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Aula 1 – Civilização Egípcia e Mesopotâmica 3 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência Para saber mais: Quem construiu o Egito? Foram pessoas de “carne e osso”, como nós, que construíram a civilização egípcia. As imponentes pirâmides de Gizé, uma das sete maravilhas do mundo, foram o resultado do trabalho forçado de camponeses sob as ordens dos auxiliares dos faraós. Quéops era a mais alta e volumosa das pirâmides. Tinha 146 metros de altura, o equivalente a um prédio de cinquenta andares. Os antigos egípcios demorariam vinte anos para construi-la. A pirâmide de tamanho médio é a de Quéfren e a menor a de Miquerinos. Todas são de faraós do Antigo Império. Mas para que serviam estas pirâmides? Do que eram feitas? Para construir Quéops, utilizaram-se dois milhões e trezentos mil blocos de pedra. Como faziam para carregar estas pedras, que pesavam toneladas? Ao buscar respostas a estas perguntas, certamente vamos conhecer aspectos importantes da sociedade egípcia da época. Veja o que diz a esse respeito o texto abaixo: As pirâmides podem ser consideradas a maior proeza arquitetônica realizada pelo homem. Os milhões de blocos de pedra que compõem a pirâmide de Quéops foram cortados com tal precisão que se encaixam uns nos outros sem uso de argamassa, deixando nas juntas um espaço correspondente a um milésimo de polegada. Centenas de obras foram escritas, com evidente desperdício de papel, para explicar, de modo fantástico, como foi possível ao homem, em tempos tão remotos, realizar obras tão grandes. Também foi sempre motivo de discussão quem teria trabalhado em tão grande empreendimento. Atualmente, acredita-se que os faraós não utilizaram escravos, mas pessoas livres para executar aqueles trabalhos. O período das enchentes deixava eram disponibilidade um número elevadíssimo de camponeses, que, naqueles momentos, eram aproveitados nos trabalhos públicos. (FERREIRA, Olavo Leonel. Egito: terra dos faraós.p. 55-6. Adaptado.) SOCIEDADE A sociedade egípcia mudou pouco ao longo de séculos, pois as chances de ascensão social eram mínimas. Quase sempre o indivíduo nascia e morria pertencendo ao mesmo grupo social. Alguém nascido numa família camponesa, por exemplo, nunca podia tornar-se um alto funcionário. As pirâmides eram os túmulos dos faraós. Como vimos, a construção desses túmulos exigia muito tempo, gastos elevados e o esforço organizado de milhares de trabalhadores. Por tudo isso, as pirâmides mostram o imenso poder do faraó naquela sociedade. Para os egípcios, o faraó era muito mais do que um ser de origem divina: era o próprio deus. E, além disso, era também o chefe militar e o juiz supremo. Veja o seguinte comentário a respeito dos primeiros faraós: Eram considerados deuses vivos. Diante deles, as pessoas tinham de apresentar- se arrastando-se pelo chão. Não podiam olhar-lhes o rosto. Nem mesmo o nome dos faraós podia ser pronunciado: a palavra “faraó”, que significa casa-grande”, era uma forma indireta de referir-se ao rei do Egito em razão de sua condição divina. FERREIRA, Olavo Leonel, Egito, terra dos faraós, p. 15. (Adaptado.) A estátua do faraó Quéfren encontra-se no Museu do Cairo. Junto ao rei está a figura do deus-falcão, Hórus. Essa estátua foi feita entre 2540 e 2505 a.C. Além de poder e prestígio, o faraó possuía enorme riqueza. Era considerado o dono de todas as terras do Egito. Por isso, tinha o direito de receber impostos (pagos em produto) das aldeias. O faraó e sua família levavam uma vida luxuosa e confortável. Os móveis de seus palácios eram feitos com cedro, do atual Líbano, ébano, ouro e marfim, do centro e do sul da África. Ocupavam a maior parte do tempo com