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CONTABILIDADE EMPRESARIAL Marcelo Thomé 2CONTABILIDADE EMPRESARIAL SUMÁRIO CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFTEC Rua Gustavo Ramos Sehbe n.º 107. Caxias do Sul/ RS REITOR Claudino José Meneguzzi Júnior PRÓ-REITORA ACADÊMICA Débora Frizzo PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO Altair Ruzzarin DIRETORA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EAD) Lígia Futterleib Desenvolvido pela equipe de Criações para o ensino a distância (CREAD) Coordenadora e Designer Instrucional Sabrina Maciel Diagramação, Ilustração e Alteração de Imagem Igor Zattera, Gabriel Olmiro de Castilhos Revisora Luana Reis INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE E REGIMES CONTÁBEIS 3 Introdução a Contabilidade 4 A contabilidade nos tempos atuais 6 Entendendo a contabilidade 7 Conceitos de Contabilidade 15 Funções e áreas de atuação da contabilidade 17 Profissional Contábil 21 A Contabilidade na Administração das 22 Empresas 22 Usuários das Informações Contábeis 23 Síntese 30 NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE 32 Princípios de contabilidade e normas 33 brasileiras de contabilidade 33 Aspectos sobre a estrutura básica da 39 contabilidade 39 Síntese 56 REGISTROS CONTÁBEIS (ESCRITURAÇÃO) 58 ESCRITURAÇÃO 59 Fórmulas de Lançamento 64 Síntese 79 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E SUAS ANÁLISES 81 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 82 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO 90 EXERCÍCIO (DRE) 90 Síntese 118 REFERÊNCIAS 120 3CONTABILIDADE EMPRESARIAL INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE E REGIMES CONTÁBEIS A Contabilidade representa, hoje, uma fonte muito importante de conhecimento, dispondo de recursos que permitem registrar dados, avalia-los e transformá-los em informações relevantes para a tomada de decisões no âmbito empresarial. Nesta primeira unidade iremos abordar os principais con- ceitos sobre a prática da contabilidade. Esses conceitos possi- bilitarão o entendimento e a compreensão nas questões mais práticas que veremos ao longo do curso. Portanto, no decorrer dessa unidade, você aprenderá sobre como surgiu a Contabi- 4CONTABILIDADE EMPRESARIAL lidade, sua história e evolução. Por fim, terá contato com os termos contábeis, conhecendo de maneira simples e direta o sistema contábil e a base para uma contabilidade eficiente. Introdução a Contabilidade Diariamente, estamos tomando decisões. Nos pergunta- mos: qual roupa iremos vestir? Que horas iremos dormir? O que vamos comer? Quais tarefas precisas cumprir hoje? Entre outras, mas também temos decisões mais difíceis, por exemplo, que profissão escolher? Será que compro um apartamento ou um veículo? Para essas decisões mais importantes precisamos ter um cuidado maior. É necessário avaliar bem e analisar todas as variáveis, pois essas decisões irão ref letir em toda sua vida, de forma positiva ou não. Nas empresas a situação não é diferente. Com muita fre- quência os gestores estão tomando decisões importantes para o seu negócio. Se eles não tiverem as informações corretas, podem de certa forma, comprometer a continuidade do seu negócio. Aqui entra a Contabilidade. A Contabilidade é a grande aliada nesse processo, conforme Marion (2012, p.25) “ela coleta os dados econômicos, mensu- rando-os monetariamente, registrando-os e sumarizando-os em forma de relatórios ou de comunicados, que contribuem sobremaneira para a tomada de decisões”. Breve histórico da contabilidade A Contabilidade é tão antiga quanto a origem da humidade. As primeiras manifestações humanas da necessidade social, já demonstravam a necessidade de controle patrimonial. Desde os tempos pré-históricos, dos homens das cavernas, já era possível verificar a existência de contabilidade, mesmo que de forma bem simples, ao registrarem, através de desenhos, 5CONTABILIDADE EMPRESARIAL nas paredes todas as ferramentas de caça e pesca e animais disponíveis para o homem primitivo. Tratava-se de um verda- deiro inventário, no qual era possível visualizar de forma clara e simples os recursos (ou patrimônio) de que dispunham os habitantes das cavernas para a sua sobrevivência. Nesse período o homem das cavernas, por se sentir ameaçado, já fazia uso da sua contabilidade para verificar os recursos disponíveis para aquele momento. Posteriormente, com o surgimento das civilizações, as pri- meiras técnicas de contabilidade começavam a ser desenvolvidas em razão da necessidade de comércio. De acordo com Costa, (2010, p. 21) pode-se afirmar que muito de nossa história somente foi descoberta pelos registros contábeis realizados. O frei franciscano Luca Pacioli, que viveu entre os anos de 1447 a 1517, é considerado o pai da contabilidade moderna. Sua participação e importância se dá devido a um capítulo de- dicado ao método das partidas dobradas em livro de sua autoria intitulado “Summa de arithmetica, geometria, proportioni et proportionalita” (Coleção de conhecimentos de aritmética, geometria, proporção e proporcionalidade). O livro publicado em Veneza no ano de 1494, continha um capítulo sobre contabilidade expondo o “Particulario de Computies et escripturis” que é popularmente conhecido como o método das partidas dobradas. Diferentemente do que muitos pensam, Luca Pacioli não é o inventor da contabilidade e tão pouco inventou os preceitos relacionados as partidas dobradas. Tal método já era utilizado na época e apenas ganhou publi- cidade após ser exposto em sua obra. Fonte: Link. http://tipografos.net/historia/lucapacioli.jpg 6CONTABILIDADE EMPRESARIAL A contabilidade acompanhou a evolução da humanidade. Com as crescentes exigências do mercado econômico, surgiu a necessidade da abertura de cursos e escolas de contabilidade no Brasil, para assim desenvolver técnicas que acompanhassem as mudanças que estavam sendo percebidas, com o propósito de formar profissionais da contabilidade que atendessem às expectativas dos usuários do início do século passado. A contabilidade teve ainda como aliado o desenvolvimento do mercado de ações e o fortalecimento da sociedade anônima como forma de sociedade comercial, passando a ser considerada também como um importante instrumento para a sociedade. Ficou concebido que os usuários das informações contábeis já não eram mais somente os proprietários; outros usuários também tinham interesses em saber sobre uma empresa, como, sindicatos, governo, bancos, investidores, entre outros. A contabilidade nos tempos atuais As constantes mudanças, principalmente aquelas relacio- nadas ao conhecimento, estende seus efeitos a vários segmentos da sociedade. A profissão contábil provavelmente é uma das que mais sofrem inf luências do processo de globalização, pois cada vez mais há a necessidade de profissionais que avaliem e registrem os aspectos econômicos e financeiros das empresas e dos investidores, ajudando-o na melhor adequação dos gastos, no melhor perfil de endividamento, nos avanços tecnológicos, no encurtamento do ciclo de produção, no aumento da quali- dade e na efetividade do resultado econômico. A contabilidade como ciência social absorve as diversas in- fluências sociais, ambientais e tecnológicas, passando a oferecer informações com o objetivo de alcançar o interesse da sociedade, satisfazendo as exigências dos seus usuários, adaptando-se aos novos tempos. Como já é do nosso conhecimento, faz parte do seu contexto gerar informações em tempo real para o processo 7CONTABILIDADE EMPRESARIAL de controle, planejamento e tomada de decisão, bem como informações que atendam a um público cada vez mais amplo. Entendendo a contabilidade Para um melhor entendimento do que é Contabilidade, sua finalidade e aplicação, vamos trazer essas definições através de uma história ilustrativa adaptada a partir de Ribeiro (2010): Imagine que você decidiu ser empresário e abrir um ne- gócio próprio, resolveu constituir uma empresa para compra e venda de calçados. Até o presente momento, você só tem uma vontade, ou seja, torna-se um comerciante, a partir daí surgem os primeiros questionamentos: - Eu vou constituir uma empresa com o quê?O que preciso ter em mãos para montar um negócio? Você precisa de um Capital. - O que é capital? Capital pode ser uma importância em dinheiro com a qual você irá comprar tudo de que precisa para montar o seu negócio. Suponha então que você possua R$ 50.000,00, importância suficiente para iniciar suas atividades comerciais. Pronto! Esse montante de R$ 50.000,00 é o seu Capital Inicial. - Pois bem, agora que já tenho o dinheiro, qual é o próximo passo? Antes que você comece a comprar alguma coisa, é preciso providenciar um local para se instalar. 8CONTABILIDADE EMPRESARIAL - Local? Você precisa de um estabelecimento, que pode ser uma casa, uma sala, um pavilhão... Suponha, então, ter assinado um contrato de locação de um imóvel situado na sua cidade, em local privilegiado, no qual instalará sua empresa. Com a assinatura do contrato de locação, você não precisou dispor de nenhum dinheiro hoje, mas se comprometeu a pagar a importância de R$ 1.000,00 de aluguel mensal, e o valor do aluguel referente a esse mês será pago no dia 10 do mês seguinte, e assim sucessivamente. - Está bem, agora já tenho o capital e ponto comercial, e agora o que farei? Agora você precisa procurar um escritório de contabilidade, para providenciar a legalização da sua empresa. - Legalização da minha empresa? A legalização consiste no registro da empresa em vários órgãos públicos, para que ela adquira personalidade jurídica. - E o que personalidade jurídica? Veja bem: você é uma pessoa física, é um pessoal natural, quando você nasceu, seus pais fizeram o registro no cartório do registro civil. A certidão de nascimento foi o primeiro do- cumento que comprovou a sua existência perante a sociedade, dando-lhe condições de exercer a sua cidadania. As empresas, em geral, sob o ponto de vista legal, também são consideradas pessoas, não de existência física, mas de existência jurídica. Para que as empresas adquiram personalidade jurídica e possam exercer as suas atividades mercantis precisam ser registradas em vários órgãos públicos. - Como efetuarei os registros, e em quanto tempo minha empresa ficará legalizada? 9CONTABILIDADE EMPRESARIAL O contador do escritório de Contabilidade que você esco- lheu redigirá petições, preencherá documentos e formulários, recolherá taxas e entregará a documentação exigida em cada um desses órgãos. Se a documentação apresentada estiver em ordem, dentro de 20 a 30 dias sua empresa estará legalizada e você poderá providenciar as primeiras compras. Suponhamos agora que já se passaram 30 dias desde o momento que você decidiu se tornar comerciante. Vamos as- sumir, também que dos R$ 50.000,00 do seu capital social, você pagou R$ 1.000,00 ao escritório de contabilidade que providenciou a legalização da sua empresa. - Agora que minha empresa está devidamente legalizada, qual será o próximo passo que deverei dar? Imagine que neste momento, você esteja abrindo as portas do seu ponto comercial. A sala está vazia, pense nos móveis e utensílios que deverá comprar para equipar sua loja. - Móveis e Utensílios? Compreendem os bens adquiridos para uso próprio, suponha ter adquirido os seguintes bens: Duas vitrinas, quatro balcões, cinco prateleiras, uma caixa registradora, dez cadeiras, cinco sofás, cinco tapetes e oito espelhos. Por todos esses bens, você pagou a importância de R$ 12.000,00. Mandou instalar um telefone gastando mais R$ 500,00. - E os calçados para a venda? Pois bem, agora sim deverá adquirir as mercadorias. - E eu não poderia considerar tudo junto, não é a mesma coisa? A palavra “Mercadorias”, serve para representar os bens que a empresa compra para revender, neste caso, são os calçados. Que irão para o Estoque. 