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Relatorio cimento para poço de petróleo

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS
MTR 0923: INTRODUÇÃO AOS MATERIAIS DE ENGENHARIA APLICADOS NA
INDÚSTRIA DO PETRÓLEO E GÁS NATURAL
PROF. ANTONIO EDUARDO MARTINELLI
DÉBORA RAÍSSA FREITAS DE SOUZA
FORMULAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PASTAS DE
CIMENTO
NATAL-RN
2022
1. INTRODUÇÃO
A cimentação de um poço petrolífero consiste, basicamente, no preenchimento do
espaço anular entre os tubos colocados e a parede da formação, unindo a tubulação de
revestimento com a parede do poço e evitar a entrada de fluidos indesejados entre as diversas
zonas permeáveis ao longo do poço (THOMAS, 2001). O cimento para poços petrolíferos,
com nomenclatura de CPP, é um tipo de cimento Portland de aplicação específica,
regulamentado pela NBR 9831 (2006). Tendo como principais propriedades: tempo de pega,
tempo de bombeabilidade, peso específico, teor de água livre, controle de perda de fluido e
resistência compressiva.
A pasta de cimento utilizada neste processo contém cal, sílica, alumina e óxidos de
ferro em sua composição, • Cal (CaO) – 60% a 67% • Sílica (SiO2) – 17% a 25% • Oxidação
Alumínio (Al2O3) – de 3% a 8% • Óxido de Ferro (Fe2O3) – de 0,5% a 6%. A partir desses
quatro componentes principais (representados na química do cimento pelas letras C, S, A e F,
respectivamente), derivam-se os compostos principais mais complexos que determinam as
propriedades do cimento: aluminato tricálcico (C3A), aluminato tetracálcico (C4AF), silicato
tricálcico (C3S) e silicato dicálcico (C2S). A hidratação do cimento se dá quando o mesmo
reage com a água gerando produtos com características de pega e endurecimento (MEHTA,
MONTEIRO, 2008).
Na fabricação da pasta de cimento para poços de petróleo, essa composição pode ser
alterada de acordo com as propriedades físico-químicas do local de perfuração para garantir
que o produto mantenha as propriedades necessárias sob condições de alta pressão e alta
temperatura, observadas em grandes profundidades durante a aplicação nos poços tanto
durante o estado líquido, quanto no estado sólido. Para isso, é necessário adicionar produtos
químicos à pasta de cimento para alterar suas propriedades dependendo das condições do
poço ou operação (BENSTED, 1993). A escolha dos aditivos e a quantidade adicionada à
pasta depende das características individuais de cada poço (FREITAS, 2008).
Dentre os aditivos químicos utilizados, estão os aceleradores de pega que são usados
frequentemente para diminuir o atraso no tempo de pega causado por outros aditivos, tais
como dispersantes e controladores de filtrado, os mais conhecidos são os sais Cloretos,
Silicatos e Aluminatos. Retardadores de pega, que servem para retardar o início da pega na
pasta, mantendo sua fluidez quando a temperatura e a pressão são muito altas para o uso do
1
cimento sem aditivos (Galvão; Da Mata, 2012), de modo a permitir que toda a pasta seja
bombeada para a posição programada. A classe mais comum são os sais derivados do ácido
lignosulfônico. Há, também, a aplicação de dispersantes, substâncias químicas que reduzem a
viscosidade aparente, o limite de escoamento e a força gel das pastas, melhorando suas
propriedades de fluxo. O dispersante mais utilizado é o sal de polinaftaleno sulfonato de
sódio (FREITAS, 2008). Controladores de filtrado são adicionados a pastas de cimento para
diminuir a velocidade de filtração pela redução da permeabilidade do reboco ou pelo aumento
da viscosidade da fase aquosa (FREITAS, 2008). Antiespumante que desfaz o sistema
cimento + água + ar, reduzindo a tensão superficial tendo como exemplo os poliglicóis.
Para atender as exigências da operação de cimentação, as pastas de cimento a serem
utilizadas devem ser garantidas por ensaios realizados em laboratórios de cimentação,
procedimentos padronizados pela indústria de petróleo. Os testes simulam o comportamento
da pasta em função das condições previstas para a sua utilização. As condições do cimento no
poço devem ser as mesmas do laboratório, para garantir que a pasta de cimento obtenha as
condições previstas, e para isso alguns cuidados devem ser tomados, como a sequência de
mistura no poço deve seguir a mesma do laboratório. Entre os testes que se destacam nesse
relatório estão: ensaio reológico, teste de água livre e teste de filtrado.
A reologia pode ser considerada como a ciência da deformação e do fluxo da matéria.
Ou seja, ela estuda como a matéria se deforma ou escoa, quando esta está submetida a
esforços (MACHADO, 2002). O modelo de Bingham ou plástico ideal é o que melhor
representa o cimento. Nesse modelo é requerido uma tensão mínima para que haja alguma
deformação. Quando se tem excesso de água acima da pasta, se forma a água livre
(NELSON, 2006). E o controlador de filtrado é usado para manter o volume da pasta de
cimento constante para garantir que as propriedades da pasta permaneçam dentro de uma
determinada faixa. Normalmente, cada uma dessas propriedades varia dependendo da
quantidade de água no cimento.
O presente relatório tem como objetivo a formulação de duas pastas de cimento,
sendo uma delas com controlador de filtrado, análise e comparação do comportamento das
pastas através dos ensaios reológicos, água livre, volume de filtrado. Sendo essa aplicação
voltada para cimentação de um poço de petróleo com dados fornecidos para a aula prática e
avaliar se atendem de forma efetiva as necessidades as quais são requeridas em campo.
2
2. MATERIAIS E MÉTODOS
A prática experimental do relatório foi realizada nos dias 13 e 20 de outubro de 2022
através da preparação, caracterização e análise de duas pastas de cimento, executadas no
Laboratório de Cimento (LABCIM) localizado no Instituto de Química da UFRN. O cimento
utilizado foi o Cimento Classe G. O procedimento de preparação das pastas de cimento foi
feito sempre em duplicata de acordo com as composições que foram fornecidas, seguindo a
ordem descrita, e a água industrial utilizada nas pastas foi fornecida pela Companhia de
Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN). As pastas de cimento foram formuladas
com a finalidade de serem testadas, comparadas e avaliadas para analisar se posteriormente
elas atingiram as condições de poço exigida.
2.1 Equipamentos e materiais utilizados
● Proveta graduada de 250 mL;
● Proveta graduada de plástico 50 mL;
● Espátula;
● Copo Misturador + equipamento misturador Chandler modelo 30-60;
● Copo de medição;
● Cronômetro;
● Consistômetro atmosférico Chandler modelo 1200;
● Célula de bronze e seus componentes;
● Viscosímetro rotativo de leitura direta Chandler Fann Thermo-Cup;
● Célula de aço inox e seus componentes;
● Aditivos;
● Água industrial;
● Cimento Portland CPP Classe G;
● Filtro-prensa modelo HPHT filter press series 387;
● Pipeta Pasteur.
2.2 Formulação e Preparação das pastas de cimento
O experimento ocorreu em duas práticas: na primeira, foi feita a preparação da
primeira pasta de cimento utilizando os aditivos, antiespumante, dispersante e foram feitos os
ensaios: reologia, água livre, volume de filtrado. Na segunda prática, foi feita a preparação da
segunda pasta de cimento utilizando os aditivos: antiespumante, dispersante e controlador de
filtrado e foram feitos os mesmos ensaios da primeira pasta. As imagens abaixo mostram os
componentes para preparação das pastas:
3
Imagens 01 e 02 - Aditivos e equipamentos utilizados para preparação das pastas de cimento
Fonte: Autoria própria, 2022
O procedimento de preparação das pastas iniciou-se primeiro sendo feita a pesagem
de todos os componentes da pasta conforme a formulação, na balança analítica colocando no
copo do misturador e o cimento no copo medidor; A cada adição de aditivo no copo
misturador, agitou-se durante 01 minuto a uma rotação de 1500 rpm; O cimento foi colocado
com auxílio de um funil dentro do misturador, adicionando o cimento em 15 s, durante os
quais a velocidade foi mantida constante, em um processo sem interrupção.Imagens 03 e 04 - Procedimento para preparação das Pastas de Cimento
Fonte: Autoria própria, 2022
Após todo o cimento ser adicionado ao sistema água + aditivos, deve-se continuar a
agitação a uma velocidade alta, na faixa de 4000 rpm, durante 35 s, de acordo com as
recomendações práticas. Por fim, agitou-se a mistura por 01 minuto a fim de diminuir a
quantidade de bolhas a 15000 rpm.
4
Imagens 05 e 06 - Pasta 1 sem controlador de filtrado e Pasta 2 com controlador de filtrado
respectivamente
Fonte: Autoria própria, 2022
Após a preparação das pastas, é feita a homogeneização. A homogeneização é feita no
consistômetro atmosférico, onde as pastas são vertidas em células de bronze montadas até
uma linha limite que fica dentro da célula, fechadas e colocadas no consistômetro em um
banho à temperatura de 86 ºF a qual o teste está submetido por um tempo de 20 minutos. As
imagens abaixo mostram o procedimento descrito e o equipamento utilizado.
Imagens 07 e 08 - Procedimento para realização do Teste de Água Livre
Fonte: Autoria própria, 2022
Posteriormente, foram analisados os desempenhos das pastas submetidas realizando
ensaios, no qual têm a função de simular, com as devidas condições de poço, o
comportamento da pasta de cimento. Dessa maneira, os ensaios realizados foram: Teste de
Água Livre, Reologia, Teste de Filtrado.
5
2.3 Teste de Água Livre
Após a preparação e a homogeneização, as pastas foram vertidas em uma proveta até
o nível de 250 ml. A Proveta foi levada para uma mesa plana livre de vibrações e deixado por
2 horas em repouso. As imagens abaixo apresenta o procedimento feito:
Imagens 09 e 10 - Procedimento para realização do Teste de Água Livre
Fonte: Autoria própria, 2022
O volume de água que ficou sobrenadante é medido e usado para o cálculo do teor de
água livre.
2.4 Ensaio Reológico
No ensaio de reologia são determinadas as propriedades reológicas das pastas de
cimento, tais como: limite de escoamento (LE), viscosidade plástica (VP), força gel inicial
(Gi) e força gel final (Gf). As propriedades reológicas das pastas formuladas foram
determinadas através de um viscosímetro de leitura direta. As imagens abaixo mostram o
equipamento e seus componentes.
6
Imagens 10 e 11 - Viscosímetro de leitura direta e seus componentes (rotor e cilindro)
Fonte: Autoria própria, 2022
A preparação do equipamento foi feita colocando água no copo do equipamento como
condutor de calor para que esquentasse todo o sistema a temperatura de 86ºF. Em seguida, as
pastas homogeneizadas, foram vertidas no copo do equipamento. As leituras foram realizadas
aplicando-se rotações ascendentes e descendentes em intervalos de 10 segundos, mantendo-se
a temperatura constante. As rotações empregadas foram de 3, 6, 10, 30, 60, 100, 200 e 300
rpm.
Imagens 12 e 13 - Procedimento para realização do Ensaio Reológico
Fonte: Autoria própria, 2022
Em seguida, é feito o recondicionamento da pasta por 1 minuto a 300 rpm, para
determinação dos géis da pasta de cimento. Desligou-se o viscosímetro por 10 segundos,
ajustando-o para uma rotação de 3 rpm. Foi registrado o gel inicial (Gi) observado após o
início da rotação do equipamento. Para finalizar, o aparelho foi desligado por 10 minutos,
registrando o gel final (Gf) observado após o início da rotação do aparelho.
7
2.5 Teste de Filtrado
Sempre homogeneizando as pastas, mesmo que mexendo com uma espátula, para
retardar o endurecimento. Primeiro o equipamento é ligado para esquentar a temperatura de
circulação, em seguida é montado o sistema da célula de aço inox, com oring, peneira e as
tampas vedantes.
Imagens 14 e 15 - Componentes utilizados para o Teste de Filtrado
Fonte: Autoria própria, 2022
A etapa seguinte é colocar um determinado volume de pasta confinado na célula do
filtro-prensa à temperatura programada e fechá-la para a injeção do gás, abrindo a linha
principal e secundária para pressurizar o sistema. O fechamento e posteriormente a abertura
da célula é feita de forma cruzada para que seja uniforme.
Imagens 16 e 17 - Montagem da célula de Aço Inox do Teste de Filtrado
Fonte: Autoria própria, 2022
8
A pressão aplicada (1000 psi) faz com que o filtrado escoe pela peneira metálica de
325 mesh. O tempo padrão do teste é de 30 minutos ou até a desidratação completa da pasta.
O teste de filtrado foi feito a temperatura de circulação (86 ºF) por um tempo de 30 minutos
no filtro-prensa. Abaixo do equipamento é colocado uma proveta de 50 mL para leitura do
volume do filtrado após o tempo do teste.
Imagem 18 - Execução do Teste de Filtrado pelo Filtro-Prensa
Fonte: Autoria própria, 2022
A determinação do volume de filtrado é feita com o intuito de medir a perda de água
da pasta de cimento para a formação, pois admite-se que se tenha uma perda de água no
processo de injeção da pasta, porém a perda excessiva de água acarretará em problemas na
hidratação do cimento, além de uma densidade de pasta diferente do projeto original.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise dos resultados se deu pela preparação das pastas, a interação entre os
aditivos utilizados e a análise dos ensaios realizados, como parâmetros para os critérios de
aceitação na cimentação de poços. As caracterizações do poço e da pasta estão apresentadas
nas tabelas 01, 02 e 03:
Tabela 01– Características do poço
Fonte: Autoria própria, 2022
9
Tabela 02– Formulação da pasta sem controlador de filtrado
Fonte: Autoria própria, 2022
Tabela 03– Formulação da pasta com controlador de filtrado
Fonte: Autoria própria, 2022
3.1 Teor de Água livre
O teste de água livre visa determinar a quantidade de água que tenderá a migrar
através da pasta. Ao fim da realização do teste, pode-se constatar a massa da água
sobrenadante ao cimento endurecido como mostram as imagem 19 abaixo:
Imagem 19 - Resultados obtidos após 2 horas de repouso
Fonte: Autoria própria, 2022
10
O valor do teor de água livre deve ser limitado, principalmente para evitar
canalizações de gás após a cimentação. O teor de água livre é limitado pela NBR 9831 em
5,9% de água em relação ao peso do cimento. Para determinação do teor de água livre
(%AL), utiliza-se a equação 01.
%𝐴𝐿 =
𝑉
𝐴𝐿
250 𝑚𝐿 (𝑝𝑎𝑠𝑡𝑎) * 100
Como se pode observar, para a primeira pasta de cimento sem controlador de filtrado
o teor de água livre foi de 12% pasta, já na segunda pasta formulada com controlador de
filtrado não houve a formação de água livre. A primeira formulação tem o teor de água livre
muito maior que o critério de aceitação da NBR 9831 sendo inaplicável para um poço de
petróleo, devido ao primeiro momento da pressão hidrostática.
O que acontece durante a colocação da pasta de cimento, entre o início da operação de
cimentação e o final da colocação que normalmente ocorre na batida do tampão de topo.
Durante este período o gás pode migrar devido à menor pressão hidrostática dos fluidos em
relação à pressão de poros na zona de gás. O grande teor de água livre pode estar associado
ao fator água/cimento (FAC).
A influência do FAC na formação de água livre era esperada, pois o excesso de
dispersante e não conter o aditivo de controlador de filtrado na formulação permite que o
processo de formação de água sobrenadante e sedimentação ocorram com mais intensidade.
Outra observação a ser feita é que quanto maior o FAC, maior será a quantidade de
água sobrenadante, decorrente da floculação das partículas de cimento e que devido à ação da
gravidade, deslocam-se para baixo, movimentando as partículas de água para cima. Essa água
livre pode ser prejudicial às propriedades mecânicas do cimento, por alterar a homogeneidade
da pasta e aumentar a quantidade prevista de fluido a ser bombeada (BEZERRA, 2006).
3.2 Teste Reológico
As características reológicas da pasta de cimento no estado fresco podem ser
influenciadas por diversos fatores como, a relação água/cimento, a idade da pasta, as
características do cimento e a natureza das adições químicas. Dependendo doteor de água de
mistura, o comportamento da pasta de cimento pode ser do tipo viscoplástico com
pseudoplasticidade ou dilatação.
11
Dentre os vários modelos que têm sido utilizados para determinar o comportamento
reológico das pastas de cimento, o utilizado foi o Modelo de Bingham. Que assume uma
relação linear entre a tensão de cisalhamento τ e a taxa de cisalhamento ɣ , o modelo é
descrito matematicamente na forma:
(equação 02)τ = 𝐿𝐸 + 𝑉𝑃 γ
Sendo LE: o limite de escoamento, em Pascal, e VP: a viscosidade plástica, em Pa . s.
Para transformar rotação e deflexão em tensão de cisalhamento e taxa de
cisalhamento, são efetuados as seguintes conversões:
Rotação ➞ Taxa de Cisalhamento (γ) usa-se 𝜸 = 𝒓𝒑𝒎∗𝟏,𝟕𝟎𝟐𝟑𝟑
Deflexão ➞ Tensão de Cisalhamento (τ) usa-se 𝝉 = 𝑫𝒆𝒇𝒎𝒆𝒅∗𝟏,𝟎𝟔𝟕
Os dados obtidos através do teste de reologia, estão presentes nas tabelas abaixo:
Tabelas 04 e 05 – Leituras da deflexão do viscosímetro com rotação variando de 3 a 300 rpm
Fonte: Autoria própria, 2022
De acordo com o Modelo de Bingham, com os dados obtidos através do teste de
reologia, foram adotadas a equação 02 para determinar as propriedades e os parâmetros
reológicos das pastas de cimento formuladas. Os dados obtidos estão nas curvas dos Fluidos
abaixo:
12
Curva de fluxo dos fluidos para Pasta 1 e Pasta 2 respectivamente
Fonte: Autoria própria, 2022
Tem-se que a pasta 1 apresentou a característica de um fluido Newtoniano no espaço
entre o rotor e o cilindro da célula do equipamento. Isso implica dizer que o excesso de
concentração do dispersante comparado com a formulação utilizada influenciou,
negativamente, para o insucesso da pasta, influenciando no tempo de pega da mesma. Uma
vez que o equipamento fez leituras de água devido a alta decantação dos sólidos.
Para a pasta 2 ela apresenta característica de um fluido Newtoniano Pseudoplástico, a
viscosidade decresce com o aumento da tensão de cisalhamento. Isso implica dizer que a
concentração de dispersante influenciou positivamente, para o sucesso da pasta. Sua função é
reduzir a viscosidade da pasta de cimento, provocando a separação de partículas. Outro fator
que ajudou foi a baixa concentração controlador de filtrado na formulação pois, esse aditivo
também tem como função (secundária) reduzir a viscosidade da pasta e, portanto,
aumentando a sua fluidez.
A diferença verificada no comportamento reológico das pastas quando se aplicam
velocidades crescentes e decrescentes, pode ser aferida através da quantificação da área entre
as duas curvas (área de histerese). A diferença do valor da área de histerese fornece a
tendência que as suspensões apresentam para alterar o seu comportamento reológico em
função do regime de escoamento a que se encontram. A tabela 06 mostra a conversão dos
Géis inicial e final:
13
Tabela 06 - Leitura dos Géis iniciais e finais com a conversão
Fonte: Autoria própria, 2022
Na análise das Forças gel inicial e final, verifica-se que na pasta 2 há aumento nos
valores do gel inicial e final das pastas com borracha. Este fato pode ser atribuído à redução
do FAC, tendo em vista que, quanto menos água na pasta maior é a interação entre as
partículas sólidas e maior é a tendência à formação de gel com o aumento da densidade, tanto
o Gi como o Gf também aumentam. Na pasta 1 as leituras foram baixas devido a se
comportar como um fluido Newtoniano.
3.3 Volume de Filtrado
Para os testes de filtrado que atingem o intervalo de tempo final de trinta minutos, a
perda de filtrado é calculada multiplicando-se por dois o volume coletado durante o teste.
Para os testes que apresentam desidratação da pasta em tempo inferior a 30 min, extrapola-se
o volume de filtrado para um tempo igual a 30 minutos, conforme a equação abaixo:
𝑄30 = 2 * 𝑄𝑡 * 5,477
𝑡
Q30 – perda de fluido estimado para um tempo de 30 minutos, em centímetros.
Qt – volume de fluido coletado até o momento “t” da desidratação, em centímetros.
t - tempo, aproximado, de ocorrência da desidratação (final do teste), em minutos.
A perda de água das pastas para a formação rochosa é benéfica até certo limite, pois o
excesso de água prejudicial às propriedades mecânicas, é eliminado (BEZERRA, 2006). No
entanto, é desejável que a pasta mantenha o mínimo de água necessária para sua completa
hidratação, para que as propriedades reológicas sejam satisfatoriamente atingidas. A tabela 07
apresenta os resultados de volume de filtrado para a formulação de 500 metros, sendo o valor
multiplicado por dois.
14
Tabela 07 – Resultados obtidos através do teste de Filtrado e condições do teste
Fonte: Autoria própria, 2022
Percebe-se que os valores de filtrado para a primeira pasta formulada foi maior que a
segunda, porém, as duas são totalmente opostas. Para a primeira pasta sem controlador de
filtrado gerou um falso-positivo, não é considerado controle de filtrado e sim que a pasta
decantou muito e a pega se deu muito rápido.
O falso positivo é notório pela quantidade de reboco que ficou na célula pós teste. Isso
ocorreu devido ao excesso de dispersante na formulação que aumenta a decantação dos
sólidos tornando a pasta menos estável. Podendo ser observadas nas imagens abaixo:
Imagens 20 e 21 - Reboco das Pastas 1 e 2 respectivamente após endurecimento
Fonte: Autoria própria, 2022
Já com relação a segunda pasta o controle está ligado principalmente no aditivo
controlador de filtrado usado para controlar a quantidade de água perdida por filtração pela
pasta de cimento, para as zonas permeáveis adjacentes. Pelo teste de filtrado percebeu-se que
houve a diminuição do reboco formado na célula do equipamento.
15
4. CONCLUSÃO
A partir das características do poço trabalhado durante o processo experimental da
formulação e caracterização de duas pastas de cimentação de acordo com os padrões, de
modo que se adequasse às características do poço de petróleo que foi fornecida, bem como às
condições de pressão e temperatura do interior do poço. As pastas preparadas ao longo da
pesquisa apresentam características específicas.
Após uma análise dos resultados, verifica-se que a primeira pasta não atende às
condições operacionais pois, a adição de dispersantes produziu efeitos secundários
indesejáveis como, aumento de água livre e da decantação dos sólidos, tornando a pasta
menos estável, influenciando no seu tempo de pega e no aumento do reboco formado.
Para a segunda pasta, a adição do dispersante e do controle de filtrado melhorou as
propriedades de estabilidade e volume de filtrado. O teste de filtrado permitiu observar que a
formulação utilizada é satisfatória para a condição de cimentação de superfície de 100 a 200
m, somente pela análise da espessura do reboco formada, porém, sua aplicação definitiva na
cimentação de um poço de petróleo está relacionada a outras características que devem ser
consideradas como o teste de espessamento e teste de resistência à compressão método
ultrassônico (UCA).
Com relação ao reboco das pastas, a pasta 1 demorou muito mais do que a pasta 2
para endurecer e, após o endurecimento permite analisar que para a pasta 1 o cimento ficou
quebradiço e aspecto esfarelado, já a pasta 2 ficou uniforme.
A reologia a 3 rpm é importante, pois simula o início do bombeio da pasta, onde a
bomba está partindo. Já a de 300 rpm analisa os momentos onde o bombeio da pasta está em
regime permanente. Devido à formulação e as leituras para primeira pasta se deram como
fluido Newtoniano, que apresenta uma relação constante entre tensão cisalhante e taxa de
cisalhamento, independente da deformação e do tempo.
Observando os resultados obtidos, o método utilizado a pasta 2 de cimento mostrou
ser mais adequado quando comparado a pasta 1. O limite de escoamento e a viscosidade
plástica são parâmetros diretamente proporcionais. Dessa maneira o limite de escoamento
aumenta, quando a força entre as partículas aumenta. Assim, melhorando a qualidade de
fluxo da segunda pasta e evitando a tendênciaà sedimentação observada na mesma.
16
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9831: Cimento Portland
destinado à cimentação de poços petrolíferos - Requisitos e métodos de ensaio. Rio de
Janeiro: ABNT, 2006.
BENSTED, J.A. Simple retarder response test for oil well cements at high temperatures,
Cement and Concrete Research. 1993. V. 23, p.1245.
BEZERRA, Ulisses Targino. Compósitos Portland-biopolímero para cimentação de poços
de petróleo. 2006. 287 f. Tese (Doutorado) - Curso de Ciência e Engenharia de Materiais,
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2006.
FREITAS, J. C. O. Adição de poliuretana em pastas de cimento para poços de petróleo
como agente de correção de filtrado. Dissertação de mestrado apresentada ao Programa 81
de Pós-Graduação em Engenharia do Petróleo da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, Natal/RN, 2008.
GALVÃO, E.R.V.P.; DA MATA, W. Notas de Aula da Disciplina de Fundamentos de
Engenharia de Petróleo. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2012.
MACHADO, J. C. V., Reologia e escoamento de fluidos: ênfase na indústria do petróleo,
Editora Interciência. Petrobrás, Rio de Janeiro, 2002.
MEHTA, P. K MONTEIRO, P. J. M. Concreto: microestruturas, propriedades e
materiais, 3ª ed. Editora IBRACOM, São Paulo, 2008.
NELSON, E.B., GUILLOT, D. Well Cementing. Houston: Schlumberger Educational
Services, 2006.
THOMAS, J. E. Fundamentos de Engenharia de Petróleo. Interciência, 2° Ed: Rio de
Janeiro, 2001.
VITAL, G. S. Seleção de tensoativos e influência de um estabilizante para a otimização
de formulações de fluidos de perfuração à base de óleo vegetal, Monografia de fim de
Curso. Natal: UFRN, 2005. 50p.
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