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EXERCICIO -PSICOPATOLOGIA GERAL -7 PERIODO' com você

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Exercícios Psicopatologia Geral 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 3 
 
 
Os principais campos e tipos de psicopatologia 
 
 
1. Cite e defina oito correntes da psicopatologia. 
 
 
Resposta: 
 
• Psicopatologia descritiva versus psicologia dinâmica: fundamentalmente a 
descrição das formas de alterações psíquicas, as estruturas dos sintomas, já 
para dinâmica interessa o conteúdo das vivencias, os movimentos internos de 
afetos, desejos e temores do indivíduo. 
 
• Psicopatologia médica versus psicopatologia existencial, trabalha com uma 
noção de ser humano centrada no corpo, no ser biológico como espécie natural 
e universal, assim o adoecimento mental é visto como um mau funcionamento 
do cérebro, uma desregulação, uma disfunção de alguma parte do sistema do 
aparelho biológico. 
 
 
• Psicopatologia comportamental e cognitivas versus psicopatologia psicanalítica, 
na visão comportamental o ser humano é visto como um conjunto de 
comportamentos observáveis, verificáveis que são regulados por estímulos 
específicos e gerais, bem como por suas respostas. 
 
• Psicopatologia categorial versus psicopatologia dimensional, podem ser 
compreendidas como entidades completamente individualizadas, com 
contornos e fronteiras bem demarcados, as categorias diagnosticas seriam 
espécie únicas, tal qual espécies biológicas, cuja identificação precisa 
constituiria uma das tarefas da psicopatologia. 
 
 
• Psicopatologia biológica versus psicopatologia sociocultural, enfatiza os 
aspectos cerebrais, neuroquímicos, ou neurofisiológicos das doenças e dos 
sintomas mentais, a base de todo transtorno mental consiste em alterações de 
mecanismo neurais e de determinadas aras e circuitos cerebrais. 
• Psicopatologia operacional pragmática versus psicopatologia fundamental na 
visão operacional pragmática, as definições básicas de transtornos mentais e 
sintomas são formuladas e tomadas de modo arbitrário, em função de sua 
utilidade pragmática, clínica ou orientada a pesquisa. 
 
 
 
 
 
2. Discuta as principais diferenças entre a psicopatologia médica e a existencial, 
assim como entre a psicopatologia categorial e a dimensional. 
 
Resposta: 
 
• PSICOPATOLOGIA MÉDICO-NATURALISTA: pensa a noção do homem 
centrada no corpo, no ser biológico. O adoecimento é visto como um mau 
funcionamento do cérebro, do aparelho biológico. 
• PSICOPATOLOGIA EXISTENCIAL: o doente é visto como existência singular, 
com ser singular, como ser lançado em um mundo que é histórico e humano. 
• PSICOPATOLOGIA CATEGORIAL: pensa o diagnóstico como espécies únicas, 
com fronteiras nítidas. 
• PSICOPATOLOGIA DIMENSIONAL: pensa o diagnóstico ligado a noção de 
espectro, de contínuo. 
 
3. Comente sobre as relações da psicopatologia com a psicologia geral. 
 
Resposta: A psicopatologia e a psicologia se encontram numa relação recíproca. A 
psicologia possui um significado para a psicopatologia e a psicopatologia possui um 
significado para a psicologia, aqui a psicopatologia é tida como um ramo da psicologia 
geral, nesse sentido se a psicologia é o estudo sistemático da vida psíquica normal, a 
psicopatologia deveria ser vista, então, não propriamente como uma disciplina 
autônoma, mas como uma parte ou um ramo da psicologia geral. 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 4 
 
 
A questão da normalidade e da medicalização 
 
 
1. Por que o conceito de normalidade é uma questão controversa em 
psicopatologia? 
 
Resposta: O conceito de saúde e de normalidade em psicopatologia é questão de 
grande controvérsia, sendo fundamental o questionamento permanente e aprofundado 
sobre o que seriam o normal e o patológico (Almeida Filho, 2000). Há questões 
particularmente difíceis na determinação de normalidade/anormalidade em 
psicopatologia historicamente, essas noções receberam grande carga valorativa; 
assim, definir alguém como normal ou anormal psicopatologicamente tem sido 
associado àquilo que é desejável ou indesejável, ou àquilo que é bom ou ruim. tais 
valores, mesmo que se busque esclarecer que não devam estar presentes, retornam 
quase sempre, de forma explícita ou camuflada, quando se caracteriza alguém como 
“anormal” psicopatologicamente (Duyckaerts, 1966), além disso, o comportamento e o 
estado mental das pessoas não são fatos neutros, exteriores aos interesses e 
preocupações humanas. Não se fica indiferente perante outros indivíduos, ao lidar com 
seus comportamentos, sentimentos e outros estados mentais. 
 
 
2. Cite os principais desdobramentos do conceito de normalidade nas várias áreas 
da saúde mental e da psicopatologia. 
 
 
Resposta: 
 
• Psiquiatria e psicologia legal ou forense. A determinação de anormalidade 
psicopatológica pode ter importantes implicações legais, criminais e éticas, 
podendo definir o destino social, institucional e legal de uma pessoa. A definição 
de alguém como normal psicopatologicamente significa que o indivíduo em 
questão é plenamente responsável por seus atos e deve responder legalmente 
por eles. 
 
• Epidemiologia dos transtornos mentais. Nesse caso, a definição de normalidade 
é tanto um problema como um objeto de trabalho e pesquisa. A epidemiologia, 
inclusive, pode contribuir para a discussão e o aprofundamento do conceito de 
normalidade em saúde em geral e em psicopatologia, em particular. 
 
• Psiquiatria cultural e etnopsiquiatria. Aqui, o conceito de normalidade é tema 
importante de pesquisas e debates. De modo geral, o conceito de normalidade 
em psicopatologia impõe a análise do contexto sociocultural. Aqui se exige 
necessariamente o estudo da relação entre o fenômeno supostamente 
patológico e o contexto social no qual tal fenômeno emerge e recebe este ou 
aquele significado cultural 
 
• Planejamento em saúde mental e políticas de saúde. Nessa área, é preciso 
estabelecer critérios de normalidade, principalmente no sentido de verificar as 
demandas assistenciais de determinado grupo populacional, as necessidades 
de serviços, quais e quantos serviços devem ser colocados à disposição desse 
grupo, etc. 
 
• Orientação e capacitação profissional. São importantes na definição de 
capacidade e adequação de um indivíduo para exercer certa profissão, 
manipular máquinas, usar armas, dirigir veículos, etc. – por exemplo, o caso de 
indivíduos com déficits cognitivos e que desejam dirigir veículos, pessoas 
psicóticas que querem portar armas, sujeitos com crises epilépticas que 
manipulam máquinas perigosas, entre outros casos. 
 
• Prática clínica. É muito importante a capacidade de discriminar, no processo de 
avaliação e intervenção clínica, se tal ou qual fenômeno é patológico ou normal, 
se faz parte de um momento existencial do indivíduo ou se é algo francamente 
patológico. De modo geral, são incluídas na prática clínica apenas as pessoas 
com transtornos mentais; entretanto, isso não é absoluto, pois aquelas com 
sofrimento mental significativo, sem uma psicopatologia, também podem se 
beneficiar de intervenções profissionais em saúde mental, como psicoterapia, 
arteterapia, orientação e mesmo, em certos casos avaliados individualmente e 
com cuidado, uso de psicofármacos por períodos breves 
 
 
 
 
3. Cite os principais critérios de normalidade em psicopatologia. 
 
Resposta: 
 
• Normalidade como ausência de doença. O primeiro critério que geralmente se 
utiliza é o de saúde como “ausência de sintomas, de sinais ou de doenças. 
Segundo expressiva formulação de um dos fundadores das pesquisas médicas 
de intervenção sobre a dor física, René Leriche (1879-1955), a saúde é a vida 
no silêncio dos órgãos (Leriche, 1936). Normal, do ponto de vista 
psicopatológico, seria, então, aquele indivíduo que simplesmente não é portador 
de um transtorno mental definido. 
 
