais, ecológicas e econômicas, empregando 194 mil pessoas no setor (NEVES; PINTO, 2015). Embora o principal destino da produção é o mercado consumidor interno, o Brasil vem apresentado crescimento na exportação de flores e plantas ornamentais. Entre as vantagens do cultivo em solos brasileiros a evolução da produção ocorre, principalmente, pela diversidade climática, o que permite produzir internamente flores, folhagens e outros produtos derivados, todos os dias do ano, a custos relativamente baixos e, portanto, competitivos. Devido à extensão do país, são produzidas tanto flores ornamentais de clima tropical quanto as de clima temperado, sendo encontradas produções, com maior ou menor expressividade, em todas as regiões brasileiras. No capítulo Importância econômica e social da floricultura, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender mais sobre a importância econômica e social da floricultura. Boa leitura. FLORICULTURA E PAISAGISMO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Descrever o histórico da floricultura no Brasil. > Reconhecer a importância social da floricultura no Brasil. > Identificar a cadeia produtiva nas principais regiões produtoras. Introdução A floricultura comercial é entendida como a atividade profissional e empresarial de produção, comércio e distribuição de flores e plantas ornamentais cultivadas, podendo ter como finalidade a produção de sementes e bulbos, o paisagismo, a venda como flor de corte ou de vasos, bem como a venda de árvores de grande porte destinadas ao paisagismo (JUNQUEIRA; PEETS, 2011; XIA et al., 2006). São plantas ornamentais as espécies botânicas que, por seu florescimento, folhagem ou porte, satisfazem visualmente às necessidades humanas, agregando beleza e harmonia a diversos ambientes, consequentemente aliadas ao bem-estar da população em geral. Como descrito, a floricultura está ligada à beleza e ao bem-estar e, por muito tempo, foi cultivada em paralelo a outras culturas (GOMES, 2017; LOMACHINSKY, 2005; SANTOS et al., 2020; TERRA; ZÜGE, 2013). Entretanto, o setor tem exercido importantes papéis sociais, culturais, ecológicos e principalmente econômicos, pois há um rápido retorno financeiro, devido ao ciclo curto de produção e ao alto Importância econômica e social da floricultura Carine Rusin valor agregado, além de gerar um número elevado de empregos fixos (SANTOS et al., 2020; TERRA; ZÜGE, 2013). A produção comercial de flores e plantas ornamentais é relativamente nova no Brasil; teve seu início na década de 1950, com a chegada de imigrantes holan- deses na, hoje, cidade de Holambra (SP), japoneses na cidade de Atibaia (SP) e alemães e poloneses em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul (SEBRAE, 2015). Com a evolução favorável dos indicadores socioeconômicos, aliados a melhorias no sistema de distribuição de flores e insumos para a produção e a adoção da cultura de consumo de flores e plantas, houve um impulso no crescimento do setor ornamental (OLIVEIRA et al., 2021). O aumento de produção de plantas orna- mentais está ligado às condições climáticas do Brasil, que favorecem o cultivo de flores de clima temperado e tropical. Portanto, é possível produzir internamente flores, folhagens eoutros derivados, todos os dias do ano a um custo reduzido em comparação às importações (FRANÇA; MAIA, 2008). Neste capítulo, você vai conhecer a importância da floricultura frente ao agro- negócio brasileiro, por meio de informações sobre o histórico da floricultura no Brasil, a importância socioeconômica da cultura, as principais regiões produtoras no Brasil e como funciona a cadeia de produção. Evolução da floricultura no Brasil Os estudos sobre espécies floríferas iniciaram na época do Brasil Colônia, quando vários viajantes e cientistas europeus (franceses, holandeses, alemães e outros) estudaram a flora brasileira, identificando e classificando nume- rosas espécies, encontradas principalmente na Amazônia. Considerada um marco para o estudo da floricultura tropical, ocorreu, no início do século XIX, a criação do Jardim Botânico por Dom João VI, no Rio de Janeiro, e, mais tarde, do Orquidário Binot em Petrópolis, Estado do Rio de Janeiro. No entanto, a floricultura como atividade econômica era exercida de maneira pouco expressiva; geralmente, constituía-se em atividade de passatempo, usada nos jardins e quintais das residências, desempenhando função paisagística e de decoração de interiores. Em 1893, João Dierberger iniciou, em São Paulo, o cultivo da floricultura em paralelo à fruticultura, criando a empresa Die- berger; posteriormente, os irmãos Boettcher iniciaram, em 1929, a empresa Roselândia. O município de Arujá, também no estado de São Paulo, iniciou a produção em 1954 e atualmente é uma das regiões mais conhecidas pela produção de vasos para interiores (OLIVEIRA; BRAINER, 2007). Importância econômica e social da floricultura2 Diversos outros fatos importantes marcaram a floricultura