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Avaliação 2: Casos Clínicos em Psicopatologia Nome do aluno(a): Maira Schelb Luz RGM: 24870978 - Maria da Conceição Sousa Veras RGM: 23934115 - Teresinha Albino de Paiva RGM: 23345195. Gibson Fernandes Correia dos Santos RGM: 26523264 Data limite para entrega: 16/11/22 Turma: N1 O trabalho pode ser feito e entregue individualmente ou em grupo de até 4 pessoas. Em cada um dos trechos de casos clínicos relatados abaixo, indique o possível transtorno mental narrado no caso, não esquecendo de fazer referência ao(s) número(s) e nome(s) correto(s) do(s) transtorno(s), conforme o DSM-5 (valor de cada caso: 0,2 ponto. / Valor total da atividade: 2,0 pontos.). Caso 01 (0,2 ponto) Marcelo Silva era um jovem de 20 anos levado ao pronto-socorro pela polícia do campus universitário de onde havia sido suspenso vários meses antes. A polícia foi chamada por um professor, o qual relatou que o Sr. Silva havia entrado na sala de aula gritando “Eu sou o Coringa, estou procurando o Batman”. Embora Marcelo tenha tido um bom desempenho escolar na adolescência, seu comportamento ficou cada vez mais estranho no ano anterior a esse incidente. Ele parou de se encontrar com os amigos e passava a maior parte do tempo deitado na cama olhando para o teto. Ele vivia com vários familiares, mas raramente falava com eles. Foi suspenso da faculdade por faltas. Sua irmã afirmou que o havia visto várias vezes murmurando baixinho para si mesmo e percebeu que às vezes, à noite, ele se postava no telhado da casa e mexia os braços como se estivesse “conduzindo uma orquestra”. 1) De que transtorno(s) se trata o caso clínico 1, descrito acima? O caso acima trata-se de Esquizofrenia - CID 10: 295.90 ( F20.9). Os sintomas prodrômicos começaram a surgir no ano anterior ao incidente. Caso 02 (0,2 ponto) Sebastião, um zelador de 52 anos que nunca se casou, procurou um psiquiatra para buscar ajuda quanto ao que vinha sentindo ao longo da vida. Ao ser perguntado sobre como se sentia, Sebastião afirmou que seu humor estava diminuído, nada lhe dava prazer e tinha insônia, sentimentos de desesperança, baixa energia e dificuldade em se concentrar e em tomar decisões. Negou pensamentos suicidas no momento, mas acrescentou que, vários meses antes, havia olhado os trilhos do metrô e pensado em pular. Relatou beber álcool eventualmente, mas negou o uso de drogas ilícitas. Ao ser perguntado sobre ansiedade, Sebastião disse que tinha medo de contrair doenças como HIV. Percebendo um cheiro forte de desinfetante, o entrevistador perguntou a ele se tinha algum tipo específico de comportamento de limpeza relacionado à preocupação com HIV. Sebastião fez uma pausa e esclareceu que evitava tocar praticamente qualquer coisa fora de sua casa. Estimulado a falar mais, afirmou que, mesmo quando apenas chegava perto de coisas consideradas como potencialmente contaminadas, ele precisava lavar as mãos incessantemente com água sanitária. Em média, lavava as mãos até 30 vezes por dia e passava horas nessa rotina. O contato físico era particularmente difícil. Comprar comida e usar o transporte público era um grande problema, de modo que ele havia quase desistido do convívio social ou de estabelecer relacionamentos amorosos. Quando perguntado se tinha outras preocupações, Sebastião disse que tinha imagens intrusivas de bater em alguém, temores de que poderia dizer coisas consideradas ofensivas ou imprecisas e preocupação em perturbar os vizinhos. Para neutralizar a ansiedade produzida por essas imagens e pensamentos, ele constantemente relembrava conversas anteriores em sua mente, mantinha diários para registrar o que havia dito e, frequentemente, se desculpava com medo de que tivesse soado ofensivo. Quando tomava banho, certificava-se de que a água na banheira chegasse somente até um determinado nível, com medo de que, se não prestasse atenção, inundaria os vizinhos. Ele usava luvas no trabalho e seu desempenho era bom. Embora gostasse da companhia de outras pessoas, o medo de precisar tocar em algo se fosse convidado para uma refeição ou para visitar outra pessoa era demais para ele. Reconheceu que seus medos e ânsias eram “meio loucos”, mas achava que não tinha controle sobre eles. 2) De que transtorno(s) se trata o caso clínico 2, descrito acima? O caso acima trata-se de Transtorno Depressivo Maior, episódio recorrente, moderada com sintomas ansiosos. CID: 296.32 (F33.1) comórbido com Transtorno