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STJ - Informativo de Jurisprudência de 2022 organizados por ramos do Direito

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Informativo de Jurisprudência
2022
 
 
Superior Tribunal de Justiça 
Secretaria de Jurisprudência 
Seção de Informativo de Jurisprudência 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Informativo de Jurisprudência de 
2022 
organizado por ramos do Direito 
 
10ª Edição 
(Informativos n. 722 a 758) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Brasília-DF, novembro de 2022. 
 
 
 
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA 
Secretaria de Jurisprudência 
Coordenadoria de Divulgação de Jurisprudência 
Seção de Informativo de Jurisprudência 
 
REALIZAÇÃO 
Seção de Informativo de Jurisprudência 
 
 
EQUIPE TÉCNICA 
Isabel Rocha Martins 
José Araújo Filho 
Ocione de Jesus Abreu 
Patrícia Alves Brito Corrêa 
Patrícia da Silva Almeda Sales 
Rafael Souza Proto 
Ricardo Alvim Dusi 
Rodrigo Zapata 
Thiago Kanji Yoshida 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Superior Tribunal de Justiça 
Secretaria de Jurisprudência 
SAFS Quadra 06 Lote 01 Trecho III 
Prédio da Administração Bloco F 
2º andar Trecho I Ala “A” 
Brasília-DF 
Telefone: (061) 3319-9014 
CEP 70.095-900 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
APRESENTAÇÃO .......................................................................................................... 9 
SÚMULAS ..................................................................................................................... 10 
DIREITO CIVIL ...................................................................................................... 11 
DIREITO TRIBUTÁRIO ........................................................................................ 11 
RECURSOS REPETITIVOS ....................................................................................... 12 
DIREITO ADMINISTRATIVO ............................................................................. 13 
DIREITO AGRÁRIO .............................................................................................. 22 
DIREITO BANCÁRIO ............................................................................................ 23 
DIREITO CIVIL ...................................................................................................... 26 
DIREITO DO CONSUMIDOR ............................................................................... 38 
DIREITO EMPRESARIAL .................................................................................... 45 
DIREITO FINANCEIRO ........................................................................................ 48 
DIREITO MARCÁRIO ........................................................................................... 50 
DIREITO PENAL .................................................................................................... 52 
DIREITO PREVIDENCIÁRIO .............................................................................. 67 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL .......................................................................... 79 
DIREITO PROCESSUAL PENAL ........................................................................ 88 
DIREITO DA SAÚDE ............................................................................................. 94 
DIREITO TRIBUTÁRIO ........................................................................................ 96 
EXECUÇÃO PENAL ............................................................................................. 110 
RECUPERAÇÃO JUDICIAL ............................................................................... 114 
INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA ............................................. 117 
DIREITO ADMINISTRATIVO ........................................................................... 118 
DIREITO CIVIL .................................................................................................... 126 
DIREITO ADMINISTRATIVO ................................................................................ 131 
CORTE ESPECIAL ............................................................................................... 132 
PRIMEIRA SEÇÃO ............................................................................................... 138 
PRIMEIRA TURMA ............................................................................................. 152 
SEGUNDA TURMA .............................................................................................. 181 
QUARTA TURMA ................................................................................................. 222 
QUINTA TURMA .................................................................................................. 223 
DIREITO AGRÁRIO ................................................................................................. 226 
SEGUNDA TURMA .............................................................................................. 227 
DIREITO AMBIENTAL ............................................................................................ 230 
 
 
 
PRIMEIRA SEÇÃO ............................................................................................... 231 
PRIMEIRA TURMA ............................................................................................. 233 
SEGUNDA TURMA .............................................................................................. 237 
QUARTA TURMA ................................................................................................. 241 
DIREITO AUTORAL................................................................................................. 243 
TERCEIRA TURMA ............................................................................................. 244 
QUARTA TURMA ................................................................................................. 246 
DIREITO BANCÁRIO ............................................................................................... 250 
TERCEIRA TURMA ............................................................................................. 251 
QUARTA TURMA ................................................................................................. 254 
DIREITO CIVIL ......................................................................................................... 259 
SEGUNDA SEÇÃO ................................................................................................ 260 
PRIMEIRA TURMA ............................................................................................. 270 
SEGUNDA TURMA .............................................................................................. 276 
TERCEIRA TURMA ............................................................................................. 279 
QUARTA TURMA ................................................................................................. 394 
DIREITO COMERCIAL ........................................................................................... 471 
TERCEIRA TURMA ............................................................................................. 472 
QUARTA TURMA ................................................................................................. 475 
DIREITO CONSTITUCIONAL ................................................................................ 478 
CORTE ESPECIAL ............................................................................................... 479 
PRIMEIRA SEÇÃO ............................................................................................... 484 
SEGUNDA SEÇÃO ................................................................................................ 488 
TERCEIRA SEÇÃO .............................................................................................. 492 
PRIMEIRA TURMA ............................................................................................. 494 
SEGUNDA TURMA ..............................................................................................499 
TERCEIRA TURMA ............................................................................................. 507 
QUARTA TURMA ................................................................................................. 509 
QUINTA TURMA .................................................................................................. 513 
SEXTA TURMA ..................................................................................................... 520 
DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ................................................. 528 
PRIMEIRA TURMA ............................................................................................. 529 
SEGUNDA TURMA .............................................................................................. 530 
TERCEIRA TURMA ............................................................................................. 532 
QUARTA TURMA ................................................................................................. 536 
QUINTA TURMA .................................................................................................. 539 
 
 
 
SEXTA TURMA ..................................................................................................... 540 
DIREITO DO CONSUMIDOR ................................................................................. 543 
CORTE ESPECIAL ............................................................................................... 544 
SEGUNDA SEÇÃO ................................................................................................ 546 
PRIMEIRA TURMA ............................................................................................. 552 
TERCEIRA TURMA ............................................................................................. 553 
QUARTA TURMA ................................................................................................. 576 
DIREITO DIGITAL ................................................................................................... 599 
QUARTA TURMA ................................................................................................. 600 
DIREITO ECONÔMICO........................................................................................... 606 
QUARTA TURMA ................................................................................................. 607 
DIREITO ELEITORAL ............................................................................................. 609 
TERCEIRA TURMA ............................................................................................. 610 
DIREITO EMPRESARIAL ....................................................................................... 612 
CORTE ESPECIAL ............................................................................................... 613 
PRIMEIRA TURMA ............................................................................................. 614 
TERCEIRA TURMA ............................................................................................. 617 
QUARTA TURMA ................................................................................................. 631 
DIREITO FALIMENTAR ......................................................................................... 642 
SEGUNDA SEÇÃO ................................................................................................ 643 
SEGUNDA TURMA .............................................................................................. 647 
TERCEIRA TURMA ............................................................................................. 648 
QUARTA TURMA ................................................................................................. 653 
DIREITO FINANCEIRO ........................................................................................... 660 
SEGUNDA TURMA .............................................................................................. 661 
DIREITOS HUMANOS ............................................................................................. 662 
PRIMEIRA TURMA ............................................................................................. 663 
QUARTA TURMA ................................................................................................. 666 
QUINTA TURMA .................................................................................................. 669 
SEXTA TURMA ..................................................................................................... 670 
DIREITO INTERNACIONAL .................................................................................. 673 
CORTE ESPECIAL ............................................................................................... 674 
PRIMEIRA SEÇÃO ............................................................................................... 676 
 
 
 
SEGUNDA SEÇÃO ................................................................................................ 677 
PRIMEIRA TURMA ............................................................................................. 679 
QUARTA TURMA ................................................................................................. 681 
DIREITO MARCÁRIO .............................................................................................. 684 
QUARTA TURMA ................................................................................................. 685 
DIREITO PENAL ....................................................................................................... 691 
CORTE ESPECIAL ............................................................................................... 692 
TERCEIRA SEÇÃO .............................................................................................. 694 
QUINTA TURMA .................................................................................................. 704 
SEXTA TURMA ..................................................................................................... 739 
DIREITO DA PESSOA IDOSA................................................................................. 787 
PRIMEIRA TURMA ............................................................................................. 788 
TERCEIRA TURMA ............................................................................................. 789 
DIREITO PREVIDENCIÁRIO ................................................................................. 792 
CORTE ESPECIAL ............................................................................................... 793 
PRIMEIRA SEÇÃO ............................................................................................... 794 
PRIMEIRA TURMA ............................................................................................. 795 
SEGUNDA TURMA .............................................................................................. 805 
TERCEIRA TURMA ............................................................................................. 809 
QUARTA TURMA ................................................................................................. 810 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL ............................................................................. 817 
CORTE ESPECIAL ............................................................................................... 818 
PRIMEIRA SEÇÃO ............................................................................................... 843 
SEGUNDA SEÇÃO ................................................................................................ 854 
PRIMEIRA TURMA ............................................................................................. 870 
SEGUNDA TURMA .............................................................................................. 900 
TERCEIRA TURMA .............................................................................................937 
QUARTA TURMA ............................................................................................... 1025 
QUINTA TURMA ................................................................................................ 1088 
SEXTA TURMA ................................................................................................... 1090 
DIREITO PROCESSUAL MILITAR ..................................................................... 1092 
QUINTA TURMA ................................................................................................ 1093 
DIREITO PROCESSUAL PENAL ......................................................................... 1095 
CORTE ESPECIAL ............................................................................................. 1096 
TERCEIRA SEÇÃO ............................................................................................ 1097 
 
