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PerdadaDimensao-Matos-2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
BACHARELADO EM CIÊNCIAS SOCIAIS 
 
 
 
 
GABRIEL PEREIRA MATOS 
 
 
 
A PERDA DA DIMENSÃO ASCÉTICA NA MODERNIDADE 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL-RN 
2019.2 
6 
 
 
GABRIEL PEREIRA MATOS 
 
 
A PERDA DA DIMENSÃO ASCÉTICA NA MODERNIDADE 
 
 
 
 
 
Trabalho de conclusão de curso apresentado à 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 
como requisito para o recebimento do título de 
Bacharel em Ciências Sociais. 
 
Orientador(a): Alípio de Sousa Filho 
 
 
 
 
 
 
NATAL-RN 
2019.2 
7 
 
 
 
 
 
 
 
 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 
Sistema de Bibliotecas - SISBI 
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes - CCHLA 
 
 Matos, Gabriel Pereira. 
 A perda da dimensão ascética na modernidade / Gabriel Pereira 
Matos. - Natal, 2019. 
 35f. 
 
 Monografia (graduação) - Centro de Ciências Humanas, Letras e 
Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2019. 
 Orientador: Prof. Dr. Alípio Souza Filho. 
 
 
 1. Weber - Monografia. 2. Ascese - Monografia. 3. Modernidade 
- Monografia. 4. Racionalização - Monografia. I. Souza Filho, 
Alípio. II. Título. 
 
RN/UF/BS-CCHLA CDU 316 
 
 
 
 
Elaborado por Heverton Thiago Luiz da Silva - CRB-15/710 
8 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 Agradeço à minha família pela insistência em minha pessoa. Agradeço 
também à minha companheira Monielly, por acreditar em mim, pela estima, pela 
ambição que me proporciona em relação aos estudos e para a vida. Grato pela 
amizade de Leonardo Domingos, e do professor Alípio, que me ajudaram a me formar 
intelectualmente e a lidar com a vida acadêmica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
 
Sumário 
 
Capítulo I: INTRODUÇÃO --------------------------------------------- 7 
 
Capítulo II: DO CONCEITO DE ASCESE ------------------------ 12 
 
- DA ASCESE ELEMENTAR ----------------------------------------- 14 
 
- DA ASCESE HELENÍSTICA ---------------------------------------- 17 
 
- DA ASCESE CRISTÃ ------------------------------------------------- 19 
 
Capítulo III: Modernidade e Perda de Sentido ---------------- 25 
 
Capítulo IV: Horizontes da Produção de Sentido ----------- 30 
 
Referências -------------------------------------------------------------- 34 
 
 
 
 
10 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“O sentimento da existência desprovida de qualquer outro afeto é por si só um 
sentimento precioso de contentamento e de paz que bastariam para tornar esta 
existência querida e doce para que soubesse afastar de si todas as impressões 
sensuais e terrestres que vêm sempre nos distrair e perturbar a sua doçura. 
Mas a maioria dos homens agitados por paixões contínuas conhece pouco 
desse estado, e como só o experimentou imperfeitamente durante alguns 
instantes, só guarda uma idéia obscura e confusa que não lhes faz sentir o seu 
encanto.” 
(Jean-Jacques Rousseau) 
 
 
 
11 
 
 
RESUMO 
 
Esta monografia busca apresentar e explorar como o fenômeno da 
ascese se apresenta como um ideal que tem o intuito de construir não somente 
um indivíduo e a si mesmo, mas como a mesma vem a moldar, direcionar e 
estruturar toda uma sociedade. Assim, como busca também expor a fragilidade 
e a perda cada vez mais crescente do fenômeno ascético frente à 
modernização e racionalização do mundo. Portanto, neste trabalho faremos, 
sobretudo, uso de Max Weber para apresentar e destacar os fenômenos 
principais e responsáveis para que a ascese se degenere e se transforme em 
apenas um hábito constantemente repetitivo, sem espírito, e que não nos incita 
para a ação de construção de uma realização tanto do individuo quanto de sua 
comunidade. 
 
Palavras-chave: Weber – Ascese – Racionalização – Modernidade 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
CAPITULO I 
 INTRODUÇÃO 
 
“O mito da ascese é o mito da construção da humanidade” 
(Lévi-Strauss, 1962) 
 
Esta monografia busca apresentar e explorar como o fenômeno da 
ascese se apresenta como um ideal que tem o intuito de construir não somente 
um indivíduo e a si mesmo, mas como a mesma vem a moldar, direcionar e 
estruturar toda uma sociedade 1 . Assim, como busca também expor a 
fragilidade e a perda cada vez mais crescente do fenômeno ascético frente à 
modernização e racionalização do mundo. Portanto, neste trabalho faremos, 
sobretudo, uso de Max Weber para apresentar e destacar os fenômenos 
principais e responsáveis para que a ascese se degenere e se transforme em 
apenas um hábito constantemente repetitivo, sem espírito, e que não nos incita 
para a ação de construção de uma realização tanto do individuo quanto de sua 
comunidade. As obras principais que vão ser utilizadas para a composição 
desse trabalho serão: “A Ética Protestante e o “Espírito” do Capitalismo” (Max 
Weber, 2004) & “Ensaios de Sociologia” (Max Weber, 1982); dentre outros 
autores, dos quais só serão utilizados para compor uma perspectiva histórica & 
empírica do fenômeno da ascese. 
 
 Deste modo, o trabalho apresenta três tópicos: o primeiro capítulo “Do 
conceito de Ascese” busca compreender e explanar o fenômeno da ascese, 
assim como evidenciar, de maneira preliminar, a faculdade estética na 
atividade ascética (isso será feito com base no conceito de racionalização em 
Max Weber); segundo capítulo “Modernidade e perda de sentido”, com base 
em Max Weber, se busca explicar e apresentar os conceitos de modernidade e 
racionalização em correlação ao fenômeno da ascese e da própria dimensão 
estética que esta possui, e assim demonstrar sua degeneração, tanto quanto 
apresentar as correlações de “Ascese e Capitalismo” – podemos ver esse 
capítulo na obra: Ética protestante e o “espírito” do Capitalismo. No terceiro e 
 
1 Isso implica dizer que a ascese seria um movimento e atividade que proporciona horizontes 
de possibilidades para si mesmo e para uma sociedade. 
13 
 
último “Horizontes da Produção de Sentido” teremos então a conclusão, onde 
reforço, com base em Max Weber, o conceito de ascese como um dos meios 
para reestruturação e regeneração do sentido para a vida, e de a mesma ter a 
capacidade de fornecer um motivo pelo qual viver, lutar e morrer. 
 
Desse modo, este trabalho almeja trilhar uma perspectiva sociológica, 
onde considera a pesquisa histórica como essencial para a compreensão das 
sociedades e dos fenômenos, desconsiderando então uma idéia evolutiva e 
abarcando, no que seria para Max Weber, em uma gênese e formação de 
sentido. Deste modo, o método utilizado para a investigação a respeito das 
práticas ascéticas é de caráter compreensivo, que inclui o esforço de 
interpretação do passado, e também das suas peculiaridades com o intuito de 
analisar um sentido social e histórico. 
 