Obsessivo Compulsivo - CID 10: 300.3 (F42.2) com insight bom ou razoáveis. Reconhece que as crenças do transtorno obssessivo-compulsivo são definitiva ou provavelmente não verdadeiras ou que podem ou não ser verdadeiras. Fonte: DSM 5 Caso 03 (0,2 ponto) Maria era uma mulher branca de 24 anos que se apresentou com a queixa principal: “Tenho problemas com vômitos”. Esse sintoma se originou no início da adolescência, quando começou a fazer dietas, apesar de um IMC normal. Aos 18 anos foi para a faculdade e começou a comer demais no contexto de exigências acadêmicas e sociais. Um ganho de 4,5 kg fez com que parasse de tomar café da manhã. Com frequência também evitava almoçar, mas então – faminta – fazia uma refeição exagerada no final da tarde e à noite. Os episódios de ingestão demasiada de alimentos se intensificaram, tanto em frequência quanto em volume de alimentos, e Maria se sentia cada vez mais sem controle. Preocupada que as compulsões levassem a ganho de peso, começou a induzir vômito, uma prática que aprendera em uma revista. Maria continuou com funcionamento adequado na faculdade e mantinha amizades, mas seu comportamento continuava sendo segredo. Depois da formatura, voltou para sua cidade natal e assumiu um emprego no banco local. Apesar de renovar velhas amizades, namorar e ter prazer no trabalho, seguidamente não se sentia bem. Descreveu redução de energia e má qualidade do sono, bem como várias queixas abdominais, incluindo, em momentos diferentes, constipação e diarreia. Com frequência inventava desculpas para evitar amigos e ficou cada vez mais isolada socialmente. Seu humor se deteriorou, e ela percebeu que se sentia inútil. Por vezes, desejava estar morta. Ela resolveu interromper esses sentimentos antes que piorassem e solicitou encaminhamento psiquiátrico a seu clínico geral. 3) De que transtorno(s) se trata o caso clínico 3, descrito acima? O caso acima trata-se de Bulimia Nervosa CID 10: 300.51 (F50.2) comórbida com Transtorno depressivo devido a Bulimia. CID 10: 300-51[F06.31], com características depressivas. Para especificar a gravidade atual do caso, faltam elementos para um diagnóstico preciso, tais como quantidade de comportamentos compensatórios. Pelo grau de incapacidade funcional referente ao isolamento social podemos levantar a hipótese de se tratar de gravidade grave. Caso 04 (0,2 ponto) Rafinha era um menino de 12 anos que concordou relutantemente em ingressar em uma unidade psiquiátrica depois de ser preso por arrombar uma mercearia. Sua mãe disse que estava “exausta” e acrescentou que era difícil criar um menino que “desconhece as regras”. Desde pequeno, Rafinha sempre havia sido extraordinariamente agressivo: intimidava outras crianças e tomava seus pertences. Quando confrontado pela mãe, pelo padrasto ou por um professor, ele costumava dizer impropérios, dar socos e se mostrar despreocupado quanto a ser castigado. Disruptivo, impulsivo e “inquieto”, Rafinha foi diagnosticado com transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) e colocado em um programa de educação especial na 3ª série. Já fora pego roubando dos armários escolares (um telefone celular, uma jaqueta, um laptop); castigado por “assaltar” um colega para ficar com sua carteira; e suspenso depois de várias brigas físicas com colegas. Em geral, não apresentava remorso, não assumia culpa e não se importava com os sentimentos dos outros. Ele era desorganizado, desatento e desinteressadoem instruções, de modo que constantemente perdia seus pertences. 4) De que transtorno(s) se trata o caso clínico 4, descrito acima? O caso acima trata-se de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) apresentação combinada CID 10: 314.01 (F90.2) , comórbido com Transtorno de Oposição Desafiante, grave (TOD) CID 10: 313.81 (F91.3) e Transtorno de Conduta, tipo com início na infância 312.81 (F91.1), com ausência de remorso ou culpa e insensível - falta de empatia. Gravidade atual: grave. Caso 05 (0,2 ponto) Francisca, 44 anos, solteira, negra, comerciante. Nas últimas semanas, tem tido facilidade para chorar e pensamentos pessimistas frequentes. Ao ser questionada pelo psicólogo que a entrevista, conta que há 4 meses vem gradualmente perdendo o ânimo para fazer atividades prazerosas de sua rotina, como praticar exercícios e cozinhar. Queixa-se de muita preguiça, demora para levantar da cama todas as manhãs e procrastinação nas tarefas do dia a dia, já relatando prejuízos no trabalho e na sua organização caseira. Descreve que nos últimos 30 dias apresenta pessimismo intenso e intrusivo: está se achando menos capaz e duvidando de si mesma em temas nos quais antes tinha muita segurança pessoal, como atender seus clientes no trabalho. Tem dificuldade para iniciar o sono na maior parte das noites, e o sono está fragmentado. Nega pensamentos de morte, mas pensa frequentemente sobre qual é o objetivo de estar viva. Reconhece que se sente triste e com humor fragilizado a maior parte do tempo, apesar de não encontrar motivos claros para isso. Nega perda ou ganho de peso ou alteração de apetite. 