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V COLÓQUIO DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA ___________________________________________________________________ 1 EDUCAÇÃO FINANCEIRA ESCOLAR NO CONTEXTO EDUCACIONAL E CIENTÍFICO Luciana Maria da Silva 1 Dailiane de Fátima Souza Cabral 2 RESUMO Este estudo é o resultado de uma pesquisa documental e tem como objetivo apresentar uma nova área (Educação Financeira Escolar) de investigação do campo de Educação Matemática. Apresentando: sua origem, perspectivas, características e as reflexões de alguns pesquisadores nacionais e internacionais que trazem contribuições relacionadas à temática; bem como a coleta de informações relevantes (autores e instituições que se destacam em pesquisas e publicações) a pesquisas dentro deste campo. A pesquisa baseou-se principalmente em teses e anais de eventos. Após uma revisão da literatura, foi possível notar a carência de estudos que abordam a temática em questão. Palavras-chave: Educação Financeira, Educação Financeira Escolar, Perspectivas. ABSTRACT This study is the result of a documentary research and aims at a new area (School Financial Education) research in the field of Mathematics Education. Presenting: its origin, perspectives, characteristics and reflections of some researchers and international that bring contributions related to the theme; As well as a collection of relevant information (authors and institutions that are prominent in researches and publications) in researches within this field. The research was mainly based on theses and annals of events. After a review of the literature, it was possible to note a research of studies that approach the subject in question. Key words: Financial Education, School Financial Education, Perspectives. INTRODUÇÃO Neste trabalho, discutiremos brevemente sobre o cenário da Educação Financeira Escolar na atualidade, visando refletir sobre o “espaço” que a temática vem ganhando nos últimos anos, principalmente, com elevação dos índices de endividamento da população ocorrido pelo crédito fácil, estímulo da publicidade, induzindo o consumismo desenfreado. Bauman (2008) afirma que isso tem se intensificado com as estratégias das campanhas publicitárias que, muitas vezes 1 Mestranda do curso de Mestrado Profissional em Educação Matemática; Professora de Ensino Fundamental da Rede Estadual de Ensino de Fortaleza. 2 Mestranda do curso de Mestrado Profissional em Educação Matemática; Professora dos anos iniciais da Rede Municipal de Juiz de Fora. V COLÓQUIO DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA ___________________________________________________________________ 2 prometem a realizações de desejos e sonhos em divulgações de produtos e marcas e produz um desconforto naqueles que se sentem excluídos de tal movimento. No ambiente escolar isso também acontece de diferentes formas, gerando frustração naqueles que não têm condições de realizar todas as suas vontades. Frente a este cenário, algumas perspectivas de Educação Financeira que objetivam a mudança desse contexto que assombra a sociedade estão ganhando espaço de discussão, porém, é valido destacar que cada corrente defende interesses distintos. Vejamos a seguir, como a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) elaborou estratégias para abordar esse assunto. A OCDE (ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO) E A EDUCAÇÃO FINANCEIRA A origem da Educação Financeira está intimamente relacionada com a OCDE, pois esta incentivou a discussão e inclusão dessa temática nos países membros e parceiros dessa organização. Em 2003, a OCDE, influenciada pelo interesse de seus países membros, incluiu a temática da Educação Financeira em sua pauta de discussão. Como consequência, o programa de trabalho da OCDE, aprovado pelo conselho para o biênio 2003-2004 elaborou um projeto intitulado Projeto Educação Financeira que deveria ser desenvolvido nos anos seguintes. A partir daquele momento, os 34 países membros da organização e países parceiros, como o Brasil, passaram a ser orientados em suas ações pelas diretrizes produzidas pela OCDE, com o objetivo de educar financeiramente seus cidadãos. A primeira