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DISSERTAAÔÇíAO-DE-MESTRADO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS 
 
FACULDADE DE MEDICINA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ALINE ALVES FERREIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A RELAÇÃO ENTRE ESTILOS PARENTAIS E DESENVOLVIMENTO 
AUDITIVO EM CRIANÇAS USUÁRIAS DE IMPLANTE COCLEAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte 
2021 
 
 
 
2 
 
Aline Alves Ferreira 
 
 
 
 
 
 
 
 
A RELAÇÃO ENTRE ESTILOS PARENTAIS E DESENVOLVIMENTO 
AUDITIVO EM CRIANÇAS USUÁRIAS DE IMPLANTE COCLEAR 
 
 
 
 
 
 
 
Dissertação apresentada à banca de defesa 
do Curso de Pós-Graduação em Ciências 
Fonoaudiológicas da Faculdade de Medicina 
da Universidade Federal de Minas Gerais 
como requisito parcial para obtenção do título 
de Mestre. 
 
 
Orientadora: Profa Sirley Alves da Silva 
Carvalho 
 
 Coorientador: Prof. Jonas Jardim de Paula 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte 
2021 
3 
 
 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS 
 
Reitor: Prof. Sandra Regina Goulart Almeida 
Vice-Reitor: Prof. Alessandro Fernandes Moreira 
Pró-Reitora de Pós-Graduação: Prof. Fabio Alves 
Pró-Reitor de Pesquisa: Prof. Mario Fernando Montenegro Campos 
 
FACULDADE DE MEDICINA 
 
Diretor da Faculdade de Medicina: Prof. Humberto José Alves 
Vice-Diretor da Faculdade de Medicina: Prof. Alamanda Kfoury Pereira 
Coordenador do Centro de Pós-Graduação: Prof. Tarcizo Nunes 
Subcoordenador do Centro de Pós-Graduação: Prof. Eli Iola Gurgel 
Chefe do Departamento de Fonoaudiologia: Profa Leticia Caldas Teixeira 
 
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FONOAUDIOLÓGICAS 
 
Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Fonoaudiológicas: 
Profa. Sirley Alves da Silva Carvalho 
Subcoordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências 
Fonoaudiológicas: 
Profa. Luciana Macedo de Resende 
 
COLEGIADO 
 
Colegiado do Programa de Pós-Graduação em Ciências Fonoaudiológicas: 
Sirley Alves da Silva Carvalho- Titular 
Denise Utsch Gonçalves- Suplente 
 
Ana Cristina Cortes Gama- Titular 
Letícia Caldas Teixeira- Suplente 
 
Stela Maris Aguiar Lemos- Titular 
Adriane Mesquita de Medeiros- Suplente 
6 
 
 
Luciana Macedo de Resende- Titular 
Renata Maria Moreira Moraes Furlan- Suplente 
 
Amélia Augusta de Lima Friche- Titular 
Patrícia Cotta Mancini- Suplente 
 
Alice Braga de Deus– Discente titular 
Maísa Alves Teixeira – Discente suplente 
 
 
 
 
 
 
7 
 
AGRADECIMENTOS 
Gostaria de expressar o meu agradecimento às pessoas que foram essenciais 
para a concretização desse sonho. 
A Deus, por ter me dado a dádiva da vida e me permitir ter forças para errar, 
aprender e crescer ao longo dessa jornada. Obrigada por me fazer deparar com 
o sonho do mestrado e ter colocado pessoas boas ao longo da caminhada. 
À Prof. Sirley Alves, por aceitar embarcar na aventura de escrever um mestrado 
interdisciplinar comigo! Obrigada pela orientação, disponibilidade, competência, 
profissionalismo e dedicação tão importantes para o desenvolvimento desse 
projeto. Tantas foram as vezes em que eu chegava angustiada, ansiosa e cheia 
de dúvidas para a reunião, e com muita calma e empatia a professora buscava 
me incentivar na busca desse sonho. Seu apoio foi essencial para o sucesso do 
trabalho! 
Ao Prof. Jonas, que me acolheu durante o curso de graduação em psicologia e 
me mostrou os encantos da área acadêmica. Obrigada por sua grandiosa 
contribuição para o desenvolvimento do projeto. 
Aos membros da banca examinadora, Profª Luciana Macedo de Resende e 
Prof. Gustavo Barreto, que tão gentilmente aceitaram participar e colaborar 
com esta dissertação. À Dra. Ludimila Labanca, membro suplente, agradeço 
ainda pelas orientações, palavras de motivação e apoio ao longo do mestrado. 
Aos meus pais, Dalton e Cláudia, por todas as lições de amor, companheirismo, 
amizade, motivação, compreensão e maturidade, mesmo que forçadamente, 
que vocês me dão a cada novo dia. E ao meu amado irmão, Pedro, por toda a 
alegria e trocas nessa vida. 
Ao meu querido namorado, Hugo, por todo o carinho, paciência e apoio nos 
momentos difíceis que surgiram neste final de percurso. Obrigada por 
permanecer ao meu lado, entender minha ausência e dificuldade de lidar com 
dias difíceis. Você foi motivação para a conclusão desta caminhada e é 
importante na minha vida. Agradeço também aos seus pais, Eliane e Geraldo, 
que me acolheram tão bem em sua casa! 
8 
 
À família que me acompanha desde a infância e me recebeu de braços abertos 
nos momentos de necessidade e medo. Ana Luiza e Tereza, vocês me 
ajudaram a conquistar esse sonho, são pessoas maravilhosas e quero levá-las 
para sempre em meu coração. 
Ao CEMEAR (Centro Mineiro de Reabilitação Auditiva), todo o corpo clínico 
e administrativo, em especial à Coordenadora Geral Márcia Izabel e 
Coordenadora Clínica Ludmila Lobo, por me receberem tão bem e colocarem 
a instituição à disposição para realização desta pesquisa. 
A todos os participantes da pesquisa, que humildemente disponibilizaram o 
seu tempo para contribuir na busca do nosso principal propósito: fornecer o bem 
estar dos seus pequenos. 
Aos amigos que conheci durante o mestrado, em especial Josiana, Erika, Alice, 
Amanda, Lurdiana, Maisa, Elisa, Cláudia e Ualisson pela amizade, trabalhos 
e disciplinas realizadas em conjunto. Contar com o apoio de vocês foi essencial 
para que a minha dissertação se tornasse realidade! 
À toda a equipe de administração e coordenação do Programa de Pós 
Graduação em Ciências Fonoaudiológicas da UFMG. Obrigada pela 
paciência, disponibilidade e esforço em proporcionar a experiência única que é 
estudar na Universidade Federal de Minas Gerais! 
Aos amigos que carrego ao longo da vida e contribuíram através de 
demonstrações de carinho, preocupação, reconhecimento e motivação durante 
a trajetória do mestrado. Em especial às amigas Christianne, Júlia, Izabella, 
Gisele, Carolina, Giulliana e Joanna. 
À Thais Dell’oro, pelas conversas de orientação e incentivo para adentrar no 
mestrado. Agradeço também por toda a disponibilidade para contribuir com o 
desenvolvimento da minha pesquisa. Ao Lucas e Bruno, alunos do curso de 
psicologia, que se disponibilizaram a contribuir tão prontamente com o projeto. 
 
Obrigada! 
9 
 
RESUMO 
 
INTRODUÇÃO: A interação que os cuidadores primários exercem com uma 
criança influencia positivamente ou negativamente na aquisição de suas 
habilidades cotidianas e relacionamentos interpessoais. Essa interação pode ser 
analisada em várias perspectivas, entre elas, pela teoria desenvolvida por 
Baurimd sobre os estilos parentais, isto é, o conjunto de práticas educativas que 
os pais adotam na criação de seus filhos. Quando se trata de crianças com 
alguma deficiência, muitas vezes há necessidade de se trabalhar estratégias de 
interação com o cuidador. No caso da deficiência auditiva podem surgir 
dificuldades em relação à criação e desenvolvimento da criança, visto o prejuízo 
no desenvolvimento de linguagem e comunicação intrafamiliar desta com os 
responsáveis. OBJETIVO: Estudar a relação entre os estilos parentais e as 
habilidades auditivas de crianças usuárias de implante coclear. MÉTODOS: 
Trata-se de um estudo observacional e analítico. Os participantes são pais e/ou 
responsáveis por crianças entre 3 a 7 anos, divididos em dois grupos, o grupo 
clínico, composto por 50 responsáveis de crianças usuárias de implante coclear, 
acompanhadas no Hospital São Geraldo/ HC-MG e no Centro Mineiro de 
Reabilitação Auditiva (CEMEAR). O grupo controle foi composto por 28 pais ou 
responsáveis de crianças sem queixas auditivas. No grupo clínico foram 
realizados os seguintes procedimentos: anamnese clínica, Questionário de 
Estilos e Dimensões Parentais (QEDP), Escala de IntegraçãoAuditiva para 
Crianças Pequenas – em responsáveis por crianças nas idades de 3 e 4 anos – 
e a Escala de Integração Auditiva – com responsáveis por crianças entre 5 e 7 
anos. Foram realizados dois procedimentos com o grupo controle: anamnese 
clínica e QEDP. Na análise dos dados as variáveis contínuas foram calculadas 
a média, desvio padrão, e as variáveis categóricas por meio da frequência. Para 
comparar os grupos clínico e controle foi utilizado o teste de Mann Whitney. O 
coeficiente de Spearman foi utilizado para avaliar relação entre estilos parentais 
e habilidades auditivas no grupo clínico. Foi realizado teste de Kruskal-Wallis 
para verificar associação entre estilos e dimensões do QDEP e os grupos 
avaliados. As análises foram realizadas nos softwares JASP 0.8 e SPSS 23. 
RESULTADOS: Os grupos clínico e controle não apresentam diferenças 
10 
 