5) De que transtorno(s) se trata o caso clínico 5, descrito acima? O caso acima trata-se de Transtorno Depressivo Maior, com episódio recorrente, moderada CID 10: 296.32 (F33.1). Os sintomas da paciente sugerem características melancólicas, porém sentimos falta de mais elementos ao caso para levantar tal diagnóstico. Caso 06 (0,2 ponto) Renato Santos tem 51 anos, é casado, possui duas filhas (5 e 8 anos) e é empresário do ramo imobiliário. Inicia o uso de álcool depois dos 20 anos para alívio de sintomas fóbico-sociais. Progressivamente, aumenta o consumo de álcool, particularmente para alívio dos tremores decorrentes da ansiedade social acentuados pela abstinência ao álcool. Por volta dos 30 anos, um psiquiatra prescreve-lhe Alprazolam para insônia e ansiedade. Ele refere que o medicamento tem efeito surpreendente sobre seus sintomas, porém, passa a tomar doses ao longo do dia além do que lhe é prescrito. Consulta vários médicos para obter receitas de alprazolam e usa alternadamente, ao longo do dia, doses de vodca e alprazolam. Faz tentativas frustradas de interromper o uso de álcool. É visto em PS com hipótese de quadro confusional agudo por conta do uso combinado de alprazolam e álcool. Decide-se pela internação em regime hospital para desintoxicação do álcool e alprazolam. 6) De que transtorno(s) se trata o caso clínico 6, descrito acima? O caso acima trata-se de transtorno de Ansiedade Social CID 10:l 300.23 (F40.10) comórbido com Transtorno por uso de Álcool CID: 303. 90 (F 10.20) Grave: presença de 6 ou mais sintomas. Obs: o Critério Diagnóstico A - 11b traz que o álcool ( ou uma substância estreitamente relacionada, como benzodiazepínicos) é consumido para evitar ou aliviar os sintomas de abstinência, no caso o senhor Renato faz uso de alprazolam que é um benzodiazepínico. Caso 07 (0,2 ponto) Fatinha, paciente do sexo feminino, 21 anos, solteira, faz estágio durante o dia e faculdade à noite, mora com a mãe e dois irmãos menores. É trazida para a consulta pela mãe, pois “está muito agitada e diferente”. A mãe conta que há mais ou menos um mês, Fatinha, que sempre foi muito tranquila e responsável, passou a ficar “mais agitada, querendo sair toda noite”, faltando às aulas da faculdade e chegando de madrugada em casa. Passou a afirmar que estaria grávida de um cantor que conheceu em um bar. Comprou “mais de dez testes de farmácia, todos deram negativo” e continuava afirmando estar grávida, de acordo com o relato da mãe. A mãe informa que, nesse período de um mês, a paciente “estourou” o cartão de crédito, passou a usar mais o celular, “ela tava acabando o crédito do celular em um dia e ficava me pedindo dinheiro toda hora pra botar mais crédito”. A mãe notou também que X. passou a se trajar de forma diferente, “ela está se vestindo de um jeito esquisito, comprou um monte de vestido decotado e saia curta, foi trabalhar com uma calça colada no corpo”. Durante sua consulta com a psiquiatra, Fatinha estava vigil, orientada no tempo e no espaço, e mostrava-se cooperativa e cordial. Trajava-se adequadamente, porém a maquiagem parece exagerada para a ocasião: batom vermelho, sombra azul e cílios carregados de rímel às oito da manhã. Desinibida, expansiva, sorri e elogia a médica que a atende, diz que suas pulseiras são bonitas, faz perguntas sobre sua vida pessoal, passa a cantar músicas de Ivete Sangalo, levanta da cadeira e dança. 