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Via Óptica A via visual (via óptica) refere-se às estruturas anatômicas responsáveis pela conversão da energia luminosa em potenciais de ação elétricos que podem ser interpretados pelo cérebro. Tudo começa na retina e termina no córtex visual primário (com vários feixes intercorticais). ANATOMIA DO OLHO Nas cavidades orbitárias ósseas do crânio, estão duas estruturas esféricas conhecidas como olhos. O seu principal papel é detectar e converter fótons de luz em impulsos nervosos. Posteriormente, os impulsos serão levados para o córtex visual (Área 17), onde podem ser interpretados como imagens. Cada globo ocular tem várias camadas que participam modificando os raios de luz à medida que entram no olho, camadas que nutrem os componentes do olho e camadas que interpretam os fótons. Existem mais de um milhão de fotorreceptores dentro do olho, que são responsáveis por transmitir informações ao cérebro com especificidade retinotópica (mapeamento das aferências visuais da retina para os neurônios). A córnea é um revestimento avascular que segue a convexidade externa do olho. Está em continuidade com a esclera (junção esclero-corneana), e perifericamente com a conjuntiva. As cinco camadas da córnea formam o limite anterior da câmara anterior do olho. Do mesmo modo que os outros componentes do olho, que modificam os fótons quando entram no olho, a córnea tem propriedades refrativas. Em outras palavras, ela altera o caminho da luz à medida que esta passa do ar para o meio modificado. A quantidade de luz que entra no olho pode ser modificada pela íris, rica em melanócitos. A íris é um diafragma colorido que separa o segmento anterior nas câmaras posterior e anterior. O constritor da pupila (fibras circulares) e o dilatador da pupila (fibras longitudinais) formam os componentes musculares da íris, que alteram o tamanho da pupila (abertura central do olho) de acordo com a quantidade de luz a que o olho está exposto. O cristalino, biconvexo e encapsulado, é uma estrutura transparente situada atrás da câmara posterior do segmento anterior. Está dividido em uma cápsula externa, um córtex e um núcleo. É mantido no lugar pelo corpo ciliar ligamentar no humor aquoso. O corpo ciliar, a íris e a coroide (a camada colorida entre a esclera e a camada pigmentar da retina) compõem a úvea vascular (trato uveal). Além das estruturas intrínsecas, cada olho é circundado por seis músculos extraoculares. Eles trabalham juntos para mudar a posição do globo ocular, a fim de coletar informações visuais de vários aspectos do campo visual. ANATOMIA DA VIA Embora seja tentador acreditar que o caminho visual começa na córnea (onde a luz entra em contato com o olho), o caminho real começa na retina. As estruturas envolvidas no caminho visual incluem: ● nervos ópticos (NC II) ● quiasma óptico ● tratos ópticos (fitas ópticas) ● núcleo geniculado lateral ● radiação óptica ● córtex visual e suas projeções corticais A camada mais interna do olho é a retina. Esta membrana de dez camadas é banhada por humor vítreo e contém as células necessárias para a transdução da energia dos fótons. As dez camadas celulares estão listadas abaixo, da camada próxima ao humor vítreo até à camada mais próxima da coroide: ● Epitélio pigmentar da retina O epitélio pigmentar da retina é a camada mais superficial (isto é, mais externa) da retina. É constituído por epitélio cúbico simples a cilíndrico baixo que é fixo à membrana de Bruch (camada mais interna da coroide). O epitélio pigmentar da retina é fundamental para estabelecer e manter a barreira hemato-retiniana. O epitélio pigmentar da retina controla a troca iônica entre a coroide vascular e a camada de fotorreceptores da retina. As células deste epitélio também têm propriedades fagocíticas; portanto, elas são capazes de limpar os detritos celulares gerados pelos fotorreceptores. ● Camada de fotorreceptores Os fotorreceptores são as células responsáveis por converter a energia dos fotões em energia elétrica que pode ser conduzida pelas fibras nervosas. Os seres humanos têm dois tipos de fotorreceptores, que são nomeados de acordo com a forma dos seus corpos celulares. Os bastonetes são células cilíndricas que funcionam melhor em luz de baixa intensidade; enquanto que os cones são células cônicas que funcionam melhor em luz de alta intensidade, e facilitam a percepção de cores. Os bastonetes são, frequentemente, mais longos e mais delgados do que os cones. No entanto, o contrário é verdade quando se comparam os fotorreceptores em direção ao aspecto periférico da retina. A distribuição dos fotorreceptores por toda a retina é tal que os bastonetes estão amplamente espalhados por toda a retina, exceto na fóvea. A fóvea é ocupada apenas por cones (que são