10CONTABILIDADE EMPRESARIAL Suponha, então ter adquirido R$ 30.000,00 em Mercado- rias, sendo R$ 20.000,00 à vista, em dinheiro, e R$ 10.000,00 a prazo para pagamento em 30 e 60 dias. Depois disso a empresa está instalada, montada. Você gastou parte do seu Capital Inicial, contraiu uma Obrigação (terá de pagar R$ 10.000,00 para o fornecedor das Mercadorias, em 60 dias) e, a partir deste momento, já pode abrir as portas de sua loja e começar a trabalhar. Vamos supor que durante o processo de legalização de sua empresa, você tenha contratado uma empreiteira de obras, que efetuou pequenos reparos no imóvel visando adaptá-lo melhor ao fim desejado, incluindo parte de hidráulica, elétrica, alve- naria e pintura, tendo pago a importância de R$ 2.300,00 em dinheiro. No sentido de relembrar todo o processo que trouxemos até aqui, tente responder as perguntas abaixo: 1. Qual é o valor do Capital de sua empresa? 2. Quanto, em dinheiro, você gastou até o presente momento e qual é o saldo que possui em Caixa? 3. Qual o valor do estoque de Mercadorias da sua empresa? 4. Qual o valor das suas Obrigações? Acreditamos que não foi difícil, com poucos cálculos você deve ter respondido sem dificuldade. Confira as respostas: 1. O valor do Capital é R$ 50.000,00; 2. Gastou R$ 35.500,00 e o saldo em Caixa é de R$ 14.500,00; 3. O valor do estoque de Mercadorias é de R$ 30.000,00; 11CONTABILIDADE EMPRESARIAL 4. O valor das Obrigações é de R$ 10.000,00. Agora a sua empresa existe, então, você poderá abrir as portas e colocá-la em funcionamento. Mas uma pergunta se faz necessária nesse momento. Vamos à ela: - Qual é o principal objetivo do seu negócio? Você responderá, certamente, que é a obtenção de lucros. Mas, para obtenção de lucros, a sua empresa precisa vender as suas Mercadorias. Para que as transações comerciais possam acontecer na sua empresa, todos os dias vão entrar pessoas com duas finalidades: a. algumas pessoas entrarão na sua empresa parra lhe vender Mercadorias. Essas pessoas são conhecidas nos meios comerciais por Fornecedores; logo, você comprará delas, à vista ou a prazo. Quando a compra for efetuada a prazo, você passará a ter uma Obrigações para o pagamento futuro; b. outras pessoas entrarão na sua empresa para comprar as suas Mercadorias. Essas pessoas são conhecidas nos meios comerciais por Clientes; logo, você venderá para elas, à vista ou a prazo. Quando a venda for efetuada a prazo, você passará a ter direito para o recebimento futuro. - Afinal, é o Fornecedor quem vende para mim ou sou eu quem compra do Fornecedor? As duas coisas acontecem, tendo em vista que estamos diante de uma operação de compra e venda. Contudo, o correto, sob o ponto na visão contábil, é que você raciocine sempre se colocando em lugar da sua empresa. Pense assim: Eu compro do Fornecedor, logo, quando a compra for efetuada a prazo, a palavra Compras estará ligada à palavra Fornecedores e a palavra Fornecedores, por sua vez, estará ligada à palavra Obrigações. 12CONTABILIDADE EMPRESARIAL - Afinal, é o Cliente quem compra de mim ou sou eu quem vende para o Cliente? Neste caso, o raciocínio, é o mesmo já explicado na relação de sua empresa com o Fornecedor. Eu vendo para o Cliente, logo, quando a venda for efetuada, a palavra Vendas estará ligada à palavra Clientes, e a palavra Clientes, por sua vez, estará ligada à palavra Direitos. Portanto, compra a prazo resulta em Obrigações para pagar ao Fornecedor; e a venda a prazo resulta em Direito a receber do Cliente. Observe quantas pessoas estão envolvidas no seu negócio: a. Você, proprietário, titular da empresa (pessoa física); b. A sua empresa (pessoa jurídica); c. Clientes, Fornecedores, bancos, Governo, empregados, etc. (pessoas físicas e pessoas jurídicas). As pessoas, que, direta ou indiretamente, se relacionam com sua empresa, como Clientes, Fornecedores, bancos, etc., são conhecidas nos meios comerciais, em relação à sua empresa, por Terceiros. Esses Terceiros movimentarão o Patrimônio da sua empresa por meio de quatro operações principais: Compras, Vendas, pagamentos e recebimentos. É evidente que, além desses acontecimentos, no cotidiano das empresas ocorrem outros, como admissão e demissão de empregados,o recebimento e o encaminhamento de correspon- dências, o fornecimento de cotações de preços de Mercadorias por telefone, a organização de Mercadorias nas prateleiras e nas vitrines, depósitos e saques de dinheiro em estabelecimentos bancários etc. A essa movimentação do Patrimônio dá-se o nome de Gestão. 13CONTABILIDADE EMPRESARIAL É importante salientar que esses acontecimentos que dia- riamente ocorrem na empresa, responsáveis pela gestão do Patrimônio, podem ou não interferir no Patrimônio. Por um lado, quando os acontecimentos interferem no Patrimônio, aumentando-o ou diminuindo-o, eles são classificados como Fatos Administrativos, é o caso das Compras, das Vendas, dos pagamentos e dos recebimentos. Por outro lado, aqueles acontecimentos que não interferem no Patrimônio recebem o nome de Atos Administrativos, como é o caso de demissões e admissões de empregados, atendimentos de telefonemas, rece- bimento e encaminhamento de correspondências, assinaturas de contratos de locação etc. Imaginemos dois anos depois da data de constituição de sua empresa. Daquela época quando era aquela pequena loja, restam apenas lembrança. Durante esse tempo, você ampliou o seu negócio. Comprou imóvel e o transformou em um prédio de quatro andares; construiu nas dependências do imóvel vários galpões para estocar as Mercadorias; diversificou-as; e agora vende não só calçados, como também artigos de coura em geral (bolsa, cintos, carteiras, luvas, malas etc.), inclusive materiais esportivos, os quais você vende no atacado e no varejo; mon- tou no quarto andar uma lanchonete, para maior conforto da clientela; possui cadastrados mais de 10 mil Clientes, oriundos não só de sua cidade, como também de todas as cidades da região, para os quais vende à vista e a prazo; mantém contato com mais de 200 Fornecedores, sendo alguns do exterior, dos quais compra Mercadorias; possui mais de 100 empregados entre vendedores, gerentes, contadores, escriturários, motoristas serventes, faxineiros, vigias etc.; movimenta contas-correntes em dez estabelecimentos bancários diferentes. A todo instante podemos ver Clientes comprando à vista e a prazo, efetuando pagamentos de prestações, preenchendo cadastro etc. 14CONTABILIDADE EMPRESARIAL Ao constatar o sucesso de sua empresa, responda as per- guntas abaixo: 1. Qual o valor do Capital da sua empresa hoje? 2. Quanto você gastou em dinheiro até o presente momento, considerando desde o dia em que a constituiu, e qual o saldo em Caixa? 3. Qual o valor do estoque de Mercadorias? 4. Quais são os tipos, modelos, marcas, tamanhos, cores, etc., da Mercadorias estocadas? 5. Qual montante de dinheiro você tem depositado nesse momento, considerando todas as suas contas-correntes bancárias? 6. Se parte do seu dinheiro está aplicado no mercado finan- ceiro, qual o montante dessa aplicação e quais são elas? 7. Enquanto importam as suas Obrigações e quais são os nomes dos seus Credores? 8. Quais são as suas Obrigações fiscais, trabalhistas e pre- videnciárias para os próximos 30 dias? 9. Quanto você deve a seus Fornecedores de Mercadorias e quanto terá de desembolsar ainda hoje, amanhã, daqui a dez dias e daqui a 30 dias para pagá-los? 10. Quantos Clientes você tem, quantos são pontuais e quan- tos são inadimplentes? 11. Quanto você tem para receber de seus Clientes ainda hoje, amanhã, daqui a dez dias e daqui a 30 dias? 12. Quanto vale o Patrimônio da sua empresa hoje? 15CONTABILIDADE EMPRESARIAL 13. Quanto você apurou de Lucro? Ou será que apurou Prejuízo em seu negócio? Diante desse cenário, as perguntas acima não serão respon- didas com tanta facilidade como as anteriores, tendo em vista que naquele outro cenário, a sua empresa era recém-constituída. Acho que já deu para você perceber que há necessidade de manter um controle do seu Patrimônio, e é exatamente aí que a Contabilidade entre em cena. Mediante o conhecimento e a aplicação das técnicas con- tábeis, você poderá ter um controle permanente e eficiente da gestão do Patrimônio da sua empresa, obtendo informações econômicas, financeiras ou de outra natureza, quando precisar. Conceitos de Contabilidade A Contabilidade constitui, como já citado, um dos conhe- cimentos mais antigos de que se tem notícia. A importância desse ramo do conhecimento para o progresso dos negócios é indiscutível, pois não se pode imaginar uma entidade, pública ou privada, desprovida de contabilidade. Essa área apresenta termos técnicos que chamamos de ter- minologia ou nomenclatura, que são essenciais na linguagem comercial. É a linguagem que o administrador precisa conhecer e se familiarizar. Por isso, muitos autores desenvolvem defini- ções próprias sobre o que se entende por Contabilidade e, ao analisarmos, poderemos formar um enunciado que nos dará a noção exata de o que é contabilidade. A contabilidade estuda e pratica as funções de orientação e controle de todos os atos e fatos administrativos, mantendo assim um controle permanente do seu patrimônio. 