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Arquitetura Hospitalar Unidade 2 Planejamento do Ambiente Hospitalar Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria ÉLIDA LACERDA AUTORIA Élida Lacerda Olá! Sou formada em Administração de Empresas e Design de Interiores, e pós-graduada em Docência do Ensino Superior, com experiência técnico-profissional na área de Design de Interiores há 10 anos. Atuei em empresas de arquitetura de interiores e, atualmente, tenho meu próprio escritório, além de ministrar aulas de Decoração de Interiores. Sou apaixonada pela minha profissão, adoro ensinar e estar em constante aprendizado. Por isso, fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Entendendo o fluxo de circulação e movimentação de pessoas ............................................................................................................ 10 O fluxo de pessoas ......................................................................................................................... 10 Tipologia de fluxos ...................................................................................................... 12 Circulação ............................................................................................................................................. 15 Setorização .......................................................................................................................................... 19 Compreendendo o ambiente hospitalar e o projeto de Arquitetura .....................................................................................................24 Edifícios e o ambiente hospitalar.........................................................................................24 O projeto ................................................................................................................................................27 O projeto arquitetônico .............................................................................................................. 30 Conhecendo a interface entre as áreas e o pré- dimensionamento .......................................................................................34 A interface entre as áreas críticas e não críticas ......................................................34 Pré-dimensionamento de ambientes.............................................................................. 38 Planejando o ambiente hospitalar ....................................................... 41 A importância do planejamento ........................................................................................... 41 Planejamento hospitalar ............................................................................................................43 7 UNIDADE 02 Arquitetura Hospitalar 8 INTRODUÇÃO Um bom projeto de Arquitetura Hospitalar deve ser funcional e garantir bem-estar aos pacientes, visitantes e profissionais que ali vão permanecer, além de se preocupar com o controle de disseminação de agentes contaminantes. Compreender a ligação entre fluxos e circulações é determinante para chegar a esse objetivo e, para conseguir definir tudo isso, é preciso antes setorizar cada ambiente. O projeto necessita ser planejado minuciosamente e cada detalhe deve ser estudado com visão de futuro a fim de proporcionar facilidade em alterações que se façam necessárias. Todas as áreas de uma unidade de saúde se integram entre si, sendo elas críticas ou não críticas. O planejamento e o controle de fluxos e circulação auxiliam a facilitar essa interação entre as áreas. Deve haver facilidade de acesso entre uma e outra, mas também cuidado para que cada pessoa ou bem que irá circular nessas áreas limite-se às restrições impostas. Por fim, para que todo esse conjunto seja funcional, é necessário fazer um pré-dimensionamento do ambiente, para que cada área tenha sua dimensão devida, pensando nas possibilidades de alterações futuras e na funcionalidade. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva, você vai mergulhar neste universo! Arquitetura Hospitalar 9 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Compreender o fluxo de circulação e movimentação de pessoas. 2. Interpretar o ambiente hospitalar e o projeto de Arquitetura. 3. Definir a interface entre as áreas e o pré-dimensionamento das unidades funcionais básicas de um hospital. 4. Planejar e organizar o ambiente hospitalar como um todo. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! Arquitetura Hospitalar 10 Entendendo o fluxo de circulação e movimentação de pessoas OBJETIVO: Ao término deste capítulo, você será capaz de entender o fluxo de circulação e movimentação de pessoas. Isso é fundamental para desenvolver projetos corretamente. E então? Determinado para desenvolver essa competência? Então, vamos lá! O fluxo de pessoas Planejar um ambiente com grande circulação de pessoas é um imenso desafio para os profissionais de Arquitetura; afinal, não se deve considerar somente a beleza e modernidade, mas é crucial que seja funcional. O hospital tem grande fluxo de pessoas, cada uma vai em um ambiente em busca de determinado atendimento. Para facilitar o entendimento do paciente, o projeto deve dispor de boa sinalização e setorização. A sinalização implica ter uma comunicação visual intuitiva e objetiva. É comum nos hospitais as alas de atendimento serem diferenciadas pelas cores, inclusive com setas-guias no piso que orientam o caminho a ser percorrido. Em conjunto com essa sinalização, também são colocadas placas identificando e até apontando a direção de determinado ambiente. O fluxo arquitetônico é o objetivo a ser alcançado ao projetar ambientes. Afinal, existe uma diferença significativa entre um edifício que abriga uma variedade de funções independentes que coexistem próximas umas das outras em comparação a um prédio que promove funções que se harmonizam entre si à medida que de cada uma delas se aproveita. Essa é uma característica importante do fluxo arquitetônico – no qual uma narrativa de ocupante emerge de uma narrativa ambiental bem projetada. Arquitetura Hospitalar 11 Ao projetar um hospital, como a área da sala de espera fluiria para a sala de tratamento do paciente? Para projetar esse microfluxo, é benéfico pensar em como a sala de espera pode ser projetada para ajudar o paciente (reduzir o estresse ou até reduzir a dor ou o desconforto)enquanto são preparados para o exame médico e/ou tratamento. O fluxo arquitetônico visa ajudar o ocupante do edifício a fazer a transição de um espaço para outro, para que ele possa processar o que acabou de experimentar e se preparar para o que experimentará da maneira mais otimizada. NOTA: De acordo com o Dicionário Michaelis da Língua Portuguesa (2021), a definição de fluxo é “escoamento ou movimento contínuo que segue um curso”. Os fluxos devem proporcionar melhor utilização dos espaços e desenvolvimento das funções, além disso, deve ser claro e simples. Em Arquitetura, pode-se dizer que o fluxo se refere ao movimento não só de pessoas, mas também de bens na circulação de uma edificação. Na Arquitetura Hospitalar, o fluxo é um elemento de extrema importância para a elaboração do projeto, uma vez que é determinante para a distribuição dos espaços. A análise do fluxo hospitalar contribui tanto para o operacional quanto para a evitar contaminação e reduzir infecções. Como visto na história do ambiente hospitalar, no final do século XVIII os hospitais começaram a ser observados com mais cuidado e foi constatada a sua relação com taxas de mortalidade. Nesse momento, os fluxos hospitalares começaram a ser analisados, resultando em novas linhas de projetos hospitalares. NOTA: Segundo Foucault (1979), o inglês John Howard, filantropo, e o médico francês Jacques-René Tenon, por meio de suas pesquisas, relacionaram o fluxo e o espaço arquitetônico com as taxas de mortalidade e de sucesso nos atendimentos. Arquitetura Hospitalar 12 Seus estudos deram mais visibilidade a questões funcionais e de espaço nos projetos de Arquitetura Hospitalar. Foi assim que surgiu a ideia de que o hospital deve curar e recuperar, e não somente ser um “depósito” de doentes. Portanto, a tipologia dos fluxos é essencial para a Arquitetura promover recuperação dos doentes e garantir a funcionalidade das atividades dos hospitais. IMPORTANTE: Em 1865, o cirurgião escocês Lister, com base na teoria dos germes de Louis Pasteur, passou a defender o uso de procedimentos antissépticos. Para ele, a questão da divisão arquitetônica para separar as doenças por ambiente não era o mais importante. Foi