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NÃO PODE FALTAR
DIREITO FEUDAL E DIREITO CANÔNICO
Danilo Rafael da Silva Mergulhão
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CONVITE AO ESTUDO
Vamos iniciar uma nova fase do nosso processo de aprendizagem. Já ficou muito claro a importância da história do Direito para a compreensão do
ordenamento jurídico atual e do mundo contemporâneo. Nessa segunda fase de nosso processo de conhecimento, analisaremos as contribuições do
período feudal, o processo de descentralização do poder e do ordenamento jurídico e a importância do Direito Canônico. 
Em um segundo momento, estudaremos os pressupostos jurídicos que compuseram a formação dos Estados Nacionais, aprofundando-nos no
momento histórico chamado de Iluminismo, a criação das prensas e o desenvolvimento da divulgação de obras até chegarmos à formação do Direito
na Era Moderna, quando mergulharemos no estudo dos sistemas do Civil Law e Commow Law. Veremos, ainda, as Revoluções Liberais e a influência
da economia na construção do Direito. No Brasil, contemplaremos a fundação das duas primeiras Faculdades de Direito em Olinda e em São Paulo e
analisaremos qual foi a influência delas no processo conhecido como codificações oitocentistas. 
PRATICAR PARA APRENDER
Fonte: Shutterstock.
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Você já se perguntou como surgiu o ensino superior? Durante a Idade Média, criaram-se as universidades. Esse projeto de construção de
conhecimento se alastrou pelas cidades europeias ainda no século XXI d.C. (MERGULHÃO, 2018). As primeiras universidades europeias, que são
modelos para o sistema de ensino superior do mundo moderno, são a Universidade de Bolonha, localizada na Itália, fundada em 1088; a Universidade
de Oxford, localizada na Inglaterra, fundada em 1096; a Universidade de Paris, localizada na França, fundada em 1170 (ALVES, 2015).
Essas universidades, assim como outras do mesmo período, ainda estão em funcionamento e trouxeram contribuições para além de todas as
expectativas. 
A criação da metodologia científica tida como uma ciência, seus escritos e a análise das áreas de conhecimento através do discurso científico foram
essenciais para a evolução das ciências, tornando a universidade um espaço que diferencia a mera opinião da ciência. É nessa dinâmica, enquanto
acadêmicos de Ciências Jurídicas, que todos nós estamos inseridos. E é nesse espaço do ensino superior que você galgará a formação necessária para
desenvolver a ativa própria do Bacharel em Direito. 
Você está em seu escritório e recebe a visita de Beatriz. Ela relata que é casada no religioso com João e que, após cinco anos, descobriu que o seu
esposo já era casado com outra pessoa no momento do casamento que foi celebrado com ela.
Ela conseguiu a anulação do casamento perante o Poder Judiciário, mas, na qualidade de participante da comunidade católica e querendo se casar
novamente, agora com Marcos, procura os seus serviços de especialista em Direito Canônico para requerer a anulação do casamento perante a Igreja
Católica. Na qualidade de Advogado de Beatriz, como você deverá atuar? 
Vamos continuar a aprofundar os nossos estudos com responsabilidade, pois é sob essa ótica que desenvolveremos nossas aptidões profissionais.
CONCEITO-CHAVE
DIREITO FEUDAL
O ponto inicial que devemos começar a tratar é que, diferente do que normalmente é veiculado em obras literárias sérias, não podemos firmar que a
Idade Média é um período de “trevas”. Assim como todo processo de construção histórica, esse período histórico passou por “altos e baixos”.
Nesse sentido, ensina-nos o historiador francês Jacques Le Goff:
REFLITA
Diversos autores fazem um processo de revisitar a Idade Média, na medida em que assumem que tal período possui características que
nos acompanham até hoje, principalmente no que diz respeito à construção de conhecimento de forma organizada e à fundação das
universidades.