16CONTABILIDADE EMPRESARIAL A palavra contabilidade deriva do latim computare (contar, computar, calcular). Apesar disso, não se deve confundir con- tabilidade com matemática, pois o profissional de contabilidade não precisa conhecer matemática na sua profundidade, mais sim, trabalhar com cálculos e operações básicas da matemática. Podemos também definir a contabilidade como uma ci- ência social que tem por objetivo medir, para poder INFOR- MAR, os aspectos quantitativos e qualitativos do patrimônio de quaisquer entidades. Constitui um instrumento para gestão e controle das entidades, além de representar um sustentáculo da democracia econômica, já que, por seu intermédio, a socie- dade é informada sobre o resultado da aplicação dos recursos conferidos a entidades. Já, segundo Ribeiro (2010), a contabilidade é uma ciência que possibilita, por meio de suas técnicas, o controle perma- nente do Patrimônio das empresas. A definição de contabilidade segundo Franco (1997) é: “Ciência que estuda e controla o patrimônio das entidades, mediante registro, a demonstração expositiva e a interpretação dos fatos nela ocorridos, com o fim de oferecer informações sobre sua composição e suas variações, bem como resultado econômico decorrente da gestão da riqueza patrimonial”. Para Crepaldi (2004), é o ramo da contabilidade que tem por objetivo fornecer instrumentos aos administradores de empresas que os auxiliem em suas funções gerenciais. É voltada para melhorar a utilização dos recursos econômicos da empresa, através de um adequado controle de insumos efetuado por um sistema de informação gerencial. A contabilidade é indispensável para que a empresa realize negócios e, nesse aspecto, se apresenta como o grande pilar na veracidade da informação e, consequentemente, na credibilidade da companhia perante o mercado, investidores e pessoas que se valem dessas informações para algum fim. 17CONTABILIDADE EMPRESARIAL Portanto, podemos dizer o que a contabilidade é a ciência que estuda, registra e controla o patrimônio e as mutações que nele operam os atos e fatos administrativos, demonstrando no final de cada exercício social o resultado obtido e a situação econômico-financeira da entidade. (FABRETTI, 1997). Funções e áreas de atuação da contabilidade As maiores funções da contabilidade são: • Função administrativa: controlar o patrimônio • Função Econômica: nas empresas, consiste em apurar o lucro ou prejuízo, ou seja, calcular o resultado econômico apresentado em determinado período. Dentre alguns autores, podemos citar os seguintes conceitos: Franco (1997, p.19), que a função da contabilidade “é re- gistrar, classificar, demonstrar, auditar e analisar todos os fenômenos que ocorrem no patrimônio das entidades, objeti- vando fornecer informações, interpretações e orientação sobre a composição e as variações do patrimônio, para a tomada de decisões de seus administradores”. Crepaldi (1995, p. 24) porsua vez diz que “a contabili- dade é um dos principais sistemas de controle e informação das empresas. Com a análise do balanço patrimonial e da demonstração do resultado do exercício é possível verificar a situação da empresa, sob os mais diversos enfoques, tais como: análises de estrutura, de evolução, de solvência, de garantia de capitais próprios e de terceiros, os bancos, as financeiras, aos clientes, etc.”. Essas informações são indispensáveis à orientação admi- nistrativa, permitindo maior eficiência na gestão econômica e financeira da entidade e no controle de bens patrimoniais. 18CONTABILIDADE EMPRESARIAL Favero et All (1997, p. 13) fala da função da contabilidade e diz que é “analisar, interpretar e registrar os fenômenos que ocorrem no patrimônio das pessoas físicas e jurídicas bus- ca demonstrar a seus usuários, através de relatórios próprios (Demonstração de Resultado do Exercício, Demonstração das Mutações de Patrimônio Líquido ou Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados, Balanço Patrimonial, Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos e outros), as informações sobre o comportamento dos negócios para a tomada de decisões”. Noble (1956, p. 08) fala que é “registrar, analisar e clas- sificar e sintetizar as atividades e os efeitos dessas atividades para cada empreendimento comercial”. Fundamental é sem dúvida a função de fornecer elemen- tos para a correta gestão do negócio, permitindo tomada de decisões eficazes. (Lembrar a diferença: eficiência é fazer bem feito; eficácia é fazer o que tem que ser feito, da forma possível e no momento certo). (FABRETTI, 1997) A partir dos autores citados acima podemos então dizer que as principais funções da Contabilidade são: registrar, or- ganizar, demonstrar, analisar e acompanhar as modificações do patrimônio em virtude da atividade econômica ou social que a empresa exerce no contexto econômico. De uma forma resumida podemos explicar cada função assim: a. Registrar: todos os fatos que ocorrem e podem ser re- presentados em valor monetário; b. Organizar: um sistema de controle adequado à empresa; c. Demonstrar: com base nos registros realizados, expor periodicamente por meio de demonstrativos, a situação econômica, patrimonial e financeira da empresa; d. Analisar: os demonstrativos podem ser analisados com a finalidade de apuração dos resultados obtidos pela empresa; 19CONTABILIDADE EMPRESARIAL e. Acompanhar: a execução dos planos econômicos da em- presa, prevendo os pagamentos a serem realizados, as quantias a serem recebidas de terceiros, e alertando para eventuais problemas. A atuação da contabilidade é bem ampla. Para entender melhor as áreas de sua atuação seguem abaixo de maneira geral onde ela pode atuar: • Contabilidade Fiscal: auxilia na elaboração de infor- mações para os órgãos fiscalizadores, do qual depende todo o planejamento tributário da entidade, basicamente serve para atender a legislação fiscal do país, em todas as esferas governamentais, municipal, estadual e federal. • Contabilidade Pública: é o principal instrumento de controle e fiscalização que o governo possui sobre todos os seus órgãos. Estes estão obrigados à preparação de orçamentos que são aprovados oficialmente, devendo a Contabilidade pública registrar as transações em função deles, atuando como instrumento de acompanhamento dos mesmos. A Lei nº 4.320/64, constituindo-se na carta magna da legislação financeira do País, determina nor- mas gerais para a elaboração e controle dos orçamentos e balanços públicos. • Contabilidade Gerencial: auxilia a administração na otimização dos recursos disponíveis na entidade, através de um controle adequado do patrimônio, está voltada para o processo de gestão da entidade, municiando os gestores com informações e dados relevantes e fundamentais para uma adequada tomada de decisões. • Contabilidade Financeira: elabora e consolida as de- monstrações contábeis para disponibilizar informações aos usuários externos. 20CONTABILIDADE EMPRESARIAL • Contabilidade e Auditoria: compreende o exame de documentos, livros e registros, inspeções e obtenção de informações, internas e externas, relacionadas com o controle do patrimônio, objetivando mensurar a exati- dão destes registros e das demonstrações contábeis deles decorrentes. • Perícia Contábil: elabora laudos em processos judiciais ou extrajudiciais sobre organizações com problemas fi- nanceiros causados por erros administrativos. • Análise Econômica e Financeira de Projetos: elabora análises, através dos relatórios contábeis, que devem de- monstrar a exata situação patrimonial de uma entidade. • Contabilidade Ambiental: informa o impacto do fun- cionamento da entidade no meio ambiente, avaliando os possíveis riscos que suas atividades podem causar na qualidade de vida local. • Contabilidade Atuarial: especializada na Contabilida- de de empresas de previdência privada e em fundos de pensão. • Contabilidade Social: informa sobre a influência do fun- cionamento da entidade na sociedade, sua contribuição na agregação de valores e riquezas, além dos custos sociais. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES A primeira profissão regulamentada no Brasil A contabilidade foi a primeira profissão regulamentada no Brasil. Ela surgiu com a criação do ensino comercial, em 1931, viabilizando os negócios e acelerando o desenvolvimento econômico. Porém, como não existia o curso superior de ciências contábeis, muitos profissionais não tinham conhecimentos teóricos e técnicos suficientes para detectar os problemas de uma empresa e recomendar suas soluções. Visando a solucionar isso, foi criado em 1945 o curso de Ciências Contábeis, que disponibilizava à sociedade um profissional capaz de compreender as questões técnicas, científicas e econômicas que determinavam a resolução de tais problemas de forma mais eficaz. Assim, a contabilidade passou a dar mais respaldo aos gestores e profissionais de cargos administrativos para proporcionar a “saúde financeira” de seus empreendimentos. (Fonte: http://www.contabeis.com.br/artigos/827/o-contador. Acesso em 20 nov. 2017). 21CONTABILIDADE EMPRESARIAL Profissional Contábil É o profissional que se dedica à atividade contábil. Esse profissional, deve possuir um perfil muito diferente daquele que ficou conhecido como “guarda-livros”, que simplesmente exercia funções burocráticas e fiscais. O profissional contábil para o novo milênio é aquele que possui características dinâmicas, ou seja, domine a matéria técnica, atualizando-se constantemente; esteja aberto às di- versidades e mudanças; tenha conhecimento sobre tecnologia da informação e microinformática; tenha formação multidis- ciplinar, além de possuir responsabilidade social e ecológica, agindo sempre com ética. Conforme Santos (2014), o profissional contábil precisa se adaptar e assumir o papel de gestor da informação e utilizar seus métodos para interferir no processo decisório da empresa. A gestão de processos e habilidades é imprescindível ao contador, pois além de dominar a economia mundial, deverá conhecer profundamente o processo de gestão da empresa, tomando decisão em um mundo diversificado e interdependente. Marion (2012), complementa afirmando que, o profissional contábil gerencia todo o sistema de informação, os bancos de dados que propiciam tomada de decisões tanto dos usuários internos como externos. Toda a sociedade espera transparência dos Informes Contábeis, resultados não só de competência profissional, mas, simultaneamente, de postura ética. Hoje o mercado, não busca apenas mais um profissional responsável apenas por fazer as contas da empresa ou apurar seus impostos, mas sim, querem um profissional que saiba de- senvolver seu trabalho com raciocínio, lógica, planejamento e estratégia. O título contabilista se deve ao fato de a profissão, ao ser regulamentado pelo Decreto-lei no. 9.295/46 O profis- sional tem a formação para exercer a contabilidade.Dentre às competências a ele relacionadas, pode escolher ser: 22CONTABILIDADE EMPRESARIAL Técnico em Contabilidade – São os contabilistas que se formam em nível médio, ou seja, nos cursos técnicos de con- tabilidade. Contador – São os contabilistas que se formam em nível superior, como bacharel em Ciências Contábeis. Tanto um quanto o outro só poderão exercer a profissão se estiverem devidamente registrados em seu Conselho Regional de Contabilidade, sob pena de serem punidos por exercício ilegal da profissão. A Contabilidade na Administração das Empresas A necessidade da utilização de ferramentas eficientes e que possam resultar em informações integradas sobre a entidade se torna cada vez mais imprescindível para os administradores de todas as etapas e processos das atividades organizacionais. Ou seja, Lunkes (2007, p. 31) relata que o sistema de informação “é uma série de elementos ou componentes inter-relacionados que coletam (entradas), registram, armazenam (processo) e disseminam (saída) os dados e informações e fornecem um mecanismo de retroalimentação”. A Contabilidade possui um vocabulário específico e prin- cípios fundamentais para registrar as informações contábeis, servindo como um instrumento de análise, gerência e decisão, utilizando-se das suas demonstrações para o gerenciamento e planejamento estratégico das entidades e para informar aos administradores a situação econômica – financeira da empresa, de modo a auxiliar na tomada de decisões, detectar as melhores oportunidades de negócios, possibilitando a obtenção de maior lucro e a redução de despesas desnecessárias. Através dessa troca de informação, o administrador terá as informações necessárias para poder atuar com competência na execução da atividade operacional. 