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Tema 1 – Parada cardiorrespiratória Maria Laura Gonçalves Vieira – T XIV Parada Cardiorrespiratória (PCR) é definida como a cessação súbita da função mecânica cardíaca com consequente colapso hemodinâmico. É a prioridade de todos os atendimentos. O rápido início das compressões torácica de alta qualidade é a intervenção mais importante para se obter retorno da circulação espontânea (RCE) e recuperação neurológica. Cadeia de sobrevivência Extra-hospitalar: 1. Identificação da PCR 2. Pedir ajuda 3. Chamar atendimento pré-hospitalar 4. Iniciar compressões torácicas de alta eficiência até chegar DEA 5. Colocar DEA e verificar pulso; se for chocável, desfibrilar, caso contrário, continuar as compressões. 6. Atuação do SAMU e transporte para hospital Intra-hospitalar 1. Identificação precoce da PCR 2. Chamar equipe, solicitar carrinho de parada, colocar paciente em monitor 3. Identificar ritmo, desfibrilar se indicado e fazer conduta adequada para cada tipo de ritmo 4. Pensar em possíveis causas 5. Angiografia coronariana e cuidados pós-parada Diagnóstico Para correto diagnóstico de identificação precoce, devemos verificar: 1. Ausência de resposta: após chamado e toque vigoroso 2. Ausência de respiração ou respiração irregular (gasping) 3. Ausência de pulso central (carotídeo ou femoral) Identificada a PCR → iniciar compressões e colocar paciente em monitor → avaliar ritmo cardíaco (automático pelo DEA ou não) RITMOS CHOCÁVEIS - Fibrilação ventricular e taquicardia ventricular sem pulso Tratados da mesma maneira: RCP de alta qualidade, administração de vasopressores e antiarrítmicos, e a desfibrilação. • Vasopressores e antiarrítmicos são indicados em caso de refratariedade da RCP e desfibrilação. A FV representa a principal causa de morte súbita e de PCR não traumática no atendimento pré-hospitalar, e é causada principalmente por isquemia miocárdica. Ela é caracterizada no ECG por um tremulado grosseiro da linha de base onde não se identificam complexo QRS. RITMOS NÃO CHOCÁVEIS - Atividade Elétrica Sem Pulso (AESP) e assistolia AESP: ausência de pulso palpável na vigência de atividade elétrica cardíaca organizada. • Pode ser causa inicial da PCR ou decorrente da ressuscitação de uma PCR prolongada, especificamente após desfibrilação Assistolia é a completa ausência da atividade elétrica miocárdica. Em geral, reflete o estágio final de uma PCR não tratada ou refratária. • Primeiro passo na assistolia, é sempre confirmar a ausência de ritmo: o Checar cabos e conexões o Aumentar o ganho do aparelho o Mudar a derivação da monitorização Sequência da RCP RITMO CHOCÁVEL – FV OU TV SEM PULSO 1. Iniciar as compressões imediatamente, enquanto desfibrilador é carregado 2. Choque e reiniciar RCP (30 compressões + 2 ventilações) por 2 minutos 3. Pegar acesso venoso periférico calibroso ou acesso intraósseo 4. Após 2 minutos → checar pulso e ritmo → persiste ritmo chocável → 2º choque e RCP imediatamente por mais 2 minutos 5. Iniciar adrenalina /epinefrina 1mg e repeti-la a cada 3 a 5 min. 6. Via aérea avançada + capnografia pode ser considerada 7. Após 2 minutos → persiste ritmo chocável → 3º choque e RCP imediatamente por mais 2 minutos 8. Administrar 300mg de amiodarona 9. Após 2 minutos → persiste ritmo chocável → 4º choque e RCP imediatamente por mais 2 minutos 10. Nova dose de 1mg de adrenalina 11. Após 2 minutos → persiste ritmo chocável → 5º choque e RCP imediatamente por mais 2 minutos 12. Nova dose de amiodarona 150mg 13. Após 2 minutos → persiste ritmo chocável → 6º choque e RCP imediatamente por mais 2 minutos 14. Nova dose de adrenalina 1mg 15. Analisar ritmo e pulso a cada 2 minutos, administrar adrenalina a cada 3 a 5 minutos, pensar em causas reversíveis e fornecer tratamento adequado sempre que detectada RITMO NÃO CHOCÁVEL - ASSISTOLIA E AESP 1. Iniciar compressões imediatamente (30 compressões + 2 ventilações) por 2 minutos 2. Pegar acesso venoso periférico calibroso ou acesso intraósseo 3. Administrar 1mg de adrenalina o mais rápido possível e repeti- la a cada 3 a 5 minutos. 