Dito isso, o trabalho também tem como intuito possuir um enfoque em 
reforçar a sociologia como uma ciência do espírito - ou da cultura. Logo, como 
o nosso objetivo é investigar os fenômenos produtores de sentido para a vida 
humana, significa então que teríamos que analisar o que chamamos de valor. 
Isso significa: analisar a dimensão da ética, da política & da estética que 
compõe as práticas ascéticas e também a sustentam, e, portanto, acabam 
atestando o sentido das atividades cotidianas, o nosso modo de vida e como 
nos estruturamos, assim, cabe aqui investigar o fenômeno da ascese como 
uma prática que busca dar sentido a vida. 
 
 
As práticas ascéticas quando investidas pelas ordens monásticas e 
instituições religiosas católicas tendem a criticar e gerar interdições, através de 
normas e regras, as maneiras de ser intramundanas; e assim, por sua vez, 
produzem uma forma de viver e uma maneira de ser na vida comum que visa à 
ordem e uma multiplicidade de regras – em umaperspectiva de mundo fechada 
a outras possibilidades além daquelas que são valorizadas e atribuídas por 
uma comunidade de idéias - para que esse ideal de ser no mundo possa ser 
alcançado. 
 
14 
 
Assim, podemos notar que as práticas ascéticas, em uma perspectiva 
tradicional, são atreladas por um ideal significativamente maior do que os 
interesses individuais da vida comum, dos interesses mundanos e dos modos 
de ser ordinário no meio cotidiano, viver a vida nessa perspectiva tradicional-
religiosa significa viver fortemente atrelado e de acordo a um conjunto de 
noções morais e éticas. 
 
Podemos ver em Max Weber que a ascese aos moldes protestantes tem 
um papel fundamental na construção de uma ética capitalista. Isso porque na 
perspectiva da tradição calvinista, puritana e luterana a visão de ascese se liga 
a noção de vocação, e assim há o entendimento de ao seguir a sua própria 
especialidade e se identificar com uma identidade há de seguir e prestar 
créditos e adoração aos ideais da igreja, por assim dizer, o modo de vida e a 
renúncia a outras perspectivas de vida e possibilidades se transformam em um 
exercício que visa contribuir ao espírito humano alternativas de como se 
apresentar diante de um mundo. Exercício ascético esse que se segue nesses 
contextos religiosos e que com o passar do tempo na modernidade logo vai se 
esvaindo, perdendo sentido e tomando forma para uma ética e um espírito 
puramente capitalista que acaba ignorando os seus primórdios estritamente 
religiosos. 
 
Por assim dizer, quais seriam os elementos que compõe a dimensão 
ascética? O que podemos entender sobre o termo “ascese”? Os exercícios 
ascéticos se enquadrariam apenas em uma perspectiva religiosa? Quais 
seriam então as causas que contribuem para a perda desse sentido primordial 
do que seria a ascese? 
 
Tais perguntas podem ser respondidas por uma perspectiva weberiana, 
uma noção de como a perda de uma dimensão ascética, se envolvendo junto 
com um desencantamento do mundo, nos coloca em um contexto de crise e de 
queda, e temos essa evidência quando uma série de autores tem o intuito de 
criticar a modernidade, seus estágios, suas formas de enxergar o mundo, suas 
perspectivas em que colocam o espírito humano enclausurado em um modo de 
vida que já não o inspira mais ao viver, o criar, refletir e também pensar. Desse 
15 
 
modo, se torna importante criticar o que tradicionalmente entendemos sobre o 
que é viver, pensar e criar. 
 
Ora, só possuímos e temos essa visão do que é pensar, viver e refletir, 
de enxergar as coisas - mesmo que de maneira tradicional e moderna – devido 
aos ideais ascéticos que a nossa sociedade almeja cultivar, pois os mesmos 
transformaram esse mundo no que é hoje. E assim, é necessário pensar o 
percurso e os benefícios da ascese. 
 
De forma breve, podemos analisar que a ascese se correlaciona com o 
hábito, e isso se torna evidente pois nas práticas ascéticas o que existe, 
sobretudo, é uma constante ação repetida em cadeias de criatividade e ação 
criativa. Assim, tanto a ascese quanto o hábito acabam proporcionando um 
mecanismo de realização, manutenção e reprodução de instâncias de 
comportamentos e práticas, tanto quanto da ação; o ser humano então como 
um ser que vive na repetição e cria o hábito da reprodução tende a agir não 
mais em uma repetição criativa2 e duradoura, apenas tende a uma ação 
mecânica e repetitiva – e isso é o que iremos chamar de atividade sem espírito. 
 
 Assim sendo, a humanidade passa a agir em uma desumanização 
daquilo que é essencialmente humano pela falta criativa que os mecanismos 
da sociedade moderna – e também hoje – nos coagem. Como então 
pensaríamos em resgatar o conteúdo criativo e tão humano que perdemos na 
modernidade e se perpetua até os dias de hoje? Ou melhor, como então 
poderíamos pensar a ascese na modernidade? 
 
Talvez, o percurso de Zaratustra, em Assim Falou Zaratustra (Nietzsche, 
1883), poderia se enquadrar em um percurso e também um exemplo do que 
seria tentar praticar a ascese em meio à modernidade e também nos incita a 
reforçar a criatividade. E ao dizer isso é pelo fato do personagem se defrontar 
com a cultura ocidental, uma cultura decaída, que em muito perdeu o seu valor 
e os seus significados, mas que apesar das queixas se põe a buscar e 
 
2 Apenas fiz uma articulação do conceito de habitus em Bourdieu, entretanto, podemos ver 
autores como ZIzek & Peter Sloterdijick utilizando esse conceito. 
16 
 
constantemente insistir com ânimo por algo pelo que lutar, pelo algo a que se 
viver e ter posse de motivos a se entregar, independente que lhe exija o 
sacrifício e a morte, e tudo isso apesar de toda a insistência do que está ao 
nosso redor em dizer que não há motivos para tal, que se é tolo o bastante por 
pensar assim, e isso por ir além de horizontes já tão tradicionalmente 
percorridos por aqueles que aqui simplesmente vivem. 
 
Logo, podemos ver que a modernidade e a sua cultura então nos reforça 
uma ideia de que “as almas se transformam em espelhos, não da natureza, 
mas do que está ao nosso redor”3, demonstrando não mais uma tendência 
“natural” humana para a imaginação e a criatividade, bem como outros valores 
perdidos mediante a racionalização e o pensamento moderno. Como aponta 
Weber: 
 
"(...) Neste último estágio de desenvolvimento cultural, seus 
integrantes poderão de fato, ser chamados de ‘especialistas sem 
espírito, sensualistas sem coração, nulidades que imaginam ter 
atingido um nível de civilização nunca antes alcançado” (WEBER, 
2002: 135) 
 
Desse modo, podemos ver que os valores não são capazes mais de nos 
orientar para o nosso próprio mundo, além de reforçar também que esse 
pensamento calculador e especialista sem espírito faz nossas noções de 
pensamento se tornarem estreitas e cegas para o contato consigo mesmo e os 
seus semelhantes, tanto quanto proporciona uma estreiteza de compreender 
os outros e aquilo que é humano em sua potencialidade, multiplicidade e 
generalidade. 
 