23CONTABILIDADE EMPRESARIAL Usuários das Informações Contábeis A Contabilidade pode ser considerada como “sistema de informação destinado a prover seus usuários de dados para ajuda-los a tomar decisões”. (MARION, 2012, p. 27). O au- tor a partir disso diz que usuário é “qualquer pessoa (física ou jurídica) que tenha interesse em conhecer dados (normalmente fornecidos pela contabilidade) de uma entidade”. (MARION, 2012, p. 27). A coleta (obtenção), o registro e a sumarização da infor- mação econômica visam fundamentar o processo decisório de todas as pessoas relacionadas com as entidades, tais como os administradores, os investidores, o Governo, os empregados, os financiadores e toda a sociedade, ou seja, aqueles que cons- tituem os agentes econômicos internos e externos. De acordo com o objetivo de cada usuário quanto à decisão de investimentos ou financiamentos, distribuição de resultados, entre outros, existe uma demanda diferenciada de informações contábeis. Por esse motivo, podemos dividir os usuários da informação do seguinte modo: Externamente, os maiores interessados são investidores, credores e governo. Para os investidores, os relatórios contá- beis mostram a situação econômico-financeira da empresa, o resultado de um determinado período e outras informações, tais como os investimentos efetuados e o que lhes cabe em termos de dividendos. Evidentemente, essas e outras informa- ções lhes possibilitam conhecer as vantagens e desvantagens de seu investimento e decidir sobre a conveniência de mantê-lo, desfazer-se dele ou aumentá-lo. O interesse dos credores é evidente. São, também, através das demonstrações contábeis que eles decidem sobre a con- veniência de emprestar ou não recursos para as empresas. As demonstrações contábeis dão uma boa ideia da capacidade da empresa de gerar recursos suficientes para a liquidação de seus compromissos nos prazos estabelecidos. 24CONTABILIDADE EMPRESARIAL Geralmente, os usuários são classificados como: a. Internos: são as pessoas internas à entidade (gerentes, diretores, administradores, funcionários em geral). Os usuários internos usam a contabilidade para ajudar no processo de tomada de decisão. Entre as diferentes situ- ações em que é possível utilizar a contabilidade, citamos a situação na qual o administrador está estudando a viabilidade de uma filial. Por meio da mensuração do resultado pela contabilidade, será possível determinar o fechamento (ou não) dessa filial. b. Externos: são pessoas externas à empresa (acionistas, instituições financeiras, fornecedores, governo, sindicatos) que utilizam as informações contábeis para o processo decisório. Entretanto, ao contrário dos usuários internos, o acesso às informações é mais limitado, por possuir me- nor possibilidade de obter informações sobre a entidade. (SILVA, 2007). A figura a seguir mostra a contabilidade e seus usuários: A seguir iremos falar um pouco de tipo e perfil dos prin- cipais usuários das informações contábeis. • Acionista controlador, sócios e quotistas: São pessoas com interesse na rentabilidade e segurança de seus investi- mentos, que na maioria das vezes se mantêm afastadas da direção das empresas. Esse grupo de usuário irá avaliar o retorno do capital comparado com o risco, valorização da empresa, lucro e dividendos. O controlador observará em quantos anos retornará seu dinheiro investido na empresa e o desempenho de toda a gestão. Fornecedores Investidores Funcionários Concorrentes Governos Outros Órgãos de Classe Sindicatos Bancos Fonte: Adaptado de Marion (2012) 25CONTABILIDADE EMPRESARIAL • Administradores: são os agentes responsáveis pelas toma- das de decisões dentro de cada entidade a que pertencem. Elas são realizadas através de ferramentas de gestão, no sentido de atingir o retorno do capital e dos ativos, oti- mização dos gastos realizados, otimização das decisões futuras, lucratividade do mix de produtos e participação nos lucros. • Financiadores: são os bancos, emprestadores de dinheiro, capitalistas que tem como principal finalidade é a ren- tabilidade e segurança de retorno de seus investimentos. Portanto a sua preocupação é com a capacidade de pa- gamento e grau de endividamento. • Governo e economistas governamentais: são os usuários que exercem o poder de tributar e arrecadar impostos, taxas e contribuições, além da formulação de diretrizes da política econômica e das atividades do Judiciário e de agências reguladoras. • Acionista minoritário: aquele que se preocupa com o f luxo regular de dividendos e valorização da empresa. • Empregados: são usuários internos e eles sabem se a empresa tem capacidade de pagamento seus salários e se eles têm perspectivas de crescimento da empresa e participação nos lucros. As informações contábeis para os vários tipos de usuários possuem duas finalidades: 1. Controle: Além de uma boa gestão pelas informações, o controle é fundamental para evitar fraudes, desvios, furtos. 2. Planejamento: Através das informações contábeis extraí- das das Demonstrações Financeiras e relatórios gerenciais, traçar planos para o futuro da organização e garantir o retorno desejado pelos acionistas. 26CONTABILIDADE EMPRESARIAL Objetivos da contabilidade A contabilidade auxilia no processo de tomada de decisões pela administração através de um fluxo contínuo de informações sobre os mais variados aspectos da gestão econômico-financeira da empresa. De modo geral, essas informações são geradas pelo que se convencionou chamar de contabilidade gerencial. Seu grande produto é o provimento de informações para planejamento e controle, evidenciando informações referentes à situação patrimonial, econômica e financeira de uma empresa. A finalidade principal da contabilidade, segundo Marion (2012, p. 28) é “permitir a cada grupo principal de usuários (pessoa física ou jurídica) a avaliação da situação econômica e financeira da entidade, num sentido estático, bem como fazer inferências sobre suas tendências futuras”. Objeto da contabilidade O Patrimônio é o objeto da contabilidade. De acordo com Carneiro (1960, p. 21), “é o patrimônio, sobre o qual se exerce a administração econômica, nosentido da sua permanência e produtividade, cujo conjunto constitui a azienda”. Crepaldi (1995, p. 20) diz também que o objeto da conta- bilidade “é o patrimônio. Tendo como premissa básica o fato de o patrimônio empresarial não ser estático, alterando-se a cada operação, e sabendo que o volume de transações requer um controle próprio”. Nesse sentido podemos definir patrimônio como “um conjunto de Bens, Direitos e Obrigações de uma pessoa, ava- liado em moeda” (RIBEIRO, 2010, p. 15). É sobre ele que se exercem as funções contábeis para o alcance de suas finalidades. 27CONTABILIDADE EMPRESARIAL A Resolução 774 de 16 de dezembro de 1994 do Con- selho Federal de Contabilidade (2000, p.30) estabelece que “na Contabilidade, o objeto é sempre o patrimônio de uma Entidade, definido como um conjunto de bens, direitos e obri- gações para com terceiros, pertencente a uma pessoa física, a um conjunto de pessoas, como ocorre sociedades informais, ou a uma sociedade ou instituição de qualquer natureza, in- dependentemente da sua finalidade, que pode, ou não, incluir lucro”. Na verdade, o patrimônio é estudado em seus aspectos qualitativos e quantitativos, e a própria Resolução refere que, por aspecto qualitativo do patrimônio, entende-se a natureza dos elementos que o compõem, como dinheiro, valores a re- ceber, ou a pagar expressos em moeda, máquinas, estoques de materiais ou de mercadorias, etc. Regimes contábeis Iudícibus (2010), destaca que para se garantir com emba- samento seguro na tomada de decisões, a contabilidade se vale dos chamados Regimes Contábeis. A Contabilidade, para registrar os fatos contábeis, utiliza- -se da escrituração, que pode ser processada por dois regimes distintos: • Regime de Caixa • Regime de Competência Regime de competência O regime de competência é adotado pela Contabilidade das empresas, visando a dotá-las de uma fiel expressão mo- netária de todos os seus Bens, Direitos e Obrigações repre- sentativas da Estrutura Patrimonial. A adoção desse regime é consubstanciada na Lei das SAs. Lei 6.404/76, em seu artigo 177, e no & 1º do artigo 187. Por esse regime, as receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente de seu 28CONTABILIDADE EMPRESARIAL recebimento, serão lançadas no momento em que incorrem. Os custos e despesas independem do seu pagamento, deverão ser reconhecidos pelo regime de competência (no dia e mês que acontecerem e não pelo seu pagamento). O Regime de Competência estabelece que as receitas e gastos sejam contabilizados como tais no período da ocorrência do seu fato gerador, não quando são recebidos ou pagos. Regime de caixa O regime de Caixa consiste, assim, em classificar e reco- nhecer operações de uma pessoa jurídica pelo efetivo Ingresso e Desembolso de Bens Numerários. Mais precisamente, sua adoção está, a rigor, voltada ao Fluxo Financeiro, ou FLUXO DE CAIXA de seu empreendimento. O princípio da Competência dos Exercícios determina o Regime de Competência para escrituração contábil no Brasil. Outro princípio, fundamental na gestão é o Princípio da En- tidade. Esse princípio determina que o Patrimônio da empresa não se confunda com o Patrimônio dos sócios. A revisão dos conceitos apresentados neste capítulo funda- menta as bases para e entendimento da contabilidade e permite ao interessado a compreensão dos próximos capítulos que serão apresentados. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES Para se conhecer o resultado de um exercício, é preciso confrontar o total das despesas com o total das receitas correspondentes ao respectivo exercício. É o regime contábil a ser adotado que definirá que despesas e receitas deverão ser consi Assim, são dois os regimes contábeis conhecidos que disciplinam a apuração do Resultado do Exercício: Regime de Caixa e Regime de Competência. Regime de Caixa Na apuração do resultado do Exercício devem ser consideradas todas as despesas pagas e as receitas recebidas no respectivo exercício, independentemente da 29CONTABILIDADE EMPRESARIAL data da ocorrência de seus fatos geradores. Em outras palavras, por esse regime somente entrarão na apuração do resultado as despesas e as receitas que passaram pelo Caixa. O Regime de Caixa somente é admissível em entidades sem fins lucrativos, em que os conceitos de receita de despesa se identificam, algumas vezes, com os de recebimento e pagamento. Regime de Competência Desse regime decorre o Princípio da Competência de Exercícios, e por ele serão consideradas, na apuração do / resultado do Exercício, as despesas incorridas e as receitas realizadas no respectivo exercício, tenham ou não sido pagas ou recebidas. De acordo com esse regime, não importa se as despesas ou receitas passaram pelo Caixa (pagas ou recebidas); o que vale é a data da ocorrência dos respectivos fatos geradores. Nas entidades com fins lucrativos – empresas - são fundamentais os conceitos de custo e de receita, que envolvem o regime de competência, pois a elas não importa o que foi pago ou recebido, mas o que foi consumido e recuperado para apuração do resultado do exercício. (Fonte: http://prosgi.com.br/Regimes/Regimes.htm. Acesso em 30 nov. 2017) 30CONTABILIDADE EMPRESARIAL Síntese Nessa unidade entendemos é o que a contabilidade, seu conceito, quem a utiliza, de que de forma ela é aplicada no nosso dia a dia, seu objeto e objetivo e o papel do contabilis- ta. Descobrimos que contabilidade é a ciência que estuda e controla o patrimônio das empresas, por fim compreendemos que existem dois regimes contábeis, o regime de caixa e o de competência. 31CONTABILIDADE EMPRESARIAL ATIVIDADES 1) O que é Contabilidade? 