Neste mesmo sentido, segue o magistério de Russell: 
Sob o ponto de vista temporal, a Idade Média está compreendida entre o período da história da Europa que tem início com o colapso do Império
Romano do Ocidente no século V d.C. até o período do Renascimento; ou ainda com a queda do Império Romano do Oriente, com a invasão de
Constantinopla, no século XV (ALVES, 2015). Como percebe-se, o período tido como início e final está dentro de um contexto eurocêntrico.
A Idade Média é marcada por uma desconcentração do poder, ocasionada após a queda do Império Romano do Ocidente e a miscigenação da cultura
romana com a cultura dos reinos bárbaros (ALVES, 2015). Neste período, houve substancial produção jurídica de nomes que ainda hoje estudamos em
nossas bancas de graduação e pós-graduação, dentre os quais destacamos “Irnerius, Azo, Acúrsio e os glosadores e comentadores, de uma forma geral,
Eu diria que a Idade Média não é o período dourado que certos românticos quiseram imaginar, mas também não é, apesar das fraquezas e aspectos dos quais não gostamos, uma época
obscurantista e triste, imagem que os humanistas e os iluministas queriam propagar. É preciso considerá-la no seu conjunto.
—  (LE GOFF, 2007, p. 18)“
A Idade das Trevas como é chamada, se estende de 600 a 1000 d.C., aproximadamente. Qualquer tentativa de enquadrar essa história em compartimentos estanques é
altamente artificial. Não se deve considerar muito tais divisões, pois na melhor das hipóteses só servem para indicar alguns traços gerais que prevaleceram durante o período.
Assim, não se deve imaginar que com o fim do século VII a Europa de repente tenha mergulhado na obscuridade, só ressurgindo quatro séculos mais tarde. Por uma única
razão: as tradições clássicas do passado sobreviveram em certa medida, ainda que sua influência contínua fosse um tanto precária e restrita. 
— (RUSSELL, 2001, p. 195)
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é assentada numa tradição romanística altamente sofisticada e com elementos de gênese criativa bastante inovadora, muitos dos quais estranhos ao
direito romano” (PAIXÃO, 2016, p. 2).
O Direito Feudal foi um dos aspectos jurídicos existentes nessa época, sendo definido como “caracterização do direito dominial medieval entre os
séculos IX e XIV, segundo as diversas características regionais que o feudalismo apresentou. Sua concentração, especialmente na França, ocorreu nos
séculos X e XI” (MACIEL, 1980, p. 156-157).
Tinha por pressupostos a realização de um contrato entre duas partes, um senhor e um vassalo, “em que este obrigava-se a ser fiel ao senhor,
fornecer-lhe ajuda, especialmente militar, e participar dos conselhos e cortes do senhor. Em contrapartida, o senhor obrigava-se a proteger e
reconhecer o domínio do vassalo sobre uma determinada parcela territorial” (MACIEL, 1980, p. 158).
A justiça
DIREITO CANÔNICO
O Direito Canônico é fruto dos estudos empreendidos pelo catolicismo romano. Segundo Mergulhão (2021),
ASSIMILE
A influência do teocentrismo cristão na construção do ordenamento jurídico perdura até a atualidade. Inicialmente, os cristãos foram
perseguidos pelo Império Romano desde o momento de sua criação. Com o fortalecimento da cristandade, tanto em Roma como nas
demais cidades que compunham o Império, no governo de Constantino (311 d.C.), este influenciado pela conversão de sua mãe Helena,
houve a proibição de perseguição aos cristãos e, por fim, culminando com Teodósio impondo o Cristianismo como religião oficial do
Império em 385 d.C. (MERGULHÃO, 2018).
Você sabia que o Édito de Milão conferiu permissão para a religião Católica realizar as suas atividades nos territórios romanos? Segue o
texto – em tradução livre – como um dos primeiros sobre liberdade de religião. 