fase do projeto culminou, em 2005, no primeiro grande estudo sobre Educação Financeira em nível internacional, registrado em um relatório intitulado Melhoria da literacia financeira: análise das questões e políticas3 (OCDE, 2005a). Esse estudo teve como objetivo identificar e analisar pesquisas sobre Educação Financeira nos países membros da OCDE, descrever os diferentes tipos de programas existentes sobre o tema que estavam sendo oferecidos na época e avaliar sua eficácia. E o resultado do estudo deveria fornecer informações e sugerir ações aos formuladores de políticas públicas dos países membros para que eles pudessem melhorar a educação financeira e a conscientização de seus cidadãos. Como área de pesquisa, a Educação Financeira pode ser entendida como um processo que possibilita o conhecimento e desenvolvimento de habilidades nos sujeitos, para que eles possam 3 É a tradução do título original (Improving Financial Literacy : Analysis of Issues and Policies) V COLÓQUIO DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA ___________________________________________________________________ 3 tomar decisões fundamentadas e seguras, melhorando o gerenciamento de suas finanças pessoais. Quando aprimoram tais capacidades, os indivíduos tornam-se mais integrados à sociedade e mais atuantes no âmbito financeiro, ampliando o seu bem-estar. Atualmente, a abordagem da Educação Financeira tem sido tratada como um dos temas centrais em diversas discussões tanto no âmbito internacional quanto nacional. Representantes de diferentes nações, autoridades governamentais, segmentos da iniciativa privada e organizações não governamentais (ONGs) enfatizam em seus discursos a necessidade, do ponto de vista prudencial, de se instruir financeiramente, cada vez mais, todos os cidadãos, indivíduos- consumidores de bens e serviços, ativos ou não economicamente. Com o acesso fácil aos serviços financeiros, isso passou a ser realmente uma condição necessária para a vida econômica e social desses indivíduos-consumidores, mas é fundamental refletir sobre i) De que forma ou maneira isso tem ocorrido?; ii) Quais os princípios e aspectos financeiros discutidos durante essa “instrução” dita financeira? e, por último, iii) Quem ministraria a educação financeira: as instituições financeiras ou a escola? FINALIDADES DA EDUCAÇÃO FINANCEIRA NO AMBIENTE ESCOLAR De acordo com Brasil (2011) o objetivo maior da Educação Financeira é a estabilidade econômica, uma vez que contribui para a formação de cidadãos - responsáveis, comprometidos com o futuro, mas a partir da compreensão de produtos financeiros para “melhores escolhas” que deve ter como fim o crescimento e estabilidade dos Mercados. A Educação financeira escolar não tem como objetivo resgatar os estudantes de situações financeiras difíceis, enquanto consumidores ativos tendo decisões sobre as suas atitudes que envolvem finanças pessoais. Para além disso, seria uma abordagem de exploração em busca do conhecimento. Por isso, a Educação financeira escolar não pretende que a Educação Básica, prepare os estudantes, exclusivamente, para serem profissionais em finanças empresariais ou pessoais, mas para serem capazes de adequar suas rendas às necessidades de consumo a curto como também a longo prazo, sendo capazes de organizar finanças pessoais; ter o hábito de poupar como também ter o discernimento entre desejo e necessidade, ou seja, assumir o controle daprópria vida. Os objetivos gerais da educação financeira escolar, de acordo com a OCDE são: (...) alcançar o mais elevado nível de crescimento econômico - de emprego sustentável e uma crescente qualidade do nível de vida nos países membros, mantendo a estabilidade financeira e contribuindo assim para o desenvolvimento da economia mundial; – V COLÓQUIO DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA ___________________________________________________________________ 4 contribuir para a expansão econômica dos países membros e dos países não membros em vias de desenvolvimento econômico; – contribuir para a expansão do comércio mundial, numa base multilateral e não discriminatória, de acordo com as obrigações internacionais. (OCDE, 2004, p.01). Já Silva e