 Assim, a consciência e o ideal moral que deveriam proporcionar um 
sentido para o mundo, como também proporcionar uma direção ao mundo, nos 
dá um sentido morto e nulo. Logo, atividades, rituais, especializações - que 
 
3 Citação de Charles Taylor: TAYLOR, Charles. A ética da autenticidade, Trad. de Talyta Carvalho São 
Paulo: É Realizações, 2011 – PÁG 14 
17 
 
antes eram tão repleta de paixão - já não mais representam e nem ao menos 
são sinônimos de realização e muito menos um local onde se pode exercer 
uma serenidade por ser humano, e por isso não são mais capazes de nos 
proporcionar uma fuga desse mal-estar cotidiano. Portanto, o ideal moral da 
modernidade logo se transforma em um sobrevivencialismo, que torna os 
locais, a própria época, e as relações humanas em correlação com o mundo 
em algo vazio, nulo, sem espírito e totalmente mecânico. Cabe então nesse 
trabalho analisarmos quais seriam esses fatores que compõe a perda da 
dimensão ascética no cotidiano. 
 
 
 
 
CAPITULO II 
DO CONCEITO DE ASCESE 
 
 
“A reforma não acabou com os monastérios, mas, ao 
contrário, fez do mundo um monastério, transformando todo e 
qualquer cristão em monge.” (Weber 1969:84 e 1988:119-120) 
 
 
O ponto de partida para esse primeiro capítulo e a decorrência dos 
demais, é enxergar o ser humano como criador de valores que ordenam as 
interações e relações humanas e a partir destas são capazes de poder atribuir 
sentindo a uma determinada ação e fenômeno. Isso é aquilo que Weber vem 
chamar de ação social, como explica brevemente Gabriel Cohn: 
“A “ação social” mencionada nessa definição é uma modalidade 
específica de ação, ou seja, de conduta à qual o próprio agente 
associa um sentido. É aquela ação orientada significativamente pelo 
agente conforme a conduta de outros e que transcorre em 
consonância com isso” (COHN, 1992, p. 26-27) 
18Deste modo, a sociologia sempre visa “compreender interpretativamente 
a ação social e assim explicá-la causalmente em seu curso e em seus efeitos” 
(WEBER, 2000, p. 3). E buscaremos enxergar e também compreender o objeto 
de pesquisa das seguintes formas: 
“Compreensão’ significa em todos esses casos: apreensões 
interpretativas do sentido ou da conexão de sentido: a) efetivamente 
visado no caso individual (na consideração histórica), ou b) visando 
em média e aproximadamente (na consideração sociológica em 
massa, ou c) o sentido ou conexão de sentido a ser construído 
cientificamente (como ‘ideal-típico’) para o tipo puro (tipo ideal) de um 
fenômeno frequente.” (WEBER, 2000, p. 6). 
 
Desta maneira, para compreendermos o que seria ascese - o conceito 
de ascese - devemos associar este fenômeno a uma consideração histórica, 
assim como uma consideração sociológica sobre estas práticas, assim como 
também designar as práticas ascéticas como um tipo ideal. 
 
Dito isso, cabe aqui classificarmos alguns tipos de ascese que vemos ao longo 
da história para compor um tipo ideal do que seria o fenômeno ascético, e 
assim explicar brevemente cada uma para que se tenha compreensão sobre a 
sua proporção e dimensão na sociedade moderna, assim como apontar a 
perda continua da dimensão ascética na sociedade capitalista moderna. 
 
 
Neste trabalho foram classificados quatro contextos e tipos de ascese, 
podemos vê-las da seguinte forma: a ascese elementar4, uma ascese que 
 
4 Que podemos ver em Durkheim em forma de “culto negativo”, ritos ascéticos que classifica 
um ato ou ação como tabu ou não. Assim como em Bertrand Russell apresenta brevemente a 
ascese como fundadora do que chamaríamos de razão em sua História da Filosofia Ocidental. 
Durkheim, Émile – As formas elementares da vida religiosa: o sistema totêmico na Austrália/ 
Emile Durkheim: tradução Paulo Neves – São Paulo: Martins Fontes – Pág 317 
19 
 
valoriza acima de tudo um teor místico-religioso, inclusive para compor uma 
ordem social na sociedade ou comunidade, de forma “mecânica” 5, primária e 
básica, que se encontra em sociedades arcaicas e primitivas, que inclusive 
possui um elemento metafísico e ordenador que funda as religiões e uma 
moral; a ascese helenística, o tipo de ascese que possui influência dos ideais 
gregos, e das suas comunidades filosóficas, portanto laica, entretanto chega a 
influenciar fortemente a igreja e os ideais cristãos por possuir e ter como 
característica fundamental a qualidade diética, isto é, guardar e conservar para 
si mesmo aquilo que enxerga como essencial (no contexto grego), ou se 
preservar para se salvar e conseguir a sua salvação; por último temos a 
ascese religiosa, medieval, tomamos aqui a perspectiva cristã, tanto católica e 
protestante, que busca evidenciar uma espiritualidade com o intuito de se 
salvar deste mundo, assim como prestar homenagens aos ideais do que a 
igreja julga como divino. 
 
 
DA ASCESE ELEMENTAR 
 
Para dissertamos sobre esse tipo de ascese, de maneira breve, 
iremos nos utilizar de uma perspectiva empírica de Durkheim que se 
encontra na obra: “As Formas Elementares da Vida Religiosa”; quando o 
autor disserta sobre a utilidade do fenômeno da ascese ele conceitua os 
ritos ascéticos em seu sistema de pensamento como uma espécie de “culto 
negativo” 6. 
 
5 Ver os tipos de solidariedade em Durkheim: mecânica e orgânica: Durkheim, Émile, 1858-
1917 - Da divisão do trabalho social/ Émile Durkheim; tradução Eduardo Brandão. - 2° ed. - 
São Paulo: Martins Fontes, 1999. (pág 40 - pág 109). 
6 No estudo sobre moralidade em Durkheim podemos observar que as religiões são 
constituídas por um “sistema solidário de crenças e práticas”; tais práticas e crenças 
denominam aquilo que seria sagrado ou profano, isto denomina os fenômenos religiosos em 
duas perspectivas: um estado de opinião e representações, e outro estado de ritos que 
exprimem uma conduta. Desta forma, o culto negativo é uma prática de conduta e 
representações que busca criar interdições, tabus e criticas a determinadas condutas, os 
responsáveis por realizar esses cultos ascéticos seriam os mais dotados de experiência, 
aqueles que possuiriam uma autoridade e virtude religiosa frente a comunidade. Logo, o culto 
20 
 
 
Émile Durkheim ao se dedicar aos estudos sobre moralidade, religião 
e sacralidade, opta por investigar e estudar as religiões primitivas da 
Austrália por considerar sua clareza e simplicidade, pois estas 
evidenciariam o que há de mais elementar e simples. E isso porque nas 
comunidades mais simples é onde há menor desenvolvimento das 
individualidades e também das diferenças. Portanto, o fenômeno ascético, 
assim como a sua dimensão mágico-religiosa, pode ser visto de uma 
maneira mais clara (DURKHEIM, 2014, p. 3). 
 