• Normalidade ideal. A normalidade aqui é tomada como certa “utopia”. 
Estabelece-se arbitrariamente uma norma ideal, aquilo que é supostamente 
“sadio”, mais “evoluído”. Tal norma é, de fato, socialmente constituída e 
referendada. 
 
 
• Normalidade estatística. A normalidade estatísticaidentifica norma e frequência. 
Trata-se de um conceito de normalidade que se aplica especialmente a 
fenômenos quantitativos, com determinada distribuição estatística na população 
geral (como peso, altura, tensão arterial, horas de sono, quantidade de sintomas 
ansiosos etc.). 
 
• Normalidade como bem-estar. A Organização Mundial da Saúde (WHO, 1946) 
definiu, em 1946, a saúde como o “completo bem-estar físico, mental e social”, 
e não simplesmente como ausência de doença. É um conceito criticável por ser 
muito amplo e impreciso, pois bem-estar é algo difícil de se definir objetivamente. 
Além disso, esse completo bem-estar físico, mental e social é tão utópico que 
poucas pessoas se encaixariam na categoria saudáveis. 
• Normalidade funcional. Tal conceito baseia-se em aspectos funcionais e não 
necessariamente quantitativos. O fenômeno é considerado patológico a partir do 
momento em que é disfuncional e produz sofrimento para o próprio indivíduo ou 
para seu grupo social. 
 
• Normalidade como processo. Nesse caso, mais que uma visão estática, 
consideram-se os aspectos dinâmicos do desenvolvimento psicossocial, das 
desestruturações e das reestruturações ao longo do tempo, de crises, de 
mudanças próprias a certos períodos etários. 
 
 
• Normalidade subjetiva. Aqui, é dada maior ênfase à percepção subjetiva do 
próprio indivíduo em relação a seu estado de saúde, às suas vivências 
subjetivas. O ponto falho desse critério é que muitas pessoas que se sentem 
bem, “muito saudáveis e felizes”, como no caso de sujeitos em fase maníaca no 
transtorno bipolar, apresentam, de fato, um transtorno mental grave. 
 
• Normalidade como liberdade. Alguns autores de orientação fenomenológica e 
existencial propõem conceituar a doença mental como perda da liberdade 
existencial. Dessa forma, a saúde mental se vincularia às possibilidades de 
transitar com graus distintos de liberdade sobre o mundo e sobre o próprio 
destino 
 
4. O que é medicalização, psiquiatrização e psicologização? Quais os desafios 
dessa área de debates? 
 
 
Resposta: No campo da psicopatologia, medicalização é um conceito que se refere 
mais especificamente à transformação de comportamentos desviantes em doenças ou 
transtornos mentais, implicando geralmente a ação do controle e poder médico sobre 
as condições transformadas em entidades médicas, dessa forma foram empregados 
os termos psiquiatrização, transformação de problemas não psiquiátricos em 
psiquiátricos e psicologização, transtornos de problemas não psicológicos em 
psicológicos embora menos empregados, teriam um sentido analógico ao de 
medicalização. O desavio implica no processo ideológico e politico de rotular 
comportamentos desviantes, moralmente repreensíveis ou mal adaptados e 
transgressivos como doença, como transtorno mental e assim monitorar, regular e 
controla-los melhores ou desqualificar as pessoas por receberem tal rotulo. 
 
 
 
 
 
Capítulo 8 
A avaliação do paciente 
 
 
1. Por que é importante a avaliação da saúde física para pessoas com transtorno 
mental? 
 
 
Resposta: É muito importante, poque ele não difere, em essência daquele que deve ser 
feito em indivíduos sem patologias mentais, entretanto deve-se ressaltar que apesar 
desse aumento na frequência de doenças físicas em pessoas com TMG, as patologias 
físicas são subdiagnosticadas, não sendo adequadamente reconhecidas e tratadas 
nesses pacientes. 
 
 
 
2. Quais os principais problemas da avaliação física de pacientes com transtornos 
mentais? 
 
 
Resposta: 
 
• O clínico geral (o médico não psiquiatra, de forma geral) tende a não examinar 
adequadamente o paciente com TMG, pois ele não é “seu paciente”, é “paciente 
apenas do psiquiatra ou do psicólogo”. 
 
• O psiquiatra não realiza o exame físico do indivíduo, pois não se considera 
“médico do corpo”, mas “especialista da mente” ou “médico exclusivamente do 
psiquismo”. 
 
 
• Os pacientes com TMG têm dificuldades em acessar os serviços gerais de 
saúde. Estas podem decorrer de desorganização comportamental, dificuldades 
cognitivas ou inibição em decorrência de sintomas mentais (como ideias 
paranoides, depressão, baixa autoestima), assim como desgaste da família e 
consequente descuido com a saúde do familiar com TMG. 
 
• Os pacientes com TMG podem ter dificuldades em comunicar objetivamente 
suas queixas somáticas. 
 
 
• Os indivíduos com TMG podem não ser adequadamente ouvidos pelos médicos 
em geral, pois o estigma de “louco”, de “doente mental” ou de “paciente 
psiquiátrico” às vezes, infelizmente, invalida suas queixas somáticas para quem 
as ouve. 
 
• Há considerável preconceito contra pessoas com TMG em muitos serviços de 
saúde geral e de especialidades médicas, impedindo que essas pessoas 
recebam os cuidados devidos em saúde física. 
 
3. Cite e descreva a importância dos sinais e reflexos neurológicos ditos primitivos. 
 
Resposta: 
 
 
• Reflexo de preensão (grasping ou grasp reflex). É a resposta de flexão dos 
dedos evocada pelo contato rápido de um objeto (uma espátula ou o dedo 
indicador do examinador) com a região palmar (ou plantar) do paciente, 
respondendo este com um movimento involuntário de preensão. O grasping é 
considerado uma manifestação motora primitiva, pois é observado em recém-
nascidos e lactentes. Em adultos, o reflexo de preensão tem importante valor 
diagnóstico: sendo bilateral, é muito sugestivo de lesão ou disfunção frontal ou 
de sofrimento cerebral difuso (encefalopatias); sendo unilateral, localiza a lesão 
na área 6 de Broadman contralateral. O grasping é o mais significativo dos 
reflexos primitivos. 
 
• Reflexo de sucção. Trata-se de uma resposta primitiva à estimulação da região 
perioral com uma espátula, na qual há protusão dos lábios, desvio para o lado 
estimulado e movimentos de sucção. Esse reflexo pode ocorrer em lesões 
frontais (mas também em encefalopatias difusas). 
 
 
• Reflexo orbicular dos lábios. A percussão da área acima do lábio superior, na 
linha média, pode produzir a projeção reflexa dos lábios para a frente. A 
compressão dessa área pode desencadear uma clara projeção dos lábios, como 
se o indivíduo fizesse um bico ou focinho (snout reflex, ou reflexo do focinho). 
Embora menos específico que o grasping e o reflexo de sucção, o reflexo 
orbicular dos lábios e o snout reflex podem ser indicativos de dano cerebral 
difuso. 
 
• Reflexo palmomentual. Pelo estímulo cutâneo da eminência tenar da mão, pode-
se observar no queixo do paciente a contração do pequeno músculo do mento 
ipsilateral e sua elevação e, eventualmente, a elevação do lábio inferior 
ipsilateral à mão estimulada. Esse reflexo pode ser observado em idosos, em 
indivíduos com lesões piramidais e em quadros encefalopáticos difusos. 
 