caçadas, pescarias, obrigações religiosas ou festas animadas por músicos e cantores. Nestas festas eram servidas comidas à base de peixes, carnes se cereais, além de bebidas diversas, com destaque para o vinho (a cerveja de cevada era a bebida dos pobres). Geralmente os faraós casavam-se com pessoas de sua família, às vezes com as próprias irmãs, acreditando que assim conservariam a pureza de sangue. Com isso, mantinham a riqueza no interior da família real. Depois do faraó, a maior autoridade era o vizir. Cabia a ele tomar 4 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – (Prof. Monteiro Jr.) as decisões jurídicas, administrativas e financeiras em nome do faraó. Abaixo do faraó e seus familiares, o grupo mais poderoso era o dos sacerdotes. Eles administravam os templos, que geralmente eram muito ricos, graças às oferendas feitas pela população. Depois deles, vinham os nobres, que também viviam cercados de luxo e conforto. Descendentes das famílias mais importantes dos antigos nomos, cuidavam da administração das províncias ou ocupavam os postos mais altos do exército. Entre os funcionários do faraó, encontrava-se o escriba, que, por seu conhecimento de escrita e contabilidade, tinha enorme prestígio na sociedade egípcia. A função do escriba era registrar toda a vida econômica do reino: as áreas cultivadas, a quantidade de cereais nos armazéns, os impostos arrecadados etc. Nessa escultura do Antigo Império, que se encontra no Museu de Boston, vemos o faraó Miquerinos e a rainha Khamerernebty II. Havia também os comerciantes, os artesãos (barbeiro, marceneiro, escultor, ourives, tecelão), os camponeses e os escravos, em geral prisioneiros de guerra que labutavam como domésticos ou como trabalhadores nas minas e pedreiras. Os camponeses, chamados no Egito de felás, constituíam a imensa maioria da população. Eles trabalhavam nas propriedades dos faraós e dos sacerdotes e tinham direito apenas a uma parte do que plantavam; a outra servia para pagar um imposto coletivo: uma certa quantidade de cereais, que era recolhida aos armazéns do faraó. Eram também obrigados a trabalhar na construção de obras públicas grandiosas, como abertura de estradas, limpezas de canais, transporte de pedras necessárias às grandes obras, como túmulos, templos e palácios. LEITURA COMPLEMENTAR A mulher no Egito antigo A mulher egípcia gozava de certo prestígio socia, e a filiação materna era tão importante quanto a ascendência paterna. Mas nem toda as mulheres viviam do mesmo jeito: as da nobreza administravam a propriedade de seus maridos quando eles se ausentavam e tinham criadas para servi-las; já as mulheres pobres tinham de ajudar o marido na agricultura ou no artesanato, além do trabalho doméstico. Apesar de ter uma posição de algum destaque, a mulher nobre egípcia não podia ocupar postos importantes no governo. Ela usava túnicas largas, de tecido branco transparente, e também vestidos longos feitos de linho, um tecido produzido com fibras da planta de mesmo nome. Usava também pinturas nos olhos, no rosto e nos lábios, perfumes, perucas e jóias. No alto, à direita, potes para cosméticos e perfumes feitos de vidro, mostrando que os egípcios já dominavam a técnica de trabalhar com esse material. Acima, servas ajudam uma jovem da nobreza a se vestir, a colocar suas joias e a se perfumar após o banho. Aula 1 – Civilização Egípcia e Mesopotâmica 5 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência ECONOMIA O Estado egípcio controlava, planejava e fiscalizava todas as atividades econômicas. A principal atividade econômica no Egito antigo era a agricultura. Assim que as águas do Nilo retornavam ao leito e deixavam a terra fertilizada em suas margens, os egípcios davam início ao cultivo de