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Aula 29 – Guerra Fria (Parte 1) 135 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência Nos anos que se seguiram à Segunda Guerra, movimentos como o Maio de 1968 ou a campanha contra a Guerra do Vietnã culminaram no estabelecimento de diferentes formas de participação política. Seus slogans, tais como “Quando penso em revolução quero fazer amor”, se tornaram símbolos da agitação cultural nos anos 1960, cuja inovação relacionava-se a) à contestação da crise econômica europeia, que fora provocada pela manutenção das guerras coloniais. b) à organização partidária da juventude comunista, visando o estabelecimento da ditadura do proletariado. c) à unificação das noções de libertação social e libertação individual, fornecendo um significado político ao uso do corpo. d) à defesa do amor cristão e monogâmico, com fins à reprodução, que era tomado como solução para os conflitos sociais. e) ao reconhecimento da cultura das gerações passadas, que conviveram com a emergência do rock e outras mudanças nos costumes. Questão 05 Os 45 anos que vão do lançamento das bombas atômicas até o fim da União Soviética, não foram um período homogêneo único na história do mundo. (...) dividem-se em duas metades, tendo como divisor de águas o início da década de 70. Apesar disso, a história deste período foi reunida sob um padrão único pela situação internacional peculiar que o dominou até a queda da URSS. (HOBSBAWM, Eric J. Era dos Extremos. São Paulo: Cia das Letras, 1996) O período citado no texto e conhecido por "Guerra Fria" pode ser definido como aquele momento histórico em que houve a) corrida armamentista entre as potências imperialistas europeias ocasionando a Primeira Guerra Mundial. b) domínio dos países socialistas do sul do globo pelos países capitalistas do Norte. c) choque ideológico entre a Alemanha Nazista/União Soviética Stalinista, durante os anos 30. d) disputa pela supremacia da economia mundial entre o Ocidente e as potências orientais, como a China e Japão. e) constante confronto das duas superpotências que emergiam da Segunda Guerra Mundial. Questão 06 Em dezembro de 1998, um dos assuntos mais veiculados nos jornais era o que tratava da moeda única europeia. Leia a notícia destacada a seguir. O nascimento do Euro, a moeda única a ser adotada por onze países europeus a partir de 1 de janeiro, é possivelmente a mais importante realização deste continente nos últimos dez anos que assistiu à derrubada do Muro de Berlim, à reunificação das Alemanha, à libertação dos países da Cortina de Ferro e ao fim da União Soviética. Enquanto todos esses eventos têm a ver com a desmontagem de estruturas do passado, o Euro é uma ousada aposta no futuro e uma prova da vitalidade da sociedade europeia. A "Euroland", região abrangida por Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Finlândia, França, Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo e Portugal, tem um PIB (Produto Interno Bruto) equivalente a quase 80% do americano, 289 milhões de consumidores e responde por cerca de 20% do comércio internacional. Com este cacife, o Euro vai disputar com o dólar a condição de moeda hegemônica. (Gazeta Mercantil, 30/12/1998) A matéria refere-se à "desmontagem das estruturas do passado" que pode ser entendida como a) o fim da Guerra Fria, período de inquietação mundial que dividiu o mundo em dois blocos ideológicos opostos. b) a inserção de alguns países do Leste Europeu em organismos supranacionais, com o intuito de exercer o controle ideológico no mundo. c) a crise do capitalismo, do liberalismo e da democracia levando à polarização ideológica da antiga URSS. d) a confrontação dos modelos socialistas e capitalista para deter o processo de unificação das duas Alemanhas. e) a prosperidade as economias capitalistas e socialistas, com o consequente fim da Guerra Fria entre EUA e a URSS. Questão 07 A divisão da Alemanha entre os Aliados, no final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), expressa a relação entre as disputas