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Tomografia Computadorizada: Histórico e Princípio Físico

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125
IMAGENOLOGIA
Unidade II
De acordo com o Manual do biomédico (CRBM 1, 2021) do CRBM 1ª região, as atribuições do 
biomédico TC e RM são semelhantes, apesar das diferenças dos equipamentos.
O biomédico poderá atuar com a operação dos equipamentos, a definição de protocolos de exame, 
a realização da entrevista com o paciente, a administração de meios de contraste, a realização do pós-
processamento das imagens e a documentação de exames.
Pelo fato de a TC e a RM formarem imagens digitais, o biomédico poderá gerenciar sistemas de 
armazenamento de informação (PACS, HIS e RIS) que contêm dados de pacientes e imagens. Dessa 
forma, pode atuar no segmento de informática médica e trabalhar com as atualizações tecnológicas 
dessas modalidades.
Além de atuar com a execução dos exames, o biomédico pode, ainda, exercer função administrativa 
no departamento de diagnóstico por imagem e atuar na área de pesquisa.
O diagnóstico por imagem está intimamente relacionado às empresas que produzem equipamentos 
e insumos. Outros segmentos de atuação do biomédico são a aplicação das empresas vendedoras e o 
oferecimento de programas de treinamentos às equipes de saúde em TC e RM.
Assim, caro aluno, a unidade II pretende apresentar os principais conceitos e informações sobre TC e 
RM para atuação nessas áreas. Boa leitura!
5 TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA
5.1 Histórico
A palavra tomografia (do grego, tomé) significa “imagem em cortes ou em planos”. Há vários 
aparelhos diagnósticos capazes de gerar imagens em cortes, tais como TC, RM, US e PET-scan. Portanto 
o conceito de tomografia se aplica a essas modalidades também. Então por que o termo tomografia 
foi utilizado para a TC? Os termos utilizados para descrever os equipamentos de imagem são baseados 
em uma característica específica da técnica. A TC se baseia na atenuação diferenciada de finos feixes de 
raios X em diferentes projeções para formar imagens tomográficas. Isso só foi possível com o advento 
da informática e cálculos executados por computador.
Em 1972, na Inglaterra, Dr. Godfrey Newbold Hounsfield desenvolveu a técnica de TC a partir 
de métodos matemáticos criados por A. M. Cormack uma década antes. Uma das limitações das 
radiografias convencionais era obter o sinal dos tecidos moles. Uma radiografia de crânio não poderia 
demonstrar determinadas patologias do sistema nervoso, por exemplo. Assim, a técnica de Hounsfield 
consistia em irradiar o crânio em fatias por todas as suas bordas, limitando a radiação a uma porção 
fina (KALENDER, 2006).
126
Unidade II
As primeiras imagens de tomografia foram geradas após cerca de 9 horas de escaneamento de 
todo o crânio. A aquisição de cada corte levou cerca de 5 minutos, enquanto o processamento demorou em 
torno de 20 minutos. Atualmente, a aquisição e o processamento são rápidos, com duração de segundos 
(MAMEDE, 2019). Os planos de corte podem pertencer aos planos axial, coronal, sagital ou oblíquo/inclinado. 
Também é possível realizar reconstruções volumétricas tridimensionais. Essas características tornam a 
TC um exame com várias aplicações diagnósticas, como visualização de alterações morfológicas 
e avaliação da gravidade da doença em infecções, inflamações, cistos, sangramentos, tumores, 
fraturas, avaliação dos vasos sanguíneos, entre outras (HENWOOD, 2003; NÓBREGA, 2012c).
5.2 Equipamento e o princípio físico da formação da imagem
A TC surgiu com o objetivo de superar determinadas limitações das radiografias convencionais, 
tais como:
• diferenciação dos tecidos moles;
• quantificação da densidade dos tecidos;
• sobreposição de estruturas anatômicas nas radiografias convencionais, que dificultava a obtenção 
de informações tridimensionais em uma imagem bidimensional.
Em comparação com as radiografias convencionais, as imagens tomográficas são livres de 
sobreposição de tecidos. Observe na figura a seguir a diferença entre uma imagem com sobreposição 
e imagens em cortes ou secções. As radiografias apresentam sobreposições de estruturas anatômicas 
que dependem da incidência do feixe de radiação. Já na TC as imagens são livres de sobreposição e as 
estruturas aparecem com determinado formato, a depender do plano de corte.
Figura 69 – Ilustrações que comparam a sobreposição de estruturas em uma vista de perfil (P) com 
imagens em cortes ou fatias (S1 e S2)
Disponível em: https://bit.ly/2Y7zWew. Acesso em: 9 jul. 2021.
127
IMAGENOLOGIA
A principal característica da TC é sua ótima resolução de contraste, ou seja, a capacidade em detectar 
diferenças muito pequenas na absorção de raios X. Isso ocorre devido à eliminação da dispersão da 
radiação e ao menor espalhamento do feixe. Na TC, o registro da variação das densidades é até 10 vezes 
maior do que na radiografia convencional. Assim, é possível diferenciar graus de densidade entre os 
tecidos moles, como, por exemplo, a substância cerebral e o líquido cerebrospinal (HENWOOD, 2003). 
A figura a seguir apresenta uma radiografia de crânio e um corte axial por TC que demonstra essas 
diferenças entre as modalidades.
A) B) 
Figura 70 – A) Radiografia do crânio. Legenda: células da mastoide (M), sela túrcica (ST), sutura 
coronal (ponta de setas), sutura occipital (seta aberta) e sulcos vasculares meníngeos (setas). 
B) corte axial do crânio em TC. Legenda: ventrículo lateral (L), fórnix (F), núcleo caudado (CN), 
tálamo (Th) e terceiro ventrículo (3)
Adaptada de: Daffner (2013, p. 450-455).
O equipamento de TC é formado por uma mesa, um gantry e um sistema computacional com painel 
de comando. O paciente é acomodado e posicionado na mesa, que se movimenta através de uma 
abertura no gantry, onde ocorre a aquisição das imagens e onde estão localizados o sistema de emissão 
de raios X, os colimadores e os detectores de radiação, no lado oposto ao tubo. O painel de comando 
ou console serve para programar a aquisição, executar o exame, processar as imagens e prepará-las 
para documentação (MAMEDE, 2019). O console é o sistema de armazenamento e apresentação de 
imagens formado pelo computador, com disco rígido (HD), teclado e monitor. As workstations possuem 
um sistema de reconstrução 3D da imagem. Geralmente, os serviços também possuem um sistema de 
documentação, como impressora multiformato, ou laser comum ou seca (NÓBREGA, 2012c).
128
Unidade II
Painel com botões de 
comando para ajuste da 
posição da mesa
Mesa de exame
Gantry
Figura 71 – Aparelho de TC
Disponível em: https://bityli.com/rNTM5Z9. Acesso em: 9 jul. 2021.
Na TC, o contraste das imagens é o resultado da absorção diferenciada dos raios X em função 
das características dos tecidos. O tomógrafo emite feixes colimados e finos que atravessam uma fatia 
transversal do corpo e atingem, no lado oposto, detectores acoplados ao computador. O tubo de raios X 
realiza um movimento circular contínuo ao redor do paciente, que permanece deitado e imóvel, de 
forma a se obter dados de vários ângulos de uma fatia transversal do corpo, como mostrado na figura 
a seguir.
Feixe de radiação em leque
Tubo de raios X
Mesa motorizada
Arco de detectores
Figura 72 – Esquema de sistema emissor de raios X, detectores dentro do gantry de um tomógrafo e 
formato do feixe em leque
Adaptada de: https://bityli.com/NjZpIB8. Acesso em: 9 jul. 2021.
129
IMAGENOLOGIA
Você pode estar se perguntando: mas então são obtidas radiografias no exame de TC? De certa forma, 
sim, porém os feixes de radiação são finos, em forma de leque, e são obtidas múltiplas radiografias ao 
redor do paciente. Cada radiografia é uma projeção bidimensional com estruturas anatômicas internas 
sobrepostas. São obtidas imagens de vários ângulos da mesma fatia e o mesmo se aplica para as demais 
fatias do volume corporal irradiado. Após a aquisição dos dados, o computador realiza um processamento 
dessas imagens, que consiste basicamente em empilhar todas as imagens em uma estrutura 3D e analisar 
a intersecção das sombras de atenuação nas projeções, conforme representação da figura a seguir.Em seguida, algoritmos são aplicados para filtrar o borramento nas bordas, um processo denominado 
retroprojeção filtrada (em inglês, filtered backprojection).
Com a rotação 
do tubo, várias 
projeções 
bidimensionais 
da mesma fatia 
são obtidas em 
diferentes ângulos
Projeções 
bidimensionais 
são “empilhadas“. 
Cálculos 
matemáticos 
(algoritmos) são 
aplicados para filtrar 
os dados e formar a 
imagem semelhante 
ao objeto real
Uma projeção 
bidimensional 
com estruturas 
sobrepostas
Objeto
Tubo
Figura 73 – Formação da imagem de estruturas anatômicas internas a partir 
de múltiplas projeções em diferentes ângulos
Após múltiplas projeções, um sistema computadorizado reconstrói as imagens transversais. Os dados 
são processados e a imagem é reconstruída por cálculos matemáticos (algoritmos), o que possibilita 
atribuir valores quantitativos na representação da imagem. Ao mesmo tempo, ocorre um movimento 
da mesa para que sejam obtidas imagens de diferentes cortes anatômicos da região examinada, como 
mostrado na figura a seguir. Movendo o paciente através do gantry, múltiplos cortes adjacentes podem 
ser visualizados, fornecendo uma imagem do corpo a ser reconstruída. Os cortes axiais são os mais 
utilizados, mas os dados podem ser reconstruídos para formar imagens em outros planos anatômicos, 
como coronal, sagital e oblíquo, além de imagens tridimensionais. Esse processo é conhecido como 
reconstruções multiplanares (MPR). A figura a seguir ilustra o processo desde a aquisição até o 
processamento dos dados, a reconstrução da imagem e a apresentação na tela do monitor.
130
Unidade II
Transformação analógico-digital 
(transforma sinal elétrico em 
linguafem digital)
Computador
Arco de detectores
Tubo emissor de 
raios X
Raios X atenuados
Sistema de aquisição de dados
Colimadores 
dos detectores
Paciente
Feixes de raios X
Colimadores 
do tubo
Algoritmos de reconstrução 
(cálculos matemáticos)
Imagem e apresentação na 
tela do monitor
Figura 74 – Esquema de aquisição de dados em TC, processamento dos dados (reconstrução) e 
apresentação da imagem
 Lembrete
A fonte de radiação nos equipamentos de TC é o tubo de raios X. Assim, 
a radiação existe somente quando o equipamento for acionado para iniciar a 
aquisição das imagens.
Desde sua criação, em 1972, os aparelhos tomógrafos sofreram modificações, representadas por 
gerações de equipamentos. Os avanços tecnológicos possibilitaram maior rapidez nos exames e melhora 
na resolução.
5.3 Gerações de equipamentos
Os tomógrafos da primeira geração produziam raios paralelos em formato de lápis (pencil beam) 
com um único detector no lado oposto e realizavam um movimento de translação e rotação em volta 
do objeto. Para obter diferentes projeções de uma mesma fatia do corpo, o tubo de raios X e o detector 
realizavam um movimento retilíneo, sempre alinhados entre si em uma direção. Em seguida, tubo e 
detector giravam em torno do centro do objeto (paciente) e iniciavam nova varredura em outro 
ângulo. O processo era repetido em mais ângulos e os dados eram, então, manipulados por computador. 
O tempo de aquisição para cada corte era de 5 minutos, com tempo de processamento de dados de 
20 minutos (MAMEDE, 2019). O primeiro equipamento era adaptado somente para a avaliação do 
crânio (WHITE; PHAROAH, 2015).
131
IMAGENOLOGIA
Tubo de 
raios X
Feixe em 
formato de 
lápis
Detector
Escaneamento da 
2ª projeção
Escaneamento 
da 1ª projeção
Translação e rotação
Translação
Figura 75 – Esquema ilustrativo de um tomógrafo de primeira geração
Adaptada de: https://bityli.com/CKyGJV8. Acesso em: 9 jul. 2021.
Os equipamentos de segunda geração surgiram em 1974 e funcionavam de maneira semelhante, 
porém foram acrescentados mais detectores, em quantidade que variava entre 20 e 40. Os movimentos 
de translação e rotação eram semelhantes aos de equipamentos de primeira geração, mas com um 
número maior de detectores foi possível emitir feixes em formato de leque, possibilitando melhor 
aproveitamento da potência da radiação. Assim, o processo se tornou um pouco mais rápido, com 
duração da aquisição por volta de 20 segundos para cada corte (KALENDER, 2006; MOURÃO, 2015; 
MAMEDE, 2019).
Tubo de 
raios X
Feixe em 
leque 
estreito
Arranjo de 
detectores
Escaneamento da 
2ª projeção
Escaneamento 
da 1ª projeção
Translação e rotação
Translação
Figura 76 – Esquema ilustrativo de um tomógrafo de segunda geração
Adaptada de: https://bityli.com/rWHfB6O. Acesso em: 9 jul. 2021.
132
Unidade II
Um dos desafios era aumentar a velocidade de aquisição das imagens. Isso foi possível com a 
eliminação do movimento de translação (KALENDER, 2006). Assim, entre 1975 e 1977, surgiram 
os equipamentos de terceira geração. O formato de feixe em leque foi mantido, porém a fileira 
de detectores teve seu formato reto modificado para a forma de um arco. O tubo de raios X e os 
detectores passaram a realizar um único movimento de rotação de 360º ao redor do paciente. 
Além disso, houve um aumento no número de detectores para 200 a 600, que permitiu ampliar 
o ângulo do feixe de radiação (entre 40º e 60º) e eliminar o movimento de translação. O tempo 
para aquisição de um corte levava, em média, de 1 a 10 segundos (MOURÃO, 2015). O formato dos 
detectores em arco ofereceu maior vantagem em relação à colimação do feixe e à redução do efeito 
da radiação espalhada (BUSHONG, 2013).
Tubo de 
raios X
Feixe em 
leque amplo
Arranjo de 
detectores em 
forma de arco
Rotação 360º
Figura 77 – Esquema ilustrativo de um tomógrafo de terceira geração
Adaptada de: https://bityli.com/vCvQnf2. Acesso em: 9 jul. 2021.
Uma das desvantagens dos equipamentos de terceira geração era o aparecimento de artefatos em 
circunferência devido ao deslocamento dos detectores e a problemas de calibração entre um detector 
e outro. Em 1981, foram desenvolvidos os equipamentos de quarta geração, com a substituição do 
arco de detectores por detectores dispostos em um anel fixo. Assim, apenas o tubo de raios X realizava 
o movimento de rotação de 360º ao redor do paciente, emitindo um feixe em forma de leque. O 
tempo de aquisição de um corte era de 1 segundo. Para ter detectores fixos, houve um aumento em 
seu número, variando entre 1.000 e 2.000, o que elevou muito o custo. Devido ao alto custo desses 
equipamentos, houve preferência por manter o uso de equipamentos de terceira geração, na época 
(MOURÃO, 2015).
133
IMAGENOLOGIA
Tubo de 
raios X
Feixe em 
leque amplo
Arranjo de detectores 
em anel estacinário 
(não se movimenta)
Rotação do 
tubo apenas
Figura 78 – Esquema ilustrativo de um tomógrafo de quarta geração
Adaptada de: https://bityli.com/PMCKZYZ. Acesso em: 9 jul. 2021.
Até então, o processo de aquisição se baseava em um método axial ou sequencial, ou seja, uma 
aquisição corte a corte. Nesse tipo de aquisição, as imagens de uma fatia do objeto no plano transversal 
são obtidas a partir de um giro de 360º do feixe de raios X em torno de um ponto central com a mesa 
estática ou estacionária. Para obter dados de outra fatia do corpo, a mesa se movimenta através do 
gantry e, então, para. Em seguida, o tubo e os detectores no interior do gantry realizam uma rotação 
de 360º em torno do paciente. Esse processo se repete até finalizar a aquisição de todos os cortes 
sucessivos de uma região do corpo, o que permite a observação e o diagnóstico.
A mesa se movimenta 
através do gantry, mas 
permanece parada durante 
a rotação do tubo
Eixo z 
(longitudinal ao paciente)
Detector
Tubo de raios X
3º3º
2º2º
1º1º
Gantry
Figura 79 – Esquema de aquisição sequencial. As faixas verdes representam a aquisição de cortes 
(primeiro corte, segundo corte, terceiro corte, e assim por diante)
Durante a maior parte da década de 1980, não houve muitas inovações na tomografia, e, com o 
surgimento da RM, acreditava-se que a tomografia deixaria de existir. Contudo, por volta de 1990, 
surgiram novas tecnologias que consolidaram o uso da TC no diagnósticopor imagem (KALENDER, 2006).
134
Unidade II
Atualmente, os aparelhos de tomografia disponíveis utilizam a estrutura básica de um equipamento 
de terceira geração, ou seja, possuem um sistema emissor de raios X (com feixe em leque) que gira 
concomitantemente com um arco de detectores disposto no lado diametralmente oposto, em torno 
do paciente. Uma das vantagens dessa estrutura é a necessidade de um menor número de detectores 
comparado aos equipamentos de quarta geração. Além disso, houve uma evolução tecnológica que 
possibilitou a redução do desalinhamento entre tubo e arco de detectores, que poderia gerar artefatos 
nas imagens, uma das desvantagens dos equipamentos de terceira geração.
Uma das principais inovações foi a incorporação de um dispositivo mecânico, os anéis deslizantes 
(em inglês, slip rings), introduzidos em 1989. O tubo de raios X necessita de um cabo de alimentação com 
alta tensão para transferir a energia elétrica necessária à produção de raios X. Porém o comprimento do 
cabo limitava a aquisição de dados ininterrupta, sendo necessário parar completamente a rotação do tubo 
após um giro de 360º e, então, retornar 360º para realizar uma nova aquisição, de outra fatia do corpo. 
