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MATEMÁTICA Capítulo 15 Cones e esferas136 Esferas Os próximos corpos redondos que estudaremos com maior profundidade são as esferas, que dão forma a inúme- ros objetos manufaturados pelo homem, além de servirem como modelo para estudos do comportamento físico dos universos microscópico e macroscópico. P e d ro _ T u rr in i/ iS to c k p h o to .c o m to c k p h o to .c o m S la y S to rm /i S to c k p h o to .c o m m rt o m -u k /i S to c k p h o to .c o m s u b ju g /i S to c k p h o to .c o m M u tl u K u rt b a s /i S to c k p h o to .c o m B la c k J a c k 3 D /i S to c k p h o to .c o m Formalmente, podemos definir uma esfera da seguinte maneira: “Sejam O um ponto do espaço e R uma distância defi- nida. Chamamos de esfera o conjunto formado por todos os pontos do espaço cujas distâncias até o ponto O sejam menores ou iguais a R.” E F Na figura da esfera, os elementos em destaque são: • o centro da esfera, que é o ponto O; • três eixos da esfera, que são as retas � OD, � OE e � OF, perpendiculares duas a duas; • três círculos máximos da esfera, situados em planos perpendiculares dois a dois; • um ponto D da região interior da esfera; • um ponto E da superfície da esfera; • um ponto F da região exterior à esfera. É importante observar que R não é o representante de determinado segmento de reta, mas de um valor nu- mérico, que é o comprimento definido como distância ao centro da esfera. Assim, em relação aos pontos destacados na figura: • Distância (D, O) < R • Distância (E, O) = R • Distância (F, O) > R O comprimento R que define a esfera é denominado raio da esfera. Assim, dizemos que a figura representa uma esfera de centro O e raio R. Os círculos máximos de uma esfera também recebem o nome de meridianos da esfera. Todo círculo máximo de uma esfera tem o mesmo cen- tro que a esfera. Chamamos de diâmetro da esfera qualquer segmento de reta cujas extremidades são os pontos de interseção de dois meridianos da esfera. Os diâmetros da esfera medem 2R, e o centro da esfera pertence a todos eles. A descoberta de Arquimedes Arquimedes de Siracusa foi um grande pensador da Antiguidade, e seus experimentos contribuíram muito tanto para os estudos da Matemática quanto para os da Física. Uma das conclusões mais impressionantes que tirou des- ses experimentos foi a relação entre volumes e áreas de duas formas geométricas em particular: a esfera e o cilindro equilátero. Suas descobertas sobre a métrica desses corpos redondos só foram demonstradas muito posteriormente, quando o conhecimento matemático já incorporava o cál- culo diferencial e integral, de modo que Arquimedes pode ser considerado um precursor dessa ciência. h = 2R De acordo com os experimentos de Arquimedes, se um cilindro equilátero e uma esfera têm o mesmo raio R, então a área da superfície total do cilindro é 50% maior que a área da superfície esférica. O mais impressionante é que, nessas condições, o volume do cilindro também é 50% maior que o volume da esfera. = = Superfície do cilindro Superfície da esfera Volume do cilindro Volume da esfera 1,5 Superfície esférica Vamos usar a relação de Arquimedes com o objetivo de deduzir uma expressão para a área da superfície esférica. F R E N T E 3 137 A área total de um cilindro de revolução é composta das áreas de sua superfície lateral e de suas duas bases circu- lares. Assim, sendo R e h as medidas do raio e da altura do cilindro, temos: • Alateral = 2πRh • Abase = πR 2 • Atotal = Alateral + 2 ⋅ Abase = 2πRh + 2πR 2 = 2πR(h + R) Como se trata de um cilindro equilátero, h = 2R. Portanto: • Atotal = 2πR(2R + R) = 2πR ⋅ 3R = 6πR 2 Então, da relação de Arquimedes para as áreas da su- perfície esférica e do cilindro equilátero, obtemos: = π = ⋅ = π Área do cilindro equilátero Área da superfície esférica 1,5 6 R Área da superfície esférica 3 2 3 (Área da superfície esférica) 12 R 2 2 Área da superfície esférica = 4πR2 Exercício resolvido 8 Qual a área aproximada da superfície de uma esfera com 80 cm de diâmetro? A 1,8 m2. b 1,9 m2. C 2,0 m2. d 2,1 m2. E 2,2 m2. Resolução: Do diâmetro da esfera, obtemos 2R = 80 cm ⇔ R = 40 cm. Assim, o valor exato de sua área é: A = 4πR2 = 4π ⋅ 402 = 6 400π cm2 Convertendo a unidade, encontramos: A = 6 400π ⋅ (10 2 m)2 = 6 400 ⋅ 10–4π m2 = 0,64π m2 Com π = 3,14, temos o valor aproximado A ≅ 0,64 ⋅ 3,14 ≅ ≅ 2,0096 m2. Alternativa: C Volume da esfera Também vamos utilizar a relação