 
4. Quais os principais exames complementares usados na prática clínica 
relacionada à psicopatologia? 
 
Resposta: Os exames complementares laboratoriais, neurofisiológicos e de 
neuroimagem também são um auxílio fundamental ao diagnóstico psicopatológico, 
particularmente na detecção de disfunções e patologias neurológicas e sistêmicas que 
produzem síndromes e sintomas psiquiátricos (ver revisão em Dalgalarrondo; Jacques 
de Moraes, 2004). Os exames laboratoriais de sangue, urina e fezes, assim como as 
biópsias e as diferentes avaliações da patologia clínica, devem ser sempre utilizados 
de acordo com a boa prática médica geral. São de particular importância na prática 
clínica diária, pela frequência com que as alterações correspondentes são encontradas: 
hemograma completo, glicemia, hormônio tireoestimulante (TSH), creatinina, dosagem 
de vitamina B12 e vitamina D e sorologias para lues, hepatites e HIV/aids. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 9 
 
A entrevista com o paciente 
 
1. Uma entrevista bem conduzida é aquela em que o profissional fala muito pouco 
e ouve pacientemente o enfermo há, contudo, certas situações que exigem 
intervenção mais ativam do entrevistador. Nesse sentido, que aspectos devem 
ser observadosao se conduzir uma entrevista? 
 
 Resposta: Do paciente, de sua personalidade, de seu estado mental e emocional no 
momento, de suas capacidades cognitivas. Às vezes, o entrevistador precisa ouvir 
muito, pois o indivíduo “precisa muito falar, desabafar, descrever seu sofrimento para 
alguém que o ouça com atenção e respeito”; outras vezes, o entrevistador deve falar 
mais para que o paciente não se sinta muito tenso ou retraído. Do contexto institucional 
da entrevista caso a entrevista se realize em pronto-socorro, enfermaria, ambulatório, 
centro de saúde, Centro de Atenção Psicossocial [CAPS], consultório particular, 
consultório de rua. Dos objetivos da entrevista (diagnóstico clínico; estabelecimento de 
vínculo terapêutico inicial; entrevista para psicoterapia, tratamento farmacológico, 
orientação familiar, conjugal, pesquisa, finalidades forenses, trabalhistas e por fim, mas 
não menos importante, da personalidade do entrevistador. Alguns profissionais são 
ótimos entrevistadores, falam muito pouco durante a entrevista, sendo discretos e 
introvertidos; outros só conseguem trabalhar bem e realizar boas entrevistas sendo 
espontaneamente falantes e extrovertidos. 
 
 
2. Ao entrevistar um paciente, que tipo de postura/atitude o entrevistador deve 
evitar? 
 
Resposta: 
 
• Posturas rígidas, estereotipadas; 
• Atitude excessivamente neutra ou fria; 
• Comentários valorativos; 
• Reações emocionais intensas de pena ou compaixão; 
• Responder com hostilidade ou agressão; 
• Entrevistas excessivamente prolixas; 
• Fazer muitas anotações durante a entrevista. 
 
 
3. Quais as “três regras de ouro” da entrevista em psicopatologia? 
 
 Resposta: 
 
• Pacientes organizados (mentalmente), com inteligência normal, com 
escolaridade boa ou razoável, fora de um “estado psicótico”, devem ser 
entrevistados de forma mais aberta, permitindo que falem e se expressem de 
maneira mais fluente e espontânea. O entrevistador fala pouco, fazendo 
algumas pontuações para que o indivíduo “conte a sua história”. 
• Pacientes desorganizados, com nível intelectual baixo, em estado psicótico ou 
paranoide, “travados” por alto nível de ansiedade, devem ser entrevistados de 
forma mais estruturada. Nesse caso, o entrevistador fala mais, faz perguntas 
mais simples e dirigidas (perguntas fáceis de serem compreendidas e 
respondidas). 
 
• Nos primeiros contatos com pacientes muito tímidos, ansiosos ou paranoides, 
deve-se fazer primeiro perguntas neutras (nome, onde mora, profissão, estado 
civil, nome de familiares etc.), para apenas então, gradativamente, começar a 
formular perguntas “mais quentes” (às vezes, constrangedoras para o 
indivíduo), como: Qual o seu problema? Por que foi trazido ao hospital? O que 
aconteceu para que você agredisse seus familiares? etc. Vale a sabedoria 
popular que diz: “O mingau quente se come pela beirada” 
 
4. Diante de um paciente tímido, que fica em silêncio durante a entrevista, que 
estratégias podem ser usadas pelo entrevistador a fim de que esse silêncio seja 
rompido? 
 
 Resposta: 
• O entrevistador deve fazer perguntas e colocações breves que assinalem 
a sua presença efetiva e mostrem ao paciente que ele está atento e 
tranquilo para ouvi-lo. 
 
• O entrevistador deve evitar perguntas muito direcionadas, fechadas, que 
possam ser respondidas com um sim ou uns não categóricos; também 
deve evitar perguntas muito longas e complexas, difíceis de serem 
compreendidas pelo paciente. 
 
 
• É sempre melhor intervenções do tipo “Como foi isso?”, “Explique 
melhor”, “Conte um pouco mais sobre isso”, que questões como “Por 
quê?” ou “Qual a causa?”. Estas últimas estimulam o paciente a fechar e 
encerrar a sua fala. 
 
• O entrevistador deve buscar para cada paciente em particular o tipo de 
intervenção que facilite a continuidade de sua fala. 
 
 
 
5. Estabeleça a diferença entre transferência e contratransferência. • Descreva 
como deve ser feito o relato do caso por escrito. 
 
Resposta: A transferência compreende atitudes e sentimentos cuja 
origem é basicamente inconsciente para o paciente. Inclui tantos sentimentos 
positivos (como confiança, amor e carinho) quanto negativos (como raiva, 
hostilidade, inveja etc.). 
 
A contratransferência é, em certo sentido, a transferência que o 
profissional estabelece com seus pacientes. Da mesma forma que o paciente, o 
profissional de saúde projeta inconscientemente, no paciente, sentimentos que 
nutria no passado por pessoas significativas de sua vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 12 
 
A consciência e suas alterações 
 
 
1. Estabeleça a diferença entre as três acepções possíveis para a definição da 
palavra “consciência”. 
 
Resposta: A definição neuropsicológica emprega o termo “consciência” no 
sentido de estado vígil (vigilância), o que, de certa forma, iguala a consciência 
ao grau de clareza do sensório. Consciência, aqui, é fundamentalmente o estado 
de estar desperto, acordado, vígil, lúcido. Trata-se especificamente do nível de 
consciência. Já a definição psicológica a conceitua como a soma total das 
experiências conscientes de um indivíduo em determinado momento. Nesse 
sentido, consciência é o que se designa campo da consciência. É a dimensão 
subjetiva da atividade psíquica do sujeito que se volta para a realidade. 
Na relação do Eu com o meio ambiente, a consciência é a capacidade do 
indivíduo de entrar em contato com a realidade, perceber e conhecer os seus 
objetos. Por fim, a definição ético-filosófica é utilizada mais frequentemente 
no campo da ética, da filosofia, do direito ou da teologia. O termo “consciência” 
refere-se à capacidade de tomar ciência dos deveres éticos e assumir as 
responsabilidades, os direitos e os deveres concernentes a essa ética. Assim, a 
consciência ético-filosófica é atributo do homem desenvolvido e responsável, 
engajado na dinâmica social de determinada cultura. Refere-se a consciência 
moral, ética e política. 
 