Com a tecnologia dos anéis deslizantes, a transferência de energia elétrica para uma fonte rotativa 
possibilitou a rotação contínua do tubo de raios X e o movimento contínuo da mesa sem necessidade 
de parar durante a aquisição de dados. Assim, esse dispositivo deu origem a um novo tipo de aquisição 
denominada helicoidal (BUSHONG, 2013; MAMEDE, 2019).
Na aquisição helicoidal, a mesa se movimenta sem interrupções através do gantry, enquanto o 
tubo de raios X e os detectores realizam um movimento contínuo circular de 360º. A resultante dos 
movimentos é equivalente a uma hélice ou trajetória helicoidal. Alguns autores utilizam o termo espiral, 
porém a forma geométrica que mais se assemelha ao movimento é a de hélice (BUSHONG, 2013). 
Também pode ser chamada aquisição volumétrica, por adquirir dados de atenuação ao longo de todo o 
comprimento da região anatômica de interesse, e, portanto, fornecer informações volumétricas. Por sua 
vez, os dados volumétricos são importantes para formar imagens mais fidedignas nas MPR, como cortes 
coronais, sagitais, oblíquos e tridimensionais (BONTRAGER; LAMPIGNANO, 2015).
Trajetória da rotação 
contínua do tubo de 
raios X relativa ao 
paciente
Direção do 
deslocamento contínuo 
do paciente
Distância avançada 
pela mesa durante 
uma rotação
Figura 80 – Esquema ilustrativo da aquisição helicoidal
Adaptada de: https://bityli.com/hALasvH. Acesso em: 9 jul. 2021.
135
IMAGENOLOGIA
 Observação
Na aquisição helicoidal, o tubo de raios X e os detectores realizam 
um movimento circular contínuo de 360º e, ao mesmo tempo, ocorre um 
deslocamento horizontal da mesa, em velocidade constante, através 
do gantry.
Outra tecnologia de destaque foi a incorporação de múltiplas fileiras de detectores em equipamentos 
baseados na plataforma de terceira geração. Os equipamentos com essa tecnologia são chamados 
tomógrafos multidetectores e recebem outras nomenclaturas, como multicortes, multifileiras e, do 
inglês, multislice. O arco de detectores possui várias fileiras ou canais e o feixe de radiação aplicado 
é um pouco menos fino, o que possibilita adquirir dados de diversas fatias simultaneamente durante 
uma única rotação do tubo. Em 1992, surgiu o primeiro tomógrafo multidetector com duas fileiras de 
detectores, ou seja, era possível adquirir dados de duas fatias do corpo ao mesmo tempo. Em 1998, teve 
início a comercialização dos primeiros tomógrafos multidetectores com quatro fileiras de detectores. Em 
2002, o número aumentou para 16 fileiras de detectores. Atualmente, a maior parte dos centros clínicos 
possuem equipamentos com 64 ou 128 canais adjacentes. Há, inclusive, tomógrafos capazes de adquirir 
320 cortes por rotação do tubo de raios X (BONTRAGER; LAMPIGNANO, 2015; FERNANDES; CURY, 2015).
Corte 
escaneado
Eixo Z Eixo ZB)A)
Figura 81 – Arcos detectores: A) única fileira ou single slice (única fatia), isto é, adquire um corte por 
rotação do tubo; B) multidetectores (multislice) com quatro fileiras, ou seja, permite adquirir quatro 
fatias por rotação do tubo
Adaptada de: Goldman (2008).
136
Unidade II
A associação entre a tecnologia dos equipamentos helicoidais e a incorporação das múltiplas fileiras 
de detectores trouxe inúmeras vantagens à TC.
Uma das desvantagens dos equipamentos helicoidais single slice é o superaquecimento do tubo de 
raios X, que inviabiliza varreduras de grande extensão, como abdome-pelve, e aquisição de cortes mais 
finos, como de 3 mm, necessários nas MPR (GOLDMAN, 2008). Nos tomógrafos multidetectores, há 
menor aquecimento do tubo devido ao maior aproveitamento do feixe de radiação, ao menor número 
de rotações no tubo e à possibilidade de redução da corrente (mA).
Outras vantagens dos multidetectores são a diminuição do tempo de varredura e menos artefatos 
causados por movimento. Os movimentos voluntários do paciente podem ser controlados através de 
orientação antes do exame e com a utilização de acessórios de posicionamento para maior conforto. 
Quanto menos tempo o paciente permanecer na mesa de exames, menor a possibilidade de se movimentar.
O corpo humano ainda realiza movimentos involuntários, como os batimentos cardíacos e o 
peristaltismo, que podem gerar artefatos nas imagens. A respiração, embora automática e involuntária, 
pode ter sua frequência controlada voluntariamente até certo limite. A varredura na região do tórax 
exige menor tempo de exame por causa dos batimentos cardíacos e dos movimentos respiratórios. Com 
a redução no tempo de varredura, um número maior de imagens dos cortes é obtido em uma única 
apneia. A velocidade maior no exame diminui os artefatos gerados por peristaltismo (GEBRIN, 2004; 
BONTRAGER; LAMPIGNANO, 2015).
O melhor aproveitamento do feixe de radiação possibilita, ainda, a obtenção de cortes finos, inclusive 
de espessura submilimétrica. Alguns exames necessitam de cortes finos para melhor visualização de 
detalhes e de estruturas pequenas, como, por exemplo, da orelha interna. Além disso, cortes finos 
permitem a obtenção de um número maior de dados no eixo longitudinal do paciente, chamado eixo z. 
Essa propriedade proporciona maior resolução espacial nas MPR e, consequentemente, maior qualidade 
das imagens em planos além do transversal, como os planos coronal, sagital e oblíquo, bem como 
reconstruções tridimensionais (BONTRAGER; LAMPIGNANO, 2015).
As vantagens da tomografia multislice foram importantes em várias aplicações da TC, como pesquisa 
oncológica ou trauma e análise de lesões focais nos pulmões e fígado. Contudo, o maior impacto foi na 
angiotomografia e nas imagens cardíacas (KOPP et al., 2000).
Uma avaliação adequada do coração por TC só foi possível após a introdução da TC multislice, devido 
à alta resolução e redução de artefatos causados por movimento, além de fornecer dados de calcificação 
de coronárias de forma não invasiva (KOPP et al., 2000). Ademais, a associação dos dispositivos helicoidais 
e dos multidetectores na TC foi essencial para a angiotomografia, isto é, exames de TC que avaliam 
o sistema circulatório. O menor tempo de varredura e aquisição simultânea de vários cortes permite 
que sejam realizadas angiotomografias de áreas extensas. Por exemplo, o mapeamento de artérias e 
veias em um segmento corporal de grande extensão como o abdome é importante na avaliação de 
vasos sanguíneos que nutrem tumores e também para o planejamento pré-cirúrgico (GEBRIN, 2004; 
BONTRAGER; LAMPIGNANO, 2015).
137
IMAGENOLOGIA
No que diz respeito à avaliação de perfusão miocárdica por TC, os tomógrafos multislice possibilitaram, 
ainda, a redução da quantidade de meio de contraste. Os meios de contraste podem causar algumas 
reações adversas associadas ao maior volume administrado por via intravascular (IV). Um menor volume 
de contrastepode reduzir a ocorrência de efeitos indesejados. Além do mais, os tomógrafos multislice 
possibilitaram a redução de dose de radiação. A dose média de radiação em um exame cardíaco em 
tomógrafo com 320 fileiras de detectores é de 5,4 mSv, enquanto em um tomógrafo de 64 fileiras pode 
chegar a 16,8 mSv (FERNANDES; CURY, 2015).
Portanto podemos resumir as vantagens do uso de tomógrafos multidetectores em:
• menor aquecimento do tubo de raios X;
• possibilidade de redução na dose de radiação;
• menor tempo de varredura;
• menor tempo de permanência do paciente na mesa de exames;
• redução de artefatos de peristaltismo;
• equipamentos multidetectores associados à aquisição helicoidal possibilitam reconstruções 
multiplanares mais fidedignas e obtenção de várias secções em uma única apneia, fundamentais 
em exames de tórax e cardíacos;
• obtenção de cortes finos e melhor resolução espacial;
• foi fundamental para o desenvolvimento da angiotomografia;
• redução da dose de meio de contraste.
5.4 Fatores técnicos
Os exames de TC possuem protocolos com parâmetros específicos para aquisição das imagens 
dependendo da região do corpo, do órgão ou das características do paciente (pediátrico, adulto, entre 
outros). Esses parâmetros, também chamados fatores técnicos, influenciam na qualidade da imagem, 
no tempo de exame e na dose de radiação. Geralmente, esses protocolos ficam armazenados no 
software a partir da instalação no serviço, e o executor seleciona o protocolo adequado para o exame 
(MAMEDE, 2019).
5.4.1 Tensão, corrente e tempo de rotação
O tubo de raios X necessita de uma tensão na ordem de kV para a produção da radiação. Geralmente, 
os tomógrafos operam em quatro níveis de tensão, que podem variar de 80 kV a 140 kV, dependendo 
do fabricante. Por exemplo, nesse caso, haveria quatro opções de kV para os protocolos: 80 kV, 100 kV, 
138
Unidade II
120 kV e 140 kV. Valores mais altos de kV são necessários em regiões do corpo com maior densidade 
ou espessura, tais como crânio e abdome, cujos protocolos incluem, normalmente, tensão de 120 kV. Já 
para regiões menos espessas, como membros, pode-se aplicar uma tensão de 80 kV (MAMEDE, 2019).
A corrente no tubo, medida em miliamperagem (mA), determina a quantidade de elétrons que se 
deslocam do cátodo ao ânodo. Enquanto a tensão determina a qualidade do feixe de radiação, a corrente 
está relacionada à quantidade de radiação, ou seja, o fluxo de fótons que incidem sobre o paciente. 
O nível de fluxo ou intensidade da radiação depende de muitos fatores, como as características dos 
tecidos (espessura e densidade) e a velocidade de rotação do tubo (MAMEDE, 2019). Assim, deve-se 
variar a corrente em mA, conforme o tamanho do paciente e/ou a parte do corpo a ser escaneada. 
Protocolos de crânio e abdome geralmente possuem valores mais altos de mA, enquanto protocolos 
de tórax apresentam valores menores.
Equipamentos modernos possuem controle automático de exposição (AEC, do inglês, automatic 
exposure control), que modula a corrente (mA) conforme a espessura da fatia irradiada. Esse dispositivo 
pode ser usado para reduzir a exposição do paciente à radiação.
Além disso, deve-se ter atenção ao tamanho do paciente. Para adquirir imagens com qualidade 
de indivíduos com elevado IMC, normalmente é necessário aumentar kV e mA. No caso de protocolos 
pediátricos, depende da idade da criança, peso e altura, mas, de maneira geral, os valores de kV e mA são 
os mais baixos possível.
O tempo de rotação (no inglês, rot time) é definido como o tempo que o tubo leva para dar uma 
volta completa no gantry ao redor do paciente. Alguns aparelhos possuem tempo mínimo de 0,5 s ou 
até menos. Tempos curtos são importantes em exames cardíacos e de tórax, para reduzir os artefatos 
causados pelo movimento dessa região. O tempo de varredura de um segmento corporal pode variar 
em função do tempo de rotação, que quanto menor, menor o tempo de varredura. A corrente total 
no tubo (mAs) também é influenciada pelo tempo de rotação, devido ao fluxo de fótons que atingem 
os detectores. Ao aumentar o tempo de rotação, diminui-se o fluxo de fótons nos detectores. Para 
manter o tempo curto e o fluxo de fótons que chegam aos detectores, pode-se aumentar a corrente 
(MAMEDE, 2019).
5.4.2 Espessura e incremento
A espessura do feixe de radiação está relacionada ao tamanho ou à espessura do corte, que quanto 
menor, mais detalhes podem ser observados. Em geral, reduzir a espessura de corte exige o aumento 
da corrente total no tubo (mAs) para reduzir o ruído, implicando um aumento de dose de radiação. A 
medida de espessura nos exames varia normalmente entre 1 mm e 10 mm, mas os aparelhos podem 
chegar até a espessura mínima de 0,5 mm (MAMEDE, 2019).
Nos tomógrafos multislice, a espessura é definida como o produto entre a espessura de corte pelo 
número de fileiras. Em um aparelho de 64 canais, são obtidos, simultaneamente, 64 cortes. Caso cada 
fatia seja definida com 1 mm de espessura, a espessura do feixe de radiação será de 64 mm. Se a 
espessura da fatia for de 0,5 mm, a espessura do feixe será de 32 mm. Quanto mais fina a espessura da 
139
IMAGENOLOGIA
fatia, mais tempo levará para fazer a varredura de toda a região de interesse, pois será necessário um 
número maior de imagens (MAMEDE, 2019).
O incremento, também chamado passo do tubo, é a distância entre um corte e outro na varredura. 
Nos equipamentos helicoidais, o incremento é o deslocamento da mesa quando o tubo dá a volta 
completa ao redor do paciente. Para um bom diagnóstico, nem sempre é necessário obter dados de todas 
as fatias adjacentes. Se na varredura de um segmento de 20 cm de comprimento, optar-se por adquirir 
fatias de 1 mm, podem ser geradas até 200 imagens. No entanto, caso seja utilizado um incremento de 
1 mm, o número de imagens será reduzido para 100.
Incremento Espessura
Figura 82 – Espessura e incremento na aquisição sequencial e helicoidal
5.4.3 Pitch
O pitch é definido como a relação entre velocidade de deslocamento da mesa (medida em milímetros 
por segundo) e a colimação do corte (medida em milímetros) em uma volta completa ao redor do 
paciente. Esse parâmetro tem importância na aquisição helicoidal. Pode-se representar o pitch pela 
seguinte equação:
Pitch
Deslocamento da mesa por rota
Co a de um cor
= ção
çãolim tte
 (12)
Na aquisição single slice (única fileira ou canal), a colimação de um corte determina a espessura 
do feixe e é igual à espessura da fatia a ser irradiada. Na aquisição multislice, a colimação do corte ou 
espessura do feixe é dada pela multiplicação da espessura da fatia pelo número de canais/fileiras que 
estão sendo utilizados.
140
Unidade II
Em TC single slice, caso a colimação do feixe seja de 5 mm e a mesa se movimentar 5 mm por 
rotação, o valor de pitch será:
Pitch
mm
mm
= =
5
5
1 (13)
Em TC multislice, caso a colimação do feixe seja de 5 mm, o número de canais utilizados seja 4 e a 
mesa se movimentar 20 mm (4 mm × 5 mm), o pitch será:
Pitch
mm mm
mm
mm
mm
�
�
� �
4 5
5
20
5
4 (14)
 Observação
O pitch é um importante parâmetro nas aquisições helicoidais e está 
relacionado à dose de radiação. Para determinado volume corporal, quanto 
maior o pitch, menor o tempo de exame e a aquisição será mais rápida. Se 
houver aumento de pitch sem alteração na corrente do tubo (mA), a dose 
de radiação será menor, mas poderá diminuir a resolução espacial.
5.4.4 Pixel, matriz e campo de visão (FOV)
Na TC, os dados obtidos das projeções são reconstruídos para produzir imagens digitais, formadas 
por matriz, que é um arranjo de linhas e colunas compostas de pixels. O pixel, um elemento de área 
ou bidimensional, é o menor ponto da matriz e está relacionado à visualização na tela do monitor. A 
espessura de corte ou do canal determina uma dimensão de volume para o pixel chamada voxel, um 
elemento 3D obtido durante a aquisição dos dados. O computador calcula as densidades ou valores 
de atenuação em cada unidade de voxel.Como esses valores 3D ficam armazenados na memória do 
computador, é possível reconstruir a imagem para qualquer plano desejado, como coronal ou sagital. Os 
planos axiais são os mais utilizados. Importante notar que os pixels não representam apenas a anatomia 
em 2D, mas contêm dados sobre a atenuação.
A quantidade de pixels está relacionada à resolução da imagem. Quanto maior a quantidade de pixels, 
melhor a resolução espacial e mais detalhes na imagem. Se o número de pixels for maior, haverá maior 
quantidade de linhas e colunas na matriz e o tamanho do pixel será menor. Para uma imagem padrão, 
utiliza-se matriz de 512 × 512 pixels. Para imagens com maior detalhamento ou de alta resolução, 
pode-se utilizar matriz de 1.024 × 1.024 pixels, como no caso de algumas imagens de pulmões. Quanto 
maior a matriz, maior o tempo de processamento e maior o espaço ocupado no armazenamento das 
imagens (MAMEDE, 2019).
141
IMAGENOLOGIA
 Observação
Importante notar que a resolução espacial será maior se houver um 
número maior de pixels na matriz e, portanto, o tamanho do pixel será 
menor. Um pixel com maior tamanho implica menor número de pixels na 
matriz e, portanto, a resolução será menor.
Outro parâmetro de dimensão é o campo de visão (field of view – FOV). O FOV focado permite melhor 
visualização de talhes da região de interesse. A ampliação de uma parte da imagem por zoom apenas 
aumenta o tamanho do pixel, com diminuição da resolução espacial. FOVs menores devem ser utilizados, 
por exemplo, em um exame de ouvido, que requer detalhes.
Tamanho do FOV = 35 mm
Espessura de corte
Pixel
Voxel
512
512
Matriz 512 × 512
Zoom
Com zoom, pixel 
aumenta de tamanho
Figura 83 – Esquema ilustrativo de matrizes voxel, pixel, FOV e zoom
5.4.5 Escala de Hounsfield
No início deste livro-texto, vimos que as imagens de TC são apresentadas em tons de cinza. Mas por 
que são atribuídas tonalidades de cinza às diferentes estruturas anatômicas?
Na TC, a imagem possui pixels com valores de atenuação calculados pelo computador. Os valores 
numéricos dos coeficientes de atenuação são definidos em uma escala de cinza proporcionais à densidade 
das estruturas, denominada escala de Hounsfield. Esses valores também são chamados unidades de 
Hounsfield (do inglês, Hounsfield units – HU), em homenagem a Sir Godfrey Hounsfield.
Nessa escala, o valor zero é atribuído à água. Uma estrutura menos densa será mais radiotransparente 
e uma estrutura mais densa será mais radiopaca. Os valores negativos correspondem a estruturas ou 
tecidos com densidade menor que a água, como gordura e ar. Valores positivos estão associados a 
estruturas com densidade maior que a água, como sangue, músculos e ossos. O menor valor na escala 
é –1.000 HU, atribuído ao ar.
