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Aula_15__História_do_Brasil__Do_Império_à_República (1)

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Exasiu 
EXTENSIVO 
HB: do Império à República 
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Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República 
 
 
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Sumário 
 
Introdução .......................................................................................................................... 3 
1. A busca pela estabilidade política ........................................................................... 6 
1.1 - A construção simbólica do Imperador e da Nação .................................................... 13 
2. Modernização e Expansão econômica do café .................................................. 16 
2.1 - O café como eixo econômico do país ........................................................................ 17 
2.2 - Transformações do trabalho: fim da escravidão e imigração ..................................... 20 
2.3 - A mão de obra imigrante ............................................................................................ 22 
3.A política externa e os Antecedentes da Crise ................................................... 27 
3.1 - Questões com a Inglaterra ......................................................................................... 28 
3.2 - Guerra do Paraguai e a questão do Rio do Prata ....................................................... 29 
4. Crise do Império ........................................................................................................ 36 
4.1 - O Movimento Abolicionista e o problema da mão de obra ....................................... 41 
4.2 - O Movimento Republicano ......................................................................................... 46 
5. Enfim, a Proclamação da República ...................................................................... 52 
5.1 - Série questões (militar e religiosa) .............................................................................. 52 
5.2 - A Proclamação da República: o 15 de Novembro ...................................................... 55 
6. Lista de Questões ...................................................................................................... 58 
7. Gabarito ....................................................................................................................... 88 
8. Questões comentadas .............................................................................................. 89 
9. Considerações Finais .............................................................................................. 158 
 
 
 
 
 
 
 
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Queridas e Queridos Alunos, 
Sejam bem-vindos e bem-vindas a mais uma aula. É sempre um grande prazer compartilhar 
com vocês nosso trabalho e participar dessa batalha dura e constante na luta pela conquista da 
sua vaga na Universidade. 
 Esta é a última aula sobre o período imperial brasileiro. Quero lhes dizer que esse assunto 
cai com recorrência nas provas, sobretudo, quanto aos assuntos trabalho, imigração e política. 
Não me canso de afirmar, para você toda questão de história é imperdível! Você precisa 
estar preparado para TUDO! Não esquece: “o segrego do sucesso é a constância no objetivo”. 
Vamos seguir juntos! 
Se você tiver dúvidas, utilize o Fórum de Dúvidas! Eu vou te responder bem rapidinho. Ah, 
não tem pergunta boba, Ok? Vamos começar? Já sabe: pega seu café e sua ampulheta. Bora!! 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
Nesta aula estudaremos o período do Segundo Reinado (1840-1889). Esse longo período 
costuma ser estudado em três eixos: 
 
•Busca pela 
estabilidade 
política 
1840-1850
•Modernização e 
Expansão 
econômica
1850-1870
•A crise do 
Segundo Reinado: 
desagregação da 
forma de Governo
1870-1889
1840
1870
1889
 
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 AULA 15: HB: Do Império à República 
O Segundo Reinado sucedeu o conturbado Período Regencial marcado por disputas de 
poder entre os grupos políticos e, sobretudo, por crises e revoltas provinciais. Além disso, o 
cenário econômico não era nada favorável. Dessa forma, a saída encontrada pelos liberais, apoiada 
por alguns conservadores, foi antecipar a maioridade de Dom Pedro II e alçá-lo ao trono. 
A campanha da maioridade ganhou as ruas do Rio de Janeiro com as chamadas 
“quadrinhas”, versinhos que se colocavam favoráveis ou críticos à coroação antecipada do jovem 
D. Pedro II. Vale a pena repetir uma delas aqui: 
“Queremos Pedro Segundo 
Embora não tenha idade 
A nação dispensa a lei 
e viva a Maioridade.” 
GOLPE DA MAIORIDADE. In: VAINFAS, Ronaldo (org.). Dicionário do Brasil imperial. 
Rio de Janeiro: Objetiva, 2008. pp 312 a 313. 
 
Para muitos membros da elite letrada da época, a antecipação da maioridade de D. Pedro 
II, na época com 14 anos de idade, era a única solução para pacificar as revoltas que assolavam o 
território brasileiro durante os governos regenciais. Isso porque, D. Pedro II como novo imperador 
reestabeleceria uma monarquia centralizada, sem fragmentações. 
Dessa maneira, em 24 de julho de 1840 foi aprovado o Golpe da Maioridade, seguido pelo 
anúncio do novo gabinete liberal que ficaria conhecido como “ministério dos irmãos” por ser 
composto pelos irmãos Andrada (Antônio Carlos e Martim Francisco) e os irmãos Cavalcanti 
(Francisco de Paula e Holanda Cavalcanti), além do líder da campanha maiorista na Corte, 
Aureliano de Souza e Oliveira Coutinho. 
Nesse contexto, os desafios para o “rei menino” eram grandes: estabilizar o regime e 
apaziguar os conflitos provinciais, amenizar as disputas entre os grupos políticos e fortalecer a 
economia brasileira. Contudo, caros alunos, os acontecimentos internacionais corriam mais 
depressa do que uma parte da aristocracia brasileiras gostaria. 
Quero lembra-los de que o Século XIX – ou o longo século XIX, como denominou o 
historiador Eric Hobsbawm1 em sua trilogia sobre o século XIX – é o cenário da derrocada 
internacional do Velho Mundo, chamado de Antigo Regime, dominado pelas Monarquias 
Absolutistas e justificadas pela teoria do direito divino do Rei, pelo modelo econômico agrário-
mercantil e pela inexistência da ideia de soberania popular. 
Sobre os escombros desse Velho Mundo se edificou outro: o Novo Mundo Capitalista 
estruturado sobre o ideário iluminista da liberdade, da igualdade e da fraternidade e, sobretudo, 
pela noção de livre-comércio. 
 
1 A trilogia é composta dos seguintes livros: A Era das Revoluções (1789-1848); A Era do Capital (1848-
1975), A Era dos Impérios (1875-1914). Todos da Editora Paz e Terra. 
 
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Assim, os acontecimentos e fenômenos desse longo período contribuíram para a 
formatação do mundo contemporâneo. A linguagem novecentista parece a de um arquiteto que 
edifica o Novo Mundo. Contudo, nada se constrói do nada, por isso essa edificação se deu sobre 
os escombros do Velho Mundo que não se sustentava mais frente às mudanças resultantes dos 
novos elementos surgidos ao longo do século XIX. 
 
Nesse cenário internacional, o Brasil permanecia como uma ilustração do Velho Mundo, pois sua 
estrutura política estava baseada no patrimonialismo da aristocracia fundiária sob o Governo 
Monárquico, com uma economia escravista e agroexportadora, com direitos que se acessavam 
apenas por meios censitários (só para quem tinha dinheiro). Assim, o regime monárquico brasileiro 
tendeu a enfraquecer conforme as transformações internacionais refletiam em território nacional. 
O melhor caso para entender o que estou falando é a questão da escravidão.A Inglaterra 
pressionou o Brasil pelo fim da escravidão, porque esta era considerada um atraso para o novo 
mundo liberal capitalista. 
 
É por isso que, segundo historiadores, um dos fatores que favoreceu a crise da Monarquia 
e o Advento da República em 1889 foram as transformações em curso na esfera internacional com 
o avanço de ideais republicanos e economias industrializadas. 
Evidentemente há fatores internos fundamentais que explicam como se deu o desenrolar 
desse momento no Brasil. 
Vamos à História, meus caros! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1. A BUSCA PELA ESTABILIDADE POLÍTICA 
Antes de iniciarmos nossos estudos sobre os aspectos políticos do 2º Reinado, relembrem 
a estrutura institucional e o modo como o poder estava organizado durante o Império: 
 
 
Como vimos, o período regencial é marcado por uma disputa entre regressistas e 
progressistas. Mas, a parir de 1840, esses partidos se reorganizam em dois importantes grupos 
políticos no Brasil: 
 O Partido Liberal, conhecido como “luzia”: os liberais eram em sua maioria 
profissionais liberais e proprietários de terras voltados para o abastecimento interno 
do Império, tendo o partido maior força em Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São 
Paulo. 
 
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 O Partido Conservador, denominado “saquarema”: os conservadores eram 
principalmente representantes da elite agrária agroexportadora e escravocrata, com 
grande expressão nas províncias do Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco. 
Para muitos estudiosos sobre o Império, os dois partidos possuíam mais elementos em 
comum do que diferenças de fato, afinal ambos eram compostos pela elite proprietária do 
período, defensora da unidade do país, do regime monárquico e da escravidão. Devido a essa 
posição, ficaria eternizada a seguinte frase do político Holanda Cavalcanti acerca dos partidos: 
“nada se assemelha mais a um saquarema do que um luzia no poder”. 
Apesar de ambos defenderem a monarquia e a escravidão, tinham visões distintas sobre o 
Forma de Estado e sobre questões administrativas. Assim, o debate entre centralização e 
descentralização política continuava sendo o elemento que explica os obstáculos para a 
estabilidade. Evidentemente não era apenas isso, esses grupos queriam ocupar o poder do 
estado, gozar dos privilégios que isso poderia gerar. 
 