significativas em relação aos estilos parentais (p<0,05). As habilidades auditivas 
desenvolvidas no grupo clínico apresentam associação significativa com o estilo 
parental democrático. Foi encontrada relevância estatística para o estilo 
autoritário e dimensão punição, com maior pontuação para o grupo de crianças 
com desenvolvimento auditivo alterado. CONCLUSÃO: A prática de estilo 
parental autoritário com dimensões punitivas e coerção física estão relacionados 
ao desenvolvimento auditivo alterado e a dimensão parental regulação 
apresenta correlação significativa com o desenvolvimento das habilidades 
auditivas das crianças usuárias de implante coclear. Esse desfecho sugere que 
estratégias psicoterapêuticas devem ser propostas a fim de acolher os pais e 
responsáveis por pessoas com deficiência auditiva e estimular a frequência de 
estilos parentais adaptativos ao desenvolvimento auditivo das crianças. 
 
Descritores: Psicologia da Criança; Pais; Criança; Perda Auditiva; Implante 
Coclear; Fonoaudiologia; Desenvolvimento Infantil. 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
ABSTRACT 
 
INTRODUCTION: The interaction that primary caregivers have with a child 
positively or negatively influences the acquisition of their daily skills and 
interpersonal relationships. This interaction can be analyzed from various 
perspectives, including the theory developed by Baurimd on parenting styles, that 
is, the set of educational practices that parents adopt in raising their children. 
When it comes to children with a disability, it is often necessary to work on 
interaction strategies with the caregiver. In the case of hearing loss, difficulties 
may arise in relation to the child's upbringing and development, given the loss in 
language development and intra-family communication between the child and 
guardians. PURPOSE: To study the relationship between parenting styles and 
auditory skills in children using cochlear implants. METHODS: This is a 
quantitative, observational and analytical study. Participants are parents and/or 
guardians of children between 3 and 7 years old, divided into two groups, the 
clinical group, consisting of 50 guardians of children using cochlear implants, 
monitored at Hospital São Geraldo/HC-MG and at Centro Mineiro de Auditory 
Rehabilitation (CEMEAR). The control group consisted of 28 parents or 
guardians of children without hearing complaints. In the clinical group, the 
following procedures were performed: clinical anamnesis, Parental Styles and 
Dimensions Questionnaire (QEDP), Auditory Integration Scale for Young 
Children - in guardians of children aged 3 and 4 years - and the Auditory 
Integration Scale - with responsible for children between 5 and 7 years old. Two 
procedures were performed with the control group: clinical anamnesis and 
QEDP. In data analysis, continuous variables were calculated as mean, standard 
deviation, and categorical variables through frequency. To compare the clinical 
and control groups, the Mann Whitney test was used. Spearman's coefficient was 
used to assess the relationship between parenting styles and listening skills in 
the clinical group. The Kruskal-Wallis test was performed to verify the association 
between styles and dimensions of the QDEP and the evaluated groups. Analyzes 
were performed using JASP 0.8 and SPSS 23. RESULTS: The clinical and 
control groups did not show significant differences regarding parenting styles 
(p<0.05). The auditory skills developed in the clinical group are significantly 
associated with the democratic parenting style. Statistical relevance was found 
12 
 
for the authoritarian style and punishment dimension, with higher scores for the 
group of children with altered auditory development. CONCLUSION: The practice 
of an authoritarian parenting style with punitive dimensions and physical coercion 
are related to altered auditory development, and the regulation parenting 
dimension presents a significant correlation with the development of auditory 
skills in children using cochlear implants. This outcome suggests that 
psychotherapeutic strategies should be proposed in order to welcome parents 
and guardians of people with hearing impairment and encourage the frequency 
of adaptive parenting styles to children's auditory development. 
 
Descriptors: Child Psychology; Country; Kid; Hearing Loss; Cochlear implant; 
Speech Therapy; Child development. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
Figura 1 - Esquema representativo do modelo de estilos parentais 
 
Figura 2 - Implante Coclear 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 - Descrição dos participantes do grupo clínico e controle 
 
Tabela 2 - Análise descritiva das variáveis contínuas do grupo clínico – idade da 
criança e idade do responsável 
 
Tabela 3: Associação Entre Estilos e Dimensões Parentais (QEDP) com Grupos 
avaliados: clínico com resultados normais, clínico com resultados alterados e 
controle 
Tabela 4: Correlação de Spearman entre QEDP e IT MAIS/MAIS do grupo clínico 
 
Tabela 5: Distribuição dos Resultados de Correlação no grupo de crianças 
usuárias de Implante Coclear com desenvolvimento auditivo normal e alterado 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
 
Gráfico 1: Análise de Correlação entre IT-MAIS/MAIS e tempo de implante 
 
Gráfico 2- Matriz de correlação entre IT MAIS/MAIS e Estilo Parental 
Democrático 
 
Gráfico 3- Matriz de correlação entre IT MAIS/MAIS e Estilo Parental Autoritário 
 
Gráfico 4- Matriz de correlação entre IT MAIS/MAIS e Estilo Parental Permissivo 
 
 
 
 
 
16 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
AASI - Aparelho de Amplificação Sonora Individual 
CEMEAR - Centro Mineiro de Reabilitação Auditiva 
CEP - Comitê de Ética em Pesquisa 
CONEP - Comissão Nacional de Ética em Pesquisa 
HC/UFMG - Hospital das Clínicas da UFMG 
IEP - Inventário de Estilos Parentais 
IT MAIS - Escala de Integração Auditiva Significativa para Crianças Pequenas 
QEDP - Questionário de Estilos e Dimensões Parentais 
LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais 
MAIS - Escala de Integração Auditiva Significativa 
OE - Orelha Esquerda 
OD - Orelha Direita 
PAQ - Questionário de autoridade parental 
QFC - Questionário de Falhas Cognitivas 
SNAP-IV - Escala para a Avaliação dos Sintomas Centrais ao Transtorno do 
Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e do Transtorno de Oposição 
Desafiante (TOD) 
TAN - Triagem Auditiva Neonatal 
TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 
TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade 
TEA – Transtorno do Espectro Autista 
TOD – Transtorno Opositor-Desafiador 
UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais 
YPI - Young Parenting Inventory 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
SUMÁRIO 
 
 INTRODUÇÃO ................................................................. 19 
 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...............................21 
 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................. 23 
 Estilos Parentais ......................................................................... 23 
 Desenvolvimento Da Linguagem X Deficiência Auditiva ............ 26 
 Deficiência Auditiva E Os Impactos No Desenvolvimento Da 
Linguagem .............................................................................................. 28 
 Intervenção Oralista .................................................................... 29 
 Intervenção Bilíngue ................................................................... 29 
 Intervenção por meio da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) . 29 
 Família De Pessoas Com Deficiência ........................................ 32 
 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................... 34 
 OBJETIVOS .................................................................... 40 
Objetivo Geral ....................................................................................... 40 
 Objetivos específicos ............................................................................ 40 
 HIPÓTESE ....................................................................... 40 
 MÉTODOS ....................................................................... 41 
 Delineamento Do Estudo ............................................................ 41 
 Amostra ...................................................................................... 42 
 Procedimentos ............................................................................ 42 
 Grupo Clínico ................................................................. 42 
 Anamnese .................................................................................. 42 
 Versão Brasileira Do QEDP ....................................................... 43 
 A escala de integração auditiva para crianças pequenas (até 4 
anos) IT-MAIS e a Escala de Integração Auditiva (para crianças a partir 
de 5 anos) MAIS .................................................................................... 43 
 Grupo Controle .............................................................. 44 
 Anamnese Clínica ...................................................................... 44 
 QEDP ......................................................................................... 44 
 Critérios De Inclusão E Exclusão ............................................... 45 
 Análise De Dados ...................................................................... 45 
 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................... 46 
18 
 
 RESULTADOS ................................................................ 47 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................ 52 
DISCUSSÃO .................................................................... 53 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................... 57 
 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................. 59 
 ANEXOS .......................................................................... 61 
 ANEXO 1- Declaração De Anuência Do Centro Mineiro De 
Reabilitação Auditiva (CEMEAR) ........................................................... 61 
 ANEXO 2 - Parecer Do Comitê De Ética Em Pesquisa Da UFMG 
(CEP-UFMG) .......................................................................................... 62 
 ANEXO 3 - Parecer Do Comitê De Ética Em Pesquisa Da UFMG 
Sob Mudança De Metodologia De Coleta Por Contexto De Pandemia 
Mundial Pelo COVID-19 (CEP-UFMG) .................................................. 63 
 ANEXO 4 - Questionário De Estilos E Dimensões Parentais 
(QEDP) ................................................................................................... 65 
 ANEXO 5 - Escala De Integração Auditiva Significativa Para 
Crianças Pequenas (IT-MAIS) ............................................................... 66 
 ANEXO 6 - Escala De Integração Auditiva Significativa (MAIS) 
................................................................................................................ 75 
 APÊNDICES .................................................................... 83 
 APÊNDICE 1 - Termo De Consentimento Livre E Esclarecido 
(TCLE) .................................................................................................... 83 
 APÊNDICE 2 -Roteiro De Anamnese Clínica.............................. 88 
 Descrição Geral Dos Participantes Do Grupo Clínico................. 90 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
INTRODUÇÃO 
 
A família constitui o primeiro universo de relações sociais da criança e pode 
proporcionar-lhe um ambiente de crescimento e desenvolvimento. A ciência 
demonstra que há influência dos pais na socialização e desenvolvimento do 
comportamento infantil [1]. A comunicação intrafamiliar possui papel 
fundamental nas relações estabelecidas com a criança e por isso deve ser 
constantemente estimulada, de modo a construir uma troca efetiva entre os 
membros da família dos responsáveis com os seus filhos [2]. O conjunto de 
atitudes e práticas relacionadas à criação dos filhos são nomeados estilos 
parentais. 
Ao longo do avanço científico na área do estudo dos estilos parentais, foram 
propostos três modelos principais para agrupamento dos pais em relação aos 
estilos parentais que estabelecem com os filhos - pais autoritários, permissivos 
e democráticos - caracterizados pela relação de afeto e controle que os 
responsáveis possuem com seus filhos [3]. 
A análise dos estilos parentais pode contribuir para nortear o acompanhamento 
do desenvolvimento infantil, sobretudo em populações com 
comprometimento/alteração em seu desenvolvimento. 
 
Famílias que possuem crianças com deficiência podem apresentar dificuldade 
em sua criação. No caso da deficiência auditiva, a comunicação intrafamiliar se 
torna aspecto desafiador para os pais devido maior predisposição dessas 
crianças em desenvolver de comportamentos de rebeldia, desinteresse e 
irritação [4]. As demandas emocionais desenvolvem-se devido as dificuldades 
na relação intrafamiliar com a criança que possui deficiência auditiva, dado o 
impacto que o diagnóstico causa na comunicação - verbal e não verbal - da 
família [5]. 
 
 
20 
 
A deficiência auditiva é considerada devastadora no âmbito da comunicação, 
uma vez que o indivíduo apresenta déficit em um dos cinco principais sentidos 
para percepção do meio que pertence. A perda auditiva acarreta 
comprometimentos no âmbito do desenvolvimento social, devido sua 
interferência direta na comunicação interpessoal, impactos educacionais e 
profissionais [6]. A depender do grau e tipo de perda auditiva, o implante coclear 
é o recurso tecnológico indicado para habilitação e reabilitação auditiva [7]. 
O dispositivo de implante coclear tem se mostrado altamente eficiente para o 
desenvolvimento da linguagem oral de crianças com deficiência auditiva com 
perda pré-lingual. Entretanto, existem variáveis que influenciam o 
desenvolvimento auditivo infantil, como o tempo de privação sensorial auditiva, 
o tempo de uso do implante coclear, o grau de permeabilidade da família no 
processo terapêutico, o tipo de implante coclear e a estratégia de codificação da 
fala utilizada [8]. 
Visto que a criança com deficiência auditiva apresenta dificuldades na linguagem 
oral, a comunicação intrafamiliar se torna aspecto desafiador para os pais, 
podendo aparecer sentimentos negativos como nervosismo, desistência, 
frustração, insegurança e persistência ao longo da criação da criança que possui 
o diagnóstico de perda auditiva. Aumentando o potencial conflito familiar, 
crianças com comprometimento auditivo possuem maior predisposição para 
desenvolvimento de comportamentos de rebeldia, desinteresse e irritação [4]. 
Dada a importância da comunicação- verbal e não verbal - da família no 
desenvolvimento de suas crianças, entende-se que a perda auditiva parcial ou 
total pode gerar dificuldades na relação intrafamiliar durante o período de 
desenvolvimento infantil [5]. 
Sabe-se que os pais podem desempenhar um papel fundamental na promoção 
da autonomia e participação dos filhos nas atividades da vida diária e trajetória 
educacional [9], porém não se pode afirmar as dimensões e influências das 
práticas parentais em pais de crianças com deficiência auditiva que são usuárias 
de implante coclear. A investigação dos estilos parentais do grupo em questão 
poderá contribuir para a compreensão acerca das influências no decorrer do 
21 
 
tratamento fonoaudiológico e interdisciplinar, indicando possíveis interferências 
no desenvolvimento de habilidades auditivas das crianças. 
 
Diante do exposto, o presente trabalho possui como objetivo estudar a relação 
entre os estilos parentais e as habilidades auditivas em crianças usuárias de 
implante coclear e comparar os estilos parentais de responsáveis por crianças 
com perda auditiva e crianças sem queixas. Espera-se encontrar associação de 
estilos parentais democráticos com o desenvolvimento de habilidades auditivas 
do grupo clínico e desenvolvimento de estilos parentais desadaptativos em maior 
frequência do grupo clínico quando comparados ao estilo democrático. 
Esta dissertação foi elaborada no formato convencional, conforme Resolução 
Resolução 10/2020 de 04 de junho de 2020 e é constituída por: introdução, 
referencial teórico, objetivos, métodos, resultados, discussão e considerações 
finais. 
 
Referências Bibliográficas 
 
1 - Hughes SO, Papaioannou AM. Maternal Predictors of Child Dietary Behaviors 
and Weight Status. Maternal and Childhood Nutrition (AC Wood, Section Editor). 
2018; 7. 
 
2- Silva NLP, Dessen MA. Deficiência mental e família: implicações para o 
desenvolvimento da criança. Psicologia: teoria e pesquisa. 2001; 17. 
 
3- Miguel I, Valentim JP; Carugati F. Questionário de Estilos e Dimensões 
Parentais–Versão Reduzida: Adaptação portuguesa do Parenting Styles and 
Dimensions Questionnaire–Short Form. 2009. 
 
4 – Vieira SDS, Belivacqua MC, Ferreira MLA, et al. Descoberta da deficiência 
auditiva pela família: vendo o futuro idealizado desmoronar. Acta Paul Enferm. 
2012; 25. 
 
22 
 
5 - Yamanaka DAR, De Paiva e Silva RB, Zanolli ML, elat. Implante coclear em 
crianças: a visão dos pais. Psicologia: teoria e prática. 2010, 26. 
 
6 - Cruz MS, Oliveira LR, Carandina L, et al. Prevalência de deficiência auditiva 
referida e causas atribuídas: um estudo de base populacional. Cadernos de 
Saúde Pública. 2009, 26. 
 
7 - Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada e 
Temática. Coordenação Geral de Média e Alta Complexidade. Diretrizes Gerais 
para a Atenção Especializada às Pessoas com Deficiência Auditiva no Sistema 
Único De Saúde - SUS/ Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. 
Departamento de Atenção Especializada e Temática. Coordenação Geral de 
Média e Alta Complexidade. – Brasília: Ministério da Saúde. 2014. 
 
8 – Moret AML, Belivacqua MC, Costa AO. Implante coclear: audição e 
linguagem em crianças deficientes auditivas pré-linguais. Pró-Fono Revista de 
Atualização Científica. 2007; 19. 
9 - Pereira A, Moreira T, Lopes S, et al. “My Child has Cerebral Palsy”: Parental 
Involvement and Children’s School Engagement. Frontiers in psychology. 2016; 
7. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
REFERENCIAL TEÓRICO 
 
1- Estilos Parentais 
A família é caracterizada como fator primordial para sobrevivência e 
desenvolvimento das crianças em seus primeiros anos de vida. A forma com que 
a comunicação é gerada nesse núcleo inicial é fundamental para direcionar a 
constituição do sujeito. Pesquisas que contemplam a identificação e 
caracterização dos estilos parentais nasceram com o objetivo de aprofundar nas 
relações intrafamiliares e contribuir com o crescimento infantil. 
Baumrind (1966) foi a responsável por nomear os estilos parentais de acordo 
com os reflexos dos valores que os pais consideram importantes e que tentam 
transmitir aos filhos através das suas práticas educativas [1]. A autora classificou 
as práticas parentais de acordo com os estilos adotados pelos pais em três 
subtipos - democrático, autoritário e permissivo - de acordo com a relação de 
afeto e controle, sendo o controle caracterizado pela habilidade de impor regras 
para a criança e conseguir manejar o seu comportamento de acordo com o que 
os pais esperam. Já o afeto refere-se à capacidade de dar suporte à criança e 
de acolhê-la quanto às suas necessidades. A figura 1 ilustra a relação de afeto 
e controle em cada estilo parental desenvolvido por Baumrind [2] [3]. 
 
Figura 1 – Esquema representativo do modelo de estilos parentais 
 
Fonte: OLIVEIRA, (2017) 
[3] 
 
24 
 
Os pais democráticos são caracterizados por altos índices de afeto e controle. 
Sendo assim, estes direcionam as atividades de suas crianças de maneira 
racional e orientada; incentivam o diálogo, compartilham com a criança o 
raciocínio por detrás da forma como eles agem, solicitam suas objeções quando 
ela se recusa a concordar; exercem firme controle nos pontos de divergência, 
colocando sua perspectiva de adulto, sem restringir a criança, reconhecendo que 
esta possui interesses próprios e maneiras particulares; não baseiam suas 
decisões em consensos ou no desejo da criança [4]. 
Os pais autoritários utilizam as práticas parentais através da grande intensidade 
de controle e pouco afeto. Este grupo modela, controla e avalia o comportamento 
da criança de acordo com regras de conduta estabelecidas e normalmente 
absolutas, estima a obediência como uma virtude e são a favor de medidas 
punitivas para lidar com aspectos da criança que entram em conflito com o que 
eles pensam ser certo [2]. O terceiro grupo estudado - pais permissivos - 
apresenta comportamentos altamente afetivos com os filhos, porém com pouco 
controle. Esses pais tendem a se comportar de maneira não-punitiva e receptiva 
diante dos desejos e ações da criança; apresentam-se para ela como um recurso 
para realização de seus desejos e não como um modelo, nem como um agente 
responsável por moldar ou direcionar seu comportamento [2]. Há também a 
prática parental desmembrada do estilo parental permissivo, baseada em pais 
com baixo grau de controle e afeto para com os filhos, nomeado estilo parental 
negligente. 
O QEDP é um instrumento de avaliação psicométrico eficaz e confiável para 
avaliar a educação infantil. As suas estratégias avaliativas são embasadas no 
modelo de estilos parentais de Baumrind e o questionário é associado a diversos 
instrumentos de mensuração sociodemográfica e variáveis de problemas 
comportamentais e emocionais [5]. Além do QEDP, outro instrumento que busca 
avaliar a prática de estilos parentais é o IEP (Inventário de Estilos Parentais) 
criado para avaliar técnicas e estratégias usadas pelos pais para criar seus filhos. 
Através de estudos utilizando o IEP, foi constatado que mães de crianças típicas 
possuem relações parentais mais democráticas em relação a mães de crianças 
com TDAH, sendo essas mais autoritárias e permissivas [5] [6]. Outra ferramenta 
utilizada é o Young Parenting Inventory (YPI). Caracterizado como um dos 
25 
 
principais meios de identificar as origens dos esquemas na infância, o YIP é um 
questionário no qual os entrevistados avaliam suas mães e pais separadamente 
em uma variedade de comportamentos que poderiam ter contribuído para o 
desenvolvimento dos esquemas. Constatou-se nesse estudo que a utilização de 
estilos parentais não saudáveis está relacionada a suscetibilidade de crianças a 
transtornos psicopatológicos [7]. O Questionário de autoridade parental (PAQ) é 
um instrumento de avaliação amplamente usado com basenos protótipos de 
Baumrind para avaliar a percepção dos adolescentes dos estilos parentais 
utilizados por seus pais. O estudo que utilizou o PAQ como metodologia 
avaliativa constatou que o estilo parental autoritário demonstra uma tendência 
no desenvolvimento de baixa autoconfiança e autoestima em comparação aos 
filhos de pais democráticos [8]. 
Lamborn e Mounts, et al (1991) constataram em sua revisão de literatura que 
práticas parentais democráticas são constantemente assimiladas com 
resultados positivos no ambiente acadêmico, socioemocional e de saúde do filho 
[9] [10] [11] [12] [13]. Em sua pesquisa, Lamborn e Mounts, et al abordaram dez 
mil alunos do ensino médio em Wisconsin e na Califórnia, na busca por examinar 
padrões de competência e ajuste entre adolescentes de acordo com a teoria de 
estilos parentais proposta por Baurimd. Lambourn e Mounts, et al evidenciaram 
que adolescentes que vêm de casas compostas por responsáveis democráticos 
são mais bem ajustados e competentes em áreas de realização e com tendência 
ao aumento de autoconfiança [13]. Estudos também apontam que a 
parentalidade democrática promove relações de vinculação infantil seguras, 
sendo encontradas associações positivas entre o estilo democrático e uma 
vinculação segura à mãe em relação ao filho [14]. Em contrapartida, 
adolescentes que caracterizaram seus pais no estilo permissivo apresentam 
comprometimento negativo nas áreas de competência, autopercepção, mau 
comportamento ou sofrimento psicológico. Filhos de pais autoritários 
constataram possuir uma tendência menor à realização na área escolar e menos 
propensão ao envolvimento em atividades desviantes, entretanto, esses jovens 
possuem comprometimento em aspectos relacionados à autoconfiança, em 
autossuficiência e autopercepção sobre habilidades sociais e acadêmicas [13]. 
26 
 
Os responsáveis negligentes são caracterizados pela permissividade e 
indiferença [15], devido ao fato de utilizarem pouca - ou nenhuma - relação de 
afeto e controle com os filhos. Adolescentes que crescem em ambientes 
negligentes apresentam maior comprometimento no âmbito acadêmico, uma vez 
que a pesquisa de Lambourn e Monts, et al (1991) evidenciaram uma maior taxa 
dessa amostra relacionada à frequência de desligamento da escola. Além disso, 
foi constatado que esses jovens possuem maior possibilidade de envolvimento 
em comportamentos desviantes, incluindo drogas e uso de álcool e má conduta 
escolar [13]. A prática parental negligente não será analisada na pesquisa, 
devido à impossibilidade de sua verificação através do questionário proposto - 
Questionário de Estilos e Dimensões Parentais. 
A qualidade da estrutura familiar da criança está associada ao resultado 
acadêmico e estratégias de enfrentamento [16]. A utilização de estilos parentais 
não saudáveis está ligada a suscetibilidade de crianças a transtornos 
psicopatológicos [17]. Crianças filhas de pais permissivos possuem maior 
chance de envolvimento em abuso de drogas, ansiedade, depressão, transtorno 
de conduta e comportamentos antissociais. Já os filhos de pais autoritários 
tendem a possuir baixa autoconfiança e autoestima em comparação aos filhos 
de pais democráticos [16]. O estudo na busca por entender a conduta parental 
de responsáveis pelas crianças usuárias de implante coclear é importante para 
entender a dinâmica familiar, prever futuros comportamentos e contribuir com o 
crescimento infantil das crianças. 
 
2- Desenvolvimento da Linguagem x Deficiência Auditiva 
As experiências auditivas propiciam o desenvolvimento das habilidades 
auditivas, seguindo as etapas de detectar, discriminar, reconhecer, compreender 
e memorizar o estímulo auditivo [18] [19]. Scaralenno (2005) [19] descreve e 
sintetiza as habilidades auditivas de modo a identificar o processo de 
desenvolvimento auditivo. A detecção caracteriza-se pela habilidade de 
percepção em momentos de presença e ausência do som. A discriminação é 
definida como as respostas diferenciais apresentadas diante de características 
27 
 
específicas do estímulo sonoro. O reconhecimento é descrito como a habilidade 
de identificação do som e da fonte sonora, possibilitando ao indivíduo classificar 
ou nomear o que ouviu. A compreensão indica as relações entre o estímulo 
sonoro produzido, outros eventos do ambiente e o próprio comportamento. Por 
fim, a memória se encontra nas relações de controle do comportamento de um 
organismo, através dos estímulos sonoros que não estão presentes [19]. 
O desenvolvimento infantil é um processo determinado por fatores biológicos, 
ambientais e socioeconômicos [19]. Os três primeiros anos de vida são 
fundamentais para o desenvolvimento nas áreas motora, cognitiva e social da 
criança, consequentemente para o desenvolvimento global, assim como para o 
processo de aquisição e desenvolvimento da fala e da linguagem [20]. 
Crianças que possuem o sistema auditivo sem defasagens apresentam maiores 
chances em desenvolver a linguagem oral com facilidade porque a audição 
permite compreender a linguagem oral e facilita o desenvolvimento de conceitos 
e expressão através da fala [19]. Falhas na capacidade auditiva contribuem com 
a susceptibilidade de defasagens significativas na linguagem e no processo 
educacional, podendo impactar na interpretação de informação e desencadear 
em problemas de aprendizagem escolar [19] [20]. A estimulação auditiva 
constante contribui com o desenvolvimento lexical, fonológico e metalinguístico 
da pessoa que possui deficiência auditiva [21]. 
Scarabello (2020) aborda, em seu estudo de avaliação da linguagem na 
população infantil com perda auditiva pré-lingual, que as crianças precisam do 
processo receptivo antes de serem capazes de se expressam, isto é, está 
previsto, no típico desenvolvimento da linguagem, que as habilidades de 
compreensão precedem as habilidades de expressão [22]. Desse modo, 
crianças com qualquer tipo e grau de com perda auditiva podem apresentar 
alterações no seu desenvolvimento de linguagem e produção de fala. O avanço 
na severidade do grau de perda auditiva está proporcionalmente ligado as 
alterações em sua produção oral [23]. 
 
 
28 
 
3- Deficiência Auditiva e os impactos no desenvolvimento da linguagem 
A deficiência auditiva é caracterizada por qualquer alteração produzida no órgão 
da audição, na via auditiva ou em ambos [24]. A surdez, como também pode ser 
nomeada, pode ser classificada quanto ao tipo em: 
1- condutiva: déficit em relação à condução do som na via condutiva 
2- neurossensorial: relacionada à deficiência na cóclea do indivíduo. As perdas 
auditivas neurais também são dividas dentro desse grupo. 
3- mista: se refere ao conjunto das alterações anteriores (neurossensorial e 
condutiva) [24] - 
Há um grande arcabouço de possíveis causas para a deficiência auditiva, que 
são divididas em hereditárias e adquiridas. Estima-se que a prevalência de 
indivíduos com diagnóstico de deficiência auditiva compreenda 5,3% da 
população mundial. Desta cota, 8,9% são crianças menores de 10 anos. A 
estatística internacional é proporcional à realidade da deficiência auditiva 
compreendida em território brasileiro, uma vez que 5,10% da população 
brasileira possui alguma perda auditiva e 10,3% destas são crianças ou jovens 
até 19 anos [25]. 
O grau da perda auditiva é classificado a partir do limiar de audibilidade, medido 
em Decibéis (dB), sendo classificadas em perda leve, moderada, severa e 
profunda [24]. 
De acordo com cada peculiaridade do indivíduo e desejo da família sob o 
desenvolvimento auditivo da criança, são incentivados diferentes abordagens de 
intervenção e proposta de linguagem, que são: 
1- Intervenção Oralista: caracterizada pela busca do desenvolvimento ou 
devolução da capacidade de percepção auditiva ao indivíduo portador de 
deficiência auditiva com auxílio de dispositivos que possam amplificaro som. O 
processo de reabilitação auditiva é realizado objetivando facilitar a adaptação do 
usuário ao aparelho de amplificação sonora utilizado desenvolver a 
29 
 
comunicação oral do paciente, caracterizando-se por treino enfático das 
habilidades auditivas deste [24,19]. 
2- Intervenção Bilíngue: A educação bilíngue começou a ser discutida no Brasil 
a partir da década de 1990 [26], sendo o bilinguismo caracterizado como o 
entendimento significativo em duas línguas, mostrando capacidade de uso em 
pelo menos uma das esferas de funcionamento linguístico – podendo o sujeito 
ler, escrever, falar ou compreender [27]. O bilinguismo possui como principal 
enfoque valorizar a linguagem de sinais e possibilitar à pessoa com deficiência 
auditiva o direito de escolha do sujeito entre duas línguas [26]. 
3- Intervenção por meio da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS): A Língua 
Brasileira de Sinais (LIBRAS) é a modalidade do uso de linguagem de sinais 
utilizada nos centros urbanos do Brasil. Considera-se que a pessoa surda possui 
direito à uma língua que seja de fato construída para o seu diferencial, 
possibilitando futuramente o impulso pedagógico para o desenvolvimento 
linguístico do cidadão. Uzan, Oliveira e Leon (2008) argumentam, em seu estudo 
científico de revisão de literatura, que a língua de sinais oferece para as pessoas 
surdas o mesmo conteúdo e funções necessárias para mediação das 
experiências de aprendizagem, necessitando o desenvolvimento dos direitos dos 
surdos ao acesso a uma educação compatível com sua condição [28]. 
O direcionamento da melhor intervenção - oralista, bilíngue ou LIBRAS - 
necessita de análise dos aspectos singulares, familiares e culturais do sujeito, 
devendo ser realizado em sua construção por profissionais de rede 
interdisciplinar e cientes dos aspectos positivos e negativos de cada abordagem 
intervencionista. Um estudo realizado em 2017 com três grupos de crianças 
usuárias de implante coclear expostas e não expostas a linguagem de sinais 
foram comparados em seu progresso até o ensino fundamental [29]. 
Os resultados do estudo mostraram que não há vantagem duradoura em usar 
sinais antes e imediatamente após o procedimento cirúrgico de implante coclear. 
Crianças implantadas que não foram expostas a língua de sinais pontuaram 
significativamente melhor em leitura no final do ensino fundamental em 
comparação com crianças cujas famílias forneceram exposição precoce à língua 
30 
 
de sinais, sendo essas mais propensas a apresentar atraso na linguagem e 
leitura no final do ensino fundamental do que crianças sem exposição a sinais. 
Por outro lado, o autor também afirma que o uso da língua de sinais possibilita a 
criança surda de viajar por várias situações sociais e comunidades sem 
dificuldade, não se limitando a se comunicar apenas com a família e amigos [29]. 
Nos casos do diagnóstico de perdas severas e profundas, como descrito no 
estudo acima, há possibilidade da indicação de implante coclear (IC). O IC é 
composto por duas partes: a) parte interna, caracterizada pela inserção de 
eletrodos para a criação de um “campo elétrico” no interior da cóclea, com a 
finalidade de estimular as fibras acústicas por meio de impulsos elétricos; b) 
parte externa: composta por um processador de fala e uma bobina 
eletromagnética [26]. O implante coclear é uma estratégia que objetiva diminuir 
o impacto da perda auditiva e contribuir com a qualidade de vida das crianças e 
família [18]. 
O implante coclear - Figura 2 - busca promover funções de detecção, 
discriminação, reconhecimento e emissão de sinais acústicos à pessoa com 
deficiência auditiva. No item número 1 observa-se o processador, que possui a 
função de captar os sons do ambiente externo, transformar o sinal sonoro em 
diferentes frequências e enviar esses sinais para o processador interno (2), que 
fica visível sob a pele. O número 3 localiza-se na cóclea e é composto por feixes 
de eletrotodos, que converte os sinais digitais do processador em energia elétrica 
e estimulam os neurônios intracocleares. O número 4 representa o nervo coclear, 
responsável por enviar os estímulos elétricos ao tronco cerebral e deste para o 
córtex auditivo primário [30]. 
Figura 2 - Implante Coclear 
31 
 
 
Fontes: DE CASTRO, (2020) 
OLIVEIRA, (2005) 
[30] [31] 
 
O procedimento de implante coclear é considerado um dos principais e mais 
importantes recursos desenvolvidos para reabilitação auditiva nas últimas 
décadas, dado o potencial tecnológico que oferece [32]. A realização da cirurgia 
de implante coclear apresenta peculiaridades que devem ser consideradas no 
momento de avaliar possibilidades de implantação [33]. Entre os critérios de 
avaliação está a investigação do processo evolutivo socioemocional da criança 
e relação intrafamiliar, na busca por perceber se esse recurso tecnológico 
atenderá e proporcionará desenvolvimento infantil positivo [34]. 
Moret, Bevilacqua e Costa (2007) observaram que os principais fatores que 
influenciam no desenvolvimento da audição e linguagem da criança implantada 
são a idade da criança na implantação, o tempo de privação sensorial auditiva, 
o tempo de uso do IC, o grau de permeabilidade da família no processo 
terapêutico, o tipo de IC e a estratégia de codificação da fala utilizada [33]. 
Os autores discorrem, ainda, sobre a importância de se trabalhar com a família 
da criança implantada, visto que a indicação do implante coclear em crianças é 
repleto de expectativas, necessitando que os pais sejam preparados pela equipe 
clínica para lidar com as possibilidades criadas ao longo do percurso pré e pós 
32 
 
cirúrgico. Equilibrar as expectativas dos familiares quanto aos resultados obtidos 
contribui com o tratamento clínico, uma vez que se torna mais tranquilo o 
desenvolvimento da criança e desempenho ao longo da reabilitação auditiva 
[33]. 
 
4- Família de Pessoas com Deficiência 
A família proporciona à criança um ambiente de desenvolvimento em relação ao 
pensamento internalizador e externalizador [34]. Durante a gravidez é realizado 
planejamento para a chegada do filho, através de projeções e fantasias 
construídas pelos genitores. A chegada de um filho com deficiência pode causar 
impactos intensos, pois trata-se de uma experiência inesperada, que requer 
mudança de planos e expectativas por parte dos pais [36]. A partir disso, inicia-
se o processo de superação e aceitação perante a criança, visando a 
configuração de um ambiente familiar preparado para inclusão do filho como um 
membro integrante da família [35]. 
A chegada de um filho com deficiência e a maneira como os pais lidam com o 
diagnóstico pode acarretar respostas sociais e familiares à tal realidade desde a 
proteção excessiva até a rejeição, sendo necessário ouvir e compreender os 
pais, de modo a conhecer sentimentos e dificuldades individuais da família ao 
longo do processo de desenvolvimento da criança [37]. A maneira como o 
diagnóstico é passado aos responsáveis, de acordo com a postura do 
profissional da saúde, pode ser um fator que interfere na aceitação e adaptação 
do familiar ao deficiente [38]. Bazon (2004) acredita que o momento de 
diagnóstico deve ser humanizado, devendo o profissional da saúde se preocupar 
com a forma mais adequada de passar a informação à família, na busca por 
permitir melhor aceitação do diagnóstico e a importância de seguir em terapia 
[39]. 
A nova função como pais de crianças com deficiência é um papel novo e 
complexo. A dificuldade da sociedade em lidar com o diferente reflete no 
processo de aceitação da família quanto à criança que nasce fora dos padrões 
de normalidade, exigindo assim redefinições de papéis e mudanças dentro do 
33 
 
ambiente familiar [40]. As primeiras experiências da criança são de grande 
importância para seu desenvolvimento porque influenciam na maneira como ela 
futuramente verá omundo e aprenderá a lidar com dificuldades [41]. 
Pereira, et al (2016) abordaram em sua pesquisa um estudo evidenciando que 
pais de crianças com deficiência desenvolvem baixas expectativas sobre a 
autonomia de seus filhos e isso direciona-os a se comportarem de maneira 
controladora com a criança, o que reflete no desenvolvimento de grande 
dependência dessas crianças com seus pais [42]. Uma pesquisa que se propôs 
estudar o papel dos pais na promoção da autonomia e da participação infantil 
concluiu que adultos responsáveis por crianças com deficiências estão inseridos 
na dimensão parental nomeada como comportamento superprotetor, supervisão 
excessiva e imposição quanto à maneira como as crianças devem sentir ou 
pensar ou nas decisões que devem tomar [42] [43] [44]. 
Rodrigues e Pires (2002) buscaram construir um modelo explicativo a partir dos 
dados que foram fornecidos por um grupo de responsáveis de crianças com 
deficiência auditiva, composto por quatro mães e cinco pais [45]. Os resultados 
sugeriram que a principal preocupação desses pais está relacionada à 
comunicação que estabelecem com os filhos, estando a dificuldade comunicativa 
diretamente ligada à maiores probabilidades de existirem dificuldades escolares 
e problemas comportamentais na criança. A estratégia que os pais adquiriram 
para resolver esse problema é descrita no estudo como a busca pela 
minimização da surdez e das dificuldades comunicativas, caracterizando pela 
procura por próteses auditivas que permitam desenvolvimento comunicativo dos 
filhos. Outra constante incerteza no imaginário dos participantes da pesquisa é 
a preocupação com o futuro do filho está relacionada às oportunidades de 
emprego e às saídas profissionais possíveis para uma pessoa surda [45]. 
A pesquisa de Rodrigues e Pires (2002) também evidenciou a importância do 
apoio da família e o apoio de terceiros - como a partilha de experiências com 
outros pais de crianças surdas, o conhecimento de surdos adultos e o apoio de 
técnicos - como ajuda da tarefa de minimização da surdez e das dificuldades 
comunicativas da criança [45]. 
34 
 
A relação intrafamiliar que se desenvolve entre pais e filhos não é transversal, 
sendo necessário analisar aspectos singulares da criança que interferem no 
comportamento dos pais. As teorias bidirecionais propostas por Bell (1968) 
indicam que fatores congênitos em crianças influenciam o comportamento dos 
pais durante o desenvolvimento de práticas parentais [46]. Em seu estudo sobre 
os efeitos dos fatores genéticos transmitidos entre gerações, Maccoby (2000) 
indica que crianças com diferentes predisposições genéticas reagem de maneira 
diferente para comportamentos dos pais, dependendo da maneira com que elas 
interpretam as ações de seus responsáveis [47]. 
 
 
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40 
 
OBJETIVOS 
 
Objetivo geral 
 
Estudar a relação entre os estilos parentais e o desenvolvimento das 
habilidades auditivas em crianças usuárias de implante coclear. 
 
Objetivos Específicos 
 
-Descrever como os estilos parentais são adotados no grupo de pais ou 
responsáveis por crianças com deficiência auditiva. 
-Estudar o perfil da população usuária de IC. 
-Estudar as habilidades auditivas da população estudada. 
-Verificar a relação entre o desenvolvimento auditivo dos participantes e os 
estilos parentais. 
-Comparar os estilos parentais de pais de crianças usuárias de implante 
coclear e pais de crianças sem queixas auditivas. 
 
 
 
 
41 
 
MÉTODOS 
 
Delineamento do Estudo 
Trata-se de um estudo quantitativo, observacional, analítico, que buscou verificar 
a relação entre estilos parentais e desenvolvimento auditivo. O projeto foi 
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFMG (CEP-UFMG), CAAE: 
09699119.8.0000.5149. A coleta de dados foi realizada em três cenários: através 
de plataforma virtual, e em dois locais que atendem usuários de Implante 
Coclear: 
a) Serviço de Atenção à Saúde Auditiva, Ambulatório de Implante Coclear, do 
Hospital das Clínicas da UFMG. A instituição é credenciada pelo Ministério da 
Saúde, que atende pacientes com surdez severa profunda que não 
obtiveram resposta satisfatória com aparelhos de amplificação sonora individual 
e que após avaliação multiprofissional tem definida a indicação de implante 
coclear. 
b) CEMEAR (Centro Mineiro de Reabilitação Auditiva), instituição de caráter 
associativo e sem fins lucrativos que busca garantir o acesso aos recursos 
diagnósticos e terapêuticos de pacientes em (Re)habilitação auditiva. O 
CEMEAR conta com especialistas nas áreas de Fonoaudiologia, Psicologia, 
Psicopedagogia e Serviço social. 
A amostra foi composta por 78 participantes sendo distribuídos em dois grupos 
de análise. O grupo clínico (N=50): composto por pais e/ou responsáveis de 
crianças usuárias de implante coclear com idade entre 3 e 7 anos que realizam 
acompanhamento no Hospital das Clínicas da UFMG ou no Centro Mineiro de 
Reabilitação Auditiva – CEMEAR; o grupo controle (N=28): composto por pais 
e/ou responsáveis por crianças com a mesma idade sem a deficiência auditiva 
captados através de plataforma online e amostra já existente de outro projeto de 
mestrado. 
 
42 
 
Para compor o grupo controle foram utilizadas duas estratégias: a utilização de 
dados já coletados de outro projeto “Adaptação, Validação e Normatização do 
Questionário de Estilos e Dimensões Parentais para a população Brasileira” e 
recrutamento de voluntários. 
Amostra 
A coleta do grupo clínico foi realizada através de videoconferência com os 
participantes e aplicação do protocolo de avaliação. Já a coleta do grupo controle 
foi realizada a partir de protocolo de preenchimento online reestruturado através 
outro projeto de mestrado piloto. Todos os participantes avaliados tiveram 
acesso ao TCLE através de plataforma online e concordaram com a participação 
na pesquisa. 
A coleta iniciou após aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa, em junho de 
2019. Foram aplicados protocolos com o objetivo de coletar informações 
pertinentes à anamnese dos participantes, avaliar os estilos parentais 
predominantes, por meio da aplicação do Questionário de Estilos e Dimensões 
Parentais (QEDP), e avaliar o desenvolvimento das habilidades auditivas nas 
crianças do grupo clínico, por meio da Escala de Integração Auditiva 
Significativa para crianças Pequenas – IT-MAIS (para crianças até 4 anos) e a 
Escala de Integração Auditiva Significativa – MAIS (para crianças acima de 5 
anos). 
 
Procedimentos 
 
1- Grupo Clínico 
a) Anamnese: entrevista com o objetivo de obter informações sobre os 
participantes, sendo estruturada em três seções: 
-Informações sobre o participante (identificação, idade, parentesco, 
escolaridade) 
- Informações sobre a criança e as características da perda auditiva 
(identificação, idade, data de nascimento, sexo, tipo, grau e configuração da 
43 
 
perda auditiva, data do diagnóstico de perda auditiva, comprometimentos 
associados e uso de medicação ); 
-Informações sobre o Implante Coclear: tempo em que foi realizada a cirurgia, 
tipo de implante, uso de adaptação bimodal, uso e/ou interrupção do aparelho 
desde a ativação, acompanhamentos realizados atualmente pela criança na rede 
multidisciplinar (fonoaudióloga, psicóloga, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, 
entre outros). 
 
b) Versão brasileira do QEDP [3]. Esta é uma ferramenta utilizada para classificar 
em qual estilo parental uma família ou grupo se concentra em maior parte do 
tempo, de acordo com seus comportamentos peranteos filhos. O QEDP é um 
instrumento de autorrelato e é composto por 32 perguntas (em sua versão 
reduzida, adaptada ao Brasil), sendo 15 sobre o estilo parental democrático, 12 
do estilo parental autoritário e 5 do estilo parental permissivo. Cada estilo 
avaliado possui dimensões que influenciam no escore total do estudo, sendo o 
estilo democrático composto por dimensões de afeto e controle, regulação e 
autonomia, o estilo autoritário composto por dimensões de coerção física, 
hostilidade verbal e punição e o estilo permissivo composto pela dimensão 
de indulgência. Através da comparação dos resultados e análise das 
dimensões parentais mais predominantes para aquele pai/mãe é possível 
investigar a relação das práticas parentais com o desenvolvimento da fala de 
crianças com deficiência auditiva usuárias de implante coclear. O QEDP, na 
busca por avaliar os estilos e dimensões parentais, não possui como objetivo 
prever a permeabilidade dos pais no processo de implante coclear. 
 
c) A escala de integração auditiva para crianças pequenas (até 4 anos) IT-MAIS 
e a Escala de Integração Auditiva (para crianças a partir de 5 anos) MAIS são 
medidas utilizadas para avaliar a evolução da percepção auditiva com o uso do 
implante coclear em crianças com idade inferior a 4 anos. O questionário 
realizado com os pais é composto por 10 questões, que devem ser aplicadas 
sob a forma de entrevista. O responsável é solicitado a relatar o comportamento 
auditivo da criança perante cada situação proposta, oferecendo o maior número 
de exemplos possível e descrevendo as atitudes da criança. O resultado é 
44 
 
calculado somando-se o número total de pontos acumulados em cada 
questão, sendo possível a obtenção de no mínimo 0 pontos e no máximo 40 
pontos. Desse modo, é possível identificar a percepção de fala das crianças 
analisadas. Para classificar os resultados como normal ou alterado foi utilizada 
a escala Marcadores clínicos do desenvolvimento – IT MAIS Toddler Meaningful 
Auditory Integration Scale, proposta por Comerlatto (2015) [1], para crianças até 
5 anos. Para crianças acima de 5 anos foi utilizado como referência os 
resultados apresentados por Alves et al (2015) [2]. O grupo clínico foi classificado 
em normal ou alterado em função do desenvolvimento auditivo e tempo de uso 
de IC 
Foi necessário um encontro de 40 minutos com cada participante para leitura e 
assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, aplicação do QEDP, 
IT-MAIS e MAIS. A coleta presencial foi realizada no mesmo dia de atendimento 
da criança no CEMEAR e no Hospital das Clínicas, em sala reservada. A coleta 
virtual foi realizada através de videoconferência com o responsável pela criança 
em ambiente propício para aplicação do protocolo. Todas as respostas foram 
anotadas em protocolos específicos e devidamente transferidas para um banco 
de dados para posterior análise e estudos estatísticos. 
2- Grupo Controle 
O grupo controle foi composto por 28 participantes. Parte da amostra analisada 
(25/26 participantes) foi extraída de outro projeto de mestrado realizado na 
UFMG, intitulado “Adaptação, Validação e Normatização do Questionário de 
Estilos e Dimensões Parentais para a população Brasileira”. A autora do projeto 
cedeu o banco de dados para realização deste estudo. 
a) Anamnese clínica 
-Informações sobre o participante (idade, parentesco, escolaridade) e a criança 
(nome completo, idade, data de nascimento, sexo); 
b) QEDP 
 
45 
 
Critérios de Inclusão e Exclusão 
Como critérios de inclusão para o grupo clínico foram considerados adultos com 
idade igual ou superior a 18 anos, pais e/ou responsáveis por crianças entre 3 e 
7 anos usuárias de implante coclear. Como critérios de exclusão considerou-se 
desistência em participar da pesquisa ou não responder os dois questionários 
propostos. 
Os critérios de inclusão para o grupo controle foram adultos com idade igual ou 
superior a 18 anos, pais e/ou responsáveis por crianças entre 3 e 7 anos de 
idade que não possuam comprometimento sensorial declarado. Como critérios 
de exclusão considerou-se desistência em participar da pesquisa ou não 
responder as perguntas do questionário proposto. 
 
 
Análise de Dados 
 Para as variáveis contínuas foram calculadas a média, desvio padrão, mediana, 
quartis, mínimo e máximo. As variáveis categóricas foram analisadas por meio 
da frequência. O teste Mann-Whitney foi utilizado para comparar o grupo controle 
e clínico. De forma a testar a correlação entre estilos parentais e as habilidades 
auditivas infantis foi utilizada análise de correlação de Spearman entre os 
resultados do QEDP (escore total dos estilos e dimensões parentais) e os 
resultados obtidos nas escalas IT-MAIS e MAIS. O teste de Kruskal-Wallis foi 
utilizado para verificar associação entre os estilos parentais, grupo controle e 
grupo de crianças usuárias de implante coclear, classificadas de acordo com o 
índice de integração auditiva normal ou alterado. O nível de significância 
considerado foi p ≤ 0,05. Foram utilizados os softwares Jasp 0.8 [4] e SPSS 23 
[5]. 
 
 
46 
 
Referências Bibliográficas 
 
1-Comerlatto, MPS. Habilidades auditivas e de linguagem de crianças usuárias 
de implante coclear: análise dos marcadores clínicos de desenvolvimento. 2016. 
 
2- Alves M, Ramos D, Alves H, et al. Os questionários MAIS e MUSS na 
avaliação da evolução do desempenho auditivo e comunicativo de crianças 
utilizadoras de implante coclear. Revista Portuguesa de Otorrinolaringologia e 
Cirurgia de Cabeça e Pescoço. 2015; 53. 
 
3- De Paula JJ. Oliveira TD. “Questionário de Estilos e Dimensões Parentais 
(QEDP)”. Belo Horizonte, 2017 
 
3- JASP Team. JASP (version 0.8.0.0) [computer software]. 2016 
4- JASP Team. JASP (version 0.8.0.0) [computer software]. 2016 
5- SPSS Inc. SPSS Statistics for Windows, Version 23.0. Chicago: SPSS Inc. 
 
 
 
 
47 
 
RESULTADOS 
 
A amostra do grupo clínico foi composta em sua maioria por mães (80%), com 
idade entre 25 e 34 anos (40%) e com nível escolaridade ensino médio completo 
(50%). Todas as crianças são usuárias de implante coclear e possuem entre 3 e 
7 anos de idade, em sua maioria feminina (56%). A maior parte das famílias 
(46%) não relatou identificação precisa da etiologia das dificuldades auditivas. 
Entre as etiologias identificadas pelos responsáveis estão genética (14%), uso 
de antibiótico (8%), meningite (6%), citomegalovírus (6%), icterícia (4%), 
Síndrome de Waldenburg (4%), hidrocefalia (2%), anoxia (2%), Síndrome do 
Qtlongo (2%), Síndrome de Turner (2%), Síndrome CHARGE (2%) e Síndrome 
de Kjer (2%). 
 
A maior parte das crianças realizou a Triagem Auditiva Neonatal (92%). A 
minoria das crianças avaliadas possui diagnóstico misto (20%), estes 
caracterizados por Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno de Déficit 
de Atenção e Hiperatividade, Paralisia Cerebral, Aniridia, Síndrome do Qtlongo, 
Síndrome de Down, Síndrome CHARGE, Síndrome de Turner, Síndrome de 
Waldenburg e Síndrome de Kjer. Quatro crianças do grupo realizam 
acompanhamento medicamentoso devido diagnóstico de Síndrome do Qtlongo, 
Paralisia Cerebral e TEA, correspondendo a 8% da amostra total. Entre os 
medicamentos utilizados estão Neuleptil, Propanolol, Artane, Ácido Valproico, 
Aripiprazol, Imipramina, Risperidona e Anafranil. 
 
Grande parte da amostra estudada realiza acompanhamento fonoaudiológico 
(94%), seguido de psicoterapia (30%) e outras terapias, sendo essas a 
psicopedagogia, fisioterapia, terapia ocupacional, língua brasileira de sinais. O 
tempo em que as crianças participantes da pesquisa haviam sido implantadas 
percorreu entre dois meses e seis anos. A maioria das crianças possui implante 
coclear unilateral (66%) com uso contínuo do aparelho (82%). 
 
Participaram do grupo controle 28 mães, em sua maioria com idade acima de35 
anos (57,14%) e com nível escolaridade em ensino médio completo (46,43%). A 
48 
 
maioria das crianças são do sexo feminino (53,57%). A tabela 1 apresenta a 
distribuição das respostas dos participantes de cada grupo 
 
Tabela 1 - Descrição dos Participantes do Grupo Clínico e Controle 
 
 
A tabela 2 apresenta a análise descritiva em relação as variáveis contínuas do 
grupo clínico e controle. No grupo clínico a idade média dos responsáveis foi de 
35,24 anos, já a idade média da criança analisada foi de 5,24 anos, variando 
entre 3 e 7 anos. No grupo controle a idade média dos responsáveis do grupo 
controle é de 36,57 anos (com desvio padrão de 6,44). 
 
Tabela 2 - Análise descritiva das variáveis contínuas do grupo clínico – 
idade da criança e idade do responsável 
Variável Grupo N Média D.P 
Idade responsável Controle 28 36,57 6,44 
 Clínico 50 35,24 10,66 
Idade criança Controle 28 6 1,15 
 Grupo Clínico (N=50) Nº % Grupo Controle (N=28) Nº % 
Parentesco Mãe 40 80 Mãe 28 100 
 Pai 5 10 
 Outro 5 10 
Escolaridade 
 
Ensino Fundamental 
Completo 9 18 Ensino Fundamental Completo 7 25 
 Ensino Médio Completo 25 50 Ensino Médio Completo 13 46 
 Ensino Técnico Completo 3 6 Ensino Superior Completo 8 29 
 Ensino Superior Completo 13 26 
Idade da 
Criança 3 anos 11 22 3 anos 1 4 
 4 anos 8 16 4 anos 3 10 
 5 anos 4 8 5 anos 3 10 
 6 anos 12 24 6 anos 9 33 
 7 anos 15 30 7 anos 12 43 
Sexo da Criança Feminino 28 56 Feminino 15 54 
 Masculino 22 44 Masculino 13 46 
49 
 
 Clínico 50 5,24 1,57 
 
 
 
O gráfico 1 apresenta os resultados estatísticos entre a Escala de Integração 
Auditiva e o tempo de implante das crianças avaliadas. A correlação se mostrou 
positiva e sem relevância estatística (P>0,05) 
 
 
Gráfico 1: Análise de Correlação entre IT MAIS/MAIS e tempo de implante 
 
A tabela 3 mostra os resultados de associação entre o QEDP e os grupos através 
do teste Kruss Kawallis: clínico com desempenho normal, clínico com pior 
desempenho e controle. Foi encontrada relevância estatística para o estilo 
“autoritário” e dimensão “punição”, com maior pontuação para o grupo clínico 
com resultados alterados. 
Tabela 3: Associação Entre Estilos e Dimensões Parentais (QEDP) com 
Grupos avaliados: clínico com desempenho normal, clínico com pior 
desempenho e controle 
 
50 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A tabela 4 apresenta os resultados referentes a correlação de Spearman. A 
relação que se mostrou significativa foi entre o IT MAIS/MAIS e a dimensão 
parental regulação (p-valor < 0,05), que integra o grupo de estilo parental 
democrático. Os resultados dos estilos autoritários e permissivos, por estarem 
acima do ideal proposto por “p” não são considerados significativos para a 
amostra. 
 
Tabela 4: Correlação de Spearman entre QEDP e IT MAIS/MAIS do grupo 
clínico 
Dimensão/Estilo 
Parental 
Coeficiente da 
Correlação Sig. 
Coerção Física -0,029 0,844 
Hotilidade Verbal -0,064 0,66 
Punição -0,156 0,279 
Autoritário -0,086 0,553 
Permissivo -0,242 0,91 
Autonomia 0,111 0,442 
Regulação 0,36 0,01* 
Dimensão 
Parental 
 
P Valor 
Regulação 0,26 
Apoio e Afeto 0,281 
Autonomia 0,739 
Coersão Física 0,172 
Hostilidade 
Verbal 
0,05 
Punição 0,029* 
Estilo 
Parental 
 
P Valor 
Democrático 0,46 
Autoritário 0,045* 
Permissivo 0,.073 
Teste Kruskal Wallis 
(*) Resultado com relevância estatística 
51 
 
Apoio e Afeto 0,142 0,325 
Democrático 0,246 0,085 
(*) Resultado com relevância estatística 
 
A Tabela 5 apresenta os resultados da Correlação de Spearman realizada 
através da separação do grupo clínico com desempenho auditivo pior e normal, 
agrupados de acordo com a idade da criança e performance no IT MAIS /MAIS, 
com os resultados obtidos no QEDP. Foram encontrados resultados com 
relevância estatística em relação à dimensão coersão física e ao estilo autoritário 
no grupo de crianças com resultado alterado. 
Tabela 5: Distribuição dos Resultados de Correlação no grupo de crianças 
usuárias de Implante Coclear com desempenho auditivo pior e normal 
 
 Normal Pior 
Estilo / 
Dimensão 
Parental 
C. 
Correlação 
Sig. 
(bilateral) 
N 
C. 
Correlação 
Sig. 
(bilateral) 
N 
 
Democrático 0,255 0,199 27 -0,084 0,703 23 
Autonomia 0,327 0,095 27 -0,124 0,572 23 
Regulação 0,267 0,179 27 0,11 0,617 23 
Apoio e Afeto 0,025 0,903 27 -0,383 0,071 23 
Autoritário -0,088 0,661 27 -,455* 0,029 23 
Coersão Física -0,13 0,519 27 -,452* 0,031 23 
Hostilidade 
Verbal 
-0,069 0,732 27 -0,316 0,142 23 
Punição 0,054 0,79 27 -0,391 0,065 23 
Permissivo 0,021 0,917 27 -0,372 0,08 23 
(*) Resultado com relevância estatística 
 
É possível perceber a correlação das variáveis através dos Gráficos 2, 3 e 4 
apresentados a seguir. 
 
 
 
 
 
 
52 
 
Gráficos 2, 3 e 4: Matrizes de correlação entre IT MAIS/MAIS e Estilos 
Parentais Autoritário, Democrático e Permissivo 
 
 
 
 
 
Referências Bibliográficas 
 
1- Triola, MF – Introdução à Estatística, Livros Técnicos e Científicos Editora 
S,A,, Rio de Janeiro. 2008. 
 
 
 
53 
 
DISCUSSÃO 
 
Os resultados obtidos sugeriram uma associação positiva entre a dimensão 
parental de regulação com o desenvolvimento de habilidades auditivas das 
crianças participantes. Os achados evidenciaram que a hipótese alternativa 
desenvolvida ao longo do projeto foi comprovada, mas por outra ótica: o estilo 
autoritário e as dimensões punição e coerção física tiveram resultados com 
relevância estatística em relação ao grupo de crianças com pior desempenho, 
em relação ao tempo de implante. Essa realidade vai de acordo com o 
embasamento literário construído, que evidencia o impacto do comportamento 
dos pais no desenvolvimento infantil da pessoa com deficiência [1] [2] [3]. 
O estudo revelou, através da análise de associação entre o desenvolvimento 
auditivo infantil e os estilos parentais, a evidência de associação significativa 
entre o estilo parental autoritário e as dimensões punição e coerção física com o 
grupo de crianças com pior desempenho auditivo. De acordo com Falcke (2012), 
o uso da violência se constrói quando existe uma menor capacidade de 
simbolização por parte dos indivíduos envolvidos, então, estes recorreriam a 
atitudes mais primitivas de abordagem [4]. Pessoas com deficiência auditiva se 
encontram no desenvolvimento da audição e fala e por isso apresentam um 
potencial comunicativo diferente da população típica ouvinte. Esse fato pode vir 
a impactar na comunicação intrafamiliar dos pais com a criança, o que contribui 
com o desenvolvimento de práticas parentais pautadas em dimensões 
autoritárias. 
Entende-se que a deficiência auditiva acoplada a práticas parentais 
desadaptativas pode ser duplamente danoso para o desenvolvimento da criança, 
visto que a criança com deficiência auditiva já está predisposta a ter menos 
oportunidades de interação social devido à sua dificuldade de linguagem [5]. 
Filhos de pais que utilizam práticas parentais baseadas no autoritarismo 
possuem uma tendência menor ao desenvolvimento de autoconfiança, em 
autossuficiência e autopercepção sobre habilidades sociais e acadêmicas, [6] 
além de apresentarem uma tendência maior ao desenvolvimento de transtornos 
psicopatológicos [7]. É por meio da experiência e do contexto que a criança é 
capaz de aprender o significado de uma nova palavra e uma vez que a criança 
54 
 
apresenta dificuldades no comportamento social há prejuízo no desenvolvimento 
de suas capacidades comunicativas [8]. 
O estudo constatou que o tempo de uso do implante coclear e o escore das 
Escalas IT-MAIS e MAIS possuem uma correlação fraca não significativa entre 
si. Entretanto, vale ressaltar que outros fatores influenciam o desenvolvimento 
da linguagem de crianças com deficiência auditiva. O estudo de Lynce (2017) 
menciona que existem fatores determinantes para

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