 
 
QUINTA TURMA ................................................................................................ 1115 
SEXTA TURMA ................................................................................................... 1185 
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO ......................................................... 1248 
PRIMEIRA SEÇÃO ............................................................................................. 1249 
QUARTA TURMA ............................................................................................... 1250 
DIREITO REGISTRAL ........................................................................................... 1252 
PRIMEIRA SEÇÃO ............................................................................................. 1253 
SEGUNDA TURMA ............................................................................................ 1254 
TERCEIRA TURMA ........................................................................................... 1256 
QUARTA TURMA ............................................................................................... 1258 
DIREITO DA SAÚDE .............................................................................................. 1260 
CORTE ESPECIAL ............................................................................................. 1261 
PRIMEIRA TURMA ........................................................................................... 1262 
QUARTA TURMA ............................................................................................... 1263 
DIREITO TRIBUTÁRIO ......................................................................................... 1265 
CORTE ESPECIAL ............................................................................................. 1266 
PRIMEIRA SEÇÃO ............................................................................................. 1268 
PRIMEIRA TURMA ........................................................................................... 1269 
SEGUNDA TURMA ............................................................................................ 1290 
SEXTA TURMA ................................................................................................... 1306 
DIREITO URBANÍSTICO ...................................................................................... 1308 
SEGUNDA TURMA ............................................................................................ 1309 
EXECUÇÃO PENAL ............................................................................................... 1310 
TERCEIRA SEÇÃO ............................................................................................ 1311 
QUINTA TURMA ................................................................................................ 1314 
SEXTA TURMA ................................................................................................... 1319 
RECUPERAÇÃO JUDICIAL ................................................................................. 1321 
SEGUNDA TURMA ............................................................................................ 1322 
TERCEIRA TURMA ........................................................................................... 1323 
QUARTA TURMA ............................................................................................... 1332 
 
9 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
 
Com o intuito de proporcionar mais uma forma de consulta ao usuário do Informativo 
de Jurisprudência, o presente trabalho disponibiliza todas as súmulas e notas de julgados publicadas 
durante o ano de 2022, agrupadas segundo os respectivos ramos do direito. 
As súmulas e as notas extraídas de julgamentos submetidos ao rito dos recursos 
repetitivos estão localizadas em capítulos específicos, no início do documento, organizadas de acordo 
com a matéria preponderante, em ordem de recentidade – da mais recente para a mais antiga – e por 
órgão julgador, considerando a Corte Especial, as Seções temáticas e as Turmas. 
As demais notas também estão dispostas de acordo com a matéria preponderante, 
ordenadas, por sua vez, conforme o órgão julgador e da mais recente para a mais antiga. 
Cabe ressaltar que as notas que abordam mais de um tema jurídico estão repetidas nos 
respectivos ramos. Essa opção foi adotada para que o usuário que se interesse por apenas um ramo 
específico do direito não perca qualquer informação. 
O Informativo de Jurisprudência de 2022 organizado por ramos do Direito será 
atualizado mensalmente no decorrer do ano. Vale lembrar que, ao final de cada nota e de cada súmula, 
há a indicação da edição do Informativo de Jurisprudência correspondente. 
 
 
10 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÚMULAS 
 
 
11 
 
DIREITO CIVIL 
Voltar ao Sumário. 
SÚMULA N. 656 
É válida a cláusula de prorrogação automática de fiança na renovação do contrato principal. A exoneração do 
fiador depende da notificação prevista no art. 835 do Código Civil. (Segunda Seção. Aprovada em 09/11/2022). 
(Informativo n. 757) 
 
SÚMULA N. 655 
Aplica-se à união estável contraída por septuagenário o regime da separação obrigatória de bens, comunicando-
se os adquiridos na constância, quando comprovado o esforço comum. (Segunda Seção. Aprovada em 
09/11/2022). (Informativo n. 757) 
 
DIREITO TRIBUTÁRIO 
Voltar ao Sumário. 
 
SÚMULA N. 497 (CANCELADA) 
Os créditos das autarquias federais preferem aos créditos da Fazenda estadual desde que coexistam penhoras 
sobre o mesmo bem. Primeira Seção, súmula n. 497 cancelada em 14/09/2022. (Informativo n. 749) 
 
 
SÚMULA N. 212 (CANCELADA) 
A compensação de créditos tributários não pode ser deferida em ação cautelar ou por medida liminar cautelar 
ou antecipatória. Primeira Seção, súmula n. 212 cancelada em 14/09/2022. (Informativo n. 749) 
 
SÚMULA N. 654 
A tabela de preços máximos ao consumidor (PMC) publicada pela ABCFarma, adotada pelo Fisco para a fixação 
da base de cálculo do ICMS na sistemática da substituição tributária, não se aplica aos medicamentos destinados 
exclusivamente para uso de hospitais e clínicas. (Primeira Seção. Aprovada em 24/08/2022). (Informativo n. 
746) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RECURSOS REPETITIVOS 
 
 
13 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
Voltar ao Sumário. 
 
PROCESSO REsp 1.907.153-CE, Rel. Min. Manoel Erhardt (Desembargador 
convocado do TRF da 5ª Região), Primeira Seção, por unanimidade, 
julgado em 26/10/2022, DJe 28/10/2022. (Tema 1135) 
 
RAMO DO DIREITO DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
 
TEMA Servidor público federal. Primeiro período de férias já usufruído. Gozo de 
férias seguintes. Mesmo ano civil do lapso temporal aquisitivo. Dois períodos 
de férias no mesmo exercício. Possibilidade. Tema 1135. 
 
 
DESTAQUE 
 É possível ao servidor que já usufruiu o primeiro período de férias, após cumprida a exigência de 12 (doze) 
meses de exercício, usufruiras férias seguintes no mesmo ano civil, dentro do período aquisitivo ainda em curso, 
nos termos do § 1° do art. 77 da Lei n. 8.112/1990. 
 
 
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR 
 A questão central consiste em saber se o servidor tem chancela legal para o chamado gozo de férias seguintes 
no mesmo ano civil. Noutras palavras, tendo cumprido o período aquisitivo de 12 meses, pretende-se analisar se 
pode - ou não - usufruir dois períodos no mesmo exercício. 
 
 Acerca dessa temática, o art. 77, § 1º, da Lei n. 8.112/1990, prevê que "O servidor fará jus a trinta dias de 
férias, que podem ser acumuladas, até o máximo de dois períodos, no caso de necessidade do serviço, ressalvadas 
as hipóteses em que haja legislação específica", bem como que "Para o primeiro período aquisitivo de férias serão 
exigidos 12 (doze) meses de exercício". 
 
 No entanto, a interpretação que se conferiu ao tema é a de que o servidor público pode usufruir as férias ainda 
durante o respectivo período aquisitivo, na conformidade de escala de férias organizada pelo órgão público a 
que está vinculado, independentemente de isso implicar o gozo de dois períodos de férias no mesmo ano, 
contanto que já tenha cumprido os 12 meses de exercício. Dessa forma, fica expressamente ressalvado que, 
havendo necessidade do serviço, a Administração Pública deve formalizar sua negativa em decisão 
fundamentada, na qual demonstre quais seriam os prejuízos decorrentes do afastamento do servidor nos 
períodos solicitados. 
 
 Por óbvio, a motivação dada pela Administração Pública tem efeito determinante para a sua validade. Bem 
por isso, apesar de a concessão das férias decorrer da conveniência e oportunidade da Administração Pública - 
postulado que assegura o equilíbrio entre os interesses da Administração e os dos servidores -, há de se 
considerar, por todo, que não existe no serviço público federal óbice legal para a concessão das férias na forma 
que se debate, isto é, dois períodos para o mesmo exercício. 
 
 Essa é a leitura que tem sido verberada pelos dois órgãos fracionários do Superior Tribunal de Justiça, 
responsáveis pelo controle de legalidade acerca do direito público. (Informativo n. 755) 
 
14 
 
 
 
PROCESSO REsp 1.854.662-CE, Rel. Min. Sérgio Kukina, Primeira Seção, por 
unanimidade, julgado em 22/06/2022. (Tema 1086) 
 
RAMO DO DIREITO DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
 
TEMA Servidor público federal inativo. Art. 87, § 2º da Lei n. 8.112/1990. Licença-
prêmio não gozada nem contada em dobro para aposentadoria. Conversão em 
pecúnia. Prévio requerimento administrativo. Prescindibilidade. 
Comprovação de necessidade do serviço. Dispensável. Tema 1086. 
 
