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FORMAÇÃO-DO-SUJEITO-PROFISSIONAL-NOVA

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1 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3 
2 CONTEXTO HISTÓRICO ........................................................................... 4 
2.1 Teoria do traço e fator: ......................................................................... 6 
2.2 Teorias Psicodinâmicas: ....................................................................... 7 
1) O tipo realista: ...................................................................................... 8 
2) O tipo intelectual: .................................................................................. 8 
3) O tipo social: ......................................................................................... 9 
4) O tipo convencional: ............................................................................. 9 
2.3 Teorias da Decisão (Abordagem Socioconitiva): ................................ 13 
3 ORIENTAÇÃO PROFISSONAL ................................................................ 15 
3.1 A família no momento da escolha profissional ................................... 18 
4 ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL NO CONTEXTO ATUAL: REFLEXÕES E 
NOVAS POSSIBILIDADES ....................................................................................... 20 
5 O AUTOCONHECIMENTO E A ESCOLHA PROFISSIONAL ................... 25 
6 O PROCESSO DE ESCOLHA PROFISSIONAL ...................................... 26 
6.1 Fatores de influenciam do processo da escolha profissional ............. 27 
7 ESCOLHA PROFISSIONAL: O QUE A ESCOLA TEM A VER COM ISSO?
 29 
8 O ENEM COMO POLÍTICA PÚBLICA: ACESSO E PERMANÊNCIA NA 
EDUCAÇÃO SUPERIOR .......................................................................................... 32 
8.1 Garantias legais de expansão da educação superior pública ............ 34 
8.2 Programa Universidade para todos – PROUNI .................................. 36 
8.3 FIES ................................................................................................... 37 
8.4 O Sisu ................................................................................................. 38 
9 Ética: uma abordagem a partir da ontologia do ser social para refletir sobre 
a sua pertinência nas profissões ............................................................................... 40 
 
2 
9.1 A importância de refletir sobre ética profissional no serviço social e 
demais funções ...................................................................................................... 43 
10 TRABALHO E NATUREZA HUMANA ................................................... 46 
11 O MODO CAPITALISTA DE PRODUZIR TRABALHO .......................... 48 
12 FORMAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE SOB 
O IDEÁRIO PRIVATISTA DA EDUCAÇÃO ............................................................... 50 
13 CONCLUSÕES FINAIS ......................................................................... 57 
14 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 59 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - 
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum 
é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
FORMAÇÃO DO SUJEITO PROFISSIONAL 
 
Fonte: enviestudos.com 
2 CONTEXTO HISTÓRICO 
Pouco se fala sobre orientação profissional no ensino médio Brasileiro, porém, 
o contexto histórico acerca da orientação profissional, teve início na Europa, no século 
XX, em Munique, na Alemanha. A produção industrial em pleno vapor, a fim de se 
otimizar a produção, a orientação profissional tinha como objetivo fazer uma captação 
dos trabalhadores inaptos a realizar certos tipos de tarefas, com o objetivo de 
maximizar a capacidade produtiva e minimizar os acidentes de trabalho, que 
acarretavam uma série de prejuízos. O início oficial da orientação profissional pode 
ser situado entre os anos 1907 e 1909, com a criação do primeiro Centro de 
Orientação Profissional norte americano, o Vocational Bureau of Boston e a 
publicação do livro Choosing a Vocation, de Frank Parsons. Frank Parsons é 
considerado na literatura internacional o pai da orientação profissional, em função de 
seu pioneirismo na sistematização dos primeiros trabalhos da área realizados em 
Boston, nos Estados Unidos. 
Apesar de sua importância, não existe qualquer publicação dedicada a ele, e 
seus escritos ainda não foram traduzidos para a língua portuguesa. Em meados da 
segunda guerra mundial, encontra-se também uma forte aplicação da orientação 
vocacional através da ampla necessidade de se aumentar o contingente bélico, a ideia 
de “rightman in therightplace”, que teoricamente otimizaria a capacitação e atuação 
nas diversas áreas da indústria bélica americana. Apesar da importância da escolha 
 