 
Uma boa definição sobre os programas políticos de cada um dos grupos, pode ser 
encontrada no texto de João Manuel Pereira da Silva, eleito onze vezes deputado durante o 
Segundo Reinado: 
Pretendiam os liberais que se decretassem mais amplas franquezas políticas às 
províncias a fim de descentralizar-se a ação governativa geral, exigiam ainda restringir 
a ação da polícia e confiar-se ao povo a eleição dos magistrados, a fim de que o país se 
administrasse pelos agentes de sua vontade e escolha. 
Replicavam os conservadores que era indispensável a centralização política para se 
manter a integridade do Império; que o Poder Judiciário carecia de ser independente 
e inamovível para cumprir deveres e amparar os direitos dos cidadãos, e firmar a esfera 
da resistência legal que se facultava. 
*defesa da 
monarquia
*defesa da 
unidade do 
Império
*manutenção 
da escravidão
• centralização política e 
administrativa:
• Unitarismo
(menor autonomia para as 
províncias)
Partido 
Conservador
"saquarema"
• descentraliação política 
e administrativa:
• federalismo
(maior autonomia para as 
províncias)
Partido 
Liberal
"luzia"
 
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Estes princípios mais ou menos bem desempenhados, segundo as ocorrências e 
segundo também os temperamentos dos homens políticos, separaram os dois partidos 
militantes. 
 SILVA, Joao Manuel Pereira. Memórias do meu 
tempo. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2003. pp. 106-107. 
 
Assim, anote aí, querido e querida, grande parte do Período do Segundo Reinado é caracterizado 
pelas disputas entre esses dois grupos políticos. 
Em geral, esses conflitos ficaram evidentes durante as eleições parlamentares. Foi o que 
ocorreu em 1840 durante a primeira eleição para Câmara dos Deputados, a qual ficou conhecida 
como “Eleição do Cacete” – devido ao uso de ampla violência e fraude eleitoral. 
Pega essa “história da carochinha” para você entender a confusão da época: 
 
Preteridos pelo Imperador, os liberais condenaram A CENTRALIZAÇÃO DO PODER e a dissolução 
da legislatura escolhida por meio das “eleições do cacete”. A rebelião explodiu em São Paulo e 
Minas Gerais. Os revoltosos esperavam a adesão de outras províncias. Mas isso não ocorreu! 
A Revolução Liberal de 1842 aclamou o político Rafael Tobias de Aguiar como novo presidente 
da província depois de depor o indicado pelo Imperador. Os rebelados conquistam as cidades 
paulistas de Itu, Porto Feliz, Campinas e Capivari, mas foram derrotados pelas tropas imperiais 
lideradas pelo barão de Caxias. 
1840: 1o. Conselho 
de Ministros de D. 
Pedro - MAIORIA 
LIBERAIS
13 DE OUTUBRO DE 
1840: Eleição do 
cacete: maioria dos 
votos para os liberais
1841: D. Pedro 
substitui o ministério 
por MAIORIA DE 
CONSERVADORES 
Liberais ficam 
tranquilos porque 
acham que vão voltar 
pois conseguiram a 
maioria dos votos na 
eleição 
Conservadores 
pressionam para que 
D. Pedro anule o 
resultado eleitoral
Dom Pedro se decide: 
ANULA AS ELEIÇÕES
OS CONSERVADORES 
COMEMORAM
OS LIBERAIS SE 
REVOLTAM
REVOLTA LIBERAL 
DE 1842!
 
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Em Minas Gerais, liberais encabeçados por Teófilo Otoni nomeiam José Feliciano Pinto Coelho da 
Cunha como presidente da província, mas também foram vencidos por Caxias em agosto de 1842 
na cidade de Santa Luzia. 
A partir daí os conservadores passam a chamar os liberais de “luzias”, em referência ao episódio. 
Dom Pedro II, por sua vez, aproveitou-se dessas divergências para conseguir continuar 
acima dos grupos e buscar a estabilidade. Para tanto, em 1847 instituiu o parlamentarismo. Na 
prática ficou criado o cargo de Presidente do Conselho de Ministros (uma espécie de chefe de 
governo – primeiro ministro), que a partir daquele momento seria incumbido da tarefa de montar 
o Gabinete Ministerial. 
A questão, no Brasil, era: quem vai nomear esse Primeiro Ministro, chefe do gabinete 
Ministerial? 
Em tese, quem deveria escolher o Presidente do Conselho de Ministro era o partido que 
obtivesse a maioria dos votos para o Parlamento – como é característico no funcionamento do 
sistema parlamentarista. Mas, como existia o Poder Moderador do Imperador, acabou que era 
ele, o próprio Imperador, quem 
escolhia o Presidente do Conselho. 
Por isso, chamamos esse 
parlamentarismo de 
“Parlamentarismo às vessas”. Com 
esse poder ora o Imperador nomeava 
um 1º Ministro Conservador, ora um 
liberal. Os dados demonstram que 
houve um predomínio dos 
conservadores no poder – eles teriam 
passado 10 anos a mais governando 
do que os liberais. 
"O rei se diverte", charge de Cândido Aragonez de Faria publicada no jornal O Mequetrefe, 09/01/18782. 
Além disso, para ampliar a estabilidade, D. Pedro II buscou aproximar os dois grupos em 
uma coalizão de governo. Conhecemos isso por “política da conciliação”. Na prática isso foi a 
forma de governar, sobretudo, entre 1853 e 1861. Apesar dessa conciliação, percebemos que as 
demandas liberais – como a ampliação da autonomia das províncias, extinção do Poder 
Moderador, fim da vitaliciedade do Senado – nunca foram seriamente consideradas.Veja o esquema abaixo, que ilustra essas políticas ao longo do reinado de D. Pedro II: 
 
2 Fonte: LIMA, Hernan. História da Caricatura no Brasil. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Ed, 1963, 
p. 227. 
 
 
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Ainda como um último acontecimento desses conflitos entre liberais e conservadores, 
devemos lembrar da chamada Revolta Praieira (1848-1850). 
Algumas informações são importantes para entendermos essa Revolta. Primeiro, ela 
recebeu forte influência dos acontecimentos na Europa – os movimentos liberais e nacionalistas 
da chamada Primavera dos Povos, de 1848. Segundo: 
❖ A economia ainda dependia muito do açúcar, apesar de sua decadência devido aos 
baixos preços e a concorrência internacional. A maioria dos engenhos ficavam nas 
mãos de uma parcela da aristocracia rural que estava lá há muito tempo. Eram as 
famílias tradicionais. Por exemplo, a família dos Cavalcanti detinha 1/3 dos engenhos. 
❖ O comércio era segunda fonte mais importante da economia. Estava nas mãos dos 
portugueses. 
❖ Conclusão: pouquíssimas famílias tradicionais da oligarquia rural e grandes 
comerciantes portugueses dominavam o cenário político! 
Além desse cenário de poder político concentrado nas mãos da elite econômica, 
socialmente havia péssimas condições de vida para setores muito amplos da sociedade: 
profissionais liberais, artesãos, pequenos comerciantes, militares e até padres. 
Então, em 1842, uma parte do Partido Liberal resolveu romper com as velhas práticas de 
“dividir” o poder na distribuição de cargos da província. Nesse grupo existiam ricos proprietários 
de terras não-tradicionais, além de outros grupos sociais. Juntos formaram o Partido da Praia. 
Uma de suas lideranças mantinha um jornal situado na Rua da Praia, o que fez com que eles se 
tornassem conhecidos como praieiros. 
O estopim foi quando o Gabinete Conservador do Império resolveu destituir um presidente 
de província do Partido Liberal que não tinha relações com as velhas oligarquias pernambucanas. 
Liderados pelo militar Pedro Ivo Veloso da Silveira, em 1848 os praieiros pegam em armas 
para a reconquista de Pernambuco, dando início a um movimento que também defendia: 
 o sufrágio universal 
 a liberdade de imprensa 
 a extinção do Poder Moderador 
 o federalismo 
 o direito ao trabalho 
 a nacionalização do comércio 
 a reforma do Judiciário. 
OBS: perceba que o problema da escravidão não estava listado entre as exigências e propostas 
dos praieiros. 
 
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A Revolta persistiu até o ano de 1850, quando foi derrotada por tropas centrais e 
provinciais. Com essa derrota, termina um conjunto de revoltas que acompanharam e sucederam 
o processo de independência, o 1º Reinado e a Regência. 
De certa forma, a derrota dessa revolta demonstra que foi vitoriosa a proposta da 
construção de um Estado Centralizado e de preservação da integridade territorial. 
 
(CÁSPER LÍBERO 2017) 
Cândido Aragonez de Faria foi um artista brasileiro do século XIX que teve sua 
formação no Rio de Janeiro, frequentando o Liceu de Artes e Ofício e a 
Academia Imperial de Belas Artes, na capital. No Brasil, publicou em mídias 
impressas de sua época, antes de sua carreira alçar voos internacionais. Nas publicações 
brasileiras, foram veiculadas várias charges com conteúdo político, como a que segue: 
 
A análise da charge, que retrata a política no Segundo Império, expressa a 
a) manipulação sofrida por D. Pedro II por parte dos grupos políticos. 
b) inabilidade do Imperador para lidar com os conflitos políticos. 
c) alternância do cargo executivo por meio de eleições periódicas. 
d) representação do caráter liberal e democrático de D. Pedro II. 
e) coordenação política do governante em relação aos partidos políticos. 
 