 
DESTAQUE 
 Presente a redação original do art. 87, § 2º, da Lei n. 8.112/1990, bem como a dicção do art. 7º da Lei n. 
9.527/1997, o servidor federal inativo, sob pena de enriquecimento ilícito da Administração e 
independentemente de prévio requerimento administrativo, faz jus à conversão em pecúnia de licença-prêmio 
por ele não fruída durante sua atividade funcional, nem contada em dobro para a aposentadoria, revelando-se 
prescindível, a tal desiderato, a comprovação de que a licença-prêmio não foi gozada por necessidade do serviço. 
 
 
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR 
 A controvérsia, tal como delimitada na proposta afetada por esta Primeira Seção, consiste em: a) definir se o 
servidor público federal possui, ou não, o direito de obter a conversão em pecúnia de licença-prêmio por ele não 
gozada e nem contada em dobro para fins de aposentadoria; b) em caso afirmativo, definir se a referida 
conversão em pecúnia estará condicionada, ou não, à comprovação, pelo servidor, de que a não fruição ou 
contagem da licença-prêmio decorreram do interesse da Administração Pública. 
 
 A pacífica jurisprudência do STJ, formada desde a época em que a competência para o exame da matéria 
pertencia à Terceira Seção, firmou-se no sentido de que, embora a legislação faça referência à possibilidade de 
conversão em pecúnia apenas no caso de falecimento do servidor, possível se revela que o próprio servidor 
inativo postule em juízo indenização pecuniária concernente a períodos adquiridos de licença-prêmio, que não 
tenham sido por ele fruídos nem contados em dobro para fins de aposentadoria, sob pena de enriquecimento 
ilícito da Administração. 
 
 Nesse sentido, consigna-se que "foge à razoabilidade jurídica que o servidor seja tolhido de receber a 
compensação pelo não-exercício de um direito que incorporara ao seu patrimônio funcional e, de outra parte, 
permitir que tal retribuição seja paga aos herdeiros, no caso de morte do funcionário" (AgRg no Ag 735.966/TO, 
Relator Ministro Felix Fischer, Quinta Turma, DJ de 28/8/2006, p. 305). 
 
 
15 
 
 Tal compreensão, na verdade, mostra-se alinhada à orientação adotada pelo Supremo Tribunal Federal, em 
sede de repercussão geral, no julgamento do ARE 721.001/RJ (Tema 635), segundo a qual "é devida a conversão 
de férias não gozadas bem como de outros direitos de natureza remuneratória em indenização pecuniária por 
aqueles que não mais podem delas usufruir, seja por conta do rompimento do vínculo com a Administração, seja 
pela inatividade, em virtude da vedação ao enriquecimento sem causa da Administração". 
 
 Oportunamente, mostra-se importante sublinhar que a tese repetitiva cuida, única e exclusivamente, de 
controvérsia envolvendo direito postulado por servidor público federal inativo, concernente à conversão em 
pecúnia de licença-prêmio não gozada, não abrangendo, portanto, igual pretensão eventualmente formulada por 
servidores ativos. 
 
 Além disso, a controvérsia também engloba o debate sobre saber se a conversão em pecúnia da licença-prêmio 
não gozada estaria condicionada, ou não, à comprovação, pelo servidor, de que a não fruição do aludido direito 
decorreu do interesse da Administração Pública. 
 
 Nesse passo, o reiterado entendimento do STJ considera "desnecessária a comprovação de que as férias e a 
licença-prêmio não foram gozadas por necessidade do serviço já que o não-afastamento do empregado, abrindo 
mão de um direito, estabelece uma presunção a seu favor" (REsp 478.230/PB, Relator Ministro Humberto 
Martins, Segunda Turma, DJ de 21/5/2007, p. 554). 
 
 Entende-se, outrossim, dispensável a comprovação de que a licença-prêmio não tenha sido gozada por 
interesse do serviço, pois o não afastamento do servidor, abrindo mão daquele direito pessoal, gera presunção 
quanto à necessidade da atividade laboral. 
 
 Conforme assentado em precedentes desta Corte, a inexistência de prévio requerimento administrativo do 
servidor não reúne aptidão, só por si, de elidir o enriquecimento sem causa do ente público, sendo certo que, na 
espécie examinada, o direito à indenização decorre da circunstância de o servidor ter permanecido em atividade 
durante o período em que a lei expressamente lhe possibilitava o afastamento remunerado ou, alternativamente, 
a contagem dobrada do tempo da licença. 
 
 Diante desse contexto, entende-se pela desnecessidade de se perquirir acerca do motivo que levou o servidor 
a não usufruir do benefício do afastamento remunerado, tampouco sobre as razões pelas quais a Administração 
deixou de promover a respectiva contagem especial para fins de inatividade, porque, numa ou noutra situação, 
não se discute ter havido a prestação laboral ensejadora do recebimento da aludida vantagem. 
 
 Ademais, caberia à Administração, na condição de detentora dos mecanismos de controle que lhe são próprios, 
providenciar o acompanhamento dos registros funcionais e a prévia notificação do servidor acerca da 
necessidade de fruição da licença-prêmio antes de sua passagem para a inatividade. 
 
 De resto, cumpre também pontuar a inexistência de previsão legal estipuladora de prazo para o exercício do 
direito em questão ou, ainda, acenando com a eventual perda do gozo da licença-prêmio, tudo a recomendar, 
portanto, que se reconheçaa legalidade da conversão em pecúnia daquele benefício, sendo certo que tal 
entendimento, conforme já realçado pelo Supremo Tribunal Federal (RE 721.001/RJ), está fundado na 
responsabilidade objetiva do Estado, nos termos do art. 37, § 6º, da CF/1988, bem assim no princípio que veda 
o enriquecimento sem causa da Administração. (Informativo n. 742) 
 
 
 
 
 
 
16 
 
 
PROCESSO REsp 1.913.638-MA, Rel. Min. Gurgel de Faria, Primeira Seção, por 
unanimidade, julgado em 11/05/2022. (Tema 1108) 
 
RAMO DO DIREITO DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
 
TEMA Improbidade. Contratação de servidor temporário sem concurso público. Lei 
local. Autorização. Dolo. Afastamento. Tema 1108. 
 
 
DESTAQUE 
 A contratação de servidores públicos temporários sem concurso público, mas baseada em legislação local, não 
configura a improbidade administrativa prevista no art. 11 da Lei n. 8.429/1992, por estar ausente o elemento 
subjetivo (dolo), necessário para a configuração do ato de improbidade violador dos princípios da administração 
pública. 
 
 
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR 
 A questão central é saber se a contratação de servidores temporários sem concurso público, baseada em 
legislação municipal, configura ato de improbidade administrativa, em razão de eventual dificuldade de 
identificar o elemento subjetivo necessário à caracterização do ilícito administrativo. 
 
 Inicialmente, cumpre consignar que, em face dos princípios a que está submetida a administração pública (art. 
37 da CF/1988) e tendo em vista a supremacia deles, sendo representantes daquela os agentes públicos passíveis 
de serem alcançados pela lei de improbidade, o legislador ordinário quis impedir o ajuizamento de ações 
temerárias, evitando, com isso, além de eventuais perseguições políticas e o descrédito social de atos ou decisões 
político-administrativos legítimos, a punição de administradores ou de agentes públicos inexperientes, inábeis 
ou que fizeram uma má opção política na gerência da coisa pública ou na prática de atos administrativos, sem 
má-fé ou intenção de lesar o erário ou de enriquecimento. 
 
 Essa intenção foi reforçada pelo pacífico posicionamento jurisprudencial desta Corte Superior, segundo o qual 
não se pode confundir improbidade com simples ilegalidade, porquanto a improbidade é ilegalidade tipificada e 
qualificada pelo elemento subjetivo da conduta do agente, sendo indispensável para sua caracterização o dolo, 
para a tipificação das práticas descritas nos arts. 9º e 11 da Lei n. 8.429/1992, ou que, pelo menos, seja essa 
conduta eivada de culpa grave (AIA 30/AM, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Corte Especial, DJe 
28/09/2011). 
 
 Tal entendimento recebeu tratamento especial - e mais restritivo - quando da recente alteração da Lei n. 
8.429/1992 pela Lei n. 14.230/2021, que estabeleceu o dolo específico como requisito para a caracterização do 
ato de improbidade administrativa, ex vi do seu art. 1º, §§ 2º e 3º, sendo necessário aferir a especial intenção 
desonesta do agente de violar o bem jurídico tutelado. 
 
 De acordo com a jurisprudência desta Corte Superior, desde há muito, a contratação de servidores públicos 
temporários sem concurso público baseada em legislação local, ainda que considerada inconstitucional pelo 
 
17 
 
acórdão recorrido, afasta a caracterização do dolo genérico para a configuração de improbidade administrativa 
que atenta contra os princípios da administração pública. 
 
 O afastamento do elemento subjetivo de tal conduta dá-se em razão da dificuldade de identificar o dolo 
genérico, situação que foi alterada com a edição da Lei n. 14.230/2021, que conferiu tratamento mais rigoroso, 
ao estabelecer não mais o dolo genérico, mas o dolo específico como requisito para a caracterização do ato de 
improbidade administrativa, ex vi do seu art. 1º, §§ 2º e 3º, em que é necessário aferir a especial intenção 
desonesta do agente de violar o bem jurídico tutelado. (Informativo n. 736) 
 
 
 
 
PROCESSO REsp 1.872.008-RS, Rel. Min. Assusete Magalhães, Primeira Seção, por 
unanimidade, julgado em 11/05/2022. (Tema 1088) 
 
RAMO DO DIREITO DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
 
TEMA Militar. Reforma ex officio. HIV. Militar portador assintomático do vírus. 
Remuneração. Soldo correspondente ao grau hierárquico imediatamente 
superior. Necessidade de configuração da invalidez. Tema 1088. 
 