7) De que transtorno(s) se trata o caso clínico 7, descrito acima? Transtorno Bipolar tipo I CID 10: 296.44 (F31.2) com características psicóticas congruentes com o humor. A paciente apresenta delírio relacionado a crença fixa de estar grávida, mesmo a luz das evidências comprovadas por mais de dez testes que deram negativo para detectar gravidez. Caso 08 (0,2 ponto) Gisela, paciente de 30 anos, com antecedente de ter sido abusada quando criança. Há 3 meses, estava andando de moto com seu namorado, quando sofreram um acidente ao colidir com um caminhão. Ambos foram socorridos e levados ao PS. O namorado estava sem capacete e faleceu. A paciente teve um derrame articular hemorrágico no joelho direito, mas nada de mais sério em relação a danos físicos. Uma semana após o acidente, a paciente parou de mexer a perna cujo joelho fora puncionado. Nova investigação clínica, neurológica e de imagem não mostrou alterações que explicassem o problema. Deixou de sair de casa e de ver os amigos. Não poder andar direito a deixava muito triste e ela começou a pensar que morrer seria a melhor opção. Perdeu 10 kg no período, já não via graça em seu programa de televisão favorito e sentia-se culpada pela morte do namorado. Sua mãe mudou- se para a casa da filha para prestar-lhe cuidados, mas ela não melhorava. 8) De que transtorno(s) se trata o caso clínico 8, descrito acima? O caso acima trata-se de Transtorno de Estresse Pós Traumático (TEPT) CID 10: 309.81 (F.43.10) Faltam mais elementos do caso para saber se há comorbidade com Transtorno Depressivo Maior, visto que 80% dos casos de TEPT são mais propensos a desenvolver sintomas que satisfaçam os critérios diagnósticos de pelo menos um outro transtorno mental. No caso citado, todos os sintomas, exceto ganho de peso, são de TEPT, porém muitos também se enquadram em Transtorno Depressivo Maior, sobretudo em relação a perda de peso. (Critério A item 3 - Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta, uma alteração de mais de 5% do peso corporal em um mês). Portanto poderiam ser comórbidos. Fonte: DSM -5 Caso 09 (0,2 ponto) João, 59 anos, empresário do ramo têxtil com grande sucesso, hoje aposentado. Procura o consultório indicado pelo seu endocrinologista após quadro de tireotoxicose em tratamento. Relata intenso mal-estar com a doença e que, pela primeira vez em sua vida, ficou claro que poderia morrer. Sua queixa é: “Dr., eu não posso morrer. Tudo o que eu construí vai desmoronar. Minha esposa é artista plástica e minhas filhas estão se formando. Você sabe, essa geração nova, não entendem o valor do dinheiro”. Relata também infância difícil com pobreza extrema e, desde jovem, uma preocupação “incansável” em proteger a mãe viúva e a irmã de dificuldades financeiras. Ao casar com sua amiga de infância, construiu junto com elaum estilo de vida focado em busca de segurança e esquiva de atividades gratificantes (como viagens a lazer), vistas como futilidades. 9) De que transtorno(s) se trata o caso clínico 9, descrito acima? O caso acima trata-se de Transtorno de Ansiedade Devido a outra Condição Médica CID 10: E05 tireoxitose; 293.84 (F06.4). Transtorno de Ansiedade devido a Tireotoxitose. Caso 10 (0,2 ponto) Ana Lúcia, 18 anos, dá entrada em pronto atendimento de hospital geral acompanhada pela mãe após realizar cortes superficiais no antebraço direito. Já foi avaliada do ponto de vista clínico e segue para uma avaliação psiquiátrica. A paciente apresenta história de desregulação afetiva desde os 14 anos, com períodos de horas a alguns dias, associado a comportamento impulsivo de quebrar objetos, gritar com os pais e episódios de compulsão alimentar. Geralmente, esses episódios são desencadeados por algum conflito nos relacionamentos ou estresse nos estudos. Em momentos mais difíceis, a paciente já ameaçou suicídio diversas vezes, porém nunca tentou. Não há relatos de episódios de mania ou hipomania. Os últimos dias foram piores, pois o namorado da paciente entrou na faculdade, o que provocou um afastamento abrupto, já que ambos frequentavam a mesma sala do cursinho. Antes disso, durante as férias, a paciente estava bem, inclusive viajou com o namorado por 1 mês, período no qual não apresentou problemas. A paciente faz acompanhamento com psiquiatra particular, que a trata por “depressão muito forte” (sic). Está em uso de topiramato 150 mg/dia, fluoxetina 60 mg/dia, olanzapina 10 mg/dia e clonazepam 2 mg/dia. Ao exame psíquico, a paciente está vigil, globalmente orientada, sem sinais de hipomania ou psicose. Nota-se um afeto pueril, mas não se observa humor deprimido. O vínculo se desenvolve sem problemas após a validação da dor emocional da paciente, que inclusive pede para que o médico a acompanhe fora do hospital. 10) De que transtorno(s) se trata o caso clínico 10, descrito acima? O caso acima se refere a Transtorno de Personalidade Borderline CID 10: 301.83 (F60.3)