142
Unidade II
Quadro 10 – Valores da escala de Hounsfield e aspecto 
das estruturas na imagem
Tecido ou substância Valores em unidades de Hounsfield Aspecto na imagem
Meio de contraste +100 a +1.000 Branco
Ossos +130 a +1.000 Branco
Fígado +50 a +85 Cinza-claro
Músculos +40 a +60 Cinza-claro
Substância branca +45 Cinza-claro
Substância cinzenta +40 Cinza
Sangue coagulado +80 Cinza
Sangue normal +35 a +55 Cinza
Líquido cefalorraquidiano +15 Cinza
Água 0 Cinza-escuro
Gordura –110 a –65 Cinza-escuro a preto
Pulmões –900 a –400 Cinza-escuro a preto
Ar –1.000 Preto
Adaptado de: Bontrager e Lampignano (2015, p. 701); Funari et al. (2013, p. 110).
Nas imagens de TC, há 256 tons de cinza, do preto ao branco, cujas variações são imperceptíveis 
ao olho humano, mas são detectadas pelo computador. Dependendo da região, pode-se ajustar 
determinados parâmetros para privilegiar o contraste do órgão a ser analisado (MAMEDE, 2019). As 
janelas são ajustes na imagem para discriminar estruturas na escala de cinza e incluem dois fatores: o 
nível da janela (window level – WL) e a largura da janela (window width – WW).
O WL é o ponto central de uma faixa de valores de HU selecionada e WW é a faixa de valores HU 
ao longo da qual a faixa de cor de cinza será exibida. Por exemplo, na região do tórax, poderiam ser 
utilizadas diferentes janelas, dependendo dos tecidos em análise (BRANT; HELMS, 2015):
• Janela para pulmões: o parênquima pulmonar é mais bem visualizado em uma janela para 
pulmões. Nessa janela, o WL pode ser entre –600 HU e –500 HU, e a WW, de 1.000 HU.
• Janela para tecidos moles: para diferenciar tecidos moles, pode-se utilizar uma janela com 
WL entre +20 HU e +40 HU e WW de 400 HU a 500 HU. Janelas estreitas são indicadas para a 
detecção de lesões sutis no fígado e no baço, por exemplo.
• Janela para tecidos ósseos: os ossos possuem densidade maior e, portanto, pode-se utilizar uma 
janela com WL de +400 HU a +600 HU e WW de 2.000 HU.
Abaixo do limite inferior da janela, as estruturas são visualizadas como preto, e acima do limite 
superior da janela, as estruturas são visualizadas como branco. Por exemplo, supondo que em uma 
janela para pulmões o WL é de –500 HU e a WW é de 1.000 HU, o valor central será –500 HU, o limite 
inferior na janela será –1.000 HU e o valor superior será 0 HU. Qualquer valor acima de 0 HU será 
143
IMAGENOLOGIA
visualizado como branco. Supondo uma janela para tecidos moles, cujo WL é 0 HU e WW é 400 HU, 
significa que o valor central é 0 HU, o limite inferior é –200 HU e o limite máximo é +200 HU. Valores 
inferiores a –200 HU serão visualizados como preto na imagem e valores acima de +200 HU serão 
visualizados como branco na imagem.
Por exemplo, observe na figura a seguir como, em janela para tecidos moles, o osso (vértebra) aparece 
totalmente branco, mas na janela para tecidos ósseos apenas o osso cortical é mais branco, por ser mais 
denso do que o esponjoso no interior da vértebra. A metástase pulmonar causou uma alteração na 
densidade da vértebra, apenas possível de visualizar na janela para tecidos ósseos.
A) B) 
Figura 84 – A) A janela de tecidos moles mostra a vértebra torácica branca, sem alterações; B) a janela 
para tecido ósseo mostra alteração na vértebra devido à metástase de carcinoma pulmonar
Adaptada de: Brant e Helms (2015, p. 5).
A figura a seguir (A), mostra uma janela para parênquima pulmonar, em que é possível visualizar os 
vasos sanguíneos na irrigação do pulmão. Por outro lado, na janela para tecidos moles esse detalhe é 
perdido (B).
A) B) 
Figura 85 – A) Janela para parênquima pulmonar em TC de tórax; B) janela para mediastino
Fonte: Marchiori e Santos (2015, p. 13).
144
Unidade II
As imagens digitais armazenadas no sistema PACS possibilita ao operador manipular diversos fatores 
que facilitam a visualização (brilho e contraste), bem como realizar medidas de atenuação e obtenção 
dos valores de HU, criar reconstruções de imagens em diversos planos, além de imagens 3D (BRANT; 
HELMS, 2015).
 Lembrete
Você se lembra da orientação das imagens, assunto anterior deste 
livro-texto? As imagens em cortes axiais e coronais na TC são apresentadas 
de forma que o lado direito do paciente fica no lado esquerdo da imagem.
5.5 Artefatos
Artefatos são objetos que aparecem na imagem que, na verdade, não existem, causando sua 
degradação (MOURÃO, 2015). Podem ocorrer devido à distorção em tamanho, forma ou posição e, como 
consequência, a reprodução da imagem não ocorre de maneira confiável, levando a erros no diagnóstico 
(MOURÃO, 2015; BARRETT; KEAT, 2004). É importante que o biomédico conheça os principais artefatos 
para evitar erros na realização do exame ou mesmo para melhorar as condições da imagem.
Os artefatos de estria ocorrem na presença de um objeto metálico ou de alta densidade pontiagudo, 
devido a uma limitação dos algoritmos de reconstrução que não são capazes de manipular dados de 
densidades com diferença extrema (BRANT; HELMS, 2015). Uma maneira de reduzir a possibilidade 
de ocorrência desse artefato na imagem é orientar o paciente a retirar objetos metálicos do corpo, 
como adornos (brincos, colares, relógios, piercings etc). Alguns pacientes possuem objetosmetálicos 
fixos, como clipes vasculares ou stents, obturações dentárias ou aparelhos ortodônticos fixos. Em alguns 
casos, é possível ajustar a angulação do gantry para reduzir o efeito e aplicar softwares de correção, mas 
nem sempre é possível extinguir completamente o artefato.
Os artefatos de movimento ocorrem devido à mudança de posição de estruturas durante a 
aquisição. Podem apresentar-se como uma imagem borrada ou duplicada, ou faixas entre uma 
região de baixa densidade e outra de alta densidade (BRANT; HELMS, 2015). Para evitar movimentos 
voluntários, deve-se utilizar suportes de posicionamento e imobilização, além de orientar o paciente 
antes da aquisição sobre a importância de se manter imóvel. Outra recomendação é iniciar a varredura 
na posição mais suscetível à movimentação. No caso de movimentos involuntários, como batimentos 
cardíacos, peristaltismo e respiração, recomendam-se tempos curtos de exame. Em alguns casos, é 
possível administrar betabloqueador por via endovenosa ou oral para diminuir a frequência cardíaca. 
Além disso, há softwares de correção de movimento que podem reduzir o efeito.
O artefato de endurecimento de feixe resulta de uma maior atenuação dos fótons de raios X de 
baixa energia, produzindo listras escuras na imagem (BRANT; HELMS, 2015). Pode ocorrer devido 
ao posicionamento do paciente. Por exemplo, em exames de tórax ou abdome, o paciente é 
posicionado com os braços “para cima”, em direção à cabeça, para não causar maior atenuação 
das estruturas no segmento de interesse. Porém nem sempre é possível fazer essa movimentação e 
145
IMAGENOLOGIA
os braços devem ser mantidos na lateral do corpo devido a alguma lesão no paciente ou em casos de 
pacientes politraumatizados.
A) B) 
C) 
Figura 86 – A) Artefatos em estrias (setas amarelas) pela presença de objetos metálicos (projéteis 
de arma de fogo); B) artefato por movimento (seta), simulando hematoma no baço; C) artefato de 
endurecimento de feixe (setas) causado pelo posicionamento dos braços na lateral do corpo em 
paciente com lesão que impossibilita a mobilidade
Adaptada de: Brant e Helms (2015, p. 7).
5.6 Pós-processamento de imagens em TC
A evolução dos tomógrafos teve que ser acompanhada por técnicas mais sofisticadas no 
pós-processamento de imagens. Devido à grande quantidade de imagens e dados, o pós-processamento 
é feito em workstations com softwares específicos (FUNARI et al., 2013).
As técnicas de pós-processamento dependem da obtenção de cortes finos (espessuras de até 1 mm) 
e incremento 30% menor que a espessura utilizada para não criar artefatos e garantir boa qualidade nas 
reconstruções. Nas angiotomografias, deve-se respeitar a dose adequada de contraste endovenoso e o 
tempo de fluxo de injeção (velocidade) para gerar opacidade adequada dos vasos (FUNARI et al., 2013).
As principais técnicas de pós-processamento em TC são: MPR, projeções de maior intensidade 
(maximum intensity projection – MIP), reconstrução tridimensional (volume rendering – VR) e projeção 
de mínima intensidade (minimum intensity projection – MINIP).
146
Unidade II
A técnica de MPR consiste em reformatar as imagens em diferentes orientações de planos. Na 
maior parte dos exames, a aquisição é feita no plano axial e, em alguns casos, no plano coronal (crânio, 
pés e mãos). A MPR consiste em realizar reconstruções nos mais diversos planos, importante para o 
radiologista e o médico do paciente, sendo uma das técnicas de pós-processamento mais utilizada. 
Além dos planos coronal e sagital, podem ser obtidos planos oblíquos para demonstrar estruturas, como 
corpos vertebrais e planos curvos, para demonstrar estruturas tortuosas, como vasos sanguíneos. Além 
disso, é possível visualizar a luz de uma veia ou artéria em seu maior eixo (FUNARI et al., 2013).
As técnicas MIP e MINIP consistem em aplicar a atenuação de intensidade às estruturas para 
tornar mais preciso o diagnóstico. A MINIP é utilizada para estruturas que contenham gás no interior, 
muito utilizada em tomografias de tórax para localizar nódulos ou enfisema e em colonoscopia virtual 
(colonografia tomográfica). A MIP mostra os locais de maior intensidade na imagem, como vasos 
sanguíneos realçados com meio de contraste, estruturas calcificadas, ossos e objetos metálicos (FUNARI 
et al., 2013).
Figura 87 – Colonoscopia virtual, também chamada colonografia tomográfica
Fonte: Bontrager e Lampignano (2015, p. 709).
As reconstruções 3D ou VR são utilizadas para evidenciar uma lesão e os contornos anatômicos, 
além de apresentar as estruturas em diferentes dimensões (altura, profundidade e largura), importantes 
para um planejamento cirúrgico. É possível renderizar estruturas sólidas como ossos, músculo, tendões, 
ligamentos, próteses, implantes e tumores, e estruturas contrastadas, como veias e artérias (FUNARI 
et al., 2013).
147
IMAGENOLOGIA
Figura 88 – Imagem tridimensional da aorta abdominal e seus ramos por TC de paciente com 
aterosclerose e aneurisma na aorta abdominal. O meio de contraste possibilita selecionar estruturas 
com valores altos na escala de Hounsfield e remover estruturas com valores abaixo de determinado 
limiar. A imagem 3D é montada a partir de algoritmos computacionais
Fonte: Brant e Helms (2015, p. 6).
O objetivo para o emprego dessas técnicas é mostrar o interior do corpo de maneira não invasiva, 
sem necessidade de cirurgia. Assim, é necessário que o profissional imagenologista tenha bastante 
conhecimento em anatomia e patologia do corpo humano, além de aperfeiçoamento no manuseio de 
softwares e hardwares (FUNARI et al., 2013).
5.7 Meios de contraste em TC
O meio de contraste é uma substância utilizada nos exames de diagnóstico por imagem para melhorar 
a definição das imagens obtidas. Os agentes de contraste podem ajudar na detecção de doenças precoces 
com maior precisão e fornecer informações diagnósticas relevantes. Assim, desempenham um papel 
importante para guiar, monitorar e seguir o tratamento.
Embora a TC seja conhecida por ser ótima em demonstrar a morfologia, também é possível 
realizar análises funcionais com meio de contraste. O meio de contraste é injetado em alta 
velocidade (3-5 mL/segundo) por bomba automática. Em seguida, são obtidas imagens do mesmo 
plano, acompanhando a passagem do contraste durante um período.
148
Unidade II
Na necessidade do uso do meio de contraste, o paciente deve ser informado dos riscos e efeitos 
adversos. Recomenda-se preencher um questionário específico como medida de segurança e obter 
concordância do paciente ou responsável por meio de assinatura de um termo (NÓBREGA, 2012a).
A principal desvantagem dos meios de contraste é o risco de reações adversas. De acordo com 
a etiologia, as reações podem classificadas em idiossincráticas ou não idiossincráticas. As reações 
idiossincráticas são reações anafilactoides, semelhantes às reações de hipersensibilidade ou alérgicas, e 
não estão associadas às propriedades químicas da molécula do contraste. Já as reações não idiossincráticas 
ou quimiotóxicas estão associadas às propriedades químicas do contraste, como hiperosmolalidade, 
concentração de iodo na solução, maior fluxo de injeção e dose administrada (volume/massa corporal). 
Há algumas manifestações características, porém nem todas distinguem a causa da reação e podem 
ocorrer concomitantemente. As reações podem ser, ainda, agudas, quando se manifestarem até 30 
minutos após a administração do contraste, ou tardias, se ocorrerem após 30 minutos da administração 
ou dias depois (JUCHEM et al., 2004).
Na TC, a administração do meio de contraste pode ser por diferentes vias, a depender da hipótese 
diagnóstica. As vias de administração nos exames de tomografia são IV, oral ou retal. Quanto à via IV, a 
maior parte dos exames é feita por acesso venoso periférico, enquanto a via arterial só é realizada em 
alguns casos específicos. A administração por via IV pode ser feita manualmente ou por uma bomba 
injetora com sistema computadorizado(FUNARI et al., 2013).
Os meios de contraste iodado podem ser classificados de acordo com sua osmolalidade em: 
iônicos, não iônicos e isosmolar, conforme mostrado na figura a seguir. Quando se trata da via IV, 
a propriedade da osmolalidade é de suma importância, pois está relacionada ao risco de reações 
adversas. A diferença de osmolalidade do meio de contraste e do plasma sanguíneo favorece a saída 
de fluidos do interstício para o interior do vaso. Os meios de contraste iônicos são de alta osmolalidade, 
cerca de 6 a 8 vezes maior que o plasma, e possuem maior risco de causar reações adversas. Os meios de 
contraste não iônicos possuem baixa osmolalidade, cerca de 2 a 3 vezes maior que o plasma, e possuem 
menor risco de causar reação adversa. Já o contraste isosmolar (não iônico com maior concentração 
de iodo por molécula) possui osmolalidade similar à do plasma com menor risco de reação adversa, 
porém possui maior viscosidade, o que dificulta a injeção. A viscosidade é definida como a força que 
deve ser exercida para que uma substância passe por um cateter. O aumento da temperatura diminui 
a viscosidade e, portanto, a administração de meios de contraste com alta viscosidade deve ser feita 
imediatamente após o aquecimento. A diminuição na concentração de iodo pode reduzir a viscosidade, 
mas também pode resultar em opacificação inadequada (NÓBREGA, 2012a; MAMEDE, 2019).
149
IMAGENOLOGIA
Ditrizoato de sódio 
Contraste iodado iônico
Iopamidol 
Contraste iodado não iônico
Iodixanol 
Contraste iodado isosmolar
A) B)
C)
Figura 89 – Estrutura molecular de contrastes iodado iônico, não iônico e isosmolar
Adaptada de: A) https://bit.ly/3GgqyWy; 
B) https://bit.ly/3JXwBS7; 
C) https://bit.ly/3f5z8f7. 
Acesso em: 19 nov. 2021.
O contraste IV é utilizado para o realce e a diferenciação das estruturas vasculares e para aumentar 
o contraste entre as estruturas parenquimatosas, dependendo de sua vascularização (figura a seguir). 
Além disso, permite diferenciar estruturas vascularizadas, hipovascularizadas e avascularizadas. O uso 
do contraste iodado não iônico por essa via vem progressivamente aumentando devido à diminuição na 
prevalência de reações adversas em comparação com o iônico.
150
Unidade II
A) B) 
Figura 90 – TC de metástase cerebral: A) sem meio de contraste (a, b, c indicam a presença de lesões); 
B) após administração do meio de contraste endovenoso, as lesões foram realçadas (setas)
Fonte: Henwood (2003, p. 19).
No caso da via IV, o controle do tempo é fundamental para o exame. Por exemplo, no abdome, 
decorridos 30 segundos da injeção endovenosa, o contraste irá circular predominantemente no sistema 
arterial (fase arterial). Após cerca de 70 segundos a partir da administração, o contraste circulará 
no sistema portal (fase portal). Assim, os protocolos normalmente indicam tempos fixos para iniciar 
varreduras em diferentes fases da circulação do contraste em determinado segmento corporal.
Atualmente, os tomógrafos possuem um sistema que permite desenhar uma seleção de região 
de interesse (ROI) no vaso e detectar a chegada do contraste por meio de alteração no valor de HU 
previamente determinada. As imagens são adquiridas automaticamente após a chegada do contraste no 
vaso. Essa técnica é denominada bolus tracking, smartprep ou prepmonitoring. É utilizada, principalmente, 
em angiotomografia e apresenta melhor qualidade nas imagens contrastadas.
As vias oral e retal são utilizadas em estudos do sistema digestório. Em geral, no próprio serviço de 
tomografia, o paciente deve ingerir 1 L a 1,5 L de contraste via oral 1 hora antes do exame de tomografia 
do abdome. Como preparo, o paciente deve realizar jejum de 6 horas, esvaziar a bexiga antes de receber 
o contraste via oral e não urinar mais. O contraste retal é administrado na própria sala de exames, com 
volume de 0,25 L a 0,5 L.