brasileira, mas, a nível econômico, Holambra tem um papel de destaque, desde 1948, quando três famílias de agricultores holandeses chegaram no Brasil, dando origem às primeiras plantações de flores (Figura 1) no município. Pouco tempo mais tarde, esses produtores criaram uma pequena cooperativa, iniciando as atividades de comercialização e distribuição de flores. Em 1989, a então Cooperativa Holambra adotou o nome de Veiling Flores e Plantas, e introduziu no Brasil o sistema de leilão eletrônico (analógico) para flores, posteriormente substituído para sistema digital. A empresa passou, então, a intermediar o mercado das flores e plantas ornamentais, levando os produtos da região para diversos pontos do país, utilizando como sistema de vendas o leilão reverso, ou leilão holandês, conhecido como klok. No ano de 2001, a coope- rativa iniciou a expansão, construindo uma nova estrutura, mais moderna e funcional, que foi concluída no ano de 2009 (VEILING HOLAMBRA, 2021). Com a implantação da Cooperativa Veiling Flores e Plantas, o comércio de plantas ornamentais foi profissionalizado, permitindo o aprimoramento das ativida- des desenvolvidas pelos produtores em termos de quantidade e qualidade dos produtos, passando a ser atendidos pelo sistema de comercialização moderno e transparente, e conduziu a floricultura nacional ao seu estádio de desenvolvimento atual (NOMURA, 2008). Hoje, a Veiling é a maior distribuidora de flores da América Latina. Figura 1. Plantio de flores no município de Holambra, SP, uma das principais cidades produ- toras de flores no Brasil. Fonte: camilapedral/Shutterstock.com. Importância econômica e social da floricultura 3 A partir dos anos 1990, iniciou-se, no Brasil, a implantação de políticas públicas de apoio ao setor de flores e plantas ornamentais. Em1993, o Minis- tério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) implantou o Programa de Apoio à Produção e Exportação de Frutas, Hortaliças, Flores e Plantas Ornamentais (Frupex), com os objetivos de ampliar as exportações e gerar emprego e renda nas pequenas propriedades rurais brasileiras. Em 1994, deu-se a criação do Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), organização não governamental composta por representantes de diversos segmentos da floricultura (ensino, pesquisa, extensão, produção, atacado, varejo e paisa- gismo), visando a centralizar os interesses de produção e comercialização de flores e plantas ornamentais (OLIVEIRA; BRAINER, 2007). O MAPA, no ano de 2000, colocou a agrofloricultura como prioridade do planejamento no plano federal (BRASIL, 2020). A partir de então, iniciaram-se diversas ações para o crescimento e a diversificação da produção nacional, a organização do mercado interno e a melhoria das exportações do setor. A partir de então, foram lançados os programas Proflores e FloraBrasilis, o último de incentivo à exportação; ambos os projetos vêm sendo executa- dos no Brasil com o apoio de Sebrae, Banco do Brasil, Ibraflor e Apex-Brasil (BUAINAIN; BATALHA, 2007). Entre as leis mais recentes, foi aprovado o Projeto de Lei n° 4485, de 2019, que cria a política nacional de incentivo à cultura de flores e de plantas ornamentais de qualidade (BRASIL, 2019). Eventos na área também foram imprescindíveis para a difusão da flori- cultura no país. Apoiados pela Sociedade Brasileira de Floricultura e Plantas Ornamentais (SBFPO), sociedade criada na década de 1970 por técnicos da área em Viçosa, Minas Gerais (SBFPO, 2016), pelo Ibraflor e por outras enti- dades, diversos congressos, palestras, seminários e outros eventos técnicos começaram a ser realizados pelo Brasil. A exemplo disso, em Holambra (SP), capital brasileira das flores, é realizada todo ano a Expoflora, maior evento do setor na América Latina, na qual são divulgadas novas variedades de pro- dutos, tecnologias para produção e pós-colheita (BUAINAIN; BATALHA, 2007). Assim como a Hortitec, que iniciou no ano de 1993 e desde então vem sendo anualmente um dos maiores eventos na área dos setores de horticultura e fruticultura; em 2019, em sua 26ª edição, participaram aproximadamente 400 empresas e mais de 29.000 visitantes (HORTITEC, 2021). Importância econômica e social da floricultura4 Além da Expoflora e da Hortitec, no Brasil há diversos eventos na área de floricultura e, pelo menos, outros dois grandes eventos do setor realizados anualmente, que trazem novidades e lançamentos em cores e diversidade de flores e plantas, sendo eles o Enflor & Garden Fair e o Veiling Market. Geralmente são realizados em períodos que antecedem a primavera. Para que ocorra a apresentação de novas variedades à produtores e eventos, há a necessidade de seleção e melhoramento genético das espé- cies, buscando, além da beleza, flores e plantas com maior durabilidade e resistentes a doenças. Entretanto, o desenvolvimento de novas variedades é demorado e onero; o custo, segundo reportagem do Agrolink (MALISZEWSKI, 2020), pode ser