políticas e a definição de fronteiras territoriais. Considerando as tensões europeias nessa circunstância, conclui- se que a a) zona de influência francesa em território alemão pretendia pôr fim ao revanchismo entre esses países, presente desde o Tratado de Versalhes. b) intervenção aliada desejava controlar os desejos expansionistas alemães, sustentados pela permanência da propaganda nazista. c) atuação dos ingleses na partilha das zonas alemãs visava apoiar a presença soviética na região do Leste Europeu. d) constituição das zonas de influência na Alemanha expunha o temor europeu em relação aos interesses nacionalistas que agitavam os Bálcãs. e) criação da República Democrática Alemã e da República Federal Alemã expôs a força política soviética e norte-americana no Continente Europeu. Questão 08 Os anos posteriores à Segunda Guerra Mundial foram tensos entre as grandes potências mundiais. Considerando-se a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e o Pacto de Varsóvia, criados nesse período, é correto afirmar que: a) A OTAN visava a apaziguar os conflitos relacionados à divisão da cidade de Berlim, bem como a proteger os países sob sua influência econômica das ameaças de invasão externa e de conflitos militares. b) Ambos desenvolveram políticas que incentivaram a chamada Corrida Armamentista, que, durante o período da Guerra Fria, colocou o Planeta sob a ameaça de uma guerra nuclear. c) Ambos foram estabelecidos, simultaneamente, para defender os interesses dos países que disputavam, após a Segunda Guerra, uma reordenação dos espaços europeu e americano. d) Os países signatários do Pacto de Varsóvia se aliaram e, para defender seus interesses financeiros, formaram um bloco econômico, a fim de competir com a Alemanha, a Inglaterra e os Estados Unidos. Questão 09 Sobre o período denominado "Guerra Fria", da segunda metade do século XX até a Queda do Muro de Berlim, em 1989, é correto afirmar que: a) Destacou-se como período de tensão entre duas potências, os EUA e a China democrática, na disputa pelo controle da economia mundial. b) Desencadeou a descolonização de países na África, Ásia e 136 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr. América, até então domínio dos impérios europeus. c) Caracterizou-se pela bipolaridade nas relações internacionais com a hegemonia de sistemas antagônicos - o capitalista dos EUA e o comunista da URSS. d) Deu-se sob o signo do terrorismo das armas nucleares, monopólio da URSS contra os países do Leste europeu, com vistas à expansão e conquista da Europa ocidental. e) Foi marcado pelo papel da União Europeia em oposição à política externa dos EUA no Oriente Médio, sob a égide do terrorismo internacional. Questão 10 O "Muro de Berlim" foi construído em 1961 e derrubado em 1989. Sobre ele, é possível dizer que a) tinha o mesmo objetivo do muro que os Estados Unidos pretendem construir em sua fronteira com o México: impedir a imigração ilegal de ocidentais, interessados nos benefícios do socialismo. b) provocou a divisão da Alemanha em duas partes, com o surgimento, a leste, da Alemanha Democrática (ou Oriental) e da Alemanha Federativa (ou Ocidental), a oeste. c) desempenhava a mesma função do muro que Israel está construindo na Palestina: evitar a entrada de terroristas em seu território e aumentar a segurança do Estado e da população. d) foi destruído pelas tropas soviéticas quando tomaram Berlim ao final da Segunda Guerra Mundial, derrotando o nazismo e obrigando a Alemanha a se tornar socialista. e) simbolizou a divisão do mundo durante a Guerra Fria, separando em dois a cidade de Berlim e estabelecendo contraste entre o mundo capitalista e o mundo socialista. Questão 11 A charge,de autoria de Belmonte e publicada em 20 de agosto de 1946, apresenta Truman e Stálin como jogadores e o mundo como a bola em jogo. Através desse desenho, o autor procurou expressar: a) a importância que os esportes em geral adquiriram no contexto da ordem internacional bipolarizada. b) a disputa entre as duas superpotências querendo assegurar sua