Comentários 
Aqui temos uma questão de interpretação de imagem. É importante entendermos quem foi 
o autor e o contexto em que estava inserido. Cândido Aragonez de Faria (1849-1911) foi um 
artista e jornalista sergipano, natural de Laranjeiras. Era filho do médico José Cândido Faria 
e da espanhola Josefa Aragonez. Por conta da morte do pai, em 1855 se mudou com a família 
 
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para o Rio de Janeiro, onde tinham mais parentes. Lá, ele cursou o Liceu de Artes e Ofício e 
a Escola de Belas Artes. Ao longo de sua carreira, destacou-se na ilustração de charges 
satíricas e quadrinhos, atuando em vários jornais da época. Ele também morou em Buenos 
Aires, Porto Alegre e, no fim da vida, em Paris, onde trabalhou na produção de cartazes para 
o cinema. 
 A charge aqui reproduzida é intitulada “O rei se diverte” e foi publicada no jornal O 
Mequetrefe, em 09 de janeiro de 1878. Este periódico ilustrado e humorístico foi fundado 
em 1875 por Pedro Lima e Eduardo Joaquim Correia. Em um de seus primeiros números, os 
redatores afirmavam que não eram republicanos, mas também não eram monarquias. No 
entanto, seu conteúdo era claramente republicano, visto que em vários momentos se 
utilizava alegorias explicitamente alusivas a esta forma de governo, como a mulher com um 
barrete frígio. 
 Agora, analisando a charge em si, vemos que o caricaturista representou D. Pedro II 
como eixo de um carrossel no qual giram os cavalos que por sua vez carregam, cada um, 
uma pessoa. Na barra do vestido da dama no cavalinho, lê-se “Partido Liberal”. Em oposição, 
o homem da charge representa o “Partido Conservador”. Quem gira o carrossel, abaixo do 
imperador, é uma idosa em cujo vestido está escrito “diplomacia”. Tendo em mente esta 
descrição e a contextualização que fiz acima, vejamos qual alternativa expressa a 
interpretação mais apropriada para a charge: 
a) Incorreta. Repare que na ilustração os partidos políticos os estão literalmente “nas mãos” 
de D. Pedro II. Graças à sua diplomacia, o imperador gira e balança ambos da forma que 
quer, sendo apenas aparente a oposição entre eles. Portanto, a charge não expressa que 
Pedro II era manipulado pelos partidos, mas sim o contrário. 
b) Incorreta. Como disse acima, a charge expressa que Pedro II manipulava a política 
partidária no Império. Isto demandava muita habilidade política de sua parte. 
c) Incorreta. O imperador era o chefe do poder Executivo e seu cargo não era elegível, mas 
sim hereditário, ou seja, não havia alternância até que ele morresse e fosse substituído por 
seu primogênito. Nesse poder, logo abaixo do monarca estava o Conselho de Ministros, 
escolhidos entre os parlamentares, do Poder Legislativo. Lembre-se que durante o Império 
sempre pairou uma tensão entre os setores das elites que defendiam maior centralização ou 
descentralização. Isso também se refletia nas discussões sobre o parlamentarismo, que 
muitos acreditavam que seria uma medida a favor da descentralização. Assim, em 1847 o 
imperador acabou cedendo e instituiu o parlamentarismo. Na prática ficou criado o cargo de 
Presidente do Conselho de Ministros (uma espécie de chefe de governo, ou primeiro 
ministro), que a partir daquele momento seria incumbido da tarefa de montar o Gabinete 
Ministerial. A questão, então, passou a ser: quem vai nomear esse Primeiro Ministro? Em 
tese, deveria ser o partido que obtivesse a maioria dos votos para o Parlamento, como é 
característico no funcionamento do sistema parlamentarista. Todavia, como existia Poder 
Moderador do Imperador, acabou que era ele quem fazia a escolha. Por isso, os historiadores 
chamaram o fenômeno de “Parlamentarismo às avessas”. Em outras palavras, acabava que 
 
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os partidos continuavam tendo que conquistar a simpatia do monarca para levar seus 
projetos adiante, o que limitava a diversidade dos projetos políticos que iam adiante. Assim, 
não havia alternância de fato. 
d) Incorreta. Realmente, D. Pedro II tentava vender a imagem de um líder culto, civilizado, 
preocupado com o progresso e a estabilidade da nação, propenso ao liberalismo. No 
entanto, não abria mão do Poder Moderador e reproduzia velhas estratégias diplomáticas 
da família imperial, que quase sempre se limitava a uma troca de favores e distribuição de 
títulos, cargos e pensões. Por isso, podemos concluir que a charge se esforça para 
desmascarar qualquer aparência liberal ou democrática que o monarca tentava divulgar 
sobre si. 
e) Correta! Veja, o Partido Liberal e o Partido Conservador eram os únicos partidos políticos 
existentes no Império, desde a década de 1840 até 1873 quando foi fundado o Partido 
Republicano Paulista e depois dele outros de igual orientação nas demais províncias. Lembre-
se que a charge foi publicada em 1878, portanto na mesma década que republicanismo se 
proliferava pelo império, inclusive no Rio de Janeiro, sede do governo. Além disso, a 
ilustração foi publicada em um jornal cheio de alusões ao ideário republicano, apesar de 
alegar neutralidade. Ora, uma das críticas mais recorrentes de republicanos ferrenhos, como 
o advogado Luiz Gama em São Paulo, não havia grandes diferenças entre liberais e 
conservadores, tanto é que ambos podiam ser chamados de “partidos monarquistas” 
justamente por sempre se revezarem no poder ao gosto dos interesses imperiais. 
Gabarito: E 
 
1.1 - A CONSTRUÇÃO SIMBÓLICA DO IMPERADOR E DA NAÇÃO 
Além da pacificação de movimentos armados, a consolidação do reinado de D. Pedro II 
também se deu por meio de um investimento maciço em representações que exaltavam sua 
imagem, incluindo quadros, litogravuras, moedas e medalhas que circulavam pela Corte. 
Buscando livrá-lo de qualquer aspecto que o fizesse parecer despreparado para assumir trono, os 
jornais passaram a cobrir de elogios o jovem imperador, retratando-o como sensato e dotado de 
grande inteligência e educação exemplar. 
Um espetáculo luxuoso foi preparado para a coroação, repleto de símbolos e tradições de 
antigos reinos da Europa, mas também de elementos novos que contribuíam para que o Brasil se 
estabelecesse como uma “monarquia tropical” entre as elites brasileiras e as demais nações ditas 
“civilizadas”. 
Para criar um sentimento de nação entre seus súditos, o Imperador apostou nos trabalhos 
de duas instituições criadas durante o período regencial: o Instituto Histórico e Geográfico 
Brasileiro (IHGB) e a Academia Imperial de Belas Artes. O primeiro era majoritariamente composto 
pela elite econômica e cultural da Corte, incluindo nomes como Joaquim Manuel de Macedo, 
Joaquim Norberto de Sousa Silva, Domingos José Gonçalves de Magalhães e Gonçalves Dias. 
 
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Financiados por D. Pedro II - ele próprio era membro ativo das reuniões do IHGB-, esta 
constelação de escritores dedicou-se a um projeto de identidade para o país pautado no 
romantismo literário, produzindo obras que exaltavam um passado indígena fantasioso, muito 
inspirado no mito do bom selvagem do filósofo Jacques Rousseau. 
 
Os romances Iracema, Ubirajara e O Guarani de José de Alencar, 
assim como o poema I-Juca Pirama de Gonçalves Dias são exemplares 
do indianismo presente na literatura romântica da época, todos 
retratando os nativos como modelos de pureza e heroísmo a serem 
seguidos pelas elites e também pela classe média urbana da Corte, 
grande apreciadora dessas obras. Assim como os colonizadores, os 
indígenas são considerados nobres em seus atos, de maneira que 
passam a representar a própria realeza brasileira. 
Inspirados por estes autores, os artistas vinculados à Academia Imperial de Belas Artes 
produziram obras visuais que retratavam os indígenas de maneira romantizada em cenários 
exuberantes de natureza tropical; além de se dedicarem a produzir imagens do próprio Imperador 
para que fossem difundidas por todo o território brasileiro. 
 
 
Figura 1 - Iracema, de José Maria de Medeiros. 1881. 
Fonte: Museu Nacional de Belas Artes. 
Essas representações dos indígenas, assim como as literárias, não buscaram se embasar em 
aspectos históricos sobre povos do passado, nem sequer buscaram conhecer aqueles que ainda 
existiam no território brasileiro. 
 
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Também foram ignoradas as contribuições dos africanos e minimizados os impactos da 
colonização portuguesa para a formação da Nação, afinal buscava-se criar uma imagem de uma 
“civilização nos trópicos”, sem a interferência de outras culturas. 
Observe na imagem abaixo o predomínio da escola literária do romantismo durante o 2º 
Reinado: 
3 
 
 
 
3 Atlas histórico do Brasil. https://atlas.fgv.br/marcos/educacao-e-ciencia/mapas/linha-do-tempo-
literatura-cronologia-dos-principais-autores-do. Acesso em 15-10-2019. 
 