2) Como poderá ser constituído o Capital Inicial de uma empresa? 3) Quais são as operações mais comuns que provocam movimentação no Patrimônio da empresa? 4) O principal objetivo da empresa é: ( ) prestar serviço à coletividade. ( ) vender Mercadorias. ( ) pagar impostos. ( ) avaliar a situação financeira da entidade. 5) São usuários da Contabilidade: ( ) Fornecedores, Clientes e estoques. ( ) Dinheiro, bancos e Governo. ( ) Mercadorias, Patrimônios e empresas. ( ) Fornecedores, Clientes, bancos, administradores. 6) Uma característica do Regime de Competência é: ( ) Recebimento de Receita. ( ) Saída de dinheiro do caixa. ( ) Pagamento de Despesa. ( ) Consumo de Despesa. 7) Regime de Competência é aceito: ( ) Somente pelo fisco. ( ) Somente pelos contabilistas. ( ) Pelo fisco e pelos contabilistas. ( ) É optativo. 8) A empresa vendeu $ 15 milhões, só recebendo $ 5 milhões; teve como despesa do resultado $ 12 milhões, só pagando $ 1 milhão. Os resultados pelos Regimes de Competência e Caixa são, respetivamente: ( ) 3.000.000 e 4.000.000. ( ) 4.000.000 e 5.000.000. ( ) 5.000.000 e 6.000.000. ( ) 5.000.000 e 1.000.000. 32CONTABILIDADE EMPRESARIAL NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE As Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC) constituem-se num conjunto de regras e procedimentos de conduta que devem ser observados como requisitos para o exercício da profissão contábil, bem como os conceitos doutrinários, princípios, estrutura técnica e procedimentos a serem aplicados na realização dos trabalhos previstos nas normas aprovadas por resolução emitidas pelo CFC. Nesta segunda unidade, serão trabalhados os princípios de Contabilidade e Normas Brasileiras, conceituando-as, também abordaremos os aspectos da estrutura conceitual básica de Contabilidade. Será ampliado o estudo sobre o patrimônio, demonstrando como ele é estruturado e avaliado dentro da contabilidade. 33CONTABILIDADE EMPRESARIAL Princípios de contabilidade e normas brasileiras de contabilidade Os Princípios Contábeis do Brasil foram estabelecidos pelo Conselho Federal de Contabilidade pela resolução CFC 750/93 e aperfeiçoados pela resolução CFF 774/94. Os Princípios Contábeis são as premissas básicas acerca dos fenômenos e eventos contempladospela Contabilidade. O principal campo de atuação da Contabilidade é constituído pelas empresas e procura captar e evidenciar as variações ocorridas na estrutura patrimonial e financeira, em face das decisões da administração e também das variações exógenas que escapam ao controle e ao poder de decisão da administração. No âmbito dessa realidade, o observador analisa as características do siste- ma e chega a certas conclusões quanto ao seu funcionamento. Tais conclusões, se aceitas pela classe contábil, tornam-se os princípios, que têm a incumbência de proceder a uma nova análise da situação e modificar, adaptar ou mesmo substituir os princípios originais. Um princípio para ser considerado como aceito deverá ser considerado praticável e objetivo pelo consenso profissional e deve ser considerado útil, ou seja, deverá ter vencido o teste da praticabilidade (relação custo x benefício). O importante é salientar que a observância dos Princípios Contábeis é obrigatória no exercício da profissão e constitui condição de legitimidade das Normas Brasileiras de Conta- bilidade. Para entendermos melhor os princípios, vamos classificá-los em três categorias, os quais são elas: • Princípios Contábeis: constituem o núcleo central da estrutura contábil, delimitam como a profissão irá se posicionar diante da realidade social, econômica e ins- titucional admitida pelos postulados. • Restrições aos princípios contábeis fundamentais - Con- venções: determinam certos condicionamentos de apli- cação, numa ou noutra situação prática. 34CONTABILIDADE EMPRESARIAL • Postulados ambientais da contabilidade: anunciam con- dições sociais, econômicas e institucionais dentro das quais a Contabilidade atua, embasando-a para assumir esta ou aquela postura diante de um fato. Sendo que todas as categorias se complementam. Os Princípios Fundamentais da Contabilidade Os princípios fundamentais da Contabilidade são: Princípio da Entidade: Conforme menciona o Artigo 4º da Resolução 750/93, o Princípio da Entidade reconhece o Patrimônio como objeto da Contabilidade e afirma a au- tonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um Patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por consequência, nessa acepção, o patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição. Ou seja, o patrimônio pertence à Entidade, mas a recíproca não é verdadeira. A soma ou agregação contábil de patrimônios não resulta em uma nova Entidade, mas numa unidade de natureza econômica-contábil. Reconhece o patrimônio como objetivo da contabilidade. Princípio da Continuidade: Os procedimentos de conta- bilização dos fatos que ocorrem nas empresas devem sempre considerar a continuação das atividades por período indeter- minado, exceto se houver evidência em contrário. Conforme dispõe o Artigo 5º da Resolução 750/93 do CFC, a continuidade ou não da Entidade, bem como, sua vida definida ou provável, devem ser consideradas quando as classificações e avaliação das mutações patrimoniais, quanti- tativas e qualitativas. 35CONTABILIDADE EMPRESARIAL A continuidade inf luencia o valor econômico dos ativos e, em muitos casos, o valor ou o vencimento dos passivos, especialmente quando a extinção da Entidade tem prazo de- terminado, previsto ou previsível. A observância do Princípio da continuidade é indispensável à correta aplicação do Princípio da competência, por efeito de se relacionar diretamente à quantificação dos componentes patrimoniais, à formação do resultado e de constituir dado im- portante para aferir a capacidade futura de geração de resultado. São as diferenças as situações pelas quais passam o patri- mônio. A continuidade da contabilidade é um aspecto a ser observado cuidadosamente para que se tenha um controle da situação. Mutação do patrimônio quantitativamente ou qua- litativamente. Princípio da Oportunidade: Conforme enunciado no Ar- tigo 6º da Resolução 750/93 do CFC, é a exigência do registro e do relato de todas as variações sofridas pelo patrimônio de uma empresa quando elas ocorrem. O princípio da Oportuni- dade é a base indispensável à fidedignidade das informações sobre o patrimônio das empresas. Esse princípio se refere si- multaneamente à tempestividade e à integração do registro do patrimônio e das suas mutações, determinando que este seja feito de imediato e com a extensão correta, independentemente das causas que as originam. Princípio da Competência: As receitas e despesas devem ser incluídas na apuração de resultado do período em que ocorrem, sempre simultaneamente, quando se correlacionam, independentemente de recebimento ou pagamento. As receitas de um exercício são aquelas ganhas nesse pe- ríodo, não importando se tenham sido recebidas ou não. Os gastos de um exercício são aqueles incorridos nesse período, não importando se tenham sido pagos ou não. Ou seja, os fatos que acontecem na empresa são contabilizados na data 36CONTABILIDADE EMPRESARIAL a que se referem, independente do seu efetivo pagamento ou recebimento financeiro. Princípio do Registro pelo Valor Original: Quanto ao art. 7º da Resolução 750/93, os componentes do patrimônio devem ser registrados pelos fatores originais das transações, expressos o valor presente na moeda do País. Isso é, a avalia- ção dos componentes patrimoniais deve ser feita com base nos valores de entrada. Do Denominar Comum Monetário: está assentado em duas disposições básicas: a. a unidade de medida contábil é a moeda, no caso do Brasil, atualmente o Real. Dessa forma, só serão registráveis os fatos mensuráveis em valor monetário. b. a unidade monetária é homogênea no tempo, ou seja, a Contabilidade não reconhece, ou só reconhece parcial- mente, em alguns casos, as variações do poder aquisitivo da moeda. Normas Brasileiras de Contabilidade Segundo o CFC (Conselho Federal de Contabilidade), as normas brasileiras de contabilidade (NBC) e a sua importância são de aderir e conhecer o básico das normas nacionais de con- tabilidade, que é a base para estar em dia e fugir de eventuais penalidades fiscais. Conhecido pela sigla CFC, esse conselho tem o intuito de orientar, normatizar e fiscalizar as atividades contábeis, associando-se aos conselhos regionais que se ocupam de ques- tões locais. Essa entidade pública é responsável pelas normas nacionais referentes ao tema e também por garantir que os padrões brasileiros estejam em consonância com os padrões utilizados internacionalmente. Para que a empresa tenha um desempenho financeiro sólido, é preciso estar em dia com as questões contábeis exi- gidas em cada caso, evitando os problemas burocráticos e as 37CONTABILIDADE EMPRESARIAL penalidades associadas – estas podem realmente botar a perder todos os bons resultados que você obteve (ou está obtendo) na produção ou venda de um produto ou serviço. É claro que os pormenores do assunto ficam a cargo de seu contador ou da empresa contratada especificamente para a atividade, mas convém ter uma noção básica sobre o tema para não ficar no escuro nesse quesito. A contabilidade, ciência social, que se aprofunda no pa- trimônio de entidades dos diversos tipos, é responsável pelo registro de questões econômico-financeiras de sua empresa. Com base nesses dados, são feitas as escriturações, demonstra- ções, auditorias e análises que ajudam a aprimorar e ter maior controle sobre o desenvolvimento de suas atividades. Portanto, as normas brasileiras de contabilidade são um conjunto de regras e procedimentos que devem ser observa- dos no exercício dessa função, além de outras determinações e conceitos que devem ser aplicados nos trabalhos previstos, conforme estipulado pelo CFC. Alinhadas às normas emitidas pelo Conselho Internacional de Padrões de Contabilidade (o IASB,na sigla em inglês), elas compreendem ainda as inter- pretações e comunicados técnicos locais e podem ser aplicadas a aspectos profissionais ou técnicos. Divididas de acordo com as funções contábeis, as normas podem ser gerais (válidas a todos os profissionais da área) ou destinadas aos diferentes tipos de atuação profissional: auditores independentes, auditores internos e peritos contábeis. As normas, por sua vez, se dividem em completas, simpli- ficadas ou específicas. As completas são aquelas que se baseiam nos documentos do CPC (Comitê de Pronunciamentos Con- tábeis), numeradas de 00 a 999; as simplificadas se destinam às empresas de pequeno e médio porte a partir também dos pronunciamentos do CPC e das instruções e comunicados do CPC, e são numeradas de 1000 a 1999; enquanto as normas específicas se destinam a entidades, atividades e assuntos que fogem às regras gerais. 