2. Indique as diferenças entre sono REM e sono não REM. Que estágios ocorrem 
durante o sono não REM? 
 
 
Resposta: O sono sincronizado não REM caracteriza-se por atividade elétrica cerebral 
síncrona, com elementos eletrencefalográficos próprios, como os fusos do sono, os 
complexos K e as ondas lentas de grande amplitude. Há, nesse tipo de sono, diminuição 
da atividade do sistema nervoso autônomo simpático e aumento relativo do tônus do 
sistema nervoso autônomo parassimpático, permanecendo vários parâmetros 
fisiológicos estáveis em um nível de funcionamento mínimo, como as frequências 
cardíaca e respiratória, a pressão arterial, o débito cardíaco e os movimentos 
intestinais. 
 
O sono REM, por sua vez, não se encaixa em nenhuma dessas quatro fases. Sua 
duração total em uma noite perfaz de 20 a 25% do tempo total de sono. É um estágio 
peculiar, cujo padrão do EEG é semelhante ao do Estágio 1 do não REM. O sono REM 
não é, entretanto, um sono leve, tampouco profundo, mas um tipo de sono 
qualitativamente diferente. Caracteriza-se por instabilidade no sistema nervoso 
autônomo simpático, com variações das frequências cardíaca e respiratória, da pressão 
arterial, do débito cardíaco e do fluxo sanguíneo cerebral. 
Durante o sono não REM, ocorrem quatro estágios. 
 
3. Cite e caracterize os graus de rebaixamento da consciência. • Descreva quatro 
tipos de perda abrupta da consciência. 
 
 Resposta: Os diversos graus de rebaixamento da consciência são: obnubilação, 
torpor, sopor e coma. 
 
• 1º grau, obnubilação: turvação da consciência ou sonolência patológica leve. 
Trata-se do rebaixamento da consciência em grau leve a moderado. À inspeção 
inicial, o paciente pode já estar claramente sonolento ou parecer desperto, o 
que pode dificultar o diagnóstico desse estado. De qualquer forma, há sempre 
diminuição do grau de clareza do sensório, com lentidão da compreensão e 
dificuldade de concentração. 
 
• 2º grau, torpor: é um grau mais acentuado de rebaixamento da consciência. O 
paciente está evidentementesonolento; responde ao ser chamado apenas de 
forma enérgica e, depois, volta ao estado de sonolência evidente. 
 
 
• 3º grau, sopor: é um estado de marcante e profunda turvação da consciência, 
de sonolência intensa, da qual o indivíduo pode ser despertado apenas por um 
tempo muito curto, por estímulos muito enérgicos, do nível de uma dor intensa. 
Nesse momento, o paciente pode revelar fácies de dor e ter alguma gesticulação 
de defesa. Retorna, então, muito rapidamente, em segundos, à quase ausência 
de atividade consciente. 
 
• 4º grau, coma: é a perda completa da consciência, o grau mais profundo de 
rebaixamento de seu nível. No estado de coma, não é possível qualquer 
atividade voluntária consciente. Além da ausência de qualquer indício de 
consciência, os seguintes sinais neurológicos podem ser verificados: 
movimentos oculares errantes com desvios lentos e aleatórios, nistagmo, 
transtornos do olhar conjugado, anormalidades dos reflexos oculocefálicos 
(cabeça de boneca) e oculovestibular (calórico) e ausência do reflexo de 
acomodação. 
 
 
 
 
 
Capítulo 13 
A atenção e suas alterações 
 
1. Defina os tipos de atenção em relação à direção e à amplitude do processo 
atencional. 
 
Resposta: Em relação à amplitude atencional, há a atenção focal, que se 
mantém concentrada sobre um campo determinado e relativamente delimitado 
e restrito da consciência, em contraposição à atenção dispersa, que não se 
concentra em um campo determinado, espalhando-se de modo menos 
delimitado. 
A tenacidade consiste na capacidade do indivíduo de fixar e manter sua 
atenção sobre determinado estímulo, em um tema da conversa ou em um campo 
de atenção. Na tenacidade, a atenção se prende a certo estímulo, fixandose 
sobre ele. A vigilância (nessa conceitualização de Bleuler é definida como o 
aspecto da atenção relacionado a mudança de foco, de um objeto para outro. 
Tais qualidades são com frequência antagônicas; por exemplo, nos estados 
maníacos, os pacientes costumam apresentar hipotenacidade (redução da 
capacidade de fixar a atenção e hipervigilância uma atenção que salta 
rapidamente de um estímulo para outro. 
Atenção flutuante é um conceito desenvolvido por Freud (1856-1939), 
relativo ao estado de como deve funcionar a atenção do psicanalista durante 
uma sessão analítica. Segundo Freud, a atenção do analista não deve privilegiar 
a priori qualquer elemento do discurso ou comportamento do paciente, o que 
implica deixar funcionar livremente sua própria atividade mental, consciente e 
inconsciente, deixando livre a atenção e suspendendo ao máximo as 
motivações, os desejos e os planos próprios. 
 
 
 
2. A respeito da neuropsicologia contemporânea da atenção, caracterize os seis 
tipos de atenção: 1. capacidade e foco de atenção (atenção concentrada ou 
concentração); 2. atenção seletiva; atenção dividida; 4. atenção alternada; 5. 
atenção sustentada (sustained attention); 6. seleção de resposta e controle 
executivo. 
 
Resposta: 
• Capacidade e foco de atenção referem-se à focalização da atenção e estão 
intimamente associados à experiência subjetiva de concentração. A capacidade 
de atenção concentrada sobre um estímulo ou um campo atencional se verifica 
quando o indivíduo consegue aplicar e focar toda sua atenção em tal campo ou 
estímulo 
• Atenção seletiva diz respeito aos processos que permitem ou facilitam a seleção 
de estímulos e informações relevantes para o sujeito e seu processamento 
cognitivo. Ela resume a qualidade mais importante dos processos atencionais: a 
seletividade. A atenção seletiva diz respeito, portanto, à manutenção da atenção 
apesar da presença de estímulos distratores e/ou concorrentes. 
• Atenção dividida. Os processos atencionais não se limitam a um único alvo ou 
foco da atenção (abordado no item anterior, como atenção seletiva); com 
frequência, ocorre o processamento simultâneo e paralelo de dois ou mais 
estímulos captados pela atenção ao mesmo tempo. A atenção dividida é, 
portanto, acionada quando duas ou mais tarefas ou estímulos concorrentes se 
apresentam ao sistema atencional. Ocorre aqui uma demanda adicional para 
mais de um item no campo atencional, o que irá requerer um tipo de controle 
top-down específico para tarefas paralelas. 
 
• Atenção alternada diz respeito à capacidade de mudança do foco de atenção 
(set-shifting), alternando voluntariamente o foco atencional de um estímulo a 
outro durante a execução de tarefas. Quando estamos assistindo a uma série na 
televisão e recebemos uma chamada telefônica, atendemos o telefone e 
respondemos a algumas perguntas rápidas do interlocutor, depois voltamos ao 
enredo da série, estamos exercendo nossa capacidade para a atenção 
alternada. 
 
 
• Atenção sustentada (sustained attention) diz respeito à capacidade de manter a 
atenção ao longo do tempo, geralmente durante uma atividade contínua e 
repetitiva. Quando um estudante consegue manter sua atenção em uma aula 
por uma ou duas horas, seguindo o raciocínio e a exposição do professor, sem 
se distrair com outros estímulos do ambiente, está utilizando 6. sua atenção 
sustentada. 
 
• Seleção de resposta e controle seletivo são de extrema relevância, pois o ato de 
prestar atenção está, quase sempre, associado a uma ação planejada, voltada 
a certos objetivos. Assim, a atenção está sempre envolvida na seleção não 
apenas dos estímulos e das informações, mas também das respostas e do 
controle destas. 
 
 
3. Quais são as principais estruturas e circuitos do sistema nervoso relacionadas à 
atenção? Quais as mais relevantes? Por quê? 
 