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2. MODERNIZAÇÃO E EXPANSÃO ECONÔMICA DO CAFÉ 
A partir da 2ª. metade do século XIX, assistimos a um processo de modernização do Brasil. 
Como parte fundamental desse processo, podemos identificar 2 elementos: 
1- implantação do telégrafo em 1852, ligando o Passo Imperial ao Quartel general do 
exército. O Ministro Eusébio de Queiroz teria dito a Dom Pedro II: “A comunicação dos 
pensamentos, das ordens, das notícias já não encontra demora na distância.” Na década 
de 1870, as mensagens telegráficas atravessaram o Atlântico. Com certeza, a velocidade 
e a intensidade, e a forma da comunicação mudaram imensamente. 
2- implantação do sistema de transporte ferroviário também começou na década de 1850 
e o desenvolvimento da economia cafeeira foi seu principal impulsionador. Leia um 
trecho da especialista Anna Eliza Finger, da Universidade de Brasília4: 
 
Como produto da era industrial, a ferrovia materializava o desejo por progresso 
e inovação, e a vontade de pertencer ao mundo “moderno” nos ajuda a 
entender a rapidez com que a tecnologia se espalhou pelo mundo ainda durante 
o século XIX, quando inúmeros países investiram na sua importação e, junto com 
ela, de edifícios, meios de comunicação e até mesmo pessoal habilitado a 
implantá-la e operá-la. No Brasil não foi diferente. Entretanto, o estudo da 
arquitetura ferroviária produzida no país deve considerar as enormes diferenças entre seu 
contexto de origem – a Europa – e as regiões brasileiras onde foi implantada. Como um país 
calcado na produção agrícola desde os tempos coloniais, inicialmente foram importados modelos 
utilizados nos países de origem, introduzidos em meio a uma sociedade rural e escravocrata, 
contribuindo para ressaltar ainda mais as contradições dos sistemas social e econômico até então 
adotados. Em menos de um século foram construídas centenas de linhas férreas no Brasil, com 
características distintas: públicas e privadas, de origem estrangeira ou brasileira, implantadas em 
meio urbano, rural ou em trechos ainda não desbravados do território, voltadas ao escoamento 
de produção agroindustrial, articulação territorial, proteção de fronteiras, mobilidade, etc. Os 
edifícios ferroviários deveriam atender às distintas necessidades de cada uma a depender de seus 
objetivos (transporte de pessoas ou cargas), adequando-se ainda às diferentes realidades sociais, 
técnicas e econômicas dos locais onde eram construídas. Ao longo do tempo também sofreram 
transformações significativas, acompanhando as mudanças na realidade socioeconômica dos 
locais onde as linhas foram implantadas –e para as quais também contribuíram – auxiliando ainda 
no processo de assimilação e popularização de novos materiais e técnicas construtivas, que 
transformaram a arquitetura e as cidades brasileiras. Assim, ao levar até os confins do país 
referências industriais, conceitos e hábitos modernos, as ferrovias e sua arquitetura foram parte 
 
4 Um século de estradas de ferro arquiteturas das ferrovias no brasil entre 1852 e 1957. Tese de 
doutorado. Universidade de Brasília, 2013, p. 09. Disponível em: 
http://portal.iphan.gov.br/uploads/publicacao/texto_especializado_anna_finger_tese_doutorado_com_
capa.pdf. Acesso em 14-10-2019. 
 
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10 fundamental no processo de transformação socioeconômica, cultural e geográfica pelas quais 
o país passou a partir de meados do século XIX. 
Além disso, há outros elementos que marcam essa modernização do Brasil: 
➢ Iluminação de rua, bondes, bancos, teatros. 
➢ Surgimento de pequenas indústrias alimentícias, de tecidos, de vestuário, entre 
outras. 
➢ Proibição do comércio escravagista, com a Lei Eusébio de Queiroz de 1850. 
➢ Intensificação da atividade migratória. 
 
O café e o cenário de expansão econômica capitalista mundial favoreceram e 
impulsionaram esse processo de modernização. Guarde isso! 
 
2.1 - O CAFÉ COMO EIXO ECONÔMICO DO PAÍS 
Os primeiros grãos de café foram introduzidos no Brasil pelo tenente-coronel Francisco de 
Melo Palheta, no atual estado do Pará, por volta de 1727. Pouco tempo depois, o vegetal foi 
levado para o Rio de Janeiro, província onde encontra condições climáticas favoráveis para sua 
rápida expansão, em especial no Vale do Paraíba, que também abrangia Minas Gerais e São Paulo. 
Dessa maneira, já em 1830 o Brasil alcançava o posto de maior produtor mundial, desbancando 
Cuba, Jamaica e o Haiti, seus principais concorrentes no período. 
Baseada no sistema de plantation, ou seja, na tríade monocultura, latifúndio e escravidão, 
a produção de café nesta região chegou a representar 52,2% das exportações do país entre 1876 
e 1880. 
Nesse início da produção, no Brasil, depois da colheita manual do grão, os escravizados 
secavam os grãos nos terreiros, e depois os beneficiavam – ou seja, retirava o revestimento – com 
os monjolos, instrumento de madeira composto por pilões movidos com força d’água. Depois de 
ensacados, tropas de mulas eram utilizadas para o escoamento do produto, sistema que se 
mostrava eficaz dado o seu baixo custo e proximidade com a região portuária. Nos portos as sacas 
eram entregues aos “comissários”, que além de exportarem o produto também forneciam 
empréstimos aos cafeicultores e importavam outras mercadorias para o Brasil. 
Conforme o hábito de consumir café conquistava os paladares da Europa e dos Estados 
Unidos, o cultivo do grão também se expandia para outras regiões, em especial a do Oeste 
Paulista. Observe na tabela a seguir que a região do Oeste Paulista foi, progressivamente, 
ocupando o lugar de maior produtor de café. 
Após 1850, com a dificuldade para obtenção de mão-de-obra escrava (devido à proibição 
do tráfico negreiro com a Lei Eusébio de Queiróz que veremos adiante), a produção do Vale do 
Paraíba entrou em declínio. Outros dois fatores também contribuíram para isso: o esgotamento 
 
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de terras cultiváveis na região e o envelhecimento dos cafezais, que geralmente rendiam colheitas 
produtivas por 15 anos. 
 
 
 
5 
 
Mais distante dos portos do Rio de Janeiro e de Santos (SP), os “barões do café” do Oeste 
Paulista julgaram necessário o aperfeiçoamento do transporte para evitar o aumento do preço de 
seu produto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 Figura 4 – A expansão cafeeira em São Paulo. Fonte: ARRUDA, José Jobson de A. Atlas histórico básico. 
São Paulo: Ática, 2008. p. 43. 
 
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Com empréstimos de bancos estrangeiros, principalmente ingleses, foram instaladas 
ferrovias no país a partir de 1852. A primeira delas, contando com 14 km de extensão, foi criada 
por Irineu Evangelista de Souza, posteriormente conhecido pelos títulos de Barão e Visconde de 
Mauá. Juntamente a outros poucos empreendedores do Segundo Reinado, o empresário apostou 
na modernização da economia ao investir em áreas diversas, incluindo o comércio, indústria, 
companhias de navegação e bancos. 
Em pouco mais de 30 anos o Império passaria a contar com 10 mil quilômetros de ferrovias, 
o que também beneficiava outras atividades econômicas, como a agropecuária e a mineração. 
Dessa forma, o Brasil viveu um surto industrial entre as décadas de 1840 e 1870, que alguns 
historiadores denominaram como Era Mauá. 
O cenário urbano muda. Cidades ganham destaque ao longo dessas ferrovias: Jundiaí, 
Campinas, Araraquara, Ribeirão Preto, e São José do rio Preto. 
Os lucros auferidos com a “empresa” cafeeira” possibilitaram a recuperação econômica e 
do Brasil e foram a base de sustentação de investimento em outras áreas. 
Além disso, a criação de um novo produto econômico com enorme repercussão na 
economia acabou por gerar impactos na política: 
 
 Formação de um novo grupo: a aristocracia cafeeira. 
 
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 Formação de um novo centro político-econômico: São Paulo.6 
 
2.2 - TRANSFORMAÇÕES DO TRABALHO: FIM DA ESCRAVIDÃO E IMIGRAÇÃO 
Desde a Independência, a Inglaterra exercia enorme pressão sobre o Brasil para que se 
colocasse fim ao comércio escravista. 
Em 1831, fez-se uma lei que determinava a libertação das pessoas trazidas da África como 
escravas. Porém, sem muita eficácia prática. Anos depois, o próprio autor da lei, o marquês de 
Barbacena, chegou a propor a revogação, em 1837, por meio de um novo projeto. Esse projeto 
de lei pretendia livrar os compradores de escravos de qualquer punição. Essa lei não saiu do papel 
e virou “lei para inglês ver”. De toda forma, essas ações legais respondiam à pressão inglesa. 
A continuidade do comércio ilegal de cativos fez a Inglaterra pressionar o Império brasileiro 
através de apreensões de navios nos anos seguintes, gerando uma reação antibritânica de 
 
6 Atlas Histórico do Brasil. https://atlas.fgv.br/marcos/expansao-economica/mapas/cafe-e-estradas-de-
ferro. Acesso em 15-10-2019. 
 
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populares, da imprensa e de boa parte da classe política no Rio de Janeiro, o que acabou por 
beneficiar a continuidade do tráfico. Embora boa parte dos políticos reconhecesse a escravidão 
como uma prática “infame”, questionava a ameaça à soberania nacional pela pressão dos ingleses 
e o impacto econômico que o fim do tráfico geraria para o país. 
Em 1844, com o esgotamento da validade dos acordos comerciais que favoreciam a entrada 
de produtos estrangeiros no país, com baixas tarifas alfandegárias, o então ministro da Fazenda, 
Manuel Alves Branco, aprovou um reajuste visando o aumento da arrecadação do Estado brasileiro 
e o favorecimento da indústria nacional. Essa medida ficou conhecida como “Tarifa Alves Branco”, 
Essa situação gerou reações do governo inglês que, em represália, aprovou a Lei Aberdeen 
em 1845. Por meio dela se legalizou a captura de navios negreiros no Atlântico pela Marinha 
britânica. Naquele momento, Cuba e Brasil eram os únicos países do Ocidente que sustentavam 
o tráfico, o que aumentava a pressão internacional para o banimento da prática. 
Depois de tanta pressão e conflitos, em1850, é aprovada a Lei Eusébio de Queiróz, que 
proibia o tráfico negreiro no Brasil. Assim, o Império busca combater de maneira efetiva o 
comércio transatlântico de escravizados para o Brasil, sendo criado um tribunal especial na 
Marinha brasileira para julgar os traficantes e reenviar os africanos encontrados em portos e navios 
de volta para seu continente de origem. No entanto, aqueles que fossem flagrados comprando 
cativos contrabandeados – ou seja, os fazendeiros – seriam encaminhados para a justiça comum, 
o que lhes dava maiores chances de serem anistiados. 
A lei Eusébio de Queiróz também não buscou reverter o status daqueles que foram 
ilegalmente escravizados desde 1831, ou seja, garantia à classe senhorial o direito à propriedade 
adquirida até então. 
O combate à entrada de navios negreiros a partir da Lei de 1850 influenciou na diminuição 
da oferta de mão de obra escrava no país, e consequentemente, seu encarecimento. As zonas 
cafeeiras passaram a adquirir escravizados de outras regiões do país. Portanto, a proibição do 
tráfico e o encarecimento do comércio aumentaram o comércio interno de pessoas escravizadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1844: 
Tarifa 
Alves 
Branco
1845: Bill 
Aberdeen
1850: Lei 
Eusébio de 
Queiróz
C
o
n
se
q
u
ên
ci
as
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a 
le
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.Q
.
Crescimento do comério 
interno de pessoas 
escravizadas
Liberação de capitais para 
outras atividades
Estímulo à imigração europeia 
para constituir um mercado de 
trabalho livre
 
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Desembarque de escravos no Brasil (1836-1855) 
Anos Total de pessoas escravizadas trazidas ao Brasil 
1836-1840 240.600 
1841-1845 120.000 
1846-1850 257.500 
1851-1855 6.100 
Fonte: Estatísticas Históricas do Brasil, IBGE. 
 