38CONTABILIDADE EMPRESARIAL Cada uma das diferentes implicações contábeis também conta com normas específicas, atingindo as seguintes ativida- des: setor público, auditoria de informações históricas, revisão de informações, asseguração de informações não históricas, serviços correlatos, auditoria interna, perícia e auditorias gover- namentais. Como é possível verificar, a contabilidade é mesmo uma ciência que carrega complexidades bastante pontuais e que merece todo o cuidado e estudo por parte de profissionais especializados para ser corretamente aplicada à realidade de sua empresa. Interpretações e comunicados técnicos As interpretações técnicas têm o intuito de esclarecer a aplicação das NBC, estabelecendo as regras e procedimentos que devem ser seguidos em situações específicas, mas sem alterar as disposições das normas. Já os comunicados técnicos servem para esclarecer assuntos contábeis e estabelecer também as regras e procedimentos pertinentes, levando em conta os in- teresses da área e as demandas da sociedade à que se destinam. A contabilidade é, portanto, uma grande área do conhe- cimento e, ao mesmo tempo, uma ciência de aplicação prática bastante notável. É importante o empreendedor ter essa noção para evitar se aventurar, sem o devido preparo e/ou orientação, a lidar com as questões contábeis de sua empresa. 39CONTABILIDADE EMPRESARIAL Aspectos sobre a estrutura básica da contabilidade A Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade, defini- da pelo CFC, representa um estudo profundo doutrinário sobre a estrutura para elaboração das demonstrações contábeis, elas são as bases dos relatórios contábeis que servem de subsídios para os contabilistas e gestores tomarem as decisões sobre os seus negócios. As Demonstrações Contábeis são: • Balanço Patrimonial; • Demonstração do Resultado do Exercício; • Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido; • Demonstração do Valor Adicionado; • Demonstração do Fluxo de Caixa; • Notas Explicativas e quadros Complementares. Nas Demonstrações Contábeis não se incluem: • Relatório da Administração; • Análises Gerenciais; • Relatórios do Presidente. A Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade possui características qualitativas das demonstrações contábeis, que são os atributos que tornam as demonstrações contábeis úteis para os usuários, que são: • Compreensibilidade – entendimento da informação pelo usuário; • Relevância – quando podem influenciar as decisões eco- nômicas dos usuários; • Materialidade – é material se sua omissão ou distorção puder inf luenciar as decisões econômicas dos usuários 40CONTABILIDADE EMPRESARIAL (Estoque agrupado, Contas a Receber); • Confiabilidade – informação confiável, livre de viés (contingências); • Representação Adequada – a informação deve representar adequadamente as transações e outros eventos que ela diz representar; • Primazia da Essência sobre a Forma – as transações e eventos devem ser contabilizados e apresentados de acordo com a sua substância econômica, e não meramente sua forma legal (venda com compromisso de recompra); • Neutralidade – a informação deve ser imparcial, neutra (sem viés); • Prudência – consiste num certo grau de precaução das demonstrações contábeis: • Ativos e Receitas não são superestimados; • Passivos e Despesas – Não sejam subestimados; • Não se permite: criação de reservas ocultas (pro- visões excessivas); subavaliação de liberada de ativos ou receitas, a superavaliação deliberada de passivos ou despesas, pois assim as demonstrações deixariam de ser neutras e, portanto, não seriam confiáveis. • Comparabilidade – os usuários podem comparar as demonstrações contábeis de uma entidade ao longo do tempo, a fim de identificar na sua posição patrimo- nial e financeira e no seu desempenho, mensuração de modo consistente; • Limitações na Relevância e na Confiabili- dade das Informações Tempestividade – quando há demora na divulgação da informação, é possível que ela perca a relevância; • Equilíbrio entre Custo e Benefício – os benefícios decor- rentes da informação devem exceder o custo de produzi-la; 41CONTABILIDADE EMPRESARIAL • Equilíbrio entre Características Qualitativas – é necessá- rio um balanceamento entre as características qualitativas; • Visão Verdadeira e Apropriada. Patrimônio No capítulo 1 falamos que o objeto da Contabilidade é o patrimônio, aqui iremos ampliar esse assunto. Segundo Ribeiro (2010), o Patrimônio é o conjunto de Bens, Direitos e Obri- gações de uma pessoa física ou jurídica, avaliado em moeda. Sendo assim, podemos imaginar o Patrimônio de uma empresa ou de uma pessoa física como sendo: Podemos classificar pessoa física e pessoa jurídica da se- guinte forma: Pessoa Física: é o homem em si, a pessoa natural, o cida- dão, cada um de nós. Pessoa jurídica: é a empresa, entidade, firma, formada por pessoas físicas ou jurídicas, com ou sem fins lucrativos. Bens São todas as coisas suscetíveis de avaliação monetária, que têm a qualidade de satisfazer às necessidades humanas. São de boa duração e pertencem ao titular do Patrimônio. Segundo Ribeiro (2000, p. 15), são todas as coisas capazes de satisfazer às necessidades humanas e suscetíveis de avaliação econômica. Patrimônio= bens, direitos e obrigações 42CONTABILIDADE EMPRESARIAL Os bens podem ser classificados em: • Tangíveis: têm como característica básica sua própria existência como coisa útil, independentemente do meio em que se situam. São bens materiais. Exemplo: veículo pertencente à empresa. Classificamos também os imóveis, os maquinários, as matérias-primas, etc., como bens tangíveis que integram o patrimônio de uma pessoa física ou jurídica. • Intangíveis: a principal característica de um bem in- tangível é sua existência como coisa, sendo ele um bem imaterial, pois ele não possui matéria mais assume um valor no contexto do Patrimônio da empresa ou entidade. Exemplo: Marcas e patentes. (Marca da empresa, Apple) Direitos São créditos que o titular do Patrimônio possui perante terceiros. São os valores representados por títulos de créditos, podendo citar esses direitos como todos os valores que o ti- tular possui em mãos de terceiros tendo o direito a recebê-los posteriormente. Segundo Ribeiro (2000, p. 17) constituem direitos para a empresa todos os valores que ela tem a receber de terceiros (clientes e inquilinos). Exemplo: Duplicatas a receber de clientes. Nos meios comerciais, são muito usadas tanto a expressão Bens materiais como Bens tangíveis (ambas com o mesmo significado); o mesmo ocorre para as expressões Bens imateriais e Bens intangíveis. 43CONTABILIDADE EMPRESARIAL Obrigações São as dívidas que o titular do Patrimônio possui para com terceiros, ou seja, os compromissos assumidos por ele para liquidar em determinado período. Conforme Ribeiro (2010, p. 18), constituem obrigações para a empresa todos os valores que ela tem a pagar para ter- ceiros (fornecedores, proprietários de imóveis, empregados,Governo, bancos e etc.). Exemplo: duplicatas a pagar a fornecedores. Assim como qualquer pessoa física, uma pessoa jurídica também tem seus bens, direitos e obrigações. A contabilidade, em síntese, equaciona esses três fatores de modo a demonstrar a posição do patrimônio e das finanças de uma empresa. A partir dessa equação e considerando que uma empresa pode ser caracterizada como um conglomerado de recursos econômicos (representados por bens e direitos), obtidos pela aplicação de fundos que foram fornecidos por seus proprietá- rios e por terceiros, poderíamos representá-la graficamente da seguinte maneira: No desempenho de suas atividades, as pessoas jurídicas podem contar com recursos provenientes de duas origens ou fontes: próprios e de terceiros. Balanço Patrimonial Ativo Passivo + PL Bens Máquinas Veículos Estoque Dinheiro Obrigações (Capital de Terceiros) Direitos Títulos a receber Depósitos em bancos Patrimônio Líquido (Capital Próprio) 44CONTABILIDADE EMPRESARIAL Recursos próprios: Trata-se do capital social inicial, que representa recursos próprios. Recursos de Terceiros: A empresa utiliza recursos de ter- ceiros, oriundos de empréstimos e financiamentos. Exemplo: Duas pessoas resolvem constituir uma empresa com Ca- pital Social de R$ 40.000,00 em dinheiro. Para iniciar suas atividades foi necessário investir em bens imobilizados como móveis e utensílios no valor de R$ 10.000,00 adquiridos à vista e um veículo no valor de R$ 20.000,00, adquirido a prazo. Com base nos dados acima, podemos elaborar o Balanço Patrimonial da empresa: Assim, a equação patrimonial, que é a base da Contabili- dade, na linguagem contábil, fica da seguinte forma: BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO (aplicação de recursos) PASSIVO (origem dos recursos) Bens Obrigações (Capital de Terceiros) Caixa 30.000,00 Fornecedores 20.000,00 Móveis e Utensílios 10.000,00 Patrimônio Líquido (Capital Próprio) Veiculos 20.000,00 Capital Social 40.000,00 Direitos Total do Ativo 60.000,00 Total do Passivo 60.000,00 (BENS + DIREITOS) = OBRIGAÇÕES OU ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO 45CONTABILIDADE EMPRESARIAL Para medir a riqueza de uma empresa não avaliamos ape- nas por seus bens (máquinas, mobiliário, prédios, veículos). Muitas vezes, essa empresa pode ter dívidas (valores a pagar) com fornecedores, bancos, governo e quaisquer outros terceiros que superam o valor de seus bens e, nesse caso, não há riqueza líquida. Uma informação fundamental apresentada pela Contabili- dade é a avaliação do patrimônio da empresa e a quantificação de sua variação ao longo dos anos. De forma sintética, pode-se dizer que Balanço Patrimonial é formado por três componentes, a saber, Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido. Segundo Costa (2010, p. 54), o Patrimônio Líquido é a diferença algébrica entre o Ativo e o Passivo, e corresponde ao montante pertencente aos sócios ou proprietários da empresa. Ou seja, a posição financeira é refletida pela relação entre estes. O termo Balanço indica o equilíbrio entre eles, como pode ser demonstrado pela equação: Componentes Patrimoniais Ativo Entende-se por ATIVO a aplicação de recursos da qual se espera a geração de benefícios econômicos futuros. Pode-se dizer, também, que o Ativo representa, de forma estática, os bens e os direitos da entidade, ou seja, tudo o que a empresa possui aplicado de recursos, quer em giro ou em capitais fixos. Ou seja, são todos os bens e direitos de propriedade da empresa, avaliáveis em dinheiro, que representam benefícios presentes ou futuros para a empresa. O termo ATIVO significa valores que estão sendo usados para aplicações nas atividades da empresa (Bens, Direitos) ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO ou ATIVO ( - ) PASSIVO = PATRIMÔNIO LÍQUIDO 46CONTABILIDADE EMPRESARIAL O Ativo aumenta de valor pelo reconhecimento contábil de uma receita, pela obtenção de recursos com terceiros ou com sócios da entidade, ou pela venda de um outro ativo com lucro. Resumindo, ativo é onde são aplicados os recursos de uma empresa. O pronunciamento Conceitual básico divulgado pelo Co- mitê de Pronunciamentos Contábeis tem a seguinte definição para ATIVO: “ATIVO é um recurso controlado pela entidade como re- sultado de eventos passados e do qual se espera que resultem futuros benefícios econômicos para a entidade. Repare-se que a figura do controle (e não da propriedade formal) e a dos futuros benefícios econômicos esperados são essenciais para o reconhecimento de um ativo. Se não houver a expectativa de contribuição futura, direta ou indireta, ao caixa da empresa, não existe o ativo”. Passivo Passivo é uma obrigação presente da decorridos, cuja liqui- dação se espera que resulte em benefícios econômicos. Entidade, derivada de eventos já saída de recursos capazes de gerar em benefícios econômicos. Entende-se por Passivo a origem de recursos financiados por terceiros, além das obrigações assumidas pela entidade que exigirão desembolso de recursos no futuro, ou seja, contas a pagar, salários a pagar, impostos a pagar, entre outros. São as dívidas da empresa para com terceiros (Fornecedores). A maioria das contas do Passivo é identificada pela expressão: “a pagar” ou “a recolher”. O Passivo é uma obrigação exigível, isto é, quando a dívida vencer será exigida (reclamada) a sua liquidação. Por isso, é mais adequado denominá-la de Passivo Exigível. As dívidas são de curto prazo (até 12 meses) e longo prazo (acima de 12 meses). 