hegemonia no cenário internacional. c) os interesses políticos presentes nos torneios de futebol, principalmente naqueles de caráter internacional. d) a preocupação das principais lideranças no sentido de se garantir um equilíbrio de forças na esfera global. Questão 12 "A Segunda Guerra Mundial mal terminara quando a humanidade mergulhava no que se pode encarar, razoavelmente, como Terceira Guerra Mundial, embora uma guerra muito peculiar. Pois como observou o grande filósofo Thomas Hobbes, "guerra consiste não só na batalha, ou no ato de lutar: mas num período de tempo em que a vontade de disputar pela batalha é suficientemente conhecida" (Hobbes, capítulo 13). A Guerra Fria entre EUA e URSS, que dominou o cenário internacional na segunda metade do Breve Século XX, foi sem dúvida um desses períodos." (Hobsbawm, Eric. "Era dos Extremos, o breve século XX -1914-1991", São Paulo, Cia das Letras, 1995.) Com relação ao período conhecido como Guerra Fria, verificamos que: a) a humanidade vivia sob constante ameaça de uma guerra nuclear, em que dois países decidiriam o destino do mundo. b) o bloco socialista sempre defendeu o desarmamento, apesar da rivalidade entre as duas potências. c) o texto fez referência a uma Terceira Guerra Mundial, porém o bloco capitalista nunca interferiu na política latino-americana. d) ao longo do século XX, não se observaram movimentos contestatórios à bipolarização. e) o mundo assistiu passivamente à disputa entre as duas potências, portanto não podemos concordar com a ideia de a Guerra Fria ser um fenômeno mundial. Questão 13 Leia os trechos da mensagem do presidente Harry Truman, dos Estados Unidos da América, ao Congresso, em 1947. No momento atual da história do mundo quase todas as nações se veem na contingência de escolher entre modos alternativos de vida. E a escolha, algumas vezes, não é livre. Acredito que a política dos Estados Unidos deve ser a de apoiar os povos livres que estão resistindo à subjugação tentada por minorias armadas ou por pressões vindas de fora. Acredito que precisamos ajudar os povos livres a elaborar os seus destinos à sua maneira. (...) Se fraquejarmos em nossa liderança, poderemos pôr em perigo a paz do mundo e poremos seguramente em perigo o bem-estar da nossa nação. (Ricardo de Moura Faria e outros. "História". Belo Horizonte: Lê, 1993. p. 366-7) Os princípios contidos na mensagem serviram como justificativa para que o governo dos Estados Unidos da América a) ajudasse, militar e economicamente, a luta de independência dos países africanos e asiáticos. b) contribuísse para a proliferação de governos democráticos em todo o continente americano. c) desse continuidade à política intervencionista visando garantir sua hegemonia no mundo. d) reconhecesse os direitos políticos e a liberdade de expressão dos cidadãos do seu próprio país. e) desencadeasse uma política de pacificação e ajuda econômica no Oriente Médio. Questão 14 "O aspecto mais marcante da ordem geopolítica bipolar foi a chamada Guerra Fria. Ela consistiu simultaneamente numa disputa e numa conivência entre Estados Unidos e ex União Soviética. Foi uma disputa tanto político-militar e econômica como diplomática, cultural e ideológica. Pode-se dizer que ela representou uma Aula 29 – Guerra Fria (Parte 1) 137 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência espécie de prolongamento da Segunda Guerra Mundial, só que sem as batalhas, sem os conflitos militares diretos." (VESENTINI, José William. "A nova ordem mundial". São Paulo: Ática, 1995, p.12.) A partir da leitura do texto, pode-se compreender que a ausência de conflitos militares diretos entre as duas superpotências significa que: a) a competição econômica neutralizou os conflitos militares durante os anos da Guerra Fria. b) as disputas militares ocorreram de forma indireta em outros países, como os do Terceiro Mundo. c) a ideia de democracia presente na ideologia capitalista e na socialista impediu a eclosão de movimentos militares. d) a paz predominou no mundo a partir do pleno funcionamento das relações