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Transtornos de personalidade ➤ É uma das áreas mais movediças da nosologia e terapêutica ➤ O conceito de personalidade é complexo e de difícil delimitação. · conjunto integrado de traços psíquicos, consistindo num total de características individuais em sua relação como meio, incluindo todos os fatores físicos, biológicos, psíquicos e socioculturais de sua formação, conjugando suas tendências inatas e experiências adquiridas no curso de sua existência. ➤ Múltiplas formas de caracterizar a pessoa ➤ Numerosas e diversificadas propostas históricas x poucos trabalhos atuais ➤ Conceito aparentemente ambíguo: relativamente estável e relativamente dinâmico. ➤ É como que pessoas com TP tenham repertório limitado de emoções, atitudes e comportamentos, para lidar com problemas e estresse, tendo respostas desadaptativas. Identidade ➤ É a experiência de si mesmo como indivíduo único, separado dos outros, com avaliação estável e apropriada de si mesmo e boa capacidade de autorregulação emocional. Autodirecionamento ➤ Busca de objetivos de curto e longo prazo coerentes, atitude pró-social e habilidade auto reflexiva, capazes de garantir uma conduta social produtiva Empatia ➤ Habilidade de compreender as motivações alheias, tolerância com as diferenças de perspectiva e capacidade de conciliar as disposições próprias com as alheias. Intimidade ➤ É a profundidade e duração dos relacionamentos interpessoais, capacidade e desejo de manter relacionamentos íntimos e recíprocos. TP na DSM-5 Usa o modelo híbrido dimensional categorial em seus critérios: A. Um padrão persistente de experiência interna e comportamento que se desvia acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo. Esse padrão manifesta-se em duas (ou mais) das seguintes áreas: 1. Cognição (i.e., formas de perceber e interpretar a si mesmo, outras pessoas e eventos). 2. Afetividade (i.e., variação, intensidade, labilidade e adequação da resposta emocional). 3. Funcionamento interpessoal. 4. Controle de impulsos. B. O padrão persistente é inflexível e abrange uma faixa ampla de situações pessoais e sociais. C. O padrão persistente provoca sofrimento clinicamente significativo e prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. D. O padrão é estável e de longa duração, e seu surgimento ocorre pelo menos a partir da adolescência ou do início da fase adulta. E. O padrão persistente não é mais bem explicado como uma manifestação ou consequência de outro transtorno mental. F. O padrão persistente não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou a outra condição médica (p. ex., traumatismo craniencefálico). Epidemiologia ➤ 9 a 15% dos adultos ➤ 4 a 12% tem diagnóstico protocolar ➤ Estima-se que seja ainda maior ➤ 30 a 50% com outros transtornos, têm TP ➤ mais presente em áreas urbanas ➤ ⅔ dos encarcerados tem algum tipo de TP ➤ prevalência maior em homens, porém mais mulheres nos serviços. Etiopatogenia ➤ o self reúne conjunto de funções complexas ➤ Os sítios anatômicos estão em regiões neo-corticais, como córtex pré-frontal, vetromedial, mas não restrito a ele. ➤ Há interação entre fatores genéticos e exposição a traumas e adversidades na primeira infância. ➤ Efeito aditivo e características hereditárias ➤ Há uma interface com a vulnerabilidade, resiliência, experiência e expectativas sociais de cada indivíduo. ➤ O ambiente desempenha papel crucial na manifestação de um TP. Quando é transtorno? ➤ Padrão persistente de vivência íntima ou comportamento que se desvia das expectativas culturais. ➤ É generalizado e inflexível, com início na infância / adolescência ou no começo da idade adulta ➤ Provoca prejuízo ou sofrimento ➤ Manifesta-se em 2 ou mais das seguintes áreas: · cognição · afetividade · funcionamento interpessoal · controle dos impulsos ➤ Comportamentos e reações afetivas claramente desarmônicos ➤ Padrão anormal permanente ➤ Aspectos do psiquismo e da vida social estão incluídos ➤ Padrão comportamental mal adaptativo ➤ Condições não relacionadas diretamente com lesões cerebrais ➤ Leva a grau de sofrimento, q pode ser tardio Contribui com mal desempenho ocupacional / social Os Clusters Cluster A: esquisitice ou desconfiança (estranhos, excêntricos) · paranóide · esquizóide · esquizotípica Cluster B: instabilidade e/ou manipulação (dramáticos, emotivos) · antissocial · bordeline · histriônica · impulsiva · narcisista Cluster C: ansiedade e/ou controle e/ou insegurança · evitativa · ansiosa · obssessiva-compulsiva · dependente Paranóide A ➤ Desconfiança e suspeita que tentam enganá-lo ➤ tende a distorcer experiências ➤ sensibilidade a rejeições e contratempos ➤ ofendem-se com facilidade ➤ hostis e reivindicativas. Arrogantes e auto-referentes ➤ Culpam os outros por conspiração frequência maior entre homens Esquizóide A ➤ Distanciamento das relações