2.3 - A MÃO DE OBRA IMIGRANTE 
A proibição do tráfico fez com que os cafeicultores passassem a investir na substituição do 
trabalho compulsório pela mão de obra livre, em especial a de imigrantes vindos da Europa. O 
processo de unificação da Itália e Alemanha na segunda metade do século XIX foi acompanhado 
da expulsão de muitos camponeses de suas terras, o que fazia com que muitos fossem “fazer a 
América” em países como os Estados Unidos, a Argentina e o Brasil. 
Para o Império, a entrada destes imigrantes era benéfica não somente para suprir a 
demanda por trabalhadores nas lavouras de café diante do lento fim da escravidão, mas também 
ia ao encontro de um ideal de embranquecimento em voga no período, inspirado em teorias 
racialistas trazidas da Europa, as quais defendiam a superioridade da raça branca sobre outros 
povos. 
Em 1859 o naturalista britânico Charles Darwin (1809-1882) publica o livro A Origem das 
Espécies, defendendo a teoria de que a evolução dos seres vivos se dava por meio de seleção 
natural, processo no qual sobreviviam somente os exemplares mais fortes. Suas ideias acabaram 
alimentando o surgimento de uma corrente de pensamento intitulada darwinismo social, que 
utilizava o mesmo argumento para justificar a supremacia da Europa sobre os demais continentes. 
No Brasil, intelectuais fizeram uso dessas ideias para justificar o atraso do país diante dos países 
considerados “civilizados”, afinal, aqui o elemento europeu se encontrava em desvantagem frente 
a um grande contingente de indígenas e africanos. Conhecemos essas teorias no Brasil como 
Teoria do Embranquecimento. 
 
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A pintura foi feita pouco depois de declaradas a abolição da escravidão e da instituição da 
República no país. No caminho para um suposto 
progresso, o Brasil adotava a Europa branca como 
referência. Sua população, no entanto, pouco se 
assemelhava à europeia. O negro representava, aos 
olhos de boa parte da intelectualidade, o passado e o 
atraso. Surgiram no século 19 as chamadas teorias 
científicas do branqueamento, propondo como 
solução para o problema misturar a população negra 
com a branca, incluindo os imigrantes europeus, 
geração por geração, até mudar o perfil "racial" do 
país, de negro a branco. O quadro “A Redenção de 
Caim”, reverenciado e premiado em sua época, é 
considerado uma representação visual dessa tese. 
Literalmente no caso do médico e diretor do Museu 
Nacional, João Batista de Lacerda (1846-1915). No 
Congresso Universal das Raças, realizado em Londres, 
em 1911, a pintura ilustrou um artigo de sua autoria 
sobre branqueamento. Ele assim descreveu a 
imagem: 
“O negro passando a branco, na terceira geração, por efeito do cruzamento de raças”.7 
A Redenção de Cam - Modesto Brocos8 
 
Um dos pensadores que mais se destaca no final do 
Segundo Reinado é Silvio Romero (1851-1914), médico, 
advogado e político sergipense. Diferentemente dos 
escritores românticos do início do Segundo Reinado, o autor 
acreditava que não era mais possível ignorar as reais 
contribuições dos africanos e indígenas na cultura brasileira, 
que segundo ele era marcada pela miscigenação. A seu ver, 
“o servilismo do negro, a preguiça do índio e o gênio 
autoritário e tacanho do português produziram uma nação 
informe, sem qualidades fecundas e originais”. Apesar desta 
complicada mistura de culturas, Romero acreditava na teoria do darwinismo social, de maneira 
 
7 Link para matéria: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2018/06/14/A-tela-%E2%80%98A-
Reden%C3%A7%C3%A3o-de-Cam%E2%80%99.-E-a-tese-do-branqueamento-no-Brasil 
8 A Redenção de Cam. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú 
Cultural, 2019. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra3281/a-redencao-de-cam>. 
Acesso em: 14 de Out. 2019. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7 
 
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que a raça mais evoluída – no caso, a branca – prevaleceria sobre as demais no caráter do 
brasileiro. Em suas próprias palavras: “o mestiço é a condição desta vitória do branco, fortificando-
lhe o sangue para habitá-lo aos rigores do clima. É uma forma de transição necessária e útil que 
caminha para aproximar-se do tipo superior... Pela seleção natural [...] o tipo branco irá tomando 
a preponderância, até mostrar-se puro e belo como no velho mundo.” 
SOUZA, Ricardo Luiz de. Identidade nacional e modernidade brasileira: o diálogo entre Sílvio Romero, Euclides da Cunha, Câmara Cascudo e Gilberto Freyre. Belo 
Horizonte: Autêntica, 2007. p. 59. 
Amparada por estas ideias de hierarquia entre raças, políticos e pensadores do Império 
passaram a apoiar a entrada de imigrantes europeus a fim de branquear a população, o que 
contribuiria para que fossem atingidos os mesmos padrões de civilidade que os do “Velho Mundo” 
europeu. Essencialmente, ocorreram dois modelos de estímulo à imigração: parceria e 
subvencionada. 
Em 1847, o senador Nicolau Vergueiro (1778-1859) introduziu o sistema de parcerias para 
estimular a vinda de europeus, modelo no qual todos os custos das viagens e instalação para o 
país eram financiados pelos cafeicultores. 
Em troca, os recém-chegados deveriam trabalhar nas lavouras de café até ressarcirem seus 
“parceiros”, com juros de 6% ao ano. Também se exigia que estes estrangeiros adquirissem 
produtos dos armazéns das fazendas de café, que em geral possuíam preços mais elevados que o 
dos centros urbanos. A fazenda Ibicaba em Limeira (SP), de propriedade do senador Vergueiro, 
foi a primeira a ser abastecida com imigrantes trazidos por meio de parcerias com sua empresa, a 
“Vergueiro & Cia”. 
Estas condições mencionadas contribuíam para que as dívidas dos estrangeiros com os 
fazendeiros só aumentassem, o que os colocava em situação análoga à escravidão. Os maus tratos 
impostos aos imigrantes geraram revoltas e fugas de imigrantesem várias fazendas de São Paulo, 
para onde boa parte destas famílias eram encaminhadas. O suíço Thomas Davatz (1815-1888), um 
destes emigrados, registraria em seu livro de memórias publicado em 1858: 
Os colonos sujeitos a esse sistema de parceria não passam de pobres coitados 
miseravelmente espoliados, de perfeitos escravos, nem mais nem menos. Os próprios 
filhos de certo fazendeiro não hesitaram em apoiar essa convicção, dizendo que "os 
colonos eram os escravos brancos (de seu pai), e os pretos seus escravos negros". E 
outro fazendeiro enunciou a mesma crença, quando declarou abertamente aos seus 
colonos: "Comprei-os ao Sr. Vergueiro. Os senhores me pertencem". 
DAVATZ, Thomas. Memórias de um colono no Brasil. São Paulo: Livraria Martins, 1951. p. 123. 
 
A partir o final da década de 1870 a imigração passa a ser subvencionada, ou seja, os 
governos imperial e provinciais se encarregaram de financiar a viagem dos imigrantes para o país. 
Como exemplo, podemos lembrar que, em São Paulo, em 1871, o governo aprovou o custeio 
integral das passagens dos imigrantes, 8 dias de hospedagem em São Paulo e o transporte até as 
fazendas do interior do Estado. No que se refere ao Governo Imperial, em 1888 e 1889 (antes da 
 
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proclamação da República) assinou 7 contratos com países estrangeiros que garantiam a vinda de 
775 mil estrangeiros. Para isso foram divulgadas propagandas na Europa que ofereciam salários 
àqueles que aceitassem se estabelecer no “Novo Mundo”. 
Desembarque de imigrantes no Brasil 
Anos Média anual de entrada de imigrantes 
1871-1880 11.000 
1881-1885 27.000 
1887-1889 32.000 
 
Na prática, isso significou uma intervenção direta do estado sobre o mercado de 
trabalho. Alguns especialistas apontam que essa situação, combinada com as teses do 
embranquecimento, dificultou a absorção da mão de obra brasileira negra e mestiça 
libertas. 
A entrada destes novos imigrantes e o eminente fim da escravidão levam o governo a aprovar a 
Lei de Terras em 18 de setembro de 1850, 14 dias após a Lei Eusébio de Queirós. 
Tratava-se de uma tentativa de regularização da propriedade fundiária no Brasil, instituindo 
limites entre terras públicas e privadas ao estabelecer que as terras devolutas, ou seja, 
desocupadas, pertenciam ao Estado, e não poderiam ser adquiridas de nenhuma outra forma 
senão por meio de compra. Dessa maneira, todas as posses adquiridas após a independência 
(1822), assim como as sesmarias concedidas ainda na época da colônia deveriam ser cadastradas 
nos Registros Paroquiais de Terras para então serem demarcadas. 
O projeto original previa cobrança de impostos sobre as terras registradas, mas os 
fazendeiros conseguiram derrubar este item da lei enquanto ela era debatida. Na prática, as 
posses nunca foram regularizadas pelos grandes proprietários, de maneira que estes continuaram 
a expandir suas propriedades ilegalmente. Suas exigências parecem ter se aplicado somente aos 
pequenos agricultores nascidos no Brasil e imigrantes, que tiveram seu acesso à terra restringido. 
 