cereais – como o trigo, o centeio e a cevada –, legumes, frutas, linho, algodão e papiro. O papiro é uma planta nativa do Egito com a qual se faziam cordas, esteiras, sandálias e, sobretudo, uma espécie de papel de boa qualidade. Para retirar água do Nilo,os egípcios usavam o shaduf, um instrumento que possui um peso amarrado na extremidade da vara. Os egípcios dedicavam-se também à criação de bois, asnos, patos e cabritos. Além disso, praticavam também a mineração de ouro, pedras preciosas e cobre, este último muito usado nas trocas comerciais com outros povos. O comércio era feito à base de trocas, mas limitava-se ao pequeno comércio e à permutação de artigos de luxo com o exterior. Essa atividade atingiu seu apogeu no Novo Império, quando intensificaram-se os contatos comerciais com a ilha de Creta, a Palestina, a Síria e a Fenícia. Para construir seus navios, os faraós mandavam buscar da Fenícia o cedro, uma madeira nobre encontrada em grande quantidade nas florestas próximas à cidade de Biblos. Em troca do cedro, os egípcios forneciam papiro e cereais para os fenícios. Outros artigos exportados pelos egípcios eram o linho e a cerâmica. O artesanato do Egito era conhecido no mundo antigo. Com a madeira, o cobre, o ouro, o marfim, o couro, o papiro, o bronze, seus artesãos produziam móveis, brinquedos, joias, tecidos, barcos, armas, tijolos e uma variedade de outros objetos. RELIGIÃO A religiosidade era um traço fundamental da sociedade egípcia. Desde o mais humilde camponês até o poderoso faraó, todos acreditavam na existência de uma vida após a morte. Por isso, vários faraós empenharam-se na construção de seus imensos túmulos, as pirâmides. Para o faraó, mandar erguer uma pirâmide era uma forma de garantir sua “casa da eternidade”, local onde esperavam continuar desfrutando dos prazeres terrenos. No Egito, segundo a maioria dos historiadores, predominou a crença em vários deuses (politeísmo). Seus deuses eram representados com forma humana, como Osíris e Ísis, com forma humana e animal, como Hórus (corpo de homem e cabeça de falcão), ou com forma de animal, como o deus Anúbis, que tinha a forma de um chacal. Osíris, sentado no trono, era um dos deuses mais venerados pelos egípcios, sendo considerado o senhor do mundo subterrâneo e da morte. Desde o período Pré-dinástico, existiam no Egito vários deuses locais, que, na maioria das vezes, eram representados por animais da região, como falcões, hipopótamos, crocodilos, leões e chacais. Os nomos os tinham como seus protetores. Com a unificação do país, os deuses locais passaram a conviver com novos deuses, cultuados em toda a extensão do reino. O mais importante desses novos deuses foi Rá, considerado pelos egípcios como o criador do universo. Quando a capital do império passou a ser Tebas, Amon, o deus protetor dos tebanos, e Rá passaram a ser um só deus, chamado Amon-Rá. Enquanto Amon-Rá era o mais temido e mais cultuado oficialmente, Osíris, o deus da fertilidade, era o mais popular dos deuses. Além de crer na vida após a morte, os egípcios acreditavam que, ao partir desta vida, a alma comparecia ao Tribunal de Osíris para ser julgada. Em caso de absolvição, a alma podia reocupar o corpo ao qual pertencera. Mas para isso, diziam eles, era necessário que o corpo estivesse em condições de recebê-la. Desenhos de deuses egípcios. A deusa Ísis, esposa e irmã de Osíris. Isso explica por que os egípcios desenvolveram a técnica de mumificação, tratamento por meio do qual se evitava a decomposição do cadáver, transformando-o em múmia, que era colocada num sarcófago e conduzida ao túmulo. Junto aos sarcófagos, costumava-se deixar joias, armas e alimentos, que posteriormente, segundo acreditavam, teriam grande utilidade para o morto. 