de Arquimedes a fim de deduzir uma expressão para o volume da esfera. O volume de um cilindro de revolução de raio R e altura h é dado por: • Vcilindro = πR 2h Como se trata de um cilindro equilátero, h = 2R. Logo: • Vcilindro = πR 2 ⋅ (2R) = 2πR3 Então, da relação de Arquimedes para os volumes da esfera e do cilindro equilátero, temos que: = π = ⋅ = π Volume do cilindro equilátero Volume da esfera 1,5 2 R Volume da esfera 3 2 3 (Volume da esfera) 4 R 3 3 = π Volume da esfera 4 R 3 3 Exercícios resolvidos 9 Calcule o volume de uma esfera sabendo que sua su- perfície tem uma área de 324π cm2. A 243π cm3. b 297π cm3. C 423π cm3. d 792π cm3. E 972π cm3. Resolução: Da área da superfície, obtemos 4πR2 = 324π ⇔ R2 = 81. Portanto, R = 9 e o volume dessa esfera, em cm3, é: = π = π ⋅ = π ⋅ = π ⋅ = πV 4 R 3 4 9 3 4 729 3 4 243 972 3 3 Alternativa: E 10 Qual o número inteiro que mais se aproxima da medi- da, em centímetros, do raio interno de um recipiente esférico com capacidade de 1 litro? Utilize π ≅ 3. A 2 b 3 C 4 d 5 E 6 Resolução: Como 1 litro equivale a 1 000 cm 3, sendo R a medi- da, em centímetros, do raio dessa esfera, obtemos 4 R 3 1000 3 π = . Com π ≅ 3, temos que, aproximadamente, 4R 1000 R 250 R 250 3 3 3 ≅ ⇔ ≅ ⇔ ≅ Então, como < <216 250 3433 3 3 , temos que R satis- faz 6 < R < 7, sendo 6 o inteiro que mais se aproxima da medida do raio. Alternativa: E Seção meridiana da esfera Qualquer reta que passe pelo centro de uma esfera é também um eixo dela. Dessa forma, qualquer plano que pas- se pelo centro da esfera promove nela uma seção meridiana. A circunferência de uma seção meridiana da esfera é chamada de meridiano da esfera. E R O A área da seção meridiana de uma esfera de raio R é igual a πR2. O comprimento dos meridianos de uma esfera de raio R é igual a 2πR. MATEMÁTICA Capítulo 15 Cones e esferas138 Hemisférios Toda seção meridiana de uma esfera a divide em dois sólidos congruentes, denominados hemisférios. Assim, o volume de um hemisfério equivale à metade do volume de uma esfera de mesmo raio R. = ⋅ = ⋅ π Volume do hemisfério 1 2 (volume da esfera) Volume do hemisfério 1 2 4 R 3 3 = π Volume do hemisfério 2 R 3 3 E RO Os hemisférios são dotados de duas superfícies. Uma delas é plana, tem o formato de um círculo e pode ser considerada a base do hemisfério. A outra é curva e equi valente à metade da superfície de uma esfera. Logo, em um hemisfério de raio R, temos: Aplana = πR 2 Acurva = 2πR 2 Atotal = 3πR 2 Exercício resolvido 11 Um pedaço maciço de isopor com a forma de uma semiesfera tem volume igual a 2,25π dm3 e terá sua superfície curva pintada para a decoração de uma fes- ta infantil. Qual o valor da área a ser pintada nessa peça? A 2,25π dm2. b 4,5π dm2. C 6,75π dm2. d 9π dm2. E 11,25π dm2. Resolução: Como = =2,25 225 100 9 4 , temos: = π = π ⇔ = ⇔ =V 2 R 3 9 4 R 27 8 R 3 2 dm 3 3 Portanto, a área que será pintada é igual a: = π = π = π = πA 2 R 2 3 2 9 2 4,5 dm 2 2 2 Alternativa: B Calota esférica Se uma seção plana de uma esfera não passa pelo seu centro, então essa seção a divide em dois sólidos não equivalentes, denominados calotas da esfera. Sendo R o raio da esfera secionada, a base de uma calota dessa esfera deve ser uma circunferência de raio r, tal que r ≤ R. O' r P R O d Como a projeção ortogonal do centro O da esfera deve coincidir com o centro O' da base da calota, esses centros determinam, com qualquerponto P da circunferência da base da calota, um triângulo retângulo POO', de hipotenu- sa PO = R e cateto PO' = r. Dessa forma, sendo d = OO' a distância entre os centros da esfera e da base da calota, do teorema de Pitágoras, obtemos: R2 = d2 + r2 O triângulo POO' não existe quando r = R, pois, nesse caso, O = O' e as calotas são também hemisférios. Exercício resolvido 12 Uma esfera de raio R cm é secionada por um plano que está a 5 cm de distância do centro da esfera. Se a área da base das calotas obtidas é de 144π cm2, então R é igual a: A 10 b 11 C 12 d 13 E 14 Resolução: Da área da base da calota, obtemos πr2 = 144π ⇔ ⇔ r = 12 cm. Da relação R2 = d2 + r2, temos que R2 = 52 + 122 = = 25 + 144 = 169 cm2. Portanto, R = 13 cm. Alternativa: D Cunhas e fusos esféricos Considere que duas seções meridianas de uma esfera de raio R determinem um diedro de medida θ. Nesse caso, a esfera ficará dividida em quatro sólidos geométricos de- nominados cunhas esféricas. Duas delas terão ângulo de medida θ; e as outras duas, o suplemento desse ângulo.