Em exames de tomografia, utiliza-se apenas meio de contraste iodado na via IV. No entanto, para 
as vias oral e retal há diferentes tipos de meio de contraste, como contrastes positivos e negativos ou 
neutros. Os contrastes positivos podem ser à base de iodo ou bário, enquanto os contrastes negativos 
podem ser água, soluções de manitol ou polietilenoglicol. Com os equipamentos multislice, reduziu-se 
a necessidade do meio de contraste via oral, utilizando-se, normalmente, água para distender as alças 
intestinais. Porém o contraste positivo é importante para avaliação do intestino grosso. Em alguns casos, 
151
IMAGENOLOGIA
a solução de iodo é utilizada também para avaliação do intestino delgado, por exemplo, em casos de 
fístulas em complicações pós-operatórias e em casos de pacientes com baixo IMC (menor que 21) ou 
crianças, devido à menor quantidade de tecido adiposo de fundo, que, consequentemente, torna mais 
difícil a diferenciação das estruturas ali contidas. O ar, como meio de contraste negativo, é administrado 
por via retal em exames de colonoscopia virtual por TC. A figura a seguir demonstra a diferença de 
meios de contraste em uma imagem de um exame de abdome-pelve normal de uma mulher. Observe 
a região com contraste iodado e outra região que contém ar e compare com os tons de cinza das 
estruturas ao redor.
Figura 91 – Corte axial de TC de uma paciente na altura da crista ilíaca. Observa-se a presença de ar e 
contraste iodado no intestino delgado
Fonte: Henwood (2003, p. 101).
 Observação
O meio de contraste iodado é o mais utilizado em TC devido às suas 
características farmacocinéticas: é hidrofílico, 99% é eliminado por via 
renal sem reabsorção tubular e 98% é eliminado em 24 horas. Na via IV, a 
preferência tem sido por meios de contraste iodado não iônicos; nas vias 
oral e retal, por serem mais seguras, utiliza-se contraste iônico diluído em 
água ou em soro fisiológico.
Como mencionado anteriormente, a desvantagem no uso do meio de contraste iodado é a 
manifestação de efeitos adversos, mais frequentes quando se utiliza meios de contraste iônicos. Os 
fatores de risco são:
152
Unidade II
• histórico de reações prévias ao meio de contraste iodado;
• histórico de múltiplas reações alérgicas;
• asma;
• diabetes;
• mieloma múltiplo;
• doenças cardiovasculares, como arritmias, cardiopatia isquêmica;
• feocromocitoma;
• doenças autoimunes;
• hipertireoidismo;
• tratamento com iodo;
• doença renal;
• crianças com menos de 1 ano e pacientes com mais de 60 e 70 anos;
• pacientes em uso de metformina, betabloqueadores e medicamentos nefrotóxicos.
Cerca de 98% do contraste é eliminado pelo sistema urinário em até 24 horas, quando a função renal 
é normal. Mulheres devem suspender a amamentação por 48 horas, pois nesse período a substância 
pode ser transmitida para a criança pelo leite materno.
Há medicamentos de dessensibilização para reduzir a probabilidade de reações anafilactoides, como 
corticosteroides ou anti-histamínicos, administrados antes do contraste.
Uma importante complicação é a nefropatia induzida por contraste, que pode manifestar-se 
72 horas após a administração do meio de contraste endovenoso. Pacientes com doença renal possuem 
risco de 5 a 10 vezes maior para desenvolver a nefropatia induzida por contraste (JUCHEM et al., 2004). 
Os serviços de tomografia solicitam exame de creatinina sérica recente para avaliar a função renal e, se 
for o caso, não utilizar o meio de contraste. Outras formas de prevenir esse quadro são limitar o volume 
de contraste utilizado e orientar a hidratação antes e após o exame, sendo recomendado beber em 
torno de 2 litros de água. Caso, você, aluno biomédico, passe a atuar na área, é sua função verificar se o 
paciente está em posse do exame de creatinina sérica, além de orientar a hidratação.
153
IMAGENOLOGIA
5.8 Aspectos de segurança em TC
Antes da execução da TC, é fundamental que o operador (biomédico ou tecnólogo) confira os dados 
do paciente, como pedido médico, e se há contraindicações ao exame. Essa etapa é importante em todos 
os serviços de diagnóstico porimagem. De acordo com a CNEN NN 3.10, toda e qualquer exposição à 
radiação ionizante por exames diagnósticos deve ser justificada. Assim, o exame de TC só poderá ser 
realizado mediante à apresentação do pedido médico contendo informações completas e precisas que 
devem ser conferidas (MAMEDE, 2019). Essas informações incluem:
• identificação do paciente, com nome completo, data de nascimento e número de registro na 
clínica ou no hospital;
• indicação clínica e hipótese diagnóstica que influenciam na seleção dos parâmetros técnicos e 
protocolos definidos;
• condições clínicas, como grau de mobilidade e grau de urgência, uma vez que alguns pacientes 
internados encontram-se instáveis para serem transferidos ao setor de TC e inaptos para a 
realização do exame;
• localização do paciente no hospital, se aplicável. O transporte até o setor também é relevante, 
visto que pacientes graves devem ser acompanhados por profissionais da saúde;
• o peso corporal do paciente também deve ser informado corretamente e verificado, pois a mesa 
do tomógrafo possui limite de peso (em geral, 180 kg).
Apesar de a tomografia ser útil em diversas aplicações clínicas, há contraindicações. Algumas estão 
relacionadas ao uso do contraste iodado IV em pacientes com histórico prévio de alergias e pacientes 
com insuficiência renal, como idosos e outras patologias que comprometem a função renal. Nesse caso, 
dependendo da indicação clínica e da avaliação do médico radiologista, o paciente poderá realizar o 
exame sem contraste.
Outras contraindicações estão relacionadas à exposição à radiação ionizante. Crianças e adolescentes 
são mais suscetíveis aos efeitos deletérios da radiação. No caso de pacientes grávidas, há um risco para 
o feto. Os casos devem ser discutidos pelo médico do paciente e o radiologista, além de serem avaliados 
outros métodos que não utilizam radiação ionizante, como US e RM.
Algumas condições do paciente que causam artefatos por movimento na imagem obtida consistem 
em contraindicações ao exame. Por exemplo, pacientes com distúrbios neurológicos, como doença de 
Parkinson ou outras afecções que causam movimentos involuntários, podem influenciar na qualidade 
da imagem. Casos de pacientes com dificuldade de compreensão quanto à necessidade de imobilização 
prolongada, como crianças e pacientes desorientados, devem ser discutidos quanto à necessidade de 
sedativos, ponderando a relação risco-benefício.
154
Unidade II
5.9 Etapas do exame e protocolos
De acordo com Nóbrega (2012c), as etapas em um exame de TC podem ser divididas em:
• entrevista;
• preparo do paciente;
• exame propriamente dito;
• processamento e documentação das imagens;
• análise do exame, feita pelo médico radiologista.
Na entrevista, as informações do paciente são importantes para a interpretação das imagens com 
foco no objetivo do exame. Nessa etapa, deve-se informar o paciente sobre a finalidade do exame e 
os procedimentos que serão realizados, além de aplicar um questionário para rastrear antecedentes 
alérgicos ou potenciais riscos ao meio de contraste iodado.
Na etapa do preparo, o biomédico deve verificar se o exame será realizado com ou sem contraste. 
Caso o exame não necessite do meio de contraste, a orientação básica para o paciente é manter-se 
imóvel durante o exame. Nos exames com contraste, deve-se verificar se o paciente está em jejum de, 
no mínimo, 4 horas, para evitar náuseas, vômitos e possível broncoaspiração. Essa orientação deve ser 
feita no agendamento do exame. Se o exame requer meio de contraste via oral, a administração 
terá início 1 a 2 horas antes da aquisição das imagens.
Para realizar o exame, é importante registrar os dados do paciente no console (nome, idade, gênero 
e exame) e posicioná-lo de acordo com o protocolo e o grau de mobilidade. Em seguida, seleciona-se o 
protocolo gravado no sistema operacional e o posicionamento do paciente em supino ou prona, e qual 
parte do corpo passará pela abertura do gantry antes. O quadro a seguir mostra alguns posicionamentos 
e entrada pelo gantry que são mais utilizados para determinados segmentos corporais, mas os protocolos 
podem variar de acordo com a indicação clínica.
Quadro 11 – Posicionamento do paciente e entrada pelo gantry de 
acordo com o segmento corporal de estudo
Posicionamento Exemplos de segmento corporal de estudo
Supino, cabeça passa pelo gantry antes (supine, head first) Crânio, coluna cervical, pescoço e ombro
Prona, cabeça passa pelo gantry antes (prone, head first) Mão, punho e cotovelo 
Supino, pés passam pelo gantry antes (supine, feet first) Tórax, abdome, pelve e membros inferiores
Prona, pés passam pelo gantry antes (prone, feet first) Punções lombares, algumas biópsias 
Fonte: Nóbrega (2012c, p. 291).
155
IMAGENOLOGIA
Para fazer a programação da aquisição dos cortes, uma radiografia digital é gerada no próprio 
tomógrafo para planejar o exame com a cobertura total da área de interesse. Essa imagem obtida 
é chamada topograma ou scout view, semelhante a uma imagem de aparelhos convencionais 
de raios X. O tubo e os detectores permanecem fixos, enquanto a mesa se desloca para fazer a 
aquisição de imagens. As imagens de topograma geralmente são nas incidências anteroposterior 
ou de perfil e possibilitam demarcar o início e o fim da varredura, além de visualizar a distância 
entre os cortes.
Figura 92 – Exemplo de topograma da pelve em incidência AP
Fonte: Henwood (2003, p. 100).
Após o topograma e a seleção da área de interesse, inicia-se a aquisição dos dados tomográficos ou 
voxels, ou o exame propriamente dito. Esses dados serão posteriormente manipulados e reformatados 
para apresentação da imagem nos planos de corte definidos.
Os protocolos são constituídos por parâmetros técnicos como matriz, exposição (kV e mA), tempo de 
rotação do tubo, pitch, tamanho do FOV, janelas, entre outros. Os parâmetros são definidos de acordo 
com o segmento corporal de estudo: crânio, cabeça e pescoço, coluna vertebral, tórax, abdome, pelve, 
membro superior e membro inferior. Além disso, variam conforme o tipo e o fabricante do equipamento 
e entre serviços de saúde. Geralmente, os protocolos são gravados no computador do tomógrafo logo 
após a instalação do equipamento no serviço. Assim, na rotina de exames, cabe ao operador (biomédico 
ou tecnólogo): selecionar o protocolo de acordo com o tipo de paciente e segmento corporal de estudo, 
delimitar a área de interesse no topograma e acionar o início da aquisição das imagens.
156
Unidade II
O processamento e a documentação referem-se ao tratamento das imagens e à documentação 
em filme ou arquivo em mídia (NÓBREGA, 2012c). Nessa etapa, é feita a definição dos níveis de janela. 
No pós-processamento, utilizam-se recursos como zoom, medidas por meio de ROIs e reformatações 
multiplanares. Após a aquisição, o biomédico ou tecnólogo é responsável por documentar as imagens e 
armazenar no PACS ou em CD (disco compacto).
Os quadros a seguir mostram alguns parâmetros técnicos de exames de rotina de crânio, tórax, 
abdome e pelve (CBR, 2015; MAMEDE, 2019). Os valores são sugestões do Colégio Brasileiro de Radiologia 
e Diagnóstico por imagem para equipamentos de 16 fileiras de detectores (CBR, 2015). Ressalta-se que 
esses protocolos podem variar conforme o serviço de saúde, o tipo de equipamento e o fabricante. Além 
disso, há outros exames específicos que requerem parâmetros adequados.
Quadro 12 – Principais parâmetros em TC 
para exame de rotina de crânio
Parâmetros Crânio – rotina
Tensão/corrente 120 kV, 300 mAs
Espessura de colimação Mínima possível (geralmente 1,0 mm)
Espessura de reconstrução 1 mm
Extensão de varredura Da base ao ápice do crânio
Controle da respiração Sem apneia
Fases
A maioria dos exames não requer meio de contraste. Nos exames em que o 
meio de contraste é indicado, deverá ter uma fase pré-contraste e uma fase 
pós-contraste intravascular
Janelas Tecidos moles (encéfalo), janela óssea (fraturas)
Observações Orientarpara não engolir saliva, pois gera artefatos por movimento
Fonte: CBR (2015, p. 8); Mamede (2019, p. 269).
Quadro 13 – Principais parâmetros em TC 
para exame de rotina de tórax
Parâmetros Tórax – rotina 
Tensão/corrente 120 kV, exposição automática
Espessura de colimação Mínima possível
Espessura de reconstrução 1 mm ou menos
Extensão de varredura Acima do ápice dos pulmões (supraclavicular) até glândulas suprarrenais
Controle da respiração Realizar uma única apneia na inspiração
Fases Geralmente sem contraste. Porém, em casos indicados, pode haver uma fase pré-contraste e/ou pós-contraste intravascular
Janelas Documentar janela pulmonar e mediastinal 
Fonte: CBR (2015, p. 7), Mamede (2019, p. 270).
157
IMAGENOLOGIA
Quadro 14 – Principais parâmetros em TC 
para exame de rotina de abdome e pelve
Parâmetros Abdome e pelve – rotina 
Tensão/corrente 120 kV, exposição automática
Espessura de colimação Geralmente 1,5 mm
Espessura de reconstrução 3,0 mm
Extensão de varredura
Depende da indicação clínica. Em exames de abdome superior 
e total, a varredura inicia-se acima da cúpula diafragmática. 
Para abdome superior, a varredura finaliza na altura das cristas 
ilíacas e bifurcação da aorta. Para abdome total, a varredura 
finaliza na margem inferior da sínfise púbica. Para pelve, a 
varredura inicia-se na altura das cristas ilíacas e finaliza na 
margem inferior da sínfise púbica
Controle da respiração Realizar uma única apneia na inspiração
Fases
Pré-contraste, arterial, portal, excretora ou tardia, entre outras. 
A escolha das fases dependerá da indicação clínica. Em estudos 
de cálculo renal, a fase pré-contraste pode ser suficiente 
Janelas Janela para tecidos moles 
Observações
Uso de contraste oral negativo (água, polietilenoglicol, e, em 
alguns casos, ar) ou contraste oral positivo (bário, iodo). Há 
também casos de indicação do contraste endovenoso iodado 
Fonte: CBR (2015, p. 2), Mamede (2019, p. 270).
A TC é o método de diagnóstico por imagem que oferece maior dose de radiação para a população em 
geral. A dose absorvida em um exame de TC pode corresponder à dose de 100 radiografias, no mínimo. 
O aumento de radiação nem sempre contribui para a melhora na qualidade das imagens tomográficas. 
Os protocolos de TC devem ser adaptados de forma a reduzir a exposição à radiação, principalmente 
quando se trata da população pediátrica, mais sensível aos efeitos da radiação ionizante.
 Saiba mais
Em 2007, surgiu o movimento Image Gently, dedicado a mudar a 
prática no diagnóstico por imagem na população pediátrica. Os protocolos 
pediátricos devem ter seus parâmetros ajustados para fornecer o mínimo 
de dose de radiação às crianças, pois pode afetá-las por toda a vida.
Para mais informações sobre o movimento e os protocolos pediátricos, 
acesse o site da organização:
Disponível em: https://bit.ly/3CAUhYC. Acesso em: 1º nov. 2021.
158
Unidade II
6 RESSONÂNCIA MAGNÉTICA
6.1 Histórico
Quando se fala em realizar um exame de RM, o que você imagina sobre essa tecnologia? Você sabia 
que a ideia de adquirir imagens do corpo humano com o uso da RM para diagnosticar doenças foi 
anterior à TC? Vamos conferir um pouco sobre a história da RM.
O fenômeno da ressonância magnética depende da interação dos núcleos atômicos em um campo 
magnético com ondas de radiofrequência. O primeiro cientista a estabelecer essa relação foi Isidor Isaac 
Rabi, em 1939. As partículas giram em torno de um eixo, chamado spin, com direções aleatórias. Porém, 
quando submetidos a um campo magnético externo, os spins se alinham com a direção do campo. Os 
experimentos de Rabi demonstraram que ondas de rádio ou radiofrequência mudam a orientação dos 
spins, que, ao retornarem ao estado inicial, liberam energia. Esse fenômeno foi chamado ressonância 
magnética. Os núcleos de diferentes elementos químicos comportam-se de forma específica quanto à 
força do campo magnético externo e à radiofrequência aplicada, sendo possível identificar os átomos 
por esse fenômeno.
Os achados de Rabi foram em ambiente artificial, com a submissão de um feixe de hidrogênio 
no vácuo. Em 1946, Felix Bloch (físico suíço naturalizado norte-americano) e Edward Purcell (físico 
norte-americano), trabalhando separadamente e de forma independente, desenvolveram instrumentos 
capazes de aplicar a técnica para sólidos e líquidos. Essa inovação foi um grande avanço desde os 
estudos de Rabi e de Sir Joseph Lamor, pois forneceu aos pesquisadores uma técnica com potencial para 
identificar átomos específicos que constituem uma substância química sem afetar suas propriedades 
de forma perceptível, por meio da manipulação e da análise do movimento de spins de partículas 
subatômicas. Essa descoberta rendeu o prêmio Nobel de Física, em 1952, a Bloch e a Purcell.
Em seguida, foram desenvolvidos espectrômetros de ressonância magnética nuclear (RMN), com 
aplicações na indústria e na pesquisa acadêmica. Durante décadas, a ressonância magnética foi usada 
principalmente para estudar as estruturas químicas das substâncias.
Em 1971, Raymond Damadian (médico norte-americano de ascendência armênia) publicou um artigo 
na revista Science demonstrando que tumores in vitro possuíam tempos de relaxação (parâmetros de 
ressonância magnética) mais prolongados que os de tecidos normais, motivando as pesquisas acerca 
desse fenômeno na medicina. Em 1972, Paul C. Lauterbur (químico norte-americano) também foi pioneiro 
na formação da imagem por ressonância magnética e obteve as primeiras imagens de ressonância 
magnética (HAGE; IWASAKI, 2009). A TC ensinou que era possível reconstruir uma imagem de uma fatia 
do corpo de forma não invasiva a partir de várias projeções unidimensionais. Ao introduzir gradientes 
no campo magnético, Lauterbur verificou que era possível captar uma variação na frequência e aplicar 
algoritmos para a reconstrução da imagem (MACOVSKI, 2009). 