diplomáticas. e) o progressivo desarmamento no planeta ocorreu com o fim da Segunda Guerra Mundial. Questão 15 Leia esta notícia de primeira página da Folha de S. Paulo de 20/08/61: MOSCOU REJEITA OS PROTESTOS DOS ALIADOS SOBRE A CRISE DE BERLIM. (...) o Kremlin 'compreende e apoia plenamente o fechamento “temporário” da fronteira, ordenado pelo governo comunista alemão (...) (...) Uma boa parte da resposta soviética está dedicada a reafirmar que a zona oriental de Berlim procura fechar o caminho às atividades subversivas empreendidas, da zona ocidental, contra a República Democrática Alemã e os demais países da comunidade socialista." Sobre o contexto histórico, ao qual se refere a notícia, é correto afirmar que: I. A divisão da Alemanha em duas se deu alguns anos após a ocupação pelos Aliados, já no período da Guerra Fria. II. A República Federal Alemã era um país socialista e a República Democrática Alemã era capitalista. III. Berlim Oriental pertencia à Alemanha socialista e Berlim Ocidental pertencia à Alemanha capitalista. IV. A comunidade socialista era integrada por países do Leste Europeu. Estão corretas a) II e III, somente. b) II e IV, somente. c) I, II e IV, somente. d) I, III e IV, somente. e) I, II, III e IV. CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL Prof. Monteiro Jr. VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência A GUERRA FRIA (PARTE 2) A DESCOLONIZAÇÃO AFRO-ASIÁTICA Durante a Guerra Fria, os países afro-asiáticos conseguiram se libertar do domínio colonial europeu. A esse processo dá-se o nome de “descolonização”. Com o esfacelamento dos impérios coloniais europeus, novos países surgiram, alterando a geopolítica internacional. Entre os principais fatores que estimularam a descolonização, destacam-se: • o enfraquecimento das potências europeias após a Segunda Grande Guerra, que comprometeu sua capacidade de reagir aos movimentos de libertação colonial; • a eclosão de uma onda nacionalista afro-asiática que estimulou a luta pela independência nas colônias; • o interesse das superpotências (EUA e URSS) em ampliar seu raio mundial de influência, o que resultou no apoio das mesmas aos movimentos de descolonização; • a criação da ONU (1945), que passou a defender o direito dos povos à autodeterminação e ao autogoverno. Em 1955, vinte e nove países afro-asiaticos já independentes se reuniram em Bandung, Indonésia. Debateram seus problemas, discutiram os rumos do movimento de descolonização, manifestaram seu apoio aos países que ainda não tinham conseguido a emancipação política, condenaram toda forma de racismo e colonialismo e proclamaram-se pertencentes ao Terceiro Mundo, rejeitando o alinhamento automático às superpotências. A Conferência de Bandung foi um poderoso marco no processo de descolonização dos povos afro-asiáticos; entretanto, os países reunidos em Bandung não foram capazes de traçar com clareza ações práticas que pudessem livrar as ex colônias do trágico signo do subdesenvolvimento e da pobreza. Destacamos aqui o processo de descolonização da Índia (1947), comandado por Mahatma Gandhi. Colônia inglesa desde o século XIX, a Índia conseguiu sua independência graças à desobediência civil, estratégia que Gandhi e seus seguidores adotaram para dobrar as autoridades britânicas. Os indianos deveriamignorar as ordens dos colonizadores, desobedecendo-os de forma aberta e deliberada, sem reagir com violência às retaliações que viriam. Além de desobedecer às autoridades coloniais, os indianos deveriam boicotar o consumo de produtos ingleses. Um dos mais importantes momentos da desobediência civil foi a “marcha do sal”, produto cujo monopólio se encontrava nas mãos da metrópole. Gandhi e um grupo de indianos percorreram, a pé, centenas de quilômetros, até chegar ao litoral para ferver a água do mar e, dessa forma, produzir sal, em mais uma demonstração de desobediência aos colonizadores britânicos. Estimulado a continuidade do movimento, Gandhi disse: “A primeira coisa, portanto, é dizer-vos a vós mesmos: Não aceitarei mais o papel de