Buscar

O PROCESSO HISTÓRICO DA CONSTITUIÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS A CONSTITUIÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS DIREITOS HUMANOS DIREITOS HUMANOS E SENSO COMUM

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

47 
 
7 O PROCESSO HISTÓRICO DA CONSTITUIÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS 
Os direitos humanos evoluíram ao longo do tempo conforme os contextos 
históricos. Eles se adequaram e foram construídos com base nas necessidades de 
cada momento. Em linhas gerais, os direitos humanos são direitos inerentes a todos 
os indivíduos, independentemente de cor, raça, sexo, classe social ou qualquer outra 
forma de distinção. O que se tem observado na atualidade é um movimento contrário 
à atuação dos defensores dos direitos humanos. Tal movimento é propagado pela 
mídia e por líderes políticos e governantes que possuem interesse em que a 
população desconheça ou desvalorize a importância de direitos dessa natureza. 
7.1 A constituição dos direitos humanos 
Para começar, considere o Brasil Colônia. O povo daquela época não possuía 
autonomia enquanto nação e sofria uma intensa exploração (VINAGRE; PEREIRA, 
2008). Já na época do Império (1822–1889), se registraram violações importantes aos 
direitos humanos, especialmente no que se refere ao genocídio a que foram 
submetidos os índios e negros. Nesse aspecto, uma primeira conquista ocorreu em 
1888, com a abolição da escravatura. Para Vinagre e Pereira (2008, p. 35), “[...] a 
escravidão é uma das maiores violações dos direitos humanos, posto que se refere à 
apropriação total do produto do trabalho da pessoa a esse regime, sendo, também, 
apropriação do seu corpo, da sua vida e do seu destino”. Com o fim da escravidão, os 
negros adquiriram direitos civis, pois teoricamente deixaram de ser propriedade do 
senhor e de ser considerados mercadorias. 
Ao longo da história de violação de direitos, sempre houve resistência e 
enfrentamento. Um exemplo de movimento organizado e desenvolvido pela 
resistência negra foi a experiência bem-sucedida do Quilombo de Palmares. No 
entanto, apesar da resistência, essas vivências não eram favoráveis à efetivação de 
direitos, uma vez que muitas pessoas ainda eram forçadas a realizar trabalhos em 
grandes propriedades rurais, em que os proprietários determinavam limites ao próprio 
Estado. Vinagre e Pereira (2008, p. 36) complementam: 
 
[...] no que se refere aos direitos políticos, estes eram restritos a uma elite; e 
dos direitos sociais, ainda não se falava, uma vez que a garantia dos mínimos 
sociais ficava a cargo da filantropia privada e da Igreja Católica, 
prevalecendo, pois, o caldo cultural clientelista e patrimonialista. 
 
48 
 
No período destacado, além dos negros, outros setores também 
desfavorecidos se mobilizaram na busca por direitos. Datam desse período a Revolta 
dos Alfaiates, a Revolução Farroupilha, a Guerra de Canudos e outros movimentos. 
Na luta por direitos, merece destaque o movimento pelo voto das mulheres, após a 
Revolução de 1930. Destaque também para o movimento operário e a sua luta por 
direitos civis e políticos, reivindicando o direito ao trabalho, à organização sindical e 
aos direitos trabalhistas (VINAGRE; PEREIRA, 2008). 
Na Primeira República, Vinagre e Pereira (2008) destacam que os primeiros 
avanços em termos de direitos ocorreram após a entrada do Brasil na Organização 
Internacional do Trabalho (OIT), em 1919. Então, houve avanços na área de direitos 
relacionados ao trabalho, como previsto na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), 
de 1943. Os direitos políticos foram sendo efetivados de acordo com cada período 
histórico. No período da ditadura, por exemplo, direitos como a liberdade de expressão 
e de organização política ficaram bastante restritos. Sobre isso, Vinagre e Pereira 
(2008, p. 37) consideram: 
 
No contexto ditatorial pós-golpe militar de 1964, os direitos civis e políticos 
foram brutalmente subtraídos pelas medidas de repressão mais sombrias da 
história do país. Com amparo em “instrumentos legais” — os atos 
institucionais —, foram cassados os direitos políticos de lideranças sindicais 
e partidárias, de artistas e intelectuais; foram fechadas as sedes das 
organizações estudantis e dos trabalhadores. O direito de opinião e 
organização foi restringido e adotada a censura nos meios de comunicação. 
Práticas de prisões arbitrárias, torturas e execuções sumárias de opositores 
do regime eram frequentes. Direitos tais como a inviolabilidade do lar e da 
correspondência eram sistematicamente desrespeitados, assim como o 
direito à vida e à integridade física, em nome da ideologia da “segurança 
nacional”, que legitimava a autonomização do aparato policial, inclusive frente 
ao Estado. 
 
