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HISTORIA DA EDUCACAO FISICA (ALUNOS)

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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA. 
Segundo Moraes (2009, s/p) tudo começou quando o homem primitivo sentiu a necessidade de lutar, fugir ou caçar para sobreviver. Assim o homem à luz da ciência executa os seus movimentos corporais mais básicos e naturais desde que se colocou de pé: HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA 4 corre, salta, arremessa, empurra, puxa, etc. Na China como Educação Física as origens mais remotas da história falam de 3000 a. C. Um certo imperador guerreiro, Hoang Ti, pensando no progresso do seu povo pregava os exercícios físicos com finalidades higiênicas e terapêuticas além do caráter guerreiro. Na Índia no começo do primeiro milênio, os exercícios físicos eram tidos como uma doutrina por causa das leis de Manu, uma espécie de código civil, político, social e religioso. Eram indispensáveis às necessidades militares além do caráter fisiológico. Buda atribuía aos exercícios o caminho da energia física, pureza dos sentimentos, bondade e conhecimento das ciências para a suprema felicidade do Nirvana, (no budismo, estado de ausência total de sofrimento). O Yoga tem suas origens na mesma época retratando os exercícios ginásticos no livro Yajur Veda que além de um aprofundamento da medicina, ensinava manobras massoterápicas e técnicas de respirar. No Japão a história do desenvolvimento das civilizações sempre esbarra na importância dada à Educação Física, quase sempre ligados aos fundamentos médicos-higiênicos, fisiológicos, morais, religiosos e guerreiros. Os japoneses também têm sua história ligada ao mar devido à posição geográfica além das práticas guerreiras feudais dos samurais. No Egito dentre os costumes egípcios estavam os exercícios Gímnicos revelados nas pinturas das paredes das tumbas. A ginástica egípcia já valorizava o que se conhece hoje como qualidades físicas tais como: equilíbrio, força, flexibilidade e resistência. Já usavam, embora rudimentares, materiais de apoio tais como tronco de árvores, pesos e lanças. (MORAES, 2009, s/p) Segundo Moraes (2009, s/p) sem dúvida nenhuma a civilização que marcou e desenvolveu a Educação Física foi a grega através da sua cultura. Nomes como Sócrates, Platão, Aristóteles, e Hipócrates contribuíram e muito para a Educação Física e a Pedagogia atribuindo conceitos até hoje aceitos na ligação corpo e alma através das atividades corporais e da música. “Na música a simplicidade torna a alma sábia; na ginástica dá saúde ao corpo” Sócrates. É de Platão o conceito de equilíbrio entre corpo e espírito ou mente. Os sistemas metodizados e em grupo, assim como os termos halteres, atleta, ginástica, pentatlo entre outros, são uma herança grega. As atividades sociais e físicas eram uma prática até a velhice lotando os estádios destinados a isso. A derrota militar da Grécia para Roma, não impediu a invasão cultural grega nos romanos que combatiam a nudez da ginástica. Sendo assim, a atividade física era destinada às práticas militares. A célebre frase “Mens Sana in Corpore Sano” de Juvenal vem desse período romano. (MORAES, 2009, s/p) Para Capinussú (2005, p. 53) conhecida como um período de estagnação e obscurantismo, considerada uma etapa da história capaz de impedir o desenvolvimento, a Idade Média teve a virtude de despertar no ser humano a necessidade de modificar um estado letárgico então existente, dando origem, posteriormente, ao Renascimento. Por outro lado, as manifestações de caráter físico, como a prática esportiva e o culto ao corpo, tão celebrados pelos gregos e, até determinado período, pelos romanos, não encontraram o mesmo estímulo na Idade Média. Entretanto, uma gama de respeitáveis historiadores considera a época medieval uma verdadeira fonte de riquezas e benefícios para a civilização ocidental, onde se enquadra a figura do cavaleiro, física e espiritualmente muito bem preparado, galanteador e romântico, exímio no ato de montar e, principalmente, no uso da espada, atividades que, mais tarde, dariam origem a modalidades esportivas de caráter olímpico, como o hipismo e a esgrima. Na Idade Média, não havia, portanto, uma educação física que os gregos procuraram, por meio de certo primitivismo, estimular, mas uma atividade física que, deixando de lado a violência, revela bravura e lealdade da parte de seus praticantes. Ainda segundo Capinussú (2005, p. 54) quando, em 395 d. C, o imperador Teodósio aboliu os Jogos Olímpicos, a civilização romana já se encontrava em estado de completa deterioração. Um pouco antes, Teodósio declarou o Cristianismo como religião oficial do Império Romano, marginalizando os outros credos religiosos e provocando a divisão do Império Romano (395) em Império do Oriente e do Ocidente, que veio a cair em 476, com a deposição de Rômulo Augusto, último imperador do Ocidente. Perante esta situação, a Idade Média caracterizou-se por disputas entre três poderes que objetivavam o controle da Europa: o poder militar, representado pela força dos bárbaros; o poder civil, representado pelas organizações HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA 5 municipais e provinciais estabelecidas pelo Direito Romano, costumes e famílias; e o paganismo, substituído pelo Cristianismo, que, cultuado de forma exacerbada, preconizava total importância à salvação da alma e à conquista de uma vida celestial. Resulta deste abstracionismo, o desprezo pelo culto ao corpo, tornando a atividade física inexpressiva, passando a ser somente utilizada para a preparação militar. Os cavaleiros deveriam ser treinados para as grandes Cruzadas e as Guerras Santas, organizadas pela