maior do que R$ 260 mil. Essa reportagem cita, ainda, que são testadas nas condições brasileiras anualmente em torno de 150 variedades novas de rosas e 40 de kalanchoes, das quais 95% são descartadas e nunca chegarão ao consumidor. Alguns programas brasileiros de melhoramento genético se dedicam a espécies nativas e também exóticas, com destaque para o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), no desenvolvimento de cultivares de antúrios de corte (IAC, 2021), e para a Universidade Estadual de Londrina, no desenvolvimento de cultivares de Dendrobium nobile (TAKAHASHI, 2006). Atualmente, algumas empresas particulares de produção de flores também têm realizado ações de melhoramento, como, por exemplo, o desenvolvimento de cultivares e híbridos de orquídeas nativas e exóticas para o mercado de flores de vaso (CARDOSO, 2013). Como podemos observar, o cultivo de flores no Brasil comercial iniciou a partir da década de 1990; desde então vem sendo aprimorado com a utilização de novas tecnologias. Com as leis de incentivo, a cultura de compras de flores sendo adotadas pelos brasileiros, as pesquisas e inovações do setor, houve uma crescente demanda na produção e venda de produtos ornamentais, transformando a cultura que antes era considerada secundária eparalela às demais commodities agrícolas em atividade principal de geração de renda para diversos produtores nacionais. Importância econômica e social da floricultura 5 Importância socioeconômica da floricultura Em 2011, o consumo médio de flores no país era de R$ 20,00 (JUNQUEIRA; PEETZ, 2011); em 2019, segundo os dados do Ibraflor (NEVES; PINTO, 2015), o consumo per capita atingiu o valor de R$ 42,00, estimulando o crescimento do setor em 7% e movimentando R$ 8,7 bilhões. O ano de 2020, mesmo com os impactos do coronavírus, fechou com um faturamento 10% acima do re- gistrado no ano anterior, sendo que alguns produtores tiveram crescimento de até 20% nos negócios. Para o ano de 2021, a expansão do setor deve ser de 8% a 9% (NEVES; PINTO, 2015). Esse resultado positivo traz um alívio ao setor, pois, no ano de 2020, o Ibraflor demonstrou uma perda de faturamento de R$ 297,7 milhões em apenas duas semanas após o início da pandemia relacionada à Covid-19, sendo estimado que seriam desempregadas 120 mil pessoas nas áreas produtivas (NEVES; PINTO, 2015). O retorno financeiro foi alavancado pela mudança de consumo dos clientes, que passaram a consumir flores para a decoração das casas por meio de telentrega e outras estratégias de marketing utilizadas pelas empresas para aproximar o cliente. Trata-se, portanto, de um setor de extrema importância socioeconômica brasileira — na produção, a atividade é intensiva em mão de -obra e gera um grande número de empregos diretos e indiretos. O nível médio de empregos diretos gerados é estimado em 3,5 por hectare cultivado: 18,7% de origem familiar e 81,3% de mão de obra contratada (JUNQUEIRA; PEETZ, 2008). O cultivo de flores e plantas ornamentais no Brasil foi responsável pela geração de 18,7 mil empregos — 80,1% dos trabalhadores são locados na Região Sudeste (BRAINER, 2019) — enquanto, em nível de cadeia produtiva geral, a floricultura gera 210.000 empregos diretos e mais de 800.000 indiretos (NEVES; PINTO, 2015). Essa alta demanda de mão de obra é justificada por ser um setor que, independentemente da alta tecnologia empregada, demanda muitos trabalhos manuais a serem realizados com destreza e delicadeza, o que inclui a escolha das flores a serem colhidas, a colheita e a separação dos produtos. Com aproximadamente 15.000 hectares de área plantada e 8.248 produtores do setor no Brasil em 2014 (NEVES; PINTO, 2015), a produção era majoritariamente cultivada a céu aberto (cerca de 8.900 hectares), enquanto 2.200 hectares eram cultivados sob a proteção de estufas e 300 hectares em telados de sombreamento, sendo cultivadas cerca de 300 espécies e cultivares nativas e exóticas (JUNQUEIRA; PEETZ, 2011). Importância econômica e social da floricultura6 Essa produção tem venda concentrada principalmente para o mercado de consumo interno, para o qual é direcionado 97,3% de todo o valor comercia- lizado (JUNQUEIRA; PEETZ, 2011). Embora os dados demonstrem que o Brasil exportava para mais de quarenta países no ano de 2007 — como Holanda, Estados Unidos, Itália, Japão, Reino Unido e Alemanha e em menor quantidade para Bélgica, Portugal, Espanha, Canadá, Chile, Coréia do Sul, Venezuela e Rússia (BUAINAIN; BATALHA, 2007) —, o volume de exportação aumentou significativamente, passando de US$ 8,77 bilhões em 1999 para mais de US$ 21 bilhões em 2013 (NEVES; PINTO, 2015). O mercado da cadeia produtiva de flores e plantas ornamentais no Brasil é majoritariamente composto pelo segmento de plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem (Figura 2a), que concentrou, em 2013, 41,55% do total da movimentação financeira com essas mercadorias. O segundo lugar no ranking setorial foi ocupado pelo