Segundo Maciel,
era realizada ordinariamente pelos senhores, baseando-se especialmente em costumes regionais, podendo ter como fontes, ainda, algumas legislações romano-germânicas, as capitulares, comuns
na Alta Idade Média, continham, além de normas de direito penal e processual, algumas poucas regras de direito feudal.—  (MACIEL, 1980, p. 158)“
Assim como o Direito Romano, enquanto construção histórica o Direito Canônico está enraizado no sistema jurídico contemporâneo. De perseguidos pelo Império Romano desde os seus
primórdios, passando pelo espraiamento de sua doutrina em Roma e nas demais cidades que pertenciam ao Império Romano, e mais à frente com a adesão à doutrina cristã por Helena, mãe do
imperador Constantino (311 d.C.), que proibiu a perseguição aos cristãos, culmina no Governo de Teodósio, que em 385 d.C. elevou o cristianismo à religião oficial do Império.“
Nós, Constantino e Licínio, imperadores, encontrando-nos em Milão para conferenciar a respeito do bem e da segurança do império, decidimos que, entre tantas coisas
benéficas à comunidade, o culto divino deve ser a nossa primeira e principal preocupação. Pareceu-nos justo que todos, os cristãos inclusive, gozem da liberdade de seguir o
culto e a religião de sua preferência. Assim qualquer divindade que no céu mora ser-nos-á propícia a nós e a todos nossos súbditos.
Decretamos, portanto, que, não obstante a existência de anteriores instruções relativas aos cristãos, os que optarem pela religião de Cristo sejam autorizados a abraçá-la sem
estorvo ou empecilho, e que ninguém absolutamente os impeça ou moleste... Observai, outrossim, que também todos os demais terão garantia a livre e irrestrita prática de suas
respectivas religiões, pois está de acordo com a estrutura estatal e com a paz vigente que asseguremos a cada cidadão a liberdade de culto segundo sua consciência e eleição;
não pretendemos negar a consideração que merecem as religiões e seus adeptos. Outrossim, com referência aos cristãos, ampliando normas estabelecidas já sobre os lugares de
seus cultos, é-nos grato ordenar, pela presente, que todos os que compraram esses locais os restituam aos cristãos sem qualquer pretensão a pagamento... [as igrejas recebidas
como donativo e os demais que antigamente pertenciam aos cristãos deviam ser devolvidos. Os proprietários, porém, podiam requerer compensação.
Use-se da máxima diligência no cumprimento das ordenanças a favor dos cristãos e obedeça-se a esta lei com presteza, para se possibilitar a realização de nosso propósito de
instaurar a tranquilidade pública. Assim continue o favor divino, já experimentado em empreendimentos momentosíssimos, outorgando-nos o sucesso, garantia do bem
comum. 
— (MERGULHÃO, 2018, 26)
“
O direito canônico é o direito da Igreja cristã, remontando às origens do Cristianismo. É, porém, com a liberdade de culto outorgada por Constantino em 313 que o Papa e os bispos passam a gozar
do poder de julgar os adeptos do Cristianismo, quando, voluntariamente, se submetessem à autoridade religiosa, assim como dos julgamentos sobre questões meramente religiosas, que, no século
V, passam a ser, estes últimos, de competência privativa da Igreja.
—  (MACIEL, 2019, p. 162)
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Podemos destacar como uma das hipóteses do Direito Canônico o vácuo político deixado a partir da invasão de Roma e, por conseguinte, a queda do
Império Romano do Ocidente. É nesse processo de desconcentração política na Europa que a Igreja Católica conseguiu, paulatinamente, um destaque
para além do poder espiritual, ingressando nas estruturas do poder temporal, dentre os quais destacamos o poder político e o poder jurídico. Sobre o
tema, assim disserta Maciel:
Nesta época, dentro do espaço da Universidade de Bolonha, criada em 1088, a Igreja Católica consegue compilar a legislação da época – um grande
feito comparável à compilação de Justiniano. Segundo Maciel,
Uma das grandes contribuições do Direito Canônico está na ideia de boa-fé e má-fé. Para Mergulhão (2018, p. 16), “a boa-fé em seu período canônico
impregnou-se das ideias de humanidade, piedade, caridade e bondade. Um dos elementos probantes dessas concepções é a celebre frase de São
Cipriano: ‘aequitas est iustitia dulcore misericordia temperata’”.