Para contrabalancear essa intensa repressão aos direitos, o governo trabalhou 
para a unificação e a universalização da Previdência. A década de 1970, por sua vez, 
foi marcada por movimentos da sociedade na luta por direitos. Grupos de mulheres, 
operários, negros, homossexuais e organizações da sociedade civil passaram a lutar 
pelos direitos humanos. Embora tenham conseguido avançar na luta por direitos, 
alguns considerados essenciais ainda não estavam assegurados, como os direitos à 
vida, à integridade física, à alimentação, à saúde, à educação, ao trabalho e tantos 
outros. Em 1988, houve a promulgação da Constituição Federal, que ratifica os 
direitos e acrescenta outros até então inexistentes (VINAGRE; PEREIRA, 2008). 
 
49 
 
O Brasil passou a adotar ainda determinações internacionais (declarações, 
tratados, cartas) na área de defesa dos direitos humanos, comprometendo-se com o 
Sistema Internacional de Direitos Humanos (VINAGRE; PEREIRA, 2008). Em termos 
mundiais, os direitos humanos têm como marco a Segunda Guerra Mundial, momento 
em que essa questão atinge níveis internacionais. Destaca-se, nesse período, a 
criação da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1945, e a Declaração 
Universal dos Direitos Humanos, em 1948. Esse documento reuniu valores éticos 
universais, mas com sinais dos projetos societários em disputa naquela época 
(VINAGRE; PEREIRA, 2008). Veja: 
 
Ainda que sob a égide da moral liberal, a Declaração de 1948 avança em 
relação a textos dos séculos XVIII e XIX, posto que lança a inovação dos 
princípios da universalidade e indivisibilidade dos direitos humanos, 
acrescentando direitos civis e políticos, da Declaração dos Direitos do 
Homem e do Cidadão (da Revolução Francesa de 1789), a defesa dos 
direitos econômicos, sociais e culturais (como os direitos à educação, à 
saúde, a justas condições de trabalho e ao acesso à cultura), reivindicados 
desde as lutas operárias dos séculos XIX e XX e, em especial, após a 
Declaração dos Direitos do Povo Trabalhador e Explorado de Janeiro de 
1918, advinda da Revolução Russa (VINAGRE; PEREIRA, 2008, p. 41). 
 
Para Barroco (2008, p. 2): 
 
[...] a origem da noção moderna dos DH é inseparável da ideia de que a 
sociedade é capaz de garantir a justiça — através das leis e do Estado — e 
dos princípios que lhes servem de sustentação filosófica e política: a 
universalidade e o direito natural à vida, à liberdade e ao pensamento. 
 
O autor ainda afirma que a Declaração Universal dos Direitos Humanos é uma 
forma de confirmar, na prática, algo que até então não era reconhecido por toda a 
sociedade. 
 
 
Fonte: https://nnadiamarinho87.jusbrasil.com.br/ 
 
50 
 
7.2 Direitos humanos 
Após alguns acontecimentos históricos, como a Segunda Guerra Mundial, foi 
elaborada e aprovada a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Ela representa 
uma tentativa de contribuir com a luta da sociedade contra situações de discriminação, 
preconceito e opressão, valorizando a noção de igualdade entre todos os indivíduos 
e a dignidade humana. É dessas questões que tratam os chamados “direitos 
humanos”. Eles garantem a vida, a liberdade, o trabalho, a saúde, a educação, a 
dignidade, o respeito, entre outros direitos que buscam assegurar ao cidadão uma 
vida digna. Destaca-se o fato de que a Declaração foi proposta por meio de acordos 
internacionais, ratificada por meio de cartas, convenções e pactos. Isso assegura o 
seu caráteruniversal e representa o consentimento de toda a comunidade 
internacional envolvida. A proposta de que os direitos humanos sejam resguardados 
é feita por meio do Conselho de Segurança da ONU, que colabora com os países 
tanto na implantação desses direitos quanto no controle da sua violação. 
Os direitos humanos foram evoluindo ao longo do tempo conforme os contextos 
históricos, adequando-se e sendo construídos com base nas necessidades surgidas 
em cada momento. Para melhor representar essa evolução, utiliza-se uma 
classificação dos direitos humanos por meio de “gerações”, que, na verdade, situam 
as categorias propostas no momento histórico de sua construção. A primeira 
classificação, conhecida como primeira geração, está associada ao século XVIII, à 
independência dos Estados Unidos, em 1787, e à Revolução Francesa, dois anos 
depois. Essa geração traz ideias de liberdade relacionadas especialmente aos direitos 
civis e políticos. Você deve considerar que nessa época se registrava uma luta da 
burguesia por melhores condições de comércio (liberdade). Portanto, os direitos 
conquistados restringiam-se a determinados indivíduos e não eram aplicados a toda 
a sociedade. Nessa geração, o Estado deveria limitar sua intervenção na ação 
humana, considerando o direito à liberdade de todos. São exemplos de direitos 
assegurados a liberdade de expressão, o direito de ir e vir, o direito à privacidade, 
entre outros. (ONU, 2009). 
Já os direitos humanos considerados de segunda geração têm como marco 
oficial a Primeira Guerra Mundial (1914–1918), crescendo paralelamente à ideologia 
do estado de bem-estar social. Nesse percurso histórico, os trabalhadores também 
começam a lutar pelos seus direitos, contrapondo-se à restrição dos direitos a uma 
 