A imagem por ressonância magnética é baseada na incidência de átomos de hidrogênio e diferenças 
no conteúdo de água nos diversos tecidos biológicos. Peter Mansfield (físico britânico) também 
159
IMAGENOLOGIA
contribuiu para as primeiras imagens clínicas por ressonância magnética, desenvolvendo métodos 
de cálculos. A codificação de fase e frequência e a transformação de Fourier consistem no método 
básico para reconstrução da imagem de RM, utilizado até hoje. Em 1978, Raymond Damadian fundou 
a corporação FONAR (de Field focused nuclear magnetic resonance), que produziu o primeiro scanner 
comercial em 1980. Em 2003, Paul C. Lauterbur e Peter Mansfield ganharam o Prêmio Nobel de Fisiologia 
e Medicina pelas descobertas que levaram à formação da imagem por ressonância magnética. Há uma 
polêmica sobre Damadian não ter recebido o prêmio Nobel compartilhado. Apenas podemos concordar 
que todos contribuíram para as descobertas sobre a ressonância magnética.
Quando a ressonância magnética foi apresentada como um método de imagem para a comunidade 
científica, a denominação foi alterada de ressonância magnética nuclear (RMN) para apenas ressonância 
magnética (RM), a fim de ganhar aceitação do público.
Por volta de 1980, teve início a fabricação de equipamentos de RM para imagem médica. Desde 
então, avanços tecnológicos em hardware e software possibilitaram a aplicação de novas sequências de 
pulso, imagens funcionais e de perfusão, que contribuem para exames mais rápidos e de fácil operação.
6.2 Princípio físico da formação da imagem
A imagem por RM se baseia no comportamento dos íons de hidrogênio ou prótons (H+) em forte 
campo magnético e ondas de rádio (radiofrequência). O fenômeno de ressonância magnética pode 
ocorrer com qualquer átomo, mas o hidrogênio foi escolhido para as imagens do corpo humano, pois é 
o átomo mais abundante, com cerca de 70% do organismo composto de água (H2O).
Os conceitos de física da RM são complexos e estão além do que este livro-texto se propõe a 
apresentar. Assim, abordaremos os conceitos mais importantes de forma simplificada.
Resumidamente,a imagem por RM depende da capacidade dos prótons em absorver e emitir 
radiofrequência quando submetidos a um campo magnético externo (MAZZOLA, 2009). Enquanto a 
TC se baseia apenas na atenuação dos raios X dependente da densidade dos tecidos, a imagem por RM 
depende de várias características dos tecidos biológicos, como a densidade de prótons e os tempos de 
relaxamento T1 e T2.
O aparelho de RM possui um magneto, um grande ímã, que gera um forte campo magnético. O campo 
magnético da Terra é de cerca de 0,6 G (gauss). Porém o campo magnético dos equipamentos de RM 
possui alta intensidade e são expressos em outra unidade de medida, Tesla (T).
1 T = 10 kG = 10.000 G
Os magnetos utilizados nos equipamentos de RM variam de 0,02 T a 3 T. Há equipamentos de 7 T para 
fins de pesquisa, como o da Plataforma de Imagem na Sala de Autópsia (Pisa), na Faculdade de Medicina 
da Universidade de São Paulo (FMUSP), embora o Food and Drug Administration (FDA), nos Estados 
Unidos, já os tenha aprovado para uso clínico. Quanto maior a potência do campo magnético, maior o 
160
Unidade II
sinal obtido e maior o detalhamento para medidas estruturais e funcionais do organismo humano. Em 
2003, o FDA aprovou o uso de equipamentos de até 8 T (HOFF et al., 2019). Outros equipamentos de 
maior potência estão em estudo, como 4 T, 8 T e 9,4 T. Por enquanto, os serviços de RM no Brasil e no 
mundo possuem, principalmente, equipamentos de 1,5 T e 3,0 T.
Equipamentos de baixa ou moderada potência (menor que 1 T) e de alta potência (maior que 1 T) 
têm suas vantagens e desvantagens. Há equipamentos com desenho aberto, uma alternativa para 
pacientes com claustrofobia ou com alto IMC. Esses equipamentos possuem um magneto permanente, 
magnetizado de tal forma que não perde o campo magnético, porém são de baixa potência (menor que 
0,3 T), que resulta em menor resolução das imagens. A maioria dos serviços possuem equipamentos 
com desenho fechado e de alta potência (1,5 T e 3,0 T), que oferecem maior qualidade de imagem e 
escaneamento mais rápido, embora sejam mais caros. Os equipamentos de alta potência possuem um 
magneto formado por solenoide, ou seja, o campo magnético é gerado por uma corrente elétrica que 
passa por anéis de arame. Esse aparelho necessita de um sistema de resfriamento, formado por hélio 
líquido a temperatura próxima do zero absoluto, isto é, cerca de –269 oC.
Exemplo de aplicação
O primeiro equipamento 7T instalado na América Latina foi um Magnetom 7T MRI, em um laboratório 
na FMUSP, conhecido pela sigla Pisa. Com um campo de maior potência, a relação sinal-ruído é maior, 
o que melhora o contraste entre os tecidos. Reflita sobre a importância desse equipamento no estudo 
de cadáveres.
Para embasar sua reflexão, é possível encontrar informações sobre a implementação do equipamento 
no link a seguir.
MARQUES, F. A morte explica a vida. Pesquisa Fapesp, n. 229, p. 14-21, mar. 2015. Disponível em: 
https://bit.ly/3BA2jiY. Acesso em: 1º nov. 2021.
Os núcleos dos átomos de hidrogênio possuem um movimento de rotação em torno do próprio eixo, 
chamado spin nuclear ou simplesmente spin. A rotação de uma partícula carregada positivamente em 
movimento comporta-se como um pequeno ímã, representado por um momento magnético, ou seja, 
um pequeno vetor com tamanho e sentido. A orientação dos spins é aleatória, porém, sob a influência 
de um campo magnético externo (B0), ocorre um alinhamento com o campo. Não é o núcleo que se 
alinha, mas, sim, o momento magnético (o sentido da rotação). A maioria dos spins, de baixa energia, se 
alinha no mesmo sentido que o campo magnético externo (sentido paralelo), enquanto uma minoria, 
de alta energia, se alinha no sentido oposto (sentido antiparalelo). Isso ocorre quando o paciente é 
colocado dentro do túnel do aparelho de RM. O resultado da somatória de vetores no sentido paralelo 
e antiparalelo é um pequeno excesso alinhado em sentido paralelo, gerando um vetor de magnetização 
efetiva (VME) do paciente (WESTBROOK; ROTH; TALBOT, 2013). A figura a seguir mostra um esquema da 
direção dos spins antes e depois de entrar no campo magnético do aparelho.
161
IMAGENOLOGIA
Spins em direções aleatórias Magneto
Norte
Sul
B0
VME
Figura 93 – Efeito do campo magnético do aparelho de RM no alinhamento dos spins. O VME 
representa a somatória dos vetores dos spins
Adaptada de: Westbrook, Roth e Talbot (2013, p. 6).
Será que isso já é suficiente para formar uma imagem por RM? A resposta é: ainda não. É preciso 
aplicar a radiofrequência. Contudo, para entender como a radiofrequência se encaixa na formação 
da imagem, precisamos nos aprofundar um pouco mais sobre o movimento dos spins. A influência 
do campo magnético externo gera um segundo movimento de rotação característico conhecido por 
precessão. Todos os spins, tanto paralelos quanto antiparalelos, realizam a trajetória precessional.
Próton
Movimento de 
processão
Momento 
magnético
B0
Figura 94 – Movimento de precessão dos momentos magnéticos quando submetidos ao campo 
magnético do aparelho (B0)
Adaptada de: Westbrook, Roth e Talbot (2013, p. 10).
162
Unidade II
A frequência precessional pode ser calculada pela equação de Larmor e depende da potência do 
campo magnético externo. A frequência de precessão também depende da razão giromagnética, que é 
característica do elemento químico. A equação a seguir representa a equação de Larmor:
ω = B0 x λ
ω = frequência precessional
B0 = potência do campo magnético
λ = razão giromagnética
A posição de cada momento magnético ou spin na trajetória precessional ao redor de B0 é 
chamada fase. Quando os spins estão em fase significa que estão na mesma posição de suas trajetórias 
precessionais. Dizer que os spins estão fora de fase significa que estão em posições diferentes da 
trajetória precessional.
Fora da fase
Em fase
Figura 95 – Spins fora de fase e em fase
Adaptada de: Westbrook, Roth e Talbot (2013, p. 14).
 Observação
Você pode imaginar o movimento de precessão como os ponteiros 
de um relógio. A fase é a posição do ponteiro em um instante de tempo, 
enquanto a frequência é o tempo de uma volta completa.
O fenômeno de ressonância magnética depende, ainda, da aplicação de um pulso de radiofrequência 
na frequência de precessão do hidrogênio, de acordo com a equação de Larmor, fornecendo energia 
para que os spins dos prótons se desviem do eixo do campo magnético B0. Como os prótons absorvem 
163
IMAGENOLOGIA
energia, podemos dizer que a radiofrequência tem função de excitar os prótons. Após o término do pulso, 
os prótons liberam a energia e retornam ao estado inicial, de forma que os spins voltem a se alinhar com 
o campo magnético principal. A liberação de energia dos prótons é captada por uma antena localizada 
em bobinas. O sinal detectado, também chamado eco, é transmitido ao computador do equipamento e 
processado por um algoritmo, produzindo a imagem anatômica.
6.3 Componentes do equipamento de RM
O equipamento de RM apresenta diversos componentes, descritos a seguir.
• Mesa: serve para posicionar o paciente e, ao contrário do que acontece na TC, a mesa não se 
movimenta durante o exame, permanecendo parada.
• Magneto: possui função de gerar o campo magnético principal, que deve ser homogêneo em 
relação ao isocentro.
• Antenas ou bobinas de radiofrequência: são responsáveis por transmitir e receber a radiofrequência.
• Sistemas gradiente do campo magnético: possibilitam a localização do corte anatômico.
• Sistema de tratamento da imagem e de informatização: reconstrução tridimensional de cada 
plano e outras reconstruções de imagem.
Gantry
Bobina de 
radiofrequência 
(ex.: crânio)
Mesa
Figura 96 – Aparelho de RM
Adaptada de : https://bityli.com/AbkUE. Acesso em: 1º ago. 2021.
164
Unidade II
O sistema gradiente é composto de pequenos ímãs, dispostos ao longo de cada eixo, responsáveis por 
gerar pequenos campos magnéticos que causam variações lineares no campo magnético principal, que 
possibilitam alocalização ou a seleção do corte. Os gradientes permitem a localização espacial do sinal 
ao longo dos eixos anatômico longitudinal e transversal por meio da codificação de fase e de frequência 
dos spins. O gradiente seleciona o corte durante o pulso de excitação, definido na programação:
• Gradiente z: cortes axiais (transversais).
• Gradiente x: cortes sagitais.
• Gradiente y: cortes coronais (frontais).
• Combinação dos gradientes: cortes oblíquos.
Esses gradientes podem variar de acordo com o fabricante (WESTBROOK; ROTH; TALBOT, 2013). Em 
alguns equipamentos, o gradiente x seleciona cortes coronais, e o y, cortes sagitais (MARCHIORI; SANTOS, 
2015). Além disso, os gradientes também podem ser utilizados na defasagem e na refasagem dos spins.
y
z
Isocentro
Interior do equipamentoVista de frente do gantry
x
Figura 97 – Eixos dos gradientes
Adaptada de: Westbrook, Roth e Talbot (2013, p. 135).
A aquisição dos dados por corte anatômico funciona um pouco diferente da TC. Na RM, em vez 
de se obter os dados de um corte por vez, são obtidos dados de todos os cortes no volume corporal de 
interesse. Durante o período de varredura, os pulsos de radiofrequência são emitidos com algumas 
repetições para coletar sinal suficiente e formar uma imagem com qualidade. Os ecos são armazenados 
temporariamente em uma matriz, com linhas e colunas, chamada espaço k. Posteriormente, os dados 
são convertidos pela transformada de Fourier em imagem. Se, por acaso, houver uma situação que crie 
artefato em dado instante da aplicação do pulso, o artefato se propagará por toda a imagem, não apenas 
em um local específico. Assim, há grande susceptibilidade de degradação da imagem por movimentos, 
como respiração e batimentos cardíacos. Atualmente, há técnicas na TC que diminuíram muito o tempo 
de aquisição e melhoraram substancialmente esse problema (MAZZOLA, 2009; BRANT; HELMS, 2015).
165
IMAGENOLOGIA
As bobinas de radiofrequência ou antenas emitem e/ou recebem pulsos (ondas) de radiofrequência 
em intervalos de tempo determinados para medir a intensidade de sinal dos tecidos da região a ser 
estudada. Podem ser transmissoras, receptoras e transceptoras (transmissoras e receptoras).
Existe uma bobina para cada região do corpo, com desenho anatômico próprio, como bobinas para 
crânio, joelho, tornozelo ou pé, ombro, punho, coluna, entre outras. Nos exames de tórax ou abdome, 
existem bobinas de superfície e bobinas de corpo inseridas dentro do próprio aparelho de RM (body coil). 
Geralmente, a emissão do pulso para excitação dos prótons é feita pela bobina de corpo, enquanto a 
detecção do eco é feita por uma bobina local, por exemplo, uma bobina de crânio (MAZZOLA, 2009). O 
desenho anatômico da bobina com maior envolvimento do órgão possibilita uma melhor captação de 
sinal e, portanto, melhora a relação sinal-ruído. As bobinas consistem em um dos componentes mais 
importantes que afetam diretamente a qualidade da imagem.
6.4 Conceitos de relaxamento e ponderação da imagem
As bobinas ficam posicionadas de forma perpendicular ao longo de todo o plano transversal do 
paciente. Para que uma corrente elétrica seja induzida na bobina e gere sinal, o vetor de magnetização 
precisa estar no plano transversal e em coerência de fase. Antes da aplicação do pulso de radiofrequência, 
o VME do paciente está posicionado no eixo longitudinal, paralelo a B0. Para trazer o VME ao plano 
transversal, um pulso de radiofrequência é aplicado. Um dos pulsos mais utilizados é o de 90º, ou seja, 
um pulso que resulta no desvio do VME em um ângulo de 90º. Outro pulso bastante utilizado é o de 
180º, conhecido como pulso de inversão, também utilizado para refasar os spins (MAZZOLA, 2009). Após 
o término do pulso de radiofrequência, o sinal decai gradualmente e retorna ao alinhamento com B0, 
devido ao relaxamento dos spins.
Plano longitudinalB0
Plano transversal
VME 
magnetização 
longitudinal
Antes da ressonância Após ressonância
VME 
magnetização 
transversal
Ao término 
do pulso, 
VME retorna 
ao eixo 
longitudinal
Plano transversal Plano transversal
Plano longitudinal
Bobina de 
radiofrequência 
não capta sinal
Bobina de 
radiofrequência 
capta sinal
Plano longitudinal
Figura 98 – Vetor de magnetização efetiva (VME) durante o processo de aplicação do pulso de 
radiofrequência e término
Adaptada de: Westbrook, Roth e Talbot (2013, p. 20).
O processo de relaxamento dos spins está relacionado com a perda de energia causada pela dissipação 
ao meio e pela interação dos spins com outros spins. Para caracterizar cada um desses processos, foram 
criadas as constantes de tempo T1 e T2 (MAZZOLA, 2009). A liberação da energia dos núcleos para o 
166
Unidade II
ambiente resulta na recuperação da magnetização longitudinal, chamada recuperação T1. A interação 
de um spin com os núcleos vizinhos resultada na perda de magnetização transversal coerente, chamada 
relaxamento T2. Importante notar que o VME se recupera quando o pulso de radiofrequência é removido. 
Ocorre o aumento do componente longitudinal de magnetização e diminuição do componente 
transversal simultaneamente (WESTBROOK; ROTH; TALBOT, 2013).
Cada substância do corpo possui uma composição molecular diferente. Assim, o tempo de relaxamento 
T1 e T2 para cada tecido biológico é diferente. O contraste na imagem de RM se baseia nos diferentes 
tempos de relaxamento dos tecidos, constituindo uma das principais vantagens da RM sobre as outras 
modalidades em diagnóstico por imagem.
Você possivelmente se lembra que, para formar a imagem, é necessário um pulso de radiofrequência. 
Dessa forma, as imagens por RM se baseiam em diversas técnicas desse tipo de aplicação. A sequência 
de pulso é o modo como se aplica a radiofrequência de forma ordenada e sincronizada para se obter 
uma resposta específica. Basicamente, consiste na combinação de pulsos de radiofrequência, coleta dos 
sinais ou ecos e períodos de recuperação (WESTBROOK; ROTH; TALBOT, 2013).
Vamos tomar como exemplo a sequência spin-echo, que é a mais básica na RM. Ela se baseia na 
aplicação de um pulso de 90º para excitar os prótons seguido de um pulso de 180º para refasar os spins 
e a leitura do sinal. Uma única sequência desses eventos não gera sinal suficiente para formar uma 
imagem. É necessário repetir essa sequência em intervalos de tempo, chamados tempo de repetição (TR). 
O TR é o intervalo de tempo entre a aplicação de um pulso de radiofrequência até a aplicação do pulso 
seguinte. O tempo entre o pulso de radiofrequência (no caso da spin-echo, pulso de 90º) e a leitura do 
eco é chamado tempo de eco (TE). Tanto TR quanto TE são medidos em milissegundos (ms) e podem ser 
selecionados pelo operador.
90º 90ºEco/sinal
Pulso de 
radioferquência
Tempo de eco (TE)
Tempo de repetição (TR)
180º 180º
Figura 99 – Diagrama de aplicação dos pulsos de radiofrequência em sequência spin-eco e 
parâmetros de TR e TE
O TR é o tempo entre a aplicação do pulso de radiofrequência até o alinhamento dos prótons 
ao campo magnético principal ou o próximo pulso de excitação. Por isso, TR controla o tempo de 
relaxamento T1. Como a leitura do eco está relacionada à magnetização no plano transversal, TE controla 
o tempo de relaxamento T2.