 
DESTAQUE 
 O militar de carreira ou temporário - este último antes da alteração promovida pela Lei n. 13.954/2019 -, 
diagnosticado como portador do vírus HIV, tem direito à reforma ex officio por incapacidade definitiva para o 
serviço ativo das Forças Armadas, independentemente do grau de desenvolvimento da Síndrome de 
Imunodeficiência Adquirida - SIDA/AIDS, porém, sem a remuneração calculada com base no soldo 
correspondente ao grau hierárquico imediatamente superior ao que possuía na ativa, se não estiver 
impossibilitado total e permanentemente para qualquer trabalho, na forma do art. 110, § 1º, da Lei n. 
6.880/1980. 
 
 
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR 
 A controvérsia restou assim delimitada, por ocasião da afetação do presente Recurso Especial: "Definir se o 
militar diagnosticado como portador do vírus HIV tem direito à reforma ex officio por incapacidade definitiva, 
independentemente do grau de desenvolvimento da Síndrome de Imunodeficiência Adquirida - SIDA/AIDS, com 
remuneração calculada com base no soldo correspondente ao grau imediatamente superior ao que possuía na 
ativa". 
 
 
18 
 
 Dadas as peculiaridades da carreira militar e não obstante o avanço médico-científico no tratamento da 
doença, ainda considerada incurável em nossos dias, o STJ, notadamente a partir do julgamento dos EREsp 
670.744/RJ, pela Terceira Seção (Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, DJU de 21/05/2007), tem-se mostrado 
sensível à realidade do militar portador do vírus HIV, mesmo que assintomático, e mantido, inclusive em 
acórdãos recentes, o entendimento no sentido de que o militar portador do vírus HIV, ainda que assintomático 
e independentemente do grau de desenvolvimento da Síndrome de Imunodeficiência Adquirida - SIDA/AIDS, 
tem direito à reforma ex officio, por incapacidade definitiva para o serviço ativo das Forças Armadas, nos termos 
dos arts. 106, II, 108, V, e 109 da Lei n. 6.880/1980 (na redação anterior à Lei n. 13.954, de 16/12/2019) c/c art. 
1º, I, c, da Lei n. 7.670/1988. 
 
 No julgamento dos EREsp 1.123.371/RS (Relator p/ acórdão Ministro Mauro Campbell Marques, Corte 
Especial, DJe de 12/03/2019), o voto condutor do acórdão registrou que "a reforma, por sua vez, será concedida 
ex officio se o militar alcançar a idade prevista em lei ou se enquadrar em uma daquelas hipóteses consignadas 
no art. 106 da Lei n. 6.880/1980, entre as quais, for julgado incapaz, definitivamente, para o serviço ativo das 
Forças Armadas (inciso II), entre as seguintes causas possíveis previstas nos incisos do art. 108 da Lei 
6.880/1980 (...) V - tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, lepra, 
paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, mal de Parkinson, pênfigo, espondiloartrose 
anquilosante, nefropatia grave e outras moléstias que a lei indicar com base nas conclusões da medicina 
especializada", tendo a Lei n. 7.670/1988 incluído a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida - SIDA/AIDS como 
causa que justifica a concessão de "reforma militar, na forma do disposto no art. 108, inciso V, da Lei n. 6.880, de 
9 de dezembro de 1980", ou seja, quando o militar "for julgado incapaz, definitivamente, para o serviço ativo das 
Forças Armadas" (art. 106, II, da Lei n. 6.880/1980, na redação anterior à Lei n. 13.954, de 16/12/2019). No 
aludido julgamento, o Relator destacou, ainda, que "a legislação de regência faz distinção entre incapacidade 
definitiva para o serviço ativo do Exército (conceito que não abrange incapacidade para todas as demais 
atividades laborais civis) e invalidez (conceito queabrange a incapacidade para o serviço ativo do Exército e 
para todas as demais atividades laborais civis)". 
 
 Antes da alteração promovida pela Lei n. 13.954, de 16/12/2019, na linha da jurisprudência sedimentada no 
STJ, impõe-se o reconhecimento do direito à reforma de militar, de carreira ou temporário, na hipótese de ser 
portador do vírus HIV, por incapacidade definitiva para o serviço ativo das Forças Armadas, ante o que dispõem 
os arts. 106, II, 108, V, e 109 da Lei n. 6.880/1980 c/c art. 1º, I, c, da Lei n. 7.670/1988. Após o advento da Lei n. 
13.954/2019, contudo, foi dada nova redação ao inciso II do art. 106 e acrescido o inciso II-A ao referido art. 106 
da Lei n. 6.880/1980, criando-se uma diferenciação, para fins de reforma, entre militares de carreira e 
temporários: enquanto, para os temporários, exige-se a invalidez, para os de carreira basta a incapacidade 
definitiva para o serviço ativo das Forças Armadas. Também o art. 109 da Lei n. 6.880/1980 sofreu alteração 
com a Lei n. 13.954, de 16/12/2019, criando diferenciação entre militares temporários e de carreira, para fins 
de reforma com qualquer tempo de serviço, inclusive na hipótese do art. 108, V, da Lei n. 6.880/1980. 
 
 Os três Recursos Especiais afetados e ora em julgamento, por esta Primeira Seção, tratam de hipóteses 
anteriores à Lei n. 13.954/2019, em que o pedido de reforma, em face de exame do militar que detectou a 
presença do vírus HIV, deu-se antes da alteração legislativa. 
 
 A teor da Súmula 359/STF, "ressalvada a revisão prevista em lei, os proventos da inatividade regulam-se pela 
lei vigente ao tempo em que o militar, ou o servidor civil, reuniu os requisitos necessários". Nesse mesmo sentido, 
"se no momento da obtenção do benefício encontravam-se preenchidos todos os requisitos necessários de 
acordo com a lei em vigor, caracterizando-se como ato jurídico perfeito, não pode a legislação superveniente 
estabelecer novos critérios, sob pena de ofensa ao princípio tempus regit actum" (STJ, AgRg no REsp 
1.308.778/RS, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe de 30/09/2014). 
 
 
19 
 
 A reforma do militar temporário, com base no art. 108, V, da Lei n. 6.880/1980, somente após o advento da 
Lei n. 13.954, de 16/12/2019, passou a exigir a invalidez, requisito não preenchido pelo portador assintomático 
do vírus HIV. Essa perspectiva da ausência de invalidez, no caso, já era reconhecida pela jurisprudência do STJ, 
ao afirmar que o direito à reforma do portador do vírus HIV, independentemente do grau de desenvolvimento 
da doença, dava-se por incapacidade definitiva para o serviço ativo das Forças Armadas, ou seja, por 
incapacidade apenas para o serviço militar. 
 
 A reforma por incapacidade definitiva para o serviço ativo das Forças Armadas deve ser concedida, nos termos 
do art. 110 da Lei n. 6.880/1980 - que não foi alterado pela Lei n. 13.954/2019 -, com base no soldo do grau 
hierárquico superior, apenas e tão somente nas hipóteses dos incisos I e II, do art. 108 da Lei n. 6.880/1980. Nas 
hipóteses dos incisos III, IV e V, do mesmo art. 108 da Lei n. 6.880/1980, exige-se, para a reforma com base no 
soldo correspondente ao grau hierárquico imediatamente superior, que, além da incapacidade definitiva para o 
serviço ativo das Forças Armadas, o militar seja considerado inválido, ou seja, que ele esteja "impossibilitado 
total ou permanentemente para qualquer trabalho", na vida castrense e civil. Revisitação do tema dos EREsp 
677.740/RJ, quanto ao art. 110, § 1º, da Lei n. 6.880/1980. 
 
 Na forma da jurisprudência do STJ, "nos termos do art. 110, caput e § 1º, da Lei n. 6.880/1980, quando 
configurada alguma das hipóteses descritas nos itens III, IV e V, do art. 108, o militar terá direito à reforma com 
base no soldo do grau hierárquico imediato se verificada a invalidez, ou seja, a incapacidade definitiva para 
qualquer trabalho, militar ou civil. No caso dos autos, ainda que seja reconhecida a ocorrência da neoplasia 
maligna - câncer de próstata -, as instâncias ordinárias negaram a existência de invalidez. Desse modo, inviável 
o reconhecimento do alegado direito à remuneração superior, porquanto ausente um dos requisitos 
estabelecidos na legislação" (STJ, REsp 1.843.913/PE, Rel. Ministro Og Fernandes, Segunda Turma, DJe de 
04/08/2020). De igual modo, "em sintonia com a jurisprudência do STJ (...) apenas os militares da ativa ou da 
reserva remunerada, julgados incapazes definitivamente para o serviço por força de doença constante do inciso 
V do art. 108 da Lei n. 6.880/1980 (e for considerado inválido total e permanentemente para qualquer trabalho), 
fazem jus à reforma com a remuneração calculada com base no soldo correspondente ao grau hierárquico 
imediatamente superior ao que possuía na ativa" (STJ, AgRg no REsp 1.577.792/SC, Rel. Ministro Mauro 
Campbell Marques, Segunda Turma, DJe de 16/03/2016). 
 