Resposta: As principais estruturas subcorticais do sistema nervoso relacionadas à 
atenção são, no tronco cerebral, o sistema reticular ativador ascendente (SRAA) e 
o locus ceruleus noradrenérgico (LCN), no diencéfalo, o tálamo; e, no telencéfalo, o 
corpo estriado; no nível cortical, o córtex parietal posterior direito não dominante, o 
córtex pré-frontal e o giro cingulado anterior também na região frontal, assim como 
estruturas do lobo temporal medial do sistema límbico. 
No nível cortical, são as estruturas do córtex pré-frontal as mais relevantes à 
atenção, porque estão muito relacionadas à seleção de resposta e controle seletivo. 
Além disso, desempenham um papel na manutenção da flexibilidade da resposta e 
na geração de alternativas de respostas, assim como na memória de trabalho e no 
sequenciamento da informação temporal. 
 
 
 
 
4. Cite e caracterize os déficits de atenção no transtorno de déficit de 
atenção/hiperatividade (TDAH). 
 
Resposta: As alterações mais frequentes da atenção são encontradas nas seguintes 
condições: transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH), transtornos do 
humor (depressão e mania), transtorno obsessiva-compulsivo (TOC) e esquizofrenia, 
 
• os pacientes com transtornos do humor têm importantes dificuldades de 
concentração e atenção sustentada. Há, nos quadros maníacos, diminuição 
marcante da atenção voluntária e aumento da atenção espontânea, com 
hipervigilância e hipotenacidade. A atenção do indivíduo em fase maníaca salta 
rapidamente de um estímulo para outro, sem se fixar em algo. 
 
• quadros depressivos, com muita frequência há diminuição geral da atenção, ou 
seja, hipoprosexia. Em alguns casos graves, ocorre a fixação da atenção em 
certos temas depressivos (hipertenacidade), com rigidez e diminuição da 
capacidade de mudar o foco da atenção (hipovigilância). Isso acontece pelo fato 
de o indivíduo estar em um quadro depressivo grave, muitas vezes voltado 
totalmente para si, concentrado em conteúdo de fracasso, doença, culpa, 
pecado ou ruína. 
 
 
• Na esquizofrenia, o déficit de atenção também é muito importante. A inadequada 
filtragem de informação irrelevante é uma dificuldade comum em pacientes com 
o transtorno. Tais indivíduos costumam ter dificuldade em anular 
adequadamente estímulos sensoriais irrelevantes enquanto realizam 
determinada tarefa e são muito suscetíveis a distrair-se com estímulos visuais e 
auditivosexternos. 
 
• TOC apresentam atenção e vigilância excessivas e desreguladas e alterações 
em funções executivas que geralmente se sobrepõem aos déficits atencionais. 
Foi identificado, no TOC, prejuízo na atenção alternada (set-shifting), no 
planejamento, na inibição de respostas, na memória de trabalho e na velocidade 
de processamento. 
 
 
 
5. Como se apresenta a atenção nos quadros maníacos e depressivos? 
 
Resposta: Nos quadros maníacos há diminuição marcante da atenção voluntária e 
aumento da atenção espontânea, o que confere ao indivíduo um estado de 
hipotenacidade e hipervigilância. Nos quadros depressivos, comumente, há uma 
diminuição global da atenção (hipoprosexia). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 14 
A orientação e suas alterações 
 
1. Como é classificada a capacidade de orientar-se? Estabeleça a diferença entre 
orientação espacial e orientação temporal, sem esquecer de relacioná-las com 
transtornos mentais e distúrbios neuropsicológicos e neurológicos. 
 
Resposta: A capacidade de orientar-se é classificada em autopsíquica e alopsíquic. 
 
• Orientação espacial: a orientação espacial é uma capacidade complexa, 
constituída por vários componentes: reconhecer locais, edifícios e casas, com 
suas partes cozinha, quartos, sala, reconhecer cenas, perceber de forma 
acurada relações espaciais entre diferentes locais e ter habilidade de navegação 
(locomover-se em distintos caminhos, utilizando distintas pistas. 
 
• Orientação temporal, em relação à espacialidade, é uma função que exige maior 
desenvolvimento cognitivo do indivíduo, além da integração de estímulos 
ambientais de forma mais elaborada. Por isso, em relação à orientação espacial, 
a orientação temporal é mais fácil e rapidamente prejudicada pelos transtornos 
mentais e distúrbios neuropsicológicos e neurológicos, particularmente pelos 
que afetam a consciência; do mesmo modo, costuma ser o último aspecto da 
orientação a se recuperar 
 
 
2. Quais são as áreas cerebrais relacionadas à orientação espacial e à orientação 
temporal? 
 
 Reposta: 
 
 
Orientação Espacial: 
 
• Lobos parietais (hemisfério direito) 
 
• Córtex parietoccipital 
 
Orientação Temporal: 
 
• Hipocampo 
 
• Corpos mamilares 
 
• Núcleos anteriores/mediais do tálamo e núcleos septais 
 
• Córtex pré-frontal e suas conexões (núcleo caudado/giro cingulado 
 
 
 
 
 
3. Caracterize os tipos de desorientação segundo a alteração que os condiciona. 
 
 Resposta: Distinguem-se vários tipos de desorientação, de acordo com a alteração de 
base que a condiciona, é preciso lembrar que geralmente a desorientação ocorre, em 
primeiro lugar, em relação ao tempo. Só após o agravamento do transtorno, o indivíduo 
se desorienta quanto ao espaço e, finalmente, quanto a si mesmo: 
 
• Desorientação por déficit de memória imediata e recente. Também denominada 
desorientação amnéstica. Aqui, o indivíduo não consegue reter as informações 
ambientais básicas em sua memória recente. Não conseguindo fixar as 
informações, perde a noção do fluir do tempo, do deslocamento no espaço, 
passando a ficar desorientado temporoespacialmente. 
 
• Desorientação apática ou abúlica. Ocorre por apatia marcante e/ou desinteresse 
profundos. Aqui, o indivíduo torna-se desorientado devido a uma marcante 
alteração do humor e da volição, comumente em quadro depressivo grave. 
• Desorientação delirante. Ocorre em indivíduos que se encontram imersos em 
profundo estado delirante, vivenciando ideias delirantes muito intensas, crendo 
com convicção plena que estão “habitando” o lugar (e/ou o tempo) de seus 
delírios. 
 
• Desorientação por déficit intelectual. Ocorre em pessoas com deficiência 
intelectual (DI) grave ou moderada (eventualmente em DI leve). Nesse caso, a 
desorientação ocorre pela incapacidade ou dificuldade em compreender 
aspectos complexos do ambiente e de reconhecer e interpretar as convenções 
sociais (horários, calendário etc.) que padronizam a orientação do indivíduo no 
mundo. 
 
 
• Desorientação por desagregação. Ocorre em pacientes com psicose, 
geralmente com esquizofrenia, em estado crônico e avançado da doença, 
quando o indivíduo, por desagregação profunda do pensamento, apresenta toda 
a sua atividade mental gravemente desorganizada, o que o impede de se 
orientar de forma adequada quanto ao ambiente e quanto a si mesmo. 
 
• Desorientação quanto à própria idade. É definida como uma discrepância de 
cinco anos ou mais entre a idade real e aquela que o indivíduo diz ter. Tem sido 
descrita em alguns pacientes com esquizofrenia crônica e parece ser um fiel 
indicativo clínico de déficit cognitivo na esquizofrenia (Crow; Stevens, 1978). 
 
 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 15 
 
 
As vivências do tempo e do espaço e suas alterações 
 
1. Comente sobre as posições teóricas defendidas por Newton, Kant, Bergson e 
Heidegger em relação à temporalidade e à vivência do tempo. 
 