então que se começou a questionar o sistema pavilhonar, e o sistema monobloco ganhou força também pelo fato de que a construção em pavilhões exigia um longo percurso para funcionários, pacientes e até para a instalação de infraestruturas. Com as novas tecnologias do elevador e do betão ou concreto aramado, foi possível construir os edifícios verticais. Assim passou-se a economizar nas questões relacionadas ao terreno, pois esse modelo já não exigia terrenos enormes como o de pavilhão. Analisando a questão do fluxo hospitalar, o mais interessante é que, com o sistema monobloco, foram unificados em um só local os serviços de alimentação, esterilização, lavagem de roupas, entre outros, enquanto que no modelo anterior, cada pavilhão tinha uma unidade desses serviços. Tipologia de fluxos Ao projetar um ambiente hospitalar, é necessário observar os vários tipos de fluxos existentes, que são: • Paciente de ambulatório. • Paciente de urgência. • Paciente para diagnóstico e terapia. • Equipe de saúde. Arquitetura Hospitalar 13 • Amostras dos pacientes. • Roupa limpa e suja. • Abastecimento. • Lixo. • Cadáver. EXPLICANDO MELHOR: Esses fluxos podem ser classificados, de acordo com sua natureza, em: fluxo de utilizadores; de insumos; de resíduos hospitalares e de cadáveres. Sobre o fluxo de utilizadores, que diz respeito à movimentação de pessoas no interior do hospital, pode-se dividi-lo ainda em: • Utilizadores externos: paciente externo, acompanhante e visitante. • Utilizadores internos: paciente interno e funcionário. Segundo Toledo (2002), para entender melhor a que os fluxos estão sujeitos, é necessário dividi-los em dois grandes grupos: interfuncionais e intrafuncionais. Os fluxos interfuncionais acontecem em unidades funcionais distintas, ou seja, entre uma e outra unidade, e são divididos em: • Paciente externo: neste caso, consideram-se os pacientes que não ultrapassam mais de 24 horas no hospital. Seu fluxo é restringido aos serviços de urgência, meios terapêuticos, de diagnósticos e ambulatório. Por isso, é essencial que o paciente externo e seus acompanhantes não percorram pela circulação branca, restrita aos pacientes internos e profissionais de saúde. Circulação branca diz respeito às circulações com alto nível de risco de contaminação, como salas de operações, laboratórios e outros. • Paciente interno: são aqueles que permanecem por mais de 24 horas na unidade de saúde, os que são internados. Seu fluxo não é restrito à unidade de internação, pois podem acessar outras unidades funcionais, como de diagnósticos, de terapias, entre outras. Arquitetura Hospitalar 14 • Acompanhantes: são todos os que encaminham e acompanham os pacientes em geral e seu fluxo é restrito aos ambientes de espera. • Funcionários: são todos os profissionais que exercem alguma função, prestam qualquer tipo de cuidado com os pacientes, desde médicos até cozinheiros. Seu fluxo deve ser restrito à sua unidade de trabalho, mas, em geral, têm circulação livre por todo o hospital. • Insumos: circulação de recursos materiais gerados ou não pelo hospital, que são classificados em equipamentos, medicamentos, alimentos, roupa limpa, alimentos, entre outros. É imprescindível uma boa disposição das circulações por onde esses bens passam. • Materiais contaminados e resíduos sólidos: resíduos hospitalares utilizados e descartados. Esses resíduos podem conter elementos que apresentam risco de contaminação, por isso seu fluxo deve ser restrito às áreas críticas. • Cadáver: pacientes que vêm a óbito no hospital. É necessário ter atenção à circulação por dois motivos: evitar risco de contaminação e reduzir o impacto emocional em pacientes e acompanhantes ao ver um cadáver. • Visitas e visitantes: pessoas externas que não necessitam de atendimento de saúde. As visitas são pessoas que visitam os pacientes, e os visitantes são as que vão a trabalho para reuniões etc. O fluxo deve ser limitado por área e deve haver restrição de tempo e espaço. Os fluxos intrafuncionais acontecem em uma única unidade funcional e podem ser distribuídos em dois tipos: contaminados e sem risco de contaminação. Fazer essa distinção dos fluxos intrafuncionais é fundamental para evitar a infecção hospitalar. O planejamento de quantificação e localização dos acessos ao hospital deve se adequar ao tipo de fluxo, para fins de controle. Essa quantificação vai depender da complexidade do hospital, já que quanto mais acessos, mais necessidade de controle e, por consequência, maior o custo operacional. Arquitetura Hospitalar 15 Circulação O Dicionário Michaelis da Língua Portuguesa (2021) define circulação como “o deslocamento contínuo de pessoas ou coisas”. A circulação deve facilitar a movimentação para a correta execução das tarefas corriqueiras e permitir acesso otimizado. Pode ser dividida em fluxo natural (quando ocorre sem desvios) ou forçado (quando há desvios estéticos ou funcionais). Na Arquitetura, circulação é como os caminhos definidos por meio de uma planta baixa. O desenho dessas vias tem um efeito enorme no sucesso ou fracasso de um projeto. Os espaços de circulação devem ser tão interessantes quanto qualquer outra parte de um edifício. Sempre há oportunidades únicas para tornar a circulação interessante. EXPLICANDO MELHOR: Os caminhos óbvios incluem corredores (circulação horizontal) e escadas (circulação vertical). Mas todo espaço que podemos ocupar faz parte do sistema de circulação de um edifício. A circulação vertical pode incluir elevadores e escadas. Caminhos menos óbvios são os espaços entre e ao redor dos móveis: os espaços nos ambientes ondeas pessoas provavelmente andam. Todas essas variações na circulação são aspectos importantes da Arquitetura, porque é o movimento que faz a Arquitetura uma experiência tridimensional. Sem movimento, a Arquitetura é apenas um cenário: divertido de se olhar, talvez, mas sem relação direta com o usuário. A boa circulação é essencial para uma Arquitetura bem-sucedida. Como o fluxo de sangue em um corpo, a circulação funciona melhor quando a rota é clara e desobstruída. Afinal, como você pode apreciar belos espaços se não sabe para onde ir ou se está constantemente encontrando obstáculos? Arquitetura Hospitalar 16 REFLITA: Quando confrontamos pessoas com uma pista de obstáculos, seus olhos estão nos obstáculos, não na Arquitetura. A palavra “circulação” significa o movimento do sangue ao redor do corpo humano quando se trata de ciência. Na Arquitetura, o conceito de circulação não é tão diferente: refere-se à maneira como as pessoas, o sangue dos edifícios, se movem pelo espaço. Em particular, rotas de circulação são os caminhos que as pessoas percorrem ao redor de prédios ou locais urbanos. A circulação é frequentemente vista como o “espaço entre os espaços”, tendo uma função conectiva, mas pode ser muito mais do que isso. É o conceito que captura a experiência de mover nossos corpos em torno de um edifício, tridimensionalmente e ao longo do tempo. A circulação na Arquitetura refere-se à forma como os espaços ou os edifícios são projetados para facilitar o fluxo humano. A circulação nos edifícios geralmente é efetuada vertical e horizontalmente com o uso de escadas e elevadores. Também se pode dizer que a circulação se refere à maneira de entrar, percorrer e contornar um edifício. A função da circulação arquitetônica, predominada pelos movimentos humanos e funções programáticas, determina a organização dos espaços, que inclui a ideia de linearidade e verticalidade. Embora todos os espaços que uma pessoa possa acessar ou ocupar façam parte do sistema de circulação de um edifício, quando se fala de circulação normalmente não se tenta explicar para onde cada pessoa pode ir. Os arquitetos geralmente projetam de acordo com os diferentes tipos de circulação, que se sobrepõem ao planejamento geral. O tipo e a extensão dessas divisões dependerão do projeto, mas podem incluir: • Direção do movimento: horizontal ou vertical. • Tipo de uso: público ou privado. • Frequência de uso: comum ou de emergência. • Horário de uso: manhã, dia, noite, contínuo. Arquitetura Hospitalar 17 REFLITA: Cada um desses tipos de circulação exigirá uma consideração arquitetônica diferente. O movimento pode ser rápido ou lento, mecânico ou manual, realizado no escuro ou totalmente iluminado, lotado ou individualmente. Os caminhos podem ser de lazer e sinuosos, ou estreitos e diretos. Devido aos tipos de circulação, a direção e o uso são frequentemente críticos para o layout de um edifício. A circulação horizontal pode incluir corredores, entradas e saídas. Também é afetada