 Além de a Terceira Seção não mais ser competente para o exame da matéria, o precedente dos EREsp 
677.740/RJ (Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Terceira Seção, DJU de 21/05/2007), inúmeras vezes invocado 
em julgados posteriores do STJ, apesar de conferir ao militar, portador assintomático do vírus HIV, o direito à 
reforma por incapacidade definitiva para o serviço ativo das Forças Armadas, não examinou o assunto, de 
maneira suficiente e à luz do art. 110, § 1º, da Lei n. 6.880/1980, ao conceder a remuneração com base no soldo 
correspondente ao grau hierárquico imediato ao ocupado pelo militar na ativa, hipótese na qual o referido art. 
110, § 1º, da Lei n. 6.880/1980 exige a configuração da invalidez para o serviço militar e civil. A Lei n. 7.670/1988, 
ao incluir, em seu art. 1º, I, c, a SIDA/AIDS como uma das doenças que ensejam a reforma pelo art. 108, V, da Lei 
n. 6.880/1980, não estabeleceu, para a hipótese, qualquer tratamento diferenciado, em relação às demais 
moléstias, no que diz respeito à remuneração do militar. 
 
 Aliado a isso, em relação a outras doenças, igualmente enumeradas no art. 108, V, da Lei n. 6.880/1980, o 
Superior Tribunal de Justiça tem proclamado a necessidade de configuração da invalidez para a aplicação do art. 
110, § 1º, da Lei n. 6.880/1980, o que não poderia ser diferente para a SIDA/AIDS. 
 
 Sendo assim, não há como aplicar a jurisprudência do STJ, firmada nos aludidos EREsp 670.744/RJ, neste 
ponto e na hipótese, por exigir o art. 110, § 1º, da Lei n. 6.880/1980 - antes ou depois da Lei n. 13.954/2019 -, 
além da incapacidade definitiva para o serviço ativo das Forças Armadas, a invalidez, para que o militar, portador 
do vírus HIV, independentemente do grau de desenvolvimento da doença, seja reformado com soldo 
correspondente ao grau hierárquico imediatamente superior ao que possuía na ativa. (Informativo n. 736) 
 
 
 
20 
 
 
PROCESSO REsp 1.878.849-TO, Rel. Min. Manoel Erhardt (Desembargador 
Convocado do TRF da 5ª região), Primeira Seção, por unanimidade, 
julgado em 24/02/2022. (Tema 1075) 
 
RAMO DO DIREITO DIREITO ADMINISTRATIVO, DIREITO FINANCEIRO 
 
 
TEMA Servidor público. Progressão funcional. Requisitos legais preenchidos. Direito 
subjetivo. Descumprimento por restrições orçamentárias previstas na Lei de 
Responsabilidade Fiscal. Ilegalidade. Tema 1075. 
 
 
DESTAQUE 
 É ilegal o ato de não concessão de progressão funcional de servidor público, quando atendidos todos os 
requisitos legais, a despeito de superados os limites orçamentários previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal, 
referentes a gastos com pessoal de ente público, tendo em vista que a progressão é direito subjetivo do servidor 
público, decorrente de determinação legal, estando compreendida na exceção prevista no inciso I do parágrafo 
único do art. 22 da Lei Complementar n. 101/2000. 
 
 
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR 
 A Lei Complementar n. 101/2000 determina que seja verificado se a despesa de cada Poder ou órgão com 
pessoal - limite específico - se mantém inferior a 95% do seulimite; isso porque, em caso de excesso, há um 
conjunto de vedações que deve ser observado exclusivamente pelo Poder ou pelo órgão que houver incorrido no 
excesso, como visto no art. 22 da LC n. 101/2000. 
 
 O mesmo diploma legal não prevê vedação à progressão funcional do servidor público que atender aos 
requisitos legais para sua concessão, em caso de superação dos limites orçamentários previstos na Lei de 
Responsabilidade Fiscal, referentes a gastos com pessoal de ente público. Nos casos em que há comprovado 
excesso, se global ou específico, as condutas que são lícitas aos entes federativos estão expressamente delineadas. 
Ou seja, há comandos normativos claros e específicos de mecanismos de contenção de gasto com pessoal, os quais 
são taxativos, não havendo previsão legal de vedação à progressão funcional, que é direito subjetivo do servidor 
público quando os requisitos legais forem atendidos em sua plenitude. 
 
 O aumento de vencimento em questão não pode ser confundido com concessão de vantagem, aumento, reajuste 
ou adequação de remuneração a qualquer título, uma vez que o incremento no vencimento decorrente da 
progressão funcional horizontal ou vertical - aqui dito vencimento em sentido amplo englobando todas as 
rubricas remuneratórias - é inerente à movimentação do servidor na carreira e não inova o ordenamento jurídico 
em razão de ter sido instituído em lei prévia, sendo direcionado apenas aos grupos de servidores públicos que 
possuem os requisitos para sua materialização e incorporação ao seu patrimônio jurídico quando presentes 
condições específicas definidas em lei. 
 
 Já conceder vantagem, aumento, reajuste ou adequar a remuneração a qualquer título engloba aumento real 
dos vencimentos em sentido amplo, de forma irrestrita à categoria de servidores públicos, sem distinção, e deriva 
de lei específica para tal fim. Portanto, a vedação presente no art. 22, inciso I, da LC n. 101/2002 se dirige a essa 
hipótese legal. 
 
21 
 
 
 A própria Lei de Responsabilidade Fiscal, ao vedar, no art. 21, parágrafo único, inciso I, àqueles órgãos que 
tenham incorrido em excesso de despesas com pessoal, a concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação 
de remuneração a qualquer título, ressalva, de logo, os direitos derivados de sentença judicial ou de determinação 
legal ou contratual, exceção em que se inclui a progressão funcional. 
 
 O ato administrativo do órgão superior da categoria que concede a progressão funcional é simples, e por isso 
não depende de homologação ou da manifestação de vontade de outro órgão. Ademais, o ato produzirá seus 
efeitos imediatamente, sem necessidade de ratificação ou chancela por parte da Secretaria de Administração. 
Trata-se, também, de ato vinculado sobre o qual não há nenhuma discricionariedade da Administração Pública 
para sua concessão quando presentes todos os elementos legais da progressão. 
 
 Condicionar a progressão funcional do servidor público a situações alheias aos critérios previstos por lei 
poderá, por via transversa, transformar seu direito subjetivo em ato discricionário da Administração, 
ocasionando violação aos princípios caros à Administração Pública, como os da legalidade, da impessoalidade e 
da moralidade. 
 
 A jurisprudência desta Corte Superior firmou-se no sentido de que os limites previstos nas normas da Lei de 
Responsabilidade Fiscal (LRF), no que tange às despesas com pessoal do ente público, não podem servir de 
justificativa para o não cumprimento de direitos subjetivos do servidor público, como é o recebimento de 
vantagens asseguradas por lei. 
 
 A Carta Magna de 1988 enumerou, em ordem de relevância, as providências a serem adotadas pelo 
administrador na hipótese de o orçamento do órgão público ultrapassar os limites estabelecidos na Lei de 
Responsabilidade Fiscal, quais sejam, a redução de cargos em comissão e funções de confiança, a exoneração de 
servidores não estáveis e a exoneração de servidores estáveis (art. 169, § 3º, da CF/1988). Não se mostra razoável 
a suspensão de benefícios de servidores públicos estáveis sem a prévia adoção de medidas de contenção de 
despesas, como a diminuição de funcionários comissionados ou de funções comissionadas pela Administração. 
 
 Não pode, outrossim, o Poder Público alegar crise financeira e o descumprimento dos limites globais e/ou 
específicos referentes às despesas com servidores públicos nos termos dos arts. 19 e 20 da LC n. 101/2000 de 
forma genérica, apenas para legitimar o não cumprimento de leis existentes, válidas e eficazes, e suprimir direitos 
subjetivos de servidores públicos. 
 
 Assim, diante da expressa previsão legal acerca da progressão funcional e comprovado de plano o cumprimento 
dos requisitos para sua obtenção, está demonstrado o direito líquido e certo do servidor público, devendo ser a 
ele garantida a progressão funcional horizontal e vertical, a despeito de o ente federativo ter superado o limite 
orçamentário referente a gasto com pessoal, previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal, tendo em vista não haver 
previsão expressa de vedação de progressão funcional na LC n. 101/2000. (Informativo n. 726) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
DIREITO AGRÁRIO 
Voltar ao Sumário. 
 
PROCESSO REsp 1.947.404-RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Primeira Seção, por 
unanimidade, julgado em 23/11/2022. (Tema 1115). 
 
