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Prof. Plutarco Filho - plutarco.rojas@gmail.com 1 ENGENHARIA CIVIL – ENGCI-06NA ESTRUTURAS DE CONCRETO Prof. Plutarco Rojas Jaramillo Filho Data: 2015/1 CAPÍTULO 01 – AULA 07 CRITÉRIOS DE PROJETO PARA DURABILIDADE DAS ESTRUTURAS NBR 6118/2014 – Item 6.4 pag. 17 1. REQUISITOS GERAIS DA QUALIDADE E DURABILIDADE: A nova versão da norma brasileira NBR 6118:2014 traz recomendações referentes à qualidade e à durabilidade das estruturas de concreto, apresentadas na seção 5, “Requisitos Gerais de Qualidade da Estruturas e Avaliação da Conformidade do Projeto”, e na seção 6, “Diretrizes para a Durabilidade das Estruturas de Concreto”. No item 5.1.1 a norma estabelece que as estruturas de concreto devem atender a requisitos mínimos de qualidade, durante as fases de construção e utilização, classificados em 3 grupos bem definidos (item 5.1.2), como segue. Prof. Plutarco Filho - plutarco.rojas@gmail.com 2 Grupo 1: requisitos relativos a sua capacidade resistente ou a de seus elementos componentes; Grupo 2: requisitos relativos ao seu desempenho em serviço, que consiste na capacidade da estrutura se manter em condições plenas de utilização, não devendo apresentar danos que comprometam, em parte ou totalmente, o uso para o qual foi projetada; Grupo 3: Requisitos relativos à sua durabilidade, que consiste na capacidade da estrutura resistir às influencias ambientais previstas e definidas em conjunto pelo projetista e pelo contratante. Simplificadamente: As exigências do grupo 1 referem-se à segurança à ruptura; As exigências de grupo 2 referem-se a danos como fissuração, deformações e deslocamentos excessivos, bem como vibrações indesejáveis; As exigências do grupo 3 referem-se à conservação da estrutura, sem a necessidade de reparos de custo elevado. Prof. Plutarco Filho - plutarco.rojas@gmail.com 3 2. QUALIDADE DO PROJETO: A solução estrutural adotada deve atender aos requisitos de qualidade estabelecidos nas normas técnicas referentes aos 3 grupos supracitados. Deve ainda considerar as características arquitetônicas, funcionais, construtivas (NBR 14931:2014), estruturais e de integração com os demais projetos (elétrico, hidráulico, etc.). O projeto deve conter informações claras e bastantes para a execução da estrutura, devendo atender a todos os requisitos estabelecidos na NBR 6118:2014, e em outras normas específicas e complementares para cada caso. Prof. Plutarco Filho - plutarco.rojas@gmail.com 4 3. DURABILIDADE: A NBR 6118:2014 recomenda, no item 6.1, que as estruturas de concreto sejam projetadas e executadas de modo que, sob as influências ambientais previstas, e quando utilizadas de acordo com o projeto, conservem sua segurança, estabilidade e comportamento adequado em serviço durante o período correspondente à sua vida útil de projeto. A durabilidade das estruturas de concreto requer a cooperação e esforços coordenados dos responsáveis pelo projeto arquitetônico, pelo projeto estrutura, pela tecnologia do concreto e pela construção, do proprietário e do usuário. VIDA ÚTIL: Vida útil, de acordo com o item 6.2, é o período de tempo durante o qual se mantém as características da estrutura de concreto, desde que atendidos os requisitos de uso e manutenção prescritos pelo projetista e pelo construtor, bem como de execução dos reparos necessários decorrentes de eventuais danos acidentais. Prof. Plutarco Filho - plutarco.rojas@gmail.com 5 MECANISMOS DE DETERIORAÇÃO: Em relação à durabilidade das estruturas de concreto, devem ser considerados os mecanismos mais importantes de deterioração. Dentre os mecanismos de deterioração relativos ao concreto tem-se a lixiviação provocada pela água, a expansão provocada pela ação das águas e solos contaminados, e expansões decorrentes de reações entre os álcalis do cimento e certos agregados reativos (RAA: reação álcali- agregado). A corrosão (carbonatação, cloretos, etc.) é um mecanismo de deterioração relativos às armaduras de aço. Além destes, existem vários mecanismos de deterioração relacionados às ações mecânicas, movimentações de origem térmica, impactos, ações cíclicas (fadiga), etc. Deve-se considerar também as ações físicas e químicas relacionadas à agressividade do ambiente. Prof. Plutarco Filho - plutarco.rojas@gmail.com 6 AGRESSIVIDADE DO AMBIENTE: Uma das principais responsáveis pela perda de qualidade e durabilidade das estruturas de concreto é a agressividade do ambiente que, segundo o item 6.4 da NBR 6118, está relacionada às ações físicas e químicas atuantes sobre as estruturas, independentemente das ações mecânicas, das variações volumétricas de origem térmica, da retração, etc. A tabela 1.5 apresenta a classificação normativa para a agressividade ambiental, que pode ser avaliada, simplificadamente, segundo as condições de exposição de estrutura ou de suas partes. Tabela 1.5 – Classes de Agressividade Ambiental. Prof. Plutarco Filho - plutarco.rojas@gmail.com 7 4. CRITÉRIOS DE PROJETO: Para evitar a deterioração prematura e atender às exigências quanto à durabilidade, devem ser observados diversos critérios na fase de