setor de flores e folhagens de corte (Figuras 2b e c), com participação percentual relativa de 34,33%, seguido, na terceira e última posição, pelo de flores e plantas envasadas (Figura 2d), com 24,12% (SEBRAE, 2015). Figura 2. Jardins realizados com projetos paisagísticos (a), campo de rosas destinado para produção de flor de corte (b), tulipas, importantes flores de corte no âmbito mundial (c) e produção de flores em vaso (d). Fonte: (a) Andrey tiyk/Shutterstock.com, (b) Anita Bem/Shutterstco.com, (c) Olga_Malinina/ Shutterstock.com, (d) Iakov Filimonov/Shutterstock.com. a c d b Importância econômica e social da floricultura 7 Uma das características dos compradores de flores e plantas ornamen- tais no Brasil é a concentração forte de suas demandas em poucas datas específicas ao longo do ano, com grande destaque para dia das mães, dia dos namorados, páscoa, natal, réveillon, dia internacional da mulher, dia da secretária e finados (JUNQUEIRA; PEETZ, 2011), que juntas podem represen- tar até 60% do faturamento anual do setor (NEVES; PINTO, 2015). A espécie comercializada depende muito da época do ano e pode variar também de acordo com a data comemorativa — por exemplo, buquê de rosas para dia dos namorados; e vasos de crisântemos, kalanchoe, kalandivas e antúrios para o dia de finados (NEVES; PINTO, 2015). De acordo com esse hábito de consumo, podemos observar, no Quadro 1, que os crisântemos estão entre as flores mais vendidas do Entreposto Terminal São Paulo (ETSP), situado na zona oeste de São Paulo, que faz parte da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp). Quadro 1. Principais flores e plantas ornamentais produzidas e comercia- lizadas no ETSP em 2018 Flores Quantidade vendida em 2018 Tuia 1952,42 toneladas Crisântemo 1.659,54 toneladas Orquídea 1.402,82 toneladas Azaleia 1.089,49 toneladas Podocarpus 1.079,29 toneladas Rosa 926,60 toneladas Begônia 728,99 toneladas Kalanchoe 671,69 toneladas Impatiens 494,29 toneladas Jasmin 490,22 toneladas Fonte: Adaptado de CEAGESP (2019). Importância econômica e social da floricultura8 Apesar dos pontos positivos demonstrados, o consumo concentrado em datas específicas e focado em determinados eventos como aniversários, noivados, casamentos, funerais pode limitar o crescimento econômico do setor. Portanto, o estímulo de mudança de hábito de consumo, por meio de estratégias de marketing, é extremamente necessário (BUAINAIN; BATALHA, 2007). As atuais estratégias de marketing estão demonstrando as diversas opções de utilização de espécies de plantas que produzem flores para além do consumo tradicional — as flores estão sendo cada vez mais empregadas na culinária, configurando uma nova fonte de renda aos agricultores. A exemplo disso são utilizadas na culinária as rosas, as begônias, as calêndulas, os amo- res perfeitos, os crisântemos, as tulipas, as alfazemas e as menos conhecidas cravinas e verbenas-limão (STANCATO, 2014). Outro exemplo, bem conhecido, é a lavanda, cujas flores podem ser consumidas na forma cristalizada ou seca, como especiaria em cremes, saladas, biscoitos, bolos e pães. No entanto, não há estatísticas oficiais sobre número de produtores de flores comestíveis e volume comercializado (SANTOS et al., 2020). A floricultura também é citada como uma das atividades complementares ao turismo rural (GONÇALVES, 2016), utilizando campos de girassol como cenários para fotos, filmagens e comerciais. Marketing em meio à pandemia Na safra 2020, em decorrência da pandemia do novo coronavírus, houve um forte impacto no mercado de flores, com perdas de 70% nas vendas na cidade de Holambra, proporcionando um montante de prejuízo de R$ 50 milhões. Para se recuperar após esse baque, cooperativas e agricultores começaram a investir em divulgações nas redes sociais e nas vendas on-line. Além disso, em razão da quarentena, outra ação do setor foi a realização de campanhas para divulgar a importância das flores e plantas ornamentais para melhorar o ambiente e trazer mais alegria e beleza para as residências e os locais de trabalho. Essas ações resultaram em maior número de vendas, dando um sinal de recuperação no mercado abalado pela situação epidemiológica (BRASIL, 2020). Como podemos observar, o mercadobrasileiro de flores tem crescido de forma acelerada, sendo muito importante socialmente, pois garante emprego e renda a milhares de brasileiros. O crescimento está atrelado às mudanças de hábitos dos brasileiros, ao emprego de novos meios de venda e ao atrativo turístico. Importância econômica e social da floricultura 9 As cadeias produtivas regionais A cadeia produtiva da floricultura abrange o cultivo de flores desde a produção de insumos até a entrega ao consumidor final e está dividida em três grandes elos (NEVES; PINTO, 2015): � antes das fazendas, que compõe os insumos necessários à produção, � nas fazendas, composto pelas atividades relacionadas à produção de flores e plantas ornamentais; � depois das