47CONTABILIDADE EMPRESARIAL O lado do Passivo, tanto Capital de Terceiros (Passivo Exi- gível) como Capital Próprio (Patrimônio Líquido), representa toda a fonte de recursos, toda a origem de capital. Nenhum recurso entra na empresa se não for via Passivo ou Patrimônio Líquido. O Passivo aumenta de valor pela captação de um empréstimo ou financiamento, pela compra a prazo de um ativo ou pelo reconhecimento contábil de uma despesa ainda não paga. Por outro lado, o Passivo diminui de valor pelo efetivo pagamento ou pelo reconhecimento contábil de uma receita que havia sido recebida antecipadamente, como um adiantamento de clientes. Do confronto entre o total do ativo e o total do passivo, surge o patrimônio líquido, igualando os valores dos dois lados do gráfico patrimonial, ou seja, demonstra a diferença entre os valores do Ativo (bens e direitos) e do Passivo (obrigações). O Patrimônio Líquido aparece no Balanço Patrimonial como parte integrante do passivo e indica o valor líquido da empre- sa. O Patrimônio Líquido é o valor dos recursos próprios da empresa, que poderia ser exigido apenas pelos sócios, porém sendo estes os proprietários do empreendimento. Situações líquidas patrimoniais O Patrimônio Líquido é também chamado de Situação Líquida Patrimonial e representa a verdadeira riqueza patrimo- nial. Pode ser modificada com o aumento de capital ou com a incorporação de lucros ou prejuízos no exercício. Logicamente, se houver prejuízo, a situação líquida diminuirá, podendo ficar até negativa. A estática patrimonial é representada pelo Balanço Pa- trimonial, cuja definição será vista adiante e que agrega o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma empresa em determinada data. 48CONTABILIDADE EMPRESARIAL O Balanço Patrimonial mostra uma situação de equilíbrio onde: O total do ATIVO é igual ao total do PASSIVO (ou Passivo + Patrimônio Líquido). Temos, por conseguinte, três conceitos envolvidos na Estática Patrimonial: a. ATIVO – onde são aplicados os recursos econômicos/ financeiros da empresa, em Bens e Direitos; b. PASSIVO (PASSIVO) – origem de recursos de terceiros aplicados no ATIVO. Esses recursos assumem o caráter de obrigações (dívidas), pois são exigidos por terceiros nas datas de vencimento. c. PATRIMÔNIO LÍQUIDO - origem de recursos dos proprietários, sócios ou acionistas, aplicados no ATIVO. Compreendea parcela não exigível do PASSIVO (ou parcela de recursos próprios da empresa). A Estática Patrimonial pode, então, assumir três situações distintas: 1. se ATIVO > OBRIGAÇÕES, então PATRIMÔNIO LÍQUIDO > 0; 2. se ATIVO < OBRIGAÇÕES, então PATRIMÔNIO LÍQUIDO < 0; 3. se ATIVO = OBRIGAÇÕES, então PATRIMÔNIO LÍQUIDO = 0 Evidentemente, uma empresa operando em condições nor- mais, deverá se apresentar, em termos de patrimônio, na situação da equação “1” e, na medida que se aproxima da situação “3”, mostra evidência de deterioração da sua capacidade econômica, financeira e patrimonial. A posição “2” coloca a empresa em condição falimentar ou pré-falimentar. 49CONTABILIDADE EMPRESARIAL Contas: conceito e classificação das contas O registro contábil tem por finalidade “guardar memória” do fenômeno patrimonial que aconteceu ou que poderá aconte- cer. Ou seja, registra o dia a dia, separando os fatos em contas que os reúnem (bens, direitos, obrigações e patrimônio líquido) e em elementos de resultado (despesas e receitas). Contas Ribeiro (2010, p. 47) define contas dizendo que “é o nome técnico dado aos componentes patrimoniais (Bens, Direitos, Obrigações e Patrimônio Líquido) e aos componentes do re- sultado (Despesas e Receitas).” A finalidade é facilitar a escri- turação, uniformizando os fatos contábeis da mesma natureza em um só título. Classificam-se em Contas Patrimoniais e Contas de Resultado. 50CONTABILIDADE EMPRESARIAL Contas Patrimoniais Dividem-se em Ativas e Passivas e são elas que representam o Patrimônio da empresa e a situação líquida (Patrimônio Lí- quido) num dado momento, através do Balanço Patrimonial. Até agora nos referimos aos componentes patrimoniais, utilizando a expressão ‘elementos’. Agora esses elementos terão títulos próprios e serão chamados de contas. Assim, por exemplo: Elementos patrimoniais Nome da conta (título a ser utilizado Dinheiro Caixa Valores a receber referentes a vendas a prazo. Duplicatas a Receber ou Clientes. Valores a receber referentes a empréstimos concedidos. Empréstimos a Receber. Carros, motos, caminhões Veículos Valores a pagar referentes a compras a prazo. Duplicatas a Pagar ou Fornecedores. Valores a receber referentes a empréstimos obtidos de pessoas físicas ou bancos. Empréstimos a Pagar ou Empréstimos Bancários. Depósitos bancários Bancos C/ Movimento. Capital Capital Social Mercadorias para venda. Estoque de Mercadorias, Mercadorias em Estoque, Estoque ou Mercadorias. Impostos e contribuições a serem pagos. Impostos a Recolher (ICMS a Recolher, FGTS a recolher, INSS a recolher etc.). 51CONTABILIDADE EMPRESARIAL Contas de Resultado As contas de resultado se dividem em Contas de Despesas e Contas de Receitas. As Contas de Resultado não aparecem no Balanço Patrimonial, mas são elas que permitem apurar o resultado do exercício social (um ano de atividade da empresa), que pode ser lucro ou prejuízo. O resultado deriva do confronto das receitas com as des- pesas e, consequentemente, poderá ser positivo (Lucro), se as receitas forem maiores que as despesas, ou negativo, prejuízo, se as receitas forem menores do que as despesas. No caso de lucro, representa a riqueza gerada pela empresa durante de- terminado período de tempo, que pertence aos acionistas da entidade. Quando uma empresa incorre em prejuízo, ocorre uma destruição da riqueza dos acionistas. Os conceitos de Criação de Valor ao Acionista ou Des- truição de Valor ao Acionista devem estar bem presentes na gestão de qualquer empresa. Durante a Apuração do Resultado do Exercício (ARE), as contas de resultado vão encerrando seus saldos, o que significa que as contas de despesas e de receitas ‘aparecem’ durante o exercício social e ‘encerram-se’ na apuração do resultado. Essa apuração será vista logo adiante. 52CONTABILIDADE EMPRESARIAL Contas de Despesas São todos os gastos ou perdas da empresa, desde que não se refiram à aquisição de Bens e nem a pagamento de Obrigações já registradas no Balanço Patrimonial. As despesas fazem di- minuir o lucro da empresa (ou aumentar o seu prejuízo, se for o caso). As despesas têm, por finalidade, a obtenção de receitas. Pelo título dado à conta, identifica-se o tipo de despesa. Exemplos: • Água e Esgoto • Aluguéis Pagos ou Despesas com Alugueis • Café e Lanches • Descontos Concedidos • Salários • Material de Escritório (ou Material de Expediente) • Despesas Bancárias • Impostos • Custo das Mercadorias Vendidas As despesas estão divididas em operacionais e não ope- racionais. a. Despesas Operacionais Representam os gastos ou perdas da empresa devido às suas operações normais, conforme o ramo de atividade. As despesas operacionais se classificam como Administrativas, de Vendas e Financeiras. • Despesas Administrativas: são os gastos ou perdas re- ferentes às operações da administração (aluguel, água, luz, telefone, salários, impostos, encargos sociais etc.). 53CONTABILIDADE EMPRESARIAL • Despesas de Vendas (ou comerciais): são aqueles refe- rentes às operações efetuadas para alavancar as vendas e fazer com que a mercadoria seja colocada nas mãos do cliente (propaganda, despesas de viagens e comissões dos vendedores são as mais comuns). • Despesas Financeiras: São aqueles referentes aos juros pagos, descontos concedidos e às despesas bancárias (tarifas diversas). b. Despesas não operacionais São os gastos ou perdas que não decorrem das operações normais da empresa (como por exemplo, perda na venda de bens de uso). Contas de Receitas São todos os ganhos da empresa, desde que não se refiram a recebimentos de Direitos já registrados no Balanço Patrimonial e nem da venda dos Bens pelo preço de custo. As receitas fazem aumentar o lucro da empresa (ou diminuir seu prejuízo, se for o caso). Existem em menor número que as despesas, sendo as mais comuns representadas pelas seguintes contas: • Vendas de Mercadorias • Receitas de Serviços • Aluguéis Recebidos ou Receitas de Aluguéis (ou ainda Aluguéis Ativos*) • Descontos Obtidos • Juros Recebidos ou Receitas de Juros (ou ainda Juros Ativos*) • Lucro na Venda de Bens de Uso etc. 54CONTABILIDADE EMPRESARIAL *Observação importante: Os termos Ativos, no caso das receitas, significa qualidade de ser positivo para a empresa e não que pertence ao Ativo do Balanço Patrimonial. As receitas também se dividem em operacionais e não operacionais. A. Receitas Operacionais Representam os ganhos da empresa devido às suas opera- ções normais, conforme o ramo de atividade. B. Receitas Não Operacionais Representam os ganhos da empresa que não são inerentes às suas operações normais. Exemplos: aluguel recebido de imóvel ocioso, pertencente a um comércio de móveis; lucro na venda de bens de uso. Plano de contas Definições O Plano de Contas é a estrutura sobre a qual se constrói e elabora a escrituração, com a finalidade de mantê-la ordenada de forma a obter, de maneira clara e objetiva, os dois instrumentos informativos mais importantes da contabilidade: O Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício. Em outras palavras, o plano de contas deve ser planejado com a mesma estrutura do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício. De acordo com Ribeiro (2010, p. 57) o “Plano de Contas é um conjunto de contas, diretrizes e normas que disciplina as tarefas do Setor de Contabilidade, objetivando a uniformização dos registros contábeis”. O Plano de Contas deve ser tão detalhado quanto seja o interesse da empresa em informações detalhadas; inexistem regras que estabeleçam o número máximo ou o número mínimo 55CONTABILIDADE EMPRESARIAL de contas que deve conter um plano de contas. É preciso que se saiba, todavia, que o plano de contas deve ser suficientemente elástico a fim de permitir a inclusão de novas contas, sempre que elas se fizerem necessárias. Repetimos, o grau de detalhamento do plano de contas varia segundo o interesse do contador e da empresa,levando em consideração, sempre, a necessidade de registrar todas as ocorrências na vida de uma empresa. 