6 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – (Prof. Monteiro Jr.) Na imagem ao lado, o deus Anúbis prepara uma múmia e, na imagem abaixo, ele pesa o coração de um morto. Absolvida no Tribunal de Osíris, a alma podia retornar ao corpo, desde que este estivesse em condições de recebê-la. Por isso, os egípcios desenvolveram uma técnica de mumificação, tratamento que evitava a decomposição do cadáver, transformando-o em múmia. Acreditavam que, no Tribunal de Osíris, o coração do defunto era colocado no prato de uma balança e no outro prato era colocada uma pena. O coração devia pesar menos que a pena para que a pessoa fosse absolvida. Junto ao sarcófago que guardava a múmia, colocava-se um conjunto de textos por meio dos quais o morto expunha suas qualidades e pedia ao deus Osíris que o absolvesse. Reunidos, mais tarde, num só conjunto, esses texto formaram o Livro dos Mortos. A ESCRITA A escrita surgiu no Egito por volta de 3000 a.C.; os caracteres que os egípcios usavam para escrever eram chamados de hieróglifos, usados geralmente em inscrições oficiais e sagradas gravadas em pedra. Veja abaixo um exemplo da escrita egípcia. Detalhe de caracteres hieroglíficos. Os egípcios desenvolveram também uma forma simplificada dessa escrita hieroglífica chamada escrita hierática, utilizada principalmente pelos sacerdotes sobre madeira ou papiro. Por fim, havia ainda a escrita demótica, mais popular, que era uma simplificação da hierática, geralmente usada em cartas e registros sobre papiro. Foi o francês Champollion que conseguiu descobrir o segredo das escritas egípcias. Para isso, ele dedicou onze anos de sua vida ao estudo de um documento conhecido como Pedra de Roseta. A Pedra de Roseta, um bloco de basalto encontrado pelos soldados de Napoleão no delta do Nilo em 1799, continha o mesmo texto em três escritas diferentes: em grego, em caracteres hieroglíficos e na escrita demótica. Comparando a palavra Ptolomeu nessas três escritas, Champollion finalmente conseguiu desvendar a escrita do Egito antigo em 1822. É importante lembrar ainda que, no Egito antigo, saber ler e escrever era um privilégio reservado quase somente aos escribas, sacerdotes e membros da família real. A TEOCRACIA DOS EGÍPCIOS A realeza divina foi a instituição básica da civilização egípcia. Para os povos do Egito Antigo, o rei era um deus, graças ao qual se vivia; era o pai e a mãe dos homens; um governante com autoridade sobrenatural para recrutar o trabalho em massa necessário à manutenção do sistema de irrigação. O poder do faraó estendia-se a todos os setores da sociedade. Os camponeses eram recrutados para servir como mineiros ou trabalhadores nas construções. O comércio exterior era monopólio do Estado e conduzido de acordo com as necessidades do reino. Como senhor supremo, o faraó comandava um exército de funcionários que recolhiam impostos, fiscalizavam obras de irrigação, administravam projetos de construção, controlavam a terra, mantinha registros e supervisionavam os armazéns governamentais, onde o cereal era guardado para o caso de uma má colheita. Como a palavra do faraó era considerada uma manifestação divina, o Egito não possuía leis escritas. Todos os egípcios estavam sujeitos ao faraó e não havia nenhuma concepção de liberdade política. Eles acreditavam que a instituição da realeza datava da criação do Universo, era necessária e benéfica aos seres humanos, e que havia uma ordem divina dos cosmos que propiciava a justiça e a segurança. Pela mumificação, para preservar os mortos, eles mostravam seu desejo de eternidade e de superar a morte. Para os egípcios, o outro mundo encerrava os mesmos prazeres desfrutados na terra – – amigos, criados, pesca, caça, excursões com a família, diversão com músicos e dançarinas, e boa comida. Período Pré-Dinástico Data: aprox. 