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Educação Financeira Escolar no Contexto Educacional e Científico

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V COLÓQUIO DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA 
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EDUCAÇÃO FINANCEIRA ESCOLAR NO CONTEXTO EDUCACIONAL 
E CIENTÍFICO 
 
 Luciana Maria da Silva 1 
 Dailiane de Fátima Souza Cabral 2 
 
RESUMO 
Este estudo é o resultado de uma pesquisa documental e tem como objetivo apresentar uma nova 
área (Educação Financeira Escolar) de investigação do campo de Educação Matemática. 
Apresentando: sua origem, perspectivas, características e as reflexões de alguns pesquisadores 
nacionais e internacionais que trazem contribuições relacionadas à temática; bem como a coleta 
de informações relevantes (autores e instituições que se destacam em pesquisas e publicações) a 
pesquisas dentro deste campo. A pesquisa baseou-se principalmente em teses e anais de eventos. 
Após uma revisão da literatura, foi possível notar a carência de estudos que abordam a temática 
em questão. 
 
Palavras-chave: Educação Financeira, Educação Financeira Escolar, Perspectivas. 
 
ABSTRACT 
 
This study is the result of a documentary research and aims at a new area (School Financial 
Education) research in the field of Mathematics Education. Presenting: its origin, perspectives, 
characteristics and reflections of some researchers and international that bring contributions 
related to the theme; As well as a collection of relevant information (authors and institutions that 
are prominent in researches and publications) in researches within this field. The research was 
mainly based on theses and annals of events. After a review of the literature, it was possible to 
note a research of studies that approach the subject in question. 
 
Key words: Financial Education, School Financial Education, Perspectives. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Neste trabalho, discutiremos brevemente sobre o cenário da Educação Financeira Escolar 
na atualidade, visando refletir sobre o “espaço” que a temática vem ganhando nos últimos anos, 
principalmente, com elevação dos índices de endividamento da população ocorrido pelo crédito 
fácil, estímulo da publicidade, induzindo o consumismo desenfreado. Bauman (2008) afirma que 
isso tem se intensificado com as estratégias das campanhas publicitárias que, muitas vezes 
 
1 Mestranda do curso de Mestrado Profissional em Educação Matemática; Professora de Ensino Fundamental da Rede 
Estadual de Ensino de Fortaleza. 
2 Mestranda do curso de Mestrado Profissional em Educação Matemática; Professora dos anos iniciais da Rede 
Municipal de Juiz de Fora. 
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prometem a realizações de desejos e sonhos em divulgações de produtos e marcas e produz um 
desconforto naqueles que se sentem excluídos de tal movimento. No ambiente escolar isso 
também acontece de diferentes formas, gerando frustração naqueles que não têm condições de 
realizar todas as suas vontades. 
Frente a este cenário, algumas perspectivas de Educação Financeira que objetivam a 
mudança desse contexto que assombra a sociedade estão ganhando espaço de discussão, porém, é 
valido destacar que cada corrente defende interesses distintos. 
Vejamos a seguir, como a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento 
Econômico) elaborou estratégias para abordar esse assunto. 
 
A OCDE (ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO 
ECONÔMICO) E A EDUCAÇÃO FINANCEIRA 
 
A origem da Educação Financeira está intimamente relacionada com a OCDE, pois esta 
incentivou a discussão e inclusão dessa temática nos países membros e parceiros dessa 
organização. 
Em 2003, a OCDE, influenciada pelo interesse de seus países membros, incluiu a temática 
da Educação Financeira em sua pauta de discussão. Como consequência, o programa de trabalho 
da OCDE, aprovado pelo conselho para o biênio 2003-2004 elaborou um projeto intitulado Projeto 
Educação Financeira que deveria ser desenvolvido nos anos seguintes. 
A partir daquele momento, os 34 países membros da organização e países parceiros, como 
o Brasil, passaram a ser orientados em suas ações pelas diretrizes produzidas pela OCDE, com o 
objetivo de educar financeiramente seus cidadãos. 
A primeira fase do projeto culminou, em 2005, no primeiro grande estudo sobre Educação 
Financeira em nível internacional, registrado em um relatório intitulado Melhoria da literacia 
financeira: análise das questões e políticas3 (OCDE, 2005a). 
Esse estudo teve como objetivo identificar e analisar pesquisas sobre Educação Financeira 
nos países membros da OCDE, descrever os diferentes tipos de programas existentes sobre o tema 
que estavam sendo oferecidos na época e avaliar sua eficácia. E o resultado do estudo deveria 
fornecer informações e sugerir ações aos formuladores de políticas públicas dos países membros 
para que eles pudessem melhorar a educação financeira e a conscientização de seus cidadãos. 
Como área de pesquisa, a Educação Financeira pode ser entendida como um processo que 
possibilita o conhecimento e desenvolvimento de habilidades nos sujeitos, para que eles possam 
 
3 É a tradução do título original (Improving Financial Literacy : Analysis of Issues and Policies) 
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tomar decisões fundamentadas e seguras, melhorando o gerenciamento de suas finanças pessoais. 
Quando aprimoram tais capacidades, os indivíduos tornam-se mais integrados à sociedade e mais 
atuantes no âmbito financeiro, ampliando o seu bem-estar. 
Atualmente, a abordagem da Educação Financeira tem sido tratada como um dos temas 
centrais em diversas discussões tanto no âmbito internacional quanto nacional. Representantes de 
diferentes nações, autoridades governamentais, segmentos da iniciativa privada e organizações 
não governamentais (ONGs) enfatizam em seus discursos a necessidade, do ponto de vista 
prudencial, de se instruir financeiramente, cada vez mais, todos os cidadãos, indivíduos-
consumidores de bens e serviços, ativos ou não economicamente. Com o acesso fácil aos serviços 
financeiros, isso passou a ser realmente uma condição necessária para a vida econômica e social 
desses indivíduos-consumidores, mas é fundamental refletir sobre i) De que forma ou maneira isso 
tem ocorrido?; ii) Quais os princípios e aspectos financeiros discutidos durante essa “instrução” 
dita financeira? e, por último, iii) Quem ministraria a educação financeira: as instituições 
financeiras ou a escola? 
 
 FINALIDADES DA EDUCAÇÃO FINANCEIRA NO AMBIENTE ESCOLAR 
 
De acordo com Brasil (2011) o objetivo maior da Educação Financeira é a estabilidade 
econômica, uma vez que contribui para a formação de cidadãos - responsáveis, comprometidos 
com o futuro, mas a partir da compreensão de produtos financeiros para “melhores escolhas” que 
deve ter como fim o crescimento e estabilidade dos Mercados. 
A Educação financeira escolar não tem como objetivo resgatar os estudantes de situações 
financeiras difíceis, enquanto consumidores ativos tendo decisões sobre as suas atitudes que 
envolvem finanças pessoais. Para além disso, seria uma abordagem de exploração em busca do 
conhecimento. 
Por isso, a Educação financeira escolar não pretende que a Educação Básica, prepare os 
estudantes, exclusivamente, para serem profissionais em finanças empresariais ou pessoais, mas 
para serem capazes de adequar suas rendas às necessidades de consumo a curto como também a 
longo prazo, sendo capazes de organizar finanças pessoais; ter o hábito de poupar como também 
ter o discernimento entre desejo e necessidade, ou seja, assumir o controle daprópria vida. Os 
objetivos gerais da educação financeira escolar, de acordo com a OCDE são: 
 
(...) alcançar o mais elevado nível de crescimento econômico - de emprego sustentável e 
uma crescente qualidade do nível de vida nos países membros, mantendo a estabilidade 
financeira e contribuindo assim para o desenvolvimento da economia mundial; – 
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contribuir para a expansão econômica dos países membros e dos países não membros em 
vias de desenvolvimento econômico; – contribuir para a expansão do comércio mundial, 
numa base multilateral e não discriminatória, de acordo com as obrigações internacionais. 
(OCDE, 2004, p.01). 
 
Já Silva e Powell (2013) consideram que a Educação financeira escolar deve ter um foco 
diferenciado, a partir de informações que permitam que os estudantes sejam introduzidos no 
universo do dinheiro a fim que se tornem “aptos a tomar (...) decisões e ter posições críticas sobre 
questões financeiras que envolvam sua vida pessoal, familiar e da sociedade em que vivem.” 
(p.13). 
A educação que se pretende, a partir desta concepção, vem através da utilização dos termos 
como compreensão, análise, julgamento, posição crítica entre outros que nos indicam a ideia de 
processo de ensino no desenvolvimento de um pensamento financeiro. 
A proposta de Educação Financeira do governo brasileiro foi orientada pela proposta 
elaborada pela OCDE a partir da qual especialistas brasileiros produziram um documento 
denominado Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF), instituída pelo Decreto n° 
7.397, de 22 de dezembro de 2010. Tal documento, foi elaborado com o intuito de promover a 
Educação Financeira da população brasileira por representantes do governo, da sociedade civil e 
da iniciativa privada. O grupo de trabalho Coremec (Comitê de Regulação e Fiscalização dos 
Mercados Financeiros, de Capitais, de Seguros de Previdência e Capitalização) foi o, órgão 
responsável pelo desenvolvimento de uma proposta nacional de Educação Financeira. A Estratégia 
Nacional de Educação Financeira teve como objetivo “ (...) ampliar a compreensão do cidadão, 
para que seja capaz de fazer escolhas conscientes quanto à administração de seus recursos, e 
contribuir para a eficiência e solidez dos mercados financeiros (...)” (BRASIL, 2011a, p.2). 
A OCDE considera que a educação é mais eficiente quando é construída por meio de 
atitudes cotidianas realizadas pelas famílias, pois com algumas atitudes simples a criança começa 
a perceber que existe distinção entre necessidade e desejo, diferenças entre preços e entre marcas 
e produtos, além de ser importante poupar e conservar o dinheiro. Outro ponto defendido pela 
OCDE é o de que a Educação Financeira direcionada às crianças deve objetivar a criação de 
“bases” para que, na vida adulta, as crianças possam ter uma relação saudável, equilibrada em 
todas as questões relacionadas a finanças. 
Nessa proposta de Educação Financeira sugerida pela (OCDE) é possível notar que esta 
preocupa-se com benefícios individuais, visa a transmissão de informações para o 
consumidor/investidor para continuar alimentando o mercado. Já a perspectiva proposta por Silva 
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e Powell (2013), conforme discutiremos adiante, defende a formação do estudante, considerando 
além das questões individuais, os aspectos sociais relacionados ao dinheiro. 
 
A EDUCAÇÃO FINANCEIRA E A PROPOSTA DO GOVERNO BRASILEIRO 
 
Podemos perceber que o tema “educação financeira” tem sido muito discutido em 
diferentes setores da sociedade. Assim, é possível notar que esse assunto é fortemente influenciado 
por diferentes perspectivas. Algumas propostas de Educação Financeira têm como base uma 
perspectiva mercadológica, individualista que focaliza questões de finanças pessoais. O foco são 
os consumidores e investidores e, por isso, essa educação não precisa, necessariamente, acontecer 
em um ambiente escolar e, além disso, alguns formadores são vinculados a instituições bancárias. 
Em alguns momentos, a educação financeira também é entendida e confundida como 
matemática financeira, sendo utilizada apenas para trabalhar conceitos e habilidades matemáticas. 
Em contrapartida, há também iniciativas que tem outro olhar sobre a temática. 
A ENEF e a OCDE definem que a Educação Financeira 
 
(...) é o processo mediante o qual os indivíduos e as sociedades melhoram sua 
compreensão em relação aos conceitos e produtos financeiros, de maneira que, com 
informação, formação e orientação, possam desenvolver os valores e as competências 
necessários para se tornarem mais conscientes das oportunidades e dos riscos nele 
envolvidos e, então, poderem fazer escolhas bem informadas, saber onde procurar ajuda, 
adotar outras ações que melhorem o seu bem-estar. Assim, podem contribuir de modo 
mais consciente para a formação de indivíduos e sociedades responsáveis, 
comprometidos com o futuro. 
 (BRASIL, 2011, p. 57-58). 
 
Assim, o governo brasileiro, em 2013, pautado na definição de Educação Financeira 
defendida pela OCDE, apresentou uma proposta de Educação Financeira nas escolas. Essa 
proposta foi elaborada por educadores em parceria com o Instituto Unibanco e teve como nível de 
ensino escolhido o Ensino Médio. O material didático consiste em diversas situações didáticas, as 
quais tem como suporte o Livro do aluno, o Caderno do aluno e o Livro do professor. 
Ao analisarmos o livro do professor “Educação financeira nas escolas/ensino médio”-bloco 
3, de 2013, percebemos que este entende a Educação financeira nas escolas como 
 
(...) uma estratégia fundamental para ajudar as pessoas a enfrentar seus desafios 
cotidianos e a realizar seus sonhos individuais e coletivos. (...) tem um papel fundamental 
ao desenvolver competências que permitem consumir, poupar e investir de forma 
responsável e consciente, propiciando uma base mais segura para o desenvolvimento do 
país (...) administração de seus recursos e contribuir para a eficiência e a solidez dos 
mercados financeiro, de capitais, de seguros, de previdência e de capitalização. 
 (IBID, p. 1). 
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 UMA NOVA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO FINANCEIRA ESCOLAR 
 
A partir das contribuições da OCDE e da proposta elaborada pelo governo brasileiro, os 
pesquisadores Silva e Powell apresentaram em seu artigo “Um programa de educação financeira 
para a matemática escolar da educação básica”, de 2013, a proposta de um programa de Educação 
Financeira para a Educação Básica das redes públicas, que tem como propósito a inserção do tema 
como parte da formação matemática. 
Silva e Powell (2013) defendem que um programa de Educação Financeira “ (...) para a 
formação desse público, que será desenvolvido ao longo de toda a Educação Básica, não deveria 
ser reduzido a finanças pessoais. Há muito mais temas relevantes (...), a questões sociais 
relacionadas ao dinheiro.” (p.11). 
Os autores propõem que esse currículo tenha a finalidade de educar financeiramente os 
estudantes ao longo da Educação Básica. Frente a isso, eles ponderam que um (a) estudante é 
educado (a) financeiramente ou que possui um pensamento financeiro quando: 
 
(...) a) Frente a uma demanda de consumo ou de alguma questão financeira a ser resolvida, 
o estudante analisa e avalia a situação de maneira fundamentada, orientando sua tomada 
de decisão valendo-se de conhecimentos de finanças, economia e matemática; b) Opera 
segundo um planejamento financeiro e uma metodologiade gestão financeira para 
orientar suas ações (de consumo, de investimento,...) e a tomada de decisões financeiras 
a curto, médio e longo prazo; c) Desenvolveu uma leitura crítica das informações 
financeiras veiculadas na sociedade. 
 (IBID, p.12). 
 
Além disso, para ressaltar que o foco dessa proposta é o estudante, os autores formularam 
a seguinte descrição dos objetivos da educação financeira escolar. Para tanto, o estudante deve ser 
capaz de 
 
(...) compreender as noções básicas de finanças e economia para que desenvolvam uma 
leitura crítica das informações financeiras presentes na sociedade; - aprender a utilizar os 
conhecimentos de matemática (escolar e financeira) para fundamentar a tomada de 
decisões em questões financeiras; - desenvolver um pensamento analítico sobre questões 
financeiras, isto é, um pensamento que permita avaliar oportunidades, riscos e as 
armadilhas em questões financeiras; - desenvolver uma metodologia de planejamento, 
administração e investimento de suas finanças através da tomada de decisões 
fundamentadas matematicamente em sua vida pessoal e no auxílio ao seu núcleo familiar; 
- analisar criticamente os temas atuais da sociedade de consumo (...) 
 (IBID, p.12). 
 
Os autores supracitados compreendem que a Educação Financeira discutida na Educação 
Básica não deve ser vista apenas como uma estratégia que possibilita a aquisição de conhecimentos 
que contribuam para “sucesso no mercado financeiro” ou mesmo a conquista “da independência 
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financeira”. Para eles, é preciso ir além dessas questões individualistas e aproveitar que a escola é 
um ambiente culturalmente rico e buscar também o bem o coletivo, familiar e social. 
 Segundo estes estudiosos, é preciso considerar três dimensões para pensar em Educação 
Financeira: 
 
i) pessoal: que foca as finanças pessoais; 
ii) familiar: com ênfase no núcleo familiar. Ao mesmo tempo em que discute as 
problemáticas financeiras de uma família, também pretende estimular o estudante 
a participar da vida financeira de sua família, veiculando informações e ajudando 
na tomada de decisões; 
iii) social: o foco estará em temas e questões financeiras presentes na sociedade 
atual. 
 (IBID, p.13) 
 
Além disso, consideram quatro eixos norteadores das temáticas.Destacam que os temas 
não devem limitar-se em um ano, mas devem ser discutidos de forma contínua ao longo de toda a 
formação, com auxílio de materiais didáticos, com tarefas envolvendo situações e problemas 
ligados a temas atuais. Os eixos propostos pelos pesquisadores são: I - Noções básicas de Finanças 
e Economia; II - Finança pessoal e familiar; III - As oportunidades, os riscos e as armadilhas na 
gestão do dinheiro numa sociedade de consumo; e, IV - As dimensões sociais, econômicas, 
políticas, culturais e psicológicas que envolvem a Educação Financeira. 
 
ALGUNS PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO FINANCEIRA ESCOLAR 
 
Neste tópico, apresentaremos alguns pesquisadores nacionais e internacionais, e 
instituições em que desenvolvem os seus estudos em Educação Financeira Escolar. 
Internacionalmente as instituições de ensino que estudam a temática Educação Financeira 
Escolar, com maior envolvimento são a Universidade Nova de Lisboa em Portugal, representada 
pelos pesquisadores Antonio Manuel Dias Domingos e Ana Elisa Esteves Santiago, e a University 
Rutgers, nos Estados Unidos, tendo como destaque o pesquisador Arthur Belford Powell. 
 
A PRODUÇÃO DE PESQUISAS SOBRE EDUCAÇÃO FINANCEIRA ESCOLAR NO BRASIL 
ENTRE 1999 A 2016. 
 
 No Brasil a Educação Financeira é um tema pouco discutido e estudado, existindo assim, 
uma carência de trabalhos que tenham por objetivo analisar propostas tratando dessa temática. Este 
fato é evidenciado por exemplo por Saito (2007, p.7), pois este aponta para a existência de uma 
lacuna ao dizer que “(...) não há especificamente trabalhos sobre a implantação da Educação em 
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Finanças Pessoais nos currículos nacionais”. Segundo ele, a maior parte dos trabalhos brasileiros 
relacionados ao tema está voltada para a discussão da gestão do patrimônio, havendo necessidade 
de uma análise do ponto de vista de educadores. 
Vemos na tabela abaixo, que a quantidade de trabalhos de mestrado e doutorado que 
abordam o assunto foi aumentando gradativamente do período de 2004 a 2012, exceto no ano de 
2006, em que houve apenas um trabalho publicado. Nota-se, também - um aumento significativo 
de publicações - no período de 2013 a 2016. 
Tabela 1 
Quantidade de teses e dissertações sobre Educação Financeira Escolar defendidas entre 1999 e 2016 
no Brasil. 
 
Ano Dissertações e teses defendidas 
1999 1 
2000 a 2003 0 
2004 2 
2005 2 
2006 1 
2007 3 
2008 2 
2009 3 
2010 4 
2011 2 
2012 6 
2013 a 2016 58 
Fonte: (ALMEIDA, 2015 p. 2); (PESSOA, 2016 p.239 ). 
Na tabela a seguir, destacamos as três instituições que mais realizaram estudos abordando 
a temática. No entanto, cabe enfatizar que existem pesquisas em fase de andamento desenvolvidas 
por grupos de estudos, porém, priorizamos nesta pesquisa as já concluídas e publicadas. 
 
Tabela 2: 
Instituições-estados brasileiros que mais desenvolveram pesquisas em Educação Financeira escolar 
no período de 2013 a 2016. 
Fonte: (PESSOA, 2016, p.239). 
 A partir da análise da tabela 2, percebe-se que a instituição que mais desenvolveu trabalhos 
voltados a Educação Financeira Escolar no período de 2013 a 2016 foi a Universidade Federal de 
Juiz de Fora – MG, totalizando doze pesquisas finalizadas; e, em seguida, a Universidade 
Instituição - estado brasileiro Quantidade 
Universidade Federal de Juiz de Fora – MG 12 
Universidade Tecnológica Federal do Paraná – PR 4 
Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Espírito 
Santo – ES 
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Tecnológica Federal do Paraná – PR, com quatro trabalhos, e depois o Instituto Federal de 
Educação, Ciências e Tecnologia do Espírito Santo – ES, com três publicações. 
 
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES 
 
 A temática da Educação Financeira Escolar tem ganhado espaço em diferentes segmentos 
da sociedade brasileira, principalmente, por causa do consumismo desenfreado das pessoas de 
diferentes idades e classes sociais. Com as crianças essa situação também é bastante evidente, já 
que recebem, desde ainda muito pequenas, inúmeras informações que estimulam o consumismo. 
Através da reflexão proposta neste estudo, foi possível observar que existem perspectivas 
diferentes sobre Educação Financeira – a escolar e a bancária – com objetivos distintos, sendo a 
primeira voltada para estudantes e a segunda, direcionada para instituições financeiras e para o 
sujeito/consumidor. Assim, destacamos alguns aspectos que precisam ser considerados ao abordar 
Educação Financeira em nossas escolas com crianças e adolescentes, considerando suas 
características e especificidades. 
Após a elaboração e apresentação deste trabalho vimos que há poucos estudos acadêmicos 
direcionados a educação financeira em fase escolar, o que reforça a importância de maiores 
discussões sobre o tema. Além disso, percebemos que Educação Financeira Escolar não pode ser 
vista como tendência e sim como uma linha de pesquisa que se insere na tendência Processo de 
Ensino - aprendizagemde Matemática. 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
ALMEIDA, Rodrigo Martins. O movimento das pesquisas em Educação Matemática Financeira 
Escolar de 1999 a 2015. 2015, 170f. Dissertação (Mestrado profissional em Educação Matemática) 
– UFJF, Juiz de Fora,/MG, 2015. 
 
BRASIL/CONEF. Educação financeira nas escolas: ensino médio: livro do professor Bloco 
3/[elaborado pelo comitê Nacional de Educação Financeira (CONEF)] – Brasília: Conef, 2013. 
 
BRASIL/ENEF. Estratégia Nacional de Educação Financeira – Plano Diretor da ENEF. 
2011a. Disponível em http://www.vidaedinheiro.gov.br/legislação/Default.aspx. Acesso em: 06 
jun. 2017. 
 
BRASIL. Estratégia Nacional de Educação Financeira – Plano Diretor da Ene anexos. 2011b. 
Disponível em: <http://www.vidaedinheiro.gov.br/legislação/Default.aspx>. Acesso em: 06 jun. 
2017. 
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________. Educação Financeira. Apresenta textos sobre Educação Financeira. Projeto Gráfico 
Luís Barbuda, animações Pedro D’Aquino desenvolvido por Carlos Eduardo, Fabio Sergio, 
Eduardo Barbosa. Disponível em: http://www.educfinanceira.com.br/default.asp. Acesso em 
junho de 2017. 
 
________. O que é educação financeira. Disponível em: 
<http://www.educfinanceira.com.br/conteudo.asp?id_conteudo=2>. Acesso em: 06 jun. 2017. 
 
_________ Os princípios da OCDE sobre o governo das sociedades. OECD. Principles of 
Corporate Governance, 2004. 
 
OECD. Improving Financial Literacy: Analysis of Issues and Policies. OECD, 2005a. 
Disponível em: http://www.browse.oecdbookshop.org/oecd/pdfs/product/2105101e.pdf . Acesso 
em: 04 jun. 2017. 
 
PESSOA, Cristiane. Educação Financeira: O que tem sido produzido em mestrados e doutorados 
defendidos entre 2013 e 2016 no Brasil? In: CARVALHÊDO, J.; CARVALHO, M. V.; ARAUJO, 
F. (orgs.) Produção de conhecimentos na Pós-graduação em educação no nordeste do Brasil: 
realidades e possibilidades. Teresina: EDUPI, 2016. 
 
SAITO, Andre Taue. Uma contribuição ao desenvolvimento da educação em finanças pessoais 
no Brasil. 2007, 152p. Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo, São Paulo. 
 
SILVA, A.M.; POWELL, A. B. Um programa de educação financeira para a matemática escolar 
da educação básica. Anais do XI Encontro Nacional de Educação Matemática. Curitiba- Paraná, 
2013.

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