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Parvovirose Etiologia: ➔ Família Parvoviridae ➔ Gênero Parvovirus ➔ Espécie: Parvovírus canino (CPV) É do mesmo gênero da Panleucopenia felina, e algumas características no que diz respeito aos sinais clínicos também são semelhantes. É um vírus DNA, vírus pequeno- parvus, capsídeo icosaédrico, não possui envelope e tem formato esférico. São vírus resistentes, logo pode permanecer no ambiente durante um bom período- resistência à inativação no meio ambiente. Estável em pH de 3 a 9, estável a 56ºC por 60 min. São inativados com desinfetantes: formalina e hipoclorito de sódio. Estes vírus são caracterizados pelo tropismo em células de replicação, são vírus que não possuem enzimas próprias e por isso precisam de enzimas dos hospedeiros. ➔ Células em divisão (fase S do ciclo celular- fase que a célula está fazendo a síntese do DNA)→ Maquinaria celular (DNA polimerase e nucleotídeos) para síntese de DNA e replicação do genoma viral → órgãos que apresentam células de multiplicação→ células da MO, células embrionárias e células precursoras do epitélio intestinal-células das criptas que são células que estão em constante multiplicação. ➔ Tropismo celular ou tecidual do vírus→ sequencias específicas de aminoácidos na superfície do vírus→ importantes para o reconhecimento e ligação aos receptores celulares ➔ Especificidade da interação define e limita o tipo de célula hospedeira que pode ser infectada- sítios reativos. O vírus se encaixa em receptores específicos conforme os aminoácidos que eles contêm no capsídeo. ➔ Devido ao vírus ser não envelopado ele faz a fusão do envelope na membrana da célula do hospedeiro e entram por endocitose e forma uma vesícula que cobre o vírus. A diferença de pH no interior da vesícula é suficiente para destruir o capsídeo do vírus. ➔ O DNA é liberado e ao chegar no núcleo da célula, ele se replica. ➔ As enzimas da célula que são usadas para replicação do vírus são: DNA polimerase celular e RNA polimerase II celular. ➔ A síntese do ácido nucleico ocorre no núcleo da célula e a síntese proteica ocorre no citoplasma. ➔ Importância: enterite viral canina (Parvovírus + coronavírus canino) ➔ Enfermidade viral altamente contagiosa de cães, o vírus é eliminado nas fezes contaminando o ambiente, e é resistente no ambiente. ➔ Afeta principalmente os sistemas gastrointestinais e hematopoiético- células em replicação ➔ Lesões e sinas clínicos ocorre principalmente por ação direta do vírus, visto que o vírus entra nas células intestinais destruindo as células e penetram nas células da medula óssea impedindo a produção de novas células hematopoiéticas. Propriedades antigênicas: ➔ Capsídeo viral: 4 polipeptídeos o que confere as diferenças antigênicas ➔ Tipos de vírus: são 4 tipos diferentes • Tipo 1 não patogênico • Tipo 2- patogênico subdividido em 2a,2b (amplamente distribuído nas Américas, Europa e Japão) e 2c (dispersão mundial) - é considerado uma variante que é parecido com o vírus da panleucopenia felina. Agente etiológico: mutação do vírus da panleucopenia felina. Epidemiologia: Afeta canídeos em geral e é considerada enzoótica em países em desenvolvimento. Tem distribuição mundial. Os cães são reservatórios, filhotes são mais gravemente acometidos, por não ter o protocolo vacinal completo e ter uma imunidade mais frágil. Sinais clínicos aparecem de 4-6 dias PI. Excreção fecal do vírus: pico de 7 a 10 dias, até 10 a 12 dias. Transmissão: água e alimentos contaminados com fezes- contaminação fecal oral. Patogenia Como é uma infecção oral-fecal o animal irá ingerir o vírus e ocorre a primeira replicação. Replicação inicial do vírus→ tecido linfoide da orofaringe, linfonodos mesentéricos e timo (nos filhotes)→ viremia (1 a 5 dias após a infecção)→ dissemina-se para as criptas intestinais (estão em constante multiplicação). Atinge a medula óssea, causando leucopenia e diminuição de neutrófilos, mas ocorre a diminuição dos leucócitos totais, o que colabora para a imunossupressão do animal. No intestino, quando atinge as criptas vai ocorrer a diminuição das vilosidades, pode ocorrer a exposição da lâmina própria onde tem vasos sanguíneos, levando a diarreia hemorrágica e as bactérias do próprio TGI pode atingir a circulação sanguínea levando a septicemia. Replicação ocorre em linfonodos mesentéricos, retrofaríngeos, timo, baço, intestino e MO. Destruição das células das criptas pela replicação viral, deficiente reposição das células absortivas das vilosidades→ necrose e descamação epitelial, achatamento das vilosidades e exposição da lâmina própria. ➔ Lesões macroscópicas: hemorragia, hiperemia e congestão, aumento dos linfonodos mesentéricos. Sinais clínicos: ➔ Apatia ➔ Anorexia ➔ Febre ➔ Vômito* ➔ Diarreia sanguinolenta* ➔ Odor fétido ➔ Desidratação- devido a vômito e diarreia podendo levar ao óbito. ➔ Dor abdominal* ➔ Emagrecimento ➔ Choque ➔ Alta mortalidade Complicações: ➔ Depleção linfoide- incluído atrofia tímica ➔ Enterite bacteriana secundária- Clostridium perfringes e Campylobacter jejuni ➔ Enterite micótica- Candida sp. ➔ Celulite bacteriana- incluindo abcessos subcutâneos ➔ Trombose venosa associada à flebite ➔ Osteomielite bacteriana- quando já está em quadro de sepse ➔ Síndrome da má absorção intestinal- devido a diminuição das vilosidades. Diagnóstico: ➔ Sinais clínicos- mais comum em filhotes ➔ Hematologia- neutropenia, linfopenia, mas é comum a diminuição de todos os leucócitos ➔ ELISA (teste rápido): faz detecção semiquantitativa de IgG e IgM • ELISA fecal para detecção de antígeno, sendo que ele é específico e com baixa sensibilidade. • Tem curto período de eliminação fecal e período de incubação de 4-6 dias • ELISA fecal não detecta antígenos em animais com 10-12 dias após infecção • Se for diferente disso pode dá uma falso negativo. ➔ Hemaglutinação (método indireto): faz detecção de anticorpos de 3-4 dias após a infecção. ➔ PCR: faz a detecção do DNA viral nas fezes até 54 dias após a infecção ➔ Achados de necropsia – hiperemia de alças intestinais, diminuição da placa de Payer ➔ Hemograma: diminuição de hematócrito (pode ter aumento de hematócrito devido a desidratação), hemoglobina, eritrócitos, linfócitos e leucócitos totais. ➔ Diferencial: enterite bacterianas- Salmonelose, campilobacteriose; enterites parasitárias (nematóides, criptosporidíase, coccidiose) e enterites virais. Prevenção: ➔ Protocolo vacinal: 45-60 dias + três reforços após 30 dias de cada um + reforço anual; ➔ Desinfecção de fômites com hipoclorito de sódio (diluição em água 1:30) por 10 min ➔ Evitar contato entre cães. Tratamento: O tratamento é de suporte: Equilíbrio hídrico eletrolítico, antieméticos, protetores gástricos, antibioticoterapia (infecção secundária). Os animais que chagam nos hospitais devem ficar em isolamento e serem tratados em local específico.