RAMO DO DIREITO DIREITO PREVIDENCIÁRIO, DIREITO AGRÁRIO 
 
 
TEMA Aposentadoria do trabalhador rural. Lei n. 11.718/2008. Propriedade rural 
ser superior a 4 (quatro) módulos fiscais. Requisitos legais comprovados. 
Condição de segurado especial. Fato que não descaracteriza, por si só, o 
regime de economia familiar. Tema 1115. 
 
 
DESTAQUE 
 O tamanho da propriedade não descaracteriza, por si só, o regime de economia familiar, caso estejam 
comprovados os demais requisitos legais para a concessão da aposentadoria por idade rural. 
 
 
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR 
 Cinge-se a controvérsia em definir se o trabalhador rural que possua área superior a 4 (quatro) módulos rurais 
pode ser qualificado como segurado especial da Previdência Social, após a entrada em vigor da Lei n. 11.718, de 
20 de junho de 2008. 
 
 Até a Lei n. 11.718/2008, o que diferenciava um produtor rural segurado especial de um produtor rural não 
segurado especial, pela legislação e pela normatização era a contratação de mão-de-obra. 
 
 A principal mudança operada pela Lei n. 11.718/2008 diz respeito à limitação do tamanho da propriedade do 
produtor rural que explora atividade agropecuária. Essa lei teve por origem a Medida Provisória n. 410/2007, 
que apenas prorrogou o prazo do art. 143 da Lei n. 8.213/1991. Somou-se ao texto da Medida Provisória, o 
Projeto de Lei n. 6.548/2002, procurando aproximar o conceito do segurado especial ao de agricultor familiar, 
para fins de concessão de políticas públicas, nos termos da Lei n. 11.326/2006. 
 
 Embora seja um critério restritivo, uma vez que até a Lei n. 11.718/2008 não se cogitava o tamanho da terra 
como elemento caracterizador do segurado especial, o referido normativo teve por propósito introduzir uma 
regra objetiva que viesse a ser coerente com as políticas públicas voltadas para a agricultura familiar. 
 
 
23 
 
 Nos termos da Lei n. 4.504/1964 (art. 4º, II e III), módulo fiscal é uma unidade de medida expressa em hectares 
que indica o tamanho mínimo de uma propriedade rural capaz de garantir o sustento de uma família que exerce 
atividade rural em determinado município. O tamanho do módulo fiscal não é linear no país, tendo por limite 
mínimo 5 hectares e máximo 110 hectares, sendo definido pelo INCRA (art. 50, §2º da Lei n. 4.504/1964) e, 
conforme dispõe o art. 50, §§ 3º e 4º da Lei n. 4.504/1964, o número de módulos fiscais de um imóvel deve ser 
calculado apenas sobre a área aproveitável total, considerada esta como a área passível de exploração agrícola, 
pecuária ou florestal, excluídas as áreasocupadas por benfeitoria, floresta ou mata de efetiva preservação 
permanente, ou reflorestada com essências nativas e a área comprovadamente imprestável para qualquer 
exploração agrícola, pecuária ou florestal. 
 
 Em prol do segurado especial, a jurisprudência faculta que, mesmo que a propriedade explorada seja superior 
à 4 módulos fiscais, tal condição não pode ser, por si só, suficiente para descaracterizar a qualidade de segurado 
especial do trabalhador rural, constituindo apenas mais um fator a ser analisado com o restante do conjunto 
probatório, não óbice ao reconhecimento da condição de segurado especial. 
 
 Após a edição da referida lei, a jurisprudência do STJ continuou uníssona no mesmo sentido de que o fato de 
o imóvel ser superior ao módulo rural não afasta, por si só, a qualificação de seu proprietário como segurado 
especial. 
 
 Nesse contexto, apesar de a Lei n. 11.718/2008 ter fixado 4 (quatro) módulos fiscais como limite para o 
enquadramento do trabalhador rural na qualidade de segurado especial, em um caráter objetivo, foi 
demonstrado que o entendimento sedimentado na jurisprudência é o de que a circunstância de a propriedade 
rural ser superior a 4 (quatro) módulos rurais não exclui isoladamente a condição de segurado especial, nem 
descaracteriza o regime de economia familiar, sendo apenas mais um aspecto a ser considerado juntamente com 
o restante do conjunto probatório. (Informativo n. 758) 
 
 
 
 
DIREITO BANCÁRIO 
Voltar ao Sumário. 
 
 
PROCESSO REsp 1.863.973-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Segunda Seção, por 
unanimidade, julgado em 09/03/2022. (Tema 1085) 
 
RAMO DO DIREITO DIREITO CIVIL, DIREITO BANCÁRIO 
 
 
TEMA Empréstimo comum em conta-corrente. Limitação dos descontos das 
parcelas. Não cabimento. Lei n. 10.820/2003. Aplicação analógica. 
Impossibilidade. Tema 1085. 
 
 
DESTAQUE 
 
24 
 
 São lícitos os descontos de parcelas de empréstimos bancários comuns em conta-corrente, ainda que utilizada 
para recebimento de salários, desde que previamente autorizados pelo mutuário e enquanto esta autorização 
perdurar, não sendo aplicável, por analogia, a limitação prevista no § 1º do art. 1º da Lei n. 10.820/2003, que 
disciplina os empréstimos consignados em folha de pagamento. 
 
 
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR 
 A controvérsia está em definir se, no bojo de contrato de mútuo bancário comum, em que há expressa 
autorização do mutuário para que o pagamento se dê por meio de descontos mensais em sua conta-corrente, é 
aplicável ou não, por analogia, a limitação de 35% (trinta e cinco por cento) prevista na Lei n. 10.820/2003, que 
disciplina o contrato de crédito consignado em folha de pagamento (chamado empréstimo consignado). 
 
 O empréstimo consignado apresenta-se como uma das modalidades de empréstimo com menores riscos de 
inadimplência para a instituição financeira mutuante, na medida em que o desconto das parcelas do mútuo dá-
se diretamente na folha de pagamento do trabalhador regido pela CLT, do servidor público ou do segurado do 
Regime Geral de Previdência Social - RGPS, sem nenhuma ingerência por parte do mutuário/correntista, o que, 
por outro lado, em razão justamente da robustez dessa garantia, reverte em taxas de juros significativamente 
menores em seu favor, se comparado com outros empréstimos. 
 
 Uma vez ajustado o empréstimo consignado em folha de pagamento, não é dado ao mutuário, por expressa 
disposição legal, revogar a autorização concedida para que os descontos afetos ao mútuo ocorram diretamente 
em sua folha de pagamento, a fim de modificar a forma de pagamento ajustada. 
 
 Nessa modalidade de empréstimo, a parte da remuneração do trabalhador comprometida à quitação do 
empréstimo tomado não chega nem sequer a ingressar em sua conta-corrente, não tendo sobre ela nenhuma 
disposição. Sob o influxo da autonomia da vontade, ao contratar o empréstimo consignado, o mutuário não 
possui nenhum instrumento hábil para impedir a dedução da parcela do empréstimo a ser descontada 
diretamente de sua remuneração, em procedimento que envolve apenas a fonte pagadora e a instituição 
financeira. 
 
 É justamente em virtude do modo como o empréstimo consignado é operacionalizado que a lei estabeleceu 
um limite, um percentual sobre o qual o desconto consignado em folha não pode exceder. Revela-se claro o 
escopo da lei de, com tal providência, impedir que o tomador de empréstimo, que pretenda ter acesso a um 
crédito relativamente mais barato na modalidade consignado, acabe por comprometer sua remuneração como 
um todo, não tendo sobre ela nenhum acesso e disposição, a inviabilizar, por consequência, sua subsistência e 
de sua família. 
 
 Diversamente, nas demais espécies de mútuo bancário, o estabelecimento (eventual) de cláusula que autoriza 
o desconto de prestações em conta-corrente, como forma de pagamento, consubstancia uma faculdade dada às 
partes contratantes, como expressão de sua vontade, destinada a facilitar a operacionalização do empréstimo 
tomado, sendo, pois, passível de revogação a qualquer tempo pelo mutuário. Nesses empréstimos, o desconto 
automático que incide sobre numerário existente em conta-corrente decorre da própria obrigação assumida pela 
instituição financeira no bojo do contrato de conta-corrente de administração de caixa, procedendo, sob as 
ordens do correntista, aos pagamentos de débitos por ele determinados, desde que verificada a provisão de 
fundos a esse propósito. 
 
 
25 
 
 Registre-se, inclusive, não se afigurar possível - consideradas as características intrínsecas do contrato de 
conta-corrente - à instituição financeira, no desempenho de sua obrigação contratual de administrador de caixa, 
individualizar a origem dos inúmeros lançamentos que ingressam na conta-corrente e, uma vez ali integrado, 
apartá-los, para então sopesar a conveniência de se proceder ou não a determinado pagamento, de antemão 
ordenado pelo correntista. 
 
