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Custo-padrão Desenvolvimento do material Dayse de Lima Passos 1ª Edição Copyright © 2020, Afya. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Afya. Sumário Custo-padrão Para início de conversa… .................................................................. 04 Objetivo ........................................................................................... 05 1. Finalidades do Custo-padrão e Tipos de Padrão ........................ 06 2. Custo-padrão, Custeamento por Absorção e Orçamento ............. 08 3. Construção do Padrão .......................................................... 19 Referências ....................................................................................... 27 Para início de conversa… Esta unidade de aprendizagem aborda a relevância do controle de custos em relação à tomada de decisão, visto que há necessidade de informações confiáveis para a gestão empresarial. Qualquer setor ou atividade empresarial necessita ser controlada, porém o controle dos custos de uma organização tem relação direta com o bom desempenho e lucratividade. Tendo como base tal pressuposto, entende-se a importância do controle e planejamento efetivo em uma empresa, principalmente das empresas industriais. Além disso, serão abordadas a utilização do custo-padrão na prática industrial e a análise do tratamento de suas variações no sistema de controle de custos. O custo-padrão traz grandes resultados para as empresas, mas também existem restrições quanto ao seu uso, pois é mais trabalhoso e requer maior controle e ajustes (reconciliações) todos os meses. O início da adoção desse sistema requer diversas ações e tomadas de decisões essenciais para que o sistema funcione bem. 4 Custos Empresariais Objetivo Analisar o custo-padrão. 5Custos Empresariais 1. Finalidades do Custo-padrão e Tipos de Padrão Controlar envolve vários elementos a serem observados individualmente e em interação com os outros elementos. Analisar, mensurar e diagnosticar possíveis falhas fazem parte do controle geral das empresas. Segundo Martins (2010, p.313), “controlar significa conhecer a realidade, compará-la com o que se esperava ser, localizar divergências e tomar medidas visando à sua correção”. Diante desses desafios, as empresas cada vez mais se preocupam com o planejamento e controle de custos, visando a melhor alocação dos recursos, com o objetivo de otimização dos lucros. Segundo Ferreira (2007, p.264): O controle de custos ocorrerá quando for possível a identificação dos custos em departamentos, processos e elementos de custos e, posteriormente, for elaborada uma análise e comparação entre as duas situações, ou seja, entre o previsto e o efetivamente ocorrido. Na Contabilidade Gerencial, uma das ferramentas utilizadas para controle é o custo-padrão, sendo de grande importância para este fim, visto que utiliza as previsões dos custos, projetando os valores dos materiais e da mão de obra. Esta ferramenta serve como base para controlar e medir a eficiência de produção, por meio de valores comparativos do que foi previsto, com os valores reais. Com isso, utilizando o custo-padrão, podemos identificar os desvios ocorridos e assim permitir a análise do que ocorreu, por qual motivo ocorreu, quais são os setores responsáveis pelo desvio e como podemos minimizar ou extinguir o impacto nos próximos eventos. Os principais desvios ocorrem nas quantidades utilizadas de materiais, na precificação do custo e também na conjugação desses dois tipos de desvios. A utilização do custo-padrão permite que a empresa planeje e controle os custos, verificando onde ocorreram os desvios de valor, e identificando quais os setores causaram tais desvios. Importante 6 Custos Empresariais O custo-padrão pode ser utilizado com os sistemas de custeio: Custeio por Absorção, Custeio Variável (Direto), Custeio ABC (por atividades) e com o RKW. Para Crepaldi (2009, p.276), “sistema de custeio é a forma de registrar os custos. Pode ser por custo histórico ou por custo-padrão. Os sistemas de custeio podem ser usados com qualquer sistema de acumulação de custos e com qualquer método de custeio”. Os custos históricos são apropriados à medida que ocorrem, e os resultados só poderão ser apurados no final do período; em contrapartida, os custos-padrão são predeterminados antes da produção. Observe as particularidades do custo-padrão, por meio do Quadro 1. É a determinação antecipada dos componentes do produto ou serviço. Sofre muita resistência por parte dos contadores, por apresentar grandes variações entre os padrões estabelecidos e a realidade. Provoca aumento de lançamentos contábeis pelo registro dos desvios. Útil nos orçamentos e determinação do preço de venda. Utilizam-se dados históricos, da engenharia de produção, dos estudos de tempos e movimentos para estabelecer os padrões. Os padrões de materiais devem considerar a especificação, a quantidade, o preço, a taxa de aproveitamento e as perdas naturais. Os padrões de mão de obra devem considerar o tempo de execução de cada etapa, o tempo médio improdutivo, a taxa horária da equipe e as alterações salariais. Os padrões dos custos indiretos são os mais difíceis pela sua variedade e por grande participação dos custos fixos. Quadro 1: Particularidades do custo-padrão. Fonte: Adaptado de Dutra (2017, p.249). O custo-padrão ainda enfrenta muita resistência, pois exige um controle periódico do custo orçado e do custo real, gerando o ajuste das variações dos custos detectadas. Temos uma diferenciação do custo-padrão ideal, do custo-padrão corrente e do custo-padrão estimado por alguns autores. Vejamos, a seguir, essas definições, segundo Martins (2018). 