Powell (2013) consideram que a Educação financeira escolar deve ter um foco diferenciado, a partir de informações que permitam que os estudantes sejam introduzidos no universo do dinheiro a fim que se tornem “aptos a tomar (...) decisões e ter posições críticas sobre questões financeiras que envolvam sua vida pessoal, familiar e da sociedade em que vivem.” (p.13). A educação que se pretende, a partir desta concepção, vem através da utilização dos termos como compreensão, análise, julgamento, posição crítica entre outros que nos indicam a ideia de processo de ensino no desenvolvimento de um pensamento financeiro. A proposta de Educação Financeira do governo brasileiro foi orientada pela proposta elaborada pela OCDE a partir da qual especialistas brasileiros produziram um documento denominado Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF), instituída pelo Decreto n° 7.397, de 22 de dezembro de 2010. Tal documento, foi elaborado com o intuito de promover a Educação Financeira da população brasileira por representantes do governo, da sociedade civil e da iniciativa privada. O grupo de trabalho Coremec (Comitê de Regulação e Fiscalização dos Mercados Financeiros, de Capitais, de Seguros de Previdência e Capitalização) foi o, órgão responsável pelo desenvolvimento de uma proposta nacional de Educação Financeira. A Estratégia Nacional de Educação Financeira teve como objetivo “ (...) ampliar a compreensão do cidadão, para que seja capaz de fazer escolhas conscientes quanto à administração de seus recursos, e contribuir para a eficiência e solidez dos mercados financeiros (...)” (BRASIL, 2011a, p.2). A OCDE considera que a educação é mais eficiente quando é construída por meio de atitudes cotidianas realizadas pelas famílias, pois com algumas atitudes simples a criança começa a perceber que existe distinção entre necessidade e desejo, diferenças entre preços e entre marcas e produtos, além de ser importante poupar e conservar o dinheiro. Outro ponto defendido pela OCDE é o de que a Educação Financeira direcionada às crianças deve objetivar a criação de “bases” para que, na vida adulta, as crianças possam ter uma relação saudável, equilibrada em todas as questões relacionadas a finanças. Nessa proposta de Educação Financeira sugerida pela (OCDE) é possível notar que esta preocupa-se com benefícios individuais, visa a transmissão de informações para o consumidor/investidor para continuar alimentando o mercado. Já a perspectiva proposta por Silva V COLÓQUIO DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA ___________________________________________________________________ 5 e Powell (2013), conforme discutiremos adiante, defende a formação do estudante, considerando além das questões individuais, os aspectos sociais relacionados ao dinheiro. A EDUCAÇÃO FINANCEIRA E A PROPOSTA DO GOVERNO BRASILEIRO Podemos perceber que o tema “educação financeira” tem sido muito discutido em diferentes setores da sociedade. Assim, é possível notar que esse assunto é fortemente influenciado por diferentes perspectivas. Algumas propostas de Educação Financeira têm como base uma perspectiva mercadológica, individualista que focaliza questões de finanças pessoais. O foco são os consumidores e investidores e, por isso, essa educação não precisa, necessariamente, acontecer em um ambiente escolar e, além disso, alguns formadores são vinculados a instituições bancárias. Em alguns momentos, a educação financeira também é entendida e confundida como matemática financeira, sendo utilizada apenas para trabalhar conceitos e habilidades matemáticas. Em contrapartida, há também iniciativas que tem outro olhar sobre a temática. A ENEF e a OCDE definem que a Educação Financeira (...) é o processo mediante o qual os indivíduos e as sociedades melhoram sua compreensão em relação aos conceitos e produtos financeiros, de maneira que, com informação, formação e orientação, possam desenvolver os valores e as competências necessários para se tornarem mais conscientes das oportunidades e dos riscos nele envolvidos e, então, poderem fazer escolhas bem informadas, saber onde procurar ajuda, adotar outras ações que melhorem o seu bem-estar. Assim, podem contribuir de