 Essa forma de pagamento não consubstancia indevida retenção de patrimônio alheio, na medida em que o 
desconto é precedido de expressa autorização do titular da conta-corrente, como manifestação de sua vontade, 
por ocasião da celebração do contrato de mútuo. Tampouco é possível equiparar o desconto em conta-corrente 
a uma dita constrição de salários, realizada por instituição financeira que, por evidente, não ostenta poder de 
império para tanto. Afinal, diante das características do contrato de conta-corrente, o desconto, devidamente 
avençado e autorizado pelo mutuário, não incide, propriamente, sobre a remuneração ali creditada, mas sim 
sobre o numerário existente, sobre o qual não se tece nenhuma individualização ou divisão. 
 
 Ressai de todo evidenciado, assim, que o mutuário tem em seu poder muitos mecanismos para evitar que a 
instituição financeira realize os descontos contratados, possuindo livre acesso e disposição sobre todo o 
numerário constante de sua conta-corrente. 
 
 Não se encontra presente nos empréstimos comuns, com desconto em conta-corrente, o fator de 
discriminação que justifica, no empréstimo consignado em folha de pagamento, a limitação do desconto na 
margem consignável estabelecida na lei de regência, o que impossibilita a utilização da analogia, com a 
transposição de seus regramentos àqueles. Refoge, pois, da atribuição jurisdicional, com indevida afronta ao 
Princípio da Separação do Poderes, promover a aplicação analógica de lei à hipótese que não guarda nenhuma 
semelhança com a relação contratual legalmente disciplinada. 
 
 Não se pode conceber, sob qualquer ângulo que se analise a questão, que a estipulação contratual de desconto 
em conta-corrente, como forma de pagamento em empréstimos bancários comuns, a atender aos interesses e à 
conveniência das partes contratantes, sob o signo da autonomia da vontade e em absoluta consonância com as 
diretrizes regulamentares expedidas pelo Conselho Monetário Nacional, possa, ao mesmo tempo, vilipendiardireito do titular da conta-corrente, o qual detém a faculdade de revogar o ajuste ao seu alvedrio, assumindo, 
naturalmente, as consequências contratuais de sua opção. 
 
 A pretendida limitação dos descontos em conta-corrente, por aplicação analógica da Lei n. 10.820/2003, 
tampouco se revestiria de instrumento idôneo a combater o endividamento exacerbado, com vistas à 
preservação do mínimo existencial do mutuário. 
 
 Essa pretensão, além de subverter todo o sistema legal das obrigações - afinal, tal providência, a um só tempo, 
teria o condão de modificar os termos ajustados, impondo-se ao credor o recebimento de prestação diversa, em 
prazo distinto daquele efetivamente contratado, com indevido afastamento dos efeitos da mora, de modo a 
eternizar o cumprimento da obrigação, num descabido dirigismo contratual -, não se mostraria eficaz, sob o 
prisma geral da economia, nem sequer sob o enfoque individual do mutuário, ao controle do 
superendividamento. 
 
 Tal proceder, sem nenhum respaldo legal, importaria numa infindável amortização negativa do débito, com o 
aumento mensal e exponencial do saldo devedor, sem que haja a devida conscientização do devedor a respeito 
do dito "crédito responsável", o qual, sob a vertente do mutuário, consiste na não assunção de compromisso 
acima de sua capacidade financeira, sem que haja o comprometimento de seu mínimo existencial. Além disso, a 
generalização da medida - sem conferir ao credor a possibilidade de renegociar o débito, encontrando-se ausente 
uma política pública séria de "crédito responsável", em que as instituições financeiras, por outro lado, também 
não estimulem o endividamento imprudente - redundaria na restrição e no encarecimento do crédito, como 
efeito colateral. 
 
 
26 
 
 Por fim, a prevenção e o combate ao superendividamento, com vistas à preservação do mínimo existencial do 
mutuário, não se dão por meio de uma indevida intervenção judicial nos contratos, em substituição ao legislador. 
A esse relevante propósito, sobreveio - na seara adequada, portanto - a Lei n. 14.181/2021, que alterou 
disposições do Código de Defesa do Consumidor, para "aperfeiçoar a disciplina do crédito ao consumidor e 
dispor sobre a prevenção e o tratamento do superendividamento. (Informativo n. 728) 
 
 
 
DIREITO CIVIL 
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PROCESSO REsp 1.891.498-SP, Rel. Min. Marco Buzzi, Segunda Seção, por 
unanimidade, julgado 26/10/2022. (Tema 1095). 
 
RAMO DO DIREITO DIREITO CIVIL, DIREITO DO CONSUMIDOR 
 
 
TEMA Compra e venda de imóvel. Alienação fiduciária em garantia. Registro em 
cartório. Inadimplemento do devedor. Resolução do contrato. Lei n. 
9.514/1997. Incidência. Código de Defesa do Consumidor. Inaplicabilidade. 
Tema 1095. 
 
 
DESTAQUE 
 Em contrato de compra e venda de imóvel com garantia de alienação fiduciária devidamente registrado em 
cartório, a resolução do pacto, na hipótese de inadimplemento do devedor, devidamente constituído em mora, 
deverá observar a forma prevista na Lei n. 9.514/1997, por se tratar de legislação específica, afastando-se, por 
conseguinte, a aplicação do Código de Defesa do Consumidor. 
 
 
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR 
 O debate circunscreve-se à prevalência, ou não, da regra do art. 53 do Código de Defesa do Consumidor em 
detrimento das disposições legais contidas nos artigos 26 e 27 da Lei n. 9.514/1997, bem ainda os requisitos 
necessários para a perfectibilização do procedimento de resolução contratual de contrato de aquisição de bem 
imóvel garantido por cláusula de alienação fiduciária. 
 
 Segundo o art. 53 do CDC, ainda que se trate de contrato de compra e venda de imóvel vinculado à alienação 
fiduciária, não se afigura razoável a existência de cláusula que estabeleça a perda total das prestações pagas em 
benefício do credor fiduciário que pleitear a resolução do contrato com base no inadimplemento do devedor, 
pois tal ensejaria inegável enriquecimento indevido dada a retomada do produto alienado e a manutenção, sem 
qualquer decote ou restituição, dos valores pagos pelo adquirente, ainda que sobejem o montante da dívida. 
 
 
27 
 
 O diploma consumerista não estabeleceu um procedimento específico para a retomada do bem pelo credor 
fiduciário, tampouco inviabilizou que o adquirente (devedor fiduciário) pudesse desistir do ajuste ou promover 
a resilição do contrato. Apenas delineou consistir em prática abusiva a ocorrência do bis in idem acima referido 
por ensejar enriquecimento indevido. 
 
 No outro limite, estão os artigos 26 e 27, da Lei n. 9.514/1997, os quais proclamam que, também na hipótese 
de inadimplemento, pelo devedor, das obrigações advindas do contrato de alienação fiduciária em garantia de 
bem imóvel - ou, nos termos da lei (artigo 26, caput) vencida e não paga, no todo ou em parte, a dívida e 
constituído em mora o fiduciante - consolidar-se-á a propriedade do imóvel em nome do fiduciário. 
 
 A Lei n. 9.514/1997 delineou todo o procedimento que deve ser realizado, principalmente pelo credor 
fiduciário, para a resolução do contrato garantido por alienação fiduciária - por inadimplemento do devedor - 
ressalvando ao adquirente o direito de ser devidamente constituído em mora, realizar a purgação da mora, ser 
notificado dos leilões e, especificamente, após realizada a venda do bem, receber do credor, se existente, a 
importância que sobejar, considerando-se nela compreendido o valor da indenização de benfeitorias, depois de 
deduzido o quantum da dívida e as despesas e encargos. 
 
 Nessa extensão, há, portanto, diversamente do que aparenta, uma convergência entre o disposto no artigo 53 
do CDC e os ditames da Lei n. 9.514/1997, pois, evidentemente, em ambos os normativos, procurou o legislador 
evitar o enriquecimento indevido do credor fiduciário, seja ao considerar nula a cláusula contratual que 
estabeleça a retomada do bem e a perda da integralidade dos valores, seja por prever o procedimento a ser 
tomado, em caso de inadimplemento e as consequências jurídicas que a venda, em segundo leilão, por valor igual 
ou superior à dívida ou por lance inferior impõe, tanto ao credor como ao devedor fiduciário. 
 
 Esse procedimento especial não colide com os princípios trazidos no art. 53 do CDC, porquanto, além de se 
tratar de Lei posterior e específica na regulamentação da matéria, o § 4º, do art. 27, da Lei n. 9.514/1997, 
expressamente prevê, repita-se, a transferência ao devedor dos valores que, advindos do leilão do bem imóvel, 
vierem a exceder (sobejar) o montante da dívida, não havendo se falar, portanto, em perda de todas as prestações 
adimplidas em favor do credor fiduciário. 
 
 Nesse sentido, no que se refere ao afastamento das normas do Código de Defesa do Consumidor na hipótese 
de resolução do contrato de compra e venda de bem imóvel com cláusula de alienação fiduciária, há que se 
averiguar a presença de requisitos próprios da Lei n. 9.514/1997, a saber, o registro do contrato no cartório de 
registro de imóveis, o inadimplemento do devedor e a constituição em mora. 
 