Os fenômenos religiosos se separam entre aquilo que se considera 
sagrado e aquilo que se considera profano. Isto é, duas classes que se 
excluem, e se excluem com a ideia de construir a base de uma moralidade 
sobre a comunidade: aquilo que se pode fazer ou não, inclusive na própria 
diversidade dos cultos. Logo, a passagem do mundo ordinário e comum 
(profano) para a dimensão classificada como sagrada implica em uma série 
de ritos; ritos que exigem do individuo uma exclusão e morte da sua 
representação do meio comum, e do “mundo” o qual faz parte; o que requer 
uma abstinência, um sofrimento, pois “nos aferramos com todas as fibras 
de nossa carne ao mundo profano; nossa sensibilidade nos ata a ele; nossa 
vida depende dele. E por isso, não podemos desprender-nos dele sem 
violentar nossa natureza, sem chocar-nos dolorosamente com nossos 
instintos” (DURKHEIM, 2014, p. 331), e tudo isso com o intuito de renascer 
na comunidade, em forma de cerimônia, aquilo que é divino, sagrado e que 
proporciona ordem e age sobre as condutas. Deste modo, o culto negativo 
demonstra ter um cárater: 
“(...) muito mais extenso e importante: que separa, não espécies 
diferentes, mas tudo o que é sagrado daquilo que é profano. (...) 
Assim, ele fornece a matéria de um verdadeiro culto, e mesmo de um 
 
negativo é uma aproximação de um individuo daquilo que seria sagrado, via ascese, para 
ordenar e estruturar as condutas e representações dos indivíduos. Em oposição a este, 
teríamos o que Durkheim chama de culto positivo, onde todos se juntam em um meio ordinário 
e comum, para adentrar em uma perspectiva sagrada. 
21 
 
culto que está na base de todos os outros.” (DURKHEIM, As Formas 
Elementares da Vida Religiosa – P. 321) 
 
Essa é a base da ordem que os rituais ascéticos proporcionam para 
se estabelecer um culto, atingir uma ideia de sagrado e também renascer 
através de cerimônia na comunidade, e isso, pois “ele acaba exercendo, 
sobre a natureza religiosa e a moral do individuo, uma ação positiva da 
mais alta importância.” (DURKHEIM, 2014, p. 328); e isso porque os rituais 
ascéticos tem um intuito de reviver sentimentos em comum que a 
comunidade partilha: as tradições em comum, as lembranças dos 
antepassados, um ideal coletivo que é reencarnado, e isso constitui uma 
moral, uma ordem, que tem por função proporcionar “interdições 
fundamentais” assim como um sentimento de pertencimento, pois eleva 
uma “energia religiosa” nos indivíduos. 
 
Dito isso, podemos observar que: “O ascetismo não é, como se poderia 
pensar, um fruto raro, excepcional e quase anormal da vida religiosa; ao contrário, 
é um elemento essencial dela” (DURKHEIM, As Formas Elementares da Vida 
Religiosa, p. 331). 
 
Logo, podemos observar que uma das dimensões da ascese em 
uma perspectiva elementar possui o intuito de proporcionar para a 
comunidade um ideal a qual se deva seguir, esse ideal se torna uma base 
de toda uma vida em comunidade, o que por meio deste vem a classificar, 
interditar, ordenar e proporcionar para as relações entre os indivíduos um 
sentimento em comum. Ao vermos essacaracterística e dimensão na 
ascese logo podemos também concluir que as práticas para que se alcance 
isso estão todas fundadas em um suporte místico-religioso, e isso porque 
todos os rituais buscam uma força exterior e que buscar transcender aquilo 
que é comum, ordinário, cotidiano, e também recorrente. Podemos ver esse 
caráter místico-religioso ao observar que em todos esses rituais ascéticos 
22 
 
há a crença de se tomar a dor como uma fonte de “forças excepcionais, que 
através da maneira como se enfrenta a dor que melhor se manifesta a 
grandeza do individuo.”, e, sobretudo, por almejar criar nos indivíduos uma 
“virtude e excentricidade religiosa” (DURKHEIM, 2014, p. 335). 
 
Assim, se acha também uma racionalidade por trás de todo esse 
sistema de crenças que envolvem a ascese, pois é inclusive de um uso 
“utilitário” como diz Durkheim, assim como possui um intuito plenamente 
social. 
 
 
DA ASCESE HELENISTICA 
 
Ao descrever breves considerações sobre a ascese helenística 
devemos nos realocar para uma concepção mais filosófica, isso implica 
dizer que devemos observar a ascese como um meio para conduzir uma 
vida regulada, equilibrada e que busca manter aquilo que é essencial para 
o próprio ser, logo, pode-se notar que ao adentrarmos nessa perspectiva a 
dimensão ascética se encontra na esfera ética, e também em uma 
necessidade constante de contemplação.7 
 
Segundo Peter Sloterdijk, essa dimensão ética das “técnicas de 
transformação do sujeito” – ascese – se deve ao fato de: 
 
“Há aproximadamente três mil anos, as civilizações mais 
avançadas viviam numa espécie de estresse moral de ordem 
 
7 Podemos ver mais detalhadamente: https://www.fronteiras.com/entrevistas/a-
antropotecnica-de-peter-sloterdijk-seres-humanos-sensiveis-ao-seu-apelo-deveriam-
trabalhar-sobre-si-mesmos 
https://www.fronteiras.com/entrevistas/a-antropotecnica-de-peter-sloterdijk-seres-humanos-sensiveis-ao-seu-apelo-deveriam-trabalhar-sobre-si-mesmos
https://www.fronteiras.com/entrevistas/a-antropotecnica-de-peter-sloterdijk-seres-humanos-sensiveis-ao-seu-apelo-deveriam-trabalhar-sobre-si-mesmos
https://www.fronteiras.com/entrevistas/a-antropotecnica-de-peter-sloterdijk-seres-humanos-sensiveis-ao-seu-apelo-deveriam-trabalhar-sobre-si-mesmos
23 
 
completamente nova. Houve um tempo em que era possível observar 
novas epifanias, de cunho ético. Creio que a filosofia como disciplina 
da velha Europa, ou como era concebida na Ásia Menor, em Atenas 
e nas costas da futura Turquia, foi uma nova epifania do logos. E o 
logos não é somente uma instância epistêmica, mas antes de tudo 
ética.” 8 (Peter Sloterdijk) 
 
Desta maneira, a filosofia antiga se resguarda como uma maneira de 
viver; o discurso teórico e a instância epistêmica seriam apenas uma 
expressão desse modo de vida, como um prelúdio, uma moral e introdução 
ao que se vivia. (HADOT, 1999, p. 362). O pensamento filosófico antigo se 
torna um exercício vivido daquilo que a razão pode projetar para si, desta 
forma a filosofia antiga conserva uma idéia de que a sua prática envolve em 
conciliar a reflexão teórica com um modo de vida (HADOT, 1999, p.135). 
 
A ascese na perspectiva filosófica helenística, nas diversas escolas e 
comunidades filosóficas, tem um intuito de acrescentar ao individuo e 
conservar aquilo que ele julga como essencial para si, isto é, através de 
diversas práticas de vida, disciplina do corpo e também da mente, tal como 
exercícios físicos e meditação, compõe o que chamaríamos de ascese. 
Logo, ao nos referirmos à ascese, em um contexto helenístico, significa que 
estamos nos referindo a um cuidado maior com o corpo e também com a 
alma (RICHARD SHUSTERMAN, 2012, p. 62). 
 