fazendas, elo que concentra as atividades de comerciali- zação tanto no atacado quanto no varejo. Como insumos entende-se substratos, mudas, bulbos, sementes, adubos, defensivos, material de poda, sendo a base para o cultivo final. O próximo passo da cadeia produtiva é a produção propriamente dita, realizada por produtores cooperados ou não, para então ser realizada a distribuição para atacado e varejo, finalmente chegando ao consumidor (NEVES; PINTO, 2015). As plantas ornamentais podem ter aspecto herbáceo ou lenhoso; algumas têm hábito de crescimento reptante (aquelas utilizadas para forração ou de crescimento pendente), enquanto outras são trepadeiras. Ainda, encontramos plantas de clima tropical e temperado, plantas que podem ser agrupadas em relação à resistência de plantio na sombra e em pleno sol, sendo todas divididas de acordo com a maneira de utilização — para flor de corte ou de vaso — e qual parte da planta é utilizada — a flor ou a folhagem (OLIVEIRA; BRAINER, 2007). No Quadro 2, podemos ver quais são as principais flores e folhagens produzidas no país; essa caracterização de cultivo é importante para entendermos a distribuição de cultivos de flores no Brasil, uma vez que a diversidade de clima e solo no Brasil proporciona características ideais para o cultivo de diversas espécies ornamentais tanto de clima temperado como de clima tropical (FRANÇA; MAIA, 2008; OLIVEIRA et al., 2021). A produção florífera está presente em todas as regiões, de maneira pulve- rizada, uma vez que é possível se obter uma renda considerável em pequenas áreas. As flores de clima temperado estão mais concentradas nas Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste; e as de clima tropical nas Regiões Norte e Nordeste (FRANÇA; MAIA, 2008). Importância econômica e social da floricultura10 Quadro 2. Principais espécies de flores produzidas por categoria nas cadeias produtivas de plantas ornamentais brasileiras Categoria Espécies Flores e folhagens de corte Rosa, alstroemeria, lírio, crisântemo, boca-de-leão, cravo, áster, lisianto, gipsófila Flores e plantas de vaso Antúrio, lírio, begônia, kalanchoe, violeta, denphalaen, phalaenopsis, azaleia, crisântemos Plantas ornamentais e de paisagismo* Cactos, suculentas, raphis, phoenix, cyca, bucus, podocarpus *não são consideradas as gramíneas nesta tabela Fonte: Adaptado de Hummel e Miguel (2017). No Quadro 3, podemos observar a evolução da floricultura brasileira por região entre os anos de 2006 e 2017, bem como a porcentagem de atuação de cada região frente ao total nacional. De acordo com os dados do IBGE (2017), a região Sudeste concentra a maior porcentagem de estabelecimentos rela- cionados à produção de flores, e a região Norte demonstrou um crescimento de mais de 100% no número de estabelecimentos com produção de flores em uma década. Quadro 3. Quantidade de estabelecimentos com produção de flores e/ou plantas ornamentais Localização Estabelecimentos Quantidade Variação Participação 2006 2017 2006–2017 (%) 2017 (%) Sudeste 4.966 7.576 52,6 46,2 Sul 2.817 3.808 35,2 23,2 Nordeste 2.177 2.713 24,6 16,5 Norte 641 1.457 127,3 8,9 Centro-Oeste 474 854 80,2 5,2 Brasil 11.075 16.408 48,2 100,0 Fonte: Adaptado de IBGE (2018). Importância econômica e social da floricultura 11 Pensando a nível de estado, os principais produtores de flores e plantas ornamentais do Brasil são São Paulo, Santa Catarina, Pernambuco, Alagoas, Ceará, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Goiás, Bahia, Espírito Santo, Amazonas e Pará (NEVES; PINTO, 2015). No Quadro 4, são apre- sentadas as principais vantagens e desvantagens do cultivo em seis dos principais estados produtores de flores e plantas ornamentais do Brasil. Quadro 4. Vantagens e desvantagens da produção de flores e plantas or- namentais dos principais locais de produção no Brasil Estado Vantagens Desvantagens São Paulo Tradição de cultivo (herança de imigrantes japoneses e holandeses) Clima desfavorável ao cultivo de plantas de clima temperado Forte cooperativismo e associativismo Elevado custo de mão de obra, terra e carga tributária Presença de empresas fornecedoras de insumos e tecnologias Presença de grandes centros consumidores Estrutura logística forte Minas Gerais Clima favorável para cultivo de flores Problemas com acesso e logística Altitude favorável para cultivo de rosas Baixa profissionalização, tecnologia e assistência técnica Rio de Janeiro Clima e disponibilidade hídrica favorável ao cultivo Infraestrutura de distribuição deficiente Proximidade com grande centro consumidor Santa Catarina Polo de produção consolidado Falta de mão de obra especializada Clima favorável para plantas tropicais e de clima temperado Baixa tecnologia e condições logísticas Disponibilidade hídrica favorável Alto índice de informalidade no setor produtivo (Continua) Importância econômica e social da floricultura12 Estado Vantagens Desvantagens Rio Grande do Sul Clima favorável às espécies de flores