 Aos demais casos, em que não verificadas tais circunstâncias, não se aplica a tese vinculante que ora se propõe, 
nada impedindo que, amadurecido o debate em torno da interpretação extensiva do conceito de 
inadimplemento, possa haver revisão dos limites do presente julgado. 
 
 Portanto, a tese proposta não abarca situações em que ausentes os três requisitos: registro do contrato com 
cláusula de alienação fiduciária, inadimplemento do devedor fiduciário e adequada constituição em mora. 
 
 No outro extremo, se inexistente o inadimplemento (falta de pagamento) ou, acaso existente, não houver o 
credor constituído em mora o devedor fiduciário, a solução do contrato não seguirá pelo ditame especial da Lei 
n. 9.514/1997, podendo se dar pelo ditame da legislação civilista (artigos 472, 473, 474, 475 e seguintes) ou pela 
legislação consumerista (artigo 53), se aplicável, dependendo das característicasdas partes por ocasião da 
contratação. 
 
 
28 
 
 Alude-se à aplicação da legislação civilista, pois é inegável que nem todos os contratos de compra e venda 
imobiliária formados com pacto adjeto de alienação fiduciária são regidos pelo Código de Defesa do Consumidor, 
notadamente quando a própria legislação especial, que instituiu a alienação fiduciária imobiliária, 
expressamente permite no artigo 22 da Lei n. 9.514/1997 que a alienação fiduciária "poderá ser contratada por 
pessoa física ou jurídica, podendo ter como objeto imóvel concluído ou em construção, não sendo privativa das 
entidades que operam no SFI" elencadas no artigo 2º do normativo. 
 
 É admitida, assim, a contratação entre particulares, pacto que não será de adesão, pois estarão ambas as partes 
em igualdade de condições, com a prevalência dos princípios da bilateralidade e comutatividade. 
 
 Por derradeiro, as balizas eventualmente postas ao equacionamenrto da questão envolvendo os negócios com 
garantia fiduciária não impõem qualquer risco econômico ao sistema, pois é inegável que a garantia fiduciária 
constitui elemento de fundamental importância para a expansão do crédito imobiliário, em favor, também, dos 
consumidores, na medida em que estes podem ter acesso a melhores taxas de juros, pondo em relevo o interesse 
coletivo do tema em debate e a necessidade de uniformização, por meio do presente recurso especial repetitivo, 
da orientação jurisprudencial no sentido da observância do procedimento estabelecido pelos artigos 26 e 27, da 
Lei n. 9.514/1997, desde que cumpridos os requisitos citados, de modo a oferecer a todos os envolvidos 
segurança jurídica. (Informativo n. 755) 
 
 
 
 
PROCESSO REsp 1.937.399-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Segunda Seção, 
por unanimidade, julgado em 28/09/2022, DJe de 03/10/2022. (Tema 
1111) 
 
RAMO DO DIREITO DIREITO CIVIL 
 
 
TEMA Seguro obrigatório - DPVAT. Trator. Acidente de trabalho. Veículo agrícola. 
Invalidez permanente. Indenização securitária. Requisitos. Acidente de 
trânsito. Caracterização. Veículo automotor. Dano pessoal. Nexo de 
causalidade. (Tema 1111) 
 
 
DESTAQUE 
 (I) O infortúnio qualificado como acidente de trabalho pode também ser caracterizado como sinistro coberto 
pelo seguro obrigatório (DPVAT), desde que estejam presentes seus elementos constituintes: acidente causado 
por veículo automotor terrestre, dano pessoal e relação de causalidade, e 
 
 (II) Os sinistros que envolvem veículos agrícolas passíveis de transitar pelas vias públicas terrestres estão 
cobertos pelo seguro obrigatório (DPVAT). 
 
 
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR 
 
29 
 
 O Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres (DPVAT) possui a 
natureza de seguro obrigatório de responsabilidade civil, de cunho eminentemente social, criado pela Lei n. 
6.194/1974 para indenizar os beneficiários ou as vítimas de acidentes, incluído o responsável pelo infortúnio, 
envolvendo veículo automotor terrestre (urbano, rodoviário e rural) ou a carga transportada, e que sofreram 
dano pessoal, independentemente de culpa ou da identificação do causador do dano. 
 
 A configuração de um fato como acidente de trabalho, a possibilitar eventual indenização previdenciária, não 
impede a sua caracterização como sinistro coberto pelo seguro obrigatório DPVAT, desde que também estejam 
presentes seus elementos constituintes: acidente causado por veículo automotor terrestre, dano pessoal e 
relação de causalidade. 
 
 Os veículos agrícolas capazes de transitar em vias públicas (asfaltadas ou de terra), seja em zona urbana ou 
rural, e aptos à utilização para a locomoção humana e o transporte de carga - como tratores e pequenas 
colheitadeiras - não podem ser excluídos, em tese, da cobertura do seguro obrigatório. 
 
 Vale ressaltar que somente aqueles veículos agrícolas capazes de transitar pelas vias públicas terrestres é que 
estarão cobertos pelo DPVAT, o que afasta a incidência da lei sobre colheitadeiras de grande porte. De igual 
maneira, o acidente provocado por trem - veículo sobre trilhos -, incluído o VLT, não é passível de 
enquadramento no seguro obrigatório. 
 
 Embora a regra no seguro DPVAT seja o sinistro ocorrer em via pública, com o veículo em circulação, há 
hipóteses em que o desastre pode se dar quando o bem estiver parado ou estacionado. O essencial é que o 
automotor tenha contribuído substancialmente para a geração do dano - mesmo que não esteja em trânsito - e 
não seja mera concausa passiva do acidente. 
 
 Dessa forma, se o veículo de via terrestre, em funcionamento, teve participação ativa no acidente, a provocar 
danos pessoais graves em usuário, não consistindo em mera concausa passiva, há hipótese de cobertura do 
seguro DPVAT. (Informativo n. 751) 
 
 
 
 
PROCESSO REsp 1.846.123-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Segunda Seção, por 
unanimidade, julgado em 22/06/2022. (Tema 1082) 
 
RAMO DO DIREITO DIREITO CIVIL, DIREITO DO CONSUMIDOR 
 
 
TEMA Contrato de plano de saúde (ou seguro saúde) coletivo. Cancelamento 
unilateral por iniciativa da operadora. Tratamento médico pendente. Doença 
grave. Continuidade dos cuidados. Obrigatoriedade. Tema 1082 
 
 
DESTAQUE 
 A operadora, mesmo após o exercício regular do direito à rescisão unilateral de plano coletivo, deverá 
assegurar a continuidade dos cuidados assistenciais prescritos a usuário internado ou em pleno tratamento 
médico garantidor de sua sobrevivência ou de sua incolumidade física, até a efetiva alta, desde que o titular arque 
integralmente com a contraprestação devida. 
 
30 
 
 
 
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR 
 A questão jurídica a ser dirimida cinge-se a definir a possibilidade ou não de cancelamento unilateral - por 
iniciativa da operadora - de contrato de plano de saúde (ou seguro saúde) coletivo enquanto pendente 
tratamento médico de usuário acometido de doença grave. 
 
 Os incisos II e III do parágrafo único do artigo 13 da Lei n. 9.656/1998 são taxativos em proibir a suspensão 
de cobertura ou a rescisão unilateral imotivada - por iniciativa da operadora - do plano privado de assistência à 
saúde individual ou familiar. 
 
 De acordo com a dicção legal, apenas quando constatada fraude ou inadimplência, tal avença poderá ser 
rescindida ou suspensa, mas, para tanto, revelar-se-á necessário que o usuário - titular ou dependente - não se 
encontre internado (ou submetido a tratamento médico garantidor de sua sobrevivência ou da manutenção de 
sua incolumidade física, na linha de precedentes desta Corte). 
 
 Por sua vez, o seguro ou plano de saúde coletivo - com quantidade igual ou superior a 30 beneficiários - pode 
ser objeto de suspensão de cobertura ou de rescisão imotivadas (ou seja, independentemente da constatação de 
fraude ou do inadimplemento da contraprestação avençada), desde que observados os requisitos enumerados 
no artigo 17 da Resolução Normativa DC/ANS n. 195/2009: (i) existência de cláusula contratual prevendo tal 
faculdade para ambas as partes; (ii) decurso do prazo de doze meses da vigência do pacto; e (iii) notificação da 
outra parte com antecedência mínima de sessenta dias. 
 
 Conquanto seja incontroverso que a aplicação do parágrafo único do artigo 13 da Lei n. 9.656/1998 restringe-
se aos seguros e planos de saúde individuais ou familiares, sobressai o entendimento de que a impossibilidade 
de rescisão contratual durante a internação do usuário - ou a sua submissão a tratamento médico garantidor de 
sua sobrevivência ou da manutenção de sua incolumidade física -, também alcança os pactos coletivos. 
 
 Com efeito, em havendo usuário internado ou em pleno tratamento de saúde, a operadora, mesmo após 
exercido o direito à rescisão unilateral do plano coletivo, deverá assegurar a continuidade dos cuidados 
assistenciais até a efetiva alta médica, por força da interpretação sistemática e teleológica dos artigos 8º, § 3º, 
alínea "b", e 35-C, incisos