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CommiphoraleptophloeosMart-Medeiros-2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS 
 
 
 
 
 
RENATO DANTAS DE MEDEIROS 
 
 
 
 
 
 
 
 
Commiphora leptophloeos (MART.) J.B. GILLETT (BURSERACEAE): ESTUDO 
FITOQUÍMICO, TOXICIDADE E AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTI-
INFLAMATÓRIO E ANTIMICROBIANO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL/RN 
2019
RENATO DANTAS DE MEDEIROS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Commiphora leptophloeos (MART.) J.B. GILLETT (BURSERACEAE): ESTUDO 
FITOQUÍMICO, TOXICIDADE E AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTI-
INFLAMATÓRIO E ANTIMICROBIANO 
 
 
Dissertação de Mestrado apresentada à Coordenação 
do Programa de Pós-graduação em Ciências 
Farmacêuticas da Universidade Federal do Rio 
Grande do Norte, como parte dos requisitos para 
obtenção do título de Mestre em Ciências 
Farmacêuticas. 
 
 
 
Orientadora: Profa. Dra. Silvana Maria Zucolotto Langassner. 
 
 
 
 
 
 
NATAL/RN 
2019 
Medeiros, Renato Dantas de.
 Commiphora leptophloeos (Mart.) J.B. Gillett (Burseraceae):
estudo fitoquímico, toxicidade e avaliação do potencial anti-
inflamatório e antimicrobiano / Renato Dantas de Medeiros. -
2019.
 123f.: il.
 Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) -
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências
da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas.
Natal, RN, 2019.
 Orientadora: Silvana Maria Zucolotto Langassner.
 1. Burseraceae - Dissertação. 2. Inflamação - Dissertação. 3.
Infecção - Dissertação. 4. Flavonoides - Dissertação. 5.
Procianidinas - Dissertação. I. Langassner, Silvana Maria
Zucolotto. II. Título.
RN/UF/BS-CCS CDU 582.746.36
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências da Saúde - CCS
Elaborado por ANA CRISTINA DA SILVA LOPES - CRB-15/263
AGRADECIMENTOS 
 
De um modo especial e sentido quero agradecer à Profa. Silvana Maria Zucolotto 
Langassner, que durante a realização deste trabalho tem sido simplesmente incansável, 
demonstrando sempre disponibilidade para me auxiliar e orientar. Não deixando em 
esquecimento, uma infindável gratidão por toda amizade, confiança, atenção, compreensão e 
incentivo. Obrigado pela oportunidade e por me aceitar como orientando por mais 4 anos do 
doutorado. 
Ao Prof. Raphäel Grougnet, por todo o ensinamento e receptividade dada durante o 
estágio de mestrado na Université Paris Descartes. 
A doutoranda Júlia Morais, por todo ensinamento, amizade e confiança. Também, 
agradeço de coração pela disponibilidade de me ajudar durante todo esse trabalho e 
principalmente durante o estágio na Université Paris Descartes. 
Ao Prof. Matheus Fernandes Pedrosa, pela colaboração que foi fundamental para a 
realização da avaliação da atividade anti-inflamátoria in vivo. 
As doutorandas Allanny Furtado e Manoela Torres, pela ajuda incansável na 
realização dos experimentos de atividade anti-inflamatória in vivo e durante a escrita do 
artigo. 
À Profa. Gerlane Coelho Bernardo Guerra e ao doutorando Anderson Wilbur pela 
colaboração e auxílio durante os experimentos ex vivo da atividade anti-inflamatória e de 
estresse oxidativo 
Ao Prof. Wagner Vilegas e a sua doutoranda Ana Zanatta, pelo auxílio durante as 
análises por espectrometria de massas e de validação. 
Ao Prof. Guilherme Chaves e a doutoranda Luanda Souza, pela colaboração nos 
experimentos da atividade antifúngica. 
À Dra. Marylin Lecsö-Borne e ao doutorando Sergio Aguierre, pela realização dos 
experimentos da atividade antibacteriana. 
Ao Prof. Euzébio Guimarães e a mestranda Estela Mariana, pela realização do estudo 
in sílico. 
À Profa. Marcela Ururahy e aos doutorandos Samara Ferreira e Ivan Marques, pela 
colaboração e auxílio durante o estudo de toxicidade aguda. 
Ao prof. Leandro de Santis Ferreira, pela participação na minha banca de 
qualificação e por todas as conseiderações e correções deste trabalho. 
Aos meus colegas de mestrado, Estela Mariana, Luana Carvalho, Paulo Henrique e 
Valéria Costa que durante a realização deste trabalho sempre me ouviram, me auxiliaram nas 
disciplinas e me cederam à mão amiga nos dias mais difíceis. A vocês o meu muito obrigado. 
Aos meus colegas do laboratório, Barbara Cabral, Emerson Siqueira, Fernanda 
Santos, Letícia Gondim, Raquel Barbosa e Larissa Marina pela recepção, atenção, carinho e 
apoio. Na partida levarei saudades, deixando aqui o meu agradecimento a todos pela ajuda e 
amizade. 
À Pro-Reitoria de Pós-Graduação da UFRN, pelos auxílios financeiros concedidos 
para a realização dos estágios na Université Paris Descartes e na UNESP. 
À CAPES pelo auxílio financeiro a essa pesquisa. 
 
RESUMO 
 
A espécie Commiphora leptophloeos (Mart.) J.B. Gillett (Burseraceae) é uma planta nativa do 
Brasil, pertence ao bioma caatinga e é conhecida popularmente como “imburana-de-espinho” 
ou “imburana-de-cambão”. Os estudos etnofarmacológicos citam o uso da espécie no 
tratamento de inflamações e infecções. Dentro deste contexto, o presente estudo objetivou 
avaliar a toxicidade, a atividade anti-inflamatória e antimicrobiana em ensaios não clínicos in 
vitro e in vivo dos extratos das folhas e das cascas do caule e isolar, identificar e quantificar os 
marcadores químicos. No estudo fitoquímico, o extrato hidroetanólico foi preparado por 
maceração e as frações foram obtidas por particição líquido-líquido (fração diclorometano, 
acetato de etila-AcOEt e n-butanol-BuOH). O isolamento, a elucidação estrutural e a 
caracterização das substâncias nos extratos foram realizadas por CPC, CL-EM, FIA-ESI-IT-
MS/MS e RMN de 
1
H e a quantificação dos marcadores nos extratos por CLAE-DAD-ELSD. 
A toxicidade dos extratos foi avaliada in vitro pelo ensaio de MTT e citometria de fluxo e in 
vivo pelo teste de toxicidade aguda, via oral. A atividade anti-inflamatória in vitro foi avaliada 
pelo ensaio de óxido nítrico induzido por LPS e in vivo nos modelos de edema de pata 
induzido por carragenina e de bolsa de ar induzida por zimosam. A atividade antimicrobiana 
foi avaliada pela determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM) e triagem virtual 
dos compostos isolados foi realizada por estudos in sílico. Do extrato das folhas, foram 
isolados 2 flavonoides por CPC e caracterizadas 16 substâncias por espectrometria de massas 
como ácidos fenólicos, flavonoides glicosilados derivados de quercetina, luteolina, apigenina 
e taninos condensados derivados de catequina. Do extrato das cascas do caule foram isolados 
2 taninos por CPC e caracterizadas 8 substâncias como ácidos fenólicos e procianidinas. O 
extrato das folhas a 200 µg/mL e o extrato das cascas do caule nas concentrações de 1, 10, 
100 e 200 µg/mL demonstraram efeito anti-inflamatório in vitro no ensaio de óxido nítrico 
induzido por LPS. No modelo de edema de pata induzido por carragenina, o extrato das folhas 
e das cascas do caule nas doses de 100, 200 e 400 mg/kg, via oral, reduziu significativamente 
(p<0,001) o edema seguido da redução da mieloperoxidase (MPO) e no modelo de bolsa de ar 
induzido por zimosam, nas mesmas doses testadas, reduziram significativamente (p<0,001) a 
migração celular, a concentração de proteínas totais, a mieloperoxidase (MPO), os níveis de 
malondialdeído (MDA) e da citocina pró-inflamatória TNF-α e aumentou a produção da 
citocina anti-inflamatória IL-10. Na avaliação da atividade antimicrobiana, o extrato das 
cascas do caule e as frações AcOET e BuOH demostraram efeito fungistático e bactericida. O 
estudo in sílico indicou possíveis ligantes da procianidina dimérica do tipo B e isovitexina 
relacionados à atividade anti-inflamatória e antimicrobiana. Os resultados obtidos são inéditos 
para a espécie, justificam seu uso na medicina popular e revelam que os extratos das folhas e 
das cascasdo caule da espécie apresentam um potencial terapêutico para o desenvolvimento 
de fitoterápicos com propriedades anti-inflamatórias e antimicrobianas. 
 
Palavras chaves: Burcereceae. Inflamação. Infecção. Flavonoides. Procianidinas. 
 