pelo layout da mobília ou por outros objetos no espaço, como colunas, árvores ou alterações topográficas. É por isso que os arquitetos costumam mobiliar como parte de um design conceitual, porque isso está criticamente ligado ao fluxo, à função e à sensação do espaço. A circulação vertical é a maneira como as pessoas se movem para cima e para baixo dentro do edifício, incluindo escadas, elevadores, rampas, tudo que possibilita passar de um nível para outro. A circulação pública são as áreas mais amplas e facilmente acessíveis do edifício. Nesse aspecto, a circulação geralmente se sobrepõe a outras funções, como um saguão, átrio ou galeria, e é aprimorada para um alto nível de qualidade arquitetônica. Questões de visibilidade, como as multidões se movem e caminhos de fuga claros são fundamentais. A circulação privada é responsável pelos movimentos mais íntimos dentro do edifício, ou os que exigem certo grau de privacidade. Em uma casa, pode ser a porta dos fundos; em um prédio grande, a parte de trás da casa; escritórios de funcionários ou zonas de armazenamento. Um espaço de circulação pode ser: • Fechado: forma um espaço de passagem público ou corredor privado relacionado aos espaços que ele liga, por meio de entradas em um plano de parede. • Aberto de um lado: forma uma varanda ou galeria que forneça continuidade visual e espacial ao espaço que ele vincula. Arquitetura Hospitalar 18 • Aberto em ambos os lados: forma uma passagem com colunas que se torna uma extensão física do espaço por onde passa. Assim como os órgãos do corpo e a medula espinhal, os prédios da Arquitetura também têm seus próprios “órgãos” e “medula espinhal” para que sejam completos. Para Madrigano (2006), quando as circulações não são disponibilizadas corretamente, podem acarretar grandes problemas, visto que são elas que definem a funcionalidade do ambiente hospitalar. Desse modo, é imprescindível categorizar os fluxos e controlar os acessos. O plano de circulação tem de ser aplicável a modificações futuras, para que o edifício possa se expandir sem prejudicar as operações dos setores existentes. As circulações estabelecem a estrutura de um hospital, e os seus itinerários devem ser estruturados de forma a diminuir as distâncias e separar e controlar os fluxos. Existem dois tipos de circulações: • Externas (ou intersetoriais): trajetos principais que conectam as unidades funcionais. • Internas (ou intrassetoriais): trajetos secundários que conectam as diversas dependências de uma unidade funcional. Veja um exemplo no organograma disposto na Figura 1. Figura 1 – Organograma do sistema intersetorial e intrassetorial Fonte: Elaborada pela autora (2021). Os tipos de circulações coincidem com os tipos de relações entre as unidades funcionais e entre as respectivas repartições. Exemplo: No caso de uma unidade funcional de processos médico-hospitalares, a relação intrasetorial entre os ambientes que prestam atendimento ao paciente e os ambientes de apoio é definida por intermédio de uma circulação interna. Arquitetura Hospitalar 19 As circulações na área hospitalar devem ser classificadas como: • Abertas: baixa restrição de acesso (ex.: entrada e elevadores de visitantes). • Semirrestritas: intersetoriais com alguma restrição para visitantes (ex.: quartos de internação). • Restritas: intrasetoriais exclusivas a profissionais da saúde (ex.: circulação interna obstetrícia). • Altamente restritas: intrasetoriais exclusivas profissionais da saúde (ex.: ambientes de isolamento). Para controlar a distribuição dos fluxos, as circulações devem reduzir os cruzamentos e os conflitos entre os vários tipos de fluxo e reduzir suas distâncias. Setorização Para Toledo (2002), a setorização é um método que observa a disposição espacial das unidades funcionais e das repartições que as compõem, por meio do qual são definidos, analisados e organizados os fluxos hospitalares. EXPLICANDO MELHOR: No método de setorização, também é necessário considerar os fatores climáticos, como questões de direção em relação à insolação e ventos dominantes, topografia, drenagem, peculiaridades do terreno e classificação dos acessos em torno dele. Os fluxos hospitalares são os que mais estabelecem a disposição espacial das unidades funcionais. Por esse motivo, para ter uma distribuição espacial adequada é fundamental entender os diferentes tipos de fluxos. Projetar ambientes mais simples torna o trabalho menos árduo. Porém, ao se deparar com ambientes mais complexos, com fluxo de pessoas mais intenso, a necessidade de um auxílio para organizar o projeto é iminente e a solução nesse caso é utilizar a setorização. Arquitetura Hospitalar 20 É comum ver em construções complexas, como universidades, a nomenclatura setor x ou y, entre outros. Essa divisão não acontece somente para ajudar os usuáriosou visitantes a se localizarem, mas para auxiliar os profissionais da construção a projetar de forma mais fácil. O princípio da setorização é simplificar e o conceito é criar ou dividir em setores. Exemplo: Considere um ambiente para ser projetado com 30 ambientes, sabendo que 10 serão de serviços e outros 10 são de acesso público. Aqui já se fez uma divisão em dois setores (serviços e acesso público). Restam ainda mais 10 ambientes, que, porventura, têm ligação entre si, pois são áreas de apoio. Note que agora já foi definido o terceiro setor, então os 30 ambientes foram simplificados em três setores. Esta setorização é essencial para trabalhar em partes, ou seja, antes existiam 30 ambientes complexos para projetar, agora são três setores que podem ser trabalhados um a um, sem a necessidade de retrabalho, pois cada setor se relaciona entre si. A setorização também pode ser utilizada em ambientes pequenos. Talvez, sem perceber, isso já é realizado no dia a dia dos profissionais. No caso de uma clínica pequena, ao se dividir o ambiente em recepção e atendimento, já ocorreu a setorização. A setorização garante a redução de problemas de fluxos e permite o uso do edifício de maneira mais adequada. Mas é evidente que a setorização facilita mais alguns projetos que outros, veja cada um deles: • Programa de necessidades complexos: são os casos em que o número de ambientes não é tão grande, mas os espaços são complexos, como clínicas com atendimento de pediatria e psicologia. Nesse caso, o ideal é que a setorização seja feita para deixar esses ambientes separados. Afinal, terapia não combina com barulho e é quase impossível fazer com que uma criança não fale alto. • Programa de necessidades extensas: é o caso dos 30 ambientes exemplificado. Imagine um projeto com 30 ambientes sendo dividido em 10 setores e esses 10 podendo ser agrupados em 3 macrossetores. Arquitetura Hospitalar 21 • Mais de um pavimento: nesse caso, os pavimentos podem ser os setores. Deve-se ficar atento a exigências que a setorização faz, como estabelecer afinidade dos ambientes, não reduzir programas complexos em apenas alguns setores, obedecer a fluxos e hierarquia no projeto, atentar- se à tecnologia de construção e levar em conta a tridimensionalidade do projeto. A setorização é uma ferramenta simples e usual, mas que, ao se pensar em projetos mais complexos, pode ser deixada de lado. Em Arquitetura, setorizar é reunir os ambientes solicitados no programa de necessidades em setores que tenham alguma peculiaridade de correlação entre si, a fim de facilitar a elaboração do projeto e proporcionar um fluxo ideal após construído. IMPORTANTE: Com relação à setorização na área hospitalar, o projeto requer muita atenção à distribuição das unidades funcionais e de suas repartições. É indispensável analisar as ligações entre as diferentes unidades funcionais, assim como os fluxos gerados por elas. Ao definir a ligação entre as unidades funcionais, é possível verificar a necessidade de proximidade entre elas. Como pode-se observar no Quadro 1. Quadro 1– Unidades funcionais Atendi- mento Operatório Cuidados intensivos Obstétrica Urgências Labora- tório Exames Atendimento x x Operatório x x x x Cuidados intensivos x x Obstétrica x x Urgências x x Laboratório x Exames x Boa ligação, Razoável ligação, Ótima ligação Fonte: Elaborado pela autora (2021). Arquitetura Hospitalar 22 Para definir a melhor disposição de uma unidade funcional, é necessário observar suas particularidades. E uma maneira de verificar como elas se relacionam é elaborando fluxogramas (Figura 2), uma ferramenta indispensável ao processo de setorização. Ao detalhar o fluxograma, é possível constatar erros como a presença de pacientes externos em áreas restritas. Figura 2 – Fluxograma Fonte: Teixeira (s. d.). Após elaborar o fluxograma, é possível dimensionar as unidades funcionais e fazer sua distribuição espacial. Arquitetura Hospitalar 23 RESUMINDO: E então? Conseguiu aprender tudo o que foi demonstrado? Bom, para ter certeza de que não restaram dúvidas sobre o tema de estudo deste capítulo, segue um resumo. Foi explicado sobre a importância dos fluxos de circulação e movimentação no ambiente hospitalar. Os fluxos e sua tipologia devem ser compreendidos e estudados para não gerar problemas futuros. A circulação deve ser bem definida a fim de otimizar os processos e controlar a distribuição dos fluxos. As circulações devem reduzir os cruzamentos e os conflitos entre os vários tipos de fluxo e reduzir suas distâncias. Para definir os fluxos e circulações, é muito importante fazer a setorização, ou seja, reunir os ambientes solicitados no programa de necessidades em setores que tenham alguma peculiaridade de correlação entre si. Com relação à setorização na área hospitalar, o projeto requer muita atenção à distribuição das unidades funcionais e de suas repartições. É indispensável analisar as ligações entre as diferentes unidades funcionais, assim como os fluxos gerados por elas. Em geral, setorizar os ambientes proporciona melhor divisão de fluxos e circulação para garantir um projeto de sucesso. Arquitetura Hospitalar 24 Compreendendo o ambiente hospitalar e o projeto de Arquitetura OBJETIVO: Ao término deste capítulo, você será capaz de compreender o projeto de Arquitetura no ambiente hospitalar a partir da integração entre as áreas do edifício. Isso é fundamental para garantir funcionalidade nos projetos. E então? Determinado para desenvolver essa competência? Então, vamos lá! Edifícios e o ambiente hospitalar A manutenção e o aprimoramento da saúde e a segurança e o conforto das pessoas nos estabelecimentos de saúde são seriamente afetados se requisitos específicos de construção não forem atendidos. Os edifícios para serviços de saúde são únicos e neles coexistem ambientes heterogêneos. Pessoas diferentes, diversas atividades em cada ambiente e muitos fatores de risco estão envolvidos na patogênese de um amplo espectro de doenças. Três situações devem ser levadas em consideração no ambiente hospitalar: • Os critérios funcionais da organização classificam os ambientes das unidades de saúde da seguinte maneira: unidades de enfermagem, salas de operações, instalações de diagnóstico (unidade de radiologia, unidades de laboratório e assim por diante), departamentos ambulatoriais, área de administração (escritórios), serviços, corredores e passagens. • Os processos incluem atividades específicas de assistência à saúde (atividades de diagnóstico, atividades terapêuticas, atividades de enfermagem) e atividades comuns a muitos edifícios públicos (trabalho de escritório, manutenção tecnológica, preparação de alimentos e assim por diante). Arquitetura Hospitalar 25 • Os fatores de risco são agentes físicos (radiação ionizante e não ionizante, ruído, iluminação e fatores microclimáticos), produtos químicos (solventes e desinfetantes orgânicos), agentes biológicos (vírus, bactérias, fungos e outros), ergonomia (posturas, elevação e assim por diante) e fatores psicológicos e organizacionais (percepções ambientais e horas de trabalho). EXPLICANDO MELHOR: Os fatores relacionados aos acima citados variam de aborrecimento ou desconforto ambiental (desconforto térmico ou sintomas irritativos) a doenças graves (infecções adquiridas em hospitais e acidentes traumáticos). Nessa perspectiva, a avaliação e o controle de riscos requerem uma abordagem interdisciplinar envolvendo médicos, higienistas, engenheiros, arquitetos, economistas e assim por diante, e o cumprimento de medidas preventivas nas tarefas de planejamento, projeto, construção e gerenciamento de edifícios. Os requisitos específicos de construção são extremamente importantes entre essas medidas preventivas e devem ser classificados da seguinte forma: • Requisitos de planejamento do local.• Requisitos de projeto arquitetônico. • Requisitos para materiais de construção e mobiliário. • Requisitos para sistemas de aquecimento, ventilação e ar- condicionado e condições microclimáticas. Esses requisitos enfocam edifícios hospitalares gerais e obviamente seriam necessárias adaptações para hospitais especializados (centros ortopédicos, hospitais oftalmológicos, maternidades, instituições psiquiátricas, instalações de cuidados de longa duração e institutos de reabilitação), para clínicas de atendimento ambulatorial e instalações de atendimento de urgência/emergência e consultórios individuais e práticas de grupo. Arquitetura Hospitalar 26 NOTA: Esses requisitos são determinados pelo número e tipos de pacientes (incluindo seu estado físico e mental) e pelo número de profissionais de saúde e as tarefas que eles executam. As considerações que promovem a segurança e o bem-estar de pacientes e funcionários comuns a todas as unidades de saúde incluem: • Ambiente, incluindo não apenas decoração, controle de iluminação e ruído, mas também posicionamento de móveis e equipamentos. • Sistemas de ventilação que minimizem a exposição a agentes infecciosos e produtos químicos e gases potencialmente tóxicos. • Instalações de armazenamento de roupas e efeitos de pacientes e visitantes que minimizem possíveis contaminações. • Armários, vestiários, lavatórios e banheiros para funcionários. • Instalações de lavagem das mãos convenientemente localizadas em cada sala e área de tratamento. • Portas, elevadores e banheiros que acomodam cadeiras de rodas e macas. • Áreas de armazenamento e arquivamento projetadas para minimizar a inclinação, curvatura, alcance e trabalho pesado dos trabalhadores. • Sistemas de comunicação e alarme automáticos e controlados por trabalhadores. • Mecanismos de coleta, armazenamento e disposição de resíduos tóxicos, roupas e roupas contaminadas e assim por diante. O local da unidade de saúde deve ser escolhido de acordo com alguns critérios principais: • Fatores ambientais: o terreno deve estar o mais nivelado possível. A área deve estar longe de fontes que gerem poluição e ruído (especialmente fábricas e aterros sanitários). Arquitetura Hospitalar 27 • Fatores urbanísticos: o local deve ser facilmente acessível a possíveis usuários, ambulâncias e veículos de serviço para fornecimento de mercadorias e descarte de resíduos. Transporte público e serviços públicos (água, gás, eletricidade e esgotos) devem estar disponíveis. Os bombeiros e seus aparelhos devem ter acesso imediato a todas as partes da instalação. • Disponibilidade de espaço: o local deve permitir algumas possibilidades de expansão e fornecimento de estacionamento adequado. Todas essas colocações são importantes e, se não forem observadas, colocam em risco o conforto e a segurança dos edifícios hospitalares. O projeto Escopo do projeto é o que precisa ser executado para a entregar um produto, serviço ou resultado com atributos e aplicações especificadas, ou seja, é o que deve ser feito para que o projeto obtenha resultado. O escopo do projeto é uma métrica definidora, refletindo a totalidade do objetivo geral e da visão de um determinado projeto. Uma vez definido e aprovado, o escopo fornece um roteiro para o planejamento e a execução. Para alcançar resultados bem-sucedidos, deve ser claramente indicado em termos específicos e mensuráveis, prontos para negociação, aceitação e aprovação das partes interessadas. IMPORTANTE: O escopo do projeto existe em vários níveis, começando pelo próprio resultado do projeto e expandindo-se para incluir o “esforço do processo” correspondente necessário para planejar, gerenciar e executar. Além disso, para atingir todas as metas e objetivos estabelecidos do projeto, as especificações do escopo devem ir além de “o que será feito” (inclusões do escopo) e indicar, também, o que não será feito (as exclusões do escopo). Arquitetura Hospitalar 28 Para atender a todas as necessidades estratégicas e operacionais, o escopo do projeto é definido usando uma série de “modelos” lógicos e físicos, fornecendo as etapas e estratégias necessárias para determiná-lo, juntamente com os formatos de documentação física necessários para produzir os resultados tangíveis. Formatos tangíveis são essenciais para garantir consentimento e a aprovação, formando a base sobre a qual os termos do escopo podem ser revisados e negociados. E, quando se trata de definir e documentar, existe uma regra fundamental: torná-lo acionável. REFLITA: O escopo está no cerne do processo de definição do projeto, especificando “o que será feito” e “o que não será feito”. Se bem definido, elenca expectativas realistas e cria uma estrutura para a execução. Embora os detalhes do escopo variem de acordo com a natureza e as condições do projeto, as especificações padronizadas devem compartilhar todas as seguintes características: • O escopo do projeto deve ser específico: deve ser definido em termos claros e específicos, abrangendo inclusões e exclusões declaradas. Isso é essencial para garantir que seja capaz de seja executado, considerando tarefas e atividades relacionadas ao esforço de trabalho. Além disso, as partes interessadas devem saber o que estão aprovando. • Deve ser mensurável: as especificações do escopo devem ser suficientemente mensuráveis para que possam ser verificadas com relação a status e critérios de qualidade específicos. As partes interessadas devem acreditar que sua precisão pode ser medida. • Deve ser relevante: as especificações devem ser suficientemente relevantes e alinhadas a necessidades, metas e objetivos do projeto. As partes interessadas devem acreditar que escopo e visão foram devidamente alinhados. Arquitetura Hospitalar 29 • Deve ser negociado: as especificações devem ser determinadas por meio de negociação e colaboração ativas. As partes interessadas devem participar do processo de desenvolvimento, contribuindo e comprometendo-se conforme a necessidade de alcançar resultados priorizados. • Deve ser aprovado: depois de concluídas, as especificações do escopo devem ser aprovadas e aceitas. A aprovação representa consentimento e aceitação informados. Por meio da aceitação documentada, as partes interessadas assumem a responsabilidade compartilhada pelo projeto. Para negociar um escopo de sucesso, é necessário: • Identificar as necessidades e interesses das partes interessadas que influenciam e tomam decisões. • Criar um processo formal de negociação, definindo datas de vencimento e agendando reuniões. • Estabelecer parâmetros de negociação (metas, objetivos, papéis e responsabilidades). • Criar um escopo de linha de base como ponto de partida para negociações. • Documentar os resultados das reuniões e as ações de acompanhamento relacionadas. • Utilizar executivos do projeto para fornecer orientação, conforme necessário. O gerenciamento do escopo é essencial para a entrega do projeto dentro do prazo. Como os melhores resultados dependem de necessidades e capacidades equilibradas, o escorregamento (isto é, quando é permitido expandir o escopo descontrolado) deve ser evitado. O escopo nunca deve exceder os limites negociados – não sem mais planejamento e comprometimento. O status deve ser monitorado continuamente, permitindo mudanças gerenciadas conforme necessário. Arquitetura Hospitalar https://www.ittoolkit.com/articles/project-change-management 30 O projeto arquitetônico O projeto arquitetônico das unidades de saúde em geral adota alguns parâmetros: • Classe do estabelecimento de saúde: hospital, centro de saúde grande ou pequeno, entre outros. • Dimensões da área de obtenção. • Gerenciamento: custos, flexibilidade. • Ventilação fornecida. • Relação edifício/área. • Qualidade ambiental: segurança e conforto são objetivos profundamente primordiais.Os fatores apresentados levam os profissionais de Arquitetura das unidades de saúde a escolher a melhor forma de construção para cada situação, variando particularmente de um hospital horizontal com edifícios separados a um edifício único vertical ou horizontal. O primeiro (adequado para edifícios de baixa densidade) é normalmente usado para hospitais com até 300 leitos, devido aos baixos custos em construção e gerenciamento. O segundo (geralmente preferido para edifícios de alta densidade) torna-se econômico para hospitais com mais de 300 leitos. As dimensões e distribuição do espaço interno precisam lidar com muitas variáveis, entre as quais se podem considerar: funções, processos, circulação e conexões com outras áreas, equipamentos, carga de trabalho prevista, custos e flexibilidade, conversibilidade e suscetibilidade de uso compartilhado. Compartimentos, saídas, alarmes de incêndio, sistemas de extinção automática e outras medidas de prevenção e proteção contra incêndio devem seguir os regulamentos locais. Vários requisitos específicos são sugeridos para cada área nas unidades de saúde, os quais são apresentados a seguir. Arquitetura Hospitalar 31 • Unidades de enfermagem: o layout interno das unidades de enfermagem geralmente segue um dos três modelos básicos subsequentes: • Enfermaria aberta (ou enfermaria Nightingale): uma sala ampla com 20 a 30 camas, de cabeça para as janelas, ambas as paredes. • Layout rigs: nesse modelo, as camas eram colocadas paralelamente às janelas e, inicialmente, estavam em baías abertas em ambos os lados de um corredor central. • Hospitais posteriores: as baias eram muitas vezes fechadas, para que se tornassem quartos com 6 a 10 camas e, por fim, quartos pequenos, com 1 a 4 camas. IMPORTANTE: Quatro variáveis devem levar o planejador a escolher o melhor layout: necessidade de cama (se alta, uma ala aberta é aconselhável), orçamento (se baixo, uma ala aberta é a mais barata), necessidades de privacidade (se consideradas altas, salas pequenas são inevitáveis) e nível de terapia intensiva (se alto, a ala aberta ou o layout das plataformas com 6 a 10 leitos são recomendados). Nas enfermarias abertas, as instalações sanitárias devem estar próximas às camas dos pacientes. Para quartos individuais e múltiplos, devem ser fornecidas instalações de lavagem das mãos em cada quarto. • Salas de operações: duas classes principais de elementos devem ser consideradas, que são as salas de cirurgia e áreas de serviço. As salas de cirurgia devem ser classificadas da seguinte forma: • Sala de operações geral. • Espaço para cirurgia ortopédica (opcional), necessitando de espaço de armazenamento fechado para talas e equipamentos. • Espaço para cirurgia cardiovascular (opcional), na área livre da sala cirúrgica, perto da sala de operações, deve ser projetada uma sala de bombeamento adicional, onde os suprimentos e acessórios extracorpóreos da bomba são armazenados e recuperados. Arquitetura Hospitalar 32 • Espaço para procedimentos de endoscópio. • Salas para pacientes em espera, indução anestésica e recuperação da anestesia. As áreas de serviço devem incluir: instalação de esterilização com autoclave de alta velocidade, instalações de lavagem, instalações de armazenamento de gás medicinal e áreas de troca de roupas dos funcionários. • Instalações de diagnóstico: cada unidade de radiologia deve incluir: • Balcão de atendimento e áreas de espera. • Salas radiográficas de diagnóstico, área de controle blindada e estruturas de suporte rígidas para equipamentos montados no teto (quando necessário). • Quarto escuro (quando necessário), necessitando de ventilação adequada para o desenvolvedor. • Área de preparação de meios de contraste, instalações de limpeza. As atividades de diagnóstico em unidades de saúde podem exigir testes em hematologia, química clínica, microbiologia, patologia e citologia. Cada área de laboratório deve ter áreas de trabalho, instalações para armazenamento de amostras e materiais (refrigerados ou não), instalações para coleta de amostras, instalações e equipamentos para esterilização terminal e eliminação de resíduos, e uma instalação especial para armazenamento de material radioativo (quando necessário). • Departamentos ambulatoriais: as instalações clínicas devem incluir salas de exame de uso geral, salas de exame de finalidade especial (variando com o equipamento específico necessário) e salas de tratamento. Além disso, são necessárias instalações administrativas para a admissão de pacientes ambulatoriais. • Área de administração (escritórios): são necessárias instalações como áreas comuns de construção de escritórios. Isso inclui áreas de armazenamento para recebimento de suprimentos e equipamentos e materiais de expedição não descartados pelo sistema separado de remoção de resíduos. Arquitetura Hospitalar 33 • Instalações de alimentação: devem fornecer os seguintes elementos, uma estação de controle para recebimento e controle de suprimentos de alimentos; espaços de armazenamento (incluindo armazenamento a frio); instalações de preparação de alimentos; instalações de lavagem das mãos e instalações de montagem e distribuição de refeições dos pacientes; espaço para refeições; espaço para lavar louça; instalações de armazenamento de resíduos. • Serviços de lavanderia: devem fornecer os seguintes elementos, uma sala para receber e guardar roupas