5.000 a 3.100 a.C. Comunidades agrícolas se instalam às margens do Rio Nilo. Obras de irrigação sob o controle de chefes locais. Antigo Império Data: aprox. 3.100 a 2.181 a.C. Unificação do país. Os primeiros faraós submetem todos os chefes locais. Grandes pirâmides. Médio Império Data: 2.181 a 1.567 a.C. Guerras internas. Governantes dos nomos disputavam o cargo de faraó.Aula 1 – Civilização Egípcia e Mesopotâmica 7 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência Novo Império Data: 1.567 a 1.085 a.C. Faraós montam poderoso exército e conquistam um amplo território: Síria, Palestina, Babilônia, Núbia. Pós-Novo Império Data: 1.085 a 332 a.C. Perda dos territórios conquistados. Estrangeiros invadem o Egito: assírios (séc. VIII a.C.), persas(525 a.C), greco- macedônios(332 a. C) e romanos(30 a.C) Greco-Romano Data: 332 a 33 a.C. Influência grega com a conquista de Alexandre, o Grande. Egito se torna parte do território romano no tempo da rainha Cleópatra CIVILIZAÇÃO MESOPOTÂMICA POVOAMENTO E LOCALIZAÇÃO A Mesopotâmia antiga corresponde em linhas gerais ao atual território do Iraque. A expressão Mesopotâmia foi criada pelos gregos para designar os povos que habitavam a região do Oriente Médio na área compreendida entre os rios Tigre e Eufrates. É comum a associação quase que mecânica das condições históricas e geográficas do Egito com a Mesopotâmia. Ambas as civilizações nasceram às margens de rios, tinham na agricultura a sua base produtiva, estavam organizadas sob o Modo de Produção Asiático, possuíam Impérios Teocráticos de regadio baseados na exploração do campesinato submetido a um regime de servidão coletiva. É conveniente notar, todavia, que enquanto o Egito possuiu uma história política estruturalmente estável e que, embora tenha sofrido invasões estrangeiras através dos tempos, possuía um sistema de proteção geográfica natural porque cercado pelos desertos da Arábia e da Líbia, a Mesopotâmia, ao contrário, teve uma história política instável e descontínua sendo ocupada em momentos diversos por diferentes povos como sumérios, acádios, assírios e babilônicos. O território que constituía a Mesopotâmia era de fácil acesso e se constituía no caminho natural entre o Mediterrâneo e a Ásia sendo suscetível às invasões de vários povos. O território da Mesopotâmia era constituído por duas áreas bem diferentes: A Caldéia ao sul, região formada por pântanos e terrenos fertilizados pelas cheias dos rios Tigre e Eufrates, e a Assíria ao norte, uma região mais montanhosa, de vegetação escassa e clima quente e seco. SUMÉRIOS E ACÁDIOS Os Sumérios constituem o primeiro povo a ocupar a Mesopotâmia, precisamente na região caldaica, ao sul, em torno de 3500 a.C. .Os Sumérios estavam organizados em cidades-estados politicamente autônomos. As principais cidades eram Ur, Uruk, Nipur, Eridu e Lagash. Cada uma delas era governada por um chefe político- religioso, tido como representante de Deus, chamado Patesi. A Suméria forjou a base cultural dos povos mesopotâmicos. Seu sistema de escrita era cuneiforme, onde os símbolos gráficos eram gravados em forma de cunha em pequenas tábuas de argila. O direito sumeriano era consuetudinário e baseado na lei do talião(olho por olho, dente por dente). A religião sumeriana era politeísta (crença em vários deuses), antropomórfica (deuses com formas humanas) e monísticas (os deuses eram capazes de praticar tanto o bem quanto o mal). Os sumérios não alimentavam esperança de uma vida após a morte corpórea. Aos cadáveres não era reservado nenhum tratamento especial em forma de túmulo ou mumificação e, frequentemente, eram enterrados sem