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Pedro Macedo – Turma IX – Medicina UFOB Atendimento inicial ao trauma (ATLS) Urgência e emergência Introdução Padrão de atendimento o Reanimar e estabilizar o doente conforme prioridades Epidemiologia o Distribuições das mortes no Brasil Trauma é a terceira principal causa de morte no Brasil Distribuição modal das mortes no trauma o Primeiro pico – mortes imediatas o Segundo pico – mortes precoces Prevenção primária (ATLS) ATENDIMENTO INICIAL ADEQUADO o Terceiro pico – mortes tardias Complicações da causa base/ de procedimentos Como é organizado o atendimento inicial da vítima com trauma? X Medidas de contenção de hemorragias externas graves (risco de exsanguinação) – PHTLS (ambiente pré-hospitalar) e não ATLS (ambiente hospitalar) A Proteção de vias aéreas + imobilização da coluna cervical + desobstruir VA + oferta de O2 sob máscara ou via aérea definitiva (indicações?) B Respiração e ventilação = identificar e tratar afecções ventilatórias (pneumotórax, hemotórax, etc) C Circulação e controle de hemorragia = 2 acessos venosos calibrosos (mínimo 18G) + infusão de 1000mL de cristaloide aquecido + avaliar necessidade de sangue D Estado neurológico (escala de Glasgow + pupilas) E Exposição e controle ambiental (evitando hipotermia) Avaliação primária Medidas auxiliares o ECG o Oximetria de pulso o Capnografia e gasometria arterial o Sondagem gástrica e urinária (atenção para contraindicações) o Radiografias (feitos no aparelho portátil dentro da sala de trauma) Tórax (AP) Pelve AP Obs: radiografias de coluna cervical não fazem parte da avaliação primária Obs: gestantes não têm contraindicação à realização de exames radiológicos em um cenário de trauma Pedro Macedo – Turma IX – Medicina UFOB o FAST/E-FAST (focused assessment with sonography for trauma) o LPD (lavado peritoneal diagnóstico) Lesões com risco imediato de morte – DIAGNÓSTICO NA AVALIAÇÃO PRIMÁRIA Obstrução de via aérea Pneumotórax hipertensivo Pneumotórax aberto Hemotórax maciço Tamponamento cardíaco Lesão de árvore traqueobrônquica Avaliação secundária Autorizada apenas após o término da avaliação primátia Exame minucioso da cabeça aos pés Anamnese dirigida – mnemônico AMPLA A Alergias M Medicações em uso P Passados médicos/prenhez L Líquidos e alimentos ingeridos A Ambiente, eventos e mecanismo de trauma Medidas auxiliares o Radiografia de membros o Radiografia de coluna o Exames contrastados o Tomografia o Exames endoscópicos Proteção cervical e de vias aéreas (A) Porque proteção cervical? o Sempre pensar que o paciente possa estar com lesão cervical e que qualquer mobilização pode gerar lesão medular e suas consequências Sequência o Proteção cervical (colar cervical + head block + mobilização em bloco) – prancha rígida apenas para transporte o Patência das vias aéreas o O2 máscara não reinalante de alto fluxo (10 – 15L/min) o Avaliar necessidade de via aérea definitiva Quando posso tirar o colar cervical? o Avaliação cervical no trauma raquimedular Há algum critério NEXUS (DILCE)? Déficit neurológico, intoxicação, lesão extrema que distraia o paciente durante o exame, consciência alterada (Glasgow < 15) ou espinha dolorosa (dor à palpação da coluna) Sim? o Manter colar e solicitar exames Não? Pedro Macedo – Turma IX – Medicina UFOB o Abrir o colar Palpação da cervical causa dor? Sim? o Manter colar + exames Não? o Movimentação ativa gera dor? Sim? Manter colar + exames Não? Retirar o colar O que pode causar obstrução de vias aéreas? o Queda de base da língua com fechamento da hipofaringe Manobras de Jáw thrust (tração anterior da mandíbula) e chin-lift (elevação do mento) Pode ser usada cânula de Guedel também – pacientes inconscientes o Corpos estranhos o Sangue o Secreção Indicações de via aérea definitiva o Definição de VAD Sonda em posição traqueal, com balonete insuflado abaixo das pregas vocais, ligada à fonte enriquecida de oxigênio o Indicações Apneia, incapacidade de manter oxigenação Risco de aspiração Paciente inconsciente/GL =< 8 Sangramento profuso de via aérea Convulsões reentrantes (aquelas que babam muito) Risco iminente de comprometimento de via aérea Trauma maxilofacial extenso Lesão térmica/inalatória Hematoma cervical expansivo o Tipos de via aérea definitiva Não-cirúrgica IOT Intubação nasotraqueal o Contraindicações Apneia Fratura de base de crânio (sinal de guaxinim, sinal de battle e sinal do duplo halo) Criança Cirúrgica Cricotireoideostomia (de escolha) o Indicações Falha de IOT Edema de glote/ distorção de anatomia cervical Traumatismo maxilofacial extenso Hemorragia profusa Qualquer fator que impossibilite visualização da laringe (pregas vocais) o Contraindicações Pedro Macedo – Turma IX – Medicina UFOB Fratura de laringe (Tríade: enfisema subcutâneo + rouquidão + fratura palpável) Idade < 12 anos o Procedimento Palpar cartilagem tireóidea Palpar cartilagem cricoidea Palpar membrana cricotireoidea (entre as duas cartilagens) Abrir a membrana com bisturi e colocar um tubo para manter respiração Traqueostomia o Feita quando há contraindicações à cricotireoideostomia Fratura de laringe Menores de 12 anos – por conta do risco de estenose subglótica Vias aéreas alternativas o Máscara laríngea Não é VAD Insucesso na IOT Falha na ventilação com máscara Requer treinamento o Criotireoideostomia por punção Via aérea temporária – medida provisória até VAD Estratégia de oxigenação de emergência Há retenção de CO2 (hipercapnia) Não é contraindicada em menores de 12 anos Respiração e ventilação (B) Exame físico o Inspeção – expansibilidade? Assimetria? Lesões? o Palpação – crepitação? Enfisema subcutâneo? o Percussão – timpanismo? Enfisema subcutâneo? o Ausculta – MV+? RA? Bulhas abafadas? Pneumotórax hipertensivo o Clínica Ausência de MV Hipertimpanismo à percussão Hipóxia Sinais de choque – taquipnéia, taquicardia e hipotensão (choque obstrutivo) Enfisema subcutâneo Turgência jugular Desvio de traqueia para o lado contralateral o Tratamento Imediato – toracocentese (punção) imediata no 5EIC (mamilo ta no 4EIC), na linha axilar média/descompressão torácica digital Definitivo – drenagem torácica no 5EIC entre a linha axilar anterior e média Pneumotórax Pedro Macedo – Turma IX – Medicina UFOB o Tratamento conservador Paciente assintomático Pneumotórax pequeno (2 – 3cm) Sem proposta de ventilação por pressão positiva Sem proposta de transporte aéreo subatmosférico Hemotórax o Clinica Ausência de MV Macicez à percussão Sinais de choque Pedro Macedo – Turma IX – Medicina UFOB NÃO TEM TURGENCIA JUGULAR (veias colabadas) o Tratamento Drenagem torácica 5EIC Toracotomia de emergência Drenagem de 1500mL de sangue ou >200ml/h por mais de 2 – 4h após drenagem inicial Circulação e controle de hemorragia (C) Choque hipovolêmico – principal causa de morte evitável no trauma o Má perfusão generalizada – hipóxia celular – acidose lática Choque não-hemorrágico o Distributivo – neurogênico, séptico o Obstrutivo – pneumotórax hipertensivo, tamponamento cardíaco o Cardiogênico – contusão miocárdica, IAM Focos de hemorragia o Externa O que fazer? Compressão direta do ferimento Extremidades – se não houve controle com a compressão = torniquete o Interna Cavidade torácica Hemotórax – macicez, hipotensão, taquicardia, dispneia... Cavidade abdominal Instabilidade + foco abdominal = cirurgia Dúvida: FAST/lavado peritoneal diagnóstico Pelve Fratura de pelve = imobilização dos ossos da pelve Ossos longos Tíbia – 750mL Úmero – 750mL Fêmur – 1500mL Redução da fratura e imobilização Sinais de choque o Palidez cutânea o Frequência cardíaca aumentada o PA o Frequência respiratória o Enchimento capilar o Pressão de pulso = PAS – PAD (30mmHg) o Alteração de sensório o Diurese Pedro Macedo – Turma IX – Medicina UFOB Reposição volêmica o 1000mL de ringer lactato aquecido (39ºC), 2 acessos periféricos de no mínimo calibre de 18 o Transfusão sanguínea precoce (hemácias, plasma fresco e plaquetas) Pacientes com hemorragia graus III e IV Respondedores transitórios à reposição volêmica Não respondedores à reposição volêmica o Recomendação do ácido tranexêmico em paciente gravemente ferido: Primeira dose (infundir em 10 min) – até 3h do trauma Dose: 1g IV em bolus (em 10 min) Segunda dose – manter infusão por 8h (intra-hospitalar) Dose: 1g IV ao longo das próximas 8h o Débito urinário é o indicador mais fidedigno para avaliarmos a perfusão tecidual e reposição volêmica (adultos: 0,5ml/kg/h) Pedro Macedo – Turma IX – Medicina UFOB Estado neurológico (D) TCE leve: 13 – 15 TCE moderado: 9 – 12 TCE grave: =< 8 Exposição e controle ambiental (E) Despir o paciente “dos pés à cabeça” Cobertor térmico Aquecer o ambiente Solução cristaloide aquecida Prevenir a tríade letal o Hipotermia o Acidose metabólica o Coagulopatia