51 
 
classe. Nessa lógica, a proposta é que os direitos até então limitados a uma classe 
sejam expandidos para todos os indivíduos por meio de políticas públicas que 
garantam saúde, trabalho, moradia, direito ao voto e a participar da vida pública, entre 
outros. Nessa geração, fica evidente a necessidade de se exigirem do Estado 
condições iguais para todos, com a finalidade de que tenham uma vida mais digna. 
A terceira geração de direitos surge na década de 1960 e tem como foco 
principal os ideais de solidariedade e fraternidade. Mediante o acirramento da luta de 
classes, os trabalhadores começam a lutar por direitos mais específicos, aqueles das 
chamadas “minorias sociais”, ou seja, grupos considerados em situação mais 
desfavorecida. É o caso de mulheres, pessoas com deficiências e outras que 
precisavam que seus direitos fossem mais detalhados, a fim de que suas 
necessidades fossem de fato asseguradas. Além da proteção aos grupos mais 
vulneráveis, inclui-se nessa proposta a proteção ao meio ambiente. Na atualidade, há 
discussões entre os intelectuais sobre a inclusão de uma quarta geração de direitos, 
que envolve informática e bioética, mas eles ainda divergem opiniões e tal geração 
não está de fato estabelecida. 
Marco (2006, p. 47) destaca que “[...] os avanços tecnológicos e as descobertas 
científicas colocam o mundo em perplexidade com os valores sociais e éticos das três 
gerações de direitos até aqui delineadas”, trazendo à tona a necessidade de 
considerar outra geração de direitos. Assim, ainda que esta não esteja de fato 
consolidada entre os intelectuais, considerando a intensidade de discussões a 
respeito do tema e sua viabilidade, falam-se hoje nos “direitos de quarta geração”. 
Trata-se de uma geração que surgiu para acompanhar o desenvolvimento da 
humanidade e ajudar o direito a encontrar soluções e impor limites para responder a 
eventuais questionamentos decorrentes das inovações tecnológicas e do 
aprimoramento genérico. Fazem parte dessa geração os direitos à democracia, à 
informação e ao pluralismo (BONAVIDES, 1996 apud MARCO, 2006). 
Isso posto, é importante você conhecer um pouco do conteúdo da Declaração 
Universal dos Direitos Humanos. Inicialmente, esse documento elenca alguns dos 
objetivos que levaram à sua elaboração. O primeiro deles refere-se ao 
reconhecimento de que a dignidade e a igualdade de direitos entre todos os indivíduos 
constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo. Assim, o 
desconhecimento sobre os direitos origina responsáveis por atos de barbárie, que 
 
52 
 
revoltam por seu elevado grau de crueldade. A Declaração possui 30 artigos. Entre 
eles: 
 
Artigo I Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e 
direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns 
aos outros com espírito de fraternidade. 
Artigo II Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as 
liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer 
espécie, seja de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou de outra 
natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra 
condição. [...] 
Artigo III Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança 
pessoal. 
Artigo IV Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e 
o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas. 
Artigo V Ninguém será submetido à tortura nem a tratamento ou castigo 
cruel, desumano ou degradante. 
Artigo XVIII Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, 
consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou 
crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela 
prática, pelo culto e pela observância, em público ou em particular. 
Artigo XIX Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; 
este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, 
receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e 
independentemente de fronteiras. (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 
2009, documento on-line) 
 
Como você pode observar, a Declaração Universal dos Direitos Humanos 
envolve a proteção do indivíduo e o respeito à sua dignidade, de forma bastante 
ampla. Diante disso, você pode considerar que se trata de um marco na história dos 
direitos na sociedade. No entanto, é necessário o conhecimento da sociedade acerca 
desses direitos e de sua importância para que eles sejam de fato assegurados e para 
que se possam evitar violações. 
7.3 Direitos humanos e senso comum 
Na atualidade, têm ocorrido importantes distorções no que se refere aos direitos 
humanos, especialmente vindas de setores sociais mais conservadores. Vários 
fatores contribuem para essa situação. Entre eles, destaca-se a mídia, que se 
encontra a serviço da classe dominante e, em razão disso, deixa de lado a sua função 
de informar com responsabilidade para disseminar notícias de forma sensacionalista. 
Nessa perspectiva, a relação entre os defensores dos direitos humanos e a mídia 
nunca seguiu um caminho tranquilo e sem embates. Sempre houve tensões. Em 
muitos casos, a mídia tem a função de servir à classe dominante, visando ao lucro. 
 
53 
 
Isso, como você deve imaginar, acaba impactando negativamente a sociedade 
(COSTA, 2017). 
Por outro lado, as distorções sobre os direitos humanos também acontecem. 
Nem todos os indivíduos possuem acesso às informações e aos direitos de forma 
correta. Isso gera críticas infundadas e que trazem como consequência prejuízos à 
coletividade. 
Costa (2017) aponta que a mídia atua com um discurso diferente a cada 
momento histórico. Ela ora se posiciona a favor dos defensores dos direitos humanos, 
ora se coloca contra eles, tratando-os como se fossem defensores de bandidos. O 
autor acrescenta que a tentativa de construir um senso comum a respeito de direitos 
humanos intensificou-se a partir dos anos 1980, quando o Brasil buscava se adequar 
aos tratados e convenções que firmavam a necessidade de que esses direitos fossem 
assegurados em todo o País (OLIVEIRA, 2009 apud COSTA, 2017). 
Considereainda o seguinte: 
 
A mídia em geral, e em particular a imprensa, gosta de investir no senso 
comum para manter a audiência e assegurar a manutenção do status quo, 
poucas vezes se preocupando em buscar novo enfoque diante de situação 
recorrente, mesmo quando os fatos apontam em outra direção e a conjuntura 
sugere a necessidade de se buscar nova abordagem. Muitos estereótipos e 
preconceitos arraigados na sociedade são decorrência dessa perseverança 
de atuar em sintonia com o senso comum, como ocorre com os movimentos 
sociais e, particularmente, os de defesa dos Direitos Humanos, sempre 
associados à defesa “de bandidos” quando atuam em prol de vítimas de maus 
tratos ou arbitrariedades das autoridades policiais ou judiciárias (FREITAS, 
2010 apud COSTA, 2017, p. 27). 
 
Costa (2017) afirma também que a mídia muitas vezes coloca seus interesses 
ligados à audiência e ao capital em primeiro lugar, em detrimento dos interesses 
coletivos. Assim, ela deixa de atender à sua responsabilidade com o que é repassado 
para a sociedade. São condutas dessa natureza que contribuem para a criação de 
estereótipos e preconceitos que acabam sendo disseminados e aceitos na sociedade. 
A tentativa da grande mídia ou até mesmo de personalidades ligadas à política 
de desqualificar os direitos humanos, assim como aqueles que os defendem, 
apresenta como pano de fundo os interesses de determinados grupos. Viola (2008 
apud COSTA, 2017) aponta são opositores aos direitos humanos: os governos 
militares ditatoriais; o grande capital; os setores dos meios de comunicação de massa 
e jornalistas que combatem direitos humanos. Essa perspectiva de análise remonta 
 
54 
 
inicialmente aos anos da ditadura, em que os militares exerciam forte poder na 
sociedade. Contudo, atualmente, o que mais tem influenciado é a questão dos 
interesses do grande capital, que “[...] proporciona uma verdadeira violência nas 
relações sociais, contribuindo para a concentração de renda e para o aumento das 
desigualdades na sociedade brasileira” (COSTA, 2017, p. 30). 
Você deve considerar, então, que no contexto do capitalismo não é possível 
conciliar a lógica da acumulação de riquezas, de capital e da exploração do 
trabalhador com as lutas a favor da garantia dos direitos humanos. Isso acontece pois, 
de acordo com essa lógica, os interesses pelo capital são individuais ou referem-se a 
uma classe específica, o que não ocorre com os direitos humanos, que buscam 
atender indistintamente a todos os indivíduos, sem discriminação de nenhum tipo. 
Assim, como você viu, a sociedade brasileira vive situações que requerem a 
defesa dos direitos humanos há muitos séculos. Sua história é marcada por 
exploração, discriminação e violência contra muitos grupos. Nesse sentido, os direitos 
humanos surgem para proteger e garantir a igualdade entre todos os indivíduos. No 
entanto, a defesa desses direitos nem sempre é vista como algo favorável. É por isso 
que a população deve conhecer o verdadeiro valor desses direitos, para que possa 
lutar por eles e valoriza-los. A mídia, enquanto importante instrumento de 
comunicação de massa, pode contribuir para que isso ocorra. No entanto, são 
necessárias instituições de fato comprometidas com a disseminação de informações 
corretas e com a sociedade. 
 
 
Fonte: http://www.unama.br/

Mais conteúdos dessa disciplina