ABSTRACT 
 
 
The specie Commiphora leptophloeos (Burseraceae) is a native plant from Brazil, belongs to 
caatinga biome and is known popularly as “imburana-de-espinho” and “imburana-de-
cambão”. The ethnopharmacology studies mention the use of this specie in the treatment of 
inflammations and infections. In this context, the present study aimed to evaluate the toxicity, 
anti-inflammatory and antimicrobial activity in non-clinical in vitro and in vivo assays of leaf 
and stem bark extracts, and to isolate, identify and quantify chemical markers. In the 
phytochemical study, the hydroethanolic extract was prepared by maceration and the 
fractionation was performaded by liquid-liquid partition (dichloromethane, ethyl acetate-
AcOEt and n-buthanol-BuOH fractions). Isolation, structural elucidation and characterization 
of the extracts were performed by CPC, LC-MS, FIA-ESI-IT-MS/MS and 
1
H NMR and 
quantification of the content of markers in the extracts was made by HPLC-DAD and HPLC-
ELSD. The toxicity of both extracts was evaluated by MTT and flow cytometry assays and in 
vivo by the acute toxicity test. The in vitro anti-inflammatory activity was evaluated using 
LPS-induced nitric oxide assay and in viv by carrageenan-induced paw edema and oral 
zymosan induced air pocket models. The antimicrobial activity was measured by the 
determination of minimum inhibitory concentration (MIC) and virtual screening of the 
isolated compounds was performed by in silico studies. From leaves extract, 2 flavonoids 
were isolated by CPC and 16 compounds were characterized by Mass spectrometry such as 
phenolic acids, glycosylated flavonoids derivatives of quercetin, luteolin and apigenin, and 
condensed tannins derivatives of catechin. From the stem bark extract, 2 tannins were isolated 
by CPC and 8 compounds were characterized as phenolic acids and procyanidins. The leaves 
extract at 200 µg/mL and stem bark extract at concentrations of 1, 10, 100 and 200 µg/mL 
demonstrated in vitro anti-inflammatory effect in the LPS-induced nitric oxide assay. In the 
carrageenan-induced paw edema of model, the extracts of leaves and stem bark at the doses of 
100, 200 and 400 mg/kg, by oral route, significantly reduced the edema followed by reduction 
of myeloperoxidase (MPO) and in the zymosan-induced model of pouch-air, at doses tested, 
significantly reducing (p < 0.001), cell migration, total protein concentration, 
myeloperoxidase (MPO), and malondialdehyde (MDA) and the proinflammatory cytokine 
TNF-α and increased the production of the anti-inflammatory cytokine IL-10. In the 
evaluation of the antimicrobial activity, the extracts of the barks and the AcOET and BuOH 
fractions at concentrations of 20 to 100 μg/mL demonstrated a fungistatic and bactericidal 
effect. The in silico study indicated possible ligands of type B dimeric procyanidin and 
isovitexin related to anti-inflammatory and antimicrobial activity. The results obtained are 
unprecedent for the specie, justify its use in folk medicine and reveals that extracts of leaves 
and stem bark have a therapeutic potential for the development of herbal products with anti-
inflammatory and antimicrobial properties. 
Key-words: Burcereceae. Inflammation. Infection. Flavonoids. Procyanidins. 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
Figura 1 – Commiphora leptophloeos. ..................................................................................... 21 
Figura 2 – Perfil fitoquímico por CCD dos extratos hidroetanólico (EH) e aquosos das folhas 
e das cascas do caule de C. leptophloeos.................................................................................. 47 
Figura 3 – Cromatograma do EH das folhas de C. leptophloeos por CLAE-DAD. ................. 49 
Figura 4 – Espectros de UV do EH das folhas de C. leptophloeos. ......................................... 49 
Figura 5 – Cromatograma do EH das cascas do caule de C. leptophloeos por CLAE-DAD. .. 50 
Figura 6 – Espectro de UV do EH das cascas do caule de C. leptophloeos. ............................ 50 
Figura 7 – Espectro de massas de primeira-ordem, em full-scan, no modo negativo, do EH das 
folhas de C. leptophloeos. ........................................................................................................ 51 
Figura 8 – Espectro de massas do íon precursor de m/z 191, em modo negativo com energia 
de colisão 30 eV. ...................................................................................................................... 52 
Figura 9 – Espectro de massas do íon precursor de m/z 191, em modo negativo com energia 
de colisão 30 eV. ...................................................................................................................... 53 
Figura 10 – Espectro de massas do íon precursor de m/z 447, em modo negativo com energia 
de colisão 30 eV. ...................................................................................................................... 54 
Figura 11 – Espectro de massas do íon precursor de m/z 483, em modo negativo com energia 
de colisão 30 eV. ...................................................................................................................... 55 
Figura 12 – Íons de produtos formados pelas eliminações na EHxose ligada as posições 6-C 
ou 8-C da aglicona. ................................................................................................................... 56 
Figura 13 – Espectro de massas do íon precursor de m/z 431, em modo negativo com energia 
de colisão 30 eV. ...................................................................................................................... 56 
Figura 14 – Espectro de massas do íon precursor de m/z 551, em modo negativo com energia 
de colisão 30 eV. ...................................................................................................................... 57 
Figura 15 – Espectro de massas do íon precursor de m/z 615, em modo negativo com energia 
de colisão 30 eV. ...................................................................................................................... 58 
Figura 16 – Espectro de massas do íon precursor de m/z 623, em modo negativo com energia 
de colisão 30 eV. ...................................................................................................................... 59 
Figura 17 – Espectro de massas do íon precursor de m/z 639, em modo negativo com energia 
de colisão 30 eV. ...................................................................................................................... 60 
Figura 18 – Espectro de massas do íon precursor de m/z 289, em modo negativo com energia 
de colisão 30 eV. ...................................................................................................................... 60 
Figura 19 – Espectro de massas do íon precursor de m/z 577, em modo negativo com energia 
de colisão 30 eV. ...................................................................................................................... 61 
Figura 20 – Proposta de fragmentação para a procianidina dimérica do tipo B. ...................... 62 
Figura 21 – Espectro de massas do íon precursor de m/z 865, em modo negativo com energia 
de colisão 30 eV. ...................................................................................................................... 63 
Figura 22 Espectro de massas do íon precursor de m/z 1153, em modo negativo com energia 
de colisão 30 eV. ...................................................................................................................... 64 
Figura 23 – Espectro de massas de primeira-ordem, em full-scan, no modo negativo, do EH 
das cascasdo caule de C. leptophloeos. ................................................................................... 65 
Figura 24 – Espectro de massas de primeira-ordem, em full-scan, no modo negativo, da fração 
BuOH das cascas do caule de C. leptophloeos. ........................................................................ 66 
Figura 25 – Cromatograma do EH das folhas de C. leptophloeos por LC-MS/MS. ................ 67 
Figura 26 – Cromatograma do EH das cascas do caule de C. leptophloeos por LC-MS/MS. . 68 
Figura 27 – Esquema representativo do fracionamento e isolamento guiado pelo efeito 
antimicrobiano do EH das cascas do caule. .............................................................................. 71 
Figura 28 – Espectro de RMN de 
1
H de quercitrina (MeOD, 400 MHz). ................................ 73 
Figura 29 – Espectro de RMN de 
1
H de isovitexina (MeOD, 400 MHz)................................. 74 
Figura 30 – Cromatograma por CLAE-DAD do EH das folhas e padrão isovitexina de C. 
leptophloeos. UV= 340 nm. ...................................................................................................... 78 
Figura 31 – Curva analítica da linearidade para isovitexina .................................................... 79 
Figura 32 – Cromatograma por CLAE-ELSD do EH das folhas e do padrão procianidina 
dimérica do tipo B de C. leptophloeos. .................................................................................... 82 
Figura 33 – Curva analítica da linearidade para procianidina dimérica do tipo B. .................. 83 
Figura 34 – Potencial inibitório de óxido nítrico (NO) estimulado por LPS dos EH das folhas 
e das cascas do caule de C. leptophloeos.................................................................................. 85 
Figura 35 – Avaliação dos EH das folhas Cl(L) e das cascas do caule Cl(B) de C. leptophloeos 
no modelo edema de pata induzida por carragenina................................................................. 86 
Figura 36 – Efeito dos EH das folhas e das cascas do caule de C. leptophloeos na atividade da 
MPO no modelo edema de pata induzido por carragenina. ...................................................... 88 
Figura 37 – Efeito dos EH das folhas e das cascas do caule de C. leptophloeos na migração 
leucocitária a partir do modelo de bolsa de ar induzido por zimosam. .................................... 89 
Figura 38 – Efeito dos EH das folhas e das cascas do caule de C. leptophloeos nos níveis de 
proteínas a partir do modelo de bolsa de ar induzido por zimosam. ........................................ 90 
Figura 39 – Efeito dos EH das folhas e das cascas do caule de C. leptophloeos nos níveis de 
malondialdeído (MDA) a partir do modelo de bolsa de ar induzido por zimosam. ................. 91 
Figura 40 – Efeito dos EH das folhas e das cascas do caule de C. leptophloeos na atividade da 
MPO dos exsudatos da bolsa de ar. .......................................................................................... 92 
Figura 41 – Ensaio de MTT realizado com macrófagos (RAW264.7). ................................. 106 
LISTA DE QUADROS 
 
 
Quadro 1 – Estudos etnobotânicos de Commiphora leptophloeos..........................................24 
Quadro 2 – Composição química de Commiphora leptophloeos.............................................26 
Quadro 3 – Atividades farmacológicas de Commiphora leptophloeos....................................28 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 – Triagem fitoquímica qualitativa por reações químicas para detecção de metabólitos 
secundários presentes nos extratos das folhas e das cascas de C. leptophloeos. ...................... 47 
Tabela 2 – Substâncias identificadas no EH das folhas de C. leptophloeos por LC-MS/MS. . 67 
Tabela 3 – Substâncias identificadas no extrato das cascas do caule de C. leptophloeos por 
LC-MS/MS. .............................................................................................................................. 68 
Tabela 4 – Substâncias identificadas no EH das folhas de C. leptophloeos por LC-MS/MS e 
FIA-ESI-IT-MS/MS. ................................................................................................................ 69 
Tabela 5 – Substâncias identificadas no EH das cascas do caule de C. leptophloeos por LC-
MS/MS e FIA-ESI-IT-MS/MS. ................................................................................................ 69 
Tabela 6 – Sistemas de solventes de duas fases por CPC para o EH das folhas. ..................... 70 
Tabela 7 – Sistemas de solventes de duas fases por CPC para o EH das folhas. ..................... 71 
Tabela 8 – Índices de similaridade espectral entre os espectros de UV de isovitexina e dos 
picos 7 e 8 do EH das folhas obtidos por HPLC-DAD ............................................................ 79 
Tabela 9 – Parâmetros de validação do método analítico para isovitexina. ............................. 79 
Tabela 10 – Concentração das substâncias presentes no EH das folhas de C. leptophloeos.... 80 
Tabela 11 – Precisão do método analítico. ............................................................................... 80 
Tabela 12 – Parâmetros de validação do método da procianidina dimérica do tipo B............. 83 
Tabela 13 – Concentração de procianidina dimérica do tipo B no EH das cascas do caule de 
C. leptophloeos. ......................................................................... Erro! Indicador não definido. 
Tabela 14 – Concentração inibitória mínima (CIM) dos extratos e frações das folhas e das 
cascas do caule de C. leptophloeos. .......................................................................................... 96 
Tabela 15 – Concentração inibitória mínima (CIM) dos extratos, frações e isolado de C. 
leptophloeos frente a cepas clínicas e de referência de fungos. ............................................. 102 
Tabela 16 – Principais resultados da Triagem virtual baseada em ligante para procianidina 
dimérica do tipo B. ................................................................................................................. 104 
Tabela 17 – Principais resultados da Triagem virtual baseada em ligante isovitexina. ......... 105 
Tabela 18 – Fases do ciclo celular em macrófagos (RAW 264.7) tratados com EH das folhas e 
das cascas do caule de C. leptophloeos. ................................................................................. 107 
Tabela 19 – Efeito dos EH das folhas e das cascas do caule de C. leptophloeos no peso 
corporal e peso corporal relativo em camundongos tratados por via oral. ............................. 109 
Tabela 20 – Efeito dos EH das folhas e das cascas do caule de C. leptophloeos nos parâmetros 
bioquímicos em camundongos tratados por via oral. ............................................................. 109 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
AcOET Acetato de Etila 
ANOVA Análise de Variância 
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária 
ASD Ágar Sabourand Dextrose 
ATCC American Type Culture Collection 
ATP Adenosina Trifosfato 
BSA Albumina Bovina 
BuOH n-butanol 
C-18 Fase Reversa Octadecilsilano 
C3H6O Acetona 
Car Carragenina 
CCD Cromatografia em Camada Delgada 
CHCl3 Clorofórmio 
CLAE-DAD Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplada ao Detector de 
Arranjo de Diodos 
CLAE-ELSD Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplada ao Detector 
Evaporativo de Espalhamento de Luz 
CL-EM Cromatografia Líquida de Ultra Eficiência acoplada ao Espectrômetro 
de Massas 
CONCEA Conselho Nacional de Experimentação Animal 
COX-1 Ciclo-oxigenase 1 
COX-2 Ciclo-oxigenase 2 
d Dubleto 
dd Duplo dubleto 
Dex Dexametasona 
DMEM Meio de Eagle modificado por Dulbecco's 
EDTA Ácido etilenodiamino tetra-acético 
DMSO Dimetilsulfóxido 
EDTA Ácido etilenodiamino tetra-acético 
ELISA Ensaio de Imunoabsorção Enzimática 
FDA Food Drug AdministrationFBS Soro Bovino Fetal 
FIA-ESI-IT-MS Espectrometria de Massas com analisador do tipo Ion-Itrap com 
interface de Ionização por Electrospray e Inserção Direta da Amostra 
Fr.Aq Fração aquosa 
Fr.BuOH Fração butanólica 
Fr.EtOAc Fração acetato de etila 
H2O Água 
EH Extrato Hidroetanólico 
ICH Conferência Internacional sobre Harmonização de Requisitos Técnicos 
para o Registro de Produtos Farmacêuticos para Uso Humano 
IL-1 β Interleucina-1β 
IL-2 Interleucina-2 
IL-6 Interleucina-6 
IL-8 Interleucina-8 
IL -10 Interleucina-10 
LPS Lipopolissacarídeos 
m Multipleto 
m/z Relação Massa/Carga 
MDA Malonaldeído 
MeOH Metanol 
MHC Caldo Mueller-Hinton 
MMP-2 Metaloproteinase-2 
MMP-9 Metaloproteinase-9 
MPO Mieloperoxidase 
MTT Brometo de 3-(4,5-dimetil-tiazol-2-il)-2,5-difeniltetrazólio 
NF-kB Fator Nuclear Kappa B 
Nk Células Natural Killer 
OECD Guideline For Testing of Chemicals 
OMS Organização Mundial de Saúde 
PBS tampão fosfato-salino 
PGE-2 Prostaglandina 2 
RMN 
1
H Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio 
s Singleto 
Sal Solução salina 
SISBIO Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade 
SUS Sistema Único de Saúde 
TNF-α Fator de Necrose Tumoral-α 
UFC Unidades Formadoras de Colônia 
UFPE Universidade Federal do Pernambuco 
UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
UNESP Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" 
UV Ultravioleta 
v.o. Via oral 
δ Deslocamento químico
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 17 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................................ 19 
2.1 PLANTAS MEDICINAIS NO TRATAMENTO DE DOENÇAS INFLAMATÓRIAS 
E INFECCIOSAS ................................................................................................................. 19 
2.2 Commiphora leptophloeos (MART.) J.B. GILLETT (BURSERACEAE) .................... 21 
2.2.1 Dados botânicos ....................................................................................................... 21 
2.3 LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO ....................................................................... 22 
2.3.1 Estudos etnobotânicos de Commiphora leptophloeos ............................................. 22 
2.3.2 Constituintes químicos de Commiphora leptophloeos ............................................ 24 
2.3.3 Atividades farmacológicas de Commiphora leptophloeos ...................................... 26 
3 OBJETIVOS .......................................................................................................................... 29 
3.1 OBJETIVO GERAL ....................................................................................................... 29 
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................................... 29 
4 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................................. 30 
4.1 MATERIAL VEGETAL ................................................................................................ 30 
4.2 PREPARAÇÃO DOS EXTRATOS DAS FOLHAS E DAS CASCAS DO CAULE DE 
C. leptophloeos ..................................................................................................................... 30 
4.3 ANÁLISES FITOQUÍMICA QUALITATIVA DOS EH DAS FOLHAS E DAS 
CASCAS DO CAULE DE C. leptophloeos ......................................................................... 31 
4.3.1. Análise por Cromatografia em Camada Delgada (CCD) ...................................... 31 
4.3.2 Análise para a detecção de compostos fenólicos ..................................................... 31 
4.3.3 Análise para a detecção de taninos .......................................................................... 31 
4.3.4 Análise para a detecção de flavonoides ................................................................... 32 
4.3.5 Análise para a detecção de saponinas ...................................................................... 32 
4.3.6 Análise para a detecção de alcaloides ..................................................................... 32 
4.4 PARTIÇÃO LÍQUIDO-LÍQUIDO DO EXTRATO DAS FOLHAS E DAS CASCAS 
DO CAULE DE C. leptophloeos .......................................................................................... 33 
4.5 FRACIONAMENTO E ISOLAMENTO ....................................................................... 33 
4.5.1 Cromatografia de Partição Centrífuga (CPC) .......................................................... 33 
4.6 IDENTIFICAÇÃO E ELUCIDAÇÃO ESTRUTURAL DAS SUBSTÂNCIAS 
iSOLADAS ........................................................................................................................... 34 
4.6.1 Análise por Ressonância Magnética Nuclear (RMN) ............................................. 34 
4.6.2 Análise por Espectroscopia de Massas (EM) .......................................................... 35 
4.7 validação do método por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplada ao detector 
de arranjo de diodos (CLAE-DAD) e ao detector evaporativo de espalhamento de luz 
(CLAE-ELSD) ...................................................................................................................... 36 
4.7.1 Condições cromatográficas ...................................... Erro! Indicador não definido. 
4.8.1 Animais de experimentação .................................................................................... 37 
4.8.2 Modelo de edema de pata induzido por carragenina ............................................... 37 
4.8.3 Modelo de bolsa de ar induzido por zimosam ......................................................... 38 
4.9 ANÁLISE BIOQUÍMICA DA INFLAMAÇÃO E ESTRESSE OXIDATIVO ............ 39 
4.9.1 Ensaio da enzima mieloperoxidase (MPO) a partir dos modelos de edema de pata 
induzido por carragenina e bolsa de ar induzido por zimosam ........................................ 39 
4.9.2 Ensaio de malondialdeído (MDA) dos exsudatos da bolsa de ar ............................ 40 
4.9.3 Determinação de proteínas totais dos exsudatos da bolsa de ar .............................. 40 
4.9.4 Quantificação das citocinas TNF-α e IL-10 dos exsudatos da bolsa de ar .............. 40 
4.9.5 Ensaio de migração leucocitária total e diferencial dos exsudatos da bolsa de ar .. 41 
4.9.6 Ensaio de inibição de óxido nítrico (NO) in vitro ................................................... 41 
4.10 AVALIAÇÃO DA CITOTOXICIDADE in vitro E in vivo ......................................... 41 
4.10.1 Ensaio de MTT ...................................................................................................... 41 
4.10.2 Ciclo celular ........................................................................................................... 42 
4.11 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA ............................................ 43 
4.11.1 Avaliação da atividade antibacteriana ................................................................... 43 
4.11.2 Avaliação da atividade antifúngica ....................................................................... 43 
4.12 ESTUDO in silico ......................................................................................................... 44 
4.12.1 Triagem virtual invertida baseada em ligante ....................................................... 44 
4.12.1.1 Procianidina dímero do tipo B ............................................................................ 44 
4.12.1.2 Isovitexina .......................................................................................................... 44 
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................... 46 
5.1 ESTUDO FITOQUÍMICO .............................................................................................46 
5.1.1 Análise fitoquímica dos extratos das folhas e das cascas do caule C. leptophloeos 46 
5.2 Análise fitoquímica por CLAE-DAD dos EH das folhas e das cascas do caule de C. 
leptophloeos .......................................................................................................................... 48 
5.4 isolamento e elucidação estrutural dos compostos dos EH das folhas e das cascas do 
caule de C. leptophloeos ....................................................................................................... 70 
5.4.3 Identificação e elucidação estrutural dos compostos isolados ................................ 72 
5.4.1 Desenvolvimento do método analítico por CLAE-DAD para análise do EH das 
folhas de C. leptophloeos ................................................................................................. 77 
5.4.2 Análise da seletividade do método e quantificação de isovitexina e das substâncias 
majoritárias do EH das folhas de C. leptophloeos ............................................................ 78 
5.15.5 Análise da seletividade do método e quantificação da substância majoritária no 
EH das folhas de C. leptophloeos ..................................................................................... 82 
5.5.1. Inibição da produção de Óxido Nítrico (NO) ......................................................... 84 
5.6 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA in vivo............................. 85 
5.6.1. Edema de pata induzida por carragenina ................................................................ 85 
5.3.2 Bolsa de ar induzido por zimosam .......................................................................... 88 
5.3 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA in vitro .................................. 94 
5.3.1. Avaliação da atividade antibacteriana dos extratos EH das folhas e das cascas do 
caule, das frações butanólicas e compostos isolados de C. leptophloeos ......................... 94 
5.3.1. Avaliação da atividade antifúngica dos EH das folhas e das cascas do caule e das 
frações butanólicas e composto isolado de C. leptophloeos ........................................... 100 
5.4 ESTUDO in silico ......................................................................................................... 103 
5.4.1 Triagem virtual baseada em ligante para o composto isolado procianidina dimérica 
do tipo B ......................................................................................................................... 103 
5.4.2 Triagem virtual baseada em ligante para o isolado isovitexina ............................. 105 
5.4 AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE in vitro E in vivo .................................................. 106 
5.4.1 Ensaio de MTT em macrófagos (RAW 264.7) ..................................................... 106 
5.4.2 Avaliação da Toxicidade Aguda ........................................................................... 108 
6 CONCLUSÕES ................................................................................................................... 110 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 112 
APÊNCIDE A – MANUSCRITO DA PUBLICAÇÃO ............ Erro! Indicador não definido. 
ANEXO A ................................................................................. Erro! Indicador não definido. 
17 
 
1 INTRODUÇÃO 
A medicina popular no Brasil é derivada de uma mistura de culturas indígenas 
brasileiras, europeias e africanas e é caracterizada pelo conhecimento tradicional relacionado 
ao uso popular de plantas medicinais que surgem como alternativa a terapias associadas ao 
tratamento de doenças, através da percepção do seu poder curativo. No entanto, muitas 
espécies são usadas de forma equivocada, sem respaldo científico quanto à eficácia e 
segurança, o que demonstra que em um país como o Brasil, com enorme biodiversidade e uma 
riqueza de conhecimentos tracionais, existe uma lacuna entre a oferta de plantas e as poucas 
pesquisas (CARTAXO, 2010; GIRALDI; HANAZAKI, 2010). 
Nos últimos anos, a pesquisa etnobotânica cresceu de forma significativa e vem 
despertando cada vez mais o interesse de pesquisadores em estudos com Produtos Naturais de 
origem vegetal, que possam ser utilizados tanto como farmacógenos no tratamento e cura de 
patologias, como também, na descoberta de novas substâncias bioativas (OTIMENYIN, 
2018). Nesse sentindo, o bioma caatinga se destaca devido à rica diversidade da sua flora que 
ainda é pouco explorada quanto aos seus potenciais farmacológicos e como fonte de matéria 
prima, permitindo assim, estudos que interliguem áreas multidisciplinares, como por exemplo, 
farmacologia, fitoquímica e a biotecnologia, que juntas podem ser uma excelente ferramenta 
para auxiliar na descoberta de novos fitoterápicos (MACIEL et al., 2002). 
O desenvolvimento de novos fitoterápicos constitui uma importante fonte de 
inovação em saúde com a inclusão de novas alternativas terapêuticas. A RDC Nº 26, de maio 
de 2014 define fitoterápicos como medicamentos obtidos com emprego exclusivo de 
matérias-primas ativas vegetais cuja segurança e eficácia sejam baseadas em evidências 
clínicas e que sejam caracterizados pela constância de sua qualidade. Com o propósito da 
inserção da fitoterapia no Sistema Único de Saúde (SUS), o Ministério da Saúde vem 
desenvolvendo ações para implementar novas políticas públicas voltadas à introdução do uso 
de plantas medicinais e da fitoterapia no SUS e que ocorra o desenvolvimento do setor, em 
toda a cadeia produtiva (BRASIL, 2006). 
A padronização de extratos vegetais é uma etapa primordial no desenvolvimento de 
novos fitoterápicos e deve ser realizado com base no teor de uma substância marcadora 
presente no extrato, indicando que se a mesma estiver presente em quantidade apropriada 
também os demais componentes estarão igualmente representados (BRASIL, 2017; DAVID; 
NASCIMENTO; DAVID, 2004). Nesse contexto, torna-se imprescindível a determinação das 
substâncias marcadoras nos extratos da espécie. A RDC Nº 26/2014 define marcador como 
composto ou classe de compostos químicos presentes na matéria-prima vegetal tendo 
18 
 
preferencialmente correlação com o efeito terapêutico. Logo, se faz necessário o isolamento e 
a identificação dos constituintes ativos e o desenvolvimento de métodos analíticos que 
garantam a segurança, qualidade e consequentemente a eficácia, colaborando assim com o 
controle de qualidade da matéria-prima vegetal e da produção de fitoterápico (s) (BRASIL, 
2014). 
A espécie Commiphora leptophloeos (Mart.) J.B. Gillett (Burseraceae) é nativa do 
Brasil, pertence ao bioma caatinga, é da família Burseraceae e do gênero Commiphora. A 
família Burseraceae é encontrada principalmente na região Norte, Nordeste e Centro-Oeste do 
Brasil e é formada por aproximadamente 600 espécies distribuídas entre 20 gêneros, de porte 
arbóreo, raramente arbustos, que possuem óleos essenciais aromáticos e resina na casca. As 
folhas são alternas, em espiral ou dística, compostas, pinadas, ternadas ou unifolioladas. É 
uma família de distribuição pantropical, mas apresenta a maior riqueza de espécies na 
América do Sul (DALY, 1987; WATSON; DALLWITZ, 1991). O gênero Commiphora 
possui 208 espécies, distribuída por toda América do Sul, embora a maior parte das espécies 
seja encontrada no Nordeste do Brasil (CARVALHO, 2009). 
A espécie Commiphora leptophloeos é conhecida popularmente como “imburana-de-
espinho” ou “imburana de cambão” e as folhas, flores, frutos e o látex são utilizados no 
tratamento de problemas renais, gripe, tosse, bronquite, disfonia, inflamações em geral, 
odontalgia, cólica, diarreia, antiemético e como tônico (ALBUQUERQUE et al., 2007), 
enquanto que as cascas do caule são utilizadas no tratamento de gripe, tosse, bronquite, 
doenças urinárias e hepáticas, gastrite, úlceras vaginais,cicatrização de feridas, infecções e 
inflamações em geral (AGRA et al., 2007a; CARVALHO, 2009). 
Embora seja uma espécie amplamente utilizada na medicina popular, não há 
evidência científica para apoiar o uso tradicional dessa espécie em relação a doenças 
inflamatórias e infecciosas e a pesquisa nestas áreas é de grande importância, uma vez que 
aumentaria as opções terapêuticas, fortalecendo a cadeia de produção de um possível 
fitoterápico que possa ser desenvolvido com essa espécie. 
Diante da relevância etnofarmacológica e da escassez de pesquisas com essa espécie 
e considerando a importância das plantas medicinais como fonte para descoberta de novos 
medicamentos, neste trabalho foi realizado o estudo fitoquímico com objetivo de isolar e 
caracterizar os marcadores químicos, bem como avaliar a toxicidade e as atividades 
antimicrobiana e anti-inflamatória in vitro e in vivo dos extratos hidroetanólicos das folhas e 
das cascas do caule de Commiphora leptophloeos. 
19 
 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
2.1 PLANTAS MEDICINAIS NO TRATAMENTO DE DOENÇAS INFLAMATÓRIAS E 
INFECCIOSAS 
Desde as primeiras civilizações, baseado no conhecimento empírico acumulado pelos 
povos primitivos e indígenas, as plantas medicinais, certamente por possuírem uma matriz 
complexa de moléculas biotivas, tem sido usadas para combater múltiplas doenças graves, 
incluindo infecções microbianas e inflamações crônicas como a diabetes, obesidade, 
osteoporose, artrite reumatoide, distúrbios do sistema nervoso central, doenças intestinais e o 
câncer (JAN et al, 2017; KUNNUMAKKARA et al., 2018). 
As infecções microbianas são caracterizadas pela presença de células vivas estranhas 
(micro-organismos) nos órgãos ou partes do corpo. Dependendo dos órgãos, se a invasão 
desses micro-organismos não for controlada, resultará na morte da célula hospedeira 
(humana) e na perda de função do órgão envolvido. Como resposta a presença desses micro-
organismos, os tecidos recrutam macrófagos com o objetivo de combatê-los. No processo de 
recrutamento ocorre a liberação de mediadores inflamatórios. Sendo assim, a inflamação pode 
ser considerada como um processo primário no qual o sistema imunológico reage contra um 
agente infeccioso (OTIMENYIN, 2018; SENGUPTA; GAURAV; TIWARI, 2018). 
A ocorrência de múltiplos micro-organismos resistentes tem aumentado a taxa de 
morbidade e mortalidade, consequentemente, elevando os custos de tratamentos. 
Considerando também que os medicamentos sintéticos antimicrobianos apresentam uma série 
de efeitos adversos e que muitas vezes os efeitos colaterais podem sobrepor os efeitos 
terapêuticos, a busca por substâncias bioativas capazes de combater o agente agressor e 
consequentemente interferir no processo inflamatório tem sido de grande importância na 
pesquisa científica, incentivando cada vez mais pesquisadores na busca por novos fármacos 
efetivos com o mínimo de efeitos colaterais (CAMPANIÇO; MOREIRA; LOPES, 2018; 
VIEIRA, 2015). 
Nesse contexto, as plantas medicinais se destacam por ser uma fonte de substâncias 
bioativas com efeito antimicrobiano e/ou anti-inflamatório, atuando principalmente na 
eliminação do agente infeccioso e/ou na inibição dos mediadores inflamatórios e 
apresentarem menores efeitos adversos e menor custo quando comparadas com os 
medicamentos sintéticos (SENGUPTA; GAURAV; TIWARI, 2018). 
As plantas medicinais com efeitos antimicrobiano e/ou anti-inflamatório são 
frequentemente usadas na medicina tradicional de forma equivocada. A redução da 
inflamação em muitos casos não está associada à cura total da doença. Por exemplo, se a 
20 
 
causa da inflamação for uma infecção microbiana, será necessário uso de antimicrobianos 
associados a anti-inflamatórios. Na medicina tradicional, é comum os pacientes terem a 
sensação de cura devido à redução do processo inflamatório e por isso um diagnóstico prévio 
é de grande importância. A incapacidade de algumas plantas de não terem um efeito anti-
inflamatório associado a um efeito antimicrobiano gera riscos para os pacientes, uma vez que 
as infecções podem progredir tornando-se crônica e com manifestações sistêmicas, isto é, 
comprometendo vários órgãos e levando o paciente em alguns casos até a morte 
(OTIMENYIN, 2018). 
Diante disso, o objeto de estudo deste trabalho é a espécie Commiphora 
leptophloeos, cujas folhas e as cascas do caule são amplamente utilizadas na medicina popular 
no tratamento de problemas inflamatórios e infecciosos. No entanto, não há evidência 
científica que forneçam embasamento científico ao uso tradicional dessa espécie em relação a 
doenças inflamatórias e infecciosas (ALBUQUERQUE et al., 2007; MACEDO et al., 2018). 
Como base nessas informações, surgiram as hipóteses deste trabalho: a ação da planta pode 
ser por mecanismos anti-inflamatórios e/ou antimicrobianos, ou, é possível que a espécie 
tenha um efeito anti-inflamatório e não tenha efeito antimicrobiano, diminuindo assim a 
inflamação, mas não sendo capaz de combater o agente agressor, no caso de uma infecção. 
Portanto, estudos farmacológicos que comprovem a eficácia pré-clínica e que compare as 
partes da planta utilizadas na medicina tradicional são de grande relevância clínica. 
 
21 
 
2.2 Commiphora leptophloeos (MART.) J.B. GILLETT (BURSERACEAE) 
2.2.1 Dados botânicos 
A espécie Commiphora leptophloeos, nativa do Brasil, pertencente ao bioma 
caatinga, é conhecida popularmente como “imburana-de-espinho” ou “imburana de cambão”. 
Seu nome popular é derivado das palavras em tupi y-mb-ú (árvore de água) e ra-na (falso), 
que significa “falso imbu” (CARVALHO, 2009). 
A espécie pertence ao grupo Angiospermae, classe Eurosídeas II, ordem Sapindales, 
família Burseraceae e gênero Commiphora. Possui como sinonímias Bursera martiana Engl., 
Bursera orinocensis Engl. e Bursera leptophloeos Mart.. Tem ocorrência principalmente na 
região Nordeste do Brasil (Rio Grande do Norte, Paraíba, Ceará, Pernambuco, Bahia, 
Alagoas, Sergipe e Maranhão) como também em alguns outros estados como Goiás, Minas 
Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e na Bolívia. C. leptophloeos é uma árvore 
espinhosa de grande porte, podendo atingir até 12 metros de altura na idade adulta. Possui o 
tronco tortuoso com espinhos agudos e fortes, suas cascas são moderadamente espessas, 
amareladas quando jovens e vermelhas quando adultas. As folhas são alternas, de coloração 
verde clara-rosadas quando bem jovens, compostas, imparipinadas, com três a nove folíolos 
ovais, medindo de 1,5 cm a 3,5 cm de comprimento. As flores são pequenas, de coloração 
verde clara, medindo de 3 mm a 4 mm de comprimento. O fruto é um drupóide do tipo 
filotrimídio, de cor verde, medindo cerca de 1,5 cm de diâmetro e a semente é rígida, rugosa, 
de cor escura e com diâmetro maior que 1 cm (CARVALHO, 2009). 
Figura 1 – Commiphora leptophloeos. 
 
Fonte: Árvores do bioma cerrado, 2018. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_tupi
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22 
 
2.3 ESTUDOS ETNOFARMACOLÓGICOS, FARMACOLÓGICOS E QUÍMICOS 
Os estudos etnofarmacológicos destacam a relevância da espécie Commiphora 
leptophloeos na medicina tradicional e chama atenção para a realização de estudos químicos e 
farmacológicos que possam justificar o seu uso, uma vez que os estudos descritos na literatura 
são escassos (AGRA et al., 2007a; ALBUQUERQUE et al., 2007; MACEDO et al, 2018). 
Dessa forma, foi realizado um levantamento bibliográfico acerca dos estudos 
etnofarmacológicos, químicos e farmacológicos da espécie. 
 
2.3.1 Estudos etnofarmacológicos de Commiphora leptophloeos 
Na medicina popular as partes da planta mais utilizadas são as cascas do caule e as 
folhas. Entretanto, tambémé descrito o uso das raízes, flores, frutos, sementes e do látex. As 
formas de preparo variam entre a maceração, decocção, infusão e xaropes e a forma de 
administração é por via oral e/ou tópica (AGRA et al., 2007a; AGRA et al., 2007b; 
ALBUQUERQUE et al., 2007; CARTAXO et al., 2010; MACEDO et al, 2018). As cascas do 
caule, folhas e frutos são usadas para o tratamento de tosse, bronquite, inflamação, infecção, 
cicatrização, edemas, mordida de cobra, lesões em diabéticos, sinusite, dor de barriga, ferida, 
rins, rouquidão, gastrite, úlcera, dor de dente, asma, coriza, dor de garganta, dor generalizada 
e como tônico (AGRA et al., 2007a; AGRA et al., 2007b; ALBUQUERQUE et al., 2007; 
CARTAXO et al., 2010; RIBEIRO et al, 2017; MACEDO et al, 2018). As flores e o látex são 
usados para o tratamento de problemas renais, gripe, tosse, bronquite, disfonia, inflamações 
em geral, odontalgia, cólica, diarreia e como antiemético e tônico (ALBUQUERQUE et al., 
2007; OLIVEIRA et al., 2007) e as sementes para tratar a insônia (RODRIGUES et al, 2008). 
O Quadro 1 resume o uso popular dessa espécie. 
 
23 
 
Quadro 1 – Estudos etnobotânicos de Commiphora leptophloeos. 
Parte da 
planta 
Uso popular Preparação e via de 
administração 
Referências 
 
 
Cascas do 
caule 
Utilizado no tratamento de gripe, 
tosse, bronquite, tratamento de 
doenças urinárias e hepáticas. 
Além disso, uso externo contra 
úlceras vaginais 
Decocção de um punhado 
em um 1 L de água e feito 
com açúcar como xarope. 
Beber uma colher de 5 a 6 
vezes por dia 
Agra et al., 
2007a. 
 
Cascas do 
caule 
Tratamento de gripe, tosse e 
bronquite 
Decocção de um punhado 
em um 1 L de água e feito 
com açúcar como xarope. 
Beber uma colher de 5 a 6 
vezes por dia 
Agra et al., 
2007b. 
Folha, flor, 
fruto, látex 
e cascas 
Problemas renais, gripe, tosse, 
bronquite, disfonia, inflamações 
em geral, odontalgia, cólica, 
diarréia, antiemético, tônico e 
cura 
 
 
ND 
Albuquerque 
et al., 2007. 
Cascas Tratamento de ferimentos Maceração. Banho Roque et al, 
2010. 
Sementes Tratamento de insônia Decocção e ingerir Rodrigues et 
al, 2008. 
Casca do 
caule 
 
 
 
 
Doenças do estômago, enjôo e 
tosse, como tônico e cicatrizante 
no tratamento de feridas, gastrite e 
úlcera. Também é indicado contra 
tosses, bronquites e inflamações 
do trato urinário 
Infusão, decocção, xarope e 
garrafada 
Carvalho, 
2009. 
Casca do 
caule 
Tratamento de influenza, dor de 
estômago e cura 
Decocção e maceração 
(Beba ou lave o local 
afetado) 
Cartaxo et 
al., 2010. 
 
ND 
Tratamento de inflamação de 
garganta, dente e útero 
 
ND 
Ferreira-
Júnior; 
Ládio; 
Albuquerque, 
2011. 
Folhas Tratamento de tosse Infusão Ribeiro et al, 
2017. 
 
 
Casca do 
caule, casca 
interna do 
caule, folha 
e fruto 
Tratamento de tosse, bronquite, 
inflamação, infecção, cicatrização, 
edemas, mordida de cobra, lesões 
em diabéticos, sinusite, dor de 
barriga, ferida, rins, rouquidão, 
gastrite, úlcera, dor de dente, 
asma, coriza, dor de garganta, dor 
generalizada e tônico 
 
Xarope, decocção, 
maceração, infusão e banho 
 
 
Macedo et al, 
2018. 
Legenda: ND: Não descrito. Fonte: Autoria própria 
24 
 
2.3.2 Constituintes químicos de Commiphora leptophloeos 
Os estudos acerca dos constituintes químicos da espécie ainda são escassos na 
literatura e a maior parte deles estão relacionados com a triagem fitoquímica qualitativa e são 
limitados apenas para as cascas do caule e das folhas. Para as cascas, a partir de uma triagem 
fitoquímica foi detectada a presença de compostos fenólicos, taninos, antocianina, 
flavonoides, saponinas, alcaloides e albuminas (ARAÚJO et al., 2008; CLEMENTINO et al., 
2016; LIMA et al, 2017; VIEIRA et al., 2015). Também, a partir de uma análise por MALDI-
TOF-MS/MS do extrato aquoso das cascas do caule foram identificados taninos condensados 
formado principalmente por séries poliméricas de prorobinetinidina do tipo B e profisetinidina 
do tipo A (TRENTIN et al., 2013). Posteriormente, um único estudo de isolamento foi 
encontrado, no qual foi isolado uma hinoquinina a partir do extrato clorofórmico das cascas 
do caule e foi identificados por CLAE-DAD a presença de ácido gálico, ácido clorogênico e 
ácido protocatequico (PEREIRA et al., 2017). 
Para as folhas, foi realizado um doseamento de flavonoides e taninos totais do 
extrato aquoso. Também, a partir do óleo essencial foi identificado por CG-MS a presença de 
terpenos caracterizados como α-phellandrene, (E)-caryophyllene, β-phellandrene, α-himulene 
e germacrene-D (LIMA et al, 2017; SILVA et al., 2015). Vale salientar que nenhum estudo de 
isolamento e caracterização das folhas para a espécie é descrito na literatura. O Quadro 2 
resume os constituintes químicos relatado para espécie. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
Quadro 2 – Composição química de Commiphora leptophloeos. 
Legenda: ND: Não descrito. Fonte: Autoria própria. 
 
 
 
 
Parte 
da 
Planta 
 
Classificação 
 
Composto 
 
Análise e tipo de 
extrato 
 
Referências 
 
Cascas 
Flavonoides e 
taninos 
 
ND 
Doseamento de 
flavonoides e 
taninos totais 
 
Araújo et al., 
2008. 
 