sujas; uma área de armazenamento de roupas limpas; uma área de inspeção e reparo de roupas limpas e instalações de lavagem das mãos. • Serviços de engenharia e áreas de equipamentos: áreas adequadas, variando em tamanho e características para cada unidade de saúde, devem ser fornecidas para instalação de suprimento elétrico, gerador de emergência, departamentos de manutenção, armazenamento gases medicinais. • Corredores e passagens: devem ser organizados para evitar transtornos aos visitantes e interrupções no trabalho do pessoal do hospital. A circulação de mercadorias limpas e sujas deve ser estritamente separada. As portas e elevadores devem ser grandes o suficiente para permitir a passagem fácil de macas e cadeiras de rodas. RESUMINDO: E então? Conseguiu aprender tudo o que foi demonstrado? Bom, para ter certeza de que não restaram dúvidas sobre o tema de estudo deste capítulo, segue um resumo. O ambiente hospitalar envolve uma complexidade de informações, cada área é específica com suas necessidades. Cada ambiente deve ser observado para que o projeto seja eficaz. O projeto deve ser elaborado conforme o programa de necessidades do empreendimento e observando o escopo, o qual deve ser muito bem elaborado. Arquitetura Hospitalar 34 Conhecendo a interface entre as áreas e o pré-dimensionamento OBJETIVO: Ao término deste capítulo, você será capaz de entender como acontece e por que é fundamental a integração entre as áreas do edifício. Isso será essencial para garantir funcionalidade nos projetos. E então? Determinado para desenvolver essa competência? Então, vamos lá! A interface entre as áreas críticas e não críticas A ligação entre as áreas críticas, de apoio técnico, administrativa e de serviço é um ponto que deve ser minuciosamente estudado. Três áreas específicas classificam o ambiente hospitalar: área crítica, área semicrítica e área não crítica. Na área crítica, o profissional está suscetível ao risco de contaminação infecciosa pela proximidade direta com pacientes infectados. Quanto maior o risco de transmissão da doença, mais crítico é o risco para o profissional. As áreas denominadas como críticas abrangem o bloco cirúrgico, a UTI neonatal, a sala de hemodiálise, o banco de sangue, a unidade de queimados e unidade de isolamento, central de material e esterilização, a área da lavanderia, o laboratório de patologia clínica e a farmácia. A área semicrítica propiciariscos de transmissão de microrganismos, mas em menor proporção. Normalmente, estão nelas os pacientes sem doenças contagiosas, mas que necessitam de cuidados para não se contaminarem. As áreas semicríticas são: enfermaria, ambulatórios, farmácia de medicamentos já preparados e banheiros. As áreas não críticas não são frequentadas por pacientes e são as mais seguras do ambiente hospitalar, como secretaria, administração e almoxarifado. Arquitetura Hospitalar 35 A portaria da Anvisa nº 3.012, de 1º de dezembro de 2009, faz algumas definições, que podem ser conferidas a seguir, sobre as áreas críticas e não críticas. • Área crítica: área na qual existe risco ampliado para desenvolvimento de infecções inerentes à assistência à saúde, pela aplicação de processos abrangendo artigos críticos ou material biológico, pela prática de procedimentos invasivos ou pela presença de pacientes com vulnerabilidade aumentada aos agentes infecciosos ou portadores de microrganismos de relevância epidemiológica. • Área semicrítica: área na qual existe risco razoável a baixo para a evolução de infecções relacionadas à saúde, pela aplicação de processos envolvendo artigos críticos e semicríticos ou pela prática de atividades assistenciais não invasivas em pacientes não-críticos e que não manifestem infecção ou colonização por microrganismos de importância epidemiológica. Dentro da área não crítica está a área de apoio técnico, essencial para o bom funcionamento de todas as áreas e para auxiliar no controle da disseminação de infecção hospitalar. EXPLICANDO MELHOR: Este capítulo terá uma ênfase na identificação e análise das condições de desempenho e parâmetros de qualidade dos serviços classificados como de infraestrutura, em relação ao atendimento aos pré-requisitos para o controle de infecção hospitalar, visando verificar a interface entre essas áreas. A mobilização pela qualidade nos serviços de saúde é um evento presente em todo o mundo em consequência da crescente conscientização de que a qualidade é vista como condição substancial à sobrevivência econômica e, mais importante ainda, uma responsabilidade ética e social. A contenção de infecção hospitalar encontra-se entre os padrões utilizados na verificação de qualidade da assistência hospitalar. O benefício da utilização desse padrão é a predisposição que essa atividade Arquitetura Hospitalar 36 tem de mensurar três elementos: a condição existente para a prestação de serviços, a técnica de realização das atividades de atendimento e os resultados deste, com aumento ou diminuição da ocorrência de infecção hospitalar. Para que um projeto de controle de infecção hospitalar tenha sucesso, é necessário que haja atuação ativa dos vários setores do hospital oferecendo a infraestrutura mínima necessária à sua concretização. É seguro dizer que requisitos dos serviços de apoio, como laboratório de microbiologia, farmácia, lavanderia, higiene e limpeza, serviço de nutrição e banco de sangue, retratam a qualidade do serviço de controle de infecção hospitalar, já que buscam oferecer um bom modelo de serviço e atender às necessidades para a execução dos cuidados hospitalares. O laboratório de microbiologia tem papel importante no apoio ao serviço de controle de infecção hospitalar nas inúmeras fases da investigação epidemiológica, pois ajuda pontualmente no diagnóstico de infecções e na identificação de pacientes com infecção ou colonização. Compete-lhe realizar, quando essencial, estudos para determinar as diferenças e semelhanças entre microrganismos, realizar estudos do ambiente hospitalar e orientar o pessoal para as atividades de controle. A farmácia hospitalar atua para distribuir e controlar medicamentos, bem como padronizar germicidas e esterilizantes. Tem sido pautada a pressuposição de produtos farmacêuticos manipulados sob condições inadequadas como agentes causadores das infecções. A lavanderia hospitalar tem a responsabilidade de processar as roupas e distribuí-las em condição impecável de higiene e conservação. Esse serviço de apoio requer muita atenção, já que as roupas são, frequentemente, consideradas veículos condutores de microrganismos. A limpeza é um dos elementos principais e eficaz nos métodos de controle para disseminar a cadeia epidemiológica das infecções, pois está ligada diretamente à retirada de sujeiras e contaminação dos artigos e das superfícies do hospital, como maneira de assegurar aos usuários uma estada em local limpo e em ambiente com menor probabilidade de contaminação. Arquitetura Hospitalar 37 A área de nutrição atua como componente da cadeia epidemiológica das infecções veiculadas por alimentos, pois são várias as doenças provocadas por contaminação alimentar que podem resultar em infecção cruzada ou intoxicação, devido à maneira de estocar e à manipulação inapropriada dos alimentos. A área administrativa é essencial para assegurar a organização e a ordem em hospitais, clínicas e redes de saúde. Abrange tanto a garantia do bem-estar de seus pacientes como o dos funcionários. A administração hospitalar visa planejar, organizar e gerenciar. E toda essa responsabilidade é em prol do bem-estar dos pacientes tanto em relação à atenção quanto à infraestrutura do espaço. De grande importância no ambiente hospitalar, a administração reúne toda a capacidade da equipe e designa suas tarefas de maneira equilibrada. NOTA: No que se refere a essa área, é de grande importância definir o número de médicos, enfermeiros e especialidades que o local atenderá. Da mesma forma, é preciso entender as necessidades do ambiente, planejando a manutenção preventiva de equipamentos médicos, controlando e organizando estoque de materiais e limpeza, e direcionando o descarte de resíduos hospitalares que possam comprometer a segurança e o bem-estar dos pacientes que ali surgem. Entre as atribuições da área de administração hospitalar, estão: • Realizar contratos de compra e prestação de serviços. • Analisar a qualidade dos serviços prestados pelas empresas contratadas. • Gerenciar estoques. • Elaborar pedidos de compra para formação ou reposição de seu estoque. Arquitetura Hospitalar 38 Pré-dimensionamento de ambientes Todo