Essa “eticização da Boa-Fé foi essencial para a construção daquilo que conhecemos por Boa-Fé subjetiva. A Boa-Fé subjetiva-se por norma, ela aparece,
nos textos jurídicos canônicos, definida ou indiciada como estado de ciência ou de consciência individual” (MERGULHÃO, 2018, p. 27).
É neste mesmo sentido o magistério de Grossi ao atestar que: 
Sobre o tema, é salutar o ensinamento de Alves (2015): “A caridade se mescla à Boa-Fé quando esse princípio é clamado como justificativa para que o
credor restrinja a sua pretensão à prestação”. Toda essa importância é fruto do sistema de métodos adotados pelas universidades que produziu uma
virada epistemológica do direito, que “das fontes puras em vez da tradição, o conhecimento das ideias em vez da comprovação das autoridades por
meios lógicos, o sistema em vez da exegese” (WIEACKER, 1969, p. 92).
As obras de Santo Agostinho e de São Tomás de Aquino, A Cidade de Deus e Suma Teológica, respectivamente, foram grandes contributos para a
implementação da ideia de boa-fé como ausência de pecado e de má-fé como a existência dele (MERGULHÃO, 2018). 
O cerne do pensamento de Santo Agostinho está ligado a uma ideia de ordem, o que, nas palavras do mestre Newton de Lucca, indica possuir 
Por fim, essa contribuição inestimável do Direito Canônico para a ordem jurídica universal é “tão grande que sem o seu conhecimento seria
impossível uma plena compreensão da história do direito privado” (WIEACKER, 1969, p. 68). E continua no sentindo da impossibilidade de
compreender na sua inteireza o Direito Canônico “a importância desta ordem jurídica ultrapassa de longe as fronteiras de uma história do direito
privado e não pode ser aqui descrita na sua totalidade” (WIEACKER, 1969, p. 67).
EXEMPLIFICANDO 
“
Herdeira da cultura romana, a Igreja, por intermédio de seus religiosos, foi de grande importância aos reinos bárbaros que eram gradualmente formados, transmitindo, àqueles cujas relações
com o clero eram amistosas, tecnologias jurídicas, políticas e agrícolas. Paralelamente ao aumento de sua importância e poder, a Igreja passa a desenvolver um direito canônico apto às
intervenções na sociedade que proporcionassem sua contínua autoridade sobre os diversos assuntos da época.
—  (MACIEL, 2019, p. 163)“
É com Graciano, monge e professor de teologia em Bolonha, que no século XII realiza-se o Decretum Gratiani (Decreto de Graciano), compilação dos textos canônicos que reúne em torno de 4.000
textos de relevância para o direito, organizados e, alguns, brevemente comentados. Ao Decreto de Graciano sucederam-se as Decretales extra Decretum Gratiani (Decretais que excedem o Decreto
de Graciano), elaboradas por Raimundo Penhaforte, compostas de cinco livros: o Liber Sextum, criado por Bonifácio VIII, em 1298; as Clementinas de Clemente V (1314); as Extravagantes de João
XXII (1324) e já ao final do século XV as Extravagantes comuns. O conjunto dos textos canônicos é denominado Corpus Iuris Canonici.“
O Direito Canônico operou a sua unificação conceptual sob o signo da referência ao pecado, equivalendo-se dizer da ausência de pecado, situando-a em uma ‘dimensão ética-axiológica’
compatível com o sentido geral do Direito Canônico que modelará, ideologicamente, a civilidade medieval.
—  (GROSSI, 1995, p. 109)“
O significado de modelo, mas de um modelo de referibilidade ética, isto é, de uma noção indissoluvelmente ligada à ideia de bom, justo ou de certo. E continua sua explicação acerca dessa ideia,
ao indicar que a perfeição ética não diz respeito aos valores relacionados à beleza, tais como: a harmonia, a proporcionalidade etc., mas implica o conhecimento de justiça enquanto prática
reiterada da virtude humana. 
— (LUCCA, 2009, p. 107)“
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Você sabia que dentro das possibilidades de exercício do Direito Canônico está a defesa de ações em Tribunais Eclesiásticos? A Igreja
Católica possui, em todos os países, Tribunais Eclesiásticos, cuja competência para processar e julgar as causas jurídicas são reservadas
diretamente ao Romano Pontífice.RENASCIMENTO CULTURAL E JURÍDICO
O período chamado historicamente de Renascimento cultural nasceu nos séculos XIV e XV e estava ligado a um maior investimento da cultura e a uma
“redescoberta” dos textos jurídicos romanos. Sobre o tema, Maciel faz as seguintes ponderações:
Importante reforçar que há forte crítica a esta visão do período da Idade Média. Sob o ponto de vista jurídico, vemos as ponderações de Paixão (2016,
p. 39):
Tal grau de importância que o Brasil alcançou deu-se entre o período da descoberta, em 1500, até o advento do primeiro Código Civil, em 1916 e,
ainda, a utilização da legislação chamada Ordenação Afonsina, que eram compilações das leis régias de Portugal, criadas no reinado de D. Afonso V,
que reinou em Portugal de 1438 a 1481. Essa norma apresentava uma sistematização em cinco livros, que subdividiam-se em parágrafos. O livro I,
com 72 títulos, tratava de Direito Administrativo, compreendendo os cargos públicos, o governo, a justiça e o exército. O livro II, com 123 títulos,
versava sobre os bens da Igreja e os direitos régios e da nobreza. Já o livro III tratava de Processo Civil, possuindo 128 títulos. Em seguida,
apresentava-se o livro IV, que disciplinava o Direito Civil em 112 títulos. Por fim, o livro V continha 121 títulos e tratava de Direito e Processo Criminal.
Segundo Bezerra, o dito renascimento cultural apresentava algumas características, dentre as quais destacamos:
O estudo do Direito Romano também é uma característica do Renascimento jurídico, sempre fazendo o alerta de que nunca deixou de ser estudado
durante a Idade Média.
A Idade Média e os primeiros momentos do período do Renascimento são fantásticos! Há muita riqueza pronta para ser desbravada por você.
Alimentada pelo renascimento cultural do século XII, que resultará, dentre outras obras da Idade Média, na criação das universidades, igualmente influenciada pela rearticulação do comércio,
pela redescoberta do direito romano, por meio do Corpus Iuris Civilis, pela reestruturação urbana, a nova expressão da cultura jurídica originar-se-á na doutrina jurídica que a própria Idade
Média institui, proporcionando uma crescente unificação do direito europeu. A unificação é condicionada pela formação intelectual semelhante às quais os intelectuais da Baixa Idade Média
foram submetidos, ao uso do latim como língua comum na Europa e ao mito unificador da República cristã, sob a qual subsistiria um governo, um direito e uma religião. Assim, os elementos
fundamentais de unidade do direito europeu foram lançados e semeados durante a Baixa Idade Média para serem substituídos gradualmente pelas concepções jurídicas que se inaugurarão no
século XVI. O jus commune (direito comum) surgiu, então, não de conteúdos normativos idênticos em toda a Europa, mas de características comuns dos usos do direito no período baixo medieval
e nos três séculos subsequentes do período moderno. 
— (MACIEL, 2019, p. 159-160)
“
Os estudos sobre o Corpus Juris foram destacados em Ravena e Bolonha, através de glosas, ou seja, comentários escritos no corpo do texto, típicos do método do trivium. Essas glosas podiam ser
interlineares ou marginais, a depender do seu tamanho. Os glosadores concentraram seus estudos no Digesto e nas Institutas, embora tenham glosado as outras partes do código justinianeu, além
de elaborar importante resumos das obras latinas, chamados de Summa.“
Um dos traços marcantes do Renascimento era o racionalismo. Baseado na convicção de que tudo se podia explicar pela razão e pela observação da natureza, se tentava compreender o universo
de forma calculada e matemática.