sociais, É O ESQUISITÃO. ➤ expressões emocionais limitadas. ➤ Ausência de amigos ou relacionamentos confidentes ➤ Poucas atv produzem prazer ➤ Não se importam com opinião dos outros ➤ Preferem atv que fazem sozinhos ➤ Parecem pessoas frias ➤ Mais comum em homens (pouco) ➤ Mais prevalente em parentes de 1º grau de esquizofrênicos. Esquizotípica A ➤ condutas excêntricas ➤ prejuízo nas relações ➤ predomina distorção cognitiva da percepção (pensamento mágico). ➤ supersticiosos, ou com crenças não condizentes com seu meio. ➤ acredita ter poder ou dom especial ➤ 3% da população em geral ➤ Mais prevalente em parentes de 1º grau de esquizofrênicos. Antissocial B (Dr. Hannibal Lecter) ➤ é o antigo psicopata desconsideram direitos alheios e regras sociais sem culpa. ➤ Incapazes de interação afetiva verdadeira e amorosa ➤ histórico de transtorno de conduta < 15 anos ➤ Ausência de empatia ➤ Violação de regras, destruição de patrimônio… ➤ manipulam os outros pra conseguir oq querem ➤ decisões impulsivas, sem meticulosidade ➤ 3% em homens e 1% mulheres Borderline B ➤ instabilidade e impulsividade ➤ sentimentos crônicos de vazio ➤ pessoas impulsivas, colocam-se em risco ➤ montanha russa emocional (não conseguem manter relacionamentos) ➤ emoções intensas ➤ dificuldade em conter a raiva (podem agredir) ➤ dificuldade em suportar tristeza ou frustração ➤ Mais frequente em mulheres (75% dos casos) Impulsivo B ➤ age impulsivamente s/ considerar consequências ➤ instabilidade afetiva intensa ➤ acessos de raiva intensa ➤ explosões comportamentais ➤ menos montanha russa que Borderline. Histriônica B ➤ emotividade em excesso (dramatização e teatralidade sedutora) ➤ necessidade de ser o centro das atenções ➤ atitude sedutora, erotização de situações não eróticas ➤ grandes esforços para seduzir ➤ afeto superficial, pueril e inconstante ➤ podem ter relacionamentos de gde dependência ➤ intolerantes as frustrações (ameaças de suicídio) ➤ mais frequente em mulheres. Narcisista B ➤ sentimento de grandiosidade de si mesmo, especial e dotado de qualidades ímpares ➤ requer admiração excessiva. Arrogante ➤ Invejoso do sucesso alheio. Pensa que os outros o invejam ➤ exploradoras nas relações interpessoais ➤ têm pouca empatia ➤ mais frequente em homens(70-75%) Evitativa C ➤ evitação de atv profissional ou estudantil c/ contato interpessoal (medo de críticas, desaprovação ou rejeição) ➤ Hiper Timidez ➤ retraimento social ➤ evitam relacionamentos íntimos (medo de passar vergonha) ➤ muita preocupação com críticas ou rejeição ➤ se vêem como socialmente incapaz ➤ medo de se envolver em situações novas Ansiosa C ➤ estado constante de tensão e apreensão ➤ crença de ser socialmente incapaz ➤ medo excessivo de ser rejeitado ➤ evitação de atv sociais ➤ restrições na vida diária por necessidade de ➤ segurança física e psíquica Dependentes C ➤ subordinação das próprias necessidades / desejos ➤ terceirização de decisões ➤ sentimento de desamparo, necessidade extrema de cuidado, apego excessivo ➤ comportamentos submissos (medo de separação) ➤ pedem conselho pra tudo e deixam os outros tomarem decisões importantes em seu lugar ➤ podem aceitar situaçõeshumilhantes, por medo de ficarem sozinhas Anancástica C ➤ padrão de excessiva rigidez, preocupado com ordenação e controle ➤ perfeccionismo exagerado ➤ gastam muito tempo com detalhes e regras, perdendo o foco no que é importante ➤ sofrem com a busca da perfeição ➤ acreditam não ter tempo pra descansar ➤ dificuldade em delegar tarefas ➤ padrões rígidos sobre certo e errado ➤ pouco carinhosas e dificuldade de expressar sentimentos ➤ mais frequente em homens. Tratamento ➤ Proposta psicossociais ➤ Poucos estudos (TP Borderline) ➤ Muitos dos princípios são generalizados para/ outros TP ➤ TP Borderline: psicodinâmica e comportamental Objetivo · estabilizar a expressão emocional com uma atitude acolhedora (terapia: apoio e pto de partida) · Terapia dialética comportamental: suicidas crônicos e borders. Farmacológicos ➤ poucos estudos ➤ Focam na: agressividade, instabilidade afetiva e impulsividade A impulsividade e agressividade são tratadas com: · ISRS · Lítio · Estabilizadores do humor ➤ Neurolépticos atípicos tb são preconizados no controle da impulsividade e da raiva Considerações finais ➤ Caracteriza-se por um padrão persistente, inflexível e generalizado na forma de sentir, pensar, agir e/ou se relacionar, que pode se manifestar por dificuldades na relação médico-paciente e no manejo clínico ➤ Está associado ao uso excessivo dos serviços de saúde e alta morbimortalidade por causas médicas gerais e suicídio ➤ Diagnóstico deve ser considerado em pacientes difíceis, mas exige uma avaliação longitudinal. ➤ Na abordagem não se deve confrontar, julgar e estigmatizar. ➤ Planejar gestão de crises de modo colaborativo com o pct e rede de apoio. BRUNO REIS DE MOURA - UFPE CAA