modo mais consciente para a formação de indivíduos e sociedades responsáveis, comprometidos com o futuro. (BRASIL, 2011, p. 57-58). Assim, o governo brasileiro, em 2013, pautado na definição de Educação Financeira defendida pela OCDE, apresentou uma proposta de Educação Financeira nas escolas. Essa proposta foi elaborada por educadores em parceria com o Instituto Unibanco e teve como nível de ensino escolhido o Ensino Médio. O material didático consiste em diversas situações didáticas, as quais tem como suporte o Livro do aluno, o Caderno do aluno e o Livro do professor. Ao analisarmos o livro do professor “Educação financeira nas escolas/ensino médio”-bloco 3, de 2013, percebemos que este entende a Educação financeira nas escolas como (...) uma estratégia fundamental para ajudar as pessoas a enfrentar seus desafios cotidianos e a realizar seus sonhos individuais e coletivos. (...) tem um papel fundamental ao desenvolver competências que permitem consumir, poupar e investir de forma responsável e consciente, propiciando uma base mais segura para o desenvolvimento do país (...) administração de seus recursos e contribuir para a eficiência e a solidez dos mercados financeiro, de capitais, de seguros, de previdência e de capitalização. (IBID, p. 1). V COLÓQUIO DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA ___________________________________________________________________ 6 UMA NOVA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO FINANCEIRA ESCOLAR A partir das contribuições da OCDE e da proposta elaborada pelo governo brasileiro, os pesquisadores Silva e Powell apresentaram em seu artigo “Um programa de educação financeira para a matemática escolar da educação básica”, de 2013, a proposta de um programa de Educação Financeira para a Educação Básica das redes públicas, que tem como propósito a inserção do tema como parte da formação matemática. Silva e Powell (2013) defendem que um programa de Educação Financeira “ (...) para a formação desse público, que será desenvolvido ao longo de toda a Educação Básica, não deveria ser reduzido a finanças pessoais. Há muito mais temas relevantes (...), a questões sociais relacionadas ao dinheiro.” (p.11). Os autores propõem que esse currículo tenha a finalidade de educar financeiramente os estudantes ao longo da Educação Básica. Frente a isso, eles ponderam que um (a) estudante é educado (a) financeiramente ou que possui um pensamento financeiro quando: (...) a) Frente a uma demanda de consumo ou de alguma questão financeira a ser resolvida, o estudante analisa e avalia a situação de maneira fundamentada, orientando sua tomada de decisão valendo-se de conhecimentos de finanças, economia e matemática; b) Opera segundo um planejamento financeiro e uma metodologiade gestão financeira para orientar suas ações (de consumo, de investimento,...) e a tomada de decisões financeiras a curto, médio e longo prazo; c) Desenvolveu uma leitura crítica das informações financeiras veiculadas na sociedade. (IBID, p.12). Além disso, para ressaltar que o foco dessa proposta é o estudante, os autores formularam a seguinte descrição dos objetivos da educação financeira escolar. Para tanto, o estudante deve ser capaz de (...) compreender as noções básicas de finanças e economia para que desenvolvam uma leitura crítica das informações financeiras presentes na sociedade; - aprender a utilizar os conhecimentos de matemática (escolar e financeira) para fundamentar a tomada de decisões em questões financeiras; - desenvolver um pensamento analítico sobre questões financeiras, isto é, um pensamento que permita avaliar oportunidades, riscos e as armadilhas em questões financeiras; - desenvolver uma metodologia de planejamento, administração e investimento de suas finanças através da tomada de decisões fundamentadas matematicamente em sua vida pessoal e no auxílio ao seu núcleo familiar; - analisar criticamente os temas atuais da sociedade de consumo (...) (IBID, p.12). Os autores supracitados compreendem que a Educação Financeira discutida na Educação Básica não deve ser vista apenas como uma estratégia que possibilita a aquisição de conhecimentos que contribuam para “sucesso no mercado financeiro” ou mesmo