Logo, podemos notar que a faculdade da contemplação é exercida a 
todo tempo, uma contemplação em relação ao corpo e a própria alma, e 
também ao o que cerca o individuo e o faz sustentar em determinados 
estados de espírito, ou determinados modos de ser. Desta maneira, essa 
prerrogativa influi naquilo que o individuo vem chamar de verdade, a ascese 
 
8 Podemos ver mais detalhadamente na entrevista: 
https://www.fronteiras.com/entrevistas/a-antropotecnica-de-peter-sloterdijk-seres-
humanos-sensiveis-ao-seu-apelo-deveriam-trabalhar-sobre-si-mesmos 
https://www.fronteiras.com/entrevistas/a-antropotecnica-de-peter-sloterdijk-seres-humanos-sensiveis-ao-seu-apelo-deveriam-trabalhar-sobre-si-mesmos
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nesse ponto de vista – e também nos demais tipos de ascese – se torna 
uma repetição fecunda de verdades sobre o ser, e isso, pois os exercícios 
ascéticos têm a capacidade de proporcionar uma especulação das 
realidades humanas e também divinas, sendo então um exercício que 
garante um solo fértil para teorias morais; desta maneira a faculdade do 
contemplar logo está ligada ao acesso do individuo a verdade (HADOT, 
2014, p.292). 
 
Como reforça Sêneca sobre a relação da verdade e os benefícios 
desta ao individuo: “Começamos por crer na verdade e, quando cremos 
nela, o nosso espírito ganha ânimo e elevação, e enche-se de confiança e 
autoconfiança.” (SÊNECA, 2004, lv XV, ep.93, p.494). 
 
Deste modo, a ascese helenística demonstra estar interiormente 
ligada ao ser humano, assim como a do tipo elementar, é capaz de produzir 
um sentimento do qual o individuo ira se utilizar para construir a si mesmo, 
e também ao seu redor; não obstante a isso, também podemos ver que as 
práticas ascéticas são capazes de proporcionar um sentimento de 
realização, potência e também capacidade para a ação. Logo, podemos 
concluir que através dessa explanação bem breve, os principais aspectos e 
dimensões que a ascese helenística proporciona para o ser humano são 
de caráter: ético, contemplativo e de auto-formação. 
 
 
DA ASCESE CRISTÃ 
 
Finalmente, podemos adentrar na perspectiva weberiana de ascese, 
sobretudo no contexto cristão. Nessa perspectiva vamos trabalhar com 
base nos dois livros propostos do autor: “A Ética Protestante e o “Espírito” 
do Capitalismo” (2004) e “Ensaios de Sociologia” (1982). 
25 
 
 
O ser - humano se torna um animal moral através da ética religiosa. 
Isso significa que através de uma “técnica” as religiões têm um intuito de 
fundar um ethos religioso, com a intenção de desviar o sentido do mundo, 
isto é: “A ação no mundo é vista, assim, como um perigo para o estado 
irracional e outros estados religiosos voltados para o outro mundo.” 
(WEBER, 1982, p.371). Isso ocorre pois a faculdade religiosa é imbuída por 
um elemento metafísico. Diferentemente da racionalização ocidental, que é 
orientada para esse mundo sem uma noção mágico-religiosa, o que torna a 
ação pragmática, assim também como anterior a uma noção religiosa, e, 
portanto, vazia de metafísica - não se orienta para o além, e sim para esse 
mundo (exemplo de uma razão instrumental: meios e fins). E assim, 
podemos ver a crescente perda dessa dimensão mágico-religiosa com as 
transformações da ascese cristã. 
 
Logo, podemos observar que as práticas ascéticas seguindo os 
ideais cristãos, quando atuam nas ordens monásticas católicas tendem a 
criticar e gerar interdições, através de normas e regras, as maneiras de ser 
intramundanas; e assim, por sua vez, produzem uma forma de viver e uma 
maneira de ser na vida comum que visa à ordem, isso significa que tem 
uma dimensão plenamente ética que toda religião busca conservar, e, 
portanto uma dimensão que também é estética – essa perspectiva irá ser 
explorada ao final deste capitulo. 
 
Apesar desse intuito inicial que as práticas ascéticas nos 
apresentam, Weber ao tratar sobre a ascese cristã enfatiza que nas duas 
principais vertentes – catolicismo e protestantismo – ocorrem práticas 
semelhantes, isto é: estar entrelaçado em uma vida plenamente metódica, 
racionalizadae constantemente aderindo a sacrifícios do corpo, das suas 
próprias vontades, de forma que em tudo agrade a Deus, e isso acabava 
26 
 
por conservar a salvação que a religião cristã oferece (WEBER, 2004, 
p.75). 
 
 Entretanto, a diferença da ascese católica para a ascese 
protestante, tem, sobretudo, uma perspectiva de querer uma absoluta 
certeza que o individuo iria se salvar, isto é: enquanto na visão católica o 
individuo sabe que Deus elegeu alguns para a salvação, mas não se sabem 
quem são esses indivíduos; a perspectiva dos protestantes em relação a 
isso é que há a possibilidade de saber quem são esses escolhidos e que 
serão salvos, ou seja, essa eleição daqueles que iriam se salvar deveria se 
cotidianamente testada e afirmada através do exercício da vocação do 
individuo (WEBER, 2004, p.75). 
 
Como Weber parafraseia outro autor, em relação ao o que seria 
católico e o que seria protestante e no que ética de cada um influi para a 
sociedade: 
 
“O católico é mais quieto, tem menor impulso aquisitivo; prefere 
uma vida a mais segura possível, mesmo tendo menores 
rendimentos, a uma vida mais excitante e cheia de riscos, mesmo 
que esta possa lhe propiciar a oportunidade de ganhar honrarias e 
riquezas. Diz o provérbio, jocosamente: “Coma ou durma bem”. 
Neste caso, o protestante prefere comer bem, e o católico, dormir 
sossegado”. (“A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo” – pág 
14) 
 
 
E isso denota como a ascese de cunho protestante ou católica 
assume uma forma de ser no mundo. Como evidência Weber: 
 
27 
 
“O aparente conflito entre o desapego, o ascetismo e a devoção 
eclesiástica de um lado, e a participação na aquisição de bens 
materiais do outro, possam de fato vir apresentar um íntimo 
relacionamento.” (“A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo” – 
pág 15) 
 
 
O que acaba acarretando em conflitos de cunho religioso, na 
seguinte acusação entre esses dois tipos diferentes de exercer uma 
espiritualidade frente ao mundo: 
 
 
 “Do lado protestante, é usada como base das críticas de tais 
ideais ascéticos (reais ou imaginários) do modo de viver católico, 
enquanto os católicos respondem com a acusação de que o 
materialismo resulta da secularização de todos os ideais pelo 
protestantismo” (“A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo” – 
pág 14) 
 
 
Portanto, podemos ver que em Max Weber a ascese aos moldes 
protestantes tem um papel fundamental na construção de uma ética 
capitalista, - mesmo que inconsciente - um modo de ser capitalista, como 
podemos ver Weber ao citar Baxter: 
 
“Fora da vocação bem definida, as realizações do homem são 
apenas casuais e irregulares, e ele gasta mais tempo no ócio que no 
trabalho” e quando conclui com a seguinte: “ ele (o trabalhador 
especializado) levará a termo seu trabalho em ordem, enquanto 
outros ficarão em constante confusão, E sua labuta não conhecerá 
nem tempo nem lugar”... e por isso ter a vocação certa é o melhor 
28 
 
para todos” (“A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo” – pág 
76) 
 
 
 Isso porque na perspectiva da tradição calvinista, puritana e luterana a 
visão de ascese se liga a noção de vocação, e assim há o entendimento de ao 
seguir a sua própria especialidade e se identificar com um tipo de trabalho, o 
individuo é instrumentalizado para glorificar a Deus, o que acaba produzindo 
um avanço naquilo que podemos chamar de racionalismo econômico, o que 
por sua vez produz uma economia racional: “uma economia racional é uma 
organização funcional orientada para os preços monetários que se originam nas lutas 
de interesse dos homens no mercado.” (WEBER, 1982 - pág 380). 
 
Logo, há diferenças significativas entre os exercícios ascéticos em um 
contexto medieval tradicional, e, portanto, católico, diante de um contexto 
moderno e protestante. Assim, notamos que o trabalho vocacional se torna o 
exercício ascético principal da ascese moderna, é ele que vem a ser um dos 
precursores da moral da especialização, tanto quanto se torna a própria 
finalidade da vida; então, qualquer coisa fora disso se torna uma indignidade 
moral, os ditames então são: “Quem não trabalha não deve comer...” e “A falta da 
vontade de trabalhar é sintoma da falta de graça.” (WEBER, 2004, p. 74). Tomás de 
Aquino sugere essas mesmas interpretações para o ponto de vista sobre o 
trabalho, apesar de que o trabalho apenas era necessário em uma forma 
naturali ratione, isso é, para a manutenção do individuo e da comunidade; 
saindo desse aspecto, o trabalho já não possuía significado, assim como, a 
contemplação, diferente da visão moderna, mesmo que inativa, também 
poderia ser vista como uma forma de ação espiritual que junto com a oração e 
ao canto se tornam os principais exercícios ascéticos em um contexto medieval 
católico (WEBER, 2004, p.76). 
 
Entretanto, os passos para estruturar a realidade em uma visão de 
mundo que domina sobre os hábitos, e os corpos de todas as comunidades 
onde impera o cristianismo já foram dados por Tomás de Aquino; isso ocorre 
29 
 
quando ele unifica o sistema filosófico da natureza de Aristóteles com a 
teologia e a ética cristã; assim, tendo pleno controle da vida humana e suas 
expressões. Portanto, apesar do ponto de vista medieval aparentar ser um 
tanto distinto e dar mais margem para uma moral generalista e um pensamento 
criador, o caminho para que se consolidasse a visão moderna a respeito da 
ascese já estava dado – considerando que as reformas iriam acontecer de uma 
maneira ou de outra -, isso, faz com que o pensamento medieval fosse apenas 
uma etapa anterior ao pensamento moderno a respeito da consideração do 
trabalho ser uma técnica ascética de um ponto de vista um tanto quanto 
processual, que por sua vez aos poucos molda e fecha os horizontes do mundo 
em apenas uma perspectiva e uma realidade única. 
 
O movimento ascético, para nós, mesmo que se quisesse se 
distinguir desses termos, não poderia, pois a visão puritana apesar de ter 
classificado a divisão do trabalho, que é a idéia de vocação, como um 
caráter providencial, moral, ético, que teria intuitos de adorar a Deus e 
garantir a vida em outro mundo, atinge significativamente o jogo dos 
interesses econômicos. Podemos ver isso quando a especialização acaba 
possibilitando o desenvolvimento de habilidades, e também uma melhora 
qualitativa e quantitativa da produção, que acaba servindo ao bem comum. 
 
O que acaba por desvirtuar, posteriormente, todos os ideais 
religiosos e que coage o individuo a adentrar em uma ética puramente 
capitalista: 
 
“A economia capitalista moderna é um imenso cosmos no qual o 
indivíduo nasce, e que se lhe afigura, ao menos como indivíduo, 
como uma ordem de coisas inalterável, na qual ele tem de viver. Ela 
força o indivíduo, à medida que esse esteja envolvido no sistema de 
relações de mercado, a se conformar às regras de comportamento 
capitalistas.” (“A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo” – pág 
21) 
30 
 
 
Esse comportamento capitalista que Weber cita, não é nada menos 
do que exercer uma técnica que o mercado exige do individuo. Deste modo, 
Max Weber conclui que os mais nobres ideais de adoração e de glorificação 
de Deus, através do ascetismo, teriam desaparecido, deixando o mundo 
livre para uma busca constante de riqueza, e também proporcionando uma 
"vocação para o trabalho" que não necessitava de justificativa. Logo, 
através da ascese o individuo perde a sua capacidade de adorar a um Deus 
em seu sentido, e passa a prestar honra a outros senhores. 
 
Deste modo, podemos concluir que a ascese elementar, a ascese 
helenística e a ascese cristã, demonstram uma capacidade de 
manutenção e criação do ser humano e de sua comunidade, pois a partir 
delas que ocorre uma transformação de si, e também do meio; logo, a 
ascese seria uma busca crescente por uma composição do ser, e isso 
ocorre independentementedo núcleo que cultiva estas práticas. Assim, 
podemos responder as perguntas feitas na introdução deste texto a respeito 
disto, e concluir que os principais elementos que compõe a dimensão 
ascética - que compõe o tipo ideal de ascese - seriam: a dimensão ética, a 
dimensão religiosa e, sobretudo, uma dimensão estética. 
 
CAPÍTULO III 
MODERNIDADE E PERDA DE SENTIDO 
 
Visto isso, concluímos que essa ascese religiosa fornece uma 
dimensão ética, contemplativa e também reflexiva, mas que, sobretudo, se 
reflete em um constante agir para prestar uma espiritualidade; seja de uma 
forma que proporcione com um viés mais espiritual em relação à adoração 
a Deus, ou uma constante produção de certezas sobre a sua salvação. Ao 
fornecer essa primazia ética, logo podemos ter uma dimensão estética, 
31 
 
sobretudo, em como o individuo se conduz em relação ao mundo e como 
nele interage. 
 
Entretanto, podemos ver que até mesmo essa contemplação com um 
viés estético, se não for direcionada para os objetivos vocacionais são sem 
valor e passiveis de serem repreendidas, assim, a ascese acaba por ser 
ordenada por um tipo de puritanismo, sempre exigindo ordem e execução 
constante. Logo, todo ócio – e, possivelmente, o pensamento criativo - é 
negado e visto como uma característica negativa. Weber diz: “Assim, mesmo 
a contemplação inativa seria também sem valor, ou até diretamente repreensível, 
se ocorrer às expensas do trabalho diuturno do indivíduo.” (“A Ética Protestante e 
o Espírito do Capitalismo” – pág 74). Assim, rapidamente a ascese passa a se 
transformar em uma série de exercícios repetitivos, que apenas sustenta 
uma perpetuação de hábitos intramundanos. 
 
O que acaba confrontando com a ideia de uma ascese pré-
capitalista, e isso porque em Weber podemos ver que sempre há uma 
constante tensão entre a esfera estética e as religiões que buscam 
conservar uma ética estritamente religiosa, como nas religiões cristãs: “A 
sublimação da ética religiosa e a busca da salvação, por um lado, e a evolução da 
lógica inerente da arte, por outro, tenderam a formar uma relação cada vez mais 
tensa.” (WEBER, 1982 – pág 391). 
 
Mesmo que no inicio de toda e qualquer religião sempre ocorra uma 
grande harmonia entre a religião e a dimensão estética, pois: 
 
“Desde seu inicio, a religião tem sido uma fonte inesgotável de 
oportunidades de criação artística, de um lado, e de estilização pelo 
tradicionalismo, do outro. Isso se evidencia em vários objetos e 
processos: ídolos, ícones e outros artefatos religiosos.” (WEBER, 
1982 – pág 390) 
32 
 
 
E isso se dá pelo que Weber chama de racionalização do mundo, 
que em parte a ascese protestante acaba proporcionando para o mundo, 
pois há agora um enfoque em uma racionalidade econômica, e também 
uma ética puramente moderna, de cunho calculista, que acabam buscando 
harmonia entre as direções que o mundo oferece, e as direções que a 
religião oferece. Logo, podemos ver que: 
 
“A racionalização é o processo que confere significado à 
diferenciação de linhas de ação. É ela que abre o caminho para o exercício 
da ação racional e enseja a sua crescente e, logo, irreversível expansão. 
Logo, o desencantamento do mundo de weber, pode ser lido como um 
aumento gradativo de nitidez de significados.” 9(COHN in Weber, 1995, 
p.17) 
 
 
Essa racionalização se dá pela eficiência dos processos de 
cálculo, ao invés de motivações de cunho moral, costume ou tradição. O 
que acaba proporcionando um desencantamento do mundo10, uma perda 
crescente do sentido religioso e espiritual que antes as religiões buscavam 
conservar, o que também acaba isolando uma dimensão de outras 
dimensões: a arte, a religião e a política, por exemplo, já não mais está 
correlacionada com outras dimensões além das mesmas que estas 
representam, e isso, pois cada vez mais se pensa a arte pela arte, a religião 
pela religião, a política pela política, o que denota uma “nitidez de 
significados” e logo podemos ver uma crescente distância entre uma esfera 
e outra que compõe o cotidiano e a nossa própria existência: Cada esfera 
de valor, ao se racionalizar, se justifica por si mesma: encontra em si uma 
 
9 Podemos ver esse conceito mais detalhadamente na obra “Economia e Sociedade”, de Weber. 
10 Conceito que indica a constante perda de sentido e significados para a vida. Podemos encontrar na 
obra de Weber: “Ciência como Vocação”. 
33 
 
finalidade própria. Dessa maneira, esses meios racionais de ganho 
econômico que a ascese protestante proporciona rompem com a ascese 
tradicional católica e evidência esse caráter e ética moderna capitalista: 
 
“Este é um exemplo do que queremos significar aqui por 
tradicionalismo. O homem não deseja “naturalmente” ganhar mais e 
mais dinheiro, mas viver simplesmente como foi acostumado a viver 
e ganhar o necessário para isso. Onde quer que o capitalismo 
moderno tenha começado sua ação de aumentar a produtividade do 
trabalho humano aumentando sua intensidade, tem encontrado a 
teimosíssima resistência desse traço orientador do trabalho pré-
capitalista.” (“A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo” – pág 
24) 
 
 
Isto é, a partir de uma ação sistemática e também metódica, como a 
ética protestante em relação à ação direcionada ao trabalho, acaba 
proporcionando um objetivo a se alcançar, e se age de maneira sistemática 
e metódica para se alcançar esse objetivo, o que rompe com uma idéia 
tradicional de se viver a vida. Como compreender o fenômeno religioso 
ocidental é compreender o processo de racionalização, logo, compreender a 
racionalização do mundo é também compreender o advento da 
modernidade. E isso porque ocorre a passagem do protestantismo ao 
capitalismo moderno. 
 
A modernidade acaba criando um costume recorrente de obter uma 
previsibilidade através desse pensamento metódico e calculista, e isso é 
proporcionado por um conhecimento racional, que não está muito ligado a 
ética religiosa. Porque essa dimensão cognitiva oferece ao mundo uma 
visão racional da vida. O que ocorre então é a intelectualização da cultura, 
que busca cada vez mais dominar a realidade de forma teórica. 
34 
 
 
Deste modo, podemos também notar que a racionalização da cultura 
atinge também um patamar moral. Isso significa dizer que agora ocorre a 
separação das idéias morais, assim como uma série de princípios de idéias 
morais. Há agora sempre uma independência dos valores, sobretudo, dos 
valores que a vida religiosa nos impõe (WEBER, 1982, p.277). 
 
Dito isso, a dimensão ética, estética e também religiosa não 
depende mais da ascese, e nem sequer a trás a tona essa prática como 
antes, justo no advento dessa racionalização da moral a ascese cada vez 
mais se degenera, pois se transforma em mero especialismo, de maneira tal 
que não é capaz de se unir e mesclar a outras esferas e dimensões como 
antes. E assim é por advento da técnica. Essa técnica acaba por transformar 
tudo aquilo que é humano em uma constante mecânica com um viés 
totalmente formal. O que também acaba resguardando a vida em um 
enclausuramento do espírito. A modernidade se resulta então em uma 
constante desumanização daquilo que é essencialmente humano11. 
 
Podemos ver também que no iluminismo a ascese foi banida, assim 
como foi banida também do processo artístico, e isso pelo simples fato de 
soar como algo místico e possivelmente pelo pretexto de propagar uma 
loucura que a cultura dessa época almejam evitar: o feitiço, a mágica, o 
mana 12 . Assim sendo, a única ascese que a modernidade suporta é a 
pseudo-ascese, a que poupa para se ter mais, que se disciplina para lucrar; 
a construção e o crescimento das cidades então passam a ocorrer com uma 
determinada ausência de espírito. 
 
 
11 Na modernidade há uma série de repercussões positivas, que também torna a vida mais fácil 
em certos aspectos. Entretanto, como se trata de um estudo daascese e a sua degeneração, o 
teor que está envolto da modernidade em correlação ao fenômeno ascético é sempre negativo. 
12 Podemos ver mais a respeito em Adorno “do conceito de iluminismo” 
35 
 
Assim, já citando Lévi-Strauss: o declínio da explicação mítica a partir do 
Renascimento condiz com a ascensão de uma criatividade musical maior, e 
isso porque essa criatividade passa a oferecer uma forma musical, entretanto, 
formas que apenas foram redescobertas: “É exatamente como se, ao inventar 
as formas musicais específicas, a música só redescobrisse estruturas que já 
existiam a nível mitológico”. (Lévi-Strauss - Tristes Trópicos) 
 
Deste modo, essa criatividade musical não inventou formas, e sim, 
apropriou-se das estruturas dos mitos. Assim, podemos então concluir que o 
Renascimento, Modernidade tem uma tendência de querer pensar 
constantemente uma idéia de progresso, e livrar do medo exterior e de 
possíveis acontecimentos que submetem os seres humanos ao temor de 
conhecer o próprio mundo, entretanto, se realiza de uma maneira que o cega, e 
isso porque o Iluminismo, em nome da razão, acorrenta o pensamento com o 
pretexto cientifico, de apenas nos direcionar a uma tendência econômica13. 
 
 
 
 
CAPÍTULO IV 
HORIZONTES DA PRODUÇÃO DE SENTIDO 
 
A ascese do ponto de vista da reflexão e de um pensamento tradicional 
se justifica e se apóia em grande parte em um caráter religioso, as variedades 
de crenças são os elementos que imbuem e preenchem a atividade ascestica; 
assim, a pretensão de se alcançar um estado genuíno do espírito tem forte 
correlação com determinada necessidade humana de estar ligada a um 
pensamento mitológico-religioso, a algo que tem a tendência de transcender, e 
 
13 Ver em Adorno: “Do conceito do Iluminismo” 
36 
 
que ao mesmo tempo faz parte de maneira bem primitiva ao o que é ser 
humano. Esses elementos mitológicos estruturais envoltos do fenômeno da 
ascese são os que dão a ela sentido, são elementos que a direcionam para um 
estipulado fim – um fim que almeja salvar aquilo que é humano. 
 
Assim, quando vamos falar sobre a ascese só podemos assim dissertar 
quando a correlacionamos com o espírito humano, pois este, através da 
ascese, tem o intuito de adentrar em determinado estado genuíno de heroísmo, 
e isso significa maior motivação para a ação, e, consequentemente, 
proporcionar para si um sentimento maior de realização (WILLIAM JAMES, 
1991, p.217). 
 
Notamos então que a ascese não poderia apenas se encaixar em uma 
espécie de regime restrito, as demandas da vida na civilização já demandam 
um regime, não faria sentido a ascese em um amplo e puro sentido demandar 
mais desse mal-estar que advém da perda constante de valores e das 
dimensões que compõe a ascese, e, continuamente, fechar mais os horizontes 
da diversidade e multiplicidade humana. O que se propõe então é encarar esse 
movimento como algo libertador e que vá além desses ditames medievos, 
modernos e técnicos. Ora, o que se apresenta não se é nenhum problema tão 
novo, são as mesmas criticas dos ideais ascéticos que muitos antes já o 
fizeram14. E isso implica dizer que apenas através do exercício criativo, através 
da tomada de consciência e percepção da dimensão estética, isto é: analisar 
os sentimentos primeiramente para se chegar à razão 15 ; logo se tornara 
possível se desvincular dessa estreita falta de liberdade em meio essa grande 
estrutura e romper com o excesso do especialismo. 
 
Isso implica dizer que deveríamos ter uma educação que nos 
proporcionasse um domínio carismático, o que significa que para contornar 
 
14 Nietzsche estrutura sua critica a modernidade com base nos ideais ascéticos. 
15 Uma proposta bem hegeliana do que seria razão. 
37 
 
essa situação há o dever de despertar o heroísmo no ser. A capacidade de 
enxergar e ter ambição, assim como conservar um estado espirituoso em si 
mesmo. As qualidades humanas devem ser retomadas, a humanização deve 
ser retomada, e para isso, devemos ir além da rotina diária. Como aponta: “O 
atendimento de todas as necessidades que vão alem da rotina diária teve em 
principio uma base totalmente heterogênea, ou seja, carismática” (WEBER, 
1982, pág 281). Como podemos ver na propriedade carismática: 
 
“Isto significa que os lideres “naturais” — em épocas de 
dificuldades psíquicas, físicas, econômicas, éticas, religiosas ou 
políticas — não foram os ocupantes de cargos nem os titulares 
de uma “ocupação” no sentido atual da palavra, isto e, homens 
que adquiriram um conhecimento especializado e que servem 
em troco de uma remuneração. Os lideres naturais nas 
dificuldades foram os portadores de dons específicos do corpo e 
do espírito, dons esses considerados como sobrenaturais, não 
acessíveis a todos.” (WEBER, 1982 – pág 283) 
 
 
 Os dons naturais citados e também considerados mágicos, bem 
sabemos que é da faculdade humana – sabemos disso através da 
racionalização intelectual – logo, a faculdade do carisma não está 
especificamente ligada a dons sobrenaturais, e sim a faculdade da dimensão 
estética e criativa, pois o individuo imbuído de carisma se prova ser criativo o 
suficiente para “ignorar qualquer “carreira”, “progresso”, “salário” regulares, ou o 
treinamento especializado e regulamentar do portador do carisma ou de seus 
auxiliares.” (WEBER, 1982, p. 283). E isso se deve, pois “O seu portador toma a 
tarefa que lhe e adequada e exige obediência e um séquito em virtude de sua missão. 
Seu êxito e determinado pela capacidade de consegui-los.” (WEBER, 1982, p. 284) 
 
 Deste modo, se torna necessário, para aquele que é possuidor do 
carisma, ter a missão de retomar o caráter criativo, a capacidade de se 
reinventar; e não apenas de afirmar um ideal a ser seguido, mas que seja 
38 
 
possuidor de uma articulação entre essas dimensões distintas e que possuem 
uma finalidade em si mesma. 
 
 Weber diz que a ciência só pode ser exercida plenamente através da 
paixão pela especialidade, pela ascese em relação a um assunto especifico. 
Entretanto, nem ao menos conseguimos achar nessa especialidade ascética 
cientifica a capacidade de retomar o fenômeno ascético e heróico do ser 
humano, e isso pela constante distância da ciência em relação ao que é 
comum. Logo, se torna necessário outros meios fora deste, para que se pense 
e reflita em como poderíamos retomar a capacidade humana de ação criativa e 
construtora de um sentido e um horizonte para a vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
 
 
 
 
 
Bibliografia: 
 
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Guanabara, 1982. 
 
WEBER, Max (2004). A ética protestante e o “espírito” do capitalismo. São 
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WEBER, Max. Religião e racionalidade econômica[1916]. In: WEBER, Max. 
Max Weber: sociologia (Gabriel Cohn org.). São Paulo, Ática, 1982. 
 
WEBER, Max. Economia e Sociedade: Fundamentos da Sociologia 
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COHN, Gabriel. A controvérsia metodológica. In: COHN, Gabriel. Crítica e 
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T.A.Queiroz, 1979. 
 
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Fontes 
 
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Eduardo Brandão. - 2° ed. - São Paulo: Martins Fontes, 1999. 
 
40 
 
James, William. William James Variedades da Experiência Religiosa – Um estudo 
sobre a natureza humana. Trad. De Octavio Mendes Cajado; William James, 1991 – 1º 
Ed. – Editora Cultrix. 
 
Hadot, Pierre/ Exercícios Espirituaise Filosofia Antiga; São Paulo: É 
Realizações, 2014 
 
HADOT, PIERRE. O que é a filosofia antiga? Trad. de Dion Davi Macedo. São 
Paulo: Loyola, 1999. 
 
Shusterman, Richard/ Consciência Corporal; tradução Pedro Sette-Câmara. – 
São Paulo: É Realizações, 2012 
 
A finalidade da ascese no estoicismo imperial: leituras de Michel Foucault e 
Pierre Hadot/ Carlos Renato Moitero: orientador César Cadiotto – 2010 
 
SÊNECA, Lucius Annaeus; SEGURADO E CAMPOS, Jóse António. Cartas 
Lucílio. 2. Ed.Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2004

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