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Para finalizar esse 
capítulo, observe os 
dados que mostram a 
relação entre pessoas 
livres, escravizados e 
imigrantes até a década 
de 1870. Não esqueça 
de que o número de 
imigrantes só cresceu 
porque a política de 
valorização do café e de 
estímulo à imigração 
vigeu, sobretudo, 
durante a 1ª República 
brasileira. 
 
 
 
 
 
 
(FUVEST 2003) 
“Em certo sentido, os portugueses, os espanhóis e os italianos, compondo os 
maiores contingentes imigratórios para o Brasil, registrados entre a 
Independência e a Primeira Guerra Mundial, satisfaziam as reivindicações dos 
dois grupos de pressões nacionais.” 
Maria L. Renaux e Luiz F. de Alencastro. História da Vida Privada no Brasil. 
Uma das reivindicações atendidas com a entrada desses imigrantes foi a de 
a) políticos nortistas para povoar as áreas de fronteira. 
b) fazendeiros escravagistas para aumentar a produção canavieira. 
c) políticos defensores do “embranquecimento” da população nacional. 
d) industriais paulistas para obtenção de mão-de-obra especializada. 
e) políticos europeus para solucionar problemas decorrentes da unificação nacional. 
Comentários: 
A entrada de imigrantes no país foi embasada em teses racialistas que também 
desembarcavam no país e justificavam a superioridade do continente europeu em relação 
 
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aos demais. Diante disso, muitos políticos no país viam como necessário o 
“embranquecimento” do país para neutralizar os elementos negro e indígena e “civilizar o 
país”. Assim sendo, a alternativa C é a correta. Vejamos as demais alternativas... 
- A alternativa A está incorreta, afinal algumas áreas de fronteira, em especial as do sul do 
país, foram povoadas pelos próprios imigrantes. 
- A produção canavieira encontrava-se em franco declínio desde o período colonial, e por 
isso a alternativa B está incorreta. Na verdade, a entrada de imigrantes foi benéfica para os 
cafeicultores, sobretudo após a diminuição da oferta de mão de obra escrava. 
- Embora as indústrias de São Paulo fossem locais de trabalho para muitos imigrantes no 
século XX, o incentivo à vinda de estrangeiros para o país foi decorrente da necessidade de 
mão de obra nas lavouras cafeeiras. Dito isso, a alternativa D está incorreta. 
- O processo de unificação política da Itália e Alemanha contribuiu para o deterioramento do 
modo de vida camponês, o que certamente pode ser considerado um estímulo para a 
imigração para a América. Contudo, essa não foi uma demanda de políticos europeus, mas 
sim da classe cafeicultora brasileira, carente de mão de obra em suas lavouras. Assim sendo, 
a alternativa E está incorreta. 
Gabarito: C 
3.A POLÍTICA EXTERNA E OS ANTECEDENTES DA CRISE 
A questão sobre a posição do Brasil em relação aos outros países configura o que 
chamamos de política externa. Para fins de prova há dois aspectos que precisamos estudar: 
 
Pol. Externa 2o. 
Reinado
com a Inglaterra: 
buscar maior 
autonomia
Bill Aberdeen
Questão Christie
c/a América do Sul: 
manter a hegemonia 
na região
Questão da 
Cisplatina
Guerra do Paraguai 
(1864-67)
 
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3.1 - QUESTÕES COM A INGLATERRA 
As relações entre Brasil e Inglaterra não se tornaram mais amistosas após a Lei Eusébio de 
Queiróz. O Império de D. Pedro II se comprometeu, de fato, a combater o tráfico negreiro, mas 
os britânicos mantiveram sua política de patrulhamento marítimo reforçado com a Lei Aberdeen. 
Entre 1860 e 1862, o embaixador inglês instalado no Brasil, William Dougal Christie, foi o 
responsável por uma sequência de equívocos diplomáticos que alimentaram duras críticas dos 
jornais cariocas. Primeiro, o diplomata tentou abafar o assassinato de um agente alfandegário por 
dois marinheiros britânicos no Rio de Janeiro. No ano seguinte, responsabilizou o Brasil pelo roubo 
da carga de um navio de seu país, Prince of Wales, no Rio Grande do Sul. Finalmente, em 1862 
exigiu indenização do governo brasileiro após dois oficiais britânicos serem presos por 
embriaguez, mesmo tendo sido liberados em seguida. Seis dias após a cobrança, navios ingleses 
fecharam o porto do Rio de Janeiro e sequestraram cinco navios brasileiros. 
A Questão Christie, nome como ficaram conhecidos estes incidentes envolvendo o 
embaixador inglês, geraram grande comoção popular, alimentada por um discurso nacionalista, e 
a intervenção direta do Imperador para defender a defesanacional. A quantia de 3.200 libras foi 
paga à Inglaterra, mas o governo rompe relações diplomáticas com o país após julgar insuficientes 
as explicações dadas para as atrapalhadas ações do embaixador. 
Diante do impasse entre os dois países, o imperador Leopoldo I da Bélgica foi solicitado 
para mediar o conflito, e acaba por dar ganho de causa ao Brasil, em junho de 1863. Dois anos 
depois, a rainha Vitória enviaria um pedido formal de desculpas a D. Pedro II, sendo restabelecidas 
relações diplomáticas entre os dois países. 
 
 Estudo para Questão Christie, de Victor Meirelles, 1864. Fonte: Museu Nacional de Belas Artes. 
 
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3.2 - GUERRA DO PARAGUAI E A QUESTÃO DO RIO DO PRATA 
No mesmo período em que ocorrem as rusgas com o embaixador britânico, o Brasil se via 
cada vez mais envolvido em um eminente conflito na região da bacia do Rio Prata. 
Para que você não fique perdido, saiba que o Rio da Prata é um rio de integração comercial 
formado pelos rios Paraná, Paraguai e Uruguai. Desde o período colonial, essa região e esses rios 
foram alvo de disputas entre as potências ibéricas por servir de escoadouro para a prata que vinha 
do Potosí e se dirigia à Europa. Durante o 2º Reinado, o controle sobre a foz do rio da Prata foi 
essencial para os interesses brasileiros de manter a livre-navegação - o que favorecia o escoamento 
de sua produção e maior integração entre Rio Grande do Sul e Mato Grosso. 
Anteriormente, entre 1825 e 1828 o Brasil já havia se envolvido em uma guerra com as 
Províncias Unidas do Rio da Prata, tendo em vista o domínio da Cisplatina. No final do conflito a 
província tornou-se um Estado independente de ambos, o Uruguai. Vimos esse assunto na aula 
sobre 1o Reinado. Contudo, a independência do Uruguai não representou o fim dos conflitos e 
disputas pela região, já que ela é estratégica naquela porção territorial. 
 
A Guerra do Paraguai se localiza nessa disputa de interesses! 
A história da Guerra do Paraguai começa com os acontecimentos no Uruguai, porque, na 
verdade, aqui a elite política estava dividida em dois grupos; 
 
 
 
Uruguai
Blanco - Oribe
Pecuaristas
queria a 
anexação com 
a Argentina
Recebe apoio 
da Argentina
Colorado -
Rivera
Comerciantes
queriam livre 
comércio
Recebe apoio 
do Brasil
 
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Vejamos algumas disputas na região do prata que antecedem a Guerra do Paraguai: 
 
1. Na década de 1850 é eleito como segundo presidente do Uruguai Manuel Oribe, 
membro do Partido Blanco e apoiado pelo então presidente da Argentina, Juan 
Manuel Rosas. 
No ano seguinte Oribe é deposto pelo Partido Colorado, o que dá início a uma guerra civil entre 
as duas forças, chamada de Guerra Grande (1838-1851). O Brasil se mantém neutro no conflito 
até 1851; mas o apoio de Buenos Aires a Oribe passa a ser visto como uma ameaça para os 
interesses comerciais de estancieiros gaúchos que possuíam propriedades em território uruguaio 
e desejavam manter o livre-comércio na região. Dessa maneira, em maio de 1851 o Brasil se alia 
aos colorados do Uruguai e a duas províncias argentinas que não aceitavam o domínio de Buenos 
Aires, derrotando as tropas de Manuel Oribe e os blancos no ano seguinte. 
 
2. Em 1863, o Uruguai novamente é palco de disputas envolvendo países externos: 
➢ o colorado Venâncio Flores, apoiado por uma inédita aliança entre a Argentina e o 
Brasil, derrubam os blancos do poder. 
➢ Contudo, os blancos tinham um novo aliado: o ditador do Paraguai, Francisco Solano 
López. 
Agora fica esperto: a partir desse momento percebemos que os arcos de alianças mudam. E se 
inicia a Guerra do Paraguai. Solano López passava a uma postura agressiva que ameaçava a 
hegemonia do Brasil na região. Assim, em retaliação à interferência do Brasil no Uruguai, Solano 
Lopez captura o barco à vapor brasileiro Marquês de Olinda, que na ocasião levava o Presidente 
da província do Mato Grosso. Diante disso, o Brasil rompe relações diplomáticas com o Paraguai. 
 