escravo. Não obedecerei às ordens como tais, mas desobedecerei quando estiverem em conflito com a minha consciência. O assim chamado patrão poderá surrar-vos e tentar forçar-vos a servi-lo. Direis: Não, não vos servirei por vosso dinheiro ou sob ameaça. Isso poderá implicar sofrimentos. Vossa prontidão em sofrer acenderá a tocha da liberdade que não poderá jamais ser apagada.” Incapaz de reprimir o movimento de desobediência civil, o governo britânico seretirou da Índia em 1947. Com a saída dos colonizadores, vieram à tona, de forma ainda mais forte, as diferenças entre os índianos que professavam a fé hindu e os que professavam a fé islâmica. O país acabou se dividindo em dois: Índia (abrigando a população de maioria hindu) e Paquistão (abrigando a população de maioria islâmica). Um terceiro país surgiu no ano seguinte, na ilha do Ceilão, adotando o nome de Sri Lanka (população de maioria budista). No meio de toda essa agitação, a Caxemira, cuja população é de maioria islâmica, acabou incorporada à Índia, desagradando a vontade da maior parte de seus habitantes, que desejavam a incorporação do território ao Paquistão. De olho na situação, o governo paquistanês passou a apoiar um movimento separatista na Caxemira, o que transformou a região numa permanente zona de tensão entre a Índia e o Paquistão. A GUERRA DA CORÉIA Ocupada por tropas japonesas durante a Segunda Grande Guerra, a Coréia foi libertada pelas forças militares dos Aliados ao fim do conflito mundial. Dividida em duas zonas de ocupação, na altura do paralelo 38, a península da Coréia deu origem a dois países: ao norte, a A Conferência de Bandung (1955). Mahatma Gandhi. http://3.bp.blogspot.com/_lRe1RGoCF3U/RwU0dgJho5I/AAAAAAAAABA/EVQ7VRjp6TY/s1600-h/imagem.bmp.jpg Aula 30 – Guerra Fria (Parte 2) 139 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência República Popular Democrática da Coréia, de orientação socialista, com a capital na cidade de Pyongyang; ao sul, a República da Coréia, capitalista, com a capital em Seul. A situação apresentava tonalidades extremamente explosivas para a paz, uma vez que tanto o governo de Pyongyang como o de Seul reivindicavam a totalidade do território da península coreana. A fronteira entre as duas Coréias se transformou numa das principais zonas de tensão do pós guerra. Em 1950, sob as ordens do líder norte-coreano Kim II Sung, tropas da República Popular Democrática da Coréia invadiram a República da Coréia com o objetivo de unificar os dois países sob o regime socialista. Tropas norte-americanas foram mobilizadas em socorro da Coréia do Sul. Depois de 3 anos de conflito, que deixou um saldo de mais de 3 milhões de mortos, os dois países assinaram o armistício de Pan Munjon (1953), encerrando o conflito e restabelecendo os antigos limites de fronteiras e criando uma zona desmilitarizada entre a Coréia do Norte e a Coréia do Sul. Depois do conflito, a Coréia do Sul passou a receber investimentos estrangeiros, transformando-se numa potência capitalista asiática. Quanto à Coréia do Norte, o regime socialista ainda resiste, mesmo com o fim da URSS em 1991 e a consequente suspensão da ajuda financeira de Moscou ao país (veja a Leitura Complementar I ao fim deste capítulo). A GUERRA DO VIETNÃ Localizado no sudeste asiático, o Vietnã foi dominado pela França na segunda metade do século XIX. Em 1954, depois de uma longa guerra de independência, os vietnamitas derrotaram de vez os franceses da histórica batalha de Diem Bien Phu. Ainda no mesmo ano ocorreu em Genebra, na Suíça, uma reunião entre representantes do governo francês e os líderes vietnamitas que comandaram a luta contra o domínio colonial. Em Genebra, a França reconheceu a independência do Vietnã; entretanto, divergências entre os próprios líderes vietnamitas quanto ao sistema sócio econômico que deveria ser adotado no país independente (socialismo ou capitalismo) levaram à divisão do Vietnã em dois: • Vietnã do Norte, socialista, com a capital em Hanói, governado por Ho Chi Minh; • Vietnã do Sul, capitalista, com a capital em