caixão no próprio piso da casa. A ausência de um poder central comum e as constantes guerras entre suas cidades-estados enfraqueceram os sumérios e abriram terreno para invasões estrangeiras, especialmente dos acádios. No ano de 2550 a.C. ,Sargão I, líder dos acádios, comandou a conquista das cidades sumerianas. Em pouco tempo toda a Mesopotâmia estava sob o jugo acadiano e Sargão I ficou conhecido como “governante dos quatro cantos da terra”. A hegemonia dos acádios foi circunstancial. Após a morte de Sagão I, as várias cidades sumerianas se revoltaram contra o domínio dos acadiano. Mesmo sufocadas essas revoltas enfraqueceram os acádios que acabaram conquistados pelos Guti, ferozes guerreiros vindos da Ásia. Os levantes das cidades sumerianas continuavam e, finalmente, em 2300 a.C., os gutis foram derrotados pela cidade sumeriana de Ur. Novos tempos, novas invasões. Aproximadamente em 2000 a.C. os amoritas derrotaram os sumérios e construíram um novo império na Mesopotâmia. OS AMORITAS OU ANTIGOS BABILÔNIOS Originários do deserto árabe, os amoritas conquistam a Mesopotâmia e constroem um grande Império cuja capital era a cidade de Babilônia. Sob o comando de Hamurábi (1728-1686 a.C.) os amoritas atingiram o apogeu de um império que se estendia do norte ao sul da Mesopotâmia. Hamurábi se notabilizou pelo registro das primeiras leis escritas da História da humanidade. Segundo a lenda amorita, Hamurábi recebeu suas leis diretamente das mãos de Shamash, o deus do sol e da justiça. Na verdade o que ocorreu foi a sistematização e compilação das leis orais da Suméria, baseadas na lei do talião, estimulando a vingança pessoal. Os babilônicos não eram iguais diante das leis do Código de Hamurábi que reconhecia e legitimava as desigualdades sociais. As punições variavam de acordo com o grau social do infrator e da vítima. Aos ricos aristocratas, penas brandas; aos pobres em geral, punições muito severas. Após a morte de Hamurábi, o império babilônico mergulhou em decadência sofrendo invasões de hititas e cassitas e acabaram caindo sob o domínio dos cruéis assírios. OS ASSÍRIOS A característica mais marcante dos assírios era o militarismo, a crueldade com os povos subjugados e o espírito belicoso. 8 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – (Prof. Monteiro Jr.) Estruturaram o primeiro exército organizado e com recrutamento obrigatório e permanente da história. Possuíam uma infantaria composta de lanceiros e arqueiros, combatiam com as melhores armas do seu tempo: aríete, catapulta, espadas de ferro, cavalaria e carros de guerra. Seus principais líderes foram comandantes militares com Sargão II, Senaqueribe e Assurbanipal. O tratamento dispensado aos povos derrotados impunha o domínio pelo terror: eram empalados, esfolados, pés e mãos eram cortados, olhos eram vazados ou arrancados e muitos eram enterrados vivos. Quais os motivos de tanta crueldade? Os assírios acabaram desenvolvendo o militarismo para garantir a posse de suas terras, ameaçado por constantes invasões. Oriundos do norte da Mesopotâmia, região montanhosa e árida, onde a fertilidade dos rios Tigres e Eufrates não alcançava. O solo, inadequado para a agricultura ,era rico em ferro, matéria-prima para construir armas. As principais cidades eram Assur e Nínive e se localizavam em uma região de passagem de comerciantes e tribos nômades. A prática guerreira também era um recurso para a obtenção de riquezas através de saques, cobrança de tributos e escravização dos povos derrotados. Pelo terror os assírios conquistaram quase todo o mundo conhecido em sua época. A Síria, a Fenícia, o reino de Israel e o Egito acabaram caindo sob seu domínio. O pequeno reino de Judá resistiu à fúria assíria. A Bíblia relata