a conquista “da independência V COLÓQUIO DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA ___________________________________________________________________ 7 financeira”. Para eles, é preciso ir além dessas questões individualistas e aproveitar que a escola é um ambiente culturalmente rico e buscar também o bem o coletivo, familiar e social. Segundo estes estudiosos, é preciso considerar três dimensões para pensar em Educação Financeira: i) pessoal: que foca as finanças pessoais; ii) familiar: com ênfase no núcleo familiar. Ao mesmo tempo em que discute as problemáticas financeiras de uma família, também pretende estimular o estudante a participar da vida financeira de sua família, veiculando informações e ajudando na tomada de decisões; iii) social: o foco estará em temas e questões financeiras presentes na sociedade atual. (IBID, p.13) Além disso, consideram quatro eixos norteadores das temáticas.Destacam que os temas não devem limitar-se em um ano, mas devem ser discutidos de forma contínua ao longo de toda a formação, com auxílio de materiais didáticos, com tarefas envolvendo situações e problemas ligados a temas atuais. Os eixos propostos pelos pesquisadores são: I - Noções básicas de Finanças e Economia; II - Finança pessoal e familiar; III - As oportunidades, os riscos e as armadilhas na gestão do dinheiro numa sociedade de consumo; e, IV - As dimensões sociais, econômicas, políticas, culturais e psicológicas que envolvem a Educação Financeira. ALGUNS PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO FINANCEIRA ESCOLAR Neste tópico, apresentaremos alguns pesquisadores nacionais e internacionais, e instituições em que desenvolvem os seus estudos em Educação Financeira Escolar. Internacionalmente as instituições de ensino que estudam a temática Educação Financeira Escolar, com maior envolvimento são a Universidade Nova de Lisboa em Portugal, representada pelos pesquisadores Antonio Manuel Dias Domingos e Ana Elisa Esteves Santiago, e a University Rutgers, nos Estados Unidos, tendo como destaque o pesquisador Arthur Belford Powell. A PRODUÇÃO DE PESQUISAS SOBRE EDUCAÇÃO FINANCEIRA ESCOLAR NO BRASIL ENTRE 1999 A 2016. No Brasil a Educação Financeira é um tema pouco discutido e estudado, existindo assim, uma carência de trabalhos que tenham por objetivo analisar propostas tratando dessa temática. Este fato é evidenciado por exemplo por Saito (2007, p.7), pois este aponta para a existência de uma lacuna ao dizer que “(...) não há especificamente trabalhos sobre a implantação da Educação em V COLÓQUIO DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA ___________________________________________________________________ 8 Finanças Pessoais nos currículos nacionais”. Segundo ele, a maior parte dos trabalhos brasileiros relacionados ao tema está voltada para a discussão da gestão do patrimônio, havendo necessidade de uma análise do ponto de vista de educadores. Vemos na tabela abaixo, que a quantidade de trabalhos de mestrado e doutorado que abordam o assunto foi aumentando gradativamente do período de 2004 a 2012, exceto no ano de 2006, em que houve apenas um trabalho publicado. Nota-se, também - um aumento significativo de publicações - no período de 2013 a 2016. Tabela 1 Quantidade de teses e dissertações sobre Educação Financeira Escolar defendidas entre 1999 e 2016 no Brasil. Ano Dissertações e teses defendidas 1999 1 2000 a 2003 0 2004 2 2005 2 2006 1 2007 3 2008 2 2009 3 2010 4 2011 2 2012 6 2013 a 2016 58 Fonte: (ALMEIDA, 2015 p. 2); (PESSOA, 2016 p.239 ). Na tabela a seguir, destacamos as três instituições que mais realizaram estudos abordando a temática. No entanto, cabe enfatizar que existem pesquisas em fase de andamento desenvolvidas por grupos de estudos, porém, priorizamos nesta pesquisa as já concluídas e publicadas. Tabela 2: Instituições-estados brasileiros que mais desenvolveram pesquisas em Educação Financeira escolar no período de 2013 a 2016. Fonte: (PESSOA, 2016, p.239). A partir da análise da tabela 2, percebe-se que a instituição que mais desenvolveu trabalhos voltados a Educação Financeira Escolar no período de 2013 a 2016 foi a Universidade Federal de Juiz de Fora – MG, totalizando doze pesquisas finalizadas; e, em seguida, a Universidade Instituição - estado brasileiro Quantidade Universidade Federal de Juiz de Fora – MG 12 Universidade Tecnológica Federal do Paraná – PR 4 Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Espírito Santo – ES 3 V COLÓQUIO DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA ___________________________________________________________________ 9 Tecnológica Federal do Paraná – PR, com quatro trabalhos, e depois o Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Espírito Santo – ES, com três publicações. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES A temática da Educação Financeira Escolar tem ganhado espaço em diferentes segmentos da sociedade brasileira, principalmente, por causa do consumismo desenfreado das pessoas de diferentes idades e classes sociais. Com as crianças essa situação também é bastante evidente, já que recebem, desde ainda muito pequenas, inúmeras informações que estimulam o consumismo. Através da reflexão proposta neste estudo, foi possível observar que existem perspectivas diferentes sobre Educação Financeira – a escolar e a bancária – com objetivos distintos, sendo a primeira voltada para estudantes e a segunda, direcionada para instituições financeiras e para o sujeito/consumidor. Assim, destacamos alguns aspectos que precisam ser considerados ao abordar Educação Financeira em nossas escolas com crianças e adolescentes, considerando suas características e especificidades. Após a elaboração e apresentação deste trabalho vimos que há poucos estudos acadêmicos direcionados a educação financeira em fase escolar, o que reforça a importância de maiores discussões sobre o tema. Além disso, percebemos que Educação Financeira Escolar não pode ser vista como tendência e sim como uma linha de pesquisa que se insere na tendência Processo de Ensino - aprendizagemde Matemática. REFERÊNCIAS ALMEIDA, Rodrigo Martins. O movimento das pesquisas em Educação Matemática Financeira Escolar de 1999 a 2015. 2015, 170f. Dissertação (Mestrado profissional em Educação Matemática) – UFJF, Juiz de Fora,/MG, 2015. BRASIL/CONEF. Educação financeira nas escolas: ensino médio: livro do professor Bloco 3/[elaborado pelo comitê Nacional de Educação Financeira (CONEF)] – Brasília: Conef, 2013. BRASIL/ENEF. Estratégia Nacional de Educação Financeira – Plano Diretor da ENEF. 2011a. Disponível em http://www.vidaedinheiro.gov.br/legislação/Default.aspx. Acesso em: 06 jun. 2017. BRASIL. Estratégia Nacional de Educação Financeira – Plano Diretor da Ene anexos. 2011b. Disponível em: <http://www.vidaedinheiro.gov.br/legislação/Default.aspx>. Acesso em: 06 jun. 2017. V COLÓQUIO DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA ___________________________________________________________________ 10 ________. Educação Financeira. Apresenta textos sobre Educação Financeira. Projeto Gráfico Luís Barbuda, animações Pedro D’Aquino desenvolvido por Carlos Eduardo, Fabio Sergio, Eduardo Barbosa. Disponível em: http://www.educfinanceira.com.br/default.asp. Acesso em junho de 2017. ________. O que é educação financeira. Disponível em: <http://www.educfinanceira.com.br/conteudo.asp?id_conteudo=2>. Acesso em: 06 jun. 2017. _________ Os princípios da OCDE sobre o governo das sociedades. OECD. Principles of Corporate Governance, 2004. OECD. Improving Financial Literacy: Analysis of Issues and Policies. OECD, 2005a. Disponível em: http://www.browse.oecdbookshop.org/oecd/pdfs/product/2105101e.pdf . Acesso em: 04 jun. 2017. PESSOA, Cristiane. Educação Financeira: O que tem sido produzido em mestrados e doutorados defendidos entre 2013 e 2016 no Brasil? In: CARVALHÊDO, J.; CARVALHO, M. V.; ARAUJO, F. (orgs.) Produção de conhecimentos na Pós-graduação em educação no nordeste do Brasil: realidades e possibilidades. Teresina: EDUPI, 2016. SAITO, Andre Taue. Uma contribuição ao desenvolvimento da educação em finanças pessoais no Brasil. 2007, 152p. Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo, São Paulo. SILVA, A.M.; POWELL, A. B. Um programa de educação financeira para a matemática escolar da educação básica. Anais do XI Encontro Nacional de Educação Matemática. Curitiba- Paraná, 2013.