Saigon, governado por Bao Daí. Ficou decidido ainda a realização de um plebiscito nos dois países, em 1956, para decidir o futuro da região (se haveria ou não a reunificação e, caso houvesse, qual seria o sistema sócio econômico do país reunificado). Às vésperas da realização do plebiscito, tudo indicava que o resultado seria a reunificação do país sob a bandeira do socialismo. Então, no Vietnã do Sul, Ngo Dinh Diem (que sucedeu Bao Daí no governo) proibiu a realização do plebiscito, desencadeando a reação da população, que organizou uma guerrilha para derrubar o governo e reunificar os dois países. A guerrilha vietcongue, formada pela população do Vietnã do Sul, começou a receber ajuda da URSS e do Vietnã do Norte. Os EUA passaram a enviar, a partir de 1964, “conselheiros militares” (tropas armadas) para ajudar o governo do Vietnã do Sul a esmagar a guerrilha. Os americanos temiam que a vitória da guerrilha vietcongue abrisse caminho para a reunificação do país sob a tutela do governo socialista do Vietnã do Norte, o que influenciaria outras nações do Sudeste asiático a abraçar regimes socialistas (Teoria do Dominó). Soldados americanos atravessam um rio no Vietnã do Sul (1965). Calcula-se que o governo dos EUA enviou ao Vietnã do Sul, entre 1964 e 1968, mais de 500 mil “conselheiros militares”, a fim de ajudar o governo sul vietnamita a esmagar a guerrilha vietcongue (que era apoiada pelo Vietnã do Norte e pela URSS). Sem treinamento adequado para enfrentar uma guerra de guerrilhas, os soldados americanos enfrentaram um verdadeiro pesadelo durante o conflito: a surpresa do ataque inimigo. Afinal de contas, o inimigo estava em toda parte, uma vez que a guerrilha vietcongue recebia cada vez mais adesão da população do Vietnã do Sul. Em resposta, as tropas americanas começaram a promover ataques indiscriminados contra a população civil, bombardeando aldeias no interior sob o argumento de que se tratavam de focos guerrilheiros. Um dos episódios mais dramáticos ocorreu numa pequena aldeia sul vietnamita, My Lai, onde a população civil foi vítima de uma chacina praticada pelas tropas americanas, que acreditavam ser o local um abrigo de guerrilheiros vietcongues. O Vietnã do Norte também foi bombardeado pelas forças militares dos EUA, em retaliação à colaboração do governo de Ho Chi Minh à guerrilha sul vietnamita. Foi num desses bombardeios que um fotógrafo registrou a imagem que se tornaria o maior símbolo do conflito: A península coreana, dividida em dois países após a Segunda Guerra Mundial. http://blogs.estadao.com.br/olhar-sobre-o-mundo/guerra-do-vietna-imagens-do-horror/foto-henri-huetap/ http://blogs.estadao.com.br/olhar-sobre-o-mundo/guerra-do-vietna-imagens-do-horror/foto-henri-huetap/� 140 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr. crianças fugindo de sua aldeia, destruída pelas bombas americanas, com destaque para uma menina, nua, com o corpo queimado pelo napalm que os americanos usavam em suas bombas. Ela se transformou no símboloda Guerra do Vietnã. A foto da menina queimada, fugindo nua após seu vilarejo ser devastado pelos americanos, correu o mundo. Hoje, Phan Thi Kim Phuc ainda carrega as marcas do bombardeio, mas se esforça para superar o trauma. "Estive no inferno e percebi que, se mantivesse o ódio, nunca sairia dele", disse a vietnamita em entrevista ao Estado durante sua passagem por Genebra, na semana passada. Phan conta que jamais esquecerá o dia 8 de junho de 1972. "Estávamos em casa e, de repente, começamos a ver nossa vila sendo atacada. Corremos para um templo, que depois também foi bombardeado. Decidimos sair correndo. Ao sair, senti meu corpo inteiro queimar, como se estivesse em um forno. Era o napalm, que eu, sinceramente, não tinha ideia do que fosse até aquele momento", disse Phan, que teve 65% de seu corpo queimado. Seu vilarejo, Trang Bang, fica no sul do Vietnã, a cerca de 40 quilômetros de Saigon. A bomba foi lançada por soldados do Vietnã do Sul contra tropas norte-vietnamitas. A operação foi coordenada por militares americanos, ainda