Pouco tempo depois López invade o sul da província de Mato Grosso, declarando guerra ao 
Império em 13 de dezembro de 1864. Ao ter negada a passagem de suas tropas em território 
argentino, também declara guerra a este país em março de 1865, invadindo a província de 
Corrientes. 
 
 Solano López, que há tanto temia a hegemonia da Argentina e do Brasil na região do Prata, 
havia cometido um erro de cálculo, afinal os dois países uniram força contra o Paraguai. A essa 
dupla se somava o Partido dos Colorados, do Uruguai, sob comando de Flores. 
 
 
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Em 1º de maio de 1865, os 
três assinaram o Tratado da Tríplice 
Aliança, no qual constam os 
objetivos da guerra: 
❖ a deposição de Solano López; 
❖ a livre-navegação no Rio da 
Prata; 
❖ a anexação de territórios do 
Paraguai em litígio com a Argentina 
e o Brasil por estes dois países. 
O exército do Paraguai era 
maior que o do Brasil. Apesar de 
dispor de uma população 
significativamente superior a 
paraguaia, o Império Brasileiro não contava com um Exército de mesma proporção. Esse foi um 
dos motivos pelos quais a Guerra do Paraguai se estendeu por mais de cinco anos. 
A Guerra do Paraguai (1865-1870) o maior conflito bélico da história da sul-americana. Ela 
terminou com a derrota do Paraguai e a morte de Solano López, que lutou, com todo o país, até 
o fim. Ela trouxe graves consequências para todos os seus envolvidos. Vejamos: 
 
✓ Para o perdedor, significou a perda de 40% de seu território, além de ter seu 
território ocupado por tropas brasileiras até 1876. Com a destruição da lavoura e da 
sua infraestrutura, o país foi completamente devastado. Alguns estudos afirmam que 
mais de 800 mil pessoas morreram – quase todos os homens do país. 
 
✓ A Argentina, por sua vez, também teve baixas significativas em sua população, mas 
a guerra contribuiu para unificar o seu território, até então ameaçado por províncias 
contrárias à hegemonia de Buenos Aires. 
 
✓ Quanto ao Brasil, pelo menos 50 mil de seus soldados foram mortos, sem calcular 
aqueles que sucumbiram às doenças que também proliferavam os campos de 
batalha. E embora o país tenha conquistado suas pretensões territoriais e se firmado 
como maior potência da região, os custos da guerra somaram 11 vezes o orçamento 
anual disponível. Apesar disso, houve um estímulo à indústria e certa modernização 
tecnológica. Além disso, o Exército agora se encontrava repleto de negros libertos 
que haviam sido alforriados para lutarem no conflito, o que acaba por despertar a 
sensibilidade da instituição para a questão escravista nos anos seguintes. 
 
Brasil 
Argentina
Uruguai 
(colorado)
 
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Nesse sentido, essa situação toda impulsionou uma série de discussões sobre a necessidade 
de mudanças no Brasil, sobretudo, no campo político e social. No último ano da Guerra do 
Paraguai, em 1870, surgiu o Partido Republicano Paulista. Isso não foi coincidência. 
A partir da década de 1870 falamos em um momento de crise do Império. 
 
De certa forma, são os acontecimentos dos anos de 1870 e 1880 que definem a queda da 
Monarquia e a Proclamação da República. 
 
(UFU 2015) 
Para os historiadores das décadas de 1960 e 1870, o Brasil e a Argentina teriam 
sido manipulados por interesses da Grã-Betanha, maior potência capitalista da 
época, para aniquilar o desenvolvimento autônomo paraguaio, abrindo um 
novo mercado consumidor para os produtos britânicos. A guerra era uma das 
opções possíveis, que acaboupor se concretizar, uma vez que interessava a todos os 
envolvidos. Seus governantes, tendo por base informações parciais ou falsas do contexto 
platino e do inimigo em potencial, anteviram um conflito rápido, no qual seus objetivos 
seriam alcançados com o menor custo possível. Aqui não há “bandidos” ou “mocinhos”, mas 
interesses. 
DORATLONO, Francisco. Maldita guerra. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, p. 87-96. 
(Adaptado). 
Consequências da 
Guerra do Paraguai
Estímulo à 
modernização (ind. 
textil e de armamas)
Fortalecimento do 
Exército
Estímulo às 
reformas sociais e 
políticas
Dívida Pública: 11X 
o valor do 
orçamento anual
 
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A Guerra do Paraguai foi o maior conflito militar no qual o Brasil se envolveu em sua história. 
Nas novas interpretações dos historiadores para a guerra, 
a) tem sido destacada a natureza democrática do governo de Solano López, bem como a 
crescente industrialização do Paraguai. 
b) tem sido enfatizada a importância do conflito para o fortalecimento do regime monárquico 
brasileiro. 
c) tem sido valorizada a dinâmica geopolítica interna do continente sul-americano, em 
oposição às teorias da responsabilidade externa pela guerra. 
d) têm sido destacados os interesses expansionistas brasileiros como a principal causa da 
guerra. 
Comentários 
A – não, Solano Lopes era um ditador, por sinal, implementou no país um sistema de 
hierarquia militar e obrigatoriedade de prestação do serviço militar que incluía até as 
crianças. 
B – afirmação equivocada, pois D. Pedro II não fez uso da Guerra do Paraguai como medida 
para fortalecer a monarquia. Pelo contrário, para dar conta do conflito foi preciso mexer em 
uma das bases da monarquia brasileira, qual seja, o sistema escravista. E no que ele mexeu 
profe? Ele determinou que os negros que fossem para o “fronte” ganhariam a liberdade. 
Então, como uma Guerra que passou a enfraquecer pilares do Império Brasileiro pode ser 
considerada estratégica para fortalecer esse Império? 
C - correta. Ao tratarmos sobre a temática da Guerra do Paraguai, segundo as interpretações 
historiográficas mais recentes, observa-se que a Inglaterra estava comercializando com todas 
as nações envolvidas no conflito, sendo assim, não devemos ver este fato como puramente 
uma questão econômica. Nas novas interpretações sobre a guerra, a disputa geopolítica do 
próprio continente (região da Bacia Platina) tem sido alvo dos enfoques, mostrando que as 
lutas para a consolidação de fronteiras dentro do continente se apresentavam muito mais 
coerentes com o conflito do que as pressões do capital inglês sobre as ações beligerantes. 
D – falso, pois o Brasil, a partir de D. Pedro II, estava construindo uma política diplomática 
na tríplice fronteira, baseada em negociações que respeitassem as fronteiras de cada nação. 
Gabarito: C 
(CÁSPER LÍBERO 2018) 
Analise as afirmações a seguir e assinale a alternativa correta: 
a) Nas quase duas décadas subsequentes à vitória na Guerra do Paraguai, a monarquia 
brasileira passou por processo de fortalecimento em que atingiu o auge do seu prestígio 
nacional e internacional. 
 
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b) Entre os inúmeros fatores que enfraqueceram a monarquia brasileira nas suas últimas 
décadas, podemos incluir o movimento abolicionista e as aspirações descentralizadoras das 
elites provinciais. 
c) Dado o enorme prestígio de que desfrutava a monarquia brasileira, as ideias republicanas 
jamais tiveram importância no Brasil, nem mesmo às vésperas do dia 15 de novembro de 
1889. 
d) Na medida em que o Império conseguiu avanços modernizadores na economia, na 
administração e na política, ganhou apoio da sociedade e impediu o crescimento do 
movimento republicano no Brasil. 
e) A solidez da monarquia brasileira decorria do apoio irrestrito dos cafeicultores paulistas, 
que não dependiam da mão de obra escrava. 
Comentários 
Apesar do enunciado não nos fornecer nenhuma informação sobre tempo, espaço e tema, 
após ler cada uma das afirmações podemos notar que o tema da questão é o processo de 
desgaste da monarquia brasileira na segunda metade do século XIX. Esse período é marcado 
pela expansão do café no Sudeste, a ascensão de São Paulo como maior polo econômico do 
país, a intensificação dos movimentos abolicionista e republicano e a Guerra do Paraguai, 
além de conflitos diplomáticos com a Igreja Católica e outras nações, como a Inglaterra. Com 
isso em mente, vamos avaliar cada uma das alternativas: 
a) Incorreta. A Guerra do Paraguai (1864-1870) foi um conflito entre Paraguai, de um lado, e 
Brasil, Argentina e Uruguai. As principais motivações envolviam as disputas políticas internas 
no Uruguai, o controle sobre a navegação na Bacia do Rio da Prata e a política expansionista 
do presidente paraguaio Solano López. A monarquia brasileira saiu vitoriosa na guerra, mas 
profundamente endividada devido aos custos das batalhas. Além disso, o Exército saiu 
fortalecido simbolicamente, pois foi reconhecido por boa parte da população como principal 
defensor da nação. Os militares, por sua vez, passaram a cobrar mais participação política 
nas instituições. Grande parte deles também passou a simpatizar com as causas abolicionistas 
porque lutaram lado a lado de escravizados e libertos brasileiros e soldados estrangeiros de 
países republicanos, como Argentina e Uruguai. Em suas críticas à monarquia, esses militares, 
assim como os ativistas republicanos e abolicionistas, que cresciam em número naquelas 
décadas, costumavam associá-la à manutenção da escravidão e outras opressões e 
desigualdades seculares. Por isso, podemos dizer que após a Guerra do Paraguai, a 
monarquia brasileira passou por processo de desgaste em que atingiu o “fundo do poço” 
do seu prestígio nacional e internacional. Lembre-se também da Questão Religiosa (1872-
1875) e da Questão Christie (1862-1865), que opôs a monarquia à Igreja Católica e à 
Inglaterra, respetivamente. 
b) Correta! O movimento abolicionista era amplo e diverso, contando com a participação dos 
setores mais variados da sociedade. Conforme a resistência dos próprios escravizados contra 
a escravidão se radicalizou, nesse período, o abolicionismo se popularizou. Entretanto, cada 
 