conjunto útil de práticas de gerenciamento de projetos deve levar em consideração variações no tamanho do projeto. Nos termos do projeto, “tamanho” é uma designação abrangente, usada para quantificar a “extensão” geral do esforço do projeto, geralmente representando duração, custo, complexidade, requisitos de pessoal e parâmetros relacionados. Isso permite que os projetos sejam caracterizados em termos comparativos (pequeno, médio ou grande). As designações de tamanho colocam os projetos em perspectiva – usados para determinar a extensão e o grau em que as metodologias de gerenciamento estruturadas devem ser aplicadas a qualquer projeto. Quando se trata de projetos e práticas, um tamanho pode não servir para todos. O tamanho do projeto é um fator determinante do “escopo do processo”, definido mais simplesmente como o grau e a extensão em que as práticas de gerenciamento do projeto são formalmente aplicadas. EXPLICANDO MELHOR: O dimensionamento do projeto é um fator obrigatório para o planejamento do projeto, garantindo que os planos e atividades sejam relevantes e que os recursos sejam utilizados e aplicados adequadamente. Na aplicação prática, o “tamanho” do projeto é determinado por vários fatores, mas, no nível mais alto, os projetos geralmente são visualizados em termos de tamanho padrão (grande, médio e pequeno). Muitos fatores entram no dimensionamento do projeto, incluindo duração estimada, requisitos de recursos, orçamento, complexidade, risco, visibilidade e assuntos relacionados. Estruturas de dimensionamento devem ser estabelecidas para definir cada “fator de dimensionamento” de acordo com o tamanho de cadaprojeto. Embora as definições de tamanho possam não ser as mesmas para todas as organizações, é importante estabelecer diretrizes de dimensionamento para serem usadas como referências acionáveis para planejamento e análise. Arquitetura Hospitalar 39 As definições de tamanho são um começo importante. Qualquer conjunto útil de práticas de gerenciamento de projetos deve levar em conta variações na metodologia de acordo com o “tamanho do projeto”. As metodologias apropriadas para o tamanho podem ser definidas de acordo com as seguintes variáveis: • Aplicabilidade: o processo é apropriado para o projeto? • Formalidade: se o processo for apropriado, qual é o nível exigido de formalidade? • Flexibilidade: quanta flexibilidade será permitida? • Documentação: que tipos de documentos serão necessários? • Detalhe: que nível de detalhe será necessário em qualquer documento? Para desenvolver diretrizes de dimensionamento eficazes, você deve estar preparado para identificar variáveis de medida específicas do tamanho do projeto, bem como os critérios específicos a serem aplicados em cada categoria de variável. Esses critérios criarão os limites nos quais o tamanho é determinado e aplicado. NOTA: O dimensionamento é uma das fases de cálculo mais importantes na criação de um projeto da construção civil. É por meio dele que se define o uso dos materiais considerando disposição e dimensões de vigas, pilares e lajes. Um preceito básico de um projeto é que, antes de suportar outras cargas, uma estrutura deve suportar seu próprio peso. O dimensionamento das lajes, nosso principal foco aqui, acontece por meio de fórmulas matemáticas para cálculo da espessura de acordo com as cargas previstas. Na concepção do edifício, devem-se verificar previamente dimensões estruturais. Com o conhecimento do pré-dimensionamento, é possível realizar o cálculo de ligações entre os elementos da estrutura. Arquitetura Hospitalar 40 A partir dessa previsão inicial, o engenheiro calculista realiza o dimensionamento completo do projeto, seguindo todos os protocolos e normas técnicas exigidas. RESUMINDO: E então? Conseguiu aprender tudo o que foi demonstrado? Bom, para ter certeza de que não restaram dúvidas sobre o tema de estudo deste capítulo, segue um resumo. A interface entre os ambientes revela muito sobre como o projeto deve ser implantado. O ambiente hospitalar conta com áreas críticas e não críticas. Devem ser observadas, ao projetar, questões de proximidade entre áreas que dependem umas das outras e também o fluxo de agentes contaminantes. Outro ponto a ser considerado na elaboração de um projeto é o pré-dimensionamento das disposições das áreas físicas, pois é preciso verificar a necessidade de intervenções futuras. Arquitetura Hospitalar 41 Planejando o ambiente hospitalar OBJETIVO: Ao término deste capítulo, você será capaz de planejar o ambiente hospitalar. Isso é fundamental para garantir funcionalidade nos projetos. E então? Determinado para desenvolver essa competência? Então, vamos lá! A importância do planejamento O planejamento implica fundamentalmente em traçar o futuro e alcançá-lo, sua essência consiste em ver as oportunidades e problemas do futuro e explorá-los ou combatê-los conforme o caso. O planejamento é um processo que começa com a determinação de objetivos; define estratégias, políticas e detalha planos para consegui-los; estabelece um sistema de decisões e inclui uma revisão dos objetivos para alimentar um novo ciclo de planificação (CHIAVENATO,1987, p. 275). O planejamento é a função fundamental de gerenciamento que envolve a decisão antecipada, o que deve ser feito, quando e como, e como será feito. É um processo intelectual que estabelece os objetivos de uma organização e desenvolve vários cursos de ação, pelos quais a organização pode alcançar esses objetivos. Ele define exatamente como atingir um objetivo específico. O planejamento nada mais é do que pensar antes que a ação ocorra. Isso nos ajuda a olhar o futuro e decidir com antecedência a maneira de lidar com as situações que encontraremos. Envolve pensamento lógico e tomada de decisão racional. Algumas considerações sobre a função do planejamento são: • Função gerencial: o planejamento é uma função gerencial que fornece a base para outras funções da gerência, como organização, pessoal, direção e controle, conforme são realizadas na periferia dos planos elaborados. Arquitetura Hospitalar 42 • Orientado a objetivos: concentra-se na definição dos objetivos da organização, na identificação de cursos de ações alternativas e na decisão do plano de ação apropriado, a ser realizado para alcançar os objetivos. • Pervasivo: é difundido no sentido de estar presente em todos os segmentos e ser exigido em todos os níveis da organização. Embora o escopo do planejamento varie em diferentes níveis e departamentos. • Processo contínuo: os planos são feitos para um termo específico, digamos, para um mês, trimestre, ano e assim por diante. Terminado esse período, novos planos são elaborados, considerando requisitos e condições presentes e futuros da organização. Portanto, é um processo contínuo, pois os planos são estruturados, executados e seguidos por outro plano. • Processo intelectual: é um exercício mental, envolve a aplicação da mente para pensar, prever, imaginar de forma inteligente e inovar etc. • Futurista: abrange olhar para o futuro, analisá-lo e prevê-lo, para que a organização possa enfrentar efetivamente os desafios futuros. O planejamento se preocupa em estabelecer objetivos e metas, e formular planos para alcançá-los. Sua importância pode ser descrita da seguinte forma: • Ajuda a melhorar o desempenho futuro, estabelecendo objetivos e selecionando um curso de ação, para o benefício da organização. • Minimiza o risco e a incerteza ao olhar em frente para o futuro. • Facilita a coordenação das atividades. Assim, reduz a sobreposição entre as atividades e elimina o trabalho improdutivo. • Declara antecipadamente o que deve ser feito no futuro, para fornecer orientações para a ação. • Descobre e identifica oportunidades e ameaças futuras. Arquitetura Hospitalar 43 • Estabelece padrões para o controle, comparando o desempenho real com o desempenho padrão e os esforços que são feitos para correção. REFLITA: É preciso planejar porque o futuro é altamente incerto. As condições podem mudar a qualquer momento. Portanto, o planejamento é o requisito básico de qualquer organização para sobrevivência, crescimento e sucesso. Planejamento hospitalar Uma questão de grande importância é planejar para ter flexibilidade no ambiente hospitalar e aqui será tratado sobre expansão, desenvolvimento horizontal, circulação e flexibilidade de estrutura. No que diz respeito à expansão, os hospitais precisam ter flexibilidade para atender às necessidades atuais, futuras e tecnológicas. O planejamento inicial do ambiente hospitalar deve levar em consideração a expansão isolada ou de diferentes departamentos, principalmente nas edificações verticais, onde as mudanças são sempre mais complexas. Quando se trata do desenvolvimento horizontal, algo importante de salientar é a questão da ligação entre blocos. Exemplo: Em um andar reservado à maternidade, existe a preocupação de manter o berçário no mesmo andar em que ocorre a internação das mães. A circulação é o que mais condiciona a disposição de um ambiente, e o planejamento é essencial para que ela funcione. A flexibilidade estrutural depende muito do projeto de construção, que pode originar ventilação cruzada, isolamento acústico, paredes e forros removíveis etc. O conceito de concentração concorre para fundamentar o planejamento no âmbito de dispor de melhor utilização das instalações e dos espaços. As dependências e os equipamentos devem ter função e utilização que os justifique.Arquitetura Hospitalar 44 Já o conceito de centralização de serviços, como farmácia, lavanderia, laboratório, entre outros, tem o objetivo de conquistar maior economia de tempo, energia e material. Determinadas áreas necessitam de atenção especial com o planejamento devido para o risco de disseminação de infecções. Vejamos algumas: • Lavanderia: tem um grande vínculo entre os pacientes e todas as áreas do hospital. Por esse motivo se torna vulnerável por meio das roupas sujas e limpas, que saem e entram, atuando como receptora e distribuidora central de germes. Dessa forma, é necessário criar barreiras físicas para evitar disseminação. • Sala de separação de roupa suja: deve haver classificação das roupas sujas, da área de isolamento etc. • Máquina de lavar específica para hospital. • Água de expurgo da máquina de lavar: deve-se ter muito cuidado e ter um mecanismo específico para essa limpeza. • Exaustão de ar: não deve ser próxima a qualquer abertura. Antes de iniciar um projeto, é necessário planejar o programa de necessidades do hospital. Nele, devem constar os mínimos detalhes, como as necessidades de todos os departamentos. Outra questão de suma importância é o planejamento da circulação externa, pois compreende entrada e saída de pacientes com automóveis ou a pé; estacionamento para visitantes; estacionamentos para os profissionais da saúde; entregas de fornecedores; saída de cadáveres etc. De forma geral, o delineamento estratégico hospitalar é um método que possui uma finalidade principal: a conservação e desenvolvimento de componentes de saúde, individualizando sua circunstância atual, a situação almejada e tomando um regimento para alcançar a referência que foi estabelecida. Primordialmente, essas questões possuem forte ligação e geram resultados para o futuro do hospital, sejam resultados positivos ou negativos. Arquitetura Hospitalar 45 Assim dizendo, com a maneira como o administrador o percebe ali na frente. O delineamento estratégico em saúde é essencial para guiar a administração. Para tal, é recomendado desenvolver e seguir as etapas fundamentais à materialização das finalidades da organização. Com tal característica, independentemente de possuir uma solicitação revertido ao longo período, e ainda é possível relatar que possui colaboração para sistematizar as atitudes que têm que ser estabelecidas em um período de curto até médio limite para proporcionar as transformações esperadas. Da mesma maneira que os resultados positivos de uma organização multiforme, como um hospital. É necessário, em ambiente hospitalar, manter em ordem: • A supervisão das entradas e saídas. • Os recursos materiais. • Os recursos de humanos. • O desempenho da legislação. • A instituição de regulamentos de atendimento. • A instituição das equipes. • A responsabilidade pela qualidade. Assim, esses são apenas alguns dos objetivos e pontos que devem ser levados em considerado e melhorados para a unidade de saúde obter o sucesso. Essencialmente, é imprescindível conceber as atividades em nível estratégico. Arquitetura Hospitalar https://telemedicinamorsch.com.br/blog/atendimento-clinica-medica https://telemedicinamorsch.com.br/blog/equipe-medica https://www.fm2s.com.br/o-que-qualidade/ 46 Figura 3 – O planejamento em todos os âmbitos do hospital é fundamental Fonte: Unsplash. O delineamento planificado pode ser igualado a um norte bem- definido, primeiramente, por recomendar a melhor direção para um hospital ou ambiente da área de Saúde, reduzindo os riscos garantindo o futuro mais aconselhável. O método é focado em alterações no comportamento de delineamento da organização. Em vista disso, proporciona o progresso e a conservação das unidades de serviço à saúde a longo período. Assim, esse método de delineamento entre uma organização e o ambiente gera os resultados esperados. Dessa forma, há os principais tipos de interação: Figura 4 – Tipos de interação Interação negativa Interação positiva Interação neutra Fonte: Elaborado pela autora (2021). Arquitetura Hospitalar 47 • Interação negativa – consiste em manter o limite de conservação ao pequeno período, determinando a falência da organização. • Interação positiva – consiste em guiar a conservação a um longo período, com o benefício de competidora do conhecimento e progresso. • Interação neutra – consiste no auxílio para a conservação a longo prazo, mas de forma estacionária. Para que a administração em serviços da área de Saúde atinja as metas estabelecidas, é fundamental que haja comprometimento para conservação em grande período, colocando em prática o delineamento estratégico como aliado. Assim sendo, é importante evitar o desperdício de insumos utilizados nos ambientes hospitalares para a realização de seus determinados serviços. Com tal característica, é possível designar a organização, com intuito de reduzir gastos. Ainda, é necessário adquirir planos que tenham procedimentos a fim de elevar a produtividade e que consigam agregar valor ao paciente, auxiliando-o na agregação. Um delineamento é essencial para o gerenciamento do ambiente hospitalar e deve ter como base três objetivos principais: Figura 5 – Os três principais fundamentos Definição de objetivos Escolha e realização de ações Avaliação para ajustar o que foi feito Fonte: Elaborada pela autora (2021). Esses três fundamentos são essenciais para realizar uma análise geral do serviço do hospital e de seu funcionamento. Assim, é possível identificar os pontos a serem melhorados e aqueles que estão dando resultados positivos. Arquitetura Hospitalar https://telemedicinamorsch.com.br/blog/gestao-em-saude 48 RESUMINDO: E então? Gostou do que mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. O planejamento do ambiente hospitalar é a base de tudo o que foi estudado nesta unidade. Foi importante aprender todos os outros conceitos para, ao final, entender que sem planejamento nada alcança o resultado pretendido. No ambiente hospitalar, planejar é imprescindível para garantir segurança, flexibilidade e funcionalidade. Arquitetura Hospitalar 49 REFERÊNCIAS CHIAVENATO, I. Teoria Geral da Administração. 3. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 1987. CIRCULAÇÃO. In: MICHAELIS moderno dicionário da Língua Portuguesa. São Paulo: Melhoramentos. Disponível em: https://bit. ly/3C8otJF. Acesso em: 03 set. 2019. FLUXO. In: MICHAELIS moderno dicionário da Língua Portuguesa. São Paulo: Melhoramentos. Disponível em: https://bit.ly/3C8otJF. Acesso em: 03 set. 2019. FOUCAULT, M. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979. MADRIGANO, H. Hospitais: modernização e revitalização dos recursos físicos. In: CONSELHO FEDERAL DE ADMINISTRAÇÃO. Manual do administrador. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. TEIXEIRA, F. Fluxograma. Fernanda Teixeira, [s. d.]. Disponível em: https://fernandasteixeira.portfoliobox.net/edifciovertical-k8ju. Acesso em: 02 nov. 2021. TOLEDO, L. C. Feitos para curar: Arquitetura Hospitalar e processo projetual no Brasil. Orientador: Vicente del Rio. 2002. 184 f. Dissertação (Mestrado em Teoria e Projeto) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. UFRJ. Rio de Janeiro. 2002. Versões impressa e eletrônica. Arquitetura Hospitalar _heading=h.ud11is5qgkzd _heading=h.1u28o72bxfht Entendendo o fluxo de circulação e movimentação de pessoas O fluxo de pessoas Tipologia de fluxos Circulação Setorização Compreendendo o ambiente hospitalar e o projeto de Arquitetura Edifícios e o ambiente hospitalar O projeto O projeto arquitetônico Conhecendo a interface entre as áreas e o pré-dimensionamento A interface entre as áreas críticas e não críticas Pré-dimensionamento de ambientes Planejando o ambiente hospitalar A importância do planejamentoPlanejamento hospitalar