167
IMAGENOLOGIA
Outras sequências de pulso podem consistir de outros períodos de tempo, além de TR e TE. Apesar 
disso, TR e TE são os principais parâmetros e servirão de base para a compreensão do contraste na 
imagem de RM e das ponderações.
Para compreendermos as ponderações básicas em RM, vamos usar como exemplo dois extremos de 
contraste em RM: gordura e água (WESTBROOK; ROTH; TALBOT, 2013). Os tempos de relaxamento 
T1 e T2 da gordura são mais curtos do que da água, que receberá a descrição como T1 e T2 longos. Para 
associar tempo “curto” e tempo “longo” a valores, vamos considerar um campo magnético de 1,5 T. 
O líquido cefalorraquidiano, cuja composição é 99% água, possui T1 de 4.000 ms e T2 de 2.000 ms. 
Por outro lado, lipídeos (gordura) apresentamT1 de 260 ms e T2 de 80 ms.
 Observação
Os tempos de relaxamento de cada tecido variam conforme a potência do 
campo. Apenas observe como tempo é um parâmetro nos protocolos de RM.
Ao aplicarmos um pulso de radiofrequência, como o tempo de relaxamento T1 da gordura é menor, 
a recuperação do componente longitudinal da gordura será mais rápida do que na água contida nos 
tecidos. Após um TR mais curto do que o tempo total de relaxamento dos tecidos, o pulso seguinte 
(pressupondo um pulso de 90º) irá inclinar os componentes longitudinais tanto do vetor da água quanto 
do vetor da gordura na direção do plano transversal. Como a gordura recupera mais rapidamente a 
magnetização longitudinal, há maior magnetização transversal da gordura e, portanto, maior sinal (eco), 
aparecendo brilhante (branco) na imagem com contraste T1. A água, que possui tempo de recuperação 
mais longo, apresentará um componente transversal menor e, portanto, menor o sinal, aparecendo 
escura na imagem com contraste T1 (WESTBROOK; ROTH; TALBOT, 2013). Assim, em uma ponderação T1, 
a gordura terá mais sinal (brilhante) e a água terá menor sinal (escura).
Vetor da gordura
Vetor da água
Componentes 
longitudinais
Componentes 
transversais
Pulso de RF 
subsequente
Recuperação
Componente transversal 
da gordura maior do que 
o de água
Ponderação T1
Água → escura
Gordura → brilhante
Primeiro pulso 
de RF
Componentes 
longitudinais 
invertidos
Figura 100 – Contraste na ponderação T1
Fonte: Westbrook (2021, p. 35).
168
Unidade II
O tempo T2 está relacionado com a defasagem dos spins no plano transversal. Como o tempo T2 
da gordura é curto, o componente transversal decai mais rapidamente, perdendo sinal e aparecendo 
escura na imagem. A água possui tempo mais longo de T2 e maior componente de magnetização 
transversal em comparação à gordura. Assim, o sinal da água é grande e, portanto, aparecerá brilhante 
(WESTBROOK; ROTH; TALBOT, 2013). Essa é uma ponderação T2, com menor sinal de gordura (escura) e 
maior sinal de água (brilhante).
Grande 
componente de 
magnetização 
transversal
Pequeno 
componente de 
magnetização 
transversal
Grande 
quantidade de 
defasagem
Pequena 
quantidade de 
defasagem
Tempo
=
=
Componente transversal da água maior do 
que o de gordura
Ponderação T2
Água → brilhante
Gordura → escura
Gordura
Água
M
ag
ne
tiz
aç
ão
 tr
an
sv
er
sa
l
Figura 101 – O contraste na ponderação T2 é criado a partir da defasagem dos spins
Fonte: Westbrook (2021, p. 39).
 Observação
É importante identificar e diferenciar as imagens com ponderações 
T1 e T2, pois são as ponderações básicas para todo e qualquer exame de RM.
Como obter imagens ponderadas em T1 e T2? Uma das formas é selecionar os tempos de repetição 
e de eco. Ao selecionar TR curto (≤ 500 ms) e TE curto (≤ 20 ms), obteremos maior sinal da gordura e 
menor sinal da água. Por outro lado, TR longo (≥ 2.000 ms) e TE longo (≥ 70 ms) resultam em uma 
imagem ponderada em T2, com menor sinal da gordura e maior sinal da água. Há, ainda, a ponderação 
por densidade protônica, com TR longo (≥ 2.000 ms) e TE curto (≤ 30 ms), que favorece a diferença na 
quantidade de hidrogênio entre os tecidos, como demonstrado no quadro a seguir.
169
IMAGENOLOGIA
Quadro 15 – Valores típicos dos tempos de repetição e de eco nas 
ponderações T1, T2 e densidade protônica
TR e TE em cada ponderação T1 T2 Densidade protônica
TR (milissegundos)
“Curto”
≤ 500 ms
“Longo”
≥ 2.000 ms
“Longo”
≥ 2.000 ms
TE (milissegundos)
“Curto”
≤ 20 ms
“Longo”
≥ 70 ms
“Curto”
≤ 30 ms
Fonte: Brants e Helms (2015, p. 9).
A partir dos dados do quadro anterior, é importante notar a diferença nos tempos, se são curtos ou 
longos. Os valores em ms são aproximados e variam de acordo com a potência do campo e o fabricante, 
sendo apresentados aqui apenas como exemplo.
Em RM, utilizamos termos de acordo com a intensidade do sinal para descrever a imagem. O termo 
hipointensa significa uma imagem mais escura. Já o termo hiperintensa descreve uma imagem ou 
estrutura branca, brilhante. Há também estruturas com ausência de sinal, que aparece como uma imagem 
preta, como calcificações, área cortical óssea e vasos com fluxo rápido. Por último, há estruturas como 
músculos, o encéfalo e outras partes moles, cujo sinal é intermediário (MARCHIORI; SANTOS, 2015).
 Observação
Há outros parâmetros técnicos nos exames de RM que influenciam no 
tempo de exame e na relação sinal-ruído, como FOV, espessura de corte, 
matriz, número de excitações (NEX), ângulo de inclinação (flip angle), tempo 
de inversão (TI), entre outros. Um verdadeiro profissional, além de aprender 
a manipular esses parâmetros e o software, também analisa a imagem, 
contribuindo para o aperfeiçoamento da otimização dos protocolos. Tal 
habilidade leva tempo e experiência (WESTBROOK; ROTH; TALBOT 2013).
6.5 Principais sequências de pulso
Há várias sequências de pulso, cujas nomenclaturas variam conforme o fabricante. Apesar da variação, 
segundo o fabricante, é importante conhecer o acrônimo de algumas sequências (nome principal). 
A seguir, você pode conferir algumas sequências de pulso, suas aplicações e algumas características:
• Sequências spin-echo (SE): responsáveis pela produção de imagens ponderadas em T1, T2 e 
densidade protônica. As imagens ponderadas em T1 fornecem melhores detalhes anatômicos. As 
imagens ponderadas em T2 permitem melhor identificação de lesões patológicas e edemas.
170
Unidade II
• Sequências spin-eco múltiplos: também chamadas fast spin-echo (FSE) ou turbo spin-echo 
(TSE), baseiam-se em um trem de ecos após vários pulsos de 180º. O tempo de aquisição é bastante 
reduzido, mas pode comprometer a identificação de anormalidades na ponderação T2.
• Sequências de pulso inversão-recuperação: consistem em aplicar um tempo de inversão para 
suprimir o sinal de um tecido específico. As mais utilizadas são as sequências STIR, utilizada 
para supressão do sinal da gordura, e FLAIR, utilizada em exames do SNC por suprimir o 
sinal do líquor.
• Técnicas de saturação da gordura: o sinal da gordura é suprimido a partir do sinal 
remanescente da água.
• Sequências gradiente-eco (GRE): são sequências rápidas que minimizam artefatos por 
movimento. As sequências GRE ponderadas em T1 praticamente substituíram as sequências SE 
pelo tempo reduzido, já que a GRE utiliza ângulo de inclinação < 90º para recuperar o sinal. A 
ponderação T2* é útil na identificação de hemorragia e calcificação.
• Sequência ponderada por difusão: avalia o percurso percorrido por moléculas de água em 
determinado intervalo de tempo. Útil na avaliação de isquemia cerebral aguda, bem como na 
detecção e caracterização de tumores.
• Imagem ecoplanar: técnica de aquisição muito rápida que normalmente necessita de hardware 
específico. É a base para sequências de pulso por difusão e exames de perfusão sanguínea.
• Espectroscopia por RM: combina os métodos de imagem da RM com a capacidade de análise 
química dos tecidos, fornecendo a concentração relativa de metabólitos no tecido. Útil para casos 
de acidente vascular encefálico, estadiamento de tumores, epilepsia, depressão, esquizofrenia, 
entre diversas outras doenças.
Os protocolos de RM utilizam, no mínimo, uma sequência com ponderação T1 e uma sequência com 
ponderação T2. Sequências de pulso e outras ponderações são aplicadas dependendo da indicação 
clínica e do segmento corporal. Os protocolos variam conforme o serviço de saúde e o tipo de 
equipamento, fabricante, hardware e software disponíveis.
6.6 Meios de contraste em RM
Na RM, nem sempre as diferenças de relaxamento entre um tecido normal e patológico produzem 
variações significativas na intensidade do sinal. Assim, os meios de contraste na RM facilitam a 
localização de patologias ocultas, além de fornecer informações dinâmicas fisiopatológicas. Da 
mesma forma que a TC utiliza meio de contraste iodado, os quelatos de gadolínio são usados na RM 
para identificação de vasos sanguíneos erealce de lesões nos órgãos.
171
IMAGENOLOGIA
O princípio ativo é o elemento gadolínio (Gd), um metal pesado do grupo de terras raras (lantanídeos), 
de difícil extração de rochas. O gadolínio também é usado em componentes eletrônicos como fornos de 
micro-ondas e aparelhos de televisão. Na medicina, é utilizado apenas nas soluções para contraste nos 
exames de imagem, de uso endovenoso (ELIAS JR. et al., 2008).
Os quelatos de gadolínio possuem propriedades paramagnéticas que influenciam o campo 
magnético local e, consequentemente, diminuem o tempo de relaxamento T1 e T2 dos tecidos. Como 
o efeito no encurtamento de T1 é maior do que em T2, na prática são feitas aquisições ponderadas 
em T1 pós-contraste. Na ponderação T1, observa-se um aumento na intensidade do sinal em líquidos 
ou água presentes em tumores, em processos inflamatórios, além de realçar os vasos sanguíneos em 
comparação aos tecidos adjacentes. O meio de contraste fornece dados tanto morfológicos quanto 
fisiopatológicos. É possível delimitar o formato de uma lesão, além de compreender a hemodinâmica, ou 
seja, as características do fluxo sanguíneo até a lesão (WESTBROOK; ROTH; TALBOT, 2013).
A) 
B) C) 
Figura 102 – Exame de RM mostrando sela túrcica vazia, sem tecido hipofisário (setas): A) corte 
sagital, ponderação T1 pós-contraste; B) axial T1 com contraste; C), corte coronal FSE (fast spin-eco), 
ponderação T2
Fonte: Bancroft e Bridges (2010, n.p.).
172
Unidade II
 Observação
As imagens de RM não mostram o quelato de gadolínio propriamente 
dito, mas, sim, seu efeito sobre os tecidos adjacentes.
De acordo com a biodistribuição, os meios de contraste à base de gadolínio são classificados em 
extracelulares, intravasculares e órgão-específicos (DUTRA; BAUAB JR., 2020).
Os contrastes extracelulares possuem distribuição predominantemente no interstício ou espaço 
extracelular. Após a injeção endovenosa, as moléculas do contraste saem do meio intravascular para 
o interstício rapidamente devido à sua característica hidrofílica. Posteriormente, são excretadas 
principalmente por via renal, sendo que cerca de 99% é eliminado em 24 horas (DUTRA; BAUAB JR., 2020).
Os meios de contraste intravasculares (ou blood pool) são constituídos por macromoléculas, o que 
dificulta a passagem do meio intravascular para o interstício. Devido a essa característica, são bastante 
úteis, por exemplo, em exames de angiorressonância magnética (DUTRA; BAUAB JR., 2020).
Os agentes órgão-específicos são distribuídos para órgãos ou células específicas. Em RM, há 
contrastes hepatoespecíficos, como Primovist® (gadoxetato dissódico) e Multihance® (gadobenato 
de dimeglumina). Na estrutura molecular, foi adicionado um anel aromático lipofílico ao quelato 
hidrofílico, que possibilita a ligação com proteínas hepáticas. Assim, possuem 50% de excreção renal 
e 50% de excreção hepatobiliar pelas fezes. Devido à captação desses contrastes por hepatócitos 
normofuncionantes, é possível diferenciar a origem de lesões hepatocelulares ou não hepatocelulares 
(DUTRA; BAUAB JR., 2020).
A dose de gadolínio recomendada é de 0,1 milimol por quilograma (mmol/kg) de peso corporal, 
tanto para adultos quanto crianças. Como a maioria das soluções de gadolínio estão disponíveis na 
concentração de 0,5 M (ou 0,5 mmol/mL), nesses casos o volume de contraste ajustado por peso segue 
a concentração de 0,2 mL/kg. A concentração máxima permitida é de 0,6 mL/kg em adultos. O contraste 
Gadovist® (gadobutrol) é vendido na concentração 1 M, enquanto o contraste Primovist® é vendido na 
concentração de 0,25 M (WESTBROOK; ROTH; TALBOT, 2013; DUTRA; BAUAB JR., 2020). É fundamental 
seguir as instruções de cada fabricante, disponíveis na bula, e ficar atento quanto ao armazenamento 
correto. Em caso de qualquer evento adverso, é importante comunicar o fabricante do contraste. Além 
disso, é inadmissível injetar uma dose padrão (sempre o mesmo volume) para todos os pacientes.
 Lembrete
O volume de contraste deve ser ajustado tanto por peso corporal do 
paciente quanto pela concentração molar do agente de contraste.
173
IMAGENOLOGIA
Por ser um metal pesado, o gadolínio é muito tóxico, além de ser cumulativo no organismo, podendo 
formar depósitos em membranas celulares, proteínas de transporte e órgãos como linfonodos, ossos, 
cérebro, fígado, entre outros (WESTBROOK; ROTH; TALBOT, 2013; LANGE et al., 2021). No entanto, nos 
meios de contraste, o íon gadolínio (Gd3+) apresenta-se ligado quimicamente a moléculas quelantes. A 
palavra quelato vem do grego khele, que significa “garra”. O íon gadolínio ligado ao quelato impede os 
efeitos tóxicos no organismo quando na forma livre. É importante que o quelato tenha grande afinidade 
com o íon gadolínio, garantindo maior estabilidade da molécula e menos chances de o íon se depositar 
no organismo.
Há vários meios de contraste aprovados. As propriedades dos contrastes de gadolínio estão 
relacionadas com sua ionicidade e configuração molecular. Alguns podem ser iônicos ou não iônicos; e 
a configuração molecular pode ser linear ou macrocíclica.
Ácido gadotérico (Dotarem®)
Configuração macrocíclica
Gadodiamida (Omniscan®)
Configuração linear
A) B)
Figura 103 – Exemplos de estrutura molecular linear e macrocíclica de contrastes à base de gadolínio
Disponível em: A) https://bityli.com/vCCaP; B) https://bityli.com/xMcSb. Acesso em: 2 ago. 2021.
A incidência de reações adversas ao meio de contraste com gadolínio é relativamente baixa 
comparada ao meio de contraste iodado na TC. Reações adversas graves e reações anafilactoides são 
raras (ELIAS JR. et al., 2008). A alta osmolalidade dos contrastes de gadolínio não é uma propriedade 
de grande importância, pois são utilizados em doses bem menores que os contrastes iodados. Além 
disso, possuem baixa viscosidade, que facilita a administração endovenosa. De forma geral, os meios 
de contraste à base de gadolínio na RM são considerados mais seguros do que os meios de contraste 
iodados na TC. Porém surgiram preocupações acerca de seu uso nas últimas décadas (WESTBROOK; 
ROTH; TALBOT, 2013; DUTRA; BAUAB JR., 2020).
Em 2006, um estudo dinamarquês observou que pacientes com insuficiência renal grave apresentaram 
uma doença rara chamada fibrose sistêmica nefrogênica (GROBNER, 2006). A doença manifesta-se 
inicialmente na derme, mas depois evolui para outros sistemas, levando a óbito. Há tratamento disponível, 
mas deve ser administrado de imediato. Infelizmente, a manifestação da maioria dos sintomas ocorre 
dias ou semanas depois.
174
Unidade II
O íon gadolínio é tóxico para o organismo. A meia-vida do contraste em uma pessoa com função 
renal normal é de 90 minutos. Em pacientes com insuficiência renal, a meia-vida pode ultrapassar 
30 horas. O tempo prolongado para eliminação resulta na dissociação do íon gadolínio a partir do 
quelato, acumulando-se no organismo. Um mecanismo que leva à dissociação do íon gadolínio é a 
transmetalação, em que cátions endógenos, como Fe3+, Cu2+, Zn2+ e Ca2+, competem com Gd3+ pela 
ligação ao quelato. O processo de fibrose pode ser desencadeado por células dendríticas e macrófagos 
em resposta à presença do Gd3+. A produção de fator de crescimento transformador beta 1 (TGF-β1) 
pelas células dendríticas leva à intensificação do processo de fibrose (DUTRA; BAUAB JR., 2020; LANGE 
et al., 2021).
Em 2014, um estudo identificou depósitos de gadolínio no tecido encefálico de pacientes com 
função renal normal (KANDA et al., 2014). Posteriormente, foi verificado que esses depósitos estavam 
associados ao uso de contraste, repetidas vezes, de moléculas lineares, que são mais instáveis (RADBRUCH 
et al., 2015).
As questões de segurança vão depender da estabilidade da molécula do quelato, isto é, da facilidade 
que o gadolínio tem de se separar do quelato. As moléculas com estrutura macrocíclica são mais estáveis 
do que as moléculas lineares.