4. Checar cabos, monitor, conexões, ganho do aparelho... 5. Após 2 minutos → avaliar pulso e ritmo → persiste em ritmo não chocável → RCP imediatamente 6. Via aérea avançada + capnografia 7. Após 2 minutos → avaliar pulso e ritmo → persiste em ritmo não chocável → RCP imediatamente + 1mg de adrenalina 8. Analisar ritmo e pulso a cada 2 minutos, administrar adrenalina a cada 3 a 5 minutos, pensar em causas reversíveis e fornecer tratamento adequado sempre que detectada Princípios do suporte avançado de vida COMPRESSÕES TORÁCICAS DE ALTA QUALIDADE Local: ½ inferior do esterno Velocidade: 100 a 120 /minuto e minimizar interrupções Profundidade: deprimir o tórax entre 5 a 6cm Não apoiar no tórax do paciente, permitindo a expansão torácica após cada compressão. Na ausência de via aérea avançada: 30 compressões para cada 2 ventilações. Após estabelecimento de via aérea avançada: devem ser realizadas continuamente e simultaneamente às ventilações, que devem ser feitas a cada 6 segundos. Ideal é trocar o “massagista” a cada ciclo para evitar o cansaço e as compressões ineficazes. INTUBAÇÃO Deve ser realizada assim que possível, sem interromper a RCP para laringoscopia. Permite, por meio da capnografia em forma de onda, a monitorização da RCP. Não há necessidade de sedação em paciente em PCR DESFIBRILADOR O choque pode ser aplicado com uso de pás autoadesivas. Os locais habituais para sua fixação são: ápice cardíaco e região infraclavicular direita ou anteroposterior (precórdio e dorso, logo abaixo da escápula); Aparelho monofásico desfibrilar com 360 Joules Aparelhos bifásicos deve-se escolher a dose de energia recomendada pelo fabricante variando de 120J a 200J (se a dose de energia recomendada pelo fabricante não é conhecida, deve-se desfibrilar com a dose máxima do aparelho). MEDIDAS ADJUVANTES • Oxigênio • Acesso venoso periférico ou intraósseo • Ventilação: bolsa-máscara, via área avançada com IOT, via aérea avançada com dispositivo supraglótico MEDICAÇÕES Ritmo não chocável: basicamente adrenalina (epinefrina) Ritmo chocável: adrenalina e amiodarona Epinefrina: Objetivo de aumentar o fluxo sanguíneo cerebral e miocárdico aumentando a pressão de perfusão coronariana. Amiodarona: Bloqueia canais potássio; prolonga QRS; Diminui FC • Objetivo é aumentar a chance de reversão e prevenir recidiva – por isso é usada a partir do 3° choque • Tem ação vasodilatadora: hipotensão • 1 ampola = 150mg Outras medicações: • Vasopressina: não é mais usada • Noradrenalina: não é recomendada. • Corticoide: não há dados suficientes para recomendar o uso. • Reposição volêmica: se paciente sangrando e parou por hipovolemia • Atropina: se PCR por intoxicação exógena • Bicarbonato: se acidose metabólica prévia, hipercalemia e intoxicação por antidepressivos tricíclicos • Cálcio: se hiperpotassemia, hipocalcemia e intoxicação por agentes bloqueadores dos canais de cálcio. • Fibrinolítico: Na suspeita de embolia pulmonar, ou se esta for a causa da PCR, seu uso empírico pode ser considerado. FINALIZAÇÃO DOS ESFORÇOS Bom senso. Não existe parâmetro objetivo para determinar o fim da RCP. A decisão é multifatorial e deve-se considerar: • Tempo total de PCR (com e sem RCP). • Idade e comorbidades. • Ritmo e provável causa da parada. • Valores/desejo prévio do paciente e da família. • Hipotermia. • Capnografia: incapacidade de se obter valores de CO2 acima de 10 mmHg após 20 min de RCP. Causas Na maioria das vezes, é decorrente de patologias do coração – IAM 5Hs: • Hipoxia: grave de qualquer etiologia (asma, DPOC, trauma, pneumonia, obstrução de vias aéreas) • Hipovolemia:geralmente grave hemorragia, como no trauma, hemorragia digestiva ou ruptura de aneurisma • Hipotermia: mais frequentemente associada a afogamento • H+: acidose metabólica grave • Hipo