 
Cascas 
Polifenóis, 
cumarinas, 
esteroides e terpenos 
 
ND 
 
Análise por 
CLAE-DAD do 
extrato aquoso 
 
Trentin et al., 
2011. 
 
 
Cascas 
 
 
Taninos 
 
 
proantocianidinas 
Análise por 
MALDI-TOF-
MS/MS do extrato 
aquoso 
 
Trentin et al., 
2013. 
 
 
Cascas 
Compostos 
fenólicos, taninos, 
antocianinas, 
flavonoides, 
saponinas, alcaloides 
e albuminas 
 
 
 
ND 
 
 
Triagem 
fitoquímica 
qualitativa do 
extrato etanólico 
 
 
 
Vieira et al., 
2015. 
 
Folhas 
Terpenos α-phellandrene, (E)-
caryophyllene, β-
phellandrene, α-
himulene e 
germacrene-D 
Análise por 
CG/MS da 
extração do óleo 
por 
hidrodestilação 
Silva et al., 
2015. 
 
 
Cascas Compostos 
fenólicos, taninos, 
antocianina, 
flavonoides, 
saponinas, alcaloides 
e albuminas 
 
ND 
Triagem 
fitoquímica 
qualitativa 
Clementino 
et al., 2016. 
Cascas Ácidos orgânicos e 
lignana 
Ácido gálico, ácido 
clorogênico, ácido 
protocatequico e 
hinoquinina 
Análise por HPLC-
DAD e RMN do 
Extrato 
clorofórmico 
Pereira et al., 
2017. 
Folhas Flavonoides e 
taninos 
ND Doseamento de 
flavonoides e 
taninos totais 
Lima et al, 
2017. 
26 
 
2.3.3 Atividades farmacológicas de Commiphora leptophloeos 
Os trabalhos que avaliaram as atividades farmacológicas da espécie ainda são 
escassos na literatura, e na sua maior parte, estão relacionados à atividade antimicrobiana. 
Todos os estudos são ensaios não clínicos in vitro. Vale destacar que não há trabalhos na 
literatura que avaliaram as atividades farmacológicas in vivo ou em ensaios clínicos com a 
espécie. Quanto aos estudos encontrados, foi avaliada a atividade antimicrobiana do extrato 
aquoso das cascas do caule contra S. epidermidis e P. aeruginosa que mostraram atividade 
bactericida (4,0 mg/mL) e bacteriostática (1,0 mg/mL) e redução de 15,3% e 32,7% na 
formação de biofilme, respectivamente (TRENTIN et al., 2011; TRENTIN et al., 2013). O 
extrato etanólico das cascas do caule também apresentou atividade bactericida contra S. 
aureus na concentração de 125 μg/mL. Posteriormente, avaliaram os extratos metanólico, 
clorofórmico, ciclohexanico e acetato de etila das cascas do caule que mostrou efeito 
bacteriostático contra S. aureus, S. faecalis, B. subtilis, E. faecalis, M. luteus P. aeruginosa, 
E. coli, K. pneumoniae, M. smegmatis e M. tuberculosi e fungistático contra Aspergillus sp. e 
C. albicans nas concentrações variando de 0,098 a 50 mg/mL. Ainda foi avaliado um 
composto isolado, uma hinoquinina, obtido do extrato clorofórmico das cascas do caule, que 
apresentou efeito bactericida e bacteriostático contra cepas clínicas deS. aureus nas 
concentrações variando de 0,0485 a 3,125 mg/mL (PEREIRA et al., 2017). Vale salientar, que 
não há estudos na literatura que avaliaram a atividade antimicrobiana dos extratos 
hidroetanólicos das folhas e das cascas do caule, bem como suas frações e compostos isolados 
contra cepas clínicas de uma variedade considerável de diferentes espécies de fungos e 
bactérias. 
A citotoxicidade dos extratos aquoso, metanólico, clorofórmico, hexanico e acetato 
de etila das cascas do caule foi avaliada pela atividade hemolítica e os resultados mostraram 
que os extratos não causaram hemólise (PEREIRA et al., 2017). Também, outro estudo 
avaliou a toxicidade aguda sobre náuplios de Artemia salina do extrato etanólico das cascas 
do caule que se mostrou moderadamente tóxico (CLEMENTINO et al., 2016). 
Para as folhas, apenas um trabalho foi encontrado na literatura em que avaliou o 
efeito de dissuasão para oviposição contra Aedes aegypti do óleo essencial e os resultados 
mostraram uma boa atividade larvicida (LC50 = 99,4 ppm) (SILVA et al., 2015). O quadro 3 
resume as atividades farmacológicas avaliadas para a espécie. 
27 
 
Quadro 3 – Atividades farmacológicas de Commiphora leptophloeos. 
Parte da 
planta 
Extrato Modelo Resultados Referências 
Atividade antimicrobiana 
Cascas do 
caule 
Aquoso 
Concentração Inibitória 
Mínima (CIM) e formação 
de biofilme 
O extrato aquoso inibiu 100% o crescimento de 
S. epidermidis e uma menor taxa de formação 
de biofilme (15,3%) concentração 4,0 mg/mL, 
Na dose 0,4 mg / mL, houve uma redução na 
formação de biofilme (32,7%) e não houve 
morte bacteriana. 
Tretin et al., 2011. 
 
 
 
Cascas do 
caule 
 
 
Aquoso 
Concentração Inibitória 
Mínima (CIM) e formação 
de biofilme 
O extrato aquoso apresentou uma atividade 
bacteriostático para Pseudomonas aeruginosa 
na concentração de 1,0 mg/mL e uma menor 
taxa de formação de biofilme. 
Tretin et al., 2013. 
 
 
Cascas do 
caule 
 
 
 
Etanólico 
 
 
 
 
Concentração Inibitória 
Mínima (CIM) 
O extrato etanólico da casca apresentou 
atividade bactericida contra Staphylococcus 
aureus na concentração de 125 μg/mL. 
 
Clementino et al., 2016. 
 
 
Cascas do 
caule 
Clorofórmico 
Concentração Inibitória 
Mínima (CIM) e 
Concentração Microbicida 
Mínima (CMM) 
Os resultados mostraram que C. leptophloeos 
apresenta potencial propriedade inibitória contra 
espécies de resistência a múltiplos fármacos de 
S. aureus, bem como vários Gram-positivos, 
Gram-negativos e fungos (Aspergillus sp. e C. 
albicans. 
Pereira et al., 2017. 
 
 
 
28 
 
 
(Continuação) 
Atividade Larvicida 
Folhas Hidrodestilação 
Utilização da larva do 
mosquito Aedes aegypti 
Os bioensaios mostraram que o óleo essencial 
exibiu fortes efeitos de dissuasão de oviposição 
contra A. aegypti em concentrações entre 25 e 
100 ppm e possuía boa atividade larvicida 
(LC50 = 99,4 ppm). 
Silva et al., 2015. 
Citotoxicidade e toxicidade 
Cascas 
Extrato 
etanólico 
 Toxicidade aguda sobre 
náuplios de Artemia salina 
O extrato testado se mostrou moderadamente 
tóxico. 
Clementino et al., 2016. 
Folhas 
hexânico e 
metanólico 
Linhagem de células 
tumorais Hep-2 e NCI-
H292 
Os EH e Met frente a linhagem Hep-2 na 
concentração de 50 µg inibiram 11,53% e 
46,45% e na mesma concentração para a 
linhagem NCI-H292 inibiram 26,1% e 13,23%, 
respectivamente. 
Melo et al., 2017. 
Fonte: Autoria própria. 
 
29 
 
3 OBJETIVOS 
3.1 OBJETIVO GERAL 
Isolar e caracterizar os compostos do extrato hidroetanólico das folhas e do extrato 
hidroetanólico das cascas do caule de Commiphora leptophloeos e avaliar a toxicidade, a 
atividade anti-inflamatória e antimicrobiana. 
 
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
 Isolar e elucidar a estrutura dos compostos majoritários dos extratos hidroetanólicos 
das folhas e das cascas do caule de C. leptophloeos; 
 Desenvolver e validar metodologia para quantificar os marcadores dos extratos 
hidroetanólicos das folhas e das cascas do caule de C. leptophloeos por CLAE; 
 Caracterizar o perfil fitoquímico dos extratos hidroeatanólicos das folhas e do caule 
por espectrometria de massas; 
 Avaliar a atividade antimicrobiana dos extratos hidroetanólicos das folhas e das cascas 
do caule de C. leptophloeos in vitro frente a cepas clínicas e de referência de fungos e 
bactérias Gram-positivas e Gram-negativas; 
 Avaliar o efeito anti-inflamatório dos extratos hidroetanólicos das folhas e das cascas 
do caule de C. leptophloeos in vitro pelo ensaio de óxido nítrico induzido por LPS e in 
vivo nos modelos de edema de pata induzido por carragenina e de bolsa de ar induzida 
por zimosam; 
 Avaliar a segurança dos extratos hidroetanólico das folhas e das cascas do caule de C. 
leptophloeos por ensaios não clínicos in vitro e in vivo; 
 Realizar uma triagem virtual in sílico dos compostos marjoritários dos extratos 
hidroetanólicos das folhas e das cascas do caule de C. leptophloeos. 
 
30 
 
4 MATERIAIS E MÉTODOS 
4.1 MATERIAL VEGETAL 
O material vegetal é constituído das folhas e das cascas do caule de C. leptophloeos. 
O material vegetal foi coletado em abril de 2016 na comunidade do Carão, Município de 
Altinho, no Pernambuco, Brasil, as seguintes coordenadas geográficas latitude: 8º 29’ 32” S e 
longitude: 36º 03’ 03” W. A autorização da coleta foi obtida pelo Sistema de Autorização e 
Informação em Biodiversidade (SISBIO), sob o número de processo 35017 e a Autorização 
de acesso ao Patrimônio Genético foi obtida pelo Conselho de Gestão do Patrimônio Genético 
do Ministério do Meio Ambiente (CGEN/MMA), sob o número de cadastro no SISGEN 
A618873. Uma exsicata incluindo folhas e cascas do caule de C. leptophloeos foi depositada 
no Herbário Geraldo Mariz (UFP) da Universidade Federal do Pernambuco (UFPE), com o 
número de registro UFP: 46.191. 
 
4.2 PREPARAÇÃO DOS EXTRATOS DAS FOLHAS E DAS CASCAS DO CAULE DE C. 
leptophloeos 
As folhas foram secas em estufa de ar circulante (temperatura inferior a 45 ºC), e em 
seguida foram trituradas em moinho de facas. O material obtido após trituração foi submetido 
à produção do extrato, pelo método de maceração (48 h), utilizando como solvente etanol: 
água (70: 30, v/v) na proporção de 1: 10 de solvente (g/v). Na sequência, o material vegetal 
foi submetido a três remacerações seguidas de 48 horas, cada. Em seguida, o extrato foi 
filtrado através de filtro de papel obtendo-se então os extratos hidroetanólicos (EH) 70% das 
folhas. A fase orgânica foi evaporada sob pressão reduzida com o auxílio de um evaporador 
rotatório (Büchi
®
) com temperatura ≤40ºC e por fim liofilizado e armazenado a -20°C. 
Com o intuito de reproduzir o uso popular da espécie e selecionar o melhor método 
de extração, também foram preparados extratos aquosos pelo método de decocção utilizando 
como solvente água. O processo de decocção foi realizado durante 15 minutos após início da 
ebulição. Em seguida, os extratos foram arrefecidos, filtrados a vácuo e liofilizados. No 
processo de liofilização, as amostras foram previamente congeladas em freezer a - 80 
o
C. 
 
31 
 
4.3 ANÁLISE FITOQUÍMICA QUALITATIVA DOS EH DAS FOLHAS E DAS CASCAS 
DO CAULE DE C. leptophloeos 
Inicialmente, foi realizada uma investigação do perfil químico com o objetivo de 
detectar as principais classes de metabólitos secundários presentes nos extratos aquosos 
obtido por decocção e nos extratos hidroetanólicos obtido por maceração das folhas e das 
cascas do caule de C. leptophloeos. 
 
4.3.1. Análise por Cromatografia em Camada Delgada (CCD) 
A análise do perfil químico dos extratos foi realizada por Cromatografia em Camada 
Delgada (CCD) utilizando como adsorvente cromatoplacas de gel de sílica 60 em alumínio 
F254 (Merck
®
) e como fase móvel a mistura de AcOET: AcOH: H2O (1,1:0,8:0,3 v/v/v) e 
como reveladores, Reagente natural A 0,5% (difenilboriloxietilamina)com posterior 
visualização em luz ultravioleta a 254 e 365 nm e vanilina sulfúrica (vanilina 2% e ácido 
sulfúrico 10 % em etanol). 
 
4.3.2 Análise para a detecção de compostos fenólicos 
A análise para detectar a presença de compostos fenólicos nos extratos foi realizada 
através da reação com cloreto férrico. Inicialmente, adicionou-se separadamente 2 mL dos 
extratos em tubos de ensaios e em seguida foi adicionado 2 gotas de solução etanólica de 
cloreto férrico a 2,5%. Posteriormente, foi observado se houve mudança ou não de coloração 
para verde-escuro, violeta ou azul (SIMÕES, 2016). 
 
4.3.3 Análise para a detecção de taninos 
A análise para detectar a presença de taninos nos extratos foi realizada através da 
reação de precipitação em gelatina. Inicialmente, adicionou-se separadamente 2 mL dos 
extratos em tubos de ensaios e em seguida foi gotejada uma solução aquosa de gelatina a 
2,5% até a visualização da formação de precipitado (SIMÕES, 2016). 
 
32 
 
4.3.4 Análise para a detecção de flavonoides 
A análise para a detecção da presença de flavonoides foi realizada através da reação 
de cianidina ou shinoda. Para o ensaio, 2 mL dos extratos foram colocados separadamente em 
almofariz de porcelana e submetidos ao aquecimento em banhomaria a 50 °C até a 
evaporação completa dos solventes. Em seguida, adicionou-se 0,2 mL de clorofórmio sobre os 
extratos secos e posteriormente o clorofórmio retirado. Por fim, as amostras foram 
suspendidas com 1 mL de etanol 70% e transferidas para tubos de ensaios, onde foi 
adicionado vagarosamente pelas paredes dos tubos 1 mL de ácido clorídrico (HCl) 37% e 200 
mg de magnésio em pó (SIMÕES, 2016). 
 
4.3.5 Análise para a detecção de saponinas 
A análise para detectar a presença de saponinas nos extratos foi realizada pelo teste 
de formação de espuma. Para o teste, 2 mL dos extratos foram adicionados em tubos de 
ensaios e suspendidos em 5 mL de água destilada. Em seguida, os tubos de ensaios foram 
agitados bruscamente por 1 minuto e observado se havia formação de espuma persistente 
(SIMÕES, 2016). Aos tubos de ensaios que foi verificado a formação de espuma, foi 
adicionado 5 gotas de HCl e observado se a espuma formada era persistente. A presença de 
espuma persistente após a adição de HCl confirmaria a presença de saponinas nos extratos. 
 
4.3.6 Análise para a detecção de alcaloides 
A análise para detectar a presença de alcaloides nos extratos foi realizada através da 
reação de precipitação em reagente de Dragendorff, Mayer, Wagner e Bertrand. Inicialmente, 
em um béque foram adicionados 2 mL dos extratos e 20 mL de ácido sulfúrico (H2SO4) 10%. 
Em seguida, as amostras foram aquecidas até a ebulição por 5 minutos e posteriormente foram 
arrefecidas e filtradas. Em uma placa de vidro, foram adicionadas 5 gotas das amostras em 
contato com os reagentes Dragendorff, Mayer, Wagner e Bertrand. A formação de um 
precipitado laranja, branco ou amarelo confirmaria a presença de alcaloides nos extratos 
(SIMÕES, 2016). 
 
33 
 
4.4 PARTIÇÃO LÍQUIDO-LÍQUIDO DO EXTRATO DAS FOLHAS E DAS CASCAS DO 
CAULE DE C. leptophloeos 
Após a redução total da fase orgânica dos extratos com o auxílio de um evaporador 
rotatório a temperatura não superior a 40 ºC, a fase aquosa dos extratos foi submetida a uma 
partição líquido-líquido em funil de separação. Foram utilizados solventes de polaridade 
crescente, para obtenção das frações diclorometano (CH2Cl2), acetato de etila (AcOEt), n-
butanol (n-BuOH) e residual aquosa. O processo foi repetido 3 vezes utilizando uma alíquota 
de 150 mL por vez para cada solvente. Todas as frações obtidas e a fração residual aquosa 
foram analisadas preliminarmente por Cromatografia em Camada Delgada (CCD) e também 
foram utilizadas para avaliação da atividade antimicrobiana in vitro. 
 
4.5 FRACIONAMENTO E ISOLAMENTO 
O isolamento e a elucidação estrutural foram realizados em parceria com o 
Laboratoire de Pharmacognosie da Université Paris Descartes em supervisão do Prof. Dr. 
Räphael Grougnet, durante a realização de um estágio no exterior (Stage de master 2). 
O processo de fracionamento e isolamento foi realizado em uma única etapa através 
da Cromatografia de Partição Centrífuga (CPC). 
 
4.5.1 Cromatografia de Partição Centrífuga (CPC) 
O EH das folhas (10 g) e a fração BuOH (6,0 g) das cascas do caule de C. 
leptophloeos foram submetidos a fracionamento por CPC (Armen-Gilson
®
 Instrument) 
equipado com um rotor de capacidade de 1000 mL, contendo 2016 células gêmeas e a 
velocidade de rotação foi ajustada para 1600 rpm. O aparelho CPC foi operado no modo 
descendente e as frações foram coletadas por um coletor de frações (Büchi
®
). Os 
experimentos foram realizados em temperatura ambiente. Os sistemas de solventes de duas 
fases foram selecionados de acordo com uma avaliação do coeficiente de partição (K), 
definido pela razão das concentrações dos compostos de interesse entre as duas fases não 
miscíveis. As misturas de solventes foram preparadas e em seguida adicionadas em tubos de 
ensaios. Os tubos foram agitados e mantidos em repouso até que as duas fases fossem 
separadas. Posteriormente, em cada tudo de ensaio foi adicionado 3 mg do EH das folhas e da 
fração BuOH das cascas do caule e os tubos foram agitados novamente e deixados em 
repouso até a separação das duas fases. Passado isso, as fases superiores foram transferidas 
para outros tubos de ensaios e finalmente as fases foram analisadas por CCD. Os sistemas de 
solventes Hex: AcOEt: MeOH: H2O (1:3:1:3, v/v/v/v) e Hex: AcOEt: MeOH: C3H6O: H2O 
34 
 
(0,1:1,8:0,6:1,1:0,5, v/v/v/v) foram selecionados para o EH das folhas e fração BuOH das 
cascas do caule, respectivamente. A partir do EH das folhas foi possível isolar diretamente os 
compostos 1 e 2 e a partir do EH das cascas do caule, após o processo de fracionamento por 
partição líquido-líquido, foi possível isolar os compostos 3 e 4. O esquema de fracionamento 
e isolamento para o EH das cascas do caule é apresentado na Figura 2. 
 
Figura 2 – Esquema representativo do fracionamento e isolamento guiado pelo efeito 
antimicrobiano do EH das cascas do caule. 
 
Fonte: Resultados Experimentais. 
 
4.6 IDENTIFICAÇÃO E ELUCIDAÇÃO ESTRUTURAL DAS SUBSTÂNCIAS 
ISOLADAS 
A identificação e a elucidação das substâncias isoladas foram obtidas por análises 
espectroscópicas e espectrométricas. 
As análises espectroscópicas e espectrométricas foram realizadas em colaboração 
com o Prof. Dr. Wagner Vilegas do Laboratório de Bioprospecção de Produtos Naturais 
(LBPN) da UNESP, com auxílio da doutoranda Ana Zanatta. 
 
4.6.1 Análise por Ressonância Magnética Nuclear (RMN) 
Os compostos isolados foram analisados por RMN de 
1
H 1D e 2D em um 
equipamento espectrômetro Bruker
®
 (400 MHz). As amostras soram solubilizadas em MeOD 
(Euriso-top
®
). Foram obtidos os espectros de RMN de 
1
H e número de scans foi variável de 8 
35 
 
à 32 a depender da concentração da amostra. Os espectros obtidos foram analisados e 
comparados com os dados da literatura. 
 
4.6.2 Análise por Espectroscopia de Massas (EM) 
Os EH das folhas e das cascas do caule e as substâncias isoladas foram analisados 
FIA-ESI-IT-MS/MS. Para análise, foi utilizado um Espectrômetro de massas LCQ FLEET 
(ESI-IT-MS
n
, Thermo Scientific
®
), equipado com um dispositivo de injeção direta da amostra 
via análise por injeção em fluxo contínuo (FIA). Ionização por electrospray (ESI) e analisador 
do tipo íon-trap (IT). Inicialmente, foi realizada uma varredura completa (full-scan) do 
espectro de massas para adquirir os dados dos íons na faixa m/z estabelecida. Posteriormente 
foram realizados experimentos de MS/MS a partir dos dados da primeira varredura para íons 
precursores pré-selecionados, com energia de colisão de 30 V. 
Para obtenção do perfil dos extratos por LC-MS/MS foi utilizado um espectrômetro 
de massas LC-QTOF HR-ESI(Waters Synapt G2, Manchester, UK). Os espectros de massas 
foram obtidos no modo positivo e negativo, sendo o modo negativo selecionado. A faixa de 
trabalho dos íons variaram de m/z de 100−2000 Da. O software Xcalibur
TM
 versão 1.3 
(Thermo Scientific
®
) foi utilizado para tratamento dos dados. 
Para a preparação das amostras, os extratos foram submetidos a um pré-tratamento 
em extração de fase sólida por clean up em cartucho SPE C18. Para análise do EH das folhas 
de C. leptophloeos, 10 mg do extrato foram dissolvidos em 1,5 mL de MeOH/H2O (85:15, 
v/v). O cartucho SPE C18 (Chromabond
®
 C18 ec, 500 mg, 3 mL cartucho) foi previamente 
condicionado com 4,5 mL de MeOH e 4,5 mL de MeOH / água (85:15, v/v). Em seguida, 1 
mL da amostra do extrato foi adicionada ao cartucho e eluída com 1,5 mL MeOH/ H2O 
(85:15, v/v) seguido de MeOH para a limpeza do cartucho. 
Para o EH das cascas do caule de C. leptophloeos, 10 mg do extrato foi dissolvido 
em MeOH/ H2O (50:50, v/v). O cartucho SPE C18 (Chromabond
®
 C18 ec, 500 mg, 3 mL 
cartucho) foi previamente condicionado com 4,5 mL de MeOH e 4,5 mL de MeOH / H2O 
(20:80, v/v). Em seguida, 1 mL da amostra do extrato foi adicionada ao cartucho e eluida com 
1,5 mL de MeOH/ H2O (20:80, v/v) e 1,5 mL de MeOH/ H2O (50:50, v/v) seguido de MeOH 
para limpeza do cartucho. 
 
36 
 
4.7 VALIDAÇÃO PARCIAL DO MÉTODO ANALÍTICO POR CROMATOGRAFIA 
LÍQUIDA DE ALTA EFICIÊNCIA ACOPLADA AO DETECTOR DE ARRANJO DE 
DIODOS (CLAE-DAD) E AO DETECTOR EVAPORATIVO DE ESPALHAMENTO DE 
LUZ (CLAE-ELSD) 
 
As análises obedeceram ao disposto nas resoluções nacionais e internacionais 
vigentes, abrangendo os parâmetros descritos pela RE Nº 166/2017 e o guia internacional ICH 
(BRASIL, 2017; ICH, 1996). Pretendeu-se avaliar os parâmetros de seletividade, linearidade, 
precisão, exatidão, limite de quantificação (LOQ) e detecção (LOD) e robustez (BRASIL, 
2017). 
A repetibilidade do método foi avaliada utilizando 3 concentrações do padrão 
isovitexina, a saber: uma concentração baixa (31,25 µg/mL), uma média (125 µg/mL) e uma 
alta (500 µg/mL). Cada uma das concentrações (em triplicata) foi analisada três vezes, 
somando no total 9 análises cromatográficas. A avaliação da precisão intermediária foi 
realizada no mesmo laboratório em 2 dias diferentes. 
O EH das folhas foi analisado em um equipamento CLAE JASCO
® 
constituído de 
bomba quaternária, detector de arranjos de diodos (DAD) e injetor automático. Foi utilizada 
uma coluna de fase reversa C18 modelo Thermo Scientific
®
 (250 x 4,6 mm d.i.; 5 μm). 
Inicialmente, foi desenvolvido o método para o EH das folhas e a partir desse método foi 
realizado o teste de linearidade para o padrão isovitexina. 
Foi preparada uma solução estoque do padrão isovitexina com concentração de 1 
mg/mL, a partir da qual foi realizada diluição seriada para obtenção de seis soluções nas 
concentrações de 7,81; 15,62; 31,25; 62,5; 125; 250 e 500 µg/mL. O volume de injeção foi de 
10 µL. Para otimização do método, o gradiente de eluição foi constituído de água (solvente A) 
e metanol (solvente B), ambos acidificados com 0,1% de ácido fórmico. O programa de 
corrida foi de 30-75% de MeOH em 50 minutos. O fluxo foi mantido constante em 1,0 
mL/min e a detecção realizada a 254 e 340 nm com a aquisição de espectros UV na faixa de 
190 a 450 nm. As análises foram realizadas em triplicatas. 
Para a análise do EH das cascas do caule foi utilizado o mesmo equipamento de 
CLAE e a mesma coluna como descrito anteriormente. Para a detecção foi utilizado o detector 
evaporativo de espalhamento de luz (ELSD) da JASCO
®
 modelo ELS-2040/2041. 
Inicialmente, foi desenvolvido o método para o EH das cascas do caule e a partir desse 
método foi realizado o teste de linearidade para o padrão procianidina dimérica do tipo B. 
37 
 
Foi preparada uma solução estoque do padrão procianidina dimérica do tipo B com 
concentração de 3 mg/mL, a partir da qual foi realizada diluição seriada para obtenção de 
cinco soluções nas concentrações de 250; 500; 1000; 1250 e 1500 µg/mL. 
O gradiente de fase móvel utilizado foi: água acidificada em ácido fórmico 0,1% 
(solvente A) acetonitrila (solvente B), com 10-20%, de 0-7 min; 20%, de 7-25 min; 20-60 %, 
de 25-45 min. O volume de injeção foi de 10 µL e o ELSD foi operado com temperatura do 
drift tube em 40 °C e pressão do gás nebulizador de 3,5 bar. O fluxo foi mantido constante em 
1,0 mL/min. As análises foram realizadas em triplicatas. 
O software EZChrom Elite 3.1.7 foi utilizado para controle, coleta e processamento 
dos dados para todas as análises. 
 
4.8 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA 
O protocolo experimental foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais 
da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CEUA/UFRN) pelo parecer de nº 
019.026/2017 e está em conformidade com as diretrizes do Conselho Nacional de Controle de 
Experimentação Animal (CONCEA). 
 
4.8.1 Animais de experimentação 
Foram utilizados para o estudo camundongos albinos Swiss machos e fêmeas, com 
período de vida de 6 a 8 semanas, pesando em torno de 30 a 35 g, mantidos sob temperatura 
controlada (22 ± 2 ° C), ciclo claro/escuro de 12/12 horas e com acesso livre a água e comida. 
Cada grupo foi composto por cinco animais (n = 5). Os animais foram procedentes do 
Biotério do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFRN. 
Os experimentos foram realizados em parceria com o Prof. Dr. Matheus Freitas 
Fernandes Pedrosa, do Departamento de Farmácia da UFRN e com o auxílio das doutorandas 
Manuela Torres Rêgo e Allanny Furtado. 
 
4.8.2 Modelo de edema de pata induzido por carragenina 
O efeito anti-inflamatório do pós-tratamento por via oral (v.o) dos EH das folhas e 
das cascas do caule de C. leptophloeos na inflamação aguda foi avaliado conforme o 
procedimento descrito por Posadas e colaboradores (2004), com algumas modificações. 
Inicialmente, o edema de pata nos animais foi induzido através de injeção subplantar (s.pl.) de 
50 µL de λ-carragenina 1% (500 µg/pata). Após 30 minutos os animais foram tratados por v.o 
38 
 
com 100 µL de solução salina estéril (0,9 mg/mL), dexametasona (0,5 mg/kg) e EH nas doses 
100, 200 e 400 mg/kg. O edema foi quantificado por meio da mensuração da espessura 
individual das patas, através de um paquímetro digital, nos tempos 1, 2, 3 e 4 horas após a 
injeção do inflamógeno. A resposta edematogênica foi determinada através da diferença entre 
a espessura da pata depois (nos respectivos tempos) e antes (valores basais) da injeção de 
carragenina. Ao final dos experimentos, os animais foram eutanasiados com overdose de 
xilazina e cetamina (10 mg/kg, 100 mg/kg), realizado o descolamento cervical e suas patas 
foram coletadas para a extração e posterior quantificação da enzima mieloperoxidase (MPO) 
(marcador quantitativo indireto de migração leucocitária). O edema de pata foi expresso em 
milímetros (mm) e foi calculado como a porcentagem de edema. A área sob a curva de tempo-
curso (AUC0-4 h) também foi determinada usando a regra trapezoidal. 
 
4.8.3 Modelo de bolsa de ar induzido por zimosam 
O efeito anti-inflamatório dos EH das folhas e das cascas do caule de C. leptophloeos 
na inflamação aguda também foi avaliado usando o modelo de bolsa de ar induzida por 
zimosam segundo o procedimento de Yoon e colaboradores (2005), com algumas 
modificações. Inicialmente, foi coletado ar estéril no fluxo laminar em condições assépticas. 
Em seguida, os animais receberam 5 mL de ar estéril no dorso por via subcutânea, para a 
formação da bolsa de ar. Após 2 dias, a bolsa já formada, foi reforçada com a injeção de mais 
2,5 mL ar estéril no mesmo local. Seis dias após a formação da bolsa de ar inicial, a 
inflamação foi induzida pela injeção de solução de zimosam dentro da bolsa de ar e logo em 
seguida receberam pós tratamento por v.o de solução salina estéril (0,9 mg/mL), 
dexametasona (2,0 mg/kg)

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