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setor da sociedade ou grupo político aderia ao abolicionismo por motivações e projetos 
próprios. Alguns, temiam que uma guerra civil ou revolução escrava sanguinária eclodisse; 
outros acreditavam que a escravidão era um sistema que atravancava a economia do país e 
o trabalho assalariado era mais lucrativo para os próprios patrões; outros ainda que 
defendiam que o cativeiro devia ser extinto, mas gradualmente para não causar uma crise 
ainda maior e prejudicar a elite econômica; enfim, havia também aqueles que afirmavam que 
a abolição era apena os primeiro passo para o progresso da nação e o fim das injustiças 
sociais e o seguinte seria o advento da república. Quando o abolicionismo se ampliou e a 
propaganda ficou mais radical, nos anos 1880, sobretudo nos lugares com maior tradição 
republicana, como São Paulo, a monarquia era frequentemente associada à manutenção da 
escravidão. Por outro lado, ao tentar virar o jogo em 1888, com a Lei Áurea, a Princesa 
Regente acabou perdendo o apoio de boa parte das oligarquias rurais que ditavam os rumos 
da economia do país. Por outro lado, a relação da monarquia brasileira com essas oligarquias 
e com as elites econômicas de cada região sempre fora tensa, desde seu nascimento com a 
independência em 1822. Lembra do tanto de revoltas regionais que vimos nas Aulas 12, 13 
e 15? Pois é, em várias ocasiões algumas regiõesdo Brasil tiveram atritos com o governo 
imperial, por discordar de certas políticas econômicas, fiscais e institucionais, ou seja, pautas 
relacionadas a maior autonomia econômica e política. Veja, em geral, o governo imperial 
beneficiava muito mais um seleto grupo de poderosos e ricos fazendeiros e empresários de 
regiões do país mais interessantes para si. Quem ficava de fora, ficassem sem verbas estatais 
para projetos locais, frequentemente eram mais taxados e tinham pouco espaço para 
reclamações ou questionamentos nas vias institucionais. O próprio resultado do processo de 
abolição, em 1888 é um exemplo dessa dinâmica. Ao longo do Segundo Reinado, a 
monarquia se projetara com o apoio da elite cafeeira e escravocrata em ascensão e, ao 
assinar a Lei Áurea para cooptar o apoio popular, perdeu a aliança dos cafeicultores e todos 
os escravocratas remanescentes nas oligarquias mais poderosas. O que a família imperial não 
esperava que o apoio popular não estava tão garantido quanto havia imaginado. O 
republicanismo era forte em diferentes partes importantes do país e agora contava com o 
apoio dos ex-senhores enfurecidos com a abolição sem indenização à eles. 
c) Incorreta. Como mencionei acima, a relação entre a monarquia e as diferentes elites 
regionais variava. Aquelas que se sentiam preteridas na divisão do poder e dos privilégios 
comumente aderia a movimentos revoltosos, não raro de caráter republicano. Lembre-se das 
várias revoltas em Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Sul ao longo do século XIX, apenas 
para citar algumas. Nas décadas de 1870 e 1880, o republicanismo estava ainda mais popular. 
Crescia principalmente em São Paulo onde se misturava com o abolicionismo. 
d) Incorreta. Na verdade, esses avanços não tiveram resultados duradouros. O Segundo 
Reinado viveu apenas um curto período de relativa estabilidade entre os anos 1850 e meados 
da década de 1860. A expansão do café possibilitou operar a modernização da economia, 
por meio de reformas fiscais, empréstimos com bancos ingleses e a substituição de 
importações. No entanto, uma série de crises diplomáticas com a Igreja Católica, Inglaterra 
e outros países sul-americanos, a monarquia sofreu um grande desgaste político, além de se 
 
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endividar profundamente. Não se esqueça que as revoltas escravas e o abolicionismo 
cresciam enquanto isso. Como já disse, em alguns lugares essas pautas se misturavam com 
o republicanismo, o que contribuiu para o maior questionamento sobre a permanência da 
monarquia no poder. 
e) Incorreta. Na realidade, os cafeicultores dependiam da mão de obra escravizada, assim 
como a monarquia dependiam deles para manter a estabilidade do governo. Por isso mesmo 
quando a Princesa Regente assinou a Lei Áurea, a família imperial perdeu o apoio dos 
cafeicultores, que aderiram ao republicanismo em massa. Não à toa, pouco mais de um ano 
depois, em 15 de novembro de 1889, muitos deles apoiaram o golpe dos militares que 
proclamou a república. 
Gabarito: B 
4. CRISE DO IMPÉRIO 
A crise do regime monárquico é, de certa forma, resultado das transformações que 
ocorreram a partir da segunda metade do século XIX. Muitas demandas novas foram surgindo e, 
em geral, aquele regime aristocrático e escravocrata não dava mais conta de organizar a 
sociedade. 
Como já vimos nesta aula, desde a segunda metade do século XIX, ocorreu o florescimento 
da produção cafeeira, a qual impulsionava importantes mudanças internas, como a expansão da 
malha ferroviária e, com ela, a urbanização e o crescimento das cidades. A verdade é que o café 
gerou uma diversificação das atividades econômicas – como no sistema produtivo, nos 
transportes, no sistema bancário e financeiro (como a Bolsa do Café, em Santos-SP). 
Em meados do século XIX, houve mudanças na forma de produzir e de distribuir riqueza no 
Brasil. Até então, a predominância tradicional de acúmulo de riqueza estava na propriedade de 
escravos e de terras (independentemente se produtivas ou não). A partir de 1870 ocorre uma 
mudança importante nessa composição. O grande capital é acumulado por força dos ativos de 
produção e de circulação do café. 
Com o declínio do tráfico de escravos – fruto da pressão internacional e de movimentos 
abolicionistas nacionais – os proprietários de terra e o governo Imperial se viram diante de um 
dilema: como conseguir trabalho assalariado? 
A cultura escravagista presente no país combinada com a influência da teoria darwinismo 
social logo descartou a possibilidade de transformar o negro escravo em trabalhador assalariado. 
Por isso, uma parte da elite econômica, apostou nos imigrantes. 
O professor Renato Perissinoto, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), explica: 
 
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“Esse processo de transformação na composição dos ativos mais importantes [café e 
trabalho assalariado] revela a ascensão de formas de riqueza mais modernas na medida 
em que se torna mais diversificada e complexa a economia cafeeira”9. 
Nesse cenário, a estratificação social se torna mais complexa, pois surge o trabalhador livre 
da cidade, a classe média, o comerciante, o banqueiro, entre outros. O cafeicultor se moderniza 
e vai buscar nas atividades bancárias, financeiras, e até industriais, a possibilidade de expansão 
dos seus negócios, como explica a economista Zélia Maria Cardoso de Mello10. Assim, é possível 
afirmar que a mudança na estrutura econômica gerou uma alteração na estrutura social brasileira. 
Entenderam? 
Esses novos atores, nesse novo cenário, surgidos dessa diversificação econômica, estavam 
mais abertos a incorporar as ideias liberais que chegavam pela força da experiência histórica do 
contexto mundial (EUA, Inglaterra e França). 
Com efeito, foram esses personagens, especialmente os cafeicultores, que iniciaram a 
pressão sobre o Governo Monárquico de Dom Pedro II no sentido de exigir reformas e 
transformações políticas e administrativas para adaptar o Estado brasileiro aos novos tempos de 
dinamismo no mercado internacional e na demanda interna. 
Quanto mais o tempo passava, mais a exigência por mudanças se ampliava. Como resposta, 
a Monarquia de Dom Pedro II apresentou alternativas via reformas para tentar conter ideias 
republicanas, as quais, na prática, chocavam-se com o governo monárquico. Um pouco antes de 
1889, o Ministro do Império, Visconde de Outro Preto, apresentou um programa de reformas que 
incluía: 
 
9 Classes dominantes e hegemonia na República Velha. Ed. da Unicamp, 1994. 
10 Metamorfoses da riqueza. São Paulo 1845-1895. Ed. Hucitec/Secretaria Municipal de Cultura de São 
Paulo, 1985. 
 
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Em 1881 o governo brasileiro aprovou uma reforma eleitoral introduzindo duas mudanças 
que restringiram ainda mais os direitos políticos no país: 
 a substituição da eleição em dois turnos pelo voto direito, o que eliminava a distinção 
existente até então entre votantes (escolhiam os eleitores) e eleitores (escolhiam os 
deputados); 
 a proibição do voto do analfabeto. Vale a pena relembrar como eram as eleições 
antes da aprovação da reforma: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
I- Concessão de autonomia às províncias e aos 
Ministros;
II- Estabelecimento de temporalidade no Senado, 
pois o cargo de Senador era vitalício (o político era 
eleito Senador e ficava no cargo até morrer);
III- Criação e créditos para fornecer recursos ao 
comércio e, principalmente, à lavoura.
IV- Sistema eleitoral não censitário.
1° turno:
Votantes 
•renda mínima anual 
de 100 mil-réis.
2º turno:
Eleitores
• nascidos livres com 
renda mínima anual 
de 200 mil-réis
 
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