1 ATIVO 2 PASSIVO 1.1 ATIVO CIRCULANTE 2.1 CIRCULANTE 1.1.1 Caixa 2.1.1 Impostos e Contribuições a Recolher 1.1.1.01 Caixa Geral 2.1.1.01 Simples a Recolher 1.1.2 Bancos C/Movimento 2.1.1.02 INSS 1.1.2.01 Banco Alfa 2.1.1.03 FGTS 1.1.3 Contas a Receber 2.1.2 Contas a Pagar 1.1.3.01 Clientes 2.1.2.01 Fornecedores 1.1.3.02 Outras Contas a Receber 2.1.2.02 Outras Contas 1.1.3.09(-) Duplicatas Descontadas 2.1.3 Empréstimos Bancários 1.1.4 Estoques 2.1.3.01 Banco A - Operação X 1.1.4.01 Mercadorias 1.1.4.02 Produtos Acabados 2.2 NÃO CIRCULANTE 1.1.4.03 Insumos 2.2.1 Empréstimos Bancários 1.1.4.04 Outros 2.2.1.01 Banco A - Operação X 1.2 NÃO CIRCULANTE 2.3 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 1.2.1 Contas a Receber 2.3.1 Capital Social 1.2.1.01 Clientes 2.3.2.01 Capital Social Subscrito 1.2.1.02 Outras Contas 2.3.2.02 Capital Social a Realizar 1.2.2 INVESTIMENTOS 2.3.2. Reservas 1.2.2.01 Participações Societárias 2.3.2.01 Reservas de Capital 1.2.3 IMOBILIZADO 2.3.2.02 Reservas de Lucros 1.2.3.01 Terrenos 2.3.3 Prejuízos Acumulados 1.2.3.02 Construções e Benfeitorias 2.3.3.01 Prejuízos Acumulados de Exercícios 1.2.3.03 Máquinas e Ferramentas 2.3.3.02 Prejuízos do Exercício Atual 1.2.3.04 Veículos 1.2.3.05 Móveis 1.2.3.98 (-) Depreciação Acumulada 1.2.3.99 (-) Amortização Acumulada 1.2.4 INTANGÍVEL 1.2.4.01 Marcas 1.2.4.02 Softwares 1.2.4.99 (-) Amortização Acumulada 3 CUSTOS E DESPESAS 4 RECEITAS 3.1 Custos dos Produtos Vendidos 4.1 Receita Líquida 3.1.1 Custos dos Materiais 4.1.1 Receita Bruta de Vendas 3.1.1.01 Custos dos Materiais Aplicados 4.1.1.01 De Mercadorias 3.1.2 Custos da Mão-de-Obra 4.1.1.02 De Produtos 3.1.2.01 Salários 4.1.1.03 De Serviços Prestados 3.1.2.02 Encargos Sociais 4.1.2 Deduções da Receita Bruta 4.1.2.01 Devoluções 3.2 Custo das Mercadorias Vendidas 4.1.2.02 Serviços Cancelados 3.2.1 Custo das Mercadorias 3.2.1.01 Custo das Mercadorias Vendidas 4.2 Outras Receitas Operacionais 4.2.1 Vendas de Ativos Não Circulantes 3.3 Custo dos Serviços Prestados 4.2.1.01 Receitas de Alienação de Investimentos 3.3.1 Custo dos Serviços 4.2.1.02 Receitas de Alienação do Imobilizado 3.3.1.01 Materiais Aplicados 3.3.1.02 Mão-de-Obra 3.3.1.03 Encargos Sociais 3.4 Despesas Operacionais 3.4.1 Despesas Gerais 3. 4.1.01 Mão-de-Obra 3.4.1.02 Encargos Sociais 3.4.1.03 Aluguéis MODELO PLANO DE CONTAS 1 ATIVO 2 PASSIVO 1.1 ATIVO CIRCULANTE 2.1 CIRCULANTE 1.1.1 Caixa 2.1.1 Impostos e Contribuições a Recolher 1.1.1.01 Caixa Geral 2.1.1.01 Simples a Recolher 1.1.2 Bancos C/Movimento 2.1.1.02 INSS 1.1.2.01 Banco Alfa 2.1.1.03 FGTS 1.1.3 Contas a Receber 2.1.2 Contas a Pagar 1.1.3.01 Clientes 2.1.2.01 Fornecedores 1.1.3.02 Outras Contas a Receber 2.1.2.02 Outras Contas 1.1.3.09(-) Duplicatas Descontadas 2.1.3 Empréstimos Bancários 1.1.4 Estoques 2.1.3.01 Banco A - Operação X 1.1.4.01 Mercadorias 1.1.4.02 Produtos Acabados 2.2 NÃO CIRCULANTE 1.1.4.03 Insumos 2.2.1 Empréstimos Bancários 1.1.4.04 Outros 2.2.1.01 Banco A - Operação X 1.2 NÃO CIRCULANTE 2.3 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 1.2.1 Contas a Receber 2.3.1 Capital Social 1.2.1.01 Clientes 2.3.2.01 Capital Social Subscrito 1.2.1.02 Outras Contas 2.3.2.02 Capital Social a Realizar 1.2.2 INVESTIMENTOS 2.3.2. Reservas 1.2.2.01 Participações Societárias 2.3.2.01 Reservas de Capital 1.2.3 IMOBILIZADO 2.3.2.02 Reservas de Lucros 1.2.3.01 Terrenos 2.3.3 Prejuízos Acumulados 1.2.3.02 Construções e Benfeitorias 2.3.3.01 Prejuízos Acumulados de Exercícios 1.2.3.03 Máquinas e Ferramentas 2.3.3.02 Prejuízos do Exercício Atual 1.2.3.04 Veículos 1.2.3.05 Móveis 1.2.3.98 (-) Depreciação Acumulada 1.2.3.99 (-) Amortização Acumulada 1.2.4 INTANGÍVEL 1.2.4.01 Marcas 1.2.4.02 Softwares 1.2.4.99 (-) Amortização Acumulada 3 CUSTOS E DESPESAS 4 RECEITAS 3.1 Custos dos Produtos Vendidos 4.1 Receita Líquida 3.1.1 Custos dos Materiais 4.1.1 Receita Bruta de Vendas 3.1.1.01 Custos dos Materiais Aplicados 4.1.1.01 De Mercadorias 3.1.2 Custos da Mão-de-Obra 4.1.1.02 De Produtos 3.1.2.01 Salários 4.1.1.03 De Serviços Prestados 3.1.2.02 Encargos Sociais 4.1.2 Deduções da Receita Bruta 4.1.2.01 Devoluções 3.2 Custo das Mercadorias Vendidas 4.1.2.02 Serviços Cancelados 3.2.1 Custo das Mercadorias 3.2.1.01 Custo das Mercadorias Vendidas 4.2 Outras Receitas Operacionais 4.2.1 Vendas de Ativos Não Circulantes 3.3 Custo dos Serviços Prestados 4.2.1.01 Receitas de Alienação de Investimentos 3.3.1 Custo dos Serviços 4.2.1.02 Receitas de Alienação do Imobilizado 3.3.1.01 Materiais Aplicados 3.3.1.02 Mão-de-Obra 3.3.1.03 Encargos Sociais 3.4 Despesas Operacionais 3.4.1 Despesas Gerais 3. 4.1.01 Mão-de-Obra 3.4.1.02 Encargos Sociais 3.4.1.03 Aluguéis MODELO PLANO DE CONTAS 1 ATIVO 2 PASSIVO 1.1 ATIVO CIRCULANTE 2.1 CIRCULANTE 1.1.1 Caixa 2.1.1 Impostos e Contribuições a Recolher 1.1.1.01 Caixa Geral 2.1.1.01 Simples a Recolher 1.1.2 Bancos C/Movimento 2.1.1.02 INSS 1.1.2.01 Banco Alfa 2.1.1.03 FGTS 1.1.3 Contas a Receber 2.1.2 Contas a Pagar 1.1.3.01 Clientes 2.1.2.01 Fornecedores 1.1.3.02 Outras Contas a Receber 2.1.2.02 Outras Contas 1.1.3.09(-) Duplicatas Descontadas 2.1.3 Empréstimos Bancários 1.1.4 Estoques 2.1.3.01 Banco A - Operação X 1.1.4.01 Mercadorias 1.1.4.02 Produtos Acabados 2.2 NÃO CIRCULANTE 1.1.4.03 Insumos 2.2.1 Empréstimos Bancários 1.1.4.04 Outros 2.2.1.01 Banco A - Operação X 1.2 NÃO CIRCULANTE 2.3 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 1.2.1 Contas a Receber 2.3.1 Capital Social 1.2.1.01 Clientes 2.3.2.01 Capital Social Subscrito 1.2.1.02 Outras Contas 2.3.2.02 Capital Social a Realizar 1.2.2 INVESTIMENTOS 2.3.2. Reservas 1.2.2.01 Participações Societárias 2.3.2.01 Reservas de Capital 1.2.3 IMOBILIZADO 2.3.2.02 Reservas de Lucros 1.2.3.01 Terrenos 2.3.3 Prejuízos Acumulados 1.2.3.02 Construções e Benfeitorias 2.3.3.01 Prejuízos Acumulados de Exercícios 1.2.3.03 Máquinas e Ferramentas 2.3.3.02 Prejuízos do Exercício Atual 1.2.3.04 Veículos 1.2.3.05 Móveis 1.2.3.98 (-) Depreciação Acumulada 1.2.3.99 (-) Amortização Acumulada 1.2.4 INTANGÍVEL 1.2.4.01 Marcas 1.2.4.02 Softwares 1.2.4.99 (-) Amortização Acumulada 3 CUSTOS E DESPESAS 4 RECEITAS 3.1 Custos dos Produtos Vendidos 4.1 Receita Líquida 3.1.1 Custos dos Materiais 4.1.1 Receita Bruta de Vendas 3.1.1.01 Custos dos Materiais Aplicados 4.1.1.01 De Mercadorias 3.1.2 Custos da Mão-de-Obra 4.1.1.02 De Produtos 3.1.2.01 Salários 4.1.1.03 De Serviços Prestados 3.1.2.02 Encargos Sociais 4.1.2 Deduções da Receita Bruta 4.1.2.01 Devoluções 3.2 Custo das Mercadorias Vendidas 4.1.2.02 Serviços Cancelados 3.2.1 Custo das Mercadorias 3.2.1.01 Custo das Mercadorias Vendidas 4.2 Outras Receitas Operacionais 4.2.1 Vendas de Ativos Não Circulantes 3.3 Custo dos Serviços Prestados 4.2.1.01 Receitas de Alienação de Investimentos 3.3.1 Custo dos Serviços 4.2.1.02 Receitas de Alienação do Imobilizado 3.3.1.01 Materiais Aplicados 3.3.1.02 Mão-de-Obra 3.3.1.03 Encargos Sociais 3.4 Despesas Operacionais 3.4.1 Despesas Gerais 3. 4.1.01 Mão-de-Obra 3.4.1.02 Encargos Sociais 3.4.1.03 Aluguéis MODELO PLANO DE CONTAS 56CONTABILIDADE EMPRESARIAL Síntese Nessa unidade aprendemos os princípios de Contabilidade e Normas Brasileiras, onde podemos entender uma a uma, também falamos sobre os aspectos da estrutura conceitual básica de Contabilidade. Logo após, retomamos conceito do patrimônio lembrando que ele é o objeto de estudo da conta- bilidade, e representa o conjunto de bens, direitos e obrigações vinculados a uma entidade. 57CONTABILIDADE EMPRESARIAL ATIVIDADES 1. O que é patrimônio? 2. Do ponto de vista contábil, o que são bens? 3. O que são direitos? Cite três exemplos. 4. O que são bens imateriais? Cite dois exemplos 5. O que são obrigações? Cite três exemplos. 6. O que é Plano de Contas? 7. Existe um Plano de Contas que deve ser usado por todo e qualquer tipo de empresa? 8. O reconhecimento da Receita deverá ser (de acordo com o Princípio de Realização da Receita): ( ) Na emissão da Nota Fiscal. ( ) No recebimento do Adiantamento.( ) No recebimento da Receita. ( ) Na transferência do Produto. 9. Devedores Duvidosos são constituídos em virtude do Princípio: ( ) Realização da Receita. ( ) Entidade. ( ) Custo Histórico como Base de Valor. ( ) Confrontação de Despesa. 10. Gastos que beneficiarão o próximo exercício serão classificados em: ( ) Ativo Circulantes. ( ) Ativo Realizável a LP. ( ) Dependendo do caso: Intangível. ( ) Despesa. 58CONTABILIDADE EMPRESARIAL REGISTROS CONTÁBEIS (ESCRITURAÇÃO) Para que o controle do patrimônio seja eficaz, a Contabilidade precisa registrar todos os fatos que ocorrem na empresa. Esse registro é feito por meio da “escrituração”. Nessa terceira unidade, iremos falar sobre os registros contábeis, que é a parte prática da contabilidade, apresentando a você as principais atividades realizadas por um profissional contábil na sua atividade diária. E, também, aprenderá sobre a escrituração contábil, ou seja, os lançamentos propriamente ditos e os relatórios decorrentes desses lançamentos. Conhecerá os livros, e a utilidade do balancete de verificação. 59CONTABILIDADE EMPRESARIAL ESCRITURAÇÃO Podemos dividir a Contabilidade em duas partes, uma teórica e outra prática. A parte teórica é identificação dos princípios contábeis e de fixação de normas, de análise e in- terpretação de fatos, de esclarecimentos de relações de causa e efeito e de previsão para futuros acontecimentos. A parte prática, de execução do registro de fenômenos patrimoniais, é a técnica através da qual a Contabilidade atinge seu objetivo, que é estudar e controlar o patrimônio, fornecendo informações e orientação sobre o estado patrimonial e suas variações. Esta técnica se chama escrituração. Escrituração A escrituração contábil consiste na confecção de lançamen- tos que traduzem e registram os fatos administrativos. Já os atos administrativos não são passíveis de lançamento contábil, por não representarem uma alteração no Patrimônio. A escrituração começa pelo livro Diário. Neste livro, são escriturados (registrados) todos os fatos que ocorrem no dia a dia da empresa, e que são responsáveis pela gestão do seu patrimônio. O registro dos fatos é feito em forma contábil, por meio do lançamento. Para registrar os fatos contábeis por meio de lançamentos, a Contabilidade utiliza as contas. A escrituração, uma das técnicas utilizadas pela Contabilidade, consiste em registrar nos livros próprios (Diário, Razão, Caixa, Contas-correntes, etc.) todos os fatos que provocam modificação no patrimônio da empresa. 60CONTABILIDADE EMPRESARIAL Contas O que é conta? É por meio das contas que a Contabilidade consegue de- sempenhar seu papel. Todos os acontecimentos que ocorrem na empresa, tais como compras, vendas, pagamentos e recebi- mentos, são registrados nos livros por meio das contas. Classificação das Contas As contas são divididas em 2 grupos: Contas Patrimoniais (Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido) e nas Contas de Resul- tados (Receitas e Despesas). • Contas Patrimoniais: são as contas que representam o patrimônio da empresa (balanço patrimonial), e que já abordamos na unidade 2. Dividem-se em dois grandes grupos: Ativo e Passivo. Relembrando: • Contas de Resultado: são as contas do DRE – Demons- tração do Resultado do Exercício. Dividem-se em contas de Despesas e contas de Receitas. • Despesas: caracterizam-se pelo consumo de bens e pela utilização de serviços. Conta é o nome técnico dado aos componentes patrimoniais (bens, direitos, obrigações e Patrimônio Líquido) e aos elementos de resultado (Despesas e Receitas). PATRIMÔNIO Ativo Passivo Bens • Caixa • Veículos Obrigações • Fornecedores • Impostos à Pagar Direitos Duplicatas a receber Patrimônio Líquido Capital Social 61CONTABILIDADE EMPