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Aula 03 Imunologia p/ EMSERH (Biomédico) Professor: Denise Rodrigues 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 66 AULA 03: Doenças Autoimunes, Carcinogênese e Leucemias SUMÁRIO PÁGINA 1. Saudação Inicial 01 2. Autoimunidade 02 3. Doenças Autoimunes 08 4. Carcinogênese 28 5. Leucemias 41 6. Lista de Questões 54 7. Gabarito 64 8. Referências Bibliográficas 65 Saudação Inicial Olá, caros concursandos! Sejam bem-vindos à nossa última aula do curso de imunologia para o concurso da EMSERH. Veremos os seguintes tópicos: doenças autoimunes, carcinogênese e leucemias. Vamos estudar mecanismos de tolerância e autoimunidade, doenças autoimunes, o processo de carcinogênese, os tipos de leucemias, dentre outros. Como vocês devem ter percebido, o edital é extremamente sucinto, não detalhando os tópicos dentro de cada assunto. Nesse caso, mais do que nunca, iremos nos basear nas questões previas de concursos para biomédico e, sempre que possível, em questões da AOCP na tentativa de inferir o que se espera dos candidatos e direcionar nosso estudo. 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 66 Autoimunidade É definida como a resposta imune contra antígenos próprios (autólogos). A autoimunidade decorre da falha de mecanismos de auto tolerância, gerando respostas imunes contra antígenos autólogos. É uma importante causa de doença, afetando de 2% a 5% da população nos países desenvolvidos e a prevalência de diversas doenças autoimunes está aumentando. É importante diferenciar os distúrbios associados a uma resposta imune descontrolada (por exemplo, as alergias - hipersensibilidade tipo I) das doenças autoimunes, onde a particularidade é que as respostas são direcionadas contra antígenos próprios. Tolerância Imunológica Um sistema imune normal tem a capacidade de reagir a uma enorme variedade de microrganismos, mas não contra antígenos do indivíduo. Esta não responsividade aos antígenos próprios é chamada de tolerância imunológica e precisa ser mantida. Mas os linfócitos que reconhecem antígenos próprios são constantemente gerados durante o processo normal de maturação de linfócitos e o sistema imune está em contato constante com esses auto antígenos. Então como o organismo impede a resposta imune aos antígenos próprios?? Quando linfócitos com receptores para um antígeno em particular encontram esses antígenos, qualquer uma das três respostas é possível: 1) Os linfócitos podem ser ativados para que se proliferem e se diferenciem em células efetoras e células de memória, levando a uma resposta imune produtiva. Os antígenos que provocam tal resposta são ditos imunogênicos. 2) Os linfócitos podem ser funcionalmente inativados ou eliminados, resultando na tolerância. Os antígenos que induzem tolerância são ditos tolerogênicos. 3) Em algumas situações, os linfócitos antígeno-específicos podem não reagir de maneira alguma. Este fenômeno tem sido chamado de 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 66 ignorância imunológica: os linfócitos simplesmente ignoram a presença do antígeno. Normalmente, os microrganismos são imunogênicos e os antígenos próprios são tolerogênicos. A escolha entre a ativação dos linfócitos e a tolerância é altamente determinada pela natureza do antígeno e dos sinais adicionais presentes quando o antígeno é apresentado ao sistema imune. Falhas da auto tolerância são a causa subjacente das doenças autoimunes. A tolerância imunológica a diferentes antígenos próprios pode ser: 1) Tolerância Central: induzida quando os linfócitos em desenvolvimento encontram esses antígenos nos órgãos linfoides geradores (centrais); 2) Tolerância Periférica: induzida quando os linfócitos maduros reconhecem antígenos próprios nos órgãos linfoides secundários ou nos tecidos periféricos; Tolerância central dos linfócitos T Os principais mecanismos da tolerância central nas células T são a morte celular (seleção negativa) e a geração de células T reguladoras CD4+. Os linfócitos que se desenvolvem no timo possuem receptores capazes de reconhecer muitos antígenos, tanto próprios como estranhos. Se um linfócito T imaturo interage fortemente com um antígeno próprio, apresentado como um peptídeo ligado a uma molécula do MHC, este linfócito recebe sinais que estimulam a apoptose e morre antes de poder completar o processo de maturação. Esse processo de seleção negativa é o principal mecanismo de tolerância central. 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 66 Poliendocrinopatia autoimune (poliglandular): síndrome rara em que diversos antígenos teciduais não são expressos no timo em função da falta de uma AIRE funcional (AIRE é um fator de transcrição responsável pela expressão tímica de diversas proteínas antigênicas próprias), de modo que as células T imaturas específicas para esses antígenos não são eliminadas. Esses antígenos são normalmente expressos nos tecidos periféricos apropriados (desde que somente a expressão tímica seja afetada pela AIRE defeituosa). Logo, as células T específicas para esses antígenos surgem do timo, encontram os antígenos nos tecidos periféricos e atacam os tecidos e causam doença. Tolerância periférica dos linfócitos T Ocorre quando as células T maduras reconhecem antígenos próprios nos tecidos periféricos, levando à inativação funcional (anergia) ou morte (deleção/apoptose) ou ainda os linfócitos podem ter sua atividade autorreativa suprimida pelas células T reguladoras. A tolerância periférica é importante para evitar respostas da célula T aos antígenos próprios que não estão presentes no timo e proporcionar mecanismos de controle nas situações em que a tolerância central é incompleta. O reconhecimento antigênico sem coestimulação adequada resulta na anergia ou morte da célula T, ou torna as células T sensíveis à supressão pelas células T reguladoras. Tolerância Central das Células B Quando linfócitos B imaturos interagem fortemente com antígenos próprios na medula óssea, as células B tanto podem sofrer seleção 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 66 negativa quanto podem alterar a especificidade do seu receptor (edição de receptor). Tolerância Periférica das Células B Linfócitos B maduros que encontram antígenos próprios nos tecidos linfoides periféricos ficam incapazes de responder novamente àquele antígeno próprio. Patogênese da Autoimunidade Os principais fatores no desenvolvimento da autoimunidade são a herança de genes de suscetibilidade e estímulos ambientais. Vejamos: 1) Herança de genes de suscetibilidade Acredita-se que os genes da suscetibilidade possam interferir com vias da auto tolerância e levar à autorreatividade. A maior contribuição de risco hereditário para a maioria das doenças autoimunes é atribuída agenes do complexo MHC/HLA. A probabilidade que um indivíduo que expressa determinada molécula MHC tem de desenvolver uma doença autoimune, em comparação com indivíduos que não expressam esta molécula é chamada risco relativo. A incidência de uma doença autoimune em particular frequentemente é maior em indivíduos que herdaram um determinado alelo do HLA do que na população em geral. Por exemplo: em indivíduos que possuem o alelo HLA-B27, o risco de desenvolver espondilite anquilosante, uma doença autoimune da coluna, é 90 a 100 vezes maior que nos indivíduos B27-negativos. 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS ==d9788== Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 66 Tabela: associações de doenças autoimunes com alelos do locus MHC/HLA. Genes não HLA também são associados a diversas doenças autoimunes e podem contribuir com a falha de auto tolerância ou ativação anormal dos linfócitos. Muitas desses alelos associados à doença já foram descritos, como podemos ver na tabela (A) abaixo: Tabela: papéis dos genes não MHC na autoimunidade. Legenda: EM: Esclerose múltipla; AR: artrite reumatoide; LES: lúpus eritematoso sistêmico. 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 66 2) Estímulos ambientais (Ex: infecções) Os estímulos ambientais podem provocar lesão celular, lesão tecidual e inflamação, resultando na entrada e ativação de linfócitos autorreativos e desenvolvimento de doenças autoimunes. Dentre esses estímulos ambientais, há muito tempo já se observa que as manifestações clínicas da autoimunidade são frequentemente precedidas por episódios infecciosos. As infecções podem contribuir de diversas maneiras. 1) A infecção de um tecido pode induzir uma resposta local da imunidade inata, que pode ocasionar o aumento da expressão de co-estimuladores e citocinas pelas APC’s teciduais. E quando essas APC’s apresentam auto antígenos com a presença concomitante de co-estimuladores, as células T específicas são ativadas ao invés de se tornarem tolerantes. 2) Algumas infecções microbianas podem produzir peptídeos antigênicos que são similares a antígenos próprios. Essa semelhança é denominada mimetismo molecular e pode resultar em reações cruzadas: a resposta imune iniciada pelo microrganismo pode passar a ser direcionada às células e aos tecidos próprios. Ex: Esclerose Múltipla: semelhança entre mielina e peptídeos virais - Influenza, adenovírus, poliomielite, Epstein-Barr, vírus da hepatite B. 3) As infecções podem também causar lesão tecidual e liberar o contato com auto antígenos que normalmente estavam “ocultos” para o sistema imune. Exemplo: na febre reumática, anticorpos produzidos contra Estreptococos beta hemolítico do Grupo A fazem reação cruzada com antígenos do miocárdio e causam a doença cardíaca. Também pode 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 66 afetar o coração, o cérebro, as articulações e o tecido subcutâneo. Doenças Autoimunes Compõem um conjunto de diversas patologias que tem como característica comum o ataque de células, tecidos ou estruturas do próprio organismo, que pode resultar em lesão tecidual e doença. Características: - Maior incidência em mulheres; - Heterogeneidade entre os pacientes acometidos; - Causa multifatorial; - Os antígenos próprios indutores e alvos das reações autoimunes frequentemente são desconhecidos; - Podem apresentar manifestação clinica muito tempo depois de as reações autoimunes terem sido iniciadas. Classificação: 1) Sistêmicas; 2) Órgão-específicas; A lesão tecidual nas doenças autoimunes pode ser causada por: 1) Anticorpos; ou 2) Células T reativas; Principais fatores no desenvolvimento da autoimunidade: Herança de genes suscetíveis Estímulos ambientais (Ex: infecções) 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 66 Causador da lesão tecidual nas doenças autoimunes: Anticorpos contra os antígenos próprios Células T reativas contra antígenos próprios; Já estudamos os tipos de hipersensibilidade, recordam? Dos 4 tipos que estudamos, três tipos podem ter importante envolvimento na patogênese de doenças autoimunes: Hipersensibilidade tipo II (mediada por anticorpos), III (mediada por complexos imunes) e Hipersensibilidade tipo IV (mediada por células T). Doenças Autoimunes Mediadas por Anticorpos Anticorpos (outros que não a IgE) podem causar lesão tecidual e doença ao: A: se ligar diretamente a seus antígenos-alvo na superfície das células e na matriz extracelular (hipersensibilidade tipo II); ou B: formar complexos imunes que se depositam principalmente nos vasos sanguíneos (hipersensibilidade tipo III). Etiologia das Doenças Mediadas por Anticorpos Anticorpos causadores de doenças são com mais frequência anticorpos contra antígenos próprios e menos comumente contra antígenos estranhos (por exemplo, antígenos microbianos que levam a reações cruzadas). As doenças mais bem descritas provocadas por anticorpos produzidos contra os antígenos microbianos são a febre reumática (por anticorpos) e glomerulonefrite pós-estreptocócica (por complexos imunes). Após essas infecções, alguns indivíduos produzem anticorpos antiestreptocócicos que fazem reação cruzada com um antígeno nos tecidos cardíacos. A deposição desses anticorpos no coração desencadeia 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 66 uma doença inflamatória chamada febre reumática, que pode levar à insuficiência cardíaca aguda, ou cicatrização lenta das válvulas e insuficiência cardíaca de início tardio. Outros indivíduos produzem anticorpos antiestreptocócicos que se depositam nos glomérulos renais, causando um processo inflamatório chamado de glomerulonefrite pós- estreptocócica, que pode levar à insuficiência renal. Mecanismos de Lesão Tecidual e Doença Os anticorpos específicos de antígenos celulares e teciduais causam doenças ao: A: induzir inflamação no local do depósito; B: opsonizar células para fagocitose; e C: interferir nas funções celulares normais, como a sinalização de receptores hormonais. Os três mecanismos são vistos com anticorpos que se ligam diretamente a seus antígenos-alvo. Já no caso dos complexos imunes, o que ocorre é que geralmente causam doença basicamente por induzir inflamação. Alguns anticorpos podem causar doença sem induzir diretamente lesão tecidual. Por exemplo, anticorpos contra receptores hormonais podem inibir a função do receptor. Por exemplo, ocorre em alguns casos de miastenia grave: anticorpos contra o receptor de acetilcolina inibem a transmissão neuromuscular e causam paralisia. Outros anticorpos podem ativar diretamente os receptores, imitando seus ligantes fisiológicos. Em uma forma de hipertireoidismo denominada Doença de Graves, anticorpos contra o receptor do hormônio estimulanteda tireoide estimulam as células da tireoide mesmo na ausência do hormônio. Na tabela abaixo estão listadas doenças mediadas por anticorpos antiteciduais (hipersensibilidade tipo II). 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 66 Tireoidite de Hashimoto: anticorpos contra antígenos da tireoide, processo inflamatório intenso na tireoide (linfócitos, plasmócitos e macrófagos), aumento do volume glandular (bócio), queda na produção dos hormônios da tireoide = hipotireoidismo. Doença de Graves: atinge mais mulheres na faixa de 30-40 anos, autoanticorpos para o receptor de TSH, levando a excessiva produção dos hormônios e hipertireoidismo. 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 66 Miastenia Grave: anticorpos anti-receptor de acetilcolina, destruição do receptor, fraqueza muscular. Espondilite Anquilosante: doença em que ocorre comprometimento das articulações sacroilíaca e periférica. Tem associação com o HLA B27 (90% dos pacientes), afeta homens com menos de 40 anos (mais suscetíveis que as mulheres), a reação contra peptídeo próprio associado ao HLA B27 pode estar relacionada a infecções por: Clamídia, Shigella, Salmonela, Yersiniae Campylobacter. Não há implicação de fator reumatoide nessa doença autoimune. E na tabela abaixo estão listadas doenças mediadas por complexos imunes (hipersensibilidade tipo III). Nessas doenças, complexos imunes são detectados no sangue ou nos tecidos no local da lesão. Em todas essas desordens a lesão é causada por inflamação mediada por complemento e receptor de Fc. 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 66 - Artrite reumatoide: deposição de imunocomplexos circulantes. - Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES): é uma das doenças autoimunes mais cobradas em prova. Caracterizada pela produção de autoanticorpos, formação e deposição de imunocomplexos, inflamação em diversos órgãos e dano tecidual. Anticorpos: anti-hemácias, antilinfócitos e plaquetas, antineuronais, anticardiolipina, antinucleares (DNA, histonas, RNA, proteínas nucleares). Há importante participação de fatores hormonais, ambientais, genéticos e imunológicos para o surgimento da doença. As características clínicas são polimórficas e a evolução costuma ser crônica, com períodos de exacerbação e remissão. A doença pode cursar com: artrites, glomerulonefrite, erupção cutânea, vasculite, disfunção renal, miosite, manifestações mucocutâneas, hemocitopenias imunológicas, diversos quadros neuropsiquiátricos e pneumonite. LES afeta indivíduos de todas as raças, sendo 9 a 10 vezes mais frequente em mulheres durante a idade reprodutiva. Vejamos também alguns exames laboratoriais que são úteis no diagnóstico/monitoramento do LES: Pesquisa de autoanticorpos: Anticorpos antinúcleo (FAN): positiva na maioria dos pacientes com LES e em outras doenças do colágeno. Anticorpos anti-DNA de dupla hélice: concentrações altas são características de LES. Fator reumatoide: pode ser positivo. Velocidade de hemossedimentação: aumentada por causa da inflamação. Proteína C reativa: elevada por causa da inflamação. VDRL: pode ser falso positivo. C3 - fração 3 do complemento e outras frações do complemento: com frequência apresenta-se diminuída, o que pode ocorrer também em algumas infecções. 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 66 Tratamento de Doenças Causadas por complexos imunes O tratamento dessas doenças visa principalmente limitar a inflamação e as suas consequências negativas, com agentes como os corticosteroides. Nos casos graves, utiliza-se plasmaférese para reduzir os níveis de anticorpos ou complexos imunes circulantes. Algumas dessas doenças respondem bem ao tratamento com IgG intravenosa coletada de doadores saudáveis. O tratamento de pacientes com um anticorpo específico para CD20, uma proteína de superfície de células B maduras, resulta em depleção das células B e pode ser útil no tratamento de alguns distúrbios mediados por anticorpos. Outras abordagens: tratar os pacientes com antagonistas que bloqueiam o ligante CD40, inibindo assim a ativação da célula B dependente da célula T auxiliar, e utilizando anticorpos para bloquear as citocinas que promovem a sobrevida das células B e dos plasmócitos. Doenças Causadas Por Linfócitos T Etiologia das Doenças Mediadas por Células T As principais causas de reações de hipersensibilidade mediadas por células T são autoimunidade e respostas exageradas ou persistentes aos antígenos ambientais (infecções). As reações autoimunes mediadas por linfócitos T em geral são direcionadas contra antígenos celulares com distribuição tecidual restrita. Portanto, atenção: as doenças autoimunes mediadas por célula T tendem a se limitar a alguns poucos órgãos, geralmente não são sistêmicas. Exemplos das reações de hipersensibilidade mediadas pela célula T contra os antígenos ambientais: Sensibilidade de contato a substâncias químicas: p. ex., aquelas encontradas na hera venenosa. Sensibilidade de contato à microrganismos: p. ex. na tuberculose há uma resposta imune mediada pela célula T contra os antígenos proteicos do Mycobacterium tuberculosis, e a resposta torna-se crônica porque se 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 66 trata de uma infecção difícil de erradicar. A inflamação granulomatosa resultante é a principal causa de lesão em tecidos normais no local da infecção. Outro exemplo: na infecção pelo vírus da hepatite, o próprio vírus pode não ser altamente citopático, mas a resposta do linfócito T citotóxico (CTL) aos hepatócitos infectados pode causar comprometimento hepático. Doenças mediadas por célula T (hipersensibilidade tipo IV) resultam de inflamação causada por citocinas produzidas por células CD4+ TH1 e TH17 ou pelo extermínio de células do hospedeiro por CTL CD8+. As células TH1 são a fonte de interferon-┛ (IFN-┛), a principal citocina ativadora de macrófagos, e as células TH17 são responsáveis pelo recrutamento de leucócitos, incluindo neutrófilos. A lesão tecidual verdadeira nessas doenças é causada, principalmente, por macrófagos e neutrófilos. A reação típica mediada pelas citocinas da célula T é a hipersensibilidade de tipo tardio (HTT), assim chamada porque ocorre de 24 a 48 horas após um indivíduo anteriormente exposto a um antígeno proteico ser desafiado com esse mesmo antígeno novamente (i.e., a reação é tardia). A reação ocorre tardiamente porque leva muitas horas para os linfócitos T efetores circulantes voltarem ao local de teste do antígeno, responderem ao antígeno nesse local e induzirem uma reação detectável. Doenças Autoimunes Causadas por Células T São distúrbios tipicamente crônicos e progressivos. E a lesão tecidualinicial provoca liberação e alteração das proteínas próprias, que podem resultar em novas reações contra essas proteínas recém- encontradas. As doenças inflamatórias crônicas que são iniciadas pelas reações imunes são chamadas de doenças inflamatórias imunomediadas. 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 66 A esclerose múltipla, a artrite reumatoide e o diabetes tipo I são distúrbios autoimunes causados por células T. A Doença de Crohn, uma doença inflamatória do intestino, é provavelmente causada por reações contra microrganismos no intestino e pode ter um componente de autoimunidade. As outras doenças da tabela são causadas por reações contra antígenos estranhos (microbianos ou ambientais). Atenção: a hepatite viral e a síndrome do choque tóxico são exemplos clínicos de distúrbios nos quais as células T desempenham um papel patogênico importante, mas elas não são consideradas exemplos de hipersensibilidade. -Artrite Reumatóide: distribuição mundial, prevalência de 1%, mulheres de 30-35 anos mais suscetíveis (3:1), afeta articulações periféricas bilateralmente, destruição da cartilagem, erosões ósseas e deformidades articulares, manifestações extra articulares: vasculite e nódulos subcutâneos. Manifestação: hiperplasia e hipertrofia do revestimento sinovial com lesão microvascular, vasos sanguíneos circundados por linfócitos T, macrófagos e células B, prevalência de CD4+ sobre CD8+, exsudato da cavidade articular repleto de polimorfonucleares, produção e secreção de TNF-alfa e IL-1, presença de fator reumatoide. ATENÇÃO: na AR temos implicação de resposta imune humoral e celular! -Psoriase: não se sabe a causa exata da psoríase, mas o que se acredita é que nas pessoas que tem psoríase, as células T acabam atacando células saudáveis da pele, como se fossem combater uma infecção. Isso costuma trazer várias consequências, como a dilatação de vasos sanguíneos e o aumento no número de glóbulos brancos, que avançam para camadas mais externas da pele de forma muito rápida, provocando lesões avermelhadas. 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 66 Na tabela a seguir há uma lista de doenças nas quais as células T têm participação dominante na lesão tecidual, mas anticorpos e complexos imunes também podem contribuir. Legenda: CTL, Linfócito T Citotóxico; HTT, hipersensibilidade tardia; HBV, vírus da hepatite B; HCV, vírus da hepatite C. 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 66 Tratamento de Doenças Causadas por Linfócitos T A terapia para esses distúrbios de hipersensibilidade visa a reduzir a inflamação e inibir as respostas da célula T. A base do tratamento dessas doenças são os esteroides anti-inflamatórios potentes, mas esses medicamentos têm efeitos colaterais significativos. Antagonistas do TNF também são benéficos em pacientes com artrite reumatoide e doença intestinal inflamatória pela redução da inflamação. Antagonistas contra os receptores para citocinas como IL-1, IL-6 e IL-17 também têm sido desenvolvidos. A depleção da célula B com o anti-CD20 também foi eficaz na artrite reumatoide e esclerose múltipla; mas não está claro se isso ocorre porque os anticorpos contribuem com as doenças ou porque as células B funcionam como APC para promover a ativação da célula T. Agora vamos conferir questões de prova sobre isso: 1. (2015/AOCP/FUNDASUS/Analista-Biomédico) A Esclerose Múltipla é uma doença em que o sistema imunológico começa a produzir anticorpos contra componentes dos neurônios, causando a destruição dos mesmos. Esta é característica de qual doença? A) Doença Autoimune. B) Doença Carcinogênica. C) Doença Cardiovascular. D) Doença Transmissível. E) Doença Sexualmente Transmissível. Comentário: sempre que houver o ataque de células, tecidos ou estruturas por anticorpos produzidos no próprio organismo, estamos diante de uma doença autoimune. Vimos essa questão em aula anterior, mas hoje estudamos a patogenia das doenças auto-imunes. No caso da EM, trata-se de lesão por reação imune celular mediada por células T 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 66 (Hipersensibilidade tipo IV). O enunciado da questão não está muito bom, não é pessoal? Gabarito: A. 2. (2010/IDECAN/Ophir Loyola/Biomédico) Qual dessas doenças pode ser classificada como uma reação autoimune do tipo IV (mediado por células)? A) Doença de Graves. B) Hepatite autoimune. C) Miastenia grave. D) Diabete melito insulino-dependente. Comentário: na Doença de Graves, anticorpos (reação de hipersensibilidade tipo II-mediada por anticorpos) dirigidos contra o receptor do hormônio TSH (hormônio estimulador da tireoide) levam a uma hiperestimulação da tireoide e hipertireoidismo. A Miastenia Grave também é causada por autoanticorpos, nesse caso são dirigidos contra receptores de acetilcolina, impedindo a ligação da Ach e induzindo a redução do número de receptores, resultando em fraqueza muscular e paralisia. Na hepatite autoimune citada na letra C, o sistema imune produz anticorpos antinucleares (FAN), anticorpos contra músculo liso (AML) e anticorpos contra microssomos do fígado (A-LKM), entre outros. Os exames de sangue ajudam a distinguir a hepatite autoimune de hepatites virais (A, B e C). De qualquer forma, é uma resposta autoimune mediada por anticorpos. No caso de hepatites virais, algumas vezes ocorre que no curso da infecção pelo vírus, a resposta do linfócito T citotóxico (CTL) aos hepatócitos infectados pode causar comprometimento hepático, sendo então a resposta imune celular mais prejudicial que o próprio vírus, porém, não é uma resposta dirigida contra auto antígenos e não é o tipo de hepatite a que se refere a letra C. Restou a letra D que é a alternativa correta, exemplo clássico de reação tipo IV, memorizem: diabetes tipo I. Gabarito: D. 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS d Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 66 3. (2013/IBFC/EBSERH/Biomédico) Entre as doenças autoimunes encontra-se a artrite reumatoide, sendo a pesquisa do Fator Reumatoide (FR) um dos critérios diagnósticos da doença. Quanto ao FR, é correto afirmar: a) O primeiro ensaio desenvolvido para sua pesquisa foi a reação de Waaler-Rose, utilizando hemácias de carneiro sensibilizadas com IgM. b) O teste do látex para investigação do FR emprega metodologia de nefelometria e os resultados são expressos em títulos. c) Fatores reumatoides são autoanticorpos, principalmente da classe IgM. d) Uma reação de FR negativa exclui artrite reumatoide. Comentário: FR é o termo usado para definir auto anticorpos (em geral IgM pentamérica mas também já foram identificados como IgG ou IgA) dirigidos contra a porção Fc (fração constante) de anticorpos IgG (podendo também ser IgA1, IgM ou IgE). Para o teste,IgG é adsorvida ao látex, havendo exposição dos determinantes que são reconhecidos pelo Fator Reumatóide. Se houver FR no soro do paciente, haverá aglutinação das partículas de látex. Se não houver aglutinação, resultado negativo. O Fator Reumatóide foi descrito em 1940 por Waaler e Rose na artrite reumatoide, sendo esta a doença com a qual ele é mais tradicionalmente relacionado, mas não é a única. O FR está presente em várias doenças reumáticas e condições não reumatológicas também. Além disso, o FR também é encontrado nas populações jovem e idosa saudáveis, em diferentes porcentagens. Ou seja, sua presença não necessariamente indica doença e uma exame de FR negativo também não exclui artrite reumatoide. Na verdade, o significado deve ser interpretado junto aos demais dados sobre a condição do paciente. Letra A errada, as hemácias ou partículas de látex devem ser sensibilizadas com IgG. Na letra B, os resultados são expressos em títulos, mas a leitura é feita visualmente no teste do látex. Letra C é a correta e letra D, conforme já explicado, não procede. Gabarito: C. 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS 9 Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 66 4. (2014/IADES/2014/EBSERH/Biomédico) A artrite reumatoide é uma doença autoimune sistêmica progressiva associada à inflamação crônica dos tecidos sinoviais de etiologia desconhecida. O teste de fator reumatoide (FR) é o mais útil dos testes imunológicos para a confirmação de doença. Quanto aos métodos que avaliam o FR, assinale a alternativa correta. a) Na prova do látex, usam-se partículas de látex revestidas com imunoglobulina M (IgM) humana desnaturada. b) Na reação de Waller-Rose, usam-se eritrócitos de carneiro, revestidos por imunoglobulina de coelho. Essa reação é mais sensível que a prova do látex. c) A reação de Waller-Rose apresenta a desvantagem de não fornecer o resultado em títulos, como na prova do látex. d) Na prova do látex, a primeira diluição que apresentar aglutinação será considerada título da amostra. e) Reações falso-positivas para FR podem ocorrer em infecções bacterianas ou parasitárias crônicas. Comentário: os ensaios tradicionais para investigação do FR empregam partículas de látex revestidas por IgG humana (prova do látex) ou, na hemaglutinação indireta, hemácias de carneiro revestidas por imunoglobulina de coelho (reação de Waller-Rose). A prova do látex é considerada mais sensível, e a reação de Waller-Rose, mais específica. Realizadas em conjunto, fornecem dados complementares. No teste de Waller-Rose o resultado do título aproximado corresponderá a diluição mais alta do soro que apresentar aglutinação claramente visível. Podem aparecer falsas positividades em outras condições distintas à artrite reumatoide como na mononucleose infecciosa, sífilis, hepatite e outras doenças, assim como pessoas de idade avançada. Letra E é a correta, portanto. Gabarito: E. 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS 7 Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 66 5. (2014/AOCP/UFGD/Biomédico) As doenças autoimunes são um tipo de desordem imunológica em que o organismo não reconhece os antígenos dos tecidos ou substâncias do próprio organismo e os ataca. São exames laboratoriais que auxiliam no diagnóstico de doenças autoimunes, EXCETO. a) Células LE. b) Dosagem de C5. c) Anticardiolipina d) Dosagem de CD4. e) Fator Anti-núcleo (FAN) Comentário: vamos ver item por item. Na letra A, pesquisa de células LE é um exame por microscopia para avaliação de doenças autoimunes, especialmente lupus eritematoso sistêmico. O fenômeno LE é utilizado para a demonstração indireta de anticorpos antinucleares. Neste teste, núcleos celulares são separados dos citoplasmas e incubados com o soro do indivíduo, possibilitando a ligação dos anticorpos antinucleares que serão posteriormente ligados a neutrófilos ou monócitos (para fagocitose), numa morfologia típica, observada ao microscópio. Este teste possui sensibilidade e especificidade relativamente baixas, sendo atualmente substituído por testes mais específicos. Letra B: dosagem de C3 e outras proteínas do complemento são utilizadas no monitoramento de doenças autoimunes, níveis baixos indicam ativação da via clássica do complemento. Letra C: os autoanticorpos para cardiolipina são descritos em várias doenças autoimunes (ex:LES). A presença de anticorpos Anticardiolipina no Lúpus eritematoso sistêmico (SLE) podem estar relacionados ao desenvolvimento da trombose e trombocitopenia. Letra E: pesquisa de anticorpos antinucleares, conhecidos como Fator Antinuclear (FAN). Alternativa correta é a letra D, dosagem de CD4, pois esse exame tem a finalidade de avaliar o estado do sistema imunológico e o risco de complicações e de infecções debilitantes devido à redução desses linfócitos. Exame utilizado juntamente com exame da carga viral do HIV para monitorar a doença e eficácia do tratamento antirretroviral. 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS 8 Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 66 Gabarito: D. 6. (2015/AOCP/EBSERH-HE-UFPEL/Biomédico) Com relação às doenças autoimunes, assinale a alternativa INCORRETA. A) Doença autoimune é uma condição que ocorre quando o sistema imunológico ataca e destrói tecidos saudáveis do corpo. Como exemplo tem-se a Doença de Graves. B) As doenças autoimunes são classificadas em: órgão específicas, intermediárias e sistêmicas, sendo o Lupus eritematoso sistêmico um exemplo da classificação órgão-específica. C) O tratamento destas doenças baseia-se na inibição do sistema imunológico através da administração de drogas imunossupressoras. D) A tireoidite de Hashimoto constitui uma doença autoimune, na qual surgem os sintomas do hipotireoidismo. E) O diagnóstico das doenças autoimunes é feito através do quadro clínico que o paciente apresenta e através de exames laboratoriais de sangue, nos quais são pesquisados autoanticorpos. Comentário: questão fácil! O LES é uma doença autoimune sistêmica! Letra B incorreta. Todas as demais estão ok, aproveitem para memorizar informação sobre as doenças autoimunes. Gabarito: B. 7. (2015/AOCP/EBSERH-HC-UFG/Biomédico) O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença inflamatória crônica, multissistêmica, de natureza autoimune e de etiologia multifatorial. Em relação ao LES, assinale a alternativa correta. A) A atividade da doença é de duração limitada e evolui espontaneamente para a cura. B) Provas sorológicas não podem ser utilizadas para a avaliação da atividade da doença. C) Não há um único marcador sorológico que se correlacione com a atividade da doença em todos os pacientes. 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS 8 Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 66 D) O tratamento da doença é realizado principalmente pelo uso de antibióticos, vacinas específicas, corticoides e ácido acetilsalicílico. E) O LES é determinado geneticamente por herança ligada ao cromossomo Y, acometendo exclusivamente indivíduos do sexo masculino. Comentário: letra C é a correta, única coerente com o que foi estudado. Ainda não se sabe a etiologia de todas as doenças autoimunes humanas, em geral são heterogênease multifatoriais, os auto antígenos indutores e alvos frequentemente são desconhecidos, podem se manifestar clinicamente muito depois de as reações autoimunes terem começado, os marcadores, alvos da doença e sintomatologia podem diferir entre os pacientes, etc... Gabarito: C. 8. (2015/AOCP/EBSERH-HE-UFSCAR/Biomédico) Assinale a alternativa INCORRETA com relação às doenças autoimunes. A) Artrite reumatoide é uma doença autoimune. O fator reumatoide não é específico para artrite reumatoide. B) O lúpus eritematoso sistêmico também é uma doença autoimune, comprometendo principalmente o rim. C) O diagnóstico das doenças autoimunes é feito através do quadro clínico que o paciente apresenta e através de exames laboratoriais de sangue, onde são pesquisados autoanticorpos. D) Doença de Hashimoto é uma doença autoimune em que os sintomas são aumento na atividade da glândula tireoide. E) Uma doença autoimune é uma condição que ocorre quando o sistema imunológico ataca e destrói tecidos saudáveis do corpo. Comentário: na letra D, temos que a Doença de Hashimoto leva ao aumento da atividade na glândula tireoide. Na verdade, é o contrário! É uma doença autoimune na qual o organismo produz anticorpos contra a glândula tireoide levando a uma inflamação crônica que pode acarretar bócio e hipotireoidismo. Memorize o mecanismo e consequência dessa 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 66 doença! É causa mais comum de aumento da tireoide em mulheres entre os 20 e 40 anos de idade. Gabarito: D. 9. (2015/AOCP/EBSERH-HE-UFSCAR/Biomédico) Uma doença autoimune é uma condição que ocorre quando o sistema imunológico ataca e destrói tecidos saudáveis do corpo por engano. Dentre as alternativas a seguir, selecione aquela que NÃO classifica uma doença autoimune. A) Lúpus. B) Vitiligo. C) Esclerose múltipla. D) Diabetes tipo 2. E) Doença de Graves. Comentário: cuidado com as pegadinhas, pessoal! Existem dois tipos de diabetes, tipo I e tipo II. O tipo I é autoimune, ocasionada pela destruição das células Beta do pâncreas, mediada por reação imune celular. Diabetes Tipo II é uma doença metabólica, complexa, caracterizada por uma diminuição da secreção pancreática de insulina e uma diminuição da ação da insulina ou resistência à insulina nos órgãos periféricos, resultando em hiperglicemia e glicotoxicidade. Portanto, letra D está errada, não é autoimune! Gabarito: D 10. (2015/AOCP/EBSERH-HU-UFJF/Biomédico) A doença autoimune ocorre quando o sistema de defesa perde a capacidade de reconhecer o que é “original de fábrica”, levando à produção de anticorpos contra células, tecidos ou órgãos do próprio corpo. São exemplos de doença autoimune: A) Diabetes tipo 1, Esclerose múltipla e Tireoide de Hashimoto. B) Tireoide de Hashimoto, Doença celíaca e Fenilcetonúria. C) Esclerose múltipla, Psoríase e Fibrose cística. D) Diabetes tipo 2, Distrofia miotônica e Síndrome de Marfan. 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 66 E) Diabetes tipo 1, Diabetes tipo 2 e Síndrome de Turner. Comentário: a única alternativa que elenca apenas doenças autoimunes é a letra A, vimos as três patologias ao longo de nossa aula. As demais trazem algumas doenças metabólicas e síndromes de origem genética. Gabarito: A. 11. (2015/AOCP/EBSERH-HU-UFJF/Biomédico) Quando falamos de doenças desmielinizantes, sabemos que há um isolamento elétrico (bainha de mielina). Quando relacionadas com doenças autoimunes, entende-se que A) há uma perda da bainha de mielina devido ao baixo estímulo do neurônio. B) a bainha de mielina não consegue ser produzida pela falta de sinapse. C) os próprios neurônios se destroem por haver colapsos entre eles. D) os anticorpos irregulares produzidos pelo próprio corpo atacam seu próprio organismo, tornando os estímulos mais lentos. (E) os estímulos se tornam mais rápidos, causando a destruição dos neurônios pelos anticorpos que os reconhecem como estranhos. Comentário: questão boa e fácil, que exige conhecimento sobre mecanismos em doença autoimune em geral e apenas utiliza a Esclerose Múltipla como pano de fundo, mas não trata do mecanismo dessa doença especificamente. Sem erro é a letra D. Ficou alguma dúvida? Se precisarem, podem entrar em contato pelo fórum! Gabarito: D. 12. (2015/AOCP/EBSERH-HU-UFJF/Biomédico) Como é mediada a hipersensibilidade do tipo IV? A) É mediada por anticorpos das classes IgM ou IgG e complemento, sendo que fagócitos e células K também participam (ADCC). A lesão contém anticorpos, complemento e neutrófilos. 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 66 B) É mediada por células ou reações de hipersensibilidade tardia – DTH. Está envolvida na patogênese de muitas doenças autoimunes e infecciosas e granulomas, devido a infecções e antígenos estranhos. C) É mediada por complexos imunes solúveis, são na maioria de classe IgG, embora IgM possa estar também envolvida. O antígeno pode ser exógeno (bacteriano crônico, viral ou infecções parasitárias) ou endógeno (autoimunidade não órgão-específica). D) É mediada por IgE. O componente primário celular nessa hipersensibilidade é o mastócito ou basófilo e a reação é amplificada e/ou modificada por plaquetas, neutrófilos e eosinófilos. E) É mediada por células e complexos autoimunes insolúveis, sendo na maioria IgA e IgE. Comentário: hipersensibilidade tipo IV é também conhecida como mediada por células ou hipersensibilidade tardia. Resulta das reações dos linfócitos T (e também tem envolvimento de macrófagos), geralmente contra antígenos próprios nos tecidos, mas também infecciosas. Vimos que as principais causas de reações de hipersensibilidade mediadas por células T são autoimunidade e respostas exageradas ou persistentes aos antígenos ambientais (infecciosos). Em geral são direcionadas contra antígenos celulares com distribuição tecidual restrita, portanto, as doenças autoimunes mediadas por célula T tendem a se limitar a alguns poucos órgãos, geralmente (não confunda com sempre ) não sistêmicos. Gabarito: B. 13. (2009/CESPE/FHS-SE/Terapeuta Ocupacional) Uma paciente de 76 anos de idade, acamada, com diagnóstico primário de artrite reumatoide, apresenta úlcera depressão de grau IV na região sacral e foi encaminhada para avaliação da terapia ocupacional durante sua internação hospitalar Considerando esse caso clínico, julgue os itens a seguir: a artrite reumatoide é uma doença crônica, sistêmica e autoimune. CERTO ERRADO 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 66 Comentário: a artrite reumatoide é uma doença autoimune, crônica e, em geral é consideraria sistêmica, apesar de haver uma distribuição mais restrita a tecidos específicos, os articulares. Lembrando que faz parte das doenças autoimunes mediadas por células T e também por anticorpos, ocorrendo processo inflamatório e lesão tecidual. O gabarito da questão foi: CERTO. Gabarito: CERTO. Carcinogênese Introdução Carcinogênese ou oncogênese são termos que designam o processode desenvolvimento de uma neoplasia desde as alterações no DNA até a formação do tumor. O desenvolvimento neoplásico caracteriza-se por modificações progressivas da célula com alterações nos processos de proliferação e diferenciação, ocorre expansão clonal da célula transformada e geração de massa tumoral. Em geral, acontece lentamente, podendo levar vários anos para que uma célula cancerosa se prolifere e dê origem a um tumor visível. As alterações genéticas resultam da ação de fatores ambientais sobre o genoma das células somáticas. Mutações herdadas da linhagem germinativa contribuem com pequena proporção de neoplasias. Os efeitos cumulativos de diferentes agentes cancerígenos ou carcinógenos são relevantes. A carcinogênese é determinada pela exposição a esses agentes, em uma dada frequência e período de tempo, e pela interação entre eles. E atenção ao que veremos a seguir, é muito cobrado em provas: 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 66 O processo de transformação maligna ocorre em vários estágios e resulta do acúmulo de alterações genéticas. Essas alterações genéticas conhecidas como mutações podem ocorrer por ação de agentes ambientais como: (1) carcinógenos químicos; (2) agentes físicos: radiação, radicais livres etc...; (3) agentes biológicos: vírus oncogênicos; Carcinogênese química Uma grande quantidade de substâncias químicas (naturais ou sintéticas) apresentam potencial carcinogênico. Algumas não necessitam de transformação química para promover carcinogênese e são chamadas de carcinógenos de ação direta. Outras requerem conversão metabólica in vivo para que os produtos finais sejam capazes de transformar as células, sendo neste caso conhecidas como carcinógenos de ação indireta ou pró - carcinógenos. Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos que derivam da combustão incompleta da carvão, petróleo e tabaco, assim como silicone e aminas aromáticas, são exemplos de agentes químicos. A maioria dos agentes químicos possui ação genotóxica (agentes genotóxicos são aqueles que interagem com o DNA produzindo alterações em sua estrutura ou função). Mecanismos de mutação: substâncias eletrofílicas que são atraídas pelo DNA (nucleofílico), causam pareamento incorreto de bases no processo de replicação e ocorrem mutações no DNA. Se uma substância é mutagênica, muito provavelmente é cancerígena. Agentes físicos -Radiação: a radiação ultravioleta da luz solar e as radiações ionizantes podem provocar alterações celulares e desenvolvimento de câncer. 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 66 Os tipos de radiações ionizantes mais conhecidos são os raios X, usados em equipamento radiológico para fins médicos. A radiação alfa (g), beta (┚) e gama (┛) produzidas por núcleos de átomos instáveis são outros tipos de radiações ionizantes. Estudos feitos entre os sobreviventes da explosão das bombas atômicas e entre pacientes que se submeteram à radioterapia, mostraram que o risco de câncer aumenta em proporção direta à dose de radiação recebida, e que os tecidos mais sensíveis às radiações ionizantes são o hematopoiético, o tireoidiano, o mamário e o ósseo. As leucemias ocorrem entre 2 e 5 anos após a exposição, e os tumores sólidos surgem entre 5 e 10 anos. O risco de desenvolvimento de um câncer é significantemente maior quando a exposição à radiação aconteceu na infância. Com relação à exposição, fora as explosões nucleares, a radioterapia e as fontes ambientais, o contato do homem com as radiações ionizantes faz-se, principalmente, por intermédio da realização de exames radiológicos. -Exposição Excessiva à Radiação Solar: os raios ultravioleta estão relacionados ao aumento da incidência de carcinoma de células escamosas, carcinoma basocelular e melanoma de pele. No Brasil, o câncer mais frequente é o de pele, correspondendo à cerca de 25% de todos os tumores diagnosticados em todas as regiões geográficas. A radiação ultravioleta natural, proveniente do sol, é o seu maior agente etiológico. De acordo com o comprimento de onda, os raios ultravioletas 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 66 (raios UV) são classificados em raios UV-C, UV-A (320-400nm) e UV-B (280-320nm). Os raios UV-B são carcinogênicos, e a sua ocorrência tem aumentado muito, consequentemente à destruição da camada de ozônio, o que tem permitido, inclusive, que raios UV-C alcancem mais a atmosfera terrestre, e estes são muito mais potencialmente carcinogênicos. Por sua vez, os raios UV-A independem daquela camada, e causam câncer de pele em quem se expõe a eles em horários de alta incidência, continuamente e ao longo de muitos anos. As pessoas de pele clara que vivem em locais de alta incidência de luz solar são as que apresentam maior risco. Dois mecanismos podem estar envolvidos na indução do câncer de pele por raios UV: alteração do DNA pela formação de dímeros de pirimidina, e a supressão imunológica. Os pacientes com xeroderma pigmentoso, uma afecção caracterizada por um defeito hereditário dos mecanismos de reparação do ADN, são particularmente suscetíveis à ação carcinogênica dos raios UV. -Radicais livres do oxigênio: de maneira simples, o termo radical livre refere-se ao átomo ou molécula altamente reativo, que contêm número ímpar de elétrons em sua última camada eletrônica. É este não- emparelhamento de elétrons da última camada que confere alta reatividade a esses átomos ou moléculas. Na verdade, radical livre não é o termo ideal para designar os agentes reativos patogênicos, pois alguns deles não apresentam elétrons desemparelhados em sua última camada. Como em sua maioria são derivados do metabolismo do O2, é mais adequado o termo “espécies reativas do oxigênio”. As espécies reativas do oxigênio e nitrogênio, outros radicais livres e produtos da peroxidação lipídica (PL) induzem diversas injúrias celulares e nucleares. Agentes Biológicos -Carcinogênese viral: vários vírus (DNA ou RNA) têm mostrado potencial para induzir transformação maligna. Os três principais vírus DNA implicados na causa de câncer humano são: 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 66 -Papilomavírus humano (HPV): foram identificados 65 tipos distintos de HPV, os quais estão relacionados a origem de vários tipos de câncer. -Vírus Epstein-Barr (EBV): é um membro da família herpes e está associado a patogenia de 4 tipos de câncer humano: linfoma de Burkitt, linfoma de células B em pessoas imunossuprimidas, alguns casos de doença de Hodgkin e carcinoma de nasofaringe. -Vírus da hepatite B (HBV): evidências sugerem associação do HBV com câncer hepático. Com relação aos vírus RNA (retrovírus), apenas o vírus tipo 1 linfotrópico de célula T humana, o HTLV-1, está associado a uma forma de linfoma de célula T. Cancerígenos de ação direta e indireta -Direta: reagem imediatamente com o DNA. -Indireta: depende de ativação através do metabolismo. Ex.: hidrocarbonetos aromáticos policíclicos do tabaco e da carnedefumada. Atenção: pode haver combinação de fatores!!! Fatores de defesa intrínsecos ao sistema biológico modulam a ação deletéria dos agentes cancerígenos: reparação de DNA e sistema de vigilância imunológica. Oncogenes e Genes Supressores de Tumor: As alterações genéticas que promovem o desenvolvimento de câncer ocorrem em duas classes de genes reguladores do crescimento, que estão presentes em células normais: os proto-oncogenes, que promovem o crescimento e os genes supressores de tumor, que inibem o crescimento celular. Alterações nos proto-oncogenes e nos genes supressores de tumor podem provocar desenvolvimento de células com crescimento descontrolado. 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 66 Os oncogenes foram primeiramente descritos em genoma retroviral que induziam tumores em animais. Estes genes foram chamados de oncogenes virais (viral oncogenes, v-oncs). Posteriormente, foi descoberto que os oncogenes apresentavam sequências muito semelhantes ao DNA das células normais, chegando-se a conclusão que os vírus provocam mudanças na sequência de DNA da célula normal que foi infectada. A partir deste achado os genes normais foram chamados de proto-oncogenes. Os proto-oncogenes podem transformar-se em oncogenes através de 2 formas: -Mudanças na estrutura do gene, resultando na síntese de oncoproteínas (produtos anormais) tendo função aberrante. -Mudanças na regulação da expressão do gene, resultando um aumento ou produção inadequada de proteínas promotoras de crescimento estruturalmente normais. Mutação em ponto: o oncogene ras é o melhor exemplo de mutação em ponto e está associado a um grande número de tumores humanos. Por exemplo, 90% dos adenocarcinomas pancreáticos, 50% dos cânceres de cólon, endométrio e tireoide e 30% dos adenocarcinomas pulmonares e leucemias mieloides apresentam este tipo de alteração. Translocação cromossômica: o rearranjo do material genético por translocação cromossômica usualmente resulta em aumento da expressão de proto-oncogenes. O melhor exemplo de translocação provocando tumor ocorre no linfoma de Burkitt e resulta no movimento do seguimento contendo c-myc do cromossomo 8 para o cromossomo 14q na banda 32. Amplificação gênica: a ativação de proto-oncogene associada com aumento da expressão de seus produtos pode resultar da reduplicação do DNA, produzindo várias cópias de proto-oncogene nas células tumorais. O caso mais interessante de amplificação envolve N-myc em neuroblastoma e c-erb B2 em câncer de mama. Os oncogenes codificam proteínas chamadas oncoproteínas que participam na transdução de sinais durante várias etapas do ciclo celular. 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 66 Existem 4 categorias de proteínas de oncogenes que estão associados a divisão celular e desenvolvimento de câncer que são: fator de crescimento, receptor de fator de crescimento, proteínas envolvidas na transdução de sinais e proteínas reguladoras nucleares. Os genes supressores de tumor (anti-oncogenes) codificam proteínas que inibem a divisão celular. Por desempenharem esta função e terem sido descobertos em estudo de tumores receberam esta denominação. O primeiro gene supressor de tumor descrito foi o Rb o qual está localizado no cromossomo 13q14 e está associado ao desenvolvimento do retinoblastoma, que afeta aproximadamente 1 em 20.000 crianças. O p53 é o gene supressor de tumor mais comumente relacionado aos cânceres humanos. Alterações nestes genes são encontradas em aproximadamente 70% dos cânceres de cólon, em 30 a 50% dos cânceres de mama e em 50% dos cânceres de pulmão. Além dos 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 66 tumores epiteliais, mutação no p53 tem sido encontrada em leucemias, linfomas, sarcomas e tumores neurogênicos. Os mecanismos pelos quais os genes supressores de tumor inibem a divisão celular são pouco conhecidos. Entretanto, evidências sugerem que os sinais que inibem a divisão celular originam-se fora da célula e utilizam-se de receptores de membrana, proteínas citoplasmáticas e proteínas nucleares para realizarem seus efeitos, como ocorre nos oncogenes. A história natural da maioria dos tumores malignos pode ser dividida em 3 fases (etapas da carcinogênese): (1) Iniciação: corresponde à interação onde as células sofrem o efeito causado pelos agentes cancerígenos (físicos, químicos ou biológicos) que provocam mutações em alguns genes. A alteração causada às moléculas de DNA é irreversível. Nessa fase o genoma alterado ainda não está sendo expresso no fenótipo. Nesta etapa as células se tornam geneticamente alteradas, mas clinicamente não é possível se detectar um tumor. 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 66 (2) Promoção: é o segundo estágio da carcinogênese, em que as células mutadas sofrem os efeitos dos agentes cancerígenos denominados oncopromotores. Os cancerígenos promotores estimulam a proliferação celular, que resulta em expansão clonal das células iniciadas. Assim, essa fase é caracterizada pelo desenvolvimento de focos de células fenotipicamente alteradas e/ ou lesões benignas. Essas células se transformam em malignas, de forma lenta e gradual. Mas, para que isso ocorra, é necessário o contato contínuo com o agente cancerígeno oncopromotor. No caso desse contato deixar de acontecer, muitas vezes o processo é interrompido neste estágio. Os agentes promotores possuem natureza variável, podendo ser hormônios esteroides e pesticidas, por exemplo. Seus efeitos são reversíveis e dependentes de dosagem, ao contrário dos agentes iniciadores. (3) Progressão: a neoplasia já está expressa fenotipicamente em nível histológico. Ocorre a multiplicação descontrolada das células alteradas. Nesta etapa, a multiplicação é irreversível e se estende até as primeiras manifestações clinicas da doença. Essa expansão clonal modifica também os tecidos adjacentes às células modificadas. A progressão representa a etapa em que as células malignas apresentam o fenótipo característico, desenvolvem maior agressividade, crescimento rápido e potencial de invasão e disseminação. As alterações estruturais do genoma, como a aneuploidia, verificadas nessa fase estão diretamente relacionadas às altas taxas de proliferação celular, à invasividade, à capacidade de produzir metástase etc... No crescimento não controlado, tem-se uma massa anormal de tecido, cujo crescimento é quase autônomo, persistindo dessa maneira excessiva após o término dos estímulos que o provocaram. As neoplasias correspondem a essa forma não controlada de crescimento celular e, na prática, são denominadas tumores. Podem ser benignas ou malignas. As neoplasias benignas ou tumores benignos têm seu crescimento de forma organizada, geralmente lento, expansivo e apresentam limites bem nítidos. Apesar de não invadirem os tecidos vizinhos, podem 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS Imunologia para EMSERH (Biomédico)Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 66 comprimir os órgãos e tecidos adjacentes. O lipoma (origem no tecido gorduroso), o mioma (origem no tecido muscular liso) e o adenoma (tumor benigno das glândulas) são exemplos de tumores benignos. As neoplasias malignas ou tumores malignos manifestam um maior grau de autonomia e são capazes de invadir tecidos vizinhos e provocar metástases, podendo ser resistentes ao tratamento e causar a morte do hospedeiro. Agora vamos responder mais algumas questões sobre oncogênese: 14. (2015/AOCP/FUNDASUS/Analista – Biomédico) Os radicais livres são átomos ou moléculas com elétrons não pareados, altamente reativos e podem participar de reações colaterais indesejáveis, resultando em danos celulares. Dentre estes danos celulares causados por radicais livres, podemos citar apenas a) doença de Duchenne. b) síndrome de Down. c) câncer. 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 38 de 66 d) mal de Parkinson. e) processo do envelhecimento. Comentário: acabamos de estudar o processo de carcinogênese e a implicação dos radicais livres (enquanto agentes físicos) no prejuízo aos mecanismos de controle e reparo do ciclo celular, através da indução de diversas injúrias nucleares, resultando em mutações genéticas. Letra C! Gabarito: C. 15. (2015/AOCP/FUNDASUS/Analista – Biomédico) O processo tumoral é uma divisão desordenada de células que de forma acelerada vêm acometendo a população mundial. Sobre a carcinogênese, assinale a alternativa correta. a) O surgimento do câncer não está ligado a fatores externos como: álcool, cigarro, sedentarismo, mas somente tem ligação a fatores internos como a genética e a hereditariedade. b) A angiogênese, formação de vários vasos sanguíneos a partir de um já existente, exerce papel fundamental para o aporte nutricional e consequente desenvolvimento tumoral. c) A palavra cancro, câncer no português europeu, significa tumor benigno para os países da Europa. d) O VEGF (Fator de Crescimento Endotelial Vascular) é uma proteína encontrada no endotélio dos vasos sanguíneos e que é responsável pela formação dos mesmos. Diante disto, esta proteína não têm participação direta no crescimento tumoral. e) Podemos tratar um paciente com câncer somente com a quimioterapia e a intervenção cirúrgica. Comentário: a única alternativa que não contém erros é a letra B. Vamos ver item a item o que está incorreto. Na letra A: vimos que o processo de carcinogênese pode ser induzido por fatores químicos, físicos e biológicos que promovem alterações no DNA. Letra C: cancro realmente significa câncer no português europeu, mas o restante da afirmativa não faz sentido. Letra D: o Fator de Crescimento do Endotélio Vascular (VEGF) 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 39 de 66 desempenha importante papel regulador no desenvolvimento vascular fisiológico. É um fator angiogênico amplamente estudado, e em tecidos onde a angiogênese é aumentada sua expressão é consideravelmente alta. O crescimento tumoral está diretamente relacionado com a neovascularização, portanto, o VEGF desempenha papel chave na angiogênese tumoral. O VEGF atua através da ligação a receptores tirosina quinase específicos e o aumento da expressão do VEGF e de seus receptores tem sido associado à progressão, metastatização e pior prognóstico em diversos tumores malignos. Letra E: totalmente errada pois ignora outras abordagens terapêuticas, como a radioterapia e o transplante (de medula no caso de doenças malignas que afetam a hematopoese). Gabarito: B. 16. (2015/AOCP/FUNDASUS/Analista – Biomédico) A carcinogênese é conhecida como um mecanismo de desenvolvimento tumoral. Diante deste processo, informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) o que se afirma a seguir e assinale a alternativa com a sequência correta. ( ) As células normais se dividem, amadurecem e morrem, renovando-se a cada dia. O câncer se desenvolve quando células anormais deixam de seguir esse processo natural. ( ) As células cancerosas se dividem mais rapidamente de que as normais e geralmente são bem desorganizadas. ( ) O termo “estádio” é usado para descrever a extensão ou a gravidade do câncer. ( ) As metástases ocorrem quando as células cancerosas de um tumor se espalham para diferentes partes do corpo, formando tumores satélites, distantes dos tumores originais. ( ) O câncer é considerado uma doença muito agressiva e severa, porém ainda não é considerada uma patologia que acomete a população mundial como um todo. a) V – V – V – V – F. 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 40 de 66 b) V – V – F – V – F. c) V – V – V – F – V. d) F – F – V – F – V. e) V – F – F – V – V. Comentário: somente afirmativas que podem ser consideradas corretas, com exceção da última. É uma questão da banca AOCP que parece ter sido construída a partir desse material disponível no site do INCA: http://www1.inca.gov.br/situacao/arquivos/carcinogenese.pdf. Gabarito: A. 17. (2015/AOCP/EBSERH-HE-UFSCAR/Biomédico) Assinale a alternativa INCORRETA. A) O HPV é um vírus denominado papilomavírus humano e é transmitido sexualmente. B) O HPV causa uma doença hepática. C) O HPV causa o câncer do colo do útero. D) A citologia oncótica vaginal ou colpocitologia, também conhecida como exame de Papanicolaou, é preconizada como método de triagem preventiva para diagnóstico do câncer de colo uterino. E) Uma medida de prevenção da infecção por HPV é a utilização da vacina quadrivalente obtida por DNA recombinante. Comentário: nessa aula estudamos o HPV enquanto agente biológico carcinogênico. A questão não foca apenas nesse aspecto, mas a tendência é essa mesmo: cobrar em uma mesma questão conhecimento de vários tópicos do edital. HPV é um vírus de grande relevância médica, alguns tipos de HPV (16 e 18) estão presentes na maioria dos casos de câncer de colo do útero. Letra B é alternativa com sentença incorreta. Gabarito: B. 18. (2016/Instituto Abare-ETE/Pref. São Gabriel da Cachoeira-AM Biomédico) A polipose adenomatosa familiar é uma síndrome de câncer de cólon autossômica dominante causada por mutações na linhagem 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 41 de 66 germinativa de um gene supressor tumoral. A qual gene o texto se refere? a) APC b) RET c) NF1 d) BRCA1 e) MET Comentário: espero que não caia esse tipo de questão em sua prova. Uma questão super decoreba! Mas caiu em uma prova recente, então vale a pena ficar alerta. Não foi à toa que indiquei os quadros de oncogenes e genes supressores de tumor para decorar! Pelo menos os principais genes. O nome do gene APC é uma sigla que vem de Adenomatous Polyposis Coli. Gabarito: A Leucemias As leucemias são doenças malignas originadas na medula óssea, local onde as células do sangue são produzidas. Os leucócitos são as células acometidase se reproduzem de forma descontrolada, gerando os sinais e sintomas da doença, com ou sem envolvimento do sangue periférico. Na maioria dos casos, as células leucêmicas extravasam para o sangue, onde podem ser vistas em grande número. Essas células também podem infiltrar o fígado, baço, linfonodos e outros tecidos. O processo neoplásico que dá origem ao clone leucêmico pode surgir em qualquer 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 42 de 66 estágio do desenvolvimento celular, ou seja, em qualquer fase da hematopoese. Tipos de Leucemias As leucemias são classificadas de acordo com o tipo de glóbulos brancos envolvido (linfoides ou mieloides) e o grau de maturação das células e velocidade de proliferação dessas células, em quão rapidamente a doença evolui e se torna grave (crônicas ou agudas). As leucemias que afetam as células linfoides são chamadas de Leucemia Linfoide, linfocítica ou linfoblástica (o linfócito é a célula doente). As leucemias que afetam as células mieloides são chamadas Leucemia Mieloide ou mieloblástica (pode ser o granulócito, o eosinófilo, o basófilo, o monócito ou o eritrócito). Leucemia Crônica: geralmente se desenvolve e se agrava mais lentamente. No início da doença, as células envolvidas são mais parecidas com a célula normal (mais diferenciadas), permitindo que, mesmo doentes, mantenham algumas das funções de glóbulos brancos normais no organismo da pessoa. Geralmente, a doença é descoberta durante um exame de sangue de rotina. À medida que o número de células leucêmicas aumenta, ocorre inchaço nos linfonodos (ínguas) ou infecções. Quando surgem, os sintomas são brandos, agravando-se gradualmente. Leucemia Aguda: geralmente de progressão rápida, se agrava num curto intervalo de tempo. Afeta as células jovens (chamadas blastos), caracterizam-se pela proliferação clonal acompanhada de bloqueio maturativo (anaplasia) variável. Essas células leucêmicas não desempenham suas funções, não fazem o “trabalho” das células sanguíneas normais, por isso afetam de forma importante a capacidade de defesa do organismo. Combinando as duas classificações, existem quatro tipos mais comuns de leucemia: 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 43 de 66 -Leucemia mieloide aguda (LMA): afeta as células mieloides e avança rapidamente. Ocorre tanto em adultos como em crianças. O hemograma se caracteriza por leucocitose acentuada, acompanhada de anemia e plaquetopenia. Na contagem diferencial de leucócitos geralmente há franco predomínio de mieloblastos, mas sem desvio à esquerda. Os mieloblastos são células de tamanho aumentado, com núcleo exibindo cromatina frouxa e presença de nucléolos; o citoplasma é basofílico, podendo ou não conter grânulos, e por vezes nota-se uma estrutura característica dessa célula: o bastonete de Auer. Veja a figura: Atenção, decore isso! -Leucemia linfoide aguda (LLA): afeta células linfoides e agrava-se rapidamente. É o tipo mais comum em crianças pequenas (2-5 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 44 de 66 anos), mas também ocorre em adultos. O hemograma segue o padrão típico de leucemia aguda: leucocitose acompanhada de anemia e plaquetopenia (mas em alguns casos há leucopenia). Há predomínio de linfoblastos que podem apresentar as seguintes variações morfológicas: -Leucemia mieloide crônica (LMC): afeta células mieloides e se desenvolve vagarosamente, a princípio. Acomete principalmente adultos. Esse tipo de leucemia crônica caracteriza-se por cursar com leucocitose geralmente acentuada com predomínio de granulócitos maduros e precursores, ocorrendo desvio à esquerda acentuado. Nota-se alguns mieloblastos circulantes em meio a outros precursores granulocíticos, além de eosinofilia e basofilia na maioria dos casos. É comum anemia de intensidade discreta a moderada, assim como a presença de plaquetose. 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 45 de 66 -Leucemia linfoide crônica (LLC): afeta células linfoides e se desenvolve vagarosamente. A maioria das pessoas afetadas tem mais de 60 anos, raramente são crianças. Caracteriza-se laboratorialmente pela presença de leucocitose com linfocitose, com predominância de linfócitos pequenos de morfologia aparentemente madura. Não há grande variabilidade morfológica entre os linfócitos, sendo que a principal alteração é o aumento do número dos mesmos, além da presença de sombras nucleares. Anemias e plaquetopenias acentuadas não são comuns. 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 46 de 66 Causas As leucemias se originam de uma alteração genética adquirida, ou seja, não hereditária. Os eventos moleculares precisos e responsáveis pela transformação leucêmica ainda não são conhecidos, no entanto, a ativação de proto-oncogenes e as mutações em genes supressores que regulam o ciclo celular, parecem estar envolvidas na patogênese das leucemias, pois levam à perda dos mecanismos normais controladores da divisão, diferenciação-maturação e/ou da morte celular (apoptose). Sabemos que existem alguns fatores de risco que propiciam o surgimento do câncer e, apesar da causa exata ainda ser desconhecida, no caso das leucemias alguns fatores podem ser apontados: Exposição a produtos químicos, principalmente os derivados de benzeno, que estão presentes, por exemplo, em indústrias petroquímicas e fábricas de produtos químicos (cola, tinta, entre outros). Tratamento prévio com quimioterapia ou radioterapia. Exposição a radiação ionizante, como observado em sobreviventes da bomba atômica ou em vazamento nuclear. A exposição a níveis mais baixos de radiação, como acontece em RX ou tomografia não é um fator predisponente bem definido. Certas doenças genéticas, como anemia de Fanconi, síndrome de Down, neurofibromatose, entre outras. Algumas doenças do sangue como mielodisplasia e neoplasias mieloproliferativas. Sinais e sintomas Os sintomas das leucemias agudas estão relacionados à diminuição na produção de células normais da medula óssea. Com a queda na produção de glóbulos vermelhos (hemácias), o paciente pode apresentar anemia que, por sua vez, causa palidez, cansaço e sonolência. Já a diminuição na produção de plaquetas pode ocasionar manchas roxas em locais não relacionados a traumas, petéquias (pequenos pontos 05503769333 - ISNARA COELHO DE RESENDE DIAS Imunologia para EMSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 03 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 47 de 66 vermelhos sob a pele causados por sangramentos em nível capilar) ou sangramentos prolongados após pequenos ferimentos. O