relativamente escassos em todo o resto da retina). Deve ser notado, no entanto, que no disco óptico não se encontram bastonetes nem cones. ● Membrana limitante externa Esta camada é conhecida como membrana limitante externa e separa os fotorreceptores dos processos celulares de Müller. ● Camada nuclear externa Cada fotorreceptor tem quatro componentes principais. Existe um segmento externo, segmento interno, núcleo e um corpo sináptico (esférula). ● Camada plexiforme externa A camada plexiforme externa encontra-se entre a camada nuclear externa e a camada nuclear interna, enquanto que a camada plexiforme interna se encontra entre a camada nuclear interna e a camada de células ganglionares. A camada plexiforme externa contém os neurônios das células bipolares e horizontais da camada nuclear interna, bem como os axônios dos fotorreceptores. Geralmente, há uma tríade de processos comunicantes formada entre uma esférula de um bastonete ou um pedículo de um cone, dois processos de células horizontais posicionados lateralmente e uma célula bipolar pós-sináptica central. ● Camada nuclear interna Existem várias células acessórias dentro da retina que formam conexões regulatórias com os fotorreceptores. Os seus corpos celulares encontram-se na camada nuclear interna da retina (entre as camadas plexiforme interna e externa). Esta camada contém os corpos celulares de células amácrinas, horizontais e bipolares. ● Camada plexiforme interna A camada plexiforme interna contém os axônios de ligação que conectam as células da camada nuclear interna (de células bipolares ou amácrinas) com as células da camada ganglionar. As células amácrinas têm conexões com outras células amácrinas, bem como com células bipolares e ganglionares. As células bipolares também se comunicam com as células ganglionares correspondentes. ● Camada de células ganglionares Os neurônios de segunda ordem que formam a ponte entre os fotorreceptores e o núcleo geniculado lateral do tálamo são as células ganglionares. Os seus corpos celulares estão localizados na camada de células ganglionares, e as suas fibras nervosas viajam na camada de fibras nervosas (adjacente ao humor vítreo) em direção ao disco óptico. Aqui, formam o nervo óptico. ● Camada de fibras nervosas ● Membrana limitante interna Uma membrana limitante interna contendo os processos terminais das células de Müller cobre a porção periférica do corpo vítreo. A retina cobre a face visceral do globo ocular circunferencialmente, até à junção ciliorretiniana (isto é, a ora serrata; a orla serrilhada onde a retina se encontra com o corpo ciliar). Depois de passarem através dos componentes ópticos do olho (isto é, córnea, lente e humores), os raios de luz penetram todas as camadas da retina para alcançar a camada de fotorreceptores. A ativação dos fotorreceptores, então, inicia a cascata de transdução. VIA ÓPTICA Cerca de um milhão de axônios mielinizados provenientes das células ganglionares da retina reúnem-se no disco óptico para formar os nervos ópticos (NC II). Ao contrário de outros nervos do corpo, que são mielinizadospelas células de Schwann, as fibras do nervo óptico são mielinizadas pelos oligodendrócitos. Surgindo do polo posterior de cada olho, cada nervo óptico tem cerca de 35 mm e 55 mm de comprimento e pode ser subdividido da seguinte forma: ● cabeça do nervo óptico ● parte intraorbitária ● parte intracanalicular ● parte intracraniana Como os axônios das células ganglionares convergem na cabeça do nervo óptico, não há fotorreceptores associados nesta região. Como resultado, qualquer luz que atinja os neurônios nessa área não será percebida. Portanto, existe um ponto cego fisiológico onde não é detectado nenhum estímulo luminoso. O nervo óptico sai da órbita através da fissura orbitária superior e encontra-se com o NC II contralateral superiormente ao diafragma de sela. Ao longo deste curso, eles ficam envoltos em camadas de dura-máter e aracnoide, que estão em comunicação direta com as mesmas camadas meníngeas do cérebro. Aqui forma-se o quiasma óptico. O quiasma óptico não é apenas um ponto de união, mas também um ponto de decussação do NC II bilateral. Aqui, as fibras nasais de cada olho cruzam a linha média para se unirem às fibras temporais do olho contralateral. Como mencionado anteriormente, as fibras nasais do olho direito e as fibras temporais do olho esquerdo recebem fótons que são emitidos na metade direita do campo visual. Da mesma forma, as fibras nasais do olho esquerdo e as fibras temporais do olho direito recebem estímulos visuais da metade esquerda do campo visual. Após a decussação, as aferências visuais da metade direita do campo visual cursarão no trato óptico esquerdo, enquanto os estímulos da metade esquerda do campo visual passarão pelo trato óptico direito.