e ornamentais temperado Clima só permite uma safra Grande consumidor de flores Somente uma central de comercialização, localizada no CEASA Ceará Proximidade com os principais países importadores Infraestrutura precária Aeroporto equipado com câmara refrigerada Escassez de água Vários ecossistemas e condições edafoclimáticas uniformes Falta de assistência técnica e organização dos produtores Fonte: Adaptado de Neves e Pinto (2015). Dentre esses, o estado de São Paulo merece destaque por ser o estado pioneiro e que alavancou a floricultura brasileira, se tornando referência em distribuição, logística e vendas após a implantação da Cooperativa Veiling Holambra (LOMACHINSKY, 2005). Com o auxílio desta e de outras coopera- tivas, como a Cooperflora, e associações produtoras, São Paulo é o maior produtor de flores e plantas ornamentais do Brasil, concentrando 45% da área de produção e quase 30% dos produtores que se dedicam à atividade (NEVES; PINTO, 2015). A Cooperativa Veiling Holambra é o principal centro de comerciali- zação de flores e plantas da América do Sul e trouxe para o Brasil um moderno sistema de leilão reverso, que permite a venda de grandes lotes de produtos com grande rapidez; nesses leilões, 50% das flores que abastecem as lojas brasileiras são negociadas. Trata-se de um imponente mercado florista nacional, responsável pela criação de critério de qualidade das flores. O padrão utilizado na Veiling (A1 — qualidade ótima; A2 — qualidade boa; B — qualidade regular) atualmente é referência para diversos mercados de flores do Sul da América. Busque no YouTube por “Fala Brasil mostra como funciona o mercado bilionário das flores em Holambra” para saber mais. (Continuação) Importância econômica e social da floricultura 13 Os principais polos de produção de São Paulo são as regiões de Atibaia, Grande São Paulo, Dutra, Vale do Ribeira, Paranapanema e Campinas. A região de Atibaia produz 25% da produção nacional de flores e plantas ornamen- tais, distribuída em flores de corte e de vasos, com destaque para rosas, crisântemos e orquídeas; enquanto na região da Grande São Paulo a pro- dução é de plantas para paisagismo e forrações e flores de corte.A região de Paranapanema se dedica à produção de flores de corte e vaso, enquanto em Campinas o destaque é para produção de Aechmea sp. e plantas para paisagismo. Outra região em destaque na produção de plantas para uso em projetos de paisagismo é o Vale do Ribeira, que, por ter clima quente e úmido, tem destaque no cultivo de flores tropicais, das quais se destacam os antúrios e helicônias. Na produção em vaso para interiores, destaca-se a região de Dutra (NEVES; PINTO, 2015). Quanto aos demais estados, o cultivo de flores e plantas ornamentais em Minas Gerais se estende por 645 hectares, 576 produtores e aproxima- damente 130 municípios e é caracterizado, principalmente, por pequenos produtores, com baixa cultura associativista e sem a presença de uma coo- perativa específica para coordenação no setor (NEVES; PINTO, 2015). No Rio de Janeiro, o cultivo de flores e plantas ornamentais se estende por 856 hectares, em 56 municípios, com aproximadamente 1.074 produtores atuando no cultivo de flores e plantas ornamentais no estado (NEVES; PINTO, 2015). Na região Serrana do estado, principalmente no município de Nova Friburgo, concentram- -se a produção de flores de corte de clima temperado, cuja maior parte é consumida no próprio estado, enquanto na região metropolitana o cultivo é voltado para a produção de plantas ornamentais, flores e folhagens tropicais (REIS; MARAFON, 2020). Em Santa Catarina, em torno de 750 famílias atuam no cultivo de flores e plantas ornamentais, que se estende por cerca de 1.600 hectares, em apro- ximadamente 115 municípios (NEVES; PINTO, 2015). O perfil da floricultura catarinense é mais voltado à produção de plantas ornamentais, com quatro regiões de destaque: a região de Biguaçu, a região serrana entre São Bento do Sul e Joinville, a região de Corupá e a região do Alto Vale do Itajaí, nas cidades de Rio do Oeste e Laurentino (ALTHAUS-OTTMANN et al., 2008). No Rio Grande do Sul, o cultivo se estende por cerca de 1.360 hectares em no mínimo 50 municípios, considerando que em 2013/14, 50 escritórios da Emater possuíam planejamento com flores e plantas ornamentais. O estado do Ceará, por sua vez, é um dos principais produtores da cadeia produtiva de flores e plantas ornamentais, com área de 338 hectares, com 191 produtores em 2014 (NEVES; Importância econômica e social da floricultura14 PINTO, 2015). Destaca-se principalmente na produção de rosas, as quais tem exportado diretamente para a Holanda (LOMACHINSKY, 2005). Em geral, a produção florífera brasileira se difunde em todas as regiões, com início de produção e comercialização considerado recente, em relação as demais commodities agrárias, evoluindo rapidamente e com bastante tecnologia envolvida. É um setor de altíssima importância socioeconômica, mas que tem como entraves, em muitas regiões, a escassez de mão de obra especializada, logística e distribuição precárias. As flores são produtos sen- síveis que demandam cadeia de frio para conservação, cuja oferta é muito baixa. Apesar das dificuldades, é um setor que continua crescendo e evoluindo, sendo fonte de renda para inúmeras famílias nas diversas etapas da cadeia produtiva. Referências ALTHAUS-OTTMANN, M. M. et al. Por que estudar a produção de plantas ornamentais? O caso catarinense. Ornamental Horticulture, Petrolina, v. 14, n. 1, p. 85–90, 2008. BRAINER, M. S. C. P. Flores e plantas ornamentais. Caderno Setorial ETENE, Fortaleza, ano 4, n. 95, p. 1–16, 2019. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Produtores se reinventam para recuperar prejuízos da pandemia nos setores de flores e de hortifrúti. Brasília: MAPA, 2020. Disponível em: https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/noticias/ produtores-se-reinventam-para-recuperar-prejuizos-da-pandemia-nos-setores-de- -flores-e-de-hortifruti. Acesso em: 22 mar. 2021. BRASIL. Senado Federal. Projeto de Lei n° 4485, de 2019. 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Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os edito- res declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Importância econômica e social da floricultura 17 Dica do professor A floricultura brasileira teve ampliação na sua importância econômica, principalmente a partir da mudança tecnológica da então Cooperativa Agropecuária de Holambra, tornando-se Veiling Flores e Plantas. Tal cooperativa, hoje uma das maiores e mais importantes da América Latina, começou a intermediar a venda de flores dos associados por meio do sistema de leilão reverso (Veiling) conhecido como Klok. A adoção desse sistema representou nova contribuição ao dinamismo da atividade. Com essa inovação, a floricultura nacional acelerou o seu estágio de desenvolvimento, alcançando o atual padrão. A cooperativa, atualmente, detém 45% da comercialização de flores e plantas no Brasil (VEILING HOLAMBRA, 2021). Nesta Dica do Professor, conheça como ocorre o sistema de comércio de flores adotado na cooperativa Veiling Holambra. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/bd7eb4dd15644253edf331956f3a3a3e Exercícios 1) A floricultura é uma atividade de produção de espécies botânicas que agregam beleza e harmonia aos ambientes, conhecidas como plantas ornamentais. A produção dessas plantas inclui múltiplas formas de exploração e diversidade de cultivo, podendo ser agrupadas de acordo com suas características. Em relação aos grupos de plantas ornamentais, elas podem ser definidas: I. Pelo aspecto: eretas reptantes ou trepadeiras. II. Pela forma de crescimento: herbáceas ou lenhosas. III. Pelo clima de adaptação: tropicais e temperadas. IV. Pela maneira de utilizar: cortes e vasos. V. Pela parte da planta utilizada: flores e folhagens. Assinale a alternativa com as afirmativas corretas. A) I, apenas. B) II, apenas. C) III, apenas. D) III, IV e V, apenas. E) II, IV e V, apenas. 2) A atividade de floricultura está ligada à beleza e ao bem-estar, tendo exercido importantes papéis sociais, econômicos e ecológicos, além do desenvolvimento de locais e regiões em diversos países do mundo, proporcionando retorno financeiro rápido aos produtores. No Brasil, um marco importantíssimo na cadeia florífera aconteceu no ano de 1989, sendo: A) a criação do Ibraflor. B) a fundação do Veiling Holambra. C) a realização da primeira Hortitec. D) o início da produção de flores em Arujá (SP). E) a fundação da Dierberger Agro-Comercial. 3) Os principais produtores de flores e plantas ornamentais do Brasil são: São Paulo, Santa Catarina, Pernambuco, Alagoas, Ceará, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Goiás, Bahia, Espírito Santo, Amazonas e Pará. Entre eles o maior produtor, consumidor e exportador de flores e plantas ornamentais é o estado de São Paulo, que detém 74,5% da produção nacional, tendo como principais polos as regiões de Atibaia, Grande São Paulo, Dutra, Vale do Ribeira, Paranapanema e Campinas (NEVES; PINTO, 2015). As características de produção dessas regiões estão listadas a seguir. I. A região de Atibaia produz flores de corte e de vasos, principalmente rosas, crisântemos e orquídeas. II. Na região da Grande São Paulo, a produção é de plantas para paisagismo e forrações, e flores de corte. III. Na região de Dutra, o destaque é para produção em vaso para interiores. IV. O Vale do Ribeira se destaca pela produção de vasos para uso em projetos de paisagismo. V. A região de Paranapanema se dedica à produção de flores de corte e vaso. VI. Campinas se destaca na produção de Aechmea sp. e plantas para paisagismo. Das afirmativas, estão corretas as: A) I, II, IV e VI, apenas. B) I, II, III e V, apenas. C) I, II, III e IV, apenas. D) I, II, III, IV e VI, apenas. E) I, II, III, V e VI, apenas. No Brasil, a floricultura tem tomado