que Washington jamais tenha admitido seu envolvimento. Em 1972, ela tinha 9 anos. Hoje, aos 45, é casada e mora no Canadá com seus dois filhos. Sua foto, tirada por Huynh Cong Ut, fotógrafo da agência Associated Press, ganhou o Prêmio Pulitzer do ano seguinte e se transformou no símbolo do conflito. Enquanto a foto corria o mundo, sua vida mudava de forma radical. Após o ataque, ela foi levada para um hospital em Saigon pelo próprio fotógrafo. "Só me lembro que jogava água no meu corpo." Quando chegou ao hospital, as enfermeiras disseram que a garota não sobreviveria. "Fiquei 14 meses internada e passei por 17 cirurgias", diz. A última ocorreu na Alemanha Oriental, em 1984. Mas, nem assim, as marcas desapareceram. "Continuo sentindo muita dor a cada movimento." Um ano após o ataque, ela voltou ao vilarejo. "Alguns dias depois, meu pai me trouxe um jornal e me mostrou a foto. Fiquei horrorizada e chorei sem parar por vários dias. Foi naquele momento que comecei a entender o que eu tinha vivido. Além disso, estava muito envergonhada. Não suportava me ver nua em uma foto que o mundo inteiro viu." Phan relata que estava vestida com uma roupa leve no momento do ataque, a qual que foi queimada em alguns segundos. "Se estivesse usando uma roupa mais pesada, que levasse mais tempo para queimar, estaria morta. Muitos morreram exatamente desta forma." Aos 13 anos, ela foi estudar em Saigon. No regime comunista, obteve a autorização, alguns anos mais tarde, para estudar medicina em Cuba, onde conheceu seu marido. Na viagem de lua de mel, o avião fez uma escala no Canadá, de onde o casal nunca mais saiu. Phan tentou viver no anonimato, mas foi descoberta nos anos 90. "Um dia, estava andando na rua em Toronto e alguém me disse que sabia quem eu era. Foi aí que eu entendi que não poderia mudar o passado, mas que poderia alterar o significado do que ocorreu." A vietnamita passou a atuar como ativista de direitos humanos, tornou-se embaixadora da Unesco e criou uma fundação. Até hoje, Phan se lembra com ironia dos comentários do então presidente americano Richard Nixon, que duvidava da autenticidade da foto. http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,o-destino-da-menina-que-foi-a-cara-de-uma-guerra,481141,0.htm Apesar de contar com armas mais poderosas, as tropas norte-americanas não conseguiam sufocar com eficiência a guerrilha vietcongue, que cada vez mais contava com a simpatia da opinião pública internacional. A própria opinião pública americana, a partir de 1968, passou a condenar a participação do país no conflito. Quase 60 mil soldados americanos tinham morrido no conflito até então. Nos campus universitários, jovens organizavam grandes manifestações contra a guerra. Os pais não queriam que seus filhos fossem enviados para lutar num país distante, numa guerra em que sequer conseguiam compreender muito bem o motivo de envolvimento dos EUA. Pressionado por todos os lados, o presidente Richard Nixon ordenou, em 1973, a retirada das tropas americanas do Vietnã. A guerra entrou, a partir daí, numa fase denominada de “vietnamização do conflito”, sem a presença das tropas estrangeiras enviadas por Washington. Em dois anos, a guerrilha vietcongue conseguiu derrubar o governo do Vietnã do Sul. O país foi finalmente reunificado sob o signo do socialismo. A GUERRA DO AFEGANISTÃO Sob a justificativa de proteger um governo alinhado a Moscou, tropas da URSS invadiram e ocuparam o Afeganistão, país do Oriente Médio, na Ásia (1979). Começava a partir daí um conflito que se arrastaria por dez longos anos e cujos desdobramentos teriam ligação com os atentados de 11 de setembro de 2001, nos EUA. O Afeganistão possui uma longa história de Guerras e invasões. Ocupado por macedônicos, muçulmanos, mongóis, turco otomano e, Manifestação contra a Guerra do Vietnã em Washington, 1967. http://professoresimagetech.files.wordpress.com/2010/08/20080717120000_2189_medium_marc-riboud-da-magnum-imortalizou-protesto-contra-a-guerra-do-vietna-1967.jpg SEMANA 30 - H GERAL - Guerra Fria (parte 2) - MONTEIRO JR