5 
profissional no curso ulterior da personalidade e das funções de uma ocupação no 
bem-estar físico e emocional de quem a segue, relativamente pouco se pode 
encontrar na literatura a respeito deste tema. É surpreendente a pouca atenção dada 
a este tópico, já que a escolha profissional é totalmente dependente da dinâmica de 
desenvolvimento das pessoas e muitas forças, conscientes e inconscientes que 
influenciam suas vidas. 
 Fato é que vivemos em uma sociedade conflitante e conflitiva, onde o indivíduo 
consegue uma adaptação fácil, mas nem sempre satisfatória, ou seja, alcança-se uma 
posição de destaque, um bom emprego, pelo menos de acordo com os padrões 
sociais de sucesso e prestígio, mas que nem sempre preenche o indivíduo de alegria 
e satisfação pessoal. O problema está de fato nos devaneios e nas contradições da 
individualidade, o saber “quem sou eu” mistura-se, de uma maneira extremamente 
angustiante, com “que sou eu? ” Segundo a teoria Freudiana, existem motivações 
conscientes e inconscientes que levam uma pessoa a optar por certos caminhos, 
ideais e posições na vida. O trabalho está totalmente conectado à saúde do ser e ao 
amor que se tem pelo ofício, que certamente será determinante no fator qualidade de 
vida, já que se passa uma fatia considerável do tempo de vida nos ofícios e 
responsabilidades relativas ao labor. Se fizer uma reflexão acerca dos conflitos e 
preferências, mais eficientes será a tarefa da escolha profissional. 
O ser humano é um ser de constante conflito, que vive com dúvidas e angústias, 
mas sempre possui capacidade de superá-las. Mesmo ser humano esse que inicia 
sua vida com uma dependência praticamente total dos adultos, e, gradativamente, vai 
construindo uma identidade, sua própria personalidade. Somente duvidando, 
questionando, refletindo e pesquisando é que se pode sanar esses questionamentos 
e assim, desenvolver-se gradativamente e consequentemente encontrar um caminho. 
Há de se apontar ainda também acerca da problemática familiar: 
Os elementos familiares e sociais podem, em um nível consciente nos levar 
a uma escolhabaseada em recomendações, palpites, ou, o que pode até ser 
mais grave, procurar se beneficiar por vinculações da família ou do grupo 
social. (LEVENFUS, 1997, apud COUTO 2014 p.14) 
 Não se deixar levar somente pelo panorama familiar é extremamente crucial, 
tanto para o orientando quanto para o orientador. O fator da pressão familiar pode 
fazer com que se gere uma escolha equivocada, onde o orientando irá basear seus 
desejos e anseios apenas nas experiências vividas em seu ambiente familiar, muitas 
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das vezes, podendo até passar despercebida uma aptidão maior para outra área, que 
poderia ser descoberta se houvesse não só a orientação, mas também a 
conscientização através de um panorama mais amplo de situações e opções relativas 
ao mundo do mercado de trabalho e suas variadas vertentes. Existem diversas teorias 
que tratam acerca da questão da orientação. Desde a época dos filósofos gregos, 
como Platão, já se faziam evidentes os questionamentos acerca da escolha 
profissional, que aparece com o objetivo de preencher os cargos mais importantes por 
indivíduos mais aptas. 
A psicologia vocacional tem seu segundo grande momento de desenvolvimento 
a partir da II Guerra Mundial, quando os estados unidos passam a captar recursos 
humanos para as forças armadas. Nessa época, surge a “Teoria dos traços e fatores”, 
que trata basicamente de interesses voltados para as características individuais, 
embora o enfoque principal fosse para a seleção do indivíduo para a função em que 
fosse mais produtivo: “The rightman in therightplace”. Finda a segunda guerra em 
1945, a Psicologia volta a sua atenção para as “Teorias Desenvolvimentistas”, 
fomentadas inicialmente por Eli Ginzberg, um economista com tendências Freudianas 
extremamente acentuadas. A proposta de Ginzberg trata que a escolha profissional é 
um processo de desenvolvimento que se inicia ao final da infância, e termina no início 
da idade adulta. Tal teoria seria uma motivação inicial para a realização de novos 
estudos na área da Psicologia vocacional. Assim, pauta-se então um rápido panorama 
acerca das principais teorias vocacionais. 
2.1 Teoria do traço e fator: 
Resume toda a característica da psicologia relacionada à orientação 
profissional nos primeiros 50 anos do século XX, e pode ser fundamentada em dois 
pontos principais: Primeiramente, cada indivíduo é portador de características 
específicas, como seus interesses, aptidões, limitações, isto é, traços de sua 
personalidade. Segundo, toda e qualquer atividade profissional exige a execução de 
uma série de tarefas, mais, ou menos específicas, de acordo com cada área de 
atuação. 
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7 
2.2 Teorias Psicodinâmicas: 
O enfoque psicodinâmico abrange duas principais vertentes no processo de 
orientação vocacional: a Psicanálise e a satisfação de necessidades básicas. As 
teorias possuem muitos pontos em comum, mas diferem profundamente na forma de 
pensar a questão vocacional. As fundamentações dessas teorias procedem das ideias 
analíticas da personalidade, da incidência do desenvolvimento qualitativo a partir das 
primeiras experiências na fase da infância, e faz grande menção à incidência que 
tenha a vocação em função do comportamento geral do indivíduo. Dentre as teorias 
psicodinâmicas, podemos destacar a teoria Psicanalítica: a abordagem psicanalítica 
tem sido apresentada por meio de concepções segundo as quais a escolha 
profissional está relacionada com o desenvolvimento psicossexual do indivíduo, com 
seus instintos, conflitos, questionamentos e necessidades que ocorreram na infância. 
 Assim, é através da socialização que o indivíduo aprende a satisfazer suas 
necessidades de maneira a obter a aprovação do meio. Os mecanismos da ação e 
formas de conduta que um indivíduo adota para viver constituem sua personalidade e 
seu caráter, além de ser o principal alicerce na escolha de uma profissão. Dentro do 
referido contexto, podemos citar a teoria de Meadow, que é enunciada através de 
cinco hipóteses principais: 
1). A pessoa independente tenderá a procurar um emprego no comércio em 
profissões nas quais possa exercer liderança e iniciativa. 
 2) O tipo reativo, como os compulsivos, procurará atuar em profissões que 
requeiram este traço. 
3). Os agressivos podem escolher profissões extremamente competitivas. 
4). Uma pessoa com superego severo pode sentir-se insatisfeita nas suas 
ocupações. 
5). O trabalhador passivo e submisso tem menos êxito no emprego que 
escolhe do que o agressivo. (PIMENTA, 1981, apud COUTO 2014, p.16,17) 
Pode-se ainda citar a teoria de Satisfação de Necessidades: 
“O modo como o indivíduo aprende, mais ou menos automaticamente 
(inconscientemente), a satisfazer suas necessidades determina quais de 
suas capacidades específicas, interesses e atitudes seguirá e desenvolverá”. 
(ROE,1972, apud COUTO 2014, P.17) 
O destaque fica por conta da necessidade básica de auto realização. De acordo com 
tal teoria, as primeiras experiências psicossociais ocorrem no ambiente familiar, 
entendendo o efeito da mesma na formação de necessidades e na estruturação da 
energia psíquica do indivíduo. Assim, elaborou-se uma série de hipóteses acerca das 
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experiências da criança e sua posterior opção profissional. A principal deficiência 
desta teoria está no não esclarecimento em relação ao mecanismo que associa as 
primeiras experiências a posterior escolha profissional. Podemos citar também a 
teoria da Personalidade, que fica por conta da Tipologia de Holland, que trabalha as 
personalidades vocacionais relacionadas aos estilos interpessoais. Tal teoria 
determina que a harmonia entre personalidade e ambiente produz os resultados 
almejados de satisfação e realização no trabalho, uma vez que a incongruência entre 
esses fatores gera o oposto. 
Os indivíduos procuram ambientes e profissões que lhe permitam exercer 
suas habilidades e capacidades, sem deixar de expressar suas atitudes e 
valores, aceitando os papéis que forem convenientes, negando os que forem 
inadequados ou desagradáveis. (JOHN,1977, apud COUTO, 2014, P.17) 
Partindo do pressuposto de que o comportamento de uma pessoa pode ser explicado 
pela interação de seu padrão de personalidade com seu ambiente de vivência, ou 
seja, seu meio de convivência familiar. Holland preocupou-se de enunciar padrões de 
ambientes e de personalidades, e só assim, o “tipo de personalidade”, como o mesmo 
propõe, se revela a partir da semelhança do sujeito com o tipo de modelo. Podemos 
enunciar os tipos de Holland da seguinte maneira: 
1) O tipo realista: 
Masculino, estável, materialista. Evita metas intelectuais e sociais subjetivas, em favor 
da manipulação objetiva. Holland enumera cerca de 30 ocupações preferidas, citando, 
dentre elas, as ocupações técnicas e de Engenharia. Geralmente, os pais são 
nascidos no estrangeiro, de educação sofrível, baixo status sócio econômico, com 
poucos livros em casa. 
2) O tipo intelectual: 
 Lida com o meio mediante o uso da inteligência. Problemas são resolvidos por meio 
da manipulação de palavras e ideias. Caracteriza-se pelos seguintes atributos: 
analítico, racional, radical, independente, introvertido, anal e crítico. Empiricamente é 
definido como dando preferência às ocupações de médico, cirurgião e a maioria 
diversas áreas das ciências. A respeito dos antecedentes familiares, sabe-se apenas 
que seus pais tendem, de um modo geral, a apresentarem-se como pessoas bem-
educadas. 
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3) O tipo social: 
Segundo Holland, este tipo lida com o meio utilizando recursos sociais para controlar 
o comportamento dos outros. Tem necessidade de interação social. Confia maisnos 
sentimentos do que no intelecto para a resolução de problemas. Prefere ocupações 
que envolvam orientação como assistente social, professor e psicólogo. Papéis 
masculinos, envolvendo perigo e máquinas, não são de seu agrado. Costuma a 
apresentar aptidão verbal acentuada, porém pouca habilidade matemática. 
4) O tipo convencional: 
Para lidar com seu meio, seleciona metas, atitudes e valores que sejam aceitos pela 
sociedade. É prático e correto. Assim, está demonstrado que trabalha de maneira 
típica, como caixa bancário, estatístico, arquivista ou gerente. Identificam-se com os 
chefes e agradam-se com atividades bem estruturadas. É inflexível, rígido e carente 
de criatividade. Holland afirma que os familiares deste tipo são relativamente claros: 
uma mãe restritiva que suprime o sexo e agressão, e um pai que atribui escasso valor 
à curiosidade e à independência. 
5) O tipo empreendedor: 
Este tipo é caracterizado como sendo aventureiro, dominante, entusiasta, 
impulsivo e extrovertido. Demonstra maior aptidão às profissões que requerem esses 
atributos, como vendedor, representante comercial, leiloeiro, produtor de televisão. 
Valoriza assuntos políticos e econômicos, gosta de papéis de liderança masculina e 
de outras atividades em que possa satisfazer sua necessidade de dominação. É 
oriundo de uma área urbana e de uma família com instrução. 
6) O tipo artístico: 
 Enfrenta o meio usando sentimentos, emoções, intuições e imaginação. 
Caracteriza-se pela complexidade de suas perspectivas, originalidade e introversão. 
Parece preferir trabalhar como “designer”, humorista, poeta, músico, escritor ou 
figurinista. Identifica-se com os grandes artistas e intelectuais. Desagradam-lhe 
atividades tipicamente masculinas. Sua aptidão verbal excede a matemática e, com 
frequência, é um indivíduo excepcionalmente dotado em recursos perceptuais e 
motores. 
Apesar de aparentar grande valor e de sua utilidade prática, a teoria de Holland 
é questionada por diversos estudiosos, uma vez em que define padrões 
comportamentais em apenas seis modelos de personalidade. Também podemos 
atentar para o fato de que tal teoria não explica o desenvolvimento da personalidade 
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10 
e seu papel na escolha profissional. Há também, além das teorias Psicodinâmicas, as 
teorias Desenvolvimentistas, conforme enunciado por Eli Ginzberg e colaboradores, 
na qual a escolha é definida como um processo de desenvolvimento que se inicia ao 
final da infância e termina no início da idade adulta. Refere-se à escolha profissional 
como um processo marcado por fases, nas quais o indivíduo deve fazer compromissos 
entre seus desejos e suas reais possibilidades. 
Tudo começa na fase da infância, onde a criança faz escolhas fantasistas, que 
não levam em conta suas potencialidades e as contingências temporais. Na 
adolescência, então, passa a considerar a futura escolha profissional a partir de seus 
interesses e também de suas reais capacidades, aquilo o que gosta e acredita poder 
realizar. Porém, mais recentemente, passou-se a considerar o processo de forma 
mais ampla, estendendo-se ao longo da vida do indivíduo. Com relação ao campo da 
orientação profissional, passou-se também a percebê-lo de forma mais abrangente, 
estendendo-se ao longo da vida do indivíduo, sob um ponto de vista mais flexível, com 
o objetivo de centrar os interesses em alguma tarefa, vez que em termos de recursos 
materiais e tempo, os diversos tipos de ocupações tornam-se mais numerosos a cada 
dia. 
Outra teoria extremamente interessante é a teoria de Super Donald, que 
apresenta sua teoria vocacional em 12 propostas, são elas: 
1- A decisão vocacional é um processo que ocorre durante um período 
extenso da vida e não um momento determinado. 
2- A decisão vocacional compõe um esquema discernível, e, portanto, é 
prognosticável. 
3- A decisão vocacional implica uma transação entre fatores sociais e 
pessoais, conceito de si mesmo e de realidade, respostas aprendidas 
recentemente e pautas de reação existentes e uma síntese de tudo isso. 
4- O conceito de si mesmo começa a formar-se antes da adolescência, se 
torna mais claro nesta etapa e nela se expressa em termos ocupacionais. 
5- À medida que o indivíduo cresce, os fatores da realidade tornam-se cada 
vê mais importantes como determinantes da escolha vocacional. 
6- As identificações de um indivíduo com seus pais influem diretamente em 
sua escolha vocacional. 
7- A movimentação que um indivíduo realiza de um nível ocupacional a outro, 
está relacionada com sua inteligência, nível sócio econômico dos pais, 
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11 
necessidades de status, valores, interesses, habilidade nas relações 
interpessoais e as condições econômicas de oferta e demanda. 
8- O campo ocupacional no qual entra o indivíduo está relacionado com seus 
interesses, valores, necessidades, com as identificações que faz com os 
modelos parentais, os recursos da comunidade que utiliza, o nível e 
qualidade de seus antecedentes ocupacionais e a estrutura ocupacional, 
tendências e atitudes de sua comunidade. 
9- Os indivíduos, em geral, são multipotenciais, e as profissões, 
habitualmente amplas o bastante para permitir certa variedade de 
indivíduos em cada ocupação e certa variedade de ocupações para cada 
indivíduo. 
10 e 11- As satisfações na vida e no trabalho dependem da medida em que 
o indivíduo possa consolidar seu conceito de si mesmo mediante o 
desempenho de seu “rol” ocupacional. 
12- O Trabalho de um indivíduo pode lhe proporcionar um modo de integrar 
ou manter a organização de sua personalidade. Em outras palavras, a 
atividade laboral pode ser um dos principais mecanismos de adaptação ou 
defesa do indivíduo. 
Mais uma vez, a teoria desenvolvimentista tem como principal argumento a 
valorização do ser: seus anseios, suas potencialidades e a forma como o meio 
interfere nesse desenvolvimento, que muito utilizará de seu emocional, psicológico e 
principalmente, de sua estrutura cognitiva. Além desses pressupostos, Super Donald, 
introduziu também o conceito de maturidade vocacional, descrevendo cinco etapas, 
desde o nascimento até o final da vida de trabalho, destacando o grau de 
desenvolvimento individual: 
1-Fase de crescimento (Infância): O Autoconceito desenvolve-se por 
identificação com modelos parentais e sociais. Predomina a fantasia e a 
imaginação, sendo que o interesse e a capacidade vão tomando 
importância à medida que aumenta sua participação social. 
2- Fase de exploração (Adolescência): Predomínio da autoanálise, 
representação de papéis e exploração ocupacional (busca de informação 
acerca da questão ocupacional). 
3- Fase de estabelecimento ou afirmação (Idade adulta): É uma etapa de 
maturidade. Trata-se de condutas adaptativas de eficiência ou de 
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12 
estabelecimento na carreira. Busca de estabilização no mundo do trabalho. 
4- Fase de permanência ou manutenção (Maturidade): Já se conhecem 
bem as possibilidades de carreira e mercado. O lugar no mundo do trabalho 
já foi conquistado. A preocupação desta fase é a de sustentar e manter o 
posto alcançado. Já ocorre uma certa desaceleração e uma tendência a 
concentrar-se no conhecido como fonte de segurança, evitando-se o novo. 
5- Fase de declínio (Velhice): A aposentadoria se aproxima, as forças 
físicas e mentais declinam, o ritmo afrouxa, a atividade tende a diminuir e 
finalmente a atividade laboral regrada é abandonada. 
Dentro desses princípios, o orientador terá como principal função a facilitação 
do indivíduo à sua adaptação à mudança como parte de sua vida profissional. Assim, 
tendo o orientador a sua função bem definida, trabalha-se também o que o indivíduo 
deve encontrar aolongo dessa orientação. Acredita-se que o indivíduo encontra 
satisfação no trabalho na medida em que a sua função permita o mesmo ser a pessoa 
que realmente se é, ou seja, praticar seus valores, saciar seus desejos e aplicar seus 
talentos. Podemos ainda destacar na teoria de Super o seu enfoque evolutivo, sua 
construção vocacional gradual. 
Atualmente, tal teoria ocupa um lugar de destaque entre as teorias 
desenvolvimentistas. Encerrando o rol de teorias desenvolvimentistas, vale a pena 
destacar a teoria Tiedmane e O´Hara. Esses autores trouxeram uma importante 
contribuição no tocante ao desenvolvimento vocacional. Enunciam conceitos que 
visam estabelecer uma relação concreta entre a personalidade de um indivíduo e o 
caminho a ser trilhado durante sua carreira. Os dois pontos chave propostos pelos 
autores são a diferenciação e a integração. Diferenciação, no que tange discriminar 
os estímulos externos que se colapsam com o Eu. Integração no sentido de extrapolar 
o todo, começando pelas partes. Ambos são, de certa forma, a reorganização dos 
elementos que foram diferenciados. Ainda segundo O´Hara e Tiedman, a 
diferenciação se inicia com uma problemática, com um período de preocupação, no 
qual o indivíduo explora as possibilidades para que então possa se decidir, definir suas 
posições, eleger e especificar sua escolha. 
Na etapa de exploração, o sujeito considera um elevado número de possíveis 
alternativas vocacionais, analisa suas finalidades e as possibilidades de alcançá-las, 
ordenando-as. Nessa etapa de decisão, segue a ordenação das finalidades 
desejadas, definindo os seus valores com maior precisão. Na etapa de eleição, 
 