projeto, de execução e de utilização da estrutura. Dentre os principais critérios na fase de projeto tem-se a especificação de um concreto de qualidade satisfatória, de cobrimentos mínimos para as armaduras, a verificação da abertura de fissuras e o correto detalhamento das armaduras. CARACTERÍSTICAS DO CONCRETO: A durabilidade das estruturas depende das características do concreto e da espessura e qualidade do concreto do cobrimento das armaduras. A qualidade do concreto está intimamente relacionada com o fator água- cimento (a/c), pois é este que determina a porosidade do concreto endurecido e, conseqüentemente, a facilidade de penetração de água ou de gases no concreto. Existindo uma forte relação entre o fator água-cimento (a/c) e a resistência à compressão do concreto (fck), a NBR 6118 recomenda a tabela 1.6, que permite o projetista escolher a resistência à compressão do concreto em função da classe de agressividade ambiental. Prof. Plutarco Filho - plutarco.rojas@gmail.com 8 Tabela 1.6 – Classes de Agressividade Ambiental e Qualidade do Concreto. COBRIMENTO: Além das exigências de qualidade do concreto, é necessário especificar um cobrimento mínimo para as armaduras. Para garantir este cobrimento mínimo, o projeto e a execução devem definir o cobrimento nominal, que é o cobrimento mínimo acrescido de uma tolerância (Δc). Assim, as dimensões das barras das armaduras e os espaçadores de fôrmas devem respeitar o cobrimento nominal. Quando houver um adequado controle de qualidade e rígidos limites de tolerância da variabilidade das medidas durante a execução, pode ser adotado (Δc = 0,50 cm). Em caso contrário, nas obras correntes, este valor deve ser, no mínimo, igual a 1,0 cm. Prof. Plutarco Filho - plutarco.rojas@gmail.com 9 A tabela 1.7 apresenta os cobrimentos normativos nominais para as classes de agressividade ambiental, para casos usuais em que (Δc = 1,0 cm). Nos casos em que o controle de qualidade for rigoroso, os valores da tabela podem ser reduzidos de 0,5 cm, desde que as exigências para o controle rigoroso constem no projeto. De modo geral, o cobrimento nominal de uma determinada barra deve ser, no mínimo, igual ao diâmetro da própria barra. Para feixes de barras, o cobrimento do feixe não deve ser inferior ao diâmetro do círculo de mesma área do feixe (diâmetro equivalente). Tabela 1.7 – Cobrimento nominal das armaduras (cm). A dimensão máxima característicado agregado graúdo do concreto (dmáx) não deve ser superior a 20% do cobrimento nominal, ou seja: nommáx cd .20,1≤ Prof. Plutarco Filho - plutarco.rojas@gmail.com 10 Para a face superior de vigas e lajes revestidas com argamassa de contrapiso, com revestimentos finais secos (carpete, cerâmica, madeira, etc.) os cobrimentos nominais apresentados podem ser reduzidos para 1,50 cm, respeitando a condição de ser maior ou igual ao diâmetro da barra ou ao diâmetro equivalente, no caso de feixes. CONTROLE DE FISSURAÇÃO: A abertura máxima característica das fissuras, desde que não ultrapasse valores da ordem de 0,3 a 0,4 mm, são pouco significativas para a evolução de um processo corrosivo nas armaduras. Nos casos usuais, podem ser adotados os limites abaixo para a abertura de fissuras, em função da classe de agressividade ambiental. Classe de agressividade I: ≤ 0,4 mm; Classe de agressividade II e III: ≤ 0,3 mm; Classe de agressividade IV: ≤ 0,2 mm. Estes limites ainda podem ser reduzidos, como para o caso de reservatórios, onde estes limites devem ser especificados para garantir a estanqueidade e não afetar a funcionalidade da estrutura. Prof. Plutarco Filho - plutarco.rojas@gmail.com 11 FORMAS ESTRUTURAIS: As diversas formas estruturais não convencionais, ou regiões de difícil acesso, não deveriam comprometer a durabilidade da estrutura, mas favorecem a ocorrência de determinadas patologias que podem acarretar problemas de durabilidade. O difícil acesso do concreto e diâmetros maiores que os recomendados para os agregados podem levar a ocorrência de nichos de concretagem (brocas). Um bom detalhamento das armaduras também é necessário para garantir a durabilidade. As barras devem ser dispostas dentro do elemento estrutural de modo a facilitar o lançamento e o adensamento do concreto. O congestionamento das barras dificulta o lançamento, propicia a segregação e impede um bom adensamento, ao dificultar a passagem da agulha do vibrador. Estes fatores comprometem a compacidade final do concreto endurecido e facilita sua deterioração. Prof. Plutarco Filho - plutarco.rojas@gmail.com 12 DRENAGEM E MANUTENÇÃO: Para garantir a durabilidade das estruturas de concreto, medidas adicionais ainda devem ser tomadas, tais como: Prever uma drenagem eficiente e capaz de evitar o acúmulo d’água sobre o concreto; Prever acessos de inspeção e manutenção de partes da estrutura com vida útil reduzida, tais como aparelhos de apoio, caixões, impermeabilizações, etc; Prever espessuras de sacrifício ou revestimentos protetores em regiões sob condições de exposição ambiental muito agressivas; Definir um plano de inspeção e manutenção preventiva, e realizá-lo, efetivamente. .prjf.fev/2015.