Resposta: Para o filósofo francês Henri Bergson (1859-1941) uma das principais 
dificuldades para compreender o que o tempo realmente é origina-se na história da 
filosofia, quando o espaço e o tempo foram considerados como do mesmo gênero. 
Estudou-se o espaço, determinou-se sua natureza e sua função, depois transportaram-
se para o tempo as conclusões obtidas. Para passar de um a outro, foi suficiente mudar 
uma palavra: justaposição por sucessão. Segundo esse filósofo, o problema é que os 
pensadores sempre se referiram à duração (temporalidade) como uma extensão 
(espacialidade): “Quando evocamos o tempo, é o espaço que responde ao chamado” 
(Bergson, 1984). 
 
Para Martin Heidegger (1889-1976), o homem deve ser compreendido pelas 
condições básicas do “estar/ser no mundo”, “estar/ser com os outros” e, 
fundamentalmente, como “ser para a morte”. Assim, a morte e, por consequência, a 
temporalidade definem a condição humana. Para o filósofo alemão, analisar o tempo é 
observar o homem em sua maior contradição: a tensão permanente entre permanência 
e transitoriedade, poder e impotência, desejo pela vida e irremediavelmente marcado 
pela inevitável morte. 
 
 
2. O que você pode dizer sobre a relação entre a vivência do tempo e o ritmo 
psíquico nos transtornos maníacos e depressivos? 
 
Resposta: De modo geral, a passagem do tempo é percebida como lenta e vagarosa 
nos estados depressivos, e rápida e acelerada nos estados maníacos. O ritmo psíquico 
também é oposto nesses dois transtornos: na mania, há taquipsiquismo geral, com 
aceleração de todas as funções psíquicas (pensamento, psicomotricidade, linguagem 
etc.), e na depressão, ocorre bradipsiquismo, com lentificação de todas as atividades 
mentais. 
 
 
3. Descreva as alterações da vivência do tempo observadas em surtos agudos da 
esquizofrenia. 
 
Resposta: Pacientes com esquizofrenia, sobretudo em surtos agudos, apresentam 
importantes alterações da vivência do tempo. Pode-se descrever tais alterações como 
fundadas na desarticulação e quebra do aspecto natural, pré-reflexivo, que caracteriza 
a vivência normal do tempo. A experiência temporal em pessoas com esquizofrenia, 
sobretudo nos períodos de agudização, é marcada pela fragmentação, que se verifica 
pela alteração da percepção do fluir do tempo, bem como por vivências anormais, como 
déjà vu e déjà vecu e estranhamento do tempo passado e futuro, relacionados a delírios 
e alucinações (Stanghellini et al., 2016). Alguns pacientes com esquizofrenia 
experimentam certa passividade em relação ao fluir do tempo; sentem que sua 
percepção temporal é controlada por uma instância exterior ao seu Eu. Outros, 
geralmente mais graves, sofrem verdadeira desintegração da sensação do tempo e do 
espaço. As alterações das vivências do tempo, de modo geral, estão associadas a 
alterações da experiência do self, marcantes na esquizofrenia (Stanghellini et al., 2016) 
 
 
 
4. Discuta a relação entre a vivência do espaço e os transtornos mentais. 
 
Resposta: Resposta: A vivência do espaço no indivíduo em estado maníaco é a de um 
espaço extremamentedilatado e amplo, que invade o das outras pessoas. O paciente 
desconhece as fronteiras espaciais e vive como se todo o espaço exterior fosse seu. 
Esse espaço não oferece resistências ao seu eu. Nos quadros depressivos, o espaço 
exterior pode ser vivenciado como muito encolhido, contraído, escuro e pouco 
penetrável pelo indivíduo e pelos outros. Já o paciente com quadro paranoide vivencia 
seu espaço interior como invadido por aspectos ameaçadores, perigosos e hostis do 
mundo. O espaço exterior é, em princípio, invasivo, fonte de perigos e ameaças. No 
caso do indivíduo com agorafobia, o espaço exterior é percebido como sufocante, 
pesado, perigoso e potencialmente aniquilador. 
 
 
 
Capítulo 16 
 
 
A sensopercepção e suas alterações (incluindo a representação e a imaginação) 
 
1. Estabeleça a diferença entre sensação, percepção e apercepção. 
 
Resposta: 
 
 
• Sensação: Define-se sensação como o fenômeno elementar gerado por 
estímulos físicos, químicos ou biológicos variados, originados fora ou dentro do 
organismo, que produzem alterações nos órgãos receptores, estimulando-os. Os 
estímulos sensoriais fornecem a alimentação sensorial aos sistemas de 
informação do organismo. 
 
• Percepção: entende-se a tomada de consciência, pelo indivíduo, do estímulo 
sensorial. Arbitrariamente, então, se atribui à sensação a dimensão neuronal, 
ainda não plenamente consciente, no processo de sensopercepção. Já a 
percepção diz respeito à dimensão propriamente neuropsicológica e psicológica 
do processo, à transformação de estímulos puramente sensoriais em fenômenos 
perceptivos conscientes (Grondin, 2016). Nessa linha de raciocínio, Piéron 
(1996) define percepção como a tomada de conhecimento sensorial de objetos 
ou de fatos exteriores mais ou menos complexos. A sensação é considerada, 
portanto, um fenômeno passivo; estímulos físicos (luz, som, pressão) ou 
químicos atuam sobre sistemas de recepção do organismo. 
 
• Apercepção: Já a diferença proposta entre percepção e apercepção é mais sutil 
e controversa. O termo “apercepção” foi introduzido pelo filósofo Gottfried 
Wilhelm Leibniz (1646-1716) e significa a plena entrada de uma percepção na 
consciência e sua articulação com os demais elementos psíquicos. Para ele, 
aperceber é perceber algo integralmente, com clareza e plenitude, por meio de 
reconhecimento ou identificação do material percebido com o preexistente. Carl 
Gustav Jung (1875-1961) definia a apercepção como um processo psíquico em 
virtude do qual um novo conteúdo é articulado de tal modo a conteúdos 
semelhantes já dados que se pode considerar imediatamente claro e 
compreendido (Sharp, 1991). Nesse caso, a apercepção seria propriamente uma 
gnosia, ou seja, o pleno reconhecimento de um objeto percebido. 
 
 
2. O que e quais são as alterações quantitativas da sensopercepção? 
 
Resposta: As alterações quantitativas, as imagens perceptivas têm intensidade 
anormal, para mais ou para menos, configurando hiperestesias, hiperpatias 
hipoestesias, anestesias e analgesias, eventualmente esses termos são empregados 
em neurologia com um sentido um pouco diverso do utilizado em psicologia. 
 
3. O que é alucinação? Quais são os tipos mais importantes de alucinação? 
 
Resposta: Alucinação é a percepção clara e definida de um objeto (voz, ruído, imagem) 
sem a presença de objeto estimulante real. Alguns autores chamam de alucinações 
verdadeiras aquelas que têm todas as características de uma imagem perceptiva real 
(nitidez, corporeidade, projeção no espaço exterior, constância). As alucinações, na 
grande maioria dos casos, são percebidas pelos dois ouvidos, dois olhos, duas narinas. 
Entretanto, casos raros que implicam apenas um ouvido, um olho ou uma narina, ou 
apenas um hemicampo visual, também foram descritos. 
 
Os tipos mais importantes e alucinação sai auditivas, musicais, visuais, táteis, 
olfativas. Cenestésicas, cenestésicas e funcionais. 
 
 
4. Descreva e estabeleça a diferença entre as teorias que tentam explicar as 
possíveis causas e a etiologia das alucinações. 
 
Respostas: De forma curiosa, apesar de as alucinações serem estudadas 
sistematicamente há mais de dois séculos por médicos, psicólogos e neurocientistas, 
ainda são controversas as suas possíveis causas e os seus mecanismos 
neurofisiológicos, neuropsicológicos e psicológicos. Contudo, o fato de os 
medicamentos antipsicóticos serem eficazes na redução das alucinações de diversos 
tipos e de diferentes etiologias sugere a existência de mecanismos comuns na base de 
todos os fenômenos alucinatórios. 
 
 
 
 
5. Qual é a contribuição dos estudos recentes de neurociência e de 
neuroimagem funcional para o conhecimento da alucinação? 
 
Resposta: Esse estudo indicou, portanto, que a alucinação audioverbal parece se iniciar 
com a geração interna de linguagem no lobo frontal esquerdo, seguida do fenômeno de 
ouvir uma voz, quando há ativação das áreas temporais superiores esquerdas. Isso 
reforça e revela aspectos neurofuncionais da hipótese da alucinação audioverbal como 
decorrente de falsa apreensão da linguagem interna – inner speech (Frith; Done, 1988; 
Ffytche; Wible, 2014). Estudos recentes de neuroimagem funcional têm corroborado a 
hipótese de que áreas corticais relacionadas à linguagem, assim como estruturas que 
as auxiliam, são as mais ativadas em pessoas em processo de alucinação. No 
momento em que o indivíduo alucina, há ativação sobretudo da área de Broca, e ter 
tendência a alucinar se relaciona a disfunções nas áreas receptivas da linguagem 
(Kühn; Gallinat, 2012; Ffytche; Wible, 2014). Apesar de a pesquisa neurocientífica se 
concentrar nas alucinações audioverbais, a pesquisa sobre as alucinações visuais tem 
fornecido muitos insights sobre os processos neuronais do fenômeno alucinatório 
 
 
 
6. Caracterize as alterações da representação ou das imagens representativas. 
 
Resposta: Em muitas pessoas, a atividade imaginativa pode, de fato, ser muito intensa, 
tanto em crianças como em alguns adultos com ou sem transtorno mental, algumas 
vezes, o indivíduo sadio vive tão intensamente sua atividade imaginativa que chega a 
ter dificuldade em diferenciá-la de experiências reais. A chamada pseudoalucinação é 
um fenômeno que, embora se pareça com a alucinação, dela se afasta por não 
apresentar os aspectos vivos e corpóreos de uma imagem perceptiva real. A 
pseudoalucinação apresenta mais as características de uma imagem representativa, 
de uma representação. 
 
 
 
Capítulo 17 
A memória e suas alterações 
 
 
1. Defina memória. Descreva o que é memória coletiva. 
 
Resposta: A memória é a capacidade de codificar, armazenar e evocar as experiências, 
impressões e fatos que ocorrem em nossas vidas, tudo o que uma pessoa aprende em 
sua existência depende intimamente da memória, todos os processos relacionados com 
a memória são altamente contextualizados, integrados em uma rede de múltiplas 
informações e contextos da vida. 
Memória coletiva, social ou cultural. Envolve conhecimentos e práticas sociais e 
culturais (costumes, valores, práticas, linguagem, habilidades artísticas, conceitos e 
preconceitos, ideologias, estilos de vida, rituais, gesticulações etc.) produzidos, 
acumulados e mantidos por um grupo social. Esse tipo de memória tem importância 
fundamental para as sociedades humanas. Sem ela, os grupos sociais perdem sua 
identidade básica, a possibilidade de perceber o sentido de suas existências, a gratidão 
e crítica em relação ao passado e a esperança e prudência em relação ao futuro. 
 
 
 
2. Explique o que significa a frase: A memória é frequentemente reeditada. 
 
 
Resposta: A memória é frequentemente reeditada, ou seja, as informações de eventos, 
cenas e acontecimentos do passado, que já foram armazenadas, podem ser 
reconfiguradas com acréscimos de elementos novos vividos ou imaginados pelo próprio 
indivíduo ou instigados por estímulos externos, conscientes ou não. Assim, há um 
processo de recriação e reinterpretação no arquivode longo prazo de nossas 
memórias. Elas frequentemente não são “o filme realista do que aconteceu”, mas 
“reedições criativas” de vários “diretores” que influem no conteúdo do arquivo de 
memórias. 
 
 
 
3. Do que depende a eficácia no processo de memorização (codificação, 
armazenamento e futura evocação) de novos elementos da memória? 
 
Resposta: 
 
• Nível de consciência e estado geral do organismo: o indivíduo deve estar 
desperto, não muito cansado, calmo, em bom estado geral, para que a 
memorização ocorra da melhor maneira possível. 
 
• Atenção focal: diz respeito à capacidade de manutenção de atenção 
concentrada sobre o conteúdo novo a ser fixado. Informações novas entram 
na memória de longo prazo principalmente quando se presta bastante atenção 
durante o aprendizado. 
 
 
• Organização e distribuição temporal: diz respeito a distribuir, no processo de 
aprendizado de novas informações, as tentativas de aprendizado ao longo de 
um período de tempo mais longo e cadenciado; é melhor praticar “pouco e 
sempre” do que tentar memorizar e aprender tudo apressadamente, em um 
único dia (p. ex., no dia antes da prova). 
 
• Interesse e colorido emocional: relaciona-se às informações a serem fixadas, 
assim como ao empenho do indivíduo em aprender (vontade e afetividade). 
 
 
• Conhecimento anterior: elementos já conhecidos ajudam a adquirir elementos 
novos, principalmente quando se articulam os novos conhecimentos a 
informações, classificações e esquemas cognitivos já bem assentados, 
formando uma cadeia de elementos mnêmicos. 
 
• Capacidade de compreensão do significado da informação: buscar entender o 
significado da informação ou conhecimento que se está tentando aprender é 
de fundamental ajuda para a memorização. Se a informação não tem um 
significado particular (é algo aleatório), então é útil atribuir-lhe um significado 
arbitrário. 
 
 
• Estabelecimento de um contexto rico e elaborado: o contexto e as 
circunstâncias associadas à informação que se quer memorizar têm papel 
central na eficácia da memorização. 
 
• Codificação da informação nova em mais de uma via: para o armazenamento 
mais eficaz de uma informação nova, quanto maior for o número de canais 
sensoriais e dimensões cognitivas distintas, mais eficaz será a fixação. Por 
exemplo, se a informação for uma palavra, deve-se buscar associar uma 
imagem visual; se for visual, deve-se buscar associar uma palavra. Com isso, 
são criados mapas mentais, que colaboram para o armazenamento eficaz. 
 
 
 
4. Descreva a memória segundo o tempo de aquisição, armazenamento e 
evocação. 
 
Resposta: 
 
• A aquisição refere-se ao período de tempo entre a percepção de 
estímulos provenientes de uma experiência e o momento em que esses 
estímulos são codificados em uma forma de memória particular, um fator 
decisivo na formação da memória nessa fase é o nível de atenção. 
 
• A evocação (ou recuperação) envolve a organização dos traços de 
memória em uma sequência coerente no tempo fenômeno chamado de 
integração temporal e ocorre principalmente no córtex pré-frontal, através 
de um processo denominado memória de trabalho. 
 
• Armazenamento definida a memória curto prazo e a longo prazo, logo 
chamada de codificação, acredita-se que a memória remota se relacione 
tanto ao hipocampo, no processo de transferência de memórias recentes 
para memórias de longo prazo, como implicando também, para o 
armazenamento de longo, amplas e difusas áreas corticais de associação 
em todos os lobos cerebrais 
 
 
5. O que significa priming? 
 
Resposta: O termo priming (a melhor tradução é aprimoramento de repetição) se refere 
a um tipo de memória implícita, importante no processo de recordação e execução de 
tarefas cognitivas. 
 
6. Classifique e caracterize os tipos de memória segundo as estruturas cerebrais 
envolvidas: memória de trabalho e memória semântica. Cite os transtornos nos 
quais mais há alterações da memória episódica e da memória de procedimentos. 
 