13 
procede uma decisão estável, chamada de cristalização, e sua estabilização depende 
da força com que resolveu os problemas da ordenação, para chegar, finalmente, a 
uma escolha. A etapa final, chamada especificação, afeta a imagem de si mesmo e 
cria potencialidades para a realização vocacional ante circunstâncias que contrariam 
sua autorealização. 
Após o período de preocupação, temos o “período de realização”, ou de 
adaptação, no qual o indivíduo dá sequência à sua escolha e se adapta às suas novas 
funções. Os autores dividem o período de realização em três etapas: “Indução”, 
“Reforma” e “Integração”. Na etapa de indução, o sujeito começa a aprender assumir 
compromissos à proporção que se vai identificando com seu novo meio, ou seja, etapa 
inicial do desenvolvimento de uma nova atividade. Na etapa de reforma, se mostra 
receptivo ao novo meio e ali se integra, começa a se afirmar e busca influenciar 
positivamente esse meio. Reformula posições à medida que as experiências 
vocacionais vão lhe confirmando seus desejos. 
Por fim, na etapa de integração, o sujeito deve encontrar um equilíbrio dinâmico 
de interinfluência entre o indivíduo e o meio, ou seja, realizar um balanço entre os 
esforços realizados, suas aspirações e as demandas do ambiente. Sua própria 
satisfação, ou não, é manifestada pelo rumo que as coisas irão tomar, ou seja, se o 
indivíduo se sente realizado profissionalmente ou não. Assim, podemos concluir que 
cada passo representa uma mudança singela no estado psicológico individual, a 
qualidade de cada decisão será diferente em cada estágio específico. A evolução da 
identidade de si mesmo como processo de decisão depende das características 
pessoais do indivíduo e do ambiente no qual está inserido, sempre em busca de 
integração das experiências em níveis progressivamente mais globais. Mais uma vez, 
ao orientador é atribuído o papel de facilitador: um orientador que tem como objetivo 
facilitar a tomada de decisão por escolhas racionais, permitindo ao indivíduo seu 
progresso nas suas sucessivas opções, enxergando a relação entre os diversos 
caminhos que decide trilhar. 
2.3 Teorias da Decisão (Abordagem Socioconitiva): 
O enfoque das teorias sociocognitivas resulta das orientações psicológicas 
modernas. O processo tem como objetivo a solução da problemática vocacional 
específica que cada indivíduo observa e aceita como problema, solicitando ajuda 
 
14 
quando reconhece que está imerso na dúvida. A chave para que o processo seja bem-
sucedido está no autoconhecimento, na análise da problemática da situação e, em 
geral, na busca de informações relevantes. A eficácia do processo de tomada de 
decisão está em admitir aspectos de cunho pessoal, valorização de opções 
vocacionais e alternativas de ações sob a responsabilidade do próprio sujeito, dentro 
de um processo estruturado. Busca perceber o sujeito como indivíduo psicológico, que 
organiza seu problema, age conforme seus interesses e os condicionantes sociais. 
Por outro lado, os modelos de tomada de decisão falham em especificar como 
este processo varia, dependendo do tipo de decisão, de personalidade e nível de 
maturidade do sujeito. Pode se considerar que em qualquer tomada de decisão 
sempre há um indivíduo que irá escolher entre várias opções, baseando-se sempre 
nas informações que possui. Para o autor, uma decisão pode ser tanto definitiva 
quanto exploratória, sendo que esta, tem o poder de modificar a primeira. Visto que o 
indivíduo adota um sistema racional para poder decidir. A partir do momento em que 
o indivíduo define o problema a ser enfrentado, passa por um momento preditivo. 
Neste momento, irá avaliar as possibilidades, tentar prever as consequências das 
possíveis tomadas de decisão e a probabilidade da concretização de cada uma 
dessas consequências. Logo em seguida, passa a um momento de avaliação no qual 
pesa o desejo dessas consequências, avaliando suas preferências dentre os distintos 
resultados. Finalmente, utiliza se um critério pessoal de decisão, avaliando e fixando 
cada uma de suas escolhas, a priori definitivas, que poderão ou não sofrer mudanças 
ao longo do caminho. Thomas Hilton relaciona o processo de tomada de decisão com 
uma teoria geral do comportamento na escolha ocupacional: “uma tentativa de 
redução do nível de dissonância cognitiva, elevado a níveis intoleráveis por estímulo 
ambiental”. Trata-se de um modelo complexo, baseado nas teorias do processamento 
da informação. Pode-se dividi-la em três elementos chave: 
1. Premissas, crenças ou expectativas sobre si mesmo e o mundo. 
2. Planos, imagens ou representações de ações globais associadas ao mundo 
vocacional particular. 
3. Dissonância cognitiva como método de prova e confrontação das premissas 
com os planos para a solução do problema vocacional. 
A teoria de Hilton se constrói no fato de que a observação dos estímulos 
ambientais pode interferir, o que é uma ideia comum a mais de uma das teorias de 
desenvolvimento vocacional já abordadas anteriormente. É possível observar de que 
 
15 
forma os estímulos ambientais podem interferir, alterando e distorcendo as premissas 
e planos do sujeito. Por fim, as escolhas ocupacionais ao longo do desenvolvimento 
vocacional, são presididas por duas tendências principais: progressiva eliminação de 
alternativas e a reafirmação das alternativas não excluídas, restringindo assim, 
gradativamente, a gama de opções, aumentando cada vez mais a certeza da decisão 
tomada. Tal processo é diferencial e privativo de cada sujeito, e tem a ver com a base 
experiencial relacionada à história pessoal de cara um. 
3 ORIENTAÇÃO PROFISSONAL 
 
Fonte: rhoriente.com.br 
A orientação profissional faculta uma escolha profissional que esteja, em 
sintonia com o conhecimento de si mesmo e da realidade do mercado de trabalho em 
que se insere, uma escolha refletida e discutida que envolve angústias, dificuldades, 
concessões e também alegrias, no sentido de a pessoa se assumir como responsável 
por si. Ela atua em todos os níveis e, seu objetivo inclui um projeto para a vida. Nesse 
sentido, espera-se que a orientação profissional prepare as pessoas para enfrentarem 
as permanentes transformações sociais e as situaçõesda vida do indivíduo. Diante 
da necessidade da inclusão social no que se refere à educação como prioridade para 
permitir o crescimento do país e também suprir a necessidade do mercado de trabalho 
houve uma separação de educação e cidadania, a fim de que a educação ajustasse 
os indivíduos ao mercado de trabalho e a acessibilidade da educação a todos. 
 
16 
Muitas vezes o jovem pensa não ter dúvidas sobre qual profissão deve buscar, 
por não ter averiguado todas as possibilidades e por ter uma relação fantasiosa com 
a profissão almejada. A orientação profissional é uma medida preventiva que objetiva 
auxiliar o jovem no processo de maturação em relação à escolha, orientando-o para 
qual caminho deve seguir, levando-se em consideração seus aspectos pessoais, 
familiares e sociais configurando a vontade de querer todas as possibilidades, porém, 
escolher significa dar preferência a uma delas perdendo se todas as outras, as demais 
alternativas que a princípio são igualmente atraentes, mas escolher uma delas 
significa não ter acesso as outras. Não é somente quem tem dúvidas sobre a profissão 
que deve buscar auxílio, mas toda pessoa em situação de escolha. 
A escolha vocacional é um dos problemas mais preocupantes para o 
adolescente. Ela provém da interação entre as aspirações e os conhecimentos que o 
jovem tem e suas condições atuais para a realização. Este processo é bem demorado, 
ele ocupa várias etapas da vida. Ele se inicia com a “fase da fantasia” onde o então 
pré-adolescente já reflete detalhadamente os fatores que facilitarão ou dificultarão a 
realização de sua ambição profissional. Na adolescência inicia-se o “período realista”, 
nele o adolescente consolida seu interesse por uma atividade e começa a verificar as 
probabilidades ocupacionais que poderá ampliar dentro da área escolhida. Isso é 
possível de acordo com os conhecimentos que tem de cada profissão. Sua primeira 
escolha pode não ser para sempre. 
Para a realização profissional há várias etapas, elas iniciam-se com frequentar 
um curso superior ou o primeiro emprego, onde ele pode reformular ou manter sua 
opção, pois há uma tendência em idealizar a profissão escolhida. Com a evolução da 
sociedade, o surgimento de novas oportunidades profissionais e o avanço tecnológico, 
novas opções despontam no mercado e a escolha profissional feita na adolescência 
poderá ser reformulada ou reforçada. O indivíduo pode adiar por vários anos sua 
verdadeira realização profissional e só concretizá-la após a aposentadoria. 
O autoconceito influi na escolha da profissão; sua formação se inicia com o 
desenvolvimento da identidade e coincide com o momento dessa escolha, vai 
evoluindo conforme o adolescente psicossocialmente explora, se identifica, 
sofre influências e desempenha papéis. (LEVENFUS 2002, apud VIEIRA 
2008, p 2) 
A escolha não é um momento estático no desenvolvimento de uma pessoa. Ao 
contrário, é um comportamento que se inclui num processo contínuo de mudança da 
 
17 
personalidade. Escolher faz parte de nossas vidas, sempre estamos em situação de 
escolha, ela não ocorre em determinada época e depois nunca mais, por isso a 
importância de se compreender o que é e como fazer escolhas, pois, conforme a 
possibilidade do decidir está estritamente ligada à possibilidade de suportar a 
ambiguidade, de resolver conflitos, de postergar ou graduar a ação, de tolerar a 
frustração. Muitas das escolhas profissionais são feitas sob uma visão linear sempre 
ligada a uma motivação pessoal, um gosto, um interesse em realizar alguma atividade, 
isso não leva a uma satisfação profissional, pois, para ser bem-sucedido em uma 
profissão é preciso muito mais. O jovem nesta fase da adolescência passa por um 
momento muito delicado de reconhecimento de sua identidade. Ele ainda não definiu 
bem o “eu sou” e, talvez nem o venha definir completamente. E, é o futuro que 
determinará quem “eu serei” com o referencial do passado “eu fui”. 
O fato de decidirem-se com mais conhecimento de si mesmo e do mundo do 
trabalho traz uma motivação e um interesse muito maior pela atividade a ser 
desenvolvida. Em geral esse tempo gasto para pensar e refletir proporciona 
um amadurecimento maior no jovem em relação a si mesmo e à escolha 
realizada. (LUCCHIARI 2002, apud VIEIRA 2008, p. 3) 
É fundamental que o jovem venha sendo preparado, no decorrer de sua vida 
acadêmica, para o momento de escolha, assim quando chegar a hora ele sentir-se-á 
com mais estrutura emocional para as consequências que derivarão desta escolha, 
prosseguindo ou retomando novos caminhos. A adolescência é uma das etapas da 
vida do indivíduo em que a necessidade de educação mais se faz presente. E, a 
escola é o espaço de maior privilégio de vivência da adolescência, pois, é um espaço 
físico social, humano, ideológico, o lugar das ideias por excelência, de debates, de 
transmissão, de assimilação ou rejeição em que a adolescência floresce todos os dias. 
Assim sendo, este ambiente educativo terá que olhar para o adolescente em suas 
necessidades de desenvolvimento entre a capacidade de interrelação e a 
consolidação de sua identidade, possibilitar o contato com figuras significativas, 
confronto com valores, atitudes e ideais que poderão dar sentido à sua vida no seu 
processo de descoberta de si mesmo, possibilitando assim, num contexto protegido e 
aberto o encontro consolidar-se como pessoa sem ter que converter as suas 
fragilidades em agressividade. 
A criança, ao longo do seu desenvolvimento, precisa aprender com o apoio 
de seus familiares e educadores a assumir suas responsabilidades e 
escolhas. Ao ser incentivada e apoiada em suas decisões a criança aprende 
 
18 
a emitir comportamentos adequados em seu meio social e de forma segura, 
sendo então reconhecida (consequências positivas). Se a criança não 
aprende a enfrentar situações de estresse ou de qualquer outro tipo de 
dificuldade com o apoio e carinho de seus familiares, haverá uma grande 
probabilidade de ela aprender a emitir comportamentos de fuga e esquiva ou 
agressivos, conforme a sua história de reforçamento. (FARIAS, 2007, apud 
VIEIRA 2008, p.4) 
Um adolescente que tenha passado por uma infância com a participação efetiva 
de seus familiares e educadores tende a realizar suas escolhas com maior facilidade 
e a superar as frustrações com mais naturalidade, por isso a atuação da família e da 
escola é um ponto fundamental na formação de um indivíduo. São as relações 
estabelecidas entre as pessoas que desempenham papéis importantes na vida de 
cada um, como os pais, amigos, professores, etc. é que formam a identidade. Desde 
criança o ser humano já se identifica, consciente ou inconscientemente, assumindo e 
experimentando papéis que vão servir de base para o estabelecimento da identidade 
futura. 
As profissões dos pais influem de forma decisiva na maneira como o jovem 
representa o mundo do trabalho. A formação da identidade profissional está 
relacionada com a sua percepção da satisfação ou insatisfação de seu pai 
em seu trabalho. (LUCCHIARI, 2002, apud VIEIRA 2008, p. 4) 
Os pais e/ou responsáveis pelo jovem devem tomar muito cuidado ao expor 
suas experiências profissionais pois elas poderão fazer a diferença na escolha deste 
jovem, tanto para a realização quanto para a desilusão. 
3.1 A família no momento da escolha profissional 
A família como primeira instituição que faz da criança um sujeito que tem uma 
história, mas que também constrói uma nova história precisa irmanar-se na tarefa de 
ajudar as crianças a se tornarem cidadãos. Os pais são os primeiros educadores, e é 
deles que a escola recebe o encargo por delegação. Escola esta escolhida por eles. 
É na família que a criança forma os conceitos de si própria, do mundo e do lugar que 
ocupa no mundo. O relacionamento familiar permitirá ou não, um autoconceito 
favorável, além de um julgamento pessoal que o indivíduo assume perante si próprio.Este autoconceito influirá diretamente em suas escolhas. A participação da família no 
processo de escolhas do jovem é de suma importância. Porém, especificamente na 
escolha profissional, esta deve ter cuidado para que a busca pela realização de suas 
 
19 
expectativas em detrimento de interesses pessoais não influencie na decisão e na 
fabricação dos diferentes papéis profissionais. 
A família é a célula social responsável pela transmissão da ideologia 
dominante, dos valores morais, dos pensamentos e da cultura, o elo 
intermediário entre o social e o indivíduo e, o jovem é o resultado dessa 
relação da família com a sociedade. (LUCCHIARI, 2002, apud VIEIRA 2008, 
p.5) 
Escolher é um processo doloroso que exige muito de qualquer um que se 
encontre nesta situação, especialmente um jovem que está em formação. E, para que 
ele tenha uma maior, segurança, tranquilidade neste momento é necessário um apoio 
familiar, o que não garantirá o acerto na escolha mas amenizará a frustração caso não 
seja feita a correta. Muitas famílias querem contribuir para o acerto na escolha 
profissional, porém, na ânsia de que o jovem acerte, não sofra, acaba por realizá-la, 
ou até mesmo determiná-la por ele, desconsiderando seu real interesse, o que por 
vezes acarreta em profissionais amargos, mal-humorados, descompromissados. 
Almejando evitar tal situação é que a família, antes de emitir qualquer opinião referente 
à escolha profissional do jovem, precisa também se informar do como fazê-lo e saber 
aceitar e apoiar quando a decisão deste não condizer com o esperado, sonhado por 
todos. Os familiares precisam ter ciência de que são transmissores de valores, 
atitudes e informações profissionais e que exercem influência contínua durante a 
adolescência. É fundamental analisar os determinantes familiares na escolha 
profissional pois são reflexos de toda uma sociedade que organiza a vida dos seus 
indivíduos. Sendo a família a responsável pelo estabelecimento da ponte com a 
sociedade, não pode ser vista fora desta dimensão. 
 
20 
4 ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL NO CONTEXTO ATUAL: REFLEXÕES E 
NOVAS POSSIBILIDADES 
 
 Fonte: slideplayer.com.br 
Diante dos dados da literatura a respeito dos obstáculos encontrados na 
atualidade pelos adolescentes na hora de fazer as primeiras escolhas profissionais e 
sobre a evasão universitária, associadas às proposições a respeito das características 
de fluidez da modernidade liquida, (A modernidade líquida é um fenômeno descrito 
inicialmente pelo sociólogo Zygmunt Bauman (1999; 2001), que corresponde às 
características de efemeridade, fluidez e falta de comprometimento presentes no 
mundo contemporâneo) propõe-se aqui uma reflexão sobre as dificuldades de 
apropriação e comprometimento nas relações que os jovens estão estabelecendo com 
as informações e com as escolhas que enfrentam, e o impacto disso para a 
intervenção em Orientação Profissional. O futuro da Psicologia Vocacional depende 
da sua capacidade de responder às mudanças na sociedade, ao oferecer modelos, 
métodos e materiais que permitam uma intervenção adaptada ao contexto atual. 
Primeiramente, há a ideia de que a Orientação Profissional de adolescentes 
tem como objetivo principal fazer com que estes definam, da forma mais acertada 
possível, uma carreira ou trabalho a ser seguido. 
Contudo, é importante frisar que este processo é também uma possibilidade 
para o adolescente se conhecer melhor, ampliar e transformar a consciência 
que possui acerca de si mesmo, do mundo do trabalho e dos cursos e 
profissões pelos quais se interessa – tudo isso dentro de sua realidade sócio 
histórica – tendo, dessa forma, melhores condições para fazer suas primeiras 
 
21 
escolhas profissionais, assim como pensar e organizar seu projeto de vida 
como um todo, já que vida profissional e pessoal são esferas intrinsecamente 
ligadas e as escolhas de uma influem na outra ( TEIXEIRA, 2006, apud 
SANTOS, 2014, p.272 ). 
A orientação profissional tem, portanto, a função de auxiliar o adolescente no 
processo de tomada de consciência sobre “quem ele quer ser”, e deve possibilitar que 
os jovens aprendam a fazer suas escolhas da forma mais autônoma e consciente 
possível. Contudo, fazer escolhas de forma autônoma e consciente é uma tarefa 
complexa e que pode ser difícil de ser cumprida diante das características da 
modernidade liquida. Se, por um lado, o monitoramento reflexivo da ação apresenta-
se como uma característica da modernidade líquida, por outro, a fluidez 
contemporânea dificulta e até mesmo pode impedir a reflexão, pois com os luxos 
sensoriais e informacionais contínuos, produzidos em grande parte pelas modernas 
exigências de intensa produtividade, o exercício da consciência estaria sendo 
reduzido, intensificando a descontinuidade, a fragmentação, e aí a superficialidade, a 
ausência de discernimento. 
Em consonância com esta percepção, na prática, constata-se que os sujeitos 
em processo de escolha profissional apresentam dificuldades em estabelecer 
prioridades e hierarquias de interesses, em pensar em si mesmos no futuro e em 
comprometer-se com valores pessoais e projetos de vida. Considerando as diferentes 
dimensões envolvidas nos processos de orientação profissional com adolescentes, 
três delas foram selecionadas para a presente reflexão com base em uma hierarquia 
de relevância orientada pela experiência de duas décadas de atuação prática na área, 
pelas indicações presentes na literatura especializada e pela intensidade do impacto 
da fluidez presente na modernidade líquida sobre as escolhas profissionais, a saber: 
as dimensões da informação profissional, do comportamento exploratório vocacional 
qualificado e da orientação para o futuro. Chama a atenção o fato dos jovens 
contemporâneos apresentarem-se, paradoxalmente, substancialmente 
desinformados justamente na era da informação, na qual internet e outros diversos 
mecanismos proporcionam um acesso bastante amplo a uma série cada vez mais 
volumosa de conteúdos. 
As formas de apropriação das novas tecnologias da informação e 
comunicação precisam ser problematizadas, uma vez que as TIC se 
configuram como instituições de socialização hodiernas. (BÉVORT,2009, 
apud SANTOS, 2014, p.273) 
 
22 
Seria por conta da fluidez já mencionada que, justo na era da informação, os 
adolescentes parecem estar tão mal informados sobre questões relativas ao mundo 
do trabalho e tão pouco conscientes de suas próprias características? É importante 
ressaltar também que, obviamente, nem todas estas fontes necessariamente 
disponibilizam informações verídicas/realistas. Os adolescentes precisam, então, 
aprender a filtrar, aprofundar e se apropriar de uma forma crítica destas informações. 
Mas como seria possível mediar o desenvolvimento de competências para o uso da 
informação e da capacidade de transformá-la em conhecimentos úteis a esses 
sujeitos? Essa é, sem dúvida, uma questão demasiadamente ampla e complexa. No 
que se refere especificamente à dimensão da informação profissional, propõe-se que 
no processo de orientação profissional seja refletido a respeito da confiabilidade das 
informações disponíveis, bem como sejam evidenciados e discutidos os valores 
dominantes na sociedade, para que se estabeleça uma relação entre estes e a 
escolha profissional. 
O desafio da orientação profissional com adolescentes em peças publicitárias, 
novelas, filmes, entre outros materiais, na qual se procure extrair as mensagens 
implícitas das cenas apresentadas surge como uma possibilidade de atuação prática 
nessa direção. Tais cenas costumam passar mensagens que valorizam o poder, o 
prestígio, o dinheiro e o individualismo, valores que são relacionados ao poder de 
consumo e que influenciam a escolha profissional, os quais devem ser discutidos junto 
a outros valores que também a demarcam, como os vinculados ao compromisso social 
e à realização coletiva. Deve-se,portanto, propor ao orientando que este analise, 
critique, relacione e estabeleça sua própria hierarquia entre estes valores, que pode 
estar ou não de acordo com a hierarquia dominante. Relacionado à seleção e à 
reflexão crítica sobre as informações disponíveis, dentre os fatores importantes para 
que o processo de escolha profissional alcance bons resultados, destaca-se a 
dimensão do comportamento exploratório vocacional qualificado. O comportamento 
vocacional exploratório compreende as atividades realizadas a fim de reunir 
informações sobre si mesmo ou sobre o ambiente que ajudarão na escolha, 
preparação, entrada, ajustamento ou progresso em uma ocupação ou carreira. 
Contudo, nem todo tipo de experimentação e investigação conduz 
necessariamente a uma boa escolha; é preciso que haja também 
comprometimento por parte do orientando que proporcione reflexões 
profícuas sobre essas experiências, ou seja, é preciso que o comportamento 
 
23 
exploratório seja qualificado (LASSANCE, 2010, apud SANTOS, 2014, 
p.274), 
 O que envolve um movimento que vai, evidentemente, de encontro à lógica 
supericfializante da modernidade líquida. A relevância da dimensão orientação para o 
futuro destaca-se, ainda, nos processos de orientação profissional, especialmente no 
desenvolvimento de carreira dos jovens, devido ao fato de estes estarem em uma 
etapa de ênfase na exploração de possibilidades de trabalho e formação, de 
capacidade de planejamento, decisão, elaboração de projetos pessoais e vocacionais. 
Relações positivas entre orientação temporal para o futuro e um conjunto de 
características vocacionalmente relevantes como adaptação acadêmica e atitude 
acadêmica positiva, exploração vocacional, autoestima e locus de controle interno, 
estabelecimento de metas de carreira e motivação dos estudantes têm sido 
verificadas, inclusive, em uma série de estudos. Nesse sentido, a orientação 
profissional deve incluir atividades que promovam a orientação temporal para o futuro. 
Todavia, percebe-se um inicial paradoxo entre o processo da modernidade 
líquida, orientado ao presente, vínculos imediatos e superficiais, e a necessidade da 
orientação profissional para proporcionar aos adolescentes uma perspectiva mais 
voltada ao futuro, à capacidade de antecipação e planejamento, à reflexão sobre 
preferências e interesses estáveis e duradouros, que embasem a construção de 
projetos individuais e sociais. Como as ações humanas transcendem às intenções 
deliberadas dos agentes, mesmo na ausência de uma clara orientação para o futuro 
a vida segue; no entanto, nesses casos, o papel de protagonista dos sujeitos diante 
de suas trajetórias de vida pode ser questionado, ao mesmo tempo em que se 
multiplicam as chances de suas histórias pessoais serem conduzidas pelos ditames 
da atual modernidade líquida. Por fim, tendo em vista essas características de fluidez 
e falta de comprometimento presentes na modernidade líquida, é possível concluir 
que o processo de orientação profissional de adolescentes se faz complexo, 
desafiador e, em relação ao passado recente, ainda mais necessário. Para que possa 
fazer escolhas consistentes e construir uma carreira satisfatória, será preciso que o 
adolescente tenha oportunidade e disposição para buscar e refletir a respeito de uma 
série de informações acerca do mundo do trabalho e de si próprio (seus interesses, 
valores, habilidades e aspirações), para realizar uma análise hierárquica relacionada 
a estas questões e para se comprometer com este processo. 
 
24 
Certamente o desenvolvimento de uma carreira consistente e alinhada com os 
projetos profissionais de cada jovem poderá ser perturbado pelas dinâmicas flexíveis 
e incertas observadas atualmente no universo das organizações e do trabalho, bem 
como dependerá de uma série de fatores socioeconômicos relacionados ao acesso 
aos meios de autorrealização, que ainda se apresenta extremamente desigual na 
modernidade líquida. Não obstante essa realidade, evidencia-se a relevância dos 
processos de orientação profissional enquanto momentos de parada, propícios para 
a avaliação crítica de novas possibilidades com base no autoconhecimento reflexivo; 
ou melhor, em um contexto de modernidade líquida, a importância da orientação 
profissional apresenta-se de forma intensa e renovada. O orientador profissional terá, 
entre outras tantas atividades, que auxilia o adolescente especialmente na ampliação 
de seu autoconhecimento, uma vez que na atualidade os jovens encontram-se tão 
desprovidos de tempo e oportunidades para conhecer a si mesmos, e o 
autoconhecimento será fundamental para que eles saibam quem são e o que querem, 
para que possam, então, empreender escolhas consistentes com seus projetos de 
vida. 
Embora a necessidade de autoconhecimento esteja na base dos processos de 
orientação desde sua criação enquanto prática aplicada da psicologia, parece 
necessário, nesse novo contexto, que uma parcela significativa do tempo da 
orientação seja dedicada a ele. Também será preciso intensificar o auxílio ao jovem 
no desafio da orientação profissional com adolescentes, qualificação de seu 
comportamento exploratório, ou seja, no aprendizado da filtragem, aprofundamento e 
apropriação das informações disponíveis, bem como na orientação temporal para o 
futuro, desafiando a força do curto prazo. Isso envolverá a reflexão sobre a 
modernidade líquida e a construção de um pensamento crítico dos jovens sobre si 
mesmos e a respeito de suas realidades sócio históricas, principalmente no que diz 
respeito à necessidade de desaceleração, conscientização e comprometimento, seja 
na hora de escolher um curso, uma profissão, planejar sua carreira ou em qualquer 
outra circunstância. 
 
25 
5 O AUTOCONHECIMENTO E A ESCOLHA PROFISSIONAL 
 
Fonte: www.marcostito.com.br 
Para fins didáticos, podemos dividir os fatores determinantes nas escolhas 
profissionais em fatores políticos, econômicos, sociais, educacionais, familiares e 
psicológicos. Todos estes influenciam na escolha profissional e atuam juntos. 
Tratando dos fatores psicológicos, eles dizem respeito aos interesses, às motivações, 
às habilidades e às competências pessoais. Eles também se referem à compreensão 
e conscientização dos fatores determinantes em contraposição a desinformação a 
qual o indivíduo está submetido. Conhecer os valores, os interesses pessoais, as 
habilidades, as expectativas, as influências familiares e sociais, dentre outras 
características, fazem parte do processo de autoconhecimento voltado para a escolha 
profissional. A Orientação Profissional no Brasil, já na década de 60, descobriu a 
importância do autoconhecimento para a realização pessoal na profissão. 
O autoconhecimento e as informações sobre as profissões sempre foram, e 
continuam sendo, relevantes na Orientação Profissional. Conhecer a si 
mesmo é um dos fatores cruciais no processo de tomada de decisão. (SILVA 
1999, apud SOUZA, 2013, p. 2), 
O autoconhecimento por parte do orientado é valioso para sua escolha 
profissional. Entende-se que o papel do orientador profissional não é dar uma resposta 
pronta ao orientado, mas sim, facilitar para que este chegue a uma decisão pessoal 
responsável, o processo de escolha é sempre do sujeito. Por isso, conhecer suas 
habilidades, seus interesses pessoais, valores, influências familiares, sociais e 
 
26 
expectativas é imprescindível para esta tomada de decisão consciente. As técnicas 
envolvem entrevistas, dinâmicas de grupo e aplicação de testes psicológicos, como o 
EMEP (Escala de Maturidade para Escolha Profissional) e o BFP (Bateria Fatorial da 
Personalidade). 
6 O PROCESSO DE ESCOLHA PROFISSIONAL 
 
Fonte: guiadoestudante.abril.com.br 
Construir uma identidade, implica em definir quem a pessoa é, quais são seus 
valores e quais as direções que deseja seguir pela vida. Identidade é uma concepção 
de si mesmo, composta devalores, crenças e metas com os quais o indivíduo está 
solidamente comprometido. Á formação da identidade do eu recebe a influência de 
fatores intrapessoais (capacidades inatas do indivíduo e características adquiridas da 
personalidade), de fatores interpessoais (identificações com outras pessoas) e de 
fatores culturais (valores sociais a que uma pessoa está exposta, tanto globais quanto 
comunitários).O processo de constituição da identidade do indivíduo se torna ainda 
mais complexo diante da multiplicidade de opções que a sociedade contemporânea 
oferece e da sua constante transformação. 
A escolha da profissão também faz parte deste processo de construção de 
identidade, sendo que o desenvolvimento da escolha ocupacional não acontece de 
forma abrupta, pois desde crianças fazemos brincadeiras e realizamos pequenas 
escolhas que norteiam esta questão, mas a autopercepção vai mudando à medida 
 
27 
que desenvolvemos e assimilamos outras identificações, sendo no período da 
adolescência, que esta preocupação com a carreira emerge. A escolha acompanha o 
homem em toda sua vivência emocional e qualquer escolha implica em uma perda, o 
abandono de investimentos e o seu luto, ou seja, descartar outras opções. Acredita-
se que a ausência de um padrão conhecido, sob a forma de uma ou mais pessoas 
com quem identificar-se, pode desviar o jovem de um campo de interesse. 
Para que haja uma consolidação de identidade adequada, é importante que o 
meio em que está inserido propicie ao jovem, valores e informações claras. 
“[...]desenvolver uma identidade madura supõe identificar-se com uma 
ocupação determinada e com um núcleo de relações interpessoais 
relativamente estáveis”. (FERREIRA, 2003, apud AVILA,2009, p.10) 
6.1 Fatores de influenciam do processo da escolha profissional 
São muitos os fatores que influenciam o processo de escolha de uma profissão, 
desde as características pessoais a convicções políticas e religiosas, valores, crenças, 
contexto socioeconômico, família e pares. 
A família é um dos principais influenciadores que podem tanto ajudar como 
dificultar o jovem no momento da decisão profissional. Os pais constroem 
projetos para o futuro do filho e desejam que ele corresponda à imagem 
sobre ele projetada, propondo, muitas vezes, objetivos que na realidade 
eram sonhos seus que não puderam realizar na juventude (SOARES 2002, 
apud ALMEIDA 2008, p.178). 
Assim, o jovem se torna depositário das aspirações profissionais dos pais. De 
alguma maneira, os pais introduzem em seus discursos seus próprios desejos sobre 
os projetos de seus filhos, sem nem mesmo darem-se conta. As profissões seguidas 
pelos pais, e sua satisfação com elas também servirão como papéis de identificação 
para o adolescente. O filho estabelece conceitos e valores acerca das profissões de 
acordo com o que é falado pela família. Outro fator de influência no processo de 
escolha profissional do jovem é a escola. 
[...] na fase escolar a pessoa concretiza seus pensamentos e suas 
observações, adquire prática nas suas ações, o que a faz avançar e 
determina muitos pontos do seu perfil, tanto biológico quanto psicológico. 
(TREICHEL, 2006, apud AVILA 2009, p.11). 
Porém, acredita-se que, é necessário que a escola proporcione opções de 
escolha para que as crianças e adolescentes possam desenvolver seu senso crítico 
 
28 
também em relação a carreira a ser seguida, pois as vezes a escola limita, fazendo 
com que permaneça modelada e sem iniciativa pessoal. 
A escola não tem estimulado o processo de autoconhecimento, assim, os 
jovens tendem a se sentirem desamparados em relação à escola, pois esta 
não responde, na maioria das vezes, às suas necessidades de participação 
no mundo social, político e econômico, fazendo normalmente uma 
preparação para o vestibular. (SOARES, 2002, apud AVILA, 2009, p.11). 
 Este tipo de abordagem ignora as aptidões individuais de cada aluno, e pode 
gerar maior insegurança e ansiedade no processo de escolha profissional. Procurando 
o aluno ideal, a escola padroniza e tenta tornar homogêneos os alunos, promovendo 
assim, um processo de destruição da autoestima destes. 
Em um sentido geral, existem duas maneiras de se pensar na escolha da 
carreira: procurar uma ocupação que proporcione satisfação e prazer com a qual 
possam ter uma vida interessante; ou considerar uma ocupação principalmente como 
meio de ganhar a vida e segurança para a consecução de poder. Nesta última maneira 
de se pensar em uma profissão, as preocupações dos jovens podem estar ligadas ao 
mercado de trabalho. Ao considerar o dilema vocacional dos adolescentes do Brasil, 
defrontaremos com a defasagem entre as aspirações profissionais destes jovens e a 
realidade do mercado de trabalho. 
Considerando esta visão distorcida que muitos jovens têm em relação a 
realidade do mercado de trabalho no Brasil, fatos como o desemprego, a concorrência 
acirrada no mercado, as condições críticas impostas pelo contexto sócio econômico 
nacional e internacional, inovações tecnológicas e científicas, o surgimento contínuo 
de novas ocupações, as mudanças nos critérios de empregabilidade, justificam a 
existência de serviços de Orientação Profissional. 
O mundo do trabalho está mudando e exige um profissional mais competente 
e mais informado. Além de maiores exigências o processo de socialização do jovem 
para o mercado de trabalho, é afetado pela falta de ocupações que vem ocorrendo; 
porém: 
[...] cerca de 1,5 milhões de jovens potencialmente ingressam no mercado de 
trabalho anualmente. Neste sentido, pode-se afirmar que, muitas vezes a 
escolha profissional pode estar vinculada ao fato de que certos campos ou 
cargos trabalhistas estão, no momento, em ascensão. (MATTOSO 2000 apud 
LEVENFUS, 2002, p.37). 
 
29 
É importante que o jovem entenda que está sendo constantemente influenciado 
no seu processo de escolha profissional. O reconhecimento destas influências pode 
vir a colaborar com a elaboração de um projeto de carreira, pois o indivíduo pode usá-
las de forma positiva e construtiva, de maneira a adequá-las aos seus próprios desejos 
e valores. 
7 ESCOLHA PROFISSIONAL: O QUE A ESCOLA TEM A VER COM ISSO? 
 
Fonte: colegiosionrj.com.br 
A escola é a maior responsável pela mudança social. Esta só ocorrerá com 
cidadãos, conscientes da realidade, com alternativas de mudanças reais, que tomem 
decisões responsáveis e transformadoras em prol de um bem comum. 
A escolha consciente por parte dos jovens de sua futura profissão pode ser 
um dos caminhos para se alcançar uma maior relação da escola com a 
realidade. À medida que um maior número de pessoas ingressar na 
universidade, conscientes do seu compromisso social, poderá reivindicar 
mudanças, alterações curriculares e estruturais da universidade, tentando 
aproximá-la mais da realidade (LUCCHIARI, 2002, apud Vieira, 2008, p.6) 
Para que o jovem não se sinta impotente quanto ao seu futuro, imaginando-se 
incapaz de realizar algum trabalho profissional quando conclui seu Ensino Médio, 
profissionalizante ou mesmo a Universidade é necessário que haja uma integração 
entre a sociedade e os setores de produção. Mas isso não é nada fácil, pois os 
professores que atuam nestes níveis são frutos deste mesmo sistema de ensino 
desatualizado e ultrapassado. Geralmente a escola não responde às necessidades 
 
30 
de participação no mundo social, político e econômico, deixando nos jovens uma 
sensação de desamparo. Não há eficiência na orientação para o trabalho, não há 
integração da escola com a vida, dificultando ainda mais a escolha por uma profissão. 
Para que o jovem realize sua escolha com tranquilidade é necessário que 
esteja preparado psicologicamente e que os fatores externos (família, escola, 
sociedade) o auxiliem, oferecendo-lhe as condições de que precisa para este 
momento de expectativas e de tensão emocional. A escola propõe-se a oferecer 
conhecimentos técnicos eformação moral, mas, mesmo assim o jovem se sente só, 
sem rumo, frente ao desafio da escolha indelegável, do desafio à ação. 
A Orientação Profissional auxiliará no desenvolvimento de meios que busquem 
a clareza racional e o equilíbrio emocional, para que suas escolhas sejam compatíveis 
com a realidade, sabe-se que a adolescência encerra importantes questões com as 
quais a pessoa é desafiada e que dizem respeito à passagem de um mundo infantil 
para o mundo das responsabilidades e da identidade adulta. Ninguém para de crescer 
com o fim da adolescência, mesmo sendo um período difícil de precisar quanto a seus 
limites exatos. Todos aprendemos e nos modificamos até o fim da vida. 
Em nossa cultura, nem sempre, para nós, é clara a passagem para o mundo 
adulto. Nossa sociedade contemporânea, ocidental, exige mais do indivíduo no que 
se refere a colocar-se enquanto sujeito adulto. Neste outro sentido é que se torna 
relevante o processo de Orientação Profissional. Por isso, um processo de Orientação 
Profissional que facilite uma escolha consciente e bem formulada consiste em um 
primeiro passo à realização profissional. 
É, portanto, um instrumento que atua no sentido de programação da saúde 
humana, agindo profilaticamente. Uma pessoa satisfeita com seu trabalho, em uma 
ocupação associada à sua personalidade e a seus anseios, é alguém que tende à 
realização e a uma capacidade produtiva maior. Com a globalização da economia, há 
exigências crescentes no mundo profissional, frente às quais são necessárias 
posturas flexíveis que respondam às demandas do mercado de trabalho. O ritmo das 
mudanças pede ao indivíduo uma postura ativa, de participante da realidade, capaz 
de se posicionar e de exercer escolhas constantemente. 
A escola deve preocupar-se em conscientizar os jovens de que o momento de 
escolha é um processo de aprendizado a ser levado para outros momentos e que tem 
muito a contribuir na formação pessoal, no reconhecimento de si enquanto sujeito de 
escolha capaz de visualizar as possibilidades que a sociedade lhe oferece quanto a 
 
31 
escolha profissional, além de ser um espaço para autoconhecimento, apoio e busca 
de posicionamento crítico do sujeito frente ao processo de ingresso no mundo 
profissional, facilitando ainda a troca de experiências entre os envolvidos. 
Nenhuma escolha é definitiva, pois situações novas sempre se apresentarão, 
exigindo posicionamento, escolha e ação. A escola pode facilitar esta escolha, ou seja, 
participar auxiliando a pensar, coordenando o processo para que as dificuldades de 
cada um possam ser formuladas e trabalhadas levando o jovem a descobrir quais 
caminhos pode seguir e que cada escolha feita faz parte de um projeto de vida que 
vai se realizando. A vida se define pelo futuro que se quer alcançar. 
Espera-se que a escola continue com a educação iniciada na família, pois esta 
realiza melhor função quando pode ampliar e aprofundar a educação já iniciada na 
família. E, mais tarde, pela sua produção individual, sua escolha e atuação 
profissional, já adulto, dará sua devolutiva à vida, com sua integração e participação 
na comunidade ampla. Para se orientar o jovem a uma escolha profissional faz-se 
necessário que seja trabalhado questões como: O que é escolher? Quais aspectos 
estão envolvidos em uma escolha? Quais são os elementos sociais, econômicos, 
subjetivos que interferem na escolha? O que significa escolher uma profissão? Quem 
sou eu? Como eu escolho? Quais são meus talentos? Quais são minhas dificuldades? 
Como me localizo em relação às minhas escolhas? Como posso escolher melhor? 
Como minha postura diante das alternativas pode definir uma escolha consciente? 
Como me responsabilizo por minhas escolhas? Sou responsável por minhas escolhas 
e por meu futuro! O processo de escolha é contínuo! 
 
32 
8 O ENEM COMO POLÍTICA PÚBLICA: ACESSO E PERMANÊNCIA NA 
EDUCAÇÃO SUPERIOR 
 
Fonte: www.tvebrasil.com.br 
O ENEM faz parte das políticas de “avaliação em larga escala” promovidas pelo 
governo federal, assim como o Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) e 
o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE). Essas avaliações 
educacionais têm a finalidade de gerar informações significativas sobre a situação do 
sistema educacional brasileiro, apontando as qualidades e as deficiências do 
processo educacional. Vistas por outra ótica, esses exames se constituem em 
políticas educacionais de avaliação ancoradas na Carta Magna do país e em leis e 
regulamentos que definem o contrato e a orientação do Estado brasileiro, mais 
especificamente na Constituição de 1988, e na Lei de Diretrizes e Base da Educação 
Nacional, a Lei 9394/96. Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as 
seguintes condições: 
I - Cumprimento das normas gerais da educação nacional; 
II - Autorização e Avaliação de qualidade pelo Poder Público. Art. 9º A União 
incumbir-se-á de: [...] 
VI - Assegurar processo nacional de avaliação do rendimento escolar no 
ensino fundamental, médio e superior, em colaboração com os sistemas de 
ensino, objetivando a definição de prioridades e a melhoria da qualidade do 
ensino; 
VII - Baixar normas gerais sobre cursos de graduação e pós-graduação; 
VIII - Assegurar processo nacional de avaliação das instituições de educação 
superior, com a cooperação dos sistemas que tiverem responsabilidade sobre 
este nível de ensino; [...] (BRASIL, 1996, apud OLIVEIRA 2014. p.30). 
 
33 
O ENEM foi criado no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, mas 
teve continuidade no governo de Luiz Inácio Lula da Silva e também na gestão da 
presidenta Dilma Roussef. Desta forma, pode-se compreender que não se trata de 
uma política de governo e sim uma política de Estado, tendo em vista a continuidade 
entre os vários governos e os amparos legais na Constituição de 1988 e na LDB 
9394/96. O ENEM, além de medir o desempenho dos alunos concluintes do ensino 
médio, também se constitui em exame de acesso à educação superior, finalidade essa 
que emergiu de uma proposta do governo federal de torná-lo um instrumento mais 
adequado que o vestibular. Pode-se compreender que as políticas públicas 
educacionais voltadas para o acesso à educação superior, mesmo criadas em 
governos e contextos histórico-sociais distintos, resultaram em modificações ou 
criação de um determinado exame de acesso à educação superior. 
Ressalta-se que, apesar de termos modelos de Estado e ordenamentos 
jurídicos distintos, começando pelo Brasil Império até o atual modelo de Estado Social, 
os principais problemas que as políticas elaboradas pretendiam resolver possuíam 
temas semelhantes, tais como: a falta de vagas para acesso de candidatos diante da 
demanda crescente por acesso à educação superior; a necessidade de exigir 
conhecimentos mínimos dos candidatos, levando em conta que, sem esses 
conhecimentos, eles não estariam aptos a realizar os cursos; resolver os problemas 
referentes à quantidade de vagas ociosas, principalmente nos cursos menos 
concorridos e ainda, contribuir para a melhoria da qualidade do ensino médio. 
Observa-se que os exames de acesso à educação superior com atribuição de 
classificar os candidatos ainda são necessários, tendo em vista que não há 
perspectiva de universalização da educação superior nos próximos anos, 
considerando as proposições do Projeto de Lei N. 8.035/2010, que trata do novo Plano 
Nacional de Educação. Logo, é possível evidenciar que as políticas educacionais, com 
foco na melhoria dos exames de acesso à educação superior - como é o caso do 
ENEM - não solucionarão os problemas estruturais, como a falta de vagas para o 
acesso de todos os candidatos à educação superior. Todavia, parte-se do pressuposto 
que cabe às políticas governamentais a busca por melhoria dos sistemas de seleção 
hoje existentes, sem, contudo, desconsiderar que a demanda por educação superior 
é um dos desafiosque deve ser enfrentado por Estados democráticos, mesmo que 
seja a médio ou a longo prazo. É importante ressaltar, neste momento, a 
complexidade da temática que implica, por um lado, políticas de responsabilização do 
 
34 
Estado com expansão de oferta pública e por outro, a continuidade de ações voltadas 
para a expansão também nas instituições privadas, com apoio de recursos públicos. 
8.1 Garantias legais de expansão da educação superior pública 
A educação está prevista constitucionalmente como um direito fundamental de 
natureza social, incluindo o nível superior, entretanto, verifica-se que a educação 
superior é a que está mais distante de ter efetivada essa garantia, ou seja, chegar à 
sua universalização. A progressiva efetivação da garantia do ensino fundamental 
gerou novas demandas populares por acesso à educação, exigindo uma 
materialização da matrícula no ensino médio e superior, induzindo uma vertente 
democratizadora, por mais educação, para maior número de pessoas, por mais 
tempo. O ensino médio também está se expandindo e, segundo o mesmo autor, a sua 
universalização é parte do plano de ofertar uma educação com um mínimo de 
qualidade, por isso o aumento do acesso a essa modalidade é visto como uma ação 
positiva. No entanto, como consequência, revela outro problema complexo, que é a 
falta de vagas na educação superior. 
No Ensino Superior, a demanda que sobressai é a por mais acesso. Neste 
caso, particularmente mais complicada, posto que, diferentemente da 
Educação Básica, a oferta pública é significativamente restrita (OLIVEIRA, 
2006, apud OLIVEIRA 2014 p. 32) 
O Plano Nacional de Educação 2001 a 2011 previa como meta a ampliação do 
acesso dos jovens entre 18 e 24 anos para 30%, no entanto, conforme dados de INEP 
(2013c) aproximadamente 14,6% desses jovens estão na educação superior, que 
corresponde à taxa de escolarização líquida. Observa-se que o crescimento da oferta 
de vagas na educação superior, além de estar abaixo do esperado, foi maior na 
iniciativa privada de ensino. Reflexões sobre esse quadro evidenciam que, apesar da 
educação ser tratada como um direito fundamental de natureza social, algumas 
garantias são específicas da educação básica e deixam de fora a educação superior, 
conforme o tratamento dado no texto constitucional e na LDB. 
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a 
garantia de: 
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) 
anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a 
ela não tiveram acesso na idade própria; (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 59, de 2009) 
 
35 
II - Progressiva universalização do ensino médio gratuito; (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 14, de 1996) [...] 
IV - Educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos 
de idade (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006); 
V - Acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação 
artística, segundo a capacidade de cada um; [...] (BRASIL, 1988, apud 
OLIVEIRA 2014 p. 32) 
O texto constitucional pactua que o Estado deve garantir a educação básica a 
todos, de forma gratuita, inclusive para aqueles que não tiveram acesso na idade 
correta. No mesmo sentido, a LDB/96 reafirma o dever constitucional do Estado e 
ainda alega que a educação básica é um direito público subjetivo, e caso não seja 
garantido, qualquer cidadão ou entidade de classe legalmente constituída poderá 
acionar o poder público para efetivação de sua garantia. A educação superior não é 
considerada como direito público subjetivo, e a restrição ao seu acesso está prevista 
na atual LDB. 
Art. 44. A educação superior abrangerá os seguintes cursos e programas: I - 
cursos sequenciais por campo de saber, de diferentes níveis de abrangência, 
abertos a candidatos que atendam aos requisitos estabelecidos pelas 
instituições de ensino, desde que tenham concluído o ensino médio ou 
equivalente (Redação dada pela Lei nº 11.632, de 2007); II - de graduação, 
abertos a candidatos que tenham concluído o ensino médio ou equivalente e 
tenham sido classificados em processo seletivo [...] (BRASIL, 1996, apud 
OLIVEIRA 2014 p. 33) 
A educação superior é gratuita nas instituições públicas de ensino, e por possuir 
essa característica, entende-se que a educação superior também é um direito 
fundamental de natureza social, todavia o aumento progressivo da oferta de vagas 
nessas instituições ocorre de forma tímida e, ainda, a maioria das vagas 
disponibilizadas para este nível de ensino é ofertada pela iniciativa privada. Se, por 
um lado a educação superior, por ser gratuita em instituições públicas é vista como 
um direito social, por outro, existe uma grande parcela que só consegue este acesso 
por meio de instituições privadas, pagando por seus estudos, atribuindo a este uma 
caraterística mercadológica e elitista. 
[...] aos poucos dilui a noção de bem público e permite a estruturação da 
Educação Superior a partir de concepções de mercado e de modelos 
empresariais, oligopolizando a Educação Superior. Esse processo, embora 
recente, iniciado a partir de 2001, tem se constituído de forma rápida e com 
dimensões vultosas a partir da ação de empresas internacionais (SILVA; 
apud OLIVEIRA 2014 p. 33) 
 
36 
Entende-se que, mesmo que seja com base na capacidade de cada um, a 
educação superior deve ser estendida a todos de forma gratuita. A Constituição de 
1988 foi a primeira da América Latina a estabelecer gratuidade nos três níveis de 
ensino e entende que o texto constitucional explicita que a oferta na educação superior 
deveria ser franqueada aos que assim o desejassem, não sendo uma obrigatoriedade 
a todos e entende que é pela: 
[...] pressão por expansão do acesso ao Ensino Superior público ou, ao 
menos, por acesso ao Ensino Superior gratuito, que serão travadas as 
disputas pelos rumos da política educacional nos próximos anos (OLIVEIRA, 
2006, apud OLIVEIRA 2014 p. 34). 
8.2 Programa Universidade para todos – PROUNI 
No Brasil, ainda é limitado o acesso ao ensino superior pela oferta de vagas 
nas instituições públicas de ensino. Mesmo que o acesso à educação seja um direito 
constitucional, não é possível favorecer todos que desejam estudar, devido às 
instituições terem um limite de infraestrutura para atender uma quantidade 
determinada de estudantes. Com isso, é importante que o Estado privilegie a 
consolidação de políticas afirmativas, de acordo com a noção de igualdade e 
isonomia. O mercado de trabalho exige qualificação e formação profissional, por isso, 
é necessário a conclusão da formação básica e o ingresso na universidade, já que as 
transformações do mercado de trabalho vêm aumentando a competitividade pelo 
emprego resultando em pressão sobre a educação superior. 
De acordo com o censo de 2012, apenas 11,3% da população tinha ensino 
superior completo, ou seja, o acesso ao ensino superior ainda é relativamente baixo. 
Em 2004, foi criado o programa universidade para todos (PROUNI) que oferece bolsas 
de estudo integrais e parciais em cursos de graduação e sequenciais de formação 
específica, em IES (Instituições de Ensino Superior) privadas. O PROUNI possibilitou 
o aumento de matrículas no setor privado a uma média anual de 5,15%. Entretanto, a 
ociosidade das bolsas foi de 30% e a evasão teve média de 10,4%, sobretudo em 
função das restrições econômicas dos estudantes. 
Apesar do aumento do número de matrículas, existia dificuldades encontradas 
pelos estudantes bolsistas no que tange à oferta de cursos, pelo fato desta ser 
desenhada pelas perspectivas do mercado de trabalho e por conveniência das IES. O 
PROUNI foi institucionalizado pela Lei nº 11.096, em 13 de janeiro de 2005 e em 
 
37 
contrapartida as universidades participantes, a maioria delas com fins lucrativos, 
recebem isenções fiscais de tributos que antes recolhiam. O programa

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