cada vez mais importância, e o mercado brasileiro de flores, na contramão de setores que foram pressionados pela crise internacional, tem se expandido a cada ano. 4) Desde 2006, o segmento tem registrado taxas de crescimento entre 15 e 17%, e emprega, atualmente, 194 mil pessoas. Considerando as principais regiões produtoras de flores no Brasil, o estado do Ceará se encontra entre os principais estados produtores com São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Santa Catarina (NEVES; PINTO, 2015). O estado cearense conquistou a participação no mercado de rosas com um grande volume de produção em ambiente protegido, assim como as exportações para outros estados e países. Essa conquista é resultado de algumas vantagens da produção no estado, entre elas: I. Proximidade com os principais países importadores. II. Aeroporto com câmara refrigerada. III. Condições edafoclimáticas uniformes. IV. Vários ecossistemas no estado. V. Ausência de central de comercialização. Assinale a alternativa com as afirmativas corretas. A) I e II, apenas. B) I e III, apenas. C) I, II e III, apenas. D) I, II, III e IV, apenas. E) I, II, III e V, apenas. A cooperativa Veiling Holambra é o maior centro de vendas e distribuição de flores da América Latina, atendendo com uma infraestrutura com o que há de mais avançado no mundo no setor de perecíveis (VEILING HOLAMBRA, 2021). Trata-se de um investimento considerado um marco na floricultura, trazendo organização para o setor. Localizada no estado de São Paulo, entre os municípios de Holambra e Santo Antônio de Posse, a cooperativa introduziu no Brasil o sistema de leilão revolucionando o mercado das flores. Para ter acesso a esse leilão, os produtores devem ofertar produtos em lotes devidamente identificados, de acordo com a classificação de produtos utilizada na empresa, e que servem de base para diversos países do Mercosul. 5) Observe os níveis de classificação de produtos adotados na Veiling:I. A1: qualidade ótima. II. A2: qualidade boa. III. B: qualidade regular. IV. C: qualidade baixa. Quais dos padrões de qualidade são utilizados na Cooperativa Veiling Holambra? A) I e II, apenas. B) I e III, apenas. C) I, II e III, apenas. D) I, II e IV, apenas. E) I, III e IV, apenas. Na prática As plantas ornamentais, flores e folhagens destinadas para corte são perenes e apresentam durabilidade, podendo ser uma fonte de diversificação de atividades na propriedade e renda extra interessante, principalmente aos pequenos agricultores. Além da compra e venda das flores, concentrada principalmente em datas comemorativas, da utilização para paisagismo e decoração, as plantas floríferas e ornamentais podem trazer à propriedade outras fontes de renda, como na utilização para consumo alimentício (plantas alimentícias não convencionais, as PANCs), em receitas diversas e em atrativos turísticos. A lavanda, planta normalmente destinada à extração de óleo essencial, tem se difundido como atrativo turístico, ampliando o retorno financeiro das propriedades rurais. Neste Na Prática, veja um exemplo de utilização de lavanda como diversificação e fonte de renda em uma pequena propriedade no interior do Rio Grande do Sul. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/2fbef3db-3c75-4d7c-9b5d-08638b75be35/c893e04d-4e21-4916-bc1c-f9ef1a1e1caf.png Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja as sugestões do professor: Contribuição do paisagista para desenvolvimento do setor produtivo da floricultura A produção de plantas ornamentais no Brasil está distribuída em diversos polos produtivos. Alguns desses locais têm alto desenvolvimento da cultura. Os profissionais do paisagismo influenciam positivamente o desenvolvimento do setor produtivo, por meio da sua capacidade em promover aumento de demanda, e negativamente, devido ao baixo uso de plantas nativas e baixa interação com os produtores. Confira, no link a seguir, um pouco mais sobre essa contribuição do paisagista. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Matérias: conheça a Ecoflora, fazenda de flores de Holambra A cadeia produtiva de flores demanda atenção aos produtos requeridos pelo mercado, pela produção ou pela reprodução de mudas, ao investimento hídrico, ao ambiente e à mão de obra intensiva. Acompanhe, no vídeo a seguir, como ocorre a produção de orquídeas na Ecoflora. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Veja como a tecnologia ajuda na produção de flores em Holambra Em geral, a produção florífera é muito dependente da mão de obra, devido aos diversos trabalhos manuais realizados. Em Holambra (SP), a tecnologia ajuda na produção de flores, a qual, graças a equipamentos modernos, os produtores levam novidades todos os anos para o mercado. Veja mais sobre esse assunto no vídeo a seguir. https://revistafae.fae.edu/revistafae/article/view/541/443 https://www.youtube.com/embed/qEfnj7RDrc0 Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.youtube.com/embed/--kCJU9Kc3M