Essas preocupações levaram as agências regulatórias europeias a suspender o uso endovenosode 
alguns meios de contraste de cadeia linear, por serem de alto risco (EUROPEAN SOCIETY OF UROGENITAL 
RADIOLOGY, 2018). Recentemente, a ACR publicou uma sugestão para classificação dos meios de 
contraste à base de gadolínio de acordo com o risco de causar fibrose sistêmica nefrogênica, apresentada 
no quadro a seguir.
Quadro 16 – Classificação de risco dos agentes de contraste à base de 
gadolínio para fibrose sistêmica nefrogênica
Grupo I: contrastes associados com maior número de casos de FSN (alto risco)
Omniscan® Gadodiamida Linear, não iônico
Optimark® Gadoversetamida Linear, não iônico
Magnevist® Gadopentetato dimeglumina Linear, iônico
Grupo II: contrastes associados com poucos ou nenhum caso de FSN (baixo risco)
MultiHance® Gadobenato dimeglumina Linear, iônico
Dotarem® Ácido gadotérico Cíclico, iônico
Gadovist® Gadobutrol Cíclico, não iônico
ProHance® Gadoteridol Cíclico, não iônico
Grupo III: contrastes com dados limitados, mas que até o momento foram observados poucos ou nenhum 
caso de FSN (risco intermediário)
Primovist® ou Eovist® Gadoxetato dissódico Linear, iônico
Legenda: FSN (fibrose sistêmica nefrogênica).
Adaptado de: ACR (2020a).
175
IMAGENOLOGIA
Devido às complicações aos pacientes com insuficiência renal crônica, os serviços de RM devem 
solicitar que o paciente realize previamente a dosagem de creatinina sérica. Com o valor da dosagem, 
é possível calcular a taxa de filtração glomerular ou clearance de creatinina (mL/minuto). Se a taxa de 
filtração glomerular for igual ou maior que 60 mL/min, significa que a função renal se apresenta normal, 
o que possibilita o uso do contraste.
Outras contraindicações ao uso do contraste à base de gadolínio são gestantes e mulheres que 
estão amamentando. Em geral, recomenda-se não utilizar o contraste nesses casos. As mulheres 
que estão amamentando podem utilizá-lo desde que a amamentação seja suspensa até 24 horas 
após a injeção. O leite pode ser retirado antes da injeção em quantidade suficiente para amamentar 
a criança nesse período. Pacientes com histórico prévio de alergias e asma também apresentam maior 
risco de desenvolver reações adversas. Nesses casos, sugere-se tratamento de dessensibilização (ELIAS JR. 
et al., 2008).
Devido aos possíveis riscos que os agentes de contraste oferecem, o biomédico deve conferir o 
pedido médico e a indicação do uso do contraste. Além disso, os pacientes sempre devem ser informados 
sobre os riscos. Recomenda-se a assinatura de um termo de consentimento em concordância ou não em 
relação ao uso do contraste.
Portanto o biomédico deve ficar atento às situações de contraindicação e avaliar a taxa de 
filtração glomerular do paciente, bem como a possibilidade no uso de moléculas mais estáveis 
(estrutura macrocíclica).
 Observação
Na RM, o contraste endovenoso é a via mais utilizada. Além do contraste 
endovenoso, há contrastes de uso oral, utilizados em exames de abdome ou 
pelve, geralmente para delinear melhor a parede intestinal. São formulações 
diferentes dos meios de contraste de uso endovenoso. Algumas indicações 
menos comuns requerem o uso de contraste via endocavitária, como a via 
retal ou vaginal.
6.7 Vantagens da RM
As vantagens da RM em relação a outras modalidades de imagem, inclusive a TC, são:
• excelente resolução de contraste, com capacidade de mostrar características dos diferentes 
tecidos do corpo, principalmente de tecidos moles;
• diversas opções em promover cortes em muitos e diferentes planos, sem a necessidade de mover 
o paciente ou a mesa de exames;
• não utilizar radiação ionizante;
176
Unidade II
• o meio de contraste da RM não contém iodo. É mais seguro que a maioria dos contrastes usados 
por via intravenosa, porém ressalta-se que é extremamente tóxico para pacientes com insuficiência 
renal avançada.
A RM apresenta algumas limitações. A TC costuma ser melhor em casos de fraturas ósseas, pois a RM 
é limitada quanto a detalhes de ossos densos e calcificações. Além disso, a resolução espacial da RM é 
limitada em comparação à da TC.
Outra desvantagem é o tempo longo de exame, que acarreta maior movimentação do paciente. O 
sinal ou eco de RM é fraco, sendo necessário um tempo prolongado para obter imagens com qualidade 
(BRANT; HELMS, 2015). Um exame de RM costuma levar em torno de 15-20 minutos, em média, podendo 
chegar a 1 hora, enquanto na TC costuma levar de segundos a poucos minutos.
6.8 Aspectos de segurança em RM
O ambiente da RM oferece riscos não somente ao paciente, mas também ao acompanhante e aos 
funcionários da equipe. É essencial que o biomédico conheça os riscos presentes em um setor de RM, 
pois é ele que verificará o cumprimento das regras de segurança, garantindo o bem-estar do paciente e 
de todos os indivíduos ali presentes.
Desde a implantação da RM como uso clínico, houve vários incidentes, como queimaduras e reações 
ao contraste e casos de óbito. Por isso, é muito importante conhecer e aplicar as normas de segurança 
em RM. Em 2001, uma criança de 6 anos morreu ao ser atingida por um tanque de oxigênio não 
seguro dentro da sala de exames. Desde então, especialistas em RM se reuniram para criar um guia 
de segurança e documentos que estabelecessem diretrizes desde a instalação do equipamento até 
implementação de procedimentos de segurança. Esses documentos são revisados frequentemente e 
atualizados periodicamente. Os informes e as diretrizes podem ser consultados no site do ACR.
O manual de segurança em RM da ACR serve de base para outros documentos. No Brasil, a 
Resolução n. 330/2019 da Anvisa revoga a Portaria SVS/MS n. 453/1998 e estabelece os requisitos 
sanitários para a organização e o funcionamento de serviços de radiologia diagnóstica ou 
intervencionista, incluindo a RM, para garantir a qualidade e a segurança. Diretrizes específicas 
relativas à RM encontram-se na Instrução Normativa n. 59/2019 da Anvisa, que estabelece requisitos 
sanitários e a relação mínima de testes de controle de qualidade.
Até 2005, para determinar quando um dispositivo era considerado seguro para RM, utilizava-se o 
termo compatível com RM; quando não era seguro, era classificado como incompatível com RM. Essa 
terminologia foi modificada e atualizada para as seguintes definições: seguro para RM, não seguro 
para RM, condicional para RM. O termo condicional aplica-se a dispositivos que apresentam risco 
sob determinadas condições específicas, que dependem da potência do campo magnético, do gradiente 
e da radiofrequência. Assim, há vários níveis de classificação do que é considerado condicional para RM. 
Por exemplo, um dispositivo pode ser seguro para um campo magnético de 1,5 T, mas não para 3 T.
177
IMAGENOLOGIA
Para facilitar a identificação de equipamentos e dispositivos, foram criados símbolos e etiquetas com 
a classificação.
Segura para RM Condicional para RM Não seguro para RM
A) B) C)
Figura 104 – Símbolos de segurança para RM
Disponível em: A) https://bityli.com/utnkm; B) https://bityli.com/PxIYK; C) https://bityli.com/WtEOh. Acesso em: 19 nov. 2021.
Os riscos presentes na RM estão associados ao forte campo magnético, à radiofrequência e 
ao gradiente.
A radiofrequência pode causar os seguintes efeitos biológicos: aquecimento dos tecidos, lesões 
térmicas e, ainda, efeitos da bobina. O aquecimento do corpo pode ser medido pela taxa de absorção 
específica (SAR), que deve ser monitorada durante o exame. Como a SAR é calculada a partir do peso do 
paciente, é importante registrar o peso correto no sistema. As bobinas de radiofrequência podem causar, 
ainda, queimaduras quando o cabo forma uma alça de condução no paciente.
Os gradientes causam variações no campo magnético principal e, à medida que a corrente elétrica 
atravessa esse componente, é criado um ruído muito intenso. Os efeitos do ruído gerado incluem 
incômodo ao paciente e perda auditiva transitória ou permanente. Por isso, é obrigatório que você, 
como um biomédico operador no serviço de RM, forneça protetores na forma deplugue auricular ou 
fones de ouvido antirruído, a fim de cobrir adequadamente os ouvidos.
Ao contrário da radiofrequência e dos gradientes, o campo magnético principal (B0) é estático. 
Quanto aos efeitos biológicos, em campos abaixo de 2 T, foi observado aumento na amplitude da onda T 
no eletrocardiograma (ECG) de maneira reversível, ou seja, ao remover o paciente do campo magnético, 
o traçado do ECG volta ao normal. Esse efeito não causa lesões ou doenças, mas pode afetar a técnica 
de sincronização cardíaca (gating), especialmente em campos de alta potência. Em campos acima de 2 T 
(ou alta potência), foram relatados efeitos biológicos reversíveis, como cefaleia, fadiga, hipotensão e 
irritabilidade (WESTBROOK; ROTH; TALBOT, 2013). Ainda não se conhecem todos os efeitos biológicos 
causados pela exposição ao campo magnético, porém há questões de segurança não biológicas.
Foi comentado que os magnetos solenoides são resfriados com hélio à temperatura de –269 oC. 
Nessa temperatura, o hélio encontra-se na forma líquida comprimida. Se escapar para a atmosfera, pode 
liberar até 1 milhão de litros de gás, um processo chamado quenching, pois, ao ser liberado, o campo 
magnético se extingue rapidamente. Um quenching manual só deve ser feito em caso de risco iminente 
178
Unidade II
à vida, pois causa danos irreparáveis no equipamento. O equipamento de RM necessita de um sistema 
de escape do hélio para o ambiente externo. Caso aconteça algum dano e o hélio escape para dentro 
da sala do magneto, é importante retirar todas as pessoas ali presentes. A falta de oxigênio pode levar 
a asfixia, hipotermia e até óbito.
O campo magnético não fica restrito apenas ao interior do tubo do equipamento, mas se expande 
por todo o ambiente. À medida que se distancia do tubo, a potência do campo diminui gradativamente. 
Mesmo assim, o campo não é contido por paredes, teto ou assoalho. Existem blindagens ativas e outras 
passivas para conter o campo magnético à sala de exames ou pelo menos às zonas de segurança. O 
limite considerado seguro é a linha de 5 G. Além da blindagem do campo magnético, a sala também 
é projetada com uma blindagem de radiofrequência para que ondas eletromagnéticas externas não 
interfiram no exame.
Baseado nas diretrizes do International MR Safety Committee, a Instrução Normativa n. 59/2019 
estabelece zonas bem delimitadas para controlar o acesso ao campo magnético na sala de exames e 
evitar acidentes (BRASIL, 2019b):
• Zona I: áreas de livre acesso para qualquer pessoa.
• Zona II: área onde uma pessoa treinada controla a entrada e recebe o paciente, faz a entrevista, 
o preparo e a avaliação de compatibilidade de objetos.
• Zona III: geralmente corresponde ao vestiário e à sala de controle, com acesso restrito, pois nessa 
área podem ocorrer lesões graves e fatais devido ao risco decorrente da interação do campo 
magnético com objetos ou equipamentos ferromagnéticos.
• Zona IV: corresponde à sala de exames onde está localizado o equipamento de RM, com acesso 
somente ao paciente autorizado após triagem de segurança e funcionários autorizados.
Em alguns centros de imagem, a linha 5 G pode chegar até a zona II. Nesses casos, as entradas 
podem ser trancadas para restringir o acesso e devem estar bem sinalizadas.
Em um serviço de imagem, além de biomédicos, tecnólogos, enfermeiros e radiologistas, atuam 
também recepcionistas, funcionários da limpeza e manutenção, entre outros. Todos os funcionários 
devem receber treinamento adequado à sua função. Além disso, todos os pacientes, acompanhantes, 
visitantes e funcionários devem passar por uma triagem rigorosa antes de entrar na sala de exames. 
Geralmente, é aplicado um questionário que deve ser preenchido e documentado, além de realizada 
uma entrevista individual para confirmar os dados.
Implantes metálicos constituem um risco no ambiente de RM, pois podem causar lesões graves. 
Quando submetidos ao campo magnético, os metais podem sofrer atração, torque e aquecimento. O 
torque leva ao deslocamento e à rotação do metal; se não estiverem bem fixos, podem se movimentar 
aleatoriamente e causar lesões graves. Alguns metais podem sofrer aquecimento significativo, 
especialmente com a absorção da radiofrequência. Para evitar esses problemas, os dispositivos são 
179
IMAGENOLOGIA
testados e apresentam critérios específicos de segurança, mas há relatos de lesões cerebrais graves 
quando esses critérios não foram obedecidos.
Outro efeito da presença de metais no campo magnético é a formação de artefatos na imagem, 
comprometendo o diagnóstico. Há dispositivos considerados seguros para RM, porém, por causarem 
artefatos, podem tornar um exame inviável.
Figura 105 – Artefato devido à presença de grampos cirúrgicos com perda 
de sinal em sequência gradiente-eco
Fonte: Brown e Semelka (2008, n.p.).
As principais contraindicações absolutas à realização da RM são:
• implantes ativados elétrica, magnética ou mecanicamente, como marca-passo cardíaco, implantes 
cocleares, neuroestimulador, bombas de infusão implantáveis, estimuladores de crescimento 
ósseo, eletrodos de estimulação cardíaca e dispositivos odontológicos magneticamente ativados;
• clipes vasculares, grampos cutâneos, clipes de aneurisma ou outros clipes intracranianos;
• próteses oculares ou presença de corpos metálicos estranhos nos olhos;
• projéteis de armas de fogo ou fragmentos metálicos;
• adesivos transdérmicos que contenham metais.
180
Unidade II
Alguns dispositivos foram considerados seguros para RM, mas ainda devem ser analisados caso a 
caso (contraindicações relativas):
• stents, clipes ou grampos vasculares extracranianos não ferromagnéticos (somente depois de 
8 semanas da colocação);
• implantes, materiais e dispositivos ortopédicos não ferromagnéticos;
• estimuladores não cardíacos;
• próteses de valvas cardíacas;
• pacientes com necessidade de equipamentos de suporte à vida.
Apenas um marca-passo condicional para RM é aprovado, porém deve seguir critérios específicos 
para um exame seguro. Alguns pacientes independem do marca-passo e até podem realizar a RM. 
Contudo, os critérios para realizar exames de pacientes com esse dispositivo são vários, incluindo a 
presença do cardiologista, do radiologista e do fabricante do equipamento. Assim, a maior parte dos 
centros médicos não realizam exames em pacientes com essa condição É mais prudente considerar um 
marca-passo não seguro para RM até que se prove o contrário.
 Saiba mais
Atualmente, devido à nova classificação dos riscos em RM, alguns 
dispositivos são considerados condicionais. Constantemente, ocorre o 
desenvolvimento de dispositivos com novas especificações. Recomenda-se 
que, antes de realizar o exame, o biomédico consulte uma lista atualizada. 
É possível encontrar essa lista no link:
Disponível em: https://bit.ly/2ZUsHYe. Acesso em: 3 nov. 2021.
No caso de pacientes internados, há uma série de equipamentos que devem ser verificados antes 
de aqueles entrarem na sala de exames, como, por exemplo: maca, monitor de sinais vitais, carrinho de 
ventilação mecânica, torpedo de oxigênio, sondas, cateteres, respiradores, bomba infusora, entre outros. 
Só podem entrar na sala equipamentos considerados seguros para RM. Alguns serviços possuem 
dispositivos compatíveis e, portanto, a troca de equipamentos deve ser feita antes de entrar na sala, em 
ambiente seguro. Há relatos de óbito devido à entrada de torpedo de oxigênio não seguro para RM na 
sala de exames.
Caso o paciente não apresente nenhuma questão de segurança citada anteriormente, o biomédico 
deve verificar e orientar o paciente para que nenhum objeto ferromagnético seja levado para a sala 
de exame, tais como relógios, brincos, colares, correntes, adornos de metal para cabelo, cintos, sutiãs, 
181
IMAGENOLOGIA
celulares, cartões magnéticos, bilhetes de metrô ou quaisquer outros objetos metálicos que possam 
sofrer atração magnética.
O interior do túnel do aparelho de RM possui menor diâmetro e é mais longocomparado a 
equipamentos como TC e PET-scan. O espaço físico confinado pode limitar o exame para pacientes de 
tamanho grande, além de gerar sintomas de claustrofobia em qualquer paciente. Como alternativa, 
há possibilidade de realizar o exame com o paciente sedado, mas alguns são incapazes de tolerar. Há 
equipamentos com desenho aberto (magnetos permanentes), mas a potência do campo magnético é 
menor, diminuindo a resolução da imagem.
Até o momento, não há evidências de que exposições ao campo magnético da RM causem danos ao 
feto em desenvolvimento. Contudo, também não é possível afirmar que a RM seja totalmente segura. 
Durante o desenvolvimento embrionário, ocorre uma intensa divisão celular, especialmente no primeiro 
trimestre. Não se conhece ainda os efeitos dos campos eletromagnéticos nos processos celulares e 
fisiológicos. Assim, considera-se uma contraindicação absoluta gestantes no primeiro trimestre de 
gestação. A partir do terceiro mês de gestação, a equipe médica da paciente deve avaliar o caso e 
ponderar o risco-benefício na realização do exame.
 Saiba mais
Há casos em que a RM pode contribuir para a avaliação de anormalidades 
no feto ou na mãe que não são detectados por outros exames, como a US, 
por exemplo. Nesse caso, a RM é uma alternativa, já que é uma técnica que 
não utiliza radiação ionizante.
A RM é um exame que pode determinar, por exemplo, o grau de 
fusão dos órgãos entre dois gêmeos unidos durante a gestação. O artigo 
a seguir apresenta alguns relatos de caso e como a RM pode auxiliar no 
prognóstico fetal:
SOUZA, A. S. R. et al. Diagnóstico pré-natal de gêmeos unidos com uso 
da ressonância nuclear magnética: relato de dois casos. Rev. Bras. Ginecol. 
Obstet., v. 28, n. 7, p. 416-423, 2006. Disponível em: https://bit.ly/3wcGKE3. 
Acesso em: 3 nov. 2021.
A seguir, apresentamos mais orientações sobre segurança em RM:
• Antes de agendar o exame, verifique com o paciente se ele é portador de marca-passo ou outro 
dispositivo contraindicado. Na dúvida, pode-se realizar uma radiografia da região suspeita.
• Não esqueça de verificar se o paciente possui piercing ou outro acessório metálico.
182
Unidade II
• No caso de tatuagens, cada caso deve ser avaliado individualmente. A tatuagem pode aquecer 
durante o exame. Alguns pigmentos contêm material ferromagnético que podem causar 
queimaduras. Recomenda-se colocar uma compressa de água fria após o exame para dissipar o 
calor. Tatuagens nos olhos é uma contraindicação absoluta.
• É proibido o uso de maquiagem para realizar o exame devido à presença de pigmentos metálicos.
• Para garantir que o paciente não esteja usando objetos metálicos, forneça a ele um roupão da 
instituição e oriente-o a trocar de roupa.
• Pacientes debilitados ou em estado agitado podem não responder adequadamente a todas as 
informações necessárias. Em caso de dúvidas, não exponha esses pacientes ao campo magnético.
6.9 Exames e protocolos em RM
Um protocolo é definido como um conjunto de parâmetros selecionados no console associado ao 
posicionamento do paciente e outras condutas específicas para cada exame. Anteriormente, foram 
mencionados alguns parâmetros que compõem um protocolo de RM. De forma geral, um protocolo 
apresenta, ainda, a orientação de corte, sequência de pulso, ponderação, fases pré-contraste e/ou 
pós-contraste, saturação de um tecido, entre outros aspectos. Além disso, é necessário utilizar uma 
bobina adequada à região de estudo e realizar o posicionamento correto do paciente.
É importante imobilizar o paciente com o uso de faixas, espumas e coxins de forma que se sinta o 
mais confortável possível, para reduzir a probabilidade de movimento. Antes de começar a aquisição das 
imagens, é importante transmitir as seguintes informações:
• Informar ao paciente sobre a duração do exame, que pode variar de 20 minutos a 1 hora.
• É obrigatório fornecer os tampões ou fones de ouvido para abafar o ruído, mas é importante 
avisar que o paciente ainda poderá ouvir o barulho durante a aquisição.
• Avisar o paciente para se manter imóvel, mesmo com o barulho.
• Fornecer a campainha de alarme para o paciente apertar, caso precise se comunicar com o operador.
• Comunicar qualquer fato estranho, como calor, cefaleia, dores em geral, entre outros.
• A comunicação com o operador pode ocorrer no intervalo entre as séries.
Ao receber as informações apropriadas, os pacientes se sentem mais confortáveis para realizar o 
exame, evitando um estado de ansiedade, que é comum para todos os pacientes.
Os detalhes de todos os protocolos são extensos e não fazem parte do escopo deste livro-texto. 
Assim, apresentamos a seguir as indicações para alguns exames e algumas informações específicas.
183
IMAGENOLOGIA
6.9.1 RM de crânio
O exame é indicado para patologias isquêmicas, estudos vasculares, alterações das substâncias 
branca e cinzenta, tumores, processos inflamatórios, síndromes convulsivas, análises funcionais e 
espectroscopia.
É importante orientar o paciente para se manter imóvel e não engolir saliva.
6.9.2 RM de tórax
Esse exame é indicado para patologias cardíacas e estudos vasculares (grandes vasos da base, por 
exemplo), patologias do mediastino, tumores e alterações musculoesqueléticas.
A dificuldade nesse exame está relacionada aos movimentos respiratórios e aos batimentos 
cardíacos. A monitoração dos batimentos cardíacos pode ser feita por eletrodos, material não 
ferromagnético, como, por exemplo, carbono. A detecção de uma onda R dispara a aquisição de dados 
em uma mesma fase do ciclo cardíaco. Essa técnica é chamada gating. O sincronismo de aquisição 
com os batimentos cardíacos diminui artefatos de movimento, além de fornecer dados fisiológicos.
6.9.3 RM de coluna
O exame de coluna vertebral é dividido em: coluna cervical, coluna torácica e coluna lombossacra 
(lombar). O tempo médio do exame de cada segmento é de 20 a 40 minutos.
O exame da coluna lombar é o mais comum na rotina e apresenta alta especificidade. As vantagens 
da RM sobre a TC na análise desse segmento são: aquisição das imagens no plano sagital, abrangência 
de L1 até S1, visualização dos discos intervertebrais, visualização do cone medular e canal raquidiano 
em sequências ponderadas em T2.
As principais indicações da RM de coluna lombar são: estudo de compressão raquimedular ou raízes 
neurais por hérnia de disco, tumores, processos infecciosos e persistência de quadro após cirurgia.
6.9.4 RM de abdome
As indicações são: diagnóstico diferencial de doenças hepáticas, estudo de vias biliares 
(colangiorressonância), estudo de vias excretoras (urorressonância), estudos vasculares e da circulação 
portal, tumores, entre outras.
O paciente deve estar em jejum de 6 horas para evitar artefatos de peristaltismo. O exame deve 
ser realizado com sequências rápidas para aquisição em apneia. Além disso, deve-se utilizar a cinta 
respiratória, que é um dispositivo de sincronismo com os movimentos respiratórios, para diminuição 
de artefatos.
184
Unidade II
6.9.5 RM de joelho
As indicações para RM de joelho incluem alterações internas da estrutura articular (lesões meniscais, 
lesões dos ligamentos cruzado anterior e cruzado posterior), condromalacia da patela, tumores ósseos 
e lesões ósseas no interior da articulação.
O estudo de joelho é outro exame comum na rotina. Dependendo do serviço, o protocolo pode variar 
conforme o equipamento disponível, a potência do campo magnético, o tipo de bobina e o software. 
Apesar disso, algumas sequências são básicas e devem ser incluídas em qualquer protocolo para obter 
melhor contraste das estruturas da articulação, inclusive tendões e músculos ao redor.
Uma das principais fontes de artefato em RM de joelho é o movimento do paciente. Lembre-se que 
a imobilidade está relacionada com o conforto do paciente. Uma das formas de manter a perna imóvel 
e confortável é posicionar tanto o joelho quanto o pé do membro inferior a ser estudado com auxílio 
de coxins e espumas. Para melhorar oconforto do paciente, o joelho deve estar levemente flexionado 
dentro da bobina (cerca de 15º). No pé, pode-se utilizar um suporte em formato côncavo para encaixar 
o tornozelo, impedindo a movimentação da ponta do pé. A superfície plantar do pé deve permanecer 
perpendicular à mesa. Esse posicionamento causa uma discreta rotação dos côndilos femorais, que 
permite traçar uma reta tangente por igual no posicionamento coronal. Dessa forma, será possível uma 
melhor avaliação comparativa dos côndilos e das estruturas adjacentes.
 Resumo
A TC e a RM representam as principais áreas de atuação do profissional 
biomédico no diagnóstico por imagem. As atribuições do biomédico 
nessas duas modalidades incluem diversas etapas relacionadas à execução 
do exame, operação do equipamento, entrevista com o paciente e 
administração dos meios de contraste.
Os equipamentos de TC e RM possuem um desenho externo 
aparentemente semelhante, com gantry, mesa para o paciente, console 
e sistema de informática. Entretanto, os princípios físicos e componentes 
para a formação da imagem são distintos.
A TC utiliza radiação ionizante, cujas doses absorvidas pelos pacientes 
correspondem a várias radiografias. Os parâmetros técnicos de execução 
(kV, mA, FOV, entre outros) devem ser ajustados para manter a qualidade da 
imagem com a menor dose de radiação possível, de acordo com o princípio 
Alara. Atualmente, os equipamentos de TC utilizados são helicoidais e 
multidetectores, com opções diversas quanto ao número de fileiras.
As imagens em TC são apresentadas em tons de cinza que correspondem 
a valores na escala de Hounsfield. Esses valores estão relacionados com 
185
IMAGENOLOGIA
a capacidade de atenuação dos raios X que varia conforme a densidade 
dos tecidos biológicos. A morfologia e os contornos anatômicos são 
bem representados nas imagens de TC, porém a RM é superior na 
resolução de contraste.
A RM é o método diagnóstico que demonstra as características dos 
tecidos biológicos, principalmente de tecidos moles, tais como tendões, 
ligamentos, articulações, substâncias branca e cinzenta no SNC, entre outros.
A imagem na RM é formada pela interação entre um campo magnético 
potente e os prótons no corpo do paciente. Ao aplicar um pulso de 
radiofrequência, é possível coletar o sinal dos tecidos por uma bobina ou 
antena. O sinal é processado pelo computador e transformado em imagem. 
Há dois principais tipos de contraste nas imagens de RM chamados 
ponderação T1 e ponderação T2. De maneira geral, a ponderação T1 
apresenta a anatomia e a ponderação T2 detecta patologias.
O uso de substâncias que aumentam o contraste de determinadas 
estruturas pode melhorar significativamente o diagnóstico. Na TC, utiliza-se 
principalmente meios de contraste iodado, enquanto na RM os meios 
de contraste consistem em quelatos de gadolínio. Apesar do benefício 
diagnóstico, os meios de contraste podem causar efeitos adversos. A 
entrevista antes do exame é útil para investigar as condições do paciente e 
verificar os fatores de risco relacionados ao uso do meio de contraste.
O setor de RM envolve uma série de riscos que estão associados à 
presença do forte campo magnético. Devido à atração do magneto, objetos 
ferromagnéticos podem se tornar verdadeiros projéteis dentro da sala de RM e 
causar acidentes fatais. Além disso, implantes eletrônicos, como marca-passo, 
deixam de funcionar. É imprescindível que o biomédico como profissional 
desse setor esteja atento aos dispositivos que oferecem risco, para 
garantir a segurança de todos os indivíduos, tanto de pacientes quanto de 
funcionários e acompanhantes.
Quando não há contraindicação, a RM proporciona vantagens 
como a excelente resolução de contraste para tecidos moles sem expor 
o paciente à radiação ionizante. Por outro lado, a TC oferece melhor 
resolução para estruturas calcificadas, é um exame mais rápido, com 
abertura maior do gantry. A escolha do método cabe ao médico, porém 
o biomédico tem responsabilidade pela segurança do paciente no setor 
onde atua. É importante que o biomédico conheça as características de 
cada modalidade e, sobretudo, os riscos que cada unidade oferece para 
assegurar a saúde do paciente.
186
Unidade II
 Exercícios
Questão 1. A TC de tórax é indicada para várias situações, como, por exemplo, a caracterização de 
achados na radiografia convencional, a investigação primária de doença no tórax e a angiotomografia 
pulmonar. Além disso, a TC apresenta maior sensibilidade do que a radiografia convencional na detecção 
de lesões pulmonares pequenas, como, por exemplo, as metástases.
Observe a figura a seguir, representativa de TC de pulmão.
A) B) 
Figura 106 – Uma secção de espessura de 5 mm em exame de TC é exibida em diferentes janelas. A e B 
mostram nódulos pulmonares. Em B, é mostrada a imagem contrastada
Disponível em: https://bit.ly/3q1Xzk9. Acesso em: 16 out. 2019.
A respeito das imagens anteriores e de seus conhecimentos, avalie as afirmativas.
I – Na largura da janela, qualquer densidade maior do que o limite superior é exibida na cor branca e 
qualquer densidade abaixo do limite da janela é exibida na cor preta. Entre os dois limites, as densidades 
são apresentadas em tons de cinza.
II – O tórax, por ter, ao mesmo tempo, ar, estruturas ósseas e tecidos moles, apresenta um intervalo 
pequeno de unidades de Hounsfield.
III – A fim de não perder alguma alteração patológica nos pulmões, passou a ser prática aceita fazer 
um filme com janela para parênquima pulmonar e outro com janela para partes moles.
IV – Na figura, os nódulos pulmonares são radiotransparentes, enquanto o ar que preenche os 
alvéolos é radiopaco.
187
IMAGENOLOGIA
É correto apenas o que se afirma em:
A) I e II.
B) II e III.
C) III e IV.
D) I e III.
E) II e IV.
Resposta correta: alternativa D.
Análise das afirmativas
I – Afirmativa correta.
Justificativa: na TC, assim como na radiografia, a imagem aparece com diferentes tonalidades, que 
variam entre branco, cinza e preto. Denomina-se densidade radiológica essa variação de tonalidades do 
branco ao preto nas imagens radiografadas. Tecidos com alta densidade ou materiais com alto número 
atômico absorvem mais a radiação e aparecem como cinza mais claro ou branco na radiografia. Tecidos 
menos densos e estruturas que causam menos atenuação aparecem mais escuros.
II – Afirmativa incorreta.
Justificativa: na TC, a imagem apresenta pixels com valores de atenuação calculados pelo computador. 
Os valores numéricos dos coeficientes de atenuação são definidos em uma escala de cinza proporcionais 
à densidade das estruturas, denominada escala de Hounsfield ou unidades de Hounsfield (do inglês, 
Hounsfield units – HU). Uma vez que as estruturas presentes no tórax apresentam densidades variadas, 
o intervalo de HU é alto.
III – Afirmativa correta.
Justificativa: na janela para parênquima pulmonar, é possível visualizar os vasos sanguíneos na 
irrigação do pulmão. Por sua vez, na janela para tecidos moles, esse detalhe é perdido, mas é mais fácil 
visualizar as estruturas ósseas.
IV – Afirmativa incorreta.
Justificativa: nas radiografias, as áreas brancas são referidas como radiopacas, enquanto as regiões 
escuras são referidas como radiotransparentes. O ar e os demais gases são radiotransparentes, ou seja, 
são menos absorvidos e resultam em áreas mais escuras. Os tecidos moles e a água, por sua vez, são 
mais densos que os anteriores, mas menos densos do que os ossos. Apresentam capacidade absortiva 
188
Unidade II
semelhante e aparecem com a mesma tonalidade cinza-claro na radiografia convencional. Caso os 
nódulos tenham alto conteúdo de cálcio, eles aparecem brancos, ou seja, mais radiopacos.
Questão 2. Apesar de o processo de obtenção de imagens por RM não utilizar radiação ionizante, 
existem muitos riscos associados à realização desse exame. Acidentes graves resultaram na morte de 
pacientes e de trabalhadores em diferentes ocasiões, o que mostra a importância de se cumpriras 
normas de biossegurança.
No Brasil, a Resolução n. 330, de 20 de dezembro de 2019, estabelece os requisitos sanitários para a 
organização e o funcionamento de serviços de radiologia diagnóstica ou intervencionista, para garantir 
sua qualidade e segurança. Além disso, a Instrução Normativa n. 59, de 6 de novembro de 2019, estabelece 
requisitos sanitários e a relação mínima de testes de controle de qualidade em serviços de RM.
Com relação aos parâmetros de segurança em RM indicados nesses documentos, assinale a 
alternativa incorreta:
A) A linha de 5 G é considerada nível seguro de exposição ao campo magnético estático para o 
público em geral, considerando-se o risco de alteração no funcionamento de um marca-passo 
convencional.
B) Objetos ferromagnéticos não são permitidos dentro da sala de exames, pois eles podem se chocar 
de maneira violenta com o paciente ou com o membro da equipe.
C) Espumas isoladoras (pads) e roupas apropriadas servem apenas para o conforto do paciente 
durante o exame.
D) Pacientes portadores de implantes eletricamente ativos, como, por exemplo, marca-passos 
cardíacos, desfibriladores cardíacos, neuroestimuladores e implantes cocleares, devem ser 
questionados mesmo antes de entrar no setor de RM.
E) Devido ao ruído que o equipamento emite, é obrigatório o uso de proteção auricular pelo paciente 
e por qualquer pessoa dentro da sala durante a aquisição das imagens.
Resposta correta: alternativa C.
Análise das alternativas
A) Alternativa correta.
Justificativa: o campo magnético gerado pelo equipamento de RM não fica restrito ao interior do 
tubo do equipamento, mas se expande por todo o ambiente. À medida que se distancia do tubo, a 
potência do campo diminui gradativamente. Mesmo assim, o campo não é contido por paredes, teto 
ou assoalho. Existem blindagens ativas e outras passivas para conter o campo magnético à sala de 
exames ou, pelo menos, às zonas de segurança. O limite considerado seguro é a linha de 5 G, pois nessa 
189
IMAGENOLOGIA
densidade de fluxo magnético não há interferência com equipamentos eletricamente ativos, como os 
marcapassos.
B) Alternativa correta.
Justificativa: o efeito míssil é resultado da atração que o campo magnético estático exerce sobre 
objetos ferromagnéticos, como cadeiras de rodas, tesouras, pinças, grampos etc. Sob ação do campo 
magnético gerado pelo equipamento de RM, esses objetos são arremessados em altas velocidades, o 
que supõe importante risco para o paciente e para qualquer pessoa que possa se interpor na possível 
trajetória do objeto. Por conta desse efeito, somente deve-se permitir a entrada, na sala do aparelho, 
dos profissionais que trabalham com a RM e dos pacientes, após verificar se eles portam algum objeto 
ferromagnético.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: as espumas isoladoras servem para imobilizar o paciente, o que é essencial para a 
qualidade da imagem obtida. As roupas devem ser isentas de zíper, ganchos, botões ou qualquer outro 
objeto metálico, para evitar o efeito míssil.
D) Alternativa correta.
Justificativa: o campo magnético gerado pelo equipamento pode alterar o funcionamento de 
dispositivos elétricos, magnéticos e mecânicos. Portanto, a presença desses dispositivos, na maioria das 
vezes, exclui a possibilidade de realização do exame.
E) Alternativa correta.
Justificativa: o aparelho de RM emite ondas sonoras muito elevadas e, por esse motivo, toda a 
equipe que trabalha na sala de RM deve utilizar abafadores de som. Os pacientes estão expostos ao 
ruído por pouco tempo, mas, como prevenção, abafadores de som devem ser fornecidos a eles.