Um elemento crucial foi o humanismo, no sentido de valorizar o ser humano, considerado a obra mais perfeita do Criador. Daí surge o antropocentrismo renascentista, ou seja, a ideia do homem
como centro das preocupações intelectuais e artísticas.
A filosofia de Platão foi reinterpretada e ganha o nome de neoplatonismo. Este defendia a elevação espiritual, a aproximação com Deus através de uma interiorização em detrimento de qualquer
busca material. 
— (BEZERRA, 2020)
“
O renascimento do direito romano, devido principalmente à Universidade, foi um dos fatores preponderantes do fortalecimento do poder real, que progressivamente vai interferindo nela,
diminuindo-lhe gradualmente a autonomia jurídica e administrativa de que gozava. Essa subordinação ao monarca vincula a Universidade aos interesses políticos nacionais, mas não lhe retira o
caráter universal das disciplinas que ensina – e que possibilita a permanência do ius ubique docendi –, nem lhe restringe a liberdade de doutrina, não se arvorando o Estado em impor-lhe
orientação nesse terreno. 
— (MOREIRA, 2015, p. 337)
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FAÇA A VALER A PENA
Questão 1
Sobre a Idade Média, assinale a alternativa incorreta.
A Idade das Trevas como é chamada, se estende de 600 a 1000 d.C., aproximadamente. Qualquer tentativa de enquadrar essa história em compartimentos estanques é altamente artificial. Não se
deve considerar muito tais divisões, pois na melhor das hipóteses só servem para indicar alguns traços gerais que prevaleceram durante o período. Assim, não se deve imaginar que com o fim do
século VII a Europa de repente tenha mergulhado na obscuridade, só ressurgindo quatro séculos mais tarde. Por uma única razão: as tradições clássicas do passado sobreviveram em certa
medida, ainda que sua influência contínua fosse um tanto precária e restrita.
—  (RUSSELL, 2001, p. 195)
“
a.  É considerado um período histórico no qual não houve desenvolvimento da ciência.
b.  Foi durante esse período que surgiram as primeiras universidades europeias. 
c.  Tão grande que sem o seu conhecimento seria impossível uma plena compreensão da história do
direito privado.
d.  A boa-fé em seu período canônico impregnou-se das ideias de humanidade, piedade, caridade e
bondade.
e.  Período histórico compreendido entre a queda do Império Romano do Ocidente e o Império Romano do
Oriente. 
Questão 2
Sobre o período da Idade Média, assinale a alternativa incorreta.
O direito canônico é o direito da Igreja cristã, remontando às origens do Cristianismo. É, porém, com a liberdade de culto outorgada por Constantino em 313 que o Papa e os bispos passam a gozar
do poder de julgar os adeptos do Cristianismo, quando, voluntariamente, se submetessem à autoridade religiosa, assim como dos julgamentos sobre questões meramente religiosas, que, no século
V, passam a ser, estes últimos, de competência privativa da Igreja. 
— (MACIEL, 2019, p. 162)“
a.  O Renascimento cultural nasceu nos séculos XIV e XV e estaria ligado a um maior investimento da
cultura e a uma “redescoberta” dos textos jurídicos romanos, segundo todos os autores que tratam do
tema.
b.  O estudo do Direito Romano também é uma característica do Renascimento jurídico, lembrando-se de
que ele nunca deixou de ser estudado durante a Idade Média.
c.  O sistema de justiça, durante o predomínio do Direito Feudal, era realizado ordinariamente pelos
senhores, baseando-se, especialmente, em costumes regionais, podendo ter como fontes, ainda, algumas
legislações romano-germânicas, as capitulares, comuns na Alta Idade Média, que continham, além de
normas de direito penal e processual, algumas poucas regras de direito feudal.
d.  Durante o Direito Feudal e o Direito Canônico, houve uma efervescência científica.
e.  Dentro do espaço da Universidade de Bolonha, criada em 1088, a Igreja Católica consegue compilar a
legislação da época.  
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Questão 3
Sobre o Direito Canônico, assinale a alternativa correta.
REFERÊNCIAS
ANDRÉ, A. L. P. As ordenações e o direito privado brasileiro. Revista Eletrônica da Faculdade de Direito de Campos, Campos dos Goytacazes, v. 3, n. 3,
out. 2007. Disponível em: https://bit.ly/2WfWIQy. Acesso em: 1º jun. 2021.
AQUINO, S. T. de. Suma Teológica. São Paulo: Loyola, 1999.
BEZERRA, J. Renascimento Cultural. Toda Matéria, 2021. Disponível em: https://bit.ly/3mvxsjQ. Acessoem: 2 jun. 2021.
BRASIL. Decreto nº 7.107 de 11 de fevereiro de 2010. Promulga o Acordo entre o Governo da República Federativa do Brasil e a Santa Sé relativo ao
Estatuto Jurídico da Igreja Católica no Brasil, firmado na Cidade do Vaticano, em 13 de novembro de 2008. Brasília, DF: Presidência da República,
[2021]. Disponível em: https://bit.ly/3i6OwtY. Acesso em: 13 jul. 2021.
CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL REGIONAL OESTE 2. 400 casais pedem nulidade de casamento. CNBB RO2, 2016. Disponível em:
https://bit.ly/3mtRs6z. Acesso em: 13 jul. 2021.
GROSSI, P. L’Ordine Giuridico Medievali. Roma: Laterza, 1995. 
LE GOFF, J. Para um novo conceito de idade média: tempo, trabalho e cultura no Ocidente. Lisboa: Estampa, 1980.
LUCCA, N. de. Da Ética Geral à Ética Empresarial. São Paulo: Quartier Latin do Brasil, 2009.
MACIEL, J. F. R. Manual de História do Direito. São Paulo: Saraiva, 2019. 
MERGULHÃO, D. R. da S. A boa-fé objetiva como limitador da autonomia da vontade nos contratos interempresariais de seguro. 2017, 146f. Dissertação
(Mestrado em Direito) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2017. Disponível em: https://bit.ly/3yeVCBa. Acesso em: 13 jul. 2021. 
MOREIRA, A. Universidade, Cultura e Direito Romano. Revista de Direito Civil Contemporâneo, v. 3, p. 337-352, 2015. 
PAIXÃO, M. B. F. da. Breve divagação histórica do Direito Privado na Idade Média europeia e no Reino de Portugal. Revista de Direito Privado, São
Paulo, v. 71, 2016.
RUSSELL, B. História do pensamento ocidental: a aventura dos pré-socráticos a Wittgenstein. 4. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001.
WIEACKER, F. História Moderna do Direito Privado Moderno. 2. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1969.
Herdeira da cultura romana, a Igreja, por intermédio de seus religiosos, foi de grande importância aos reinos bárbaros que eram gradualmente formados, transmitindo, àquelas cujas relações
com o clero eram amistosas, tecnologias jurídicas, políticas e agrícolas. Paralelamente ao aumento de sua importância e poder, a Igreja passa a desenvolver um direito canônico apto às
intervenções na sociedade que proporcionassem sua contínua autoridade sobre os diversos assuntos da época. 
— (MACIEL, 2019, p. 163)“
a.  O centro de poder era os povos germânicos que haviam invadido Roma.
b.  Não possui grandes escritos.
c.  Não possui grande importância para a história do Direito.
d.  As obras de Santo Agostinho e de São Tomás de Aquino, A Cidade de Deus e Suma Teológica, respectivamente,
foram grandes contributos.
e.  A importância desta ordem jurídica não ultrapassa as fronteiras de uma história do direito privado e
não pode ser aqui descrita na sua totalidade.  
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https://bit.ly/2WfWIQy
https://bit.ly/3mvxsjQ
https://bit.ly/3i6OwtY
https://bit.ly/3mtRs6z
https://bit.ly/3yeVCBa

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