de forma fantástica este fato pois “um anjo do senhor Deus visitou à noite, o acampamento dos assírios e trucidou 185.000 deles” (II Reis, 19:35). Se houve intervenção divina é um caso discutível. O mais provável é que uma epidemia dizimou grande parte dos exércitos assírios. Se os assírios foram grandes guerreiros conquistadores também foram péssimos governantes de povos dominados. O crescimento exagerado do império tornou impossível a sua administração. A dominação pelo terror alimentava o ódio e o sentimento de revolta dos povos subjugados. Várias revoltas ocorreram até que, finalmente, os caldeus, povos estabelecido na Babilônia, atacaram e destruíram Nínive,pondo fim ao império assírio. CALDEUS OU NOVOS BABILÔNICOS: A cidade de Babilônia voltou a ser capital de um grande império quando os caldeus, aliados dos medos, derrotaram os assírios e iniciaram a sua hegemonia sobre a Mesopotâmia. Nabopolassar foi o comandante caldeu na guerra contra os assírios. Contudo o apogeu do novo Império Babilônico ocorreu no governo de seu filho, Nabucodonosor. No reinado deste, os caldeus conquistaram toda a Mesopotâmia e estenderam seus domínios pela Síria e Palestina. O reino de Judá foi conquistado, Jerusalém destruída e os judeus foram trazidos como escravos para a Mesopotâmia em um episódio conhecido como “Cativeiro Babilônico”. Nabucodonosor ordenou a construção de obras suntuosas que demonstravam o seu fausto, poder e ostentação. O jardim suspenso da Babilônia, uma das maravilhas do mundo antigo, foi construído nessa época. Os hebreus, escravizados, morrendo aos montes na construção dessas obras, chamaram o jardim de torre de Babel, fonte de discórdia entre os homens e elevação sem sentidos com fins de alcançar o céu. O domínio dos caldeus sobre a Mesopotâmia foi efêmero. Após a morte de Nabucodonosor, enfraquecido por crises internas, acabaram caindo em 539 a.C. diante dos persas, comandados por Ciro, o Grande. A ECONOMIA NA MESOPOTÂMIA A Mesopotâmia estava organizada economicamente sob o Modo de Produção Asiático. A agricultura era a principal atividade econômica em uma região profundamente dependente das condições ambientais (as cheias dos rios Tigre e Eufrates). Era comum a construção de canais, represas e diques para melhor aproveitar as águas, facilitando o plantio de arroz, trigo e legumes. O desenvolvimento comercial, especialmente entre os babilônicos, levou ao aparecimento de moedas de ouro e prata além de letras de câmbio e o registro escrito de contratos de comércio. RELIGIÃO A Religião mesopotâmica era politeísta, antropomórfica e de culto a deuses locais. Quando uma cidade ou região se projetava economicamente e politicamente, o seu Deus virava um objeto de culto nacional. Os principais deuses eram Anu, deus do céu; Shamash, deus do sol e da justiça; Ishnar, deusa do amor e da natureza; Sin, deusa da lua; Ea, deus das águas. Os babilônicos cultuavam Marduk, os assírios, Assur. A religião era monística onde um mesmo deus podia praticar tanto atos caridosos quanto atitudes cruéis. Não havia maiores preocupações com a vida após a morte, por isso, davam grande importância a vida, que devia ser aproveitada ao máximo, já que ninguém volta do reino dos mortos. Os templos funcionavam também como casas bancárias onde os homens trocavam favores com os deuses através de oferendas. Os mesopotâmicos acreditavam que a vida dos indivíduos já estava predestinada como produto da trama dos astros. Assim desenvolveram a astrologia e os horóscopos. Acreditavam em magia, adivinhação e que a natureza estava infestada de anjos ou demônios. 1.20) SOCIEDADE A sociedade mesopotâmica primitiva estava dividida em clãs, uma estrutura familiar ou tribal. Os patriarcas desses núcleos