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Pedagogia-Hospitalar-Artigo-2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE EDUCAÇÃO 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA LICENCIATURA PLENA
WALDIR NASCIMENTO DE SOUZA 
PEDAGOGIA HOSPITALAR: AS INTERAÇÕES ENTRE EDUCAÇÃO E
SAÚDE
NATAL/RN 
2017.2
WALDIR NASCIMENTO DE SOUZA
PEDAGOGIA HOSPITALAR: AS INTERAÇÕES ENTRE EDUCAÇÃO E
SAÚDE
Artigo apresentado ao Curso de
Pedagogia do Centro de Educação
da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte como requisito
parcial para obtenção do Grau de
Licenciatura em Pedagogia. 
Orientadora: Profª. Drª. Jacyene
Melo de Oliveira Araújo. 
NATAL/RN 
2017.2
PEDAGOGIA HOSPITALAR: AS INTERAÇÕES ENTRE EDUCAÇÃO E
SAÚDE
WALDIR NASCIMENTO DE SOUZA
Artigo apresentado ao Curso de
Pedagogia do Centro de Educação
da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte como requisito
parcial para obtenção do Grau de
Licenciatura em Pedagogia. 
Orientadora: Profª. Drª. Jacyene
Melo de Oliveira Araújo. 
BANCA EXAMINADORA 
_______________________________________________________________ 
Prof.ª Dr.ª Jacyene Melo de Oliveira Araújo (Orientadora) 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
_______________________________________________________________ 
Prof.ª Dr.ª Maria Simone da Rocha(Examinadora) 
 Universidade Federal Rural do Semi-Árido
______________________________________________________________ 
Prof.ª Msc. Ana Glícia de Souza Medeiros (Examinadora)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
PEDAGOGIA HOSPITALAR: AS INTERAÇÕES ENTRE EDUCAÇÃO E
SAÚDE
SOUZA, Waldir Nascimento de 
RESUMO
O presente artigo pretende abordar a importância do trabalho pedagógico
hospitalar, para crianças e jovens em situação de internamento que se encontram
impossibilitados de frequentar a sala de aula do ensino escolar formal. A constituição
deste trabalho baseou-se numa pesquisa bibliográfica e observação da rotina da
Classe Hospitalar in loco e aplicação de um questionário com a pedagoga que atua no
Hospital Pediátrico Maria Alice Fernandes, no Bairro Parque dos Coqueiros, zona
norte de Natal-RN. Os referenciais teóricos utilizados partiram de Lackatos, Marconi e
Gil, dentre outros. O objetivo da pesquisa é analisar as interações entre educação e
saúde no contexto hospitalar. Concluímos que as interações entre Educação e saúde
são políticas sociais fundamentais para o desenvolvimento de um país. Significa dirigir
o trabalho para atuar sobre o conhecimento das pessoas de tal maneira que elas
desenvolvam a capacidade de juízo individual, coletivo e de intervenção sobre suas
vidas em equilíbrio com o ambiente e que, compreender a criança e o adolescente
hospitalizados, exige uma prática humanizadora do hospital e daqueles que trabalham
no campo da Pedagogia Hospitalar, tornando-se louvável que esse campo se efetive
enquanto prática social e pedagógica desenvolvida nesse ambiente, mediante
aplicação de atividades ludopedagógicas pautadas na perspectiva da humanização e
do cuidado.
Palavras-chave: Pedagogia hospitalar. Interações; Saúde; Educação.
ABSTRACT
This article intends to address the importance of hospital pedagogical work for
hospitalized children and young people who are unable to attend the formal school
classroom. The constitution of this work was based on a bibliographical research and
observation of the routine of the Hospital Class in loco and application of a
questionnaire with the pedagogue that works in the Pediatric Hospital Maria Alice
Fernandes, in the Park Park of the Coqueiros, northern zone of Natal-RN. The
theoretical references used came from Lackatos, Marconi and Gil, among others. The
objective of the research is to analyze the interactions between education and health in
the hospital context. We conclude that the interactions between Education and health
are fundamental social policies for the development of a country. It means directing the
work to act on people's knowledge in such a way that they develop the capacity for
individual, collective and intervention judgment over their lives in balance with the
environment and that, understanding the hospitalized child and adolescent requires a
humanizing practice of the hospital and of those who work in the field of Pedagogia
Hospitalar, and it is praiseworthy that this field is effective as a social and pedagogical
practice developed in this environment, through the application of ludopedagogical
activities based on the perspective of humanization and care.
Keywords: Hospital pedagogy. Interactions; Cheers; Education.
1. INTRODUÇÃO 
Este artigo tem como temática a importância da classe hospitalar e sua
interação com a saúde no contexto educacional hospitalar. Assim, nosso
objetivo visa analisar as interações existentes entre Saúde e Educação no
contexto da Pedagogia Hospitalar como também em suas terminologias
relacionadas à classe hospitalar, atendimento pedagógico hospitalar,
escolarização hospitalar, atendimento educacional hospitalar, educação em
contexto hospitalar, bem como seus resultados e compreensão da importância
do pedagogo na educação de crianças e jovens enfermos, observando a classe
hospitalar como um espaço significativo para o desenvolvimento de diversas
atividades educacionais.
Para Lakatos e Marconi (2003), os limites de uma pesquisa são
determinados pelo assunto abordado onde se escolhe um tópico, que limita o
assunto abordado, a extensão, onde se aborda o assunto sem que fique muito
extenso e alguns fatores de meio humano, econômico e que não seja tão
pequeno a ponto de não ser entendido. 
Esse estudo se configura numa pesquisa de cunho exploratório,
trabalhando com a revisão de alguns referenciais teóricos que nos permitiram
construir uma metodologia que num primeiro momento se caracteriza pela
escolha do lócus de observação e aplicação de questionário a pedagoga
responsável pela classe hospitalar do Hospital Pediátrico Maria Alice
Fernandes, situado à Avenida Pedro Álvares Cabral - Parque dos Coqueiros,
na zona norte de Natal - RN, CEP 59115-000. O Hospital conta com 52 leitos
na clínica médica, 19 leitos na clínica cirúrgica e 10 leitos na UTI (Atualmente
encontra-se sem funcionamento). 
Realizamos na instituição oito visitas onde buscamos observar como
funciona o trabalho pedagógico na instituição que constituíram as fontes para
produção de dados da pesquisa, no qual nos debruçamos para pensar um
método que fosse capaz de confrontar a relação e interação entre educação e
saúde na classe hospitalar.
Conforme alguns autores LACKATOS; MARCONI, (1992) e GIL, (1989),
observação participante é uma tentativa de colocar o observador e o observado
6
do mesmo lado, tornando-se o observador um membro do grupo de modo que
vivam e trabalhem dentro do sistema de referência dos observados. Para a
construção do artigo foi elencado a importância da classe hospitalar, e quais as
normas para o seu funcionamento no contexto. Por meio deste estudo
mostraremos o resultado das atividades desenvolvidas na classe hospitalar e
seu suporte às crianças hospitalizadas.
Para o levantamento de dados, aplicamos um questionário com a
professora responsável pela classe hospitalar em questão e, segundo Garcia
(1995), o questionário é utilizado como conhecimento de aspecto da atividade
docente, que funciona como instrumento diagnóstico e orientador para o objeto
investigado. O questionário foi utilizado com o objetivo de caracterizar o
ambiente observado, classe hospitalar, seu funcionamento e rotina. Buscamos
observar de que forma os resultados educacionais são obtidos para cada caso
patológico observado no ambiente hospitalar, se houve evolução ou involução
e, a partir dos resultados obtidos traçar um perfil de interação entre saúde e
educação, buscando entender a problemáticade evolução ou não progresso
entre os atores envolvidos na relação saúde/educação. 
Nesse sentido, busquei compreender através deste artigo a importância
da classe hospitalar, seu funcionamento e resultados educacionais e interações
terapêuticas no contexto educacional, por isso a escolha do tema e, para
melhor compreender seu funcionamento, fui ao campo realizar a pesquisa na
classe hospitalar do Hospital Maria Alice Fernandes, localizado na zona norte
de Natal/RN.
A pedagogia Hospitalar amplia a valorização e o direito à educação e à
saúde à todas as pessoas, atividades educativas nos hospitais aproximam as
crianças e os adolescentes as atividades diárias e convívio social culminando
com um processo alternativo de educação continuada que ultrapassa o
contexto formal da escola apontando-se a uma nova realidade com
características educativas peculiares a partir de um planejamento específico e
de acordo com as necessidades.
Na atualidade, observamos que a Pedagogia, ao longo da história, se
transformou para atender as demandas da sociedade. Com isso, a educação
7
avançou em alguns aspectos quanto aos estudos pedagógicos, e permaneceu
ultrapassada em outros aspectos, as práticas pedagógicas. 
A pedagogia Hospitalar visa dentre outros aspectos, integrar os
profissionais da área da saúde e educação, com o objetivo de propiciar às
crianças e adolescentes o seu convívio social, ao lazer e ainda a continuidade
dos seus estudos, bem como a possibilidade de inserção de atividades sócio-
educativas e lúdicas nesse contexto levando em consideração a condição de
saúde de cada pessoa, Matos (2008 p. 24). 
A Pedagogia hospitalar prevista no processo educacional e considerada
nas legislações tanto nacional quanto estadual no amparo e no atendimento às
crianças e adolescentes em condição de internamento ou impossibilidade de
frequentar a escola por diferenciados problemas de saúde é bastante
pertinente e eficaz, suprindo tamanha necessidade educativa. 
O artigo 214 da Constituição Federal afirma que as ações do Poder
Público devem conduzir à universalização do atendimento escolar. A Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, reforça que, para garantir o
cumprimento da obrigatoriedade de ensino, o Poder Público criará formas
alternativas de acesso aos diferentes níveis de ensino (art. 5º, § 5º), podendo
organizar-se de diferentes formas para garantir o processo de aprendizagem
(art. 23). 
Conforme o exposto, torna-se de fundamental importância, que todas as
necessidades básicas da criança e do adolescente de convívio, lazer e de
aprendizagem permaneçam garantidas também em momentos de
internamento. Para tanto é necessário que os profissionais envolvidos nesse
contexto hospitalar, tenham uma formação adequada para que saibam adaptar
às práticas levando em consideração o momento de internamento. O educador
deverá buscar estratégias e recursos metodológicos os quais atenda as
especificidades dos indivíduos em questão. 
Para Matos (2008 p. 29), a Pedagogia Hospitalar aponta, ainda, mas um
recurso contributivo à cura. Favorece a associação do resgate, de forma
multi/inter/transdisciplinar, da condição inata do organismo, de saúde e bem-
estar ao resgate da humanização e da cidadania. Amplia a valorização e o
direito à educação e à saúde a todas as pessoas, atividades educativas nos
8
hospitais podem aproximar às crianças e os adolescentes às atividades diárias,
ao convívio social. Ainda para Matos (2008 p 37), A pedagogia Hospitalar é um
processo alternativo de educação continuada que ultrapassa o contexto formal
da escola, pois levanta parâmetros para o atendimento de necessidades
transitórias do educando, em ambiente hospitalar e/ou domiciliar em caso de
enfermo.
Nesse sentido, com a ótica de ampliar as discussões e ações sobre a
classe hospitalar, foi utilizada como metodologia a revisão bibliográfica e a
pesquisa de campo, onde iremos discorrer sobre sua importância, seu
processo de aprendizagem, suas normas e funcionamento e suas contribuições
na perspectiva da investigação qualitativa em educação, que envolve a
observação, a compreensão e construção do significado do tema em estudo,
com intuito de responder aos objetivos propostos.
A opção por uma classe hospitalar se dá pelo envolvimento que a
criança tem com as atividades educacionais se efetivando como um direito dos
sujeitos hospitalizados e consiste numa prática educativa inclusiva focada na
atenção humanizada e no cuidado essencial aqueles que, acometidos por uma
patologia aguda ou crônica, precisaram se afastar do convívio da família, da
escola, da igreja e das demais instituições onde possuem uma rotina, para
serem submetidos ao tratamento por tempo (in)determinado, observando-se os
objetivos propostos na pesquisa em questão, as análises do funcionamento da
classe hospitalar através da observação de seu funcionamento, avaliação e
evolução educacional do paciente.
2. HISTORIA DA PEDAGOGIA HOSPITALAR: OBJETIVOS E SUA
IMPORTÂNCIA
As classes educacionais hospitalares são uma modalidade de
atendimento pedagógico-educacional oferecido às crianças em internação
hospitalar que assegura o compromisso educacional da criança e seu
desenvolvimento cognitivo e afetivo, sem poder ser confundido com uma
escola formal dentro de um hospital. Vygotsky (1987), descreve em sua linha
histórico social, bastante adequada a nossa realidade, que o professor é o
mediador dos processos de ensino e de aprendizagem de e com seus alunos.
9
Esse processo mediador analisa não apenas aqueles conteúdos apresentados
na sala de aula, mas também e, os conteúdos que o aluno traz de suas
experiências com o mundo fora da sala de aula e da escola, mas que vêm com
ele para a sala de aula a cada dia (LIBÂNEO, 1998).
A pedagogia, ao longo da história, se transformou para atender as
demandas da sociedade. Com isso, a educação avançou em alguns aspectos
quanto aos estudos pedagógicos, e permaneceu ultrapassada em outros
aspectos, as práticas pedagógicas.
A pedagogia ocupa-se, de fato, dos
processos educativos, métodos, maneiras de
ensinar, mas antes disso ela tem um significado
bem mais amplo, bem mais globalizante. Ela é um
campo de conhecimentos sobre a problemática
educativa na sua totalidade e historicidade e, ao
mesmo tempo, uma diretriz orientadora da ação
educativa. (LIBÂNEO, 2007, p. 29-30).
A Classe Hospitalar tem seu início em 1935, quando Henri Sellier
inaugura a primeira escola para crianças inadaptadas, nos arredores de Paris.
Seu exemplo foi seguido na Alemanha, em toda França, na Europa e nos
Estados Unidos, com o objetivo de suprir as dificuldades escolares de crianças
tuberculosas. Em 1939 é criado o C.N.E.F.E.I. – Centro Nacional de Estudos e
de Formação para a Infância Inadaptadas de Suresnes, tendo como objetivo
formação de professores para o trabalho em institutos especiais e em hospitais.
No Brasil, a legislação reconheceu através do estatuto da Criança e do
Adolescente Hospitalizado, através da resolução nº 41 de outubro de 1995, no
item 9, o “direito de desfrutar de alguma forma de recreação, programas de
educação para a saúde, acompanhamento de currículo escolar durante sua
permanência hospitalar”. Pode-se considerar como marco decisório das
escolas em hospital a Segunda Guerra Mundial. O grande número de crianças
e adolescentes atingidos, mutilados e impossibilitados de ir à escola, fez criar
um engajamento, sobretudo dos médicos, que hoje são defensores da escola
em seu serviço.
O aluno que frequenta a classe hospitalar por três dias ou mais será
realizado um contato através de telefone com sua escola, comunicando sua
participação e obtendo informações sobre os conteúdos trabalhados, naquele10
momento, em sua sala de aula. Após sua alta, o hospital enviará um relatório
descrevendo as atividades realizadas durante seu internamento, seu
desempenho, sua postura e dificuldades apresentadas pelo enfermo. A
proposta na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996) é
a de que toda criança disponha de todas as oportunidades possíveis para que
os processos de desenvolvimento e aprendizagem não sejam suspensos.
O atendimento na Pedagogia Hospitalar cada vez mais vem se
expandindo no atendimento a criança hospitalizada, se enfatizando, em muitos
hospitais do Brasil, como filosofia humanística. A classe hospitalar tem por
objetivo defender o direito da criança e adolescente a cidadania, o respeito às
pessoas com necessidades educacionais especiais e oportunidades iguais,
possibilitando a compensação de sua falta na sala de aula, devolvendo um
pouco de sua normalidade educacional cotidiana, entendendo dessa forma,
sua relevante importância a crianças e jovens enfermo.
2.1 CLASSE HOSPITALAR
A classe educacional hospitalar é uma modalidade de atendimento
pedagógico direcionado às crianças em internação hospitalar que não esgota o
conceito de atendimento pedagógico, como também não significa a presença
de uma escola formal no ambiente hospitalar. A classe educacional hospitalar
assegura o compromisso educacional e da saúde a crianças e jovens em
demandas de atendimento hospitalar causado por enfermidades, uma vez que
essa condição de enfermo ofereça risco ao desenvolvimento educacional do
mesmo, bem como as vulnerabilidades a saúde, compensando as faltas ao
ambiente escolar tradicional e devolvendo um pouco da normalidade a sua
maneira de viver. A implantação da classe hospitalar em hospitais tem a
pretensão de integrar a criança ao seu novo modo de vida de maneira
humanizada, em ambiente acolhedor, dando ênfase a suas relações sociais e
familiares constituindo uma necessidade para o hospital, crianças, família e
equipe hospitalar ligados a educação e saúde. Segundo a política do MEC:
11
Classe Hospitalar é um ambiente hospitalar que
possibilita o atendimento educacional de crianças
e jovens internados que necessitam de educação
especial e que estejam em tratamento hospitalar.
(BRASIL, 1994, p. 20).
A classe hospitalar é direcionada as crianças e jovens hospitalizados, se
estendendo as famílias, na busca de recuperar a socialização da criança
através do processo de inclusão, dando continuidade a seus trabalhos de
aprendizagem, sendo assim, a inclusão social é o resultado do processo
educativo e re-educativo. As práticas educativas desenvolvidas no hospital se
efetivam a partir de ações que articulam o brincar e o aprender, mediante
situações que instigam o desejo, a motivação, o interesse, a autoestima, a
atenção, a inteligência e a criatividade. Os ambientes são projetados com o
propósito de favorecer o desenvolvimento e a construção do conhecimento
para crianças, jovens e adultos, no âmbito da educação básica, respeitando
suas capacidades e necessidades educacionais especiais individuais. As
exigências mínimas são uma sala para desenvolvimento das atividades
pedagógicas com mobiliário adequado e uma bancada com pia. Sempre que
possível, devem estar disponibilizado recursos audiovisuais, como computador
em rede, televisão, filmadora, dentre outros.
Nos aspectos relacionados ao atendimento pedagógico domiciliar,
referem-se as necessidades do professor para efetivação do atendimento em
domicilio e às adaptações que deverão ser realizadas na residência do
educando e no ambiente no qual ocorrerá a ação pedagógica como: cama
especial, cadeira e mesa adaptada, cadeira de rodas, eliminação de barreiras
que dificultem o acesso a outros ambientes, dentre outros.
3. INTERAÇÕES ENTRE EDUCAÇÃO E SAÚDE NA CLASSE HOSPITALAR
Para a atuação do professor na classe hospitalar, é necessário que
esteja habilitado à trabalhar com diversidade humana e diferentes experiências
culturais, ter formação pedagógica, estando apto a elaborar projetos que
integrem a aprendizagens especificas à crianças hospitalizadas adaptando-as
aos padrões que diferem da educação formal, resgatando e integrando ao
12
contexto educacional com flexibilidade, visando atender primeiramente o
quadro clínico de cada educando/paciente. 
O atendimento pedagógico deverá ser orientado pelo processo de
desenvolvimento e construção de conhecimentos correspondentes à educação
básica, exercido numa ação integrada com o serviço de saúde através da
elaboração de documentos de referência e contra-referência entre a classe
hospitalar e a escola de origem do educando de forma que contribua com
melhor integração entre as partes, a promoção de saúde do enfermo e ao
melhor retorno e/ou continuidade dos estudos pelos educandos envolvidos. 
Saúde e educação são direitos de todos e dever do Estado, garantido
mediante políticas sociais e econômicas, visando a redução da doença, bem
como a igualdade de condições para o acesso, permanência e sucesso na
escola. Conforme está garantido na própria Constituição Federal:
A educação, direito de todos e dever do Estado e
da família, será promovida e incentivada com a
colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho. (BRASIL, 1988).
Observamos que a Classe Hospitalar do Hospital Pediátrico Maria Alice
Fernandes oferece atendimento na classe hospitalar multisseriada, com
pedagogas pertencentes ao quadro da Secretaria Municipal de Educação. O
trabalho pedagógico hospitalar favorece o desenvolvimento e aprendizagem do
aluno hospitalizado garantindo o direito e a continuidade aos estudos.
Concluímos que a intermediação entre Classe Hospitalar e Escola, quando da
necessidade de uma criança ou jovem enfermo, ocorre de forma amigável,
através de documentos e em conformidade com a equipe de nutrição,
psicologia e assistência social. 
As intercorrências que venham ocorrer na classe hospitalar (Segundo a
pedagoga não há registros no hospital em questão), são resolvidas de acordo
com cada caso. Na maioria dos casos as crianças e jovens permanecem no
hospital por volta de dez dias, ou seja, não há uma perda educacional tão
grande aos enfermos já que, segundo informações colhidas, geralmente eles
voltam a sala de aula formal logo após a alta hospitalar. 
13
As atividades desenvolvidas na Classe Hospitalar são pautadas de
acordo com o nível da criança ou jovem. Como se trata de classe
multisseriada, são desenvolvidas atividades de pintura, leitura, contação de
histórias, exercícios de escrita, jogos de cruzadas e orientações pedagógicas
de acordo com cada nível educacional. Durante o atendimento na classe
hospitalar, os pais ou responsável pode acompanhar a criança ou jovem.
No questionário aplicado e respondido pela responsável pela classe
hospitalar do hospital Maria Alice Fernandes, situado no zona norte de
Natal/RN, pedagoga, especialista em neuropsicologia, professora Ana Lúcia de
Souza Costa concluímos que a classe hospitalar funciona há sete anos no
hospital pesquisado, que a implantação da classe hospitalar aconteceu em
setembro de 2010, sendo oficializado e assinado o termo de cooperação entre
a rede municipal de Natal/RN e o hospital em dezembro de 2010, onde a
secretaria entraria com mão de obra e material didático e mobília e o hospital
com o espaço, com atendimento na educação infantil e ensino fundamental. A
princípio começou a funcionar junto com a brinquedoteca e após três meses já
dispunha de um local transformado em sala de aula. Seu funcionamento é
amparado pela lei Nº6.365, de 21 de agosto de 2012, prefeitura municipal de
Natal (lei municipal). Os profissionais efetivos atendem a classe hospitalar de
segunda a quinta-feira com aula normal e sextas feiras planejamentos ou
formações, e ainda encontros a cada quinze dias para formações e encontros
vivenciais.
Cumpre às classes hospitalares e ao atendimento
pedagógico domiciliar elaborar estratégias e
orientações para possibilitar o acompanhamento
pedagógico-educacional do processo de
desenvolvimento e construção do conhecimento
de crianças, jovens e adultos matriculados ou não
nos sistemas de ensino regular, no âmbito de
educação básica e que encontram-se
impossibilitados de frequentar escola, temporária
ou permanente e, garantir a manutenção do
vínculo com as escolas por meio de um currículo
flexibilizado e/ou adaptado, favorecendo seu
ingresso, retorno ou adequada integração ao seu
grupo escolar correspondente, como parte do
direito de atenção integral (BRASIL, 2002, P. (19).
14
No processo educativo a classe hospitalar desenvolve a oportunidade de
ligação com padrões da vida cotidiana, garante um vínculo entre a criança e o
ambiente escolar. É necessário que as atividades realizadas com essas
crianças e adolescentes tenham começo, meio e fim e que o professor precisa
estar ciente que cada dia se constrói com planejamento estruturado e flexível. 
Para Oliveira, Filho e Gonçalves (2008), O ambiente da classe hospitalar
necessita ser diferenciado, tem que ser acolhedor, com estimulações visuais,
brinquedos, jogos, sendo assim um ambiente alegre e aconchegante. É através
do brincar que as crianças e adolescentes internados encontram maneiras de
viver a situação de doença, de forma criativa e positiva. 
Portanto, o trabalho em classe hospitalar faz com que há diminuição do
risco de comprometimento mental, emocional e físico dos enfermos,
aumentando assim sua autoestima, confiança e esperança. No entanto às
atividades são coordenadas de forma a dar um suporte e continuidade ao
trabalho escolar das crianças/adolescentes atendidos na classe hospitalar. 
Assim, o planejamento de tais atividades torna-se imprescindível com o
objetivo de reintegrar as crianças/adolescentes à sua escola de origem, assim
que obtenham alta do hospital. 
No questionário aplicado a professora Ana Lúcia de Souza Costa coloca
que o público alvo da Classe Hospitalar são crianças e adolescentes que estão
internados, juntamente com seus responsáveis. Juntos eles participam de
atividades que também têm o objetivo de resgatar o vínculo familiar que é
quebrado com a entrada no hospital. Mostra ainda que o espaço é de
fundamental importância para o hospital porque oferece um apoio para os
pacientes, equilíbrio emocional durante o tratamento mais prolongado, já que
todos os procedimentos realizados são bastante diferentes de suas rotinas. 
A pedagoga Ana Lucia de Souza Costa enfatiza que é necessário que as
atividades realizadas com essas crianças e adolescentes tenham começo,
meio e fim e que o professor precisa estar ciente que cada dia se constrói com
planejamento estruturado e flexível. O ambiente da classe hospitalar necessita
ser diferenciado, tem que ser acolhedor, com estimulações visuais, brinquedos,
jogos, sendo assim um ambiente alegre e aconchegante. É através do brincar
que as crianças e adolescentes internados encontram maneiras de viver a
situação de doença, de forma criativa e positiva. 
15
Portanto, o trabalho em classe hospitalar faz com que haja diminuição
do risco de comprometimento mental, emocional e físico dos enfermos. No
entanto às atividades são coordenadas de forma a dar um suporte e
continuidade ao trabalho escolar das crianças/adolescentes atendidos na
classe hospitalar. Assim, o planejamento de tais atividades torna-se
imprescindível com o objetivo de reintegrar as crianças/adolescentes à sua
escola de origem, assim que obtenham alta do hospital. Nas interações entre
educação e saúde o questionário mostra que Educação e saúde são políticas
sociais fundamentais para o desenvolvimento de um país.
A escola é considerada, então, um cenário para a promoção da saúde,
por ser um importante equipamento social do território e agregar uma parcela
significativa de crianças, adolescentes e jovens da comunidade.
4. CONCLUSÕES
Concluímos que as interações entre Educação e Saúde são políticas
sociais fundamentais para o desenvolvimento de um país. A escola é
considerada, então, um cenário para a promoção da saúde, por ser um
importante equipamento social do território e agregar uma parcela significativa
de crianças, adolescentes e jovens da comunidade. Saúde e educação são,
sem sombra de dúvida, o alicerce de uma grande nação. Significa dirigir o
trabalho para atuar sobre o conhecimento das pessoas de tal maneira que elas
desenvolvam a capacidade de juízo individual, coletivo e de intervenção sobre
suas vidas em equilíbrio com o ambiente com o qual interagem através de
saberes, valores, sentidos e de sensibilidades como processos ativos e
solidários, conscientes que somos enquanto construtores e aprendizes. Um
povo com acesso ao conhecimento e humanização com assistência adequada
e bem-estar, é a premissa para a construção de um presente de oportunidades
e de um futuro cada vez mais alvissareiro. 
Portanto, compreender a criança e o adolescente hospitalizados, exige
uma prática humanizadora do hospital e daqueles que trabalham nesse
espaço. No que tange à Pedagogia Hospitalar, torna-se louvável que esse
campo se efetive enquanto prática social e pedagógica desenvolvida nesse
16
ambiente, mediante aplicação de atividades ludopedagógicas pautadas na
perspectiva da humanização e do cuidado.
5. REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da educação. DIRETRIZES NACIONAIS PARA A
EDUCAÇÃO ESPECIAL NA EDUCAÇÃO BÁSICA / SECRETARIA DE
EDUCAÇÃO ESPECIAL – MEC; SEESP, 2001.
Brasil. Ministério da Educação. Classe Hospitalar e atendimento pedagógico
domiciliar: estratégias e orientações. / Secretaria de Educação Especial. –
Brasília: MEC; SEESP, 2002.
ESTEVES, Claudia R. PEDAGOGIA HOSPITALAR: Um breve histórico.
2000.
FONSECA, Eneida Simões da. Atendimento pedagógico-educacional para
crianças e jovens hospitalizados: realidade nacional. Brasília, 1999. 
FONTES, Rejane S. DA CLASSE À PEDAGOGIA HOSPITALAR: A
EDUCAÇÃO PARA ALM DA ESCOLARIZAÇÃO. Agosto, 2004.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de metodologia científica.
5. ed. - São Paulo: Atlas 2003
LOPES, Elisângela H. PEDAGOGIA HOSPITALAR: a humanização na
educação. Aparecida de Goiana, 2010.
Paraná. Secretaria de Estado da Educação. SERVIÇO DE ATENDIMENTO À
REDE DE ESCOLARIZAÇÃO HOSPITALAR – SAREH. SEED-PR, Curitiba,
2010.
SILVA, G. C. Educação e Saúde - Pedagogia no Hospital. 1. Ed. Unicentro,
São Paulo, 2006.
SILVA, N.; ANDRADE, E. S. PEDAGOGIA HOSPITALAR – Fundamentos e
Práticas de Humanização e Cuidado. Ed. UFRB, Cruz das Almas-Bahia,
2013.
17
APÊNDICE 1
ROTEIRO DO QUESTIONÁRIO 
1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Nome (opcional): _____________________________________________ 
1. Sexo: 
1.Masculino ( )
2.Feminino ( )
2. Idade: 
1.( ) De 20 a 25 anos 
2.( ) De 26 a 30 anos 
3.( ) De 31 a 35 anos 
4.( ) De 36 a 40 anos 
5.( ) Outros 
3. Qual a sua formação? 
1.( )Ensino médio 
2.( ) Graduação 
3.( ) Especialização 
4.( ) Mestrado 
5.( ) Doutorado 
6.( ) Outros 
4. Há quanto tempo atua na área? 
1.( ) De 1 a 5 anos 
2.( ) De 6 a 10 anos 
18
3.( ) De 11 a 15 anos 
4.( ) De 16 a 20 anos 
5.( ) Outros 
5. Há quanto tempo funciona a classe hospitalar no HMAL? 
1.( ) De 1 a 5 anos 
2.( ) De 6 a 10 anos 
3.( ) De 11 a 15 anos 
4.( ) De 16 a 20 anos 
5.( ) Outros 
2- Questionário 
1.Você pode explicar como foi o início do processo de implementação da classe
hospitalar no Hospital Maria Alice Fernandes? 
2. Que normas são utilizadas para o funcionamento da classe hospitalar? 
3. Qual o público alvo da classe hospitalar, quantos profissionais atuam no
funcionamento e sua importância para a instituição? 
4. Qual a função do pedagogo na classe hospitalar?
5. Como é feito o planejamento das atividades realizadas na classe hospitalar?
Existe parceria entre outros profissionais e as pedagogas? 
6. Como você define a classe hospitalar no processo educativo? A classe
hospitalar mostra contribuição para a aprendizagem das crianças
hospitalizadas? Se sim, de que forma? 
7. Você acha importante que a criança tenha um espaço para aprender dentro do
ambiente hospitalar? Por quê? 
8. Qual a contribuição da classe hospitalar para a recuperação das crianças
hospitalizadas? Ajuda no tratamento das crianças?
9. Na sua opinião, qual a relação entre saúde e educação? 
10. De que forma você ver a classe hospitalar no Hospital Maria Alice Fernandes? 
11. Quais são as pretensões futuras para o funcionamento da classe hospitalar?
19
12. Cite pontos positivos e negativos, caso haja, para a implementação da classe
hospitalar, seja em domicilio ou ambiente hospitalar.
20
21
ANEXO 1
22
23
24
ANEXO 2
25
ANEXO 3 - FOTOS
26
(Classe Hospitalar do Hospital Pediátrico Maria Alice Fernandes em atendimento aos enfermos.
Fonte: Waldir Nascimento)
(Conjunto de mesinhas utilizado no atendimento da classe hospitalar. Fonte: Waldir
Nascimento)
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(Classe Hospitalar do Hospital Pediátrico Maria Alice Fernandes em funcionamento. Fonte:
Waldir Nascimento)
(Classe Hospitalar do Hospital Pediátrico Maria Alice Fernandes em funcionamento com a
Pedagoga e mães dos enfermos. Fonte: Waldir Nascimento)
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(Classe hospitalar do Hospital Pediátrico Maria Alice Fernandes, espaço para leitura. Fonte:
Waldir Nascimento)
(Classe hospitalar do Hospital Pediátrico Maria Alice Fernandes, espaço para brincadeiras.
Fonte: Waldir Nascimento)
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