Resposta: 
 
• Memória de trabalho: A memória de trabalho é, de modo geral, uma memória 
explícita, consciente, que exige esforço, para diferenciá-la da memória de curto 
prazo, deve-se realçar que a memória de trabalho é plenamente ativa, que 
realiza operações mentais de modo constante por isso, está trabalhando 
constantemente. Ela representa um conjunto de habilidades que permite manter 
e manipular informações novas acessando-as em face às antigas. Tais 
informações (verbais ou visuoespaciais são mantidas ativas, em operação on-
line, geralmente por curto período poucos segundos até, no máximo, alguns 
minutos, a fim de serem manipuladas, com o objetivo de selecionar um plano de 
ação e realizar determinada tarefa. O conteúdo mnêmico deve ser utilizado 
imediatamente sob alguma forma de resposta. 
 
• Memoria semântica: Esse tipo de memória se refere ao aprendizado, à 
conservação e à utilização do arquivo geral de conceitos e conhecimentos do 
indivíduo (os chamados conhecimentos gerais sobre o mundo), assim, 
conhecimentos como a cor do céu (azul) ou de um papagaio (verde), ou quantos 
dias há na semana (sete), são de caráter geral e se cristalizam por meio da 
linguagem, ou seja, também são de caráter semântico. Assim como a episódica, 
a memória semântica é frequentemente explícita (mas pode ser, eventualmente, 
implícita), ela é, enfim, a representação de longo prazo dos conhecimentos que 
temos sobre o mundo, entre eles o significado das palavras, dos objetos e das 
ações. 
 
 
 
7. Descreva dois tipos de agnosias visuais e dois tipos de agnosias auditivas. 
 
Resposta: 
 
• A prosopagnosia é um tipo de agnosia visual no qual o reconhecimento de faces 
humanas está prejudicado ou abolido. Atualmente, o conceito de prosopagnosia 
inclui também a incapacidade de reconhecer membros específicos de 
determinada classe semântica (ou grupo de objetos), como o caso real de um 
especialista/amante de aves (birdwatcher) que, após lesão cerebral, não mais 
reconhecia e diferenciava distintas aves entre o conjunto (habilidade que antes 
da prosopagnosia ele dominava perfeitamente). Lesões que produzem 
prosopagnosia são geralmente bilaterais e envolvem as áreas mesiais das 
regiões occipitotemporais, inclusive a área fusiforme. 
 
• A agnosia para cores se caracteriza pela incapacidade do indivíduo de dizer o 
nome da cor quando está lhe é mostrada, ou de apontar para a cor certa quando 
se lhe diz o nome dela. Entretanto, ele consegue ter desempenho normal em 
testes não verbais de percepção de cores. A acromatopsia central é a perda da 
capacidade de ver cores. Ocorre por lesões na parte inferior ventromedial dos 
lobos occipitais incluindo os giros fusiforme e lingual. 
 
• A agnosia verbal, ou surdez verbal pura, ocorre mais frequentemente por lesão 
da área auditiva primária, bilateral (giro de Heschl). O paciente pode falar, ler e 
escrever correta e fluentemente; entretanto, não entende as palavras faladas 
que ouve, apenas as reconhece como ruídos. 
 
• A amusia sensorial é uma forma de agnosia auditiva, relativamente frequente, 
na qual a pessoa nasce sem a capacidade de reconhecer e usufruir da audição 
de sons musicais (diferenciar notas, melodias, harmonias, ritmo) ou a perde por 
lesões posteriores. As amusias se dividem em congênita (2-4% das pessoas) e 
adquirida (35-69% nos acidentes vasculares de artéria cerebral média). 
 
 
 
8. Defina amnésia. Quais são os tipos de amnésia? Caracterize-os. 
 
Resposta: A amnésia é uma perda total ou parcial da capacidade para recordar 
experiências ou acontecimentos que ocorreram segundos antes, nos dias anteriores, 
há mais tempo ou após o evento que causou a amnésia. 
 
• Amnésia anterógrada o indivíduo não consegue mais fixar elementos mnêmicos 
a partir do evento que lhe causou o dano cerebral. Por exemplo, ele não lembra 
o que ocorreu nas semanas (ou meses) seguintes a um trauma cranioencefálico. 
 
• Amnésia retrógrada (verificável na amnésia dissociativa), o indivíduo perdea 
memória para fatos ocorridos antes do início do transtorno (ou trauma). Sua 
ocorrência, sem amnésia anterógrada, é observada em quadros dissociativos 
(psicogênicos), como a amnésia dissociativa e a fuga dissociativa. 
 
• amnésias orgânicas, a perda de memória é geralmente menos seletiva, em 
relação ao conteúdo emocional e/ou simbólico do material esquecido, do que na 
amnésia psicogênica. Em geral, perde-se primeiramente a capacidade de 
memorização de fatos e eventos recentes, e, em estados avançados da doença 
(geralmente demência), o indivíduo passa gradualmente a perder conteúdos 
mais antigos. 
 
 
 
 
9. Quais são os principais tipos de paramnésias? Diferencie-os. 
 
Resposta: 
 
• Ilusões mnêmicas, nesse caso, há o acréscimo de elementos falsos a elementos 
da memória de fatos que realmente aconteceram. Por isso, a lembrança adquire 
caráter fictício. Muitos pacientes informam sobre seu passado indicando 
claramente deformações marcantes de lembranças reais: “Tive 20 filhos com 
minha mulher” (teve, de fato, 4 filhos com ela, mas não 20). Se não for uma 
deformação marcante, é difícil diferenciar a ilusão mnêmica do processo normal 
de recordação (pois a memória é um processo construtivo, que se refaz e 
modifica normalmente). As ilusões mnêmicas podem ocorrer na esquizofrenia, 
no transtorno delirante e, menos frequentemente, nos transtornos da 
personalidade borderline, histriônica, esquizotípica. 
 
• Alucinações mnêmicas. São criações imaginativas, dotadas de sensorialidade, 
marcadamente com a aparência de lembranças ou reminiscências que não 
correspondem a qualquer elemento mnêmico, a qualquer lembrança verdadeira. 
Podem surgir de modo repentino, sem corresponder a qualquer acontecimento. 
Ocorrem principalmente na esquizofrenia e em outras psicoses. 
 
As ilusões e as alucinações mnêmicas constituem, muitas vezes o material básico para 
formação e a elaboração de delírios( delírios imaginativo ou mnêmico). 
 
10. Descreva as alterações do reconhecimento/identificação de origem delirante 
(delusional misidentification syndrome). 
 
Resposta: Essas alterações incluem os falsos desconhecimentos e falsos 
reconhecimentos produzidos por processos delirantes. São quadros delirantes muito 
peculiares, que envolvem desconhecimentos, reconhecimentos e falsas identificações. 
 
• Nos falsos desconhecimentos, o paciente não reconhece pessoas muito 
familiares como a mãe, a esposa ou marido, o filho, uma irmã ou próximas. Ao 
ser visitado pelos pais, outros familiares ou amigos, o indivíduo afirma não os 
conhecer, diz nunca os ter vistos anteriormente. Com frequência, os falsos 
desconhecimentos são fenômenos delirantes, associados a quadros psicóticos, 
como esquizofrenia, mania ou depressão psicóticas. 
 
• Os falsos reconhecimentos também ocorrem com certa frequência em quadros 
psicóticos agudos (p. ex., esquizofrenia, depressão psicótica, mania psicótica), 
em que o paciente identifica alguém desconhecido previamente como um 
enfermeiro, uma médica ou um psicólogo da equipe como se fosse seu 
conhecido há muito tempo; por exemplo, diz ao enfermeiro “você é meu avô”, ou 
à médica, “você é minha vizinha”. O paciente acredita fortemente em tais falsos 
reconhecimentos.

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