ou Hipercalemia (hipercalemia comum em pacientes renais crônicos em tratamento inadequado) 5Ts: • Tamponamento cardíaco • Tromboembolismo pulmonar • Trombose de coronária • Tensão no tórax (pneumotórax hipertensivo) • Tóxicos Cuidados pós parada • Reavaliar periodicamente o C-A-B, checar cabos e posicionamento da cânula orotraqueal, oxigenação adequada e monitorar oximetria de pulso, evitar hiperventilação e hiperóxia, PAS > 100mmHg, PAM > 65, controle glicêmico e térmico. • Otimizar a função cardiopulmonar e a perfusão de órgãos vitais. • Transportar/transferir e prevenir a disfunção múltipla de órgãos. • Temperatura entre 32 e 36ºC • Evitar glicemia maior que 180 não devem ser tolerada • Não se recomenda anticonvulsivantes profiláticos, exceto se ECG alterado • O2 a 100% e ajustar conforme gasometria. • UTI Questões iniciais da aula 1. Paciente internado em enfermaria para tratamento de pneumonia adquirida na comunidade apresenta-se irresponsível e o monitor cardíaco com FC de 100bpm. Você é chamado para avaliar o paciente. Qual a primeira medida a ser realizada neste caso? Checar pulso 2. Paciente feminino, 70 anos de idade, encontra-se em PCR em ritmo de FV sem pulso. Iniciado medidas de reanimação cardiopulmonar e feito desfibrilação elétrica. Qual o próximo passo segundo as diretrizes do ACLS: Retomar as compressões torácicas Após desfibrilação, não checar pulso, pois pode ser pulsos ineficientes ou as contrações ineficazes podem fazer com que evolua para AESP ou assistolia. 3. Paciente masculino, 60 anos, diabético e hipertenso controlado, apresenta PCR em ritmo de atividade elétrica sem pulso. Dentre as alternativas abaixo qual não faz parte do protocolo de atendimento nesta situação: Amiodarona 300mg em bolus. (não faz em ritmos não chocáveis) 4. Paciente masculino, 80 anos dá entrada na emergência em parada cardiorrespiratória. Plantonista realizou desfibrilação elétrica seguido de compressão torácica. Após monitorar o paciente, o ritmo verificado era AESP. Sobre a conduta do plantonista, qual a assertiva para este caso? Deveria ter realizado compressões torácicas e desfibrilado em caso de FV/TV sem pulso. 5. Assistolia como ritmo inicial de PCR está associada a prognóstico extremamente reservado (7% de alta hospitalar). Diante de uma PCR em assistolia, temos que: Identificar as causas Na maioria das vezes é secundária, sendo evolução tardia da FV/TV, ou via final de hipóxia prolongada, acidose ou necrose miocárdica. Uma vez que a amplitude do traçado da FV no monitor é dependente das reservas de ATP do miocárdio, a visualização de uma linha reta no monitor deve levantar duas hipóteses: assistolia ou FV fina. Deixar de desfibrilar um FV é inadmissível, e desfibrilar piora o prognóstico. A assistolia deve ser confirmada em menos de 10 segundos, por meio de: • Manobras de checagem da correta conexão dos cabos • Aumento do ganho máximo do aparelho • Troca da derivação de monitorização 6. Paciente, 68 anos refere dor torácica súbita e perda de consciência em seguida. Você avalia a vítima, ela não responde e não respira. Então solicita ajuda e inicia as compressões torácicas, pois pulso está ausente. Assinale a alternativa correta em relação ao seu atendimento. 30 compressões para 2 ventilação com 5cm de profundidade. 7. Você está a passeio no shopping 2 ventilações após 30 compressões torácicas 8. Masculino, 70 anos, renal crônico dialítico apresentou PCR durante sessão de hemodiálise para correção de acidose e hipercalemia. Iniciado medidas de reanimação cardiopulmonar. Nesse caso, qual o possível ritmo de PCR e quando se faz necessário a intubação orotraqueal? Assistolia. Assim que o material estiver disponível 9. Desfibrilação é indicada para FV/Tv sem pulso nos primeiros minutos com maior chance de reversão 10. Em seu estágio de emergência Utilizar adrenalina na dose de 1mg a cada 3 a 5 min quando AESP/assistolia. Adrenalina e amiodarona 300 se FV/TV sem pulso.