Igreja, em substituição às antigas festas populares, às vezes atingindo até as raias do absurdo, como ocorreu com a instituição da Santa Inquisição. (...) (CAPINUSSÚ, 2005, p. 54) Concluindo Capinussú (2005, p. 56) aponta que em sã consciência, não se pode afirmar a existência de uma Educação Física na Idade Média, pois a predominância de jogos e brincadeiras, envolvendo crianças e adultos, não representava maiores comprometimentos com o corpo, mas apenas uma forma recreativa de passar o tempo. Entretanto, havia uma atividade física voltada à preparação militar do homem em defesa dos domínios do seu Senhor; bem como a preparação militar do homem, objetivando integrar-se às Cruzadas, movimento utilizado pela Igreja para libertar os lugares santos (situados na Palestina) ocupados pelos turcos otomanos. A prática dos Jogos Equestres, representados primordialmente pelos Torneios e as Justas, onde a bravura, a lealdade e o espírito cavalheiresco dos participantes eram uma constante, provocou, séculos mais tarde, uma entusiástica manifestação do Barão de Coubertin: “A Idade Média conheceu um espírito desportivo de intensidade e brilho, provavelmente superior àquilo que conheceu a própria antiguidade grega”. (CAPINUSSÚ, 2005, p. 56) De acordo com Foggi (2006, p. 1) durante a Renascença, a Educação Física tornase uma filosofia do autoconhecimento com o homem sendo o centro de tudo. Aqui surge com grande força, questões sobre a formação do corpo e como sentir este corpo através dele mesmo, usando os sentidos naturais para aprender a enxergá-lo. Porém tudo devia ser apoiado pela razão, já que o homem é concebido neste momento sobre a ótica de Descartes como sendo razão e corpo. Este corpo natural e, fonte de conhecimento passa a ser no renascimento subordinado então a razão humana guia dos procedimentos deste conhecer. Durante o renascimento “o foco sai do mundo ideal para o mundo da diversidade, da eternidade para a temporalidade, da universalidade para a individualidade. ” (SOUZA NETO, 1996, p. 23, apud FOGGI, 2006, p. 1). Para Lúcio (s/d, s/p) a tomada de Constantinopla pelos Turcos em 1453, marca simbolicamente o início dos tempos modernos. No final da Idade Média começou a aparecer uma civilização distinta, marcando, paulatinamente, a fusão da civilização Greco-romana com o Cristianismo. Nasce o Humanismo, que reconcilia a educação intelectual, moral e física. O Humanismo significa a cultura voltada para o homem, “a medida de todas as coisas”, segundo a sabedoria grega. Com a adoção das ideias clássicas,no Ocidente, manifesta-se o interesse pela vida natural e os exercícios são empregados como agentes da educação, embora de maneira teórica e empírica. Não tendo sido criado um corpo de doutrina, não foi solucionado, objetivamente, o problema do exercício físico. Porém, os novos dados pedagógicos, fisiológicos e técnicos preconizados, lançando luzes para a questão, serviram de base, mais adiante, para o apuro e a sistematização da ginástica racional. Em virtude da ligação entre exercício natural e cultura, pouco a pouco, começou a marcha progressista da Educação Física. Na França quatro educadores merecem destaque especial: Rabelais (14941553) com sua obra Gargântua e Pantagruel, Montaigne (1533- 1592) que escreveu Ensaio, Fénelon (1615- 1715) que escreveu Educação dos Jovens, Rousseau (1712-1778) autor de Emilio ou da Educação. Todos preconizaram a renovação da educação e levantaram problemas no campo do exercício físico. Eles influíram muito nas reflexões dos criadores dos métodos clássicos da educação física. No século XVI, Rabelais, nas suas obras Gargântua e Pantagruel pregou a necessidade dos exercícios naturais. Segundo Ramos (1982) era amigo da natureza, rebelou-se contra o ensino escolástico e defendeu, de maneira tenaz, o direito de o homem viver ao ar livre e desenvolver ao máximo, suas qualidades físicas e espirituais. Montaigne expressou o valor do exercício: “não é bastante endurecer a alma, é preciso também enrijecer os músculos”. Imaginou o entrelaçamento do espírito e do corpo. François Fénelon considerava a prática do espírito como “dever de cada indivíduo para com a Pátria e das nações para o bemestar da HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA 6 república universal”, palavras que Conde Baillet Latour, sucessor de Coubertin no Comitê Olímpico Internacional (COI), aplicou na exaltação dos Jogos Olímpicos Contemporâneos. (LÚCIO, s/d, s/p) Para Jean Jacques Rousseau, segundo Lúcio (s/d, s/p) “a natureza é boa, a civilização é má”, conceito que condensa, em última análise, a filosofia de Rousseau. Até Goethe, conservador por excelência, reconheceu o caráter revolucionário e as consequências sociais do novo modo de vida imaginado por esse grande pensador na sua obra Emilio ou da Educação. Rousseau baseia seu método educacional nestes quatro princípios: O menino deve ser educado pela e para a liberdade. A infância na criança deve ser amadurecida. A Educação do sentimento deve preceder a educação da inteligência. O saber importa menos que o exercício do juízo. Pelo primeiro princípio Rousseau assevera que a liberdade é um direito inerente ao homem e o único que permite adaptar a educação à Natureza. O menino necessita não apenas de liberdade física, isto é, de movimentos, mas, sobretudo, de liberdade em seus atos. Ele, no entanto, ressalta: “É preciso não confundir licenciosidade com liberdade, nem o menino a quem se faz feliz com o menino a quem se mima”. Ele esclarece que os exercícios do corpo, não perturbam as operações do espírito, mas, muito ao contrário, servem para facilitá-las. Na Inglaterra citamos Francis Bacon (1561-1626) com sua obra Investigação Científica, onde afirma que somente se pode tirar conclusões em fatos recolhidos e estudados. Afirmava que a atividade física podia corrigir qualquer tendência ao mal e ao enfraquecimento e propunha, consequentemente, todos aqueles exercícios físicos que favoreciam a conservação da saúde e o prolongamento da vida humana. John Locke (1632-1704) foi influenciado por Montaigne e inspirado em Rousseau. Em seu Pensamento sobre a educação dedicou longas páginas sobre o problema da saúde, da higiene pessoal, do vestuário, do sustento, e da educação física da juventude. Ele estava convencido das estreitas relações entre educação física e psíquica. Os jovens, segundo ele, devem observar, escrupulosamente, a higiene, uma alimentação simples e sadia, ter livre iniciativa no trabalho e no jogo, observar as normas higiênicas e treinando os músculos para os esforços, o corpo enrobustece e torna-se resistente à dor e às fadigas. Thomas Morus (1478-1592) com a obra Utopia pregou a vida na natureza, criticando o sistema educacional vigente, enfatizou a importância dos exercícios que mantêm e cultivam “a beleza, o vigor e a agilidade do corpo, os dons mais agradáveis da natureza”. Na Alemanha encontramos Hoffmann (1660-1742) com o Movimento Artificial e as Sete Regras da Saúde. Outros alemães que merecem serem citados são Basedow e Guts Muths pelo caráter pedagógico dos seus exercícios. (LÚCIO, s/d, s/p) Segundo Moraes (s/d, s/p) a educação física voltada para a nossa ginástica localizada começa a se desenvolver na Idade Contemporânea e quatro grandes escolas foram as responsáveis por isso: a alemã, a nórdica, a francesa, e a inglesa. A alemã, influenciada por Rousseau e Pestalozzi, teve como destaque Johann Christoph Friedrich Guts Muths (1759-1839) considerado pai da ginástica pedagógica moderna. Entretanto, a derrota dos alemães para Napoleão deu origem a outra ginástica. A turnkunst, criada por Friedrich Ludwig Jahn (1788-1825) cujo fundamento era a força. “Vive quem é forte”, era seu lema e nada tinha a ver com a escola. Foi ele quem inventou a barra fixa, as barras paralelas e o cavalo, dando origem à Ginástica Olímpica. A escola voltou a ter seu defensor com Adolph Spiess (1810-1858) introduzindo definitivamente a Educação Física nas escolas alemãs, sendo inclusive um dos primeiros defensores da ginástica feminina. (MORAES, s/d, s/p) A escola nórdica escreve a sua história através de Nachtegall (1777-1847) que fundou seu próprio instituto de ginástica (1799) e o Instituto Civil de Ginástica para formação de professores de Educação Física (1808). Por mais que um profissional de Educação Física seja desligado da história, pelo menos algum dia já ouviu falar em ginástica sueca, um grande trampolim para o que se conhece hoje. Per Henrik Ling (1766-1839) foi o responsável por HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA 7 isso levando para a Suécia as ideias de Guts Muths após contato com o instituto de Nachtegall. Ling dividiu sua ginástica em quatro partes: a pedagógica - voltada para a saúde evitando vícios posturais e doenças, a militar - incluindo o tiro e a esgrima, a médica - baseada na pedagógica evitando também as doenças e a estética - preocupada com a graça do corpo. Alguns fundamentos ideológicos de Ling valem até hoje tais como o desenvolvimento harmônico e racional, a progressão pedagógica da ginástica e o estado de alegria que deve imperar uma aula. Claro, isso depende do astral e o carisma do profissional. Um dos seguidores de Ling, o major Josef G. Thulin introduz novamente o ritmo musical à ginástica e cria os testes individuais e coletivos para verificação das performances. (MORAES, s/d, s/p) Continuando Moraes (s/d, s/p) aponta que a escola francesa teve como elemento principal o espanhol naturalizado Francisco Amorós Y Ondeano (17701848). Inspirado em Rabelais, Guts, Jahn e Pestalozzi, dividiram sua ginástica em: Civil e Industrial, Militar, Médica e Cênica. Outro nome francês importante foi G. Dêmey (1850-1917) que organizou congressos, cursos (inclusive o Superior de Educação Física), redigiu o Manual do Exército e também era adepto à ginástica lenta, gradual, progressiva, pedagógica, interessante e motivadora. O método natural foi defendido por Georges Herbert (1875-1957): correr, nadar, saltar, empurrar, puxar e etc. A escola inglesa baseava-se nos jogos e nos esportes, tendo como principal defensor Thomas Arnold (1795-1842) embora não fosse o criador. Essa escola também ainda teve a influência de Phoktion Heinrich Clias (1782-1854) no treinamento militar. A nossa Educação Física, a brasileira teve grande influência na Ginástica Calistenia criada em 1829 na França por Clias. A Calistenia é por assim dizer, o verdadeiro marco do desenvolvimento da ginástica moderna com fundamentos específicos e abrangentes destinada aos obesos, às crianças, os sedentários, os idosos e também às mulheres. Calistenia, segundo Marinho (1980) citado por Marcelo Costa, vemdo grego Kallós (belo), Sthenos (força) e mais o sufixo “ia”. Com origem na ginástica sueca apresenta uma divisão de oito grupos de exercícios localizados associando música ao ritmo dos exercícios que são feitos à mão livre usando pequenos acessórios. Os responsáveis pela fixação da Calistenia foram o Dr. Dio Lewis e a (A. C. M.) Associação Cristã de Moços com proposta inicial de melhorar a forma física dos americanos comuns. Por isso, deveria ser simples, fundamentada na ciência e cativante. O Dr. Lewis era contra os métodos militares sob a alegação que os mesmos desenvolviam somente a parte superior do corpo e os esportes atléticos não proporcionavam harmonia muscular. Em 1860 a Calistenia foi introduzida nas escolas americanas. (MORAES, s/d, s/p) 
POR UMA FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA.
De acordo com Schreiber, et al (2005, s/p) considerando o crescimento, a qualidade da literatura na área da Educação Física (Oliveira 1983, Bracht 1985, Santin 1987, Kunz 1991, Tubino 1992, Freire 2003), entre tantos, percebese a evolução contínua da área, conforme Freire (2001, p. 19) comenta “(...) a Educação Física não é. Ela está sendo construída a cada instante, e ainda bem”. Questionamentos referentes ao seu papel na sociedade, qual seu objeto de estudo? O que é Educação Física e para quê? Tem servido como temas para discussões em debates, estudos, enfim, local onde haja pessoas interessadas no desenvolvimento da disciplina. Assim como na educação em geral percebemos que o foco de ensino deixou de ser somente o desenvolvimento do raciocínio lógico ou a memorização de fórmulas e informações, na Educação Física as mudanças de ponto de vista também acontecem, comprovando a dinâmica da área. Citamos como exemplo o fato de vários profissionais refletirem sobre os aspectos negativos da supervalorização do esporte competitivo (TUBINO, 1992, apud SCHREIBER, ET AL, 2005, s/p) Relegada a um segundo plano, a Educação Física praticada nas escolas carece de uma reflexão mais aprofundada. O professor tem geralmente sua atuação restrita a desenvolver a aptidão física dos alunos e a ensinar os fundamentos técnico e tático dos esportes. (OLIVEIRA, 1986). É indiscutível o fato de tais atividades serem de responsabilidade do professor de Educação Física, entretanto, este profissional em sua ação pedagógica precisa HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA 8 encontrar caminhos que apontem a descoberta de valores mais amplos para serem inseridos no planejamento dos objetivos da Educação Física escolar. As contradições existentes no sistema educacional resultam em grande parte, devido ao distanciamento que há entre a teoria e a prática. (SCHREIBER, ET AL, 2005, s/p) Para Schreiber, et al (2005, s/p) conforme Medina (1989), os professores apresentam dificuldade em perceber a importância da relação do processo de reflexão em comunhão com as nossas ações. Segundo Betti (1991) não há neutralidade no conteúdo da Educação Física, assim como de qualquer outra área. Ele é instrumento para a formação de um homem, com uma visão antecipada de qual homem se deseja formar. O conhecimento reflexivo e global sobre o saber prático do homem é encontrado na visão da Filosofia, pois a mesma busca a visão de totalidade. Freire (2003), em seu livro Educação como Prática Corporal aponta diversos pontos que por meio da reflexão quanto à metodologia na Educação Física, acabam por se tornarem mais claros e objetivos para o professor e o aluno. Os autores relatam uma abordagem filosófica reflexiva que orienta o educador para uma prática consciente: “(...) levar a criança a aprender a ser cidadã de um novo mundo, em que o coletivo não seja sobrepujado pelo individual (...)” (FREIRE, SCAGLIA, 2003, p. 32, apud SCHREIBER, ET AL, 2005, s/p). Afirma Santin (1987, p. 28, apud Schreiber, et al, 2005, s/p) que: (...) a Educação Física terá maior identidade e maior autonomia quando se aproximar mais do homem e menos das antropologias; quando deixar de ser instrumento ou função para ser arte; quando se afastar da técnica e da mecânica e se desenvolver criticamente. A Educação Física deve ser gesto criador. Por intermédio de um maior comprometimento com a Filosofia, o professor em suas reflexões poderá reformular conceitos que podem orientar a conduta do seu aluno e interpretar melhor o que ele faz do seu corpo, de seus movimentos e das suas relações com o mundo (SANTIN, 1987). Consciente da importância da valorização do ser como um todo, respeitando os seus limites o professor poderá tornar a sua ação pedagógica mais humanizada e assumir a postura de quem está ciente do seu verdadeiro papel e função na sociedade. De acordo com Schreiber, et al (2005, s/p) (...) é provável que por meio desta conscientização, o professor possa transformar sua ação pedagógica, buscando a valorização do ser, bem como conscientizar sobre a necessidade de acrescentar à sua formação disciplinas de conhecimento pedagógicofilosófico. (...) A variedade de abordagens sobre a Educação Física depõe contra o estabelecimento dos seus objetivos. O que a distingue das demais disciplinas é o movimento humano, característica essencial da Educação Física. “Enquanto processo individual a Educação Física desenvolve potencialidades humanas. Enquanto fenômeno social ajuda este homem a estabelecer relações com o grupo a que pertence” (OLIVEIRA, 1986, p.105). Segundo este mesmo autor “(...) a colocação da disciplina nos centros de saúde subverteu os seus objetivos. Educação Física é educação, portanto seu espaço é nos Centros de Ciências Humanas e Sociais das universidades a que pertencem”. Para Oliveira (1994, p. 105), “a Educação Física no Brasil foi durante muito tempo considerada uma prática neutra, sem conotação ideológica. Restringia-se a uma atividade física cujo movimento era apreendido pela pedagogia do consenso em seus aspectos eminentemente biomecânicos”. Não se pode esquecer que o corpo humano não se move, age; não se pode confundir, pois, pedagogia do movimento humano com pedagogia do deslocamento humano. (FERREIRA, 1990) Segundo Oliveira (1994, p. 105), “o panorama educacional brasileiro dos anos 1980 parece que desmistificou esse estereótipo. Apesar de educação e política terem suas especificidades, todo ato político pressupõe uma dimensão pedagógica, da mesma forma que toda pedagogia deixa transparecer uma dimensão política”. Os benefícios que a prática de exercícios físicos pode trazer à saúde foram considerados argumentos suficientes e decisivos para a inclusão da Educação Física na escola do século XIX. Considerando as ideologias as quais a Educação Física tem servido, pensamos nos benefícios que a Filosofia da Educação Física nos aponta, entre eles: “(...) a sabedoria filosófica não está apenas em conservar e utilizar o que nos foi deixado, está na transformação da realidade através do desenvolvimento da razão e da emoção formadora da condição humana (...)” HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA 9 (TOMELIN, 2003, p. 63, apud SCHREIBER, ET AL, 2005, s/p). Ainda de acordo com Schreiber, et al (2005, s/p) na constante busca por uma identificação e servindo as ideologias dominantes, a Educação Física já assumiu diversos papéis na sociedade. Considerada como cultura do físico, como parte da medicina, como criadora de sofisticadas técnicas esportivas dentre outras atribuições, esta área acabou por possuir diversos papéis que geraram conflitos quanto à sua identificação. Apesar da falta de reflexão teórica e de atitude científica que caracterizou a Educação Física como um todo até poucos anos, houve avanços consideráveis na área de influência biomédica e na área técnico-desportiva, mas os avanços neste campo tendem a apresentar o professor como um formador de atletas, com tendências elitistas. Deve-se considerar que precisamos evoluir de forma mais conjunta, sendo capazes de formar mentes críticas e conscientes (OLIVEIRA, 1986). Neste sentido, estaremos nos direcionando a conquista quanto a capacidade de comprometimento e entendimento de conhecimentos filosóficos. O pensamento pedagógico até o presente momento teveum real significado, pois possibilitou um aprimoramento da prática docente, bem como uma evolução constante na forma de pensar a Educação Física Escolar brasileira. Ao nos inteirarmos desse pensamento, novas concepções de ensinar, foram internalizadas, propiciando um distanciamento de abordagens de ensino mecânico, pautado nos métodos ginásticos, que objetivam trabalhar o corpo, fragmentando assim o direcionamento da Educação Física Escolar, que não pode preterir a influência da mente sobre os comandos corporais. (SCHREIBER, ET AL, 2005, s/p) Percebe-se nesta prática, que muitos profissionais que não possuem acesso a esse pensamento acadêmico, e quanto tem não o vê como possibilidade de mudanças em suas práticas docentes e, no entanto, desenvolvem o seu trabalho de forma dinâmica, criativa, atingindo objetivos formadores reais, atendendo plenamente o trabalho que a sociedade espera da Educação Física na escola. De acordo com Pereira (1998, p. 170) “aos olhos dos professores, a teoria não é um problema, mas a relação teoria-prática é que se constitui um problema prático”. Esta citação explica a preocupação do estreito relacionamento entre a teoria e a prática da Educação Física Escolar, porém o que temos percebido é o distanciamento e o caminhar independente da teoria e da prática. (...) É fato comum observarmos na prática a deficiência apresentada por diversos representantes da Educação Física ao serem questionados em relação às ideias e objetivos mais concretos com relação à disciplina em evidência. O mesmo desacerto se faz presente ao perceber que existe um grande distanciamento entre as disciplinas curriculares oferecidas na graduação e o que realmente necessitamos para um bom desenvolvimento do trabalho pedagógico. Grande parte dos currículos atuais encontra-se fragmentado e desarticulado das ideias sócio político-pedagógico. Nas faculdades de Educação Física o currículo deveria dar subsídios básicos ao futuro professor, tornando-o capaz de acompanhar as transformações da sociedade e do conhecimento científico pedagógico (OLIVEIRA, 1986, apud SCHREIBER, ET AL, 2005, s/p). Neste âmbito segundo Schreiber, et al (2005, s/p) para Ghiraldelli Júnior (1992, p. 23), as finalidades da Educação Física como componente curricular destaca o seguinte: a Educação Física pode contribuir para a autodisciplina, fortalecer a saúde, desenvolver os valores estéticos, os valores cooperativos, o raciocínio e a presteza mental, sem esquecer que a ela cabe também o estudo da fisiologia, a anatomia, das técnicas, da história, etc. Enfim, ela compõe o conjunto das disciplinas escolares e cumprirá o seu papel quanto mais conseguir tornar-se Educação Física Escolar. Segundo Escobar (apud Tavares, Morais 1997, p. 36), as avaliações do atual o currículo de formação evidencia um processo de ensino aprendizagem desarticulado sequencialmente e incoerente, o qual não solicita que o aluno utilize as informações recebidas ou retidas e proceda a análises, trabalhe com opiniões pessoais e se posicione criticamente. Parte desta defasagem se dá em função dos desencontrados currículos oferecidos na grade curricular do curso de Educação Física. A valorização de disciplinas técnicas e a insignificância ou até mesmo nenhuma importância voltada às disciplinas de caráter reflexivo/filosófico resultam em desarticulação com a realidade. Por não haver neutralidade no ato educativo, o próprio currículo traz explicitamente o aspecto político, demonstrando o comprometimento com o HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA 10 interesse de outra classe social (MORAIS, TAVARES, 1997, p. 32, apud SCHREIBER, ET AL, 2005, s/p). Parte da fragmentação de acordo com Schreiber, et al (2005, s/p) existente no currículo da área acontece pela preocupação demasiada em atender o mercado de trabalho, fato que contribui para a desqualificação do profissional de Educação Física (MORAIS, TAVARES, 1997). Nesta sociedade, competitiva, mecanizada é preciso conhecimento para não se deixar manipular. “A formação do professor é um processo contínuo e permanente, mas a criação de uma predisposição do professor para esta exigência de sua profissão tem de começar a ser construída na formação inicial”. (MATOS apud MORAIS, TAVARES, 1997, p. 33). Ao vivenciar durante o curso de graduação a excessiva valorização do movimento técnico, onde a avaliação pode comprometer a sua aptidão para a regulamentação da habilitação e somado às cobranças de trabalhos teóricos que jamais são socializados ou discutidos, são fortes argumentos para dificultar o ideal de “educador”; “(...) o pior acontece quando, já matriculados, aquele desempenho físico continua sendo fundamental no processo de avaliação acadêmica. A preocupação dos cursos de graduação em Educação Física deveria ser, essencialmente, ensinar a ensinar” (OLIVEIRA, 1986, p. 102, apud SCHREIBER, ET AL, 2005, s/p). O amadurecimento e a percepção do vazio costumam acontecer mais tarde, quando em sua atuação percebem que existem situações questionadoras as quais não encontram respostas convincentes, orientações que lhe foram passadas não apresentam o resultado esperado. Então, é hora de entrar em crise e buscar argumentos que o conduzam a uma caminhada mais consciente, sem tantos desagrados. Nesta sociedade competitiva e mecanizada é preciso conhecimento para não se deixar manipular. “A formação do professor é um processo contínuo e permanente, mas a criação de uma predisposição do professor para esta exigência de sua profissão tem de começar a ser construída na formação inicial”. (MATOS apud MORAIS, TAVARES, 1997, p. 33). A formação de professores de Educação Física ainda tem sido centrada numa tradição cultural que preconiza a transmissão e aquisição de conhecimentos, que privilegia conteúdos esportivos, com ênfase em aspectos biológicos e neuro-comportamentais. (SCHREIBER, ET AL, 2005, s/p) Ainda conforme Schreiber, et al (2005, s/p) para Sonoo, et al (2002, p. 18): com o passar dos anos, a partir da evolução das necessidades da sociedade e do próprio conhecimento veiculado na área, o espaço de intervenção deste profissional é ampliado. De fato, os profissionais desempenham suas funções formulando e implementando programas de intervenção que, tendo como base a atividade corporal, são altamente diferenciados em termos dos objetivos, clientela e meios. Cabe aos profissionais manifestar opinião com relação às urgentes mudanças que se fazem necessárias com relação ao currículo de Educação Física. Buscar uma formação pautada em qualidade, mais embasada filosoficamente visando atuar de forma mais reflexiva, capaz de acompanhar e sugerir mudanças que venham ao encontro ao crescimento de toda uma sociedade, evidenciando assim a valorização de toda a classe. (SCHREIBER, ET AL, 2005, s/p) 
A HISTORIOGRAFIA E A NOVA HISTÓRIA FRENTE AOS PERÍODOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL.
Segundo Gancz (2006, p. 1979) em seu livro A Escrita da História, Peter Burke (2001) mostra que o movimento que é associado à Escola de Annales, o surgimento da Nova História, muda o paradigma tradicional da historiografia, trazendo novas contribuições, como por exemplo: a análise das estruturas e dos movimentos sociais em oposição da narração dos grandes fatos na visão tradicional, a utilização das micronarrativas e de análises documentais das mais plurais e heterogêneas, em oposição aos documentos oficiais e dos “vencedores”, a utilização de uma perspectiva temporal não linear, em detrimento da tradicional visão linear de tempo. Tais contribuições servem para colocar a historiografia em um patamar mais elevado. Porém, ainda que em franca oposição metodológica, trabalhamos sem esquecer nem anular a essência das contribuições de Leopold von Ranke, que podem ser resumidas da HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA 11 seguinte forma: “A função da história é contar as coisas como efetivamente se passaram quer essa reconstituição possa levar a uma interpretação, a uma compreensão de conjunto, quer, ao contrário, a narrativa dos fatos, justamente por ser exata, só leve a problemas e contradições”.(CARVALHO, 2002, p. 12-13). Assim, o movimento da Nova História tem obtido avanços qualitativos, não só dentro da perspectiva historiográfica, bem como na evolução do próprio conhecimento. Certamente essa revolução causada pela Nova História ainda está em curso e, continuamente, podemos verificar seus reflexos nas mais distintas visões da história. Dentre os reflexos ocorridos nos diferentes campos, um que merece uma abordagem especial é o da Educação Física. Neste curso, durante muito tempo, prevaleceu seu caráter prático, tendendo a afastar-se de problemáticas mais teóricas. Nas últimas décadas, este processo começou a ser mudado, ainda que, nos dias de hoje, esteja engatinhando quando confrontado com cursos de maior tradição. Temos sempre que lembrar que para qualquer área do conhecimento que se estude, a história possui importância ímpar por inúmeras razões. A ideia mais comum é aquela de lembrar o passado, de preservar, como uma espécie de museu que, em geral, é abandonado, só lembrado como mero acidente temporal. Somos obrigados a dizer que a importância da história está muito além desse mero colecionismo. Através da história podemos ter contato com mentes, pensamentos, ações que muitas vezes nos passam pela cabeça; podemos reviver o tempo através de um mergulho dedicado dos acontecimentos, ações e pensamentos e, principalmente, podemos utilizar esses mesmos dados para nos julgar, para fazer com que compreendamos nossas próprias ações e pensamentos. (GANCZ, 2006, p. 1979) Essa via de mão dupla, conforme Gancz (2006, p. 1980) já ensaiada desde Aristóteles (1952) ao propor que não somente é necessário chegar até o plano das ideias, mas, retornar ao sensível, é de expressiva utilidade para todo estudioso de qualquer área do conhecimento. Sendo assim, é muito importante que o ensino da história possa ser feito de forma a contribuir com a maior quantidade de ferramentas possíveis para o estudante. Então, quando pensamos dentro do âmbito da educação física, inevitavelmente surge uma questão: Como vem sendo trabalhado o ensino da história da educação física? (...) Nessa perspectiva resolvemos buscar os livros que abordem o assunto do desenvolvimento histórico da educação física. O critério para a escolha dos livros deveu-se seja por suas contínuas aparições nas bibliografias dos concursos, seja pela sua leitura ainda recomendada pelos professores. Temos consciência que esta lista não é totalmente inclusiva, nem mesmo sendo o nosso objetivo. Queremos apenas, com essa análise, verificar através de uma amostra significativa como a perspectiva do desenvolvimento histórico da educação física é trabalhada. Podemos perceber que na maioria da literatura pesquisada existe uma visão essencial sobre o desenvolvimento da história da educação física. (MAZZEI, TEIXEIRA, 1967, GHIRALDELLI JÚNIOR, 1989, entre outros) Visões que, com algumas nuances de nomenclatura, podem ser resumidas da seguinte forma: Educação Física Higienista (1889-1930): propunha uma ênfase na saúde, cabendo no papel da educação física a formação de indivíduos fortes, saudáveis e propensos à aderência a atividades boas em detrimento de maus hábitos. Tinha por finalidade “(...) proporcionar aos alunos o desenvolvimento harmonioso do corpo e do espírito, formando o homem física e moralmente sadio alegre e resoluto”. (MARINHO, 1953, p. 177.) Educação Física Militarista (1930-1945): de forte influência dos militares, foi decretado no país o “Regulamento n. 7”, tornando de caráter oficial a utilização do “Método do Exército Francês”. Tinha por objetivo o “desenvolvimento harmônico do corpo. Desenvolvimento da personalidade. Aperfeiçoamento da destreza. Emprego da força e espírito de solidariedade”. (MAZZEI, TEIXEIRA, 1967, v. IV p. 143) Educação Física Pedagogicista (1945-1964): com uma visão que pode ser traçada ao liberalismo, a vertente pedagogicista propunha a educação física como um meio de formação do indivíduo. “A educação física, acima das “querelas políticas”, é capaz de cumprir o velho anseio da educação liberal: formar o cidadão. ” (GHIRALDELLI JÚNIOR, 1989, p.29) HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA 12 Educação Física Competitivista (1964-1985): marcada pelo forte apelo aos esportes de competição oficiais, por um “culto do atleta-herói”, essa visão foi a predominante no regime militar. Foi o período que houve o maior investimento na educação física como um todo. O professor deveria preparar esses futuros atletas. “Quer-se dar ao professor de educação física a convicção de que ele, por força da profissão é condutor de jovens, um líder e não pode aceitar ser conduzido por minorias ativas que intimidam, que ameaçam e, às vezes, conseguem, pelo constrangimento, conduzir a maioria acomodada, pacífica e ordeira. ” (FERREIRA, 1969 apud GHIRALDELLI JÚNIOR, 1989, p.31) Educação Física Popular (1985- ): movimento de cunho ideológico que pretende mudar o paradigma da educação física, saindo do competitivismo para uma visão em direção a “(...) ludicidade, a solidariedade e a organização e mobilização dos trabalhadores na tarefa de construção de uma sociedade efetivamente democrática”. (GHIRALDELLI JÚNIOR, 1989, p. 34). Outro exemplo que mostra o viés ideológico é o do Coletivo de Autores que fala que “(...) o aluno sistematiza o conhecimento sobre os saltos e os conceitos que explicam o conteúdo e a estrutura do objeto salto, desde as leis físicas e características no nível cinésio/fisiológico, até às explicações políticofilosóficas da existência de modelos de salto”. (COLETIVO DE AUTORES, 1993, p.65, apud GANCZ, 2006, p. 1986) É preciso realçar conforme Gancz (2006, p. 1986) que não partilhamos, necessariamente, a visão desta divisão histórica, mas, sim, ela, até o presente momento, é a visão hegemônica de como a educação física se desenvolveu. Facilmente podemos observar os seguintes pontos, no tocante a essa classificação, que, quando pensamos a partir da perspectiva burkeana, percebemos que a história da educação física não poderia ser apresentada de forma linear, simplista e tendenciosa. Existem vários pontos conflitantes nessa versão que, ainda que mereçam um tratamento em estudos mais aprofundados, são necessários seus apontamentos. São eles: 1. A visão exposta é claramente linear. Ao pensarmos dentro do paradigma da Nova História iremos perceber que a linearidade, de certo modo uma herança hegeliana, acaba por muitas vezes tornar-se uma tendência a criar uma unidade forçada, muitas vezes atropelando nuances factuais que, quando tomadas no conjunto, podem levar para caminhos diferentes. Assim, a visão linear torna-se uma simplicidade e, por fim, um reducionismo. Os próximos exemplos irão elucidar essa questão. 2. Não foram todos os lugares que sofreram impactos e, nem mesmo, os impactos foram iguais. Muitas vezes, os reflexos só começam a aparecer anos depois da mudança no âmbito da conduta. Por exemplo, aqueles que ingressaram no ensino básico no estado do Rio de Janeiro no final da década de 1980, início da de 1990, provavelmente tiveram uma educação física de caráter mais competitivista. 3. Esses movimentos não foram homogêneos entre si. Por exemplo, apesar de promessas e até mesmo de investimentos na área do desporto durante o período de 1964 até 1985, nunca houve uma política real de preparação ou de seleção de talentos. 4. Partes das análises que geraram as classificações foram feitas impregnadas de questões ideológicas que, às vezes, obscurecem a capacidade de um raciocinar mais límpido, livre de preconceitos, ou, para utilizar o pensamento bachelardiano, de rompimento com o obstáculo epistemológico, porque, “o primeiro obstáculo é a experiência primeira, a experiência colocada antes e acima da crítica – crítica esta que é, necessariamente, elemento integrante do espírito científico”. (BACHELARD, 2005, p. 29) 5. Existe uma proliferação de teorias e pensamentos que procuram utilizar a educação física como meio político-ideológico, como, por exemplo, a proposta do Coletivo de Autores (1993, p. 50) que diz: “Perguntar o que é educação físicasó faz sentido, quando a preocupação é compreender essa prática para transformá-la”, trazendo o prejuízo de uma visão analítica puramente centrada em pré-conceitos ideológicos que distorcem a maneira de entender os fatos. 6. Como pode ser observado na Coleção Educação Física Escolar (1976) e no livro Educação Física (1982), editado pelo Ministério da Educação e Cultura, existia uma ênfase maior em atividades que estimulam mais a “inteligência cinestésicocorpórea”, na acepção dada por Howard Gardner (1993), do que HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA 13 propriamente um competitivismo. Isso corrobora com o que falou uma professora, já aposentada, que dava aula no período: (...) “Realmente tinham muitos professores que davam ênfase ao esporte. Mas não eram todos. Até porque em muitos colégios nem se tinha condições materiais de fazer times de competição. Muitos de nós (professores) dávamos aulas com objetivo de trabalhar a coordenação, os movimentos, essas coisas, sabe? O mais engraçado era dentro das universidades. Alguns professores realmente nos exigiam um desempenho atlético. Muitos alunos questionavam até que ponto tudo isso era necessário. Embora que também tivessem professores que trabalhavam de maneira diferente (...)” (GANCZ, 2006, p. 1983) Mais uma vez Gancz (2006, p. 1983) lembra que não pretendemos que esses pontos sejam a totalidade das discrepâncias no tocante à história da educação física, mas, sim, serem meros exemplos que podem encorajar estudos de maior profundidade, além de corroborar com a hipótese do nosso trabalho. (...) Devemos, em primeiro lugar, situarmos a importância da história da educação física. Faremos isso a analisando como disciplina e, de acordo com a pentadialéctica e a decadialéctica, como nos mostra Ferreira dos Santos. Como unidade, a história da Educação Física é uma disciplina que busca trabalhar o processo histórico do desenvolvimento da educação física. Como totalidade, é uma disciplina, dentro da grade curricular que visa trazer aos alunos um entendimento de como surgiu e evoluiu a educação física, juntamente com suas relações e tensões intrínsecas, para que o aluno possa utilizar esse conhecimento de forma reflexiva, ponderando e relacionando seus atos. Como série, faz parte do currículo de formação do aluno de educação física. Assim, esta disciplina deve ser um componente ativo da formação do novo educador, servindo não só ao propósito único de ensinar fatos, estabelecer relações e o que mais esteja na ementa, mas estar articulada com todo o currículo de modo que ela seja, em ato, mais do que a mera soma de diferentes partes – disciplinas -, atuando sinergisticamente com o restante do currículo. Como sistema, ela faz parte do movimento historiográfico e, por isso, sujeita as mesmas situações que a própria historiografia também se sujeita. Então, quando aparecem visões ou correntes que nos fazem enxergar novas possibilidades ou caminhos, verificaremos uma adaptação por esta influência tão sólida, ainda que esta mudança ocorra de forma lenta e/ou gradual. (GANCZ, 2006, p. 1994) Por fim, aponta Gancz (2006, 1994) como universo, ela está contida nas ciências do conhecimento – pensando ciência em lato sensu -, estando, ipso facto, ligadas a própria noção de conhecimento. Por isso, podemos perceber hoje que diversas reinterpretações filosóficas, como, por exemplo, a própria ideia pósmoderna, têm, muitas vezes, criado distintas e profundas alterações no modo de pensar. (...) A função da universidade é uma função única e exclusiva. Não se trata, somente, de conservar a experiência humana. O livro também a conserva. Não se trata, somente, de preparar práticos ou profissionais, de ofícios ou artes. A aprendizagem direta os prepara, ou, em último caso, escolas muito mais singelas do que as universidades. Trata-se de manter uma atmosfera de saber pelo saber para se preparar o homem que o serve e o desenvolve. Trata-se de conservar o saber vivo e não morto, nos livros ou no empirismo das práticas não intelectualizadas. Trata-se de formular intelectualmente a experiência humana, sempre renovada, para que a mesma se torne consciente e progressiva. (TEIXEIRA, 1988, p.17-18) Quando refletimos sobre o que Anísio nos fala, verificamos o quão longe, neste caso, estamos. Vemos os apelos dos docentes perante a calamitosa situação. Vemos uma grande quantidade de alunos desejando através de suas ações um curso cada vez menos focado no saber. Vemos muitos alunos que sequer gostam de ler. É imprescindível perguntarmos o porquê. Certamente queremos mudar este panorama. Só poderemos fazê-lo quando compreendermos a situação atual. Faz-se necessário um estudo de maior fôlego para uma maior compreensão deste problema. (GANCZ, 2006, p. 1995)

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