7Custos Empresariais ▪ Custo-padrão ideal - É determinado por meio das melhores condições: melhor matéria-prima, mão de obra mais eficiente, com 100% da capacidade produtiva da empresa, sem nenhum tipo de desperdício. Esse custo-padrão não é muito utilizado, pois as oscilações acontecem e são comuns no dia a dia das empresas. ▪ Custo-padrão corrente - É determinado por meio de um valor que é colocado como meta para o próximo período para um produto ou serviço, considerando as oscilações que podem ocorrer, em relação às diferenças na qualidade das matérias-primas, na perda esperada também de matéria-prima, de alguma parada de máquina por questões de manutenção ou queda de energia elétrica etc. ▪ Custo-padrão estimado - É determinado com base no histórico da empresa, sem incluir melhorias, por meio de médias do passado. Entre os custos-padrão que vimos anteriormente, o que a empresa deve adotar é o custo-padrão corrente, pois exige um estudo das deficiências reais da empresa, o que acaba tendo menos desvios. O custo-padrão ideal considera padrões de qualidade muito exigentes e é quase impossível atingir. Já o custo- padrão estimado acaba considerando o histórico da empresa, mesmo que esse histórico tenha apresentado, em determinado momento, algum problema na produção, que hoje não se faz mais presente e deveria ser descartado. 2. Custo-padrão, Custeamento por Absorção e Orçamento Observe a diferença entre custo-padrão e orçamento: a. Custo-padrão, de uma forma geral, refere-se a uma unidade de produto. b. Orçamento refere-se a um total. Segundo Horngren (1985, p.141), “o padrão é uma ideia de unidade e o orçamento é uma ideia de totalidade”. Já Garrison, Noreen e Brewer (2013) dizem que os padrões estão relacionados à quantidade e ao custo (ou preço de aquisição) de insumos usados na manufatura de produtos ou na prestação de serviços. 8 Custos Empresariais A Tabela 1 exemplifica esta questão. As variações existentes entre o custo real e o custo-padrão poderão ser em função de preço, quantidades e eficiência. Custo-padrão Custo orçado (para 5.000 unidades)Custo orçado (para 10.000 unidades) Qtde (Unidade) 1 5.000 10.000 Matéria-prima (R$) 12,00 12,00 12,00 Mão de obra (R$) 7,00 7,00 7,00 Total (R$) 19,00 95.000,00 190.000,00 Tabela 1: Comparação entre custo-padrão e custo orçado. Fonte: Elaborado pela autora. Eficiência é atingir resultados com perdas de recursos mínimos. É fazer o melhor uso do dinheiro, do tempo, dos materiais e das pessoas. De acordo com Padoveze (2004, p.40), “podemos definir eficiência como a relação existente entre o resultado obtido e os recursos consumidos para conseguir esse resultado”. Os padrões de quantidade e de preço são determinados para cada insumo importante: ▪ Padrões de quantidade – Especificam quanto de um insumo deveria ser usado para fabricar um produto ou prestar um serviço. ▪ Padrões de preço – Especificam quanto deveria ser pago por cada unidade de insumo. As quantidades e custos reais dos insumos são comparados aos padrões. Se houver um desvio muito grande, caberá aos responsáveis investigar, analisar e corrigir esse desvio. Os fatores que se sujeitam dependerão do contexto econômico do país e da empresa, entre outros. 9Custos Empresariais Segundo Horngren (1985, p.146), “as variações de preço são, muitas vezes, consideradas medidas de previsão da capacidade, e não da incapacidade, de comprar a determinados preços”. A compra em lotes, obtendo, na maioria das vezes, descontos de caixa, e optando, também, pela forma de entrega mais econômica, ajuda na constância dos preços, para que não haja distorções consideráveis e gere o distanciamento dos preços preestabelecidos, nos padrões. Jiambalvo (2002, p.233) menciona o “Gerenciamento por Exceção, que investiga apenas aquelas variações que eles julgam serem excepcionais”. Isso significa dizer que cada empresa deverá saber o que é excepcional dentro do seu contexto organizacional. A empresa deverá estabelecer seus critérios de avaliação, valor absoluto da variação ou percentual de variação em relação ao custo real. Tudo dependerá da forma de gerenciamento dos custos, variando de empresa para empresa. A análise de variações não dá uma resposta imediata ao gestor. Ela apenas levanta questões, como: Por que o custo aumentou? Por que diminuiu? Por que a variação está abaixo ou acima do previsto? Essas questões deverão ser analisadas uma a uma com estudos e seriedade. Os sistemas de custo-padrão são usados para controlar as operações das empresas industriais e comparar o orçado com o real. Segundo Ferreira (2007, p.268): O custo-padrão de um produto é obtido por meio da multiplicação do consumo unitário padrão pelo custo-padrão por fator. Uma vez, apurados os custos reais, é possível confrontá-los com os custos- padrão por intermédio da análise dos desvios. Nesse sentido, os custos-padrão podem ser considerados medidas de eficiência, que será calculada pela decomposição do custo-padrão nas suas três principais parcelas: matérias, mão de obra e gastos gerais de fabricação. De acordo com Martins (2001, p.334), “o custo-padrão não elimina o real, nem diminui sua tarefa; aliás, a implantação do padrão só pode ser bem-sucedida onde já exista um bom sistema de custo real (Absorção, Variável ou qualquer combinação entre eles). 10 Custos Empresariais Ferreira (2007, p.268) afirma que “a análise dos desvios é feita com base em dois aspectos: preço e quantidade. Além desses dois tipos de desvio [...], pode-se ainda obter o desvio total, que consiste na agregação dos dois anteriores”. Por meio dos custos-padrão, podem ser mais facilmente apuradas as causas dos custos anormais e identificados os responsáveis por estas distorções. A contabilização ou não dos valores com base no custo-padrão dependerá da forma de controle das empresas. Vale ressaltar que toda a comparação entre o custo real e o custo-padrão deverá ser feita por meio de relatórios que irão apontar as diferenças entre eles. A empresa poderá contabilizar seus custos com base no custo- padrão, e depois, contabilizar as variações, após sua apuração em relatórios extracontábeis, ou simplesmente, não registrar o padrão e registrar apenas os custos reais. Para fixação do Padrão numa empresa, dentro de uma situação inflacionária, pode ela trabalhar com diversas alternativas: uma delas seria o uso de preços estimados para o próximo período, já com a inclusão da perspectiva de alterações. Essa hipótese tem um defeito, caso o período de validade do Padrão seja de um ano. A previsão terá que se basear numa estimativa de preços para o exercício todo, e estará, por isso, fixada num valor médio. Assim, nos primeiros meses do ano tenderá a haver uma variação no sentido de o Real ser menor que o Padrão, enquanto que no final ocorrerá o inverso. E sempre existirá um erro na previsão dessa oscilação de preços, além da necessidade de se estudar o que provavelmente mudará no preço de cada fator de produção. (MARTINS, 2010, p.319) A finalidade da implementação do custo-padrão é o controle dos custos, e controlar significa analisar, mensurar e diagnosticar possíveis falhas, e, tudo isso, faz parte do controle das empresas. O objetivo maior nesse processo é estabelecer uma base para a comparação entre o ocorrido e a Importante 11Custos Empresariais previsão do que deveria ocorrer. Deduz-se então que o custo-padrão é uma técnica que auxilia essa comparação. Segundo Martins (2001, p.333): A grande finalidade do custo-padrão é o controle dos custos. Ele é melhor e mais eficiente do que o custo estimado nessa tarefa, já que, para sua fixação, obriga a levantamentos que irão, em confronto posterior com a realidade, apontar ineficiências e defeitos na linha de produção. As vantagens de se utilizar o custo-padrão só existem, de fato, se a empresa tiver um bom controle dos custos reais. Se esse controle não existe, não há vantagem no custo-padrão. Martins (2010, p.321) enfatiza que “o custo-padrão serve, além de arma de controle, de instrumento psicológico para melhoria do desempenho do pessoal, se bem utilizado”. Dentro desse contexto, se não existir um comprometimento entre a alta administração, o gestor de custo e demais áreas envolvidas, que irão diagnosticar, apontar e corrigir as variações existentes, também não existirá sentido na utilização do custo-padrão. Garrison, Noreen e Brewer (2013, p.438-439) destacam as vantagens dos sistemas de custeio-padrão: 1. Os custos-padrão são um elemento-chave na abordagem do gerenciamento por exceção. Se os custos estiverem em conformidade com os padrões, os gerentes podem se concentrar em outros problemas. Quando os custos estão bastante fora dos padrões, os gerentes são alertados de que pode haver problemas que mereçam atenção. Essa abordagem os ajuda a se concentrarem em questões importantes. 2. Padrões vistos como razoáveis pelos funcionários podem promover economia e eficiência, já que fornecem parâmetros que os indivíduos podem usar para avaliar o próprio desempenho. 3. Os custos-padrão podem simplificar bastante a escrituração. Em vez de registrar os custos reais de cada trabalho, pode-se cobrar de um deles o custo-padrão de materiais diretos, mão de obra direta e custos indiretos. 4. Os custos-padrão se encaixam muito bem em sistema integrado de “contabilidade por responsabilidade”. Os padrões estabelecem 12 Custos Empresariais quais devem ser os custos, quem deve ser responsabilizado por eles e se os custos estão ou não sob controle. Todos os departamentos envolvidos deverão estar integrados e comprometidos com os resultados finais. Marquesini et al. (2006) também ressaltam os pontos fortes do custo-padrão: como instrumento de auxílio à tomada de decisão; como ferramenta de planejamento; como ferramenta de controle; e como contexto de eficiência e eficácia. Em relação às ameaças, os autores evidenciam que existem erros que não são fáceis de serem detectados na determinação das variações dos custos indiretos. Sobre isso, Felicia (2014, p.192)declara que: Embora as vantagens da utilização de padrões sejam significativas, existem algumas desvantagens na adoção do método do custo- padrão: às vezes podem aparecer dificuldades em estabelecer os desvios do custo-padrão, o método não permite um cálculo preciso dos custos fixos. Apesar do custo-padrão ser muito eficaz como uma ferramenta de planejamento, a eficiência do sistema de custeio depende das reais estruturas de cada corpo organizacional. Shank e Govindarajan (1997) afirmam que algumas empresas podem ser líderes de custo, e não necessariamente rejeitar o custo-padrão. Ainda de acordo com os mesmos autores, uma das principais desvantagens da utilização do custo-padrão é a percepção de que uma variância não é tangível no nível operacional, como exemplo, os diversos departamentos de uma fábrica, tendo dificuldade em interpretar uma variância e fazer a relação com um determinado problema. Outra deficiência do sistema de custo-padrão salientada pelos mesmos autores é o ambiente dinâmico onde as empresas estão inseridas, tornando dispendioso o processo de atualização dos padrões. O uso incorreto de custos-padrão pode apresentar possíveis problemas, que Torriti (2012, p.105) narra em sua obra. O pressuposto no cumprimento integral pode também trazer desigualdades na fase de redução de encargos administrativos. Se 13Custos Empresariais o modelo de custo-padrão não leva em conta que os setores da indústria têm diferentes níveis de conformidade, negócios inseridos em setores altamente estáveis podem acabar em desvantagem devido a essa generalização. Isso pode ocorrer porque os encargos administrativos globais de um setor menos estável, será inflado em relação à realidade: alguns custos serão atribuídos pelas legislações, que não satisfazem plenamente. O risco é combinar os encargos administrativos reais, com encargos administrativos inflacionários fictícios e tomar decisões com base nesta combinação injusta. Relatórios com atraso de divulgação também são problemas encontrados nas empresas. Os relatórios devem ser rápidos e precisos, a fim de evitarem informações defasadas, que se tornam inúteis. Para Garrison, Noreen e Brewer (2013, p.439): Apenas cumprir os padrões pode não ser suficiente; podem ser necessárias melhorias contínuas para sobreviver em um ambiente competitivo. Por esse motivo, algumas empresas se concentram nas tendências das variações de custos-padrão – objetivando a melhoria contínua em vez de apenas cumprir os padrões. Em outras empresas, padrões determinados por engenheiros de produção são substituídos por uma média atualizável dos custos reais, que se espera que diminua, ou por custos-meta muito desafiadores. Uma procura excessiva no cumprimento dos padrões pode atrapalhar outros objetivos importantes, como manter e melhorar a qualidade, a entrega no prazo e a satisfação do cliente. Sulaiman, Ahmad e Alwi (2004) investigaram a gestão de práticas contábeis em quatro países asiáticos: Singapura, Malásia, China e Índia. Pesquisas concluíram que vários autores têm argumentado que técnicas tradicionais de sistemas de custeio, como custo-padrão, análise de variância, orçamento tradicional e análise custo-volume-lucro não são ferramentas adequadas no processo de planejamento e controle organizacional, porém, com base nos dados coletados nestes quatro países, os autores puderam concluir que o custo-padrão, assim como os sistemas tradicionais de gestão nas práticas contábeis, possuem grande utilidade no controle das empresas estudadas. Sabe-se que há limitações na coleta de dados, e até mesmo nas 14 Custos Empresariais mudanças no ambiente econômico e nas práticas fabris que fundamentam as críticas encontradas por meio desta pesquisa, aos referidos sistemas de custeio. Por meio de um estudo de caso em duas organizações de fabricação (Cableco e Casingco), que iniciaram a utilização de novos métodos de produção durante um determinado período, Bowhill e Lee (2002) corroboram que mesmo os sistemas de custo-padrão não sendo plenamente compatíveis com as novas técnicas de fabricação ocasionadas pela mudança do ambiente econômico, eles podem continuar a serem úteis no planejamento e controle das organizações. Para que este sistema fosse efetivo no nível operacional, uma série de ajustes e alinhamentos com os novos métodos foram feitos, em termos de gestão para sistemas. Os custos fabris dependem de muitos fatores para serem associados ou não a um determinado produto ou departamento. Tendo em vista esse panorama de complexidade, os custos são classificados em diretos ou indiretos. De acordo com Shank e Govindarajan (1997, p.21), “compreender o comportamento dos custos significa compreender a complexa interação do conjunto de direcionadores de custo em ação em uma determinada situação.” Custos indiretos de fabricação são custos que não se relacionam diretamente com o produto, porém estão ligados a sua fabricação. Para Maher (2001), todos os custos de produção, que não são definidos como mão de obra direta e material direto, são caracterizados custos indiretos de fabricação. Segundo Jiambalvo (2002, p.07), “a distinção entre um custo direto e indireto depende do objetivo cujo custo está sendo associado.” É preciso definir uma vertente para que se tenha uma análise correta do custeamento indireto. Normalmente, os custos indiretos dependem de cálculos, rateios ou estimativas para serem associados ao custo de determinado produto. Esses custos são dificilmente atribuíveis às unidades, necessitando de alocações para se obter essa atribuição a cada produto ou unidade. (BORNIA, 2009) Maher (2001) pontua que os custos indiretos de fabricação poderão ser fixos ou variáveis, de acordo com sua natureza. Os custos variáveis se alteram na proporção direta que o volume da produção se altera, dentro de 15Custos Empresariais um significante intervalo de produção. Já os custos fixos não se alteram em proporção com a alteração do volume. Para Bengü e Can (2010, p.752), “os custos indiretos de fabricação (CIF) são, na sua maioria, custos heterogêneos e progressivos, e por esta razão, eles são instáveis, e difíceis de planejar e controlar”. Eles são desuniformes e acabam dificultando qualquer tipo de planejamento e controle. O Quadro 2 cita exemplos de custos indiretos de fabricação fixos e variáveis. Fixos Variáveis Depreciação Energia elétrica quando não pode ser associada ao produto. Aluguel da fábrica Salário dos chefes de supervisão de equipes de produção. Seguro da fábrica Gastos com limpeza da fábrica. Segurança da fábrica Quadro 2: Custos indiretos de fabricação (fixos e variáveis). Fonte: Elaborado pela autora. O objetivo da definição dos padrões de custos, conforme já mencionado, é o controle gerencial. Ao final de cada mês, as variações entre os custos reais e os padrões estabelecidos deverão ser investigadas, analisadas e, se necessário, corrigidas. Garrison, Noreen e Brewer (2013, p.419) define Gerenciamento por Exceção como um “sistema de gerenciamento pelo qual se estabelecem padrões de várias atividades, e então resultados realizados são comparados a esses padrões. Desvios significativos dos padrões são sinalizados como exceções”. Dentro desse contexto, observa-se que as variações de custos indiretos de fabricação deverão ser investigadas em sua essência, não deixando de separar aquelas variações decorrentes do volume de produção. 16 Custos Empresariais O padrão de custos indiretos de fabricação não tem a mesma facilidade de determinação do que os materiais diretos e mão de obra direta, haja vista que esses dois últimos não sofrem, na maioria das vezes, influxos por modificações dos níveis das respectivas atividades. É de suma importância a determinação de uma taxa de absorção, que estreitará um terceiro elemento de custos à produção. Sobre isso, Leone (1995, p.233) sugere a seguinte fórmula: Taxa de Absorção = DIF Orçadas Base deVolume Onde: DIF - Despesas Indiretas de Fabricação. A base do volume pode ser qualquer um dos itens a seguir relacionados: a. Produção estimada em unidades. b. O valor estimado de materiais. c. Valor estimado da mão de obra direta. d. Valor do custo primário (soma dos itens b e c). e. Horas estimadas de mão de obra direta. f. Horas estimadas de máquinas. Estes mecanismos têm como vertente principal minimizar a diferenciação dos custos reais dos padrões de custos, pois à medida que se tem um tratamento específico entre a relação da taxa de absorção e as bases de volume de uma produção, ocorre um alinhamento das técnicas operacionais que apuram as práticas fabris. As variações ocorrem pelo fato de que cada ciclo operacional tem suas particularidades, mesmo que os padrões sejam estabelecidos com base em inúmeros ciclos anteriores. A limitação gerencial destas peculiaridades periódicas torna os processos de alocação, rateio e análise dos custos mais propícios a diferenciações mais suaves. Dentro deste panorama, analisar e controlar as distorções não só das variações, mas, principalmente, das apurações feitas com o tratamento dos custos indiretos, 17Custos Empresariais têm relação direta com a efetividade do sistema de controle e planejamento da organização. A análise das variações de custos-padrão é de suma importância. Consiste em analisar as variações encontradas, quanto à quantidade de insumos utilizados e quanto aos preços pagos por estes insumos. Segundo Garrison, Noreen e Brewer (2013, p.424): Uma variação de quantidade é a diferença entre quanto foi realmente usado de insumo e quanto deveria ter sido usado, e é expressa em termos de valor monetário por meio do preço padrão do insumo. Uma variação de preço é a diferença entre o preço real de um insumo e seu preço padrão, multiplicada pela quantidade real do insumo comprado. As variações de quantidade e de preço normalmente têm causas diferentes e, geralmente, envolvem diferentes setores. Maher (2001, p.618) diz que “o orçamento, normalmente, é utilizado para avaliar desempenho e controlar custos, e isso geralmente é organizado em centros de responsabilidade – unidades organizacionais pelas quais alguém é responsável”. Normalmente, as empresas, ao analisarem as variações, utilizam dois tipos básicos de centros de responsabilidade: centros de custos e centros de lucro. As variações de utilização de mão de obra geralmente são atribuídas ao mesmo gerente responsável pela utilização de mão de obra. Em quase todas as empresas, em virtude de contratos com sindicatos ou outros fatores previsíveis, os preços da mão de obra podem ser previstos com muito mais precisão do que os preços dos materiais, portanto, as variações de preço da mão de obra tendem a ser relativamente insignificantes. (HORNGREN, 1985) Importante 18 Custos Empresariais Em termos gerais, o gerente de compras exerce controle sobre o preço dos bens e, portanto, é o responsável por quaisquer variações de preços. Segundo Garrison, Noreen e Brewer (2013, p.313): Muitos fatores influenciam os preços dos bens, entre eles a quantidade pedida de cada vez, a forma de entrega e a urgência do pedido, e a qualidade dos materiais. O desvio de qualquer um desses elementos em relação ao que foi considerado quando se estabeleceu o padrão pode ter como resultado uma variação de preço. A urgência da necessidade dos materiais dentro da empresa sempre teve e terá uma grande influência na formação dos preços dos bens, pois sempre pagamos mais por insumos que não podemos esperar. A pressa é inimiga dos custos baixos. Cabe ressaltar que as responsabilidades servem para a análise das variações, não devendo haver culpas pessoais pelos gerentes ou quaisquer que forem os responsáveis pelo processo. A ênfase precisa recair sobre a função de controle, no sentido de dar suporte e assistência aos gerentes de linha para o alcance de metas da companhia cuja fixação eles participaram. A ênfase deve ser positiva, não negativa. Dar excessiva importância ao que já aconteceu, particularmente, em termos de encontrar culpados, pode ser destrutivo para o funcionamento de uma organização. (HORNGREN, 1985; GARRISON; NOREEN; BREWER, 2013; MAHER, 2001) 3. Construção do Padrão O primeiro grande passo para um eficiente controle de custos dentro de uma empresa (seja ela comercial, industrial ou de serviços) é o levantamento do que ocorre dentro dela, gerando a necessidade de haver uma análise que envolva as pessoas que estão ligadas às atividades, departamentos etc. Entretanto, sabe-se que a reação das pessoas pode ser contrária aos relatórios que se fazem necessários, com dados detalhados das rotinas de cada setor. De acordo com Madeira e Barros (2013, p.96), “a necessidade de controle de custos é de extrema importância para a situação financeira e 19Custos Empresariais econômica da empresa. Os altos custos e as perdas, muitos inerentes ao próprio processo de fabricação, geram prejuízos e desvios na ótica da administração”. Mediante a necessidade e atravessando os problemas de coleta de dados, faz-se necessário orçar os custos atrelados a cada departamento, relacionados a cada produto. Para orçar os custos, é necessária a adoção de um critério de controle. Dentro desse contexto, compreende-se a questão do custo-padrão. Conforme Jiambalvo (2002, p.225), “um dos principais benefícios de um sistema de custo-padrão é que permite aos gerentes comparar as diferenças entre os custos-padrão e os custos reais”. O custo-padrão é muito utilizado pelos gestores de custos que precisam de bases para as análises e a formação de conceitos para a tomada de decisão. Segundo Maher (2001, p.603), custo- padrão é o “custo estimado para fabricar e/ou vender uma unidade de um produto”. Custo-padrão, segundo Martins (2010, p. 315), é: [...] o valor conseguido com o uso dos melhores materiais possíveis, com a mais eficiente mão de obra viável, a 100% da capacidade da empresa, sem nenhuma parada por qualquer motivo, a não ser as já programadas em função de uma perfeita manutenção preventiva etc. O estabelecimento dos padrões é amplamente utilizado na contabilidade gerencial, permitindo a correlação e análise da quantidade de insumos usados na fabricação de produtos e na prestação de serviços, além de correlacionar e analisar também o custo (preço) dos insumos. Segundo Horngren (1985, p.141) “custo-padrão é um custo cuidadosamente predeterminado que deve ser atingido, em geral expresso por unidade”. A finalidade do custo-padrão é fornecer suporte para o controle de estoques e, consequentemente, para o controle de custos da empresa e para os orçamentos. Consiste, basicamente, em fornecer um padrão de comportamento para os custos, ou seja, fixar quais serão os montantes para, quando na apuração final do custo da empresa, proceder a comparação com os custos realmente incorridos e identificar as variações e o porquê delas. Importante 20 Custos Empresariais Para Crepaldi (2009, p.277), “custo-padrão ou custo standard é aquele determinado a priori como sendo o custo normal de um produto”. Segundo Bornia (2009, p.76), custo-padrão consiste em: 1. Fixar um custo-padrão, o qual servirá de referência para a análise dos custos. 2. Determinar o custo realmente incorrido. 3. Levantar a variação, a fim de auxiliar a procura pelas causas (motivos) que levaram aos desvios. As divergências apontadas entre o padrão e o real, apurados normalmente ao final de cada mês nas empresas, deverão ser evidenciadas e analisadas. Caberá aos gestores corrigir desvios e avaliar os resultados, e se estará dentro dos padrões esperados ou não, pois uma das fases mais importantes é a tomada de decisões; em consequência, há a necessidade da correção dos desvios ocorridos. Padrão a ser determinado Procedimento ou critério utilizado Padrão físico de consumo das matérias-primas e demais materiais. Pesagens e/ou medições, levando em consideração também as perdas e quebrasnormais no processo produtivo. Padrão de valor das matérias-primas e demais materiais. Custos correntes de reposição ou custos incorridos nas últimas compras. Padrão técnico da utilização da mão de obra. Quantificados por cronometragem de tempo das operações produtivas, de acordo com amostragens estatísticas. Deve ser em condições normais de produção, incluindo as perdas normais de tempo para trocas de ferramentas, substituição de matérias-primas, deslocamentos periódicos do setor etc. Padrão de taxas horárias da mão de obra. Calculado, considerando o custo com salários, encargos sociais e outros benefícios. Padrão financeiro dos custos indiretos de fabricação. A taxa unitária decorre da divisão do total dos custos indiretos conhecidos pelo fator escolhido para apropriação aos produtos. Quadro 3: Procedimentos para a definição de elementos padrões. Fonte: Ferreira (2007, p.266). 21Custos Empresariais Faz-se necessária uma força-tarefa dos diversos setores envolvidos para a obtenção das informações acima, em que, por exemplo, a engenharia será responsável por obter padrões técnicos e quantitativos, obtendo, assim, os melhores padrões a serem utilizados. Entretanto, para a implementação do custo-padrão de uma empresa, vários critérios deverão ser estabelecidos antes, tais como: definição do sistema de custeio, separação de centros de custos ou departamentos, fixação de objetivos e metas, controle de estoques e, por fim, o critério de contabilização a ser adotado. Esses pontos serão detalhados a seguir. Qualquer que seja o tipo de empresa, é comum existir a separação por departamentos ou funções. Segundo Martins (2010, p.70): Departamento é a unidade mínima administrativa para a Contabilidade de Custos, representada por homens e máquinas (na maioria dos casos), que desenvolve atividades homogêneas. Diz-se unidade mínima administrativa porque sempre há um responsável para cada Departamento ou, pelo menos, deveria haver. Nesse sentido, existe uma divisão feita entre as pessoas e/ou departamentos, objetivando dividir suas funções. Essas funções estão relacionadas em administrar ou em produzir os bens e serviços necessários à organização, ou seja, algumas funções promovem diretamente a transformação do produto ou serviço final. A estes, damos o nome de Departamentos de Produção, enquanto a outros, que não atuam diretamente sobre a transformação do produto ou serviço final, são os Departamentos Administrativos. A essa divisão, é comum atribuir-se um centro de custo. Centro de custos, segundo Neves e Viceconti (2008, p.102), é, portanto, “uma unidade mínima de acumulação de custos, embora não seja necessariamente uma unidade administrativa, isso só ocorrendo quando ele coincide com o próprio Departamento”. Dessas definições, podemos concluir que o centro de custos cria responsabilidades nos controles de custos e despesas, atribuindo a um responsável a função direta de controle dos custos inerentes ao Departamento. Dentro desse contexto, a contabilidade de custo baseia-se nos centros de custos para atribuir valores aos produtos de seu estoque, gerando, assim, o custo dos produtos. Fixar um custo-padrão requer a existência de um bom sistema de custo real. Se não existe um sistema de custeio definido e um controle de custos efetivo, dificilmente será bem-sucedida a fixação do custo-padrão. 22 Custos Empresariais As empresas, normalmente, usam os custos passados como forma de fazer previsão do custo-padrão. Cada organização irá adotar o que for melhor para o seu controle, entretanto, essa forma de adoção do custo-padrão, utilizando as experiências passadas, poderá ocasionar distorções. Melhor seria prever também possíveis ineficiências, mudanças tecnológicas, de equipamentos, métodos, fatores meteorológicos (dependendo do tipo de atividade) e sazonalidades existentes. A definição da melhor alternativa de fixação do custo-padrão é assunto de discussão em praticamente todas as empresas. Qual utilizar? O padrão ideal ou o padrão atingível? Segundo Horngren (1985, p.142), “padrão ideal (ou padrão de perfeição) são expressões dos custos mínimos absolutos possíveis com as melhores condições que se deixa qualquer margem para diminuição, estragos, enguiços de máquinas etc”. Os padrões ideais podem ser alcançados sob melhores circunstâncias, entretanto, eles não dão espaço para os problemas que podem ocorrer, tais como quebras de máquinas, greve de funcionários entre outras. Eles exigem um nível de esforço que pode ser alcançado em condições ideais, mas problemas podem ocorrer, e fixar um padrão ideal não contempla tais problemas. Lembre-se da Lei de Murphy: “Tudo o que puder dar errado dará”; portanto, as intempéries devem ser consideradas. De acordo com Horngren (1985, p.142), “padrões atingíveis são os que podem ser atingidos por operações muito eficientes. Estabelecem- se expectativas suficientemente altas de forma que os empregados achem possível, embora improvável, sua realização”. Garrison, Noreen e Brewer (2013, p.423) chamam os “padrões atingíveis” de “padrões práticos”: Padrões práticos são padrões rígidos, mas alcançáveis. Eles possibilitam que as máquinas tenham tempo ocioso e que os funcionários tenham períodos de descanso, e podem ser alcançados por meio de esforços razoáveis, ainda que altamente eficientes, de funcionários comuns. Sazonal é um adjetivo que se refere ao que é temporário, ou seja, que é típico de determinada estação ou época. (SIGNIFICADOS, 2019) Glossário 23Custos Empresariais Diante dessas colocações, podemos entender que as empresas poderão estabelecer padrões práticos ou atingíveis, de forma que possam prever situações reais e corrigir eventuais erros na definição de padrões. Os padrões deverão ser fixados em quantidades físicas e também em valores, visto que, normalmente, os custos são compostos destes elementos. Nesse contexto, de acordo com a característica de cada empresa, esses padrões poderão ser definidos de acordo com o tipo de material utilizado na empresa. Vejamos alguns exemplos: a. Matéria-prima, por quantidade (quilo, litro, ou outros) e preço. b. Embalagens em quantidade suficiente para cobrir a demanda. c. Quantidades e taxas de homem-hora, horas máquinas etc. Diante disso, podemos perceber que o custo-padrão é uma metodologia, e não uma forma de custeio. Custear significa atribuir valores a um determinado item. As empresas, antes de definirem o seu custo-padrão, precisam definir qual o sistema de custeio que será adotado. Não tem como falar em custo-padrão sem falar na metodologia de custeio a ser adotada. Segundo Martins (2001, p.41) “custeio significa Método de Apropriação de Custos. Assim, existem Custeio por Absorção, Custeio Direto, Custeio Padrão, ABC, RKW etc.” Custeio por Absorção Implica que todos os custos sejam atribuídos aos produtos, acabados ou não, sejam eles custos diretos ou indiretos, fixos ou variáveis. Custeio Direto ou Variável São considerados somente na avaliação dos estoques em processo e acabados os custos variáveis, sendo os custos fixos contabilizados diretamente no resultado no período de competência. Esse critério não é aceito pela legislação fiscal, entretanto, esse método é preferível na contabilidade gerencial, visto que permite melhor análise da performance gerencial. Custeio baseado em Atividades, conhecido como ABC (de activity-based costing) Consiste em direcionar os custos indiretos aos produtos, não por centro de custos ou por departamentos (normalmente utilizado pelas empresas), mas por atividades. Para cada atividade, identifica-se um fator; este deverá ser atribuído a cada produto. O ABC inclui demais despesas, como vendas e administrativas, por isso, eles não são aceitos para avaliação de estoques para fins contábeis. 24 Custos Empresariais Custeio RKW (abreviação da expressão alemã Reichskuratorium fur Wirtschaftlichtkeit) Consiste em atribuir aos produtos todos os gastos da empresa,podendo os produtos estarem total ou parcialmente prontos. Além dos custos, também são consideradas as despesas operacionais, inclusive as financeiras e o custo de oportunidade (juros sobre o capital próprio). Dessa forma, considera-se o esforço completo (total) aplicado para obter receitas. É evidenciado o ganho efetivamente obtido pela empresa, por meio do reconhecimento do valor adicionado (ganho) aos custos dos produtos. Quadro 4: Tipos de custeios. Fonte: Elaborado pela autora. Vamos a um exemplo de custo-padrão. Exemplo: Para fabricar determinado produto, uma empresa de cosméticos projetou as seguintes informações de custos para a matéria-prima X: Padrão Custo por kg: R$ 4,00 Quantidade utilizada para fabricar 1 unidade: 16 kg Custo-padrão por unidade: R$ 64,00 Quantidade utilizada para fabricar 1.000 unidades: 16.000 kg Custo-padrão para 1.000 unidades R$ 64.000,00 Após a produção de 1.000 unidades, foram verificadas as seguintes informações reais de custos: Real Custo por kg: R$ 4,20 Quantidade utilizada para fabricar 1 unidade: 19 kg Custo real por unidade: R$ 79,80 Quantidade utilizada para fabricar 1.000 unidades: 19.000 kg Custo real para 1.000 unidades R$ 79.800,00 ▪ Diferença em reais (R$) por unidade: R$ 15,80 ▪ Diferença total: R$ 15.800,00 25Custos Empresariais Análise das variações: Variação em quantidade = (Quantidade real - Quantidade padrão) x R$ Padrão (19.000 - 16.000) x R$ 4,00 = R$ 12.000,00 Variação em valor = (Valor real - Valor padrão) x Quantidade padrão (R$ 4,20 - R$ 4,00) x 16.000 = R$ 3.200,00 Variação mista = (Quantidade real - Quantidade padrão) x (Valor real - Valor padrão) (19.000 -16.000) - (R$ 4,20 - R$ 4,00) = R$ 600,00 Variação total = 12.000 + 3.200 + 600 = R$ 15.800,00 Vemos que a variação total é de R$ 15.800,00, sendo uma grande diferença do padrão para o real. Essa variação deve ser analisada para saber o porquê de ter ocorrido uma variação tão expressiva. O estabelecimento dos padrões de custos é de extrema importância para acompanhar a lucratividade da empresa, visto que possibilita ao gestor saber onde estão ocorrendo as variações de custos, para assim, tomar medidas corretivas. Pode-se perceber que os custos indiretos de fabricação assumem importante papel dentro do contexto de controle dos padrões, visto que eles não sofrem grandes modificações quando alterados os níveis de atividades. É necessário um maior acompanhamento gerencial com o comprometimento dos gestores envolvidos. A utilização do custo-padrão ainda é pequena, mas ele gera importante controle dos custos, sendo uma ferramenta gerencial eficaz para as empresas que o adota. 26 Custos Empresariais Referências BENGÜ, H.; CAN, A. V. An evaluation about the importance of criteria determining the allocation sequence in step-down allocation of manufacturing overhead costs. 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Terminologias 3.1 Desembolso 3.2 Gasto 3.2.1 Investimento 3.2.2 Custo 3.2.3 Despesa 3.3 Perda Referências Classificação de Custos Para início de conversa… Objetivo 1. Custos Diretos e Custos Indiretos 2. Custos Fixos e Variáveis 3. Integração da Análise do Comportamento e da Classificação dos Custos Referências _GoBack Métodos de Custeio e Critérios de Avaliação dos Estoques Para início de conversa… Objetivo 1. Painel Básico da Contabilidade de Custos 1.1 Métodos de Valoração de Estoques 2. Métodos de Custeamento 2.1 Formas de Custeio Referências Departamentalização Para início de conversa… Objetivo 1. Unidades de Acumulação de Custos 2. Estrutura do Produto 3. Processo de Fabricação Referências Análise da Relação Custo-Volume-Lucro Para início de conversa… Objetivo 1. Custos (e Despesas) Fixos e Variáveis 2. Ponto de Equilíbrio, Margem de Segurança, Alavancagem Operacional e Comprar ou Produzir 3. Pontos de Equilíbrio Contábil, Econômico e Financeiro Referências Análise de Variação-Custo Indireto Para início de conversa… Objetivo 1. Variação Total de CIP 2. Variação de Volume dos CIP 3. Variação de Custo Referências Custo-padrão Para início de conversa… Objetivo 1. Finalidades do Custo-padrão e Tipos de Padrão 2. Custo-padrão, Custeamento por Absorção e Orçamento 3. Construção do Padrão Referências Critérios de Avaliação de Materiais Para início de conversa… Objetivo 1. Variação de Materiais Diretos 2. Variação de Quantidade e Variação de Preço 3. Variação Mista Referência Considerações Finais do Livro Apresentação Objetivos Gerais Análise de Custos e a Origem da Contabilidade de Custos Para início de conversa… Objetivo 1. Definição Genérica 2. Escopo da Contabilidade de Custos 3. Terminologias 3.1 Desembolso 3.2 Gasto 3.2.1 Investimento 3.2.2 Custo 3.2.3 Despesa 3.3 Perda Referências Classificaçãode Custos Para início de conversa… Objetivo 1. Custos Diretos e Custos Indiretos 2. Custos Fixos e Variáveis 3. Integração da Análise do Comportamento e da Classificação dos Custos Referências Métodos de Custeio e Critérios de Avaliação dos Estoques Para início de conversa… Objetivo 1. Painel Básico da Contabilidade de Custos 1.1 Métodos de Valoração de Estoques 2. Métodos de Custeamento 2.1 Formas de Custeio Referências Departamentalização Para início de conversa… Objetivo 1. Unidades de Acumulação de Custos 2. Estrutura do Produto 3. Processo de Fabricação Referências Análise da Relação Custo-Volume-Lucro Para início de conversa… Objetivo 1. Custos (e Despesas) Fixos e Variáveis 2. Ponto de Equilíbrio, Margem de Segurança, Alavancagem Operacional e Comprar ou Produzir 3. Pontos de Equilíbrio Contábil, Econômico e Financeiro Referências Custo-padrão Para início de conversa… Objetivo 1. Finalidades do Custo-padrão e Tipos de Padrão 2. Custo-padrão, Custeamento por Absorção e Orçamento 3. Construção do Padrão Referências Análise de Variação-Custo Indireto Para início de conversa… Objetivo 1. Variação Total de CIP 2. Variação de Volume dos CIP 3. Variação de Custo Referências Critérios de Avaliação de Materiais Para início de conversa… Objetivo 1. Variação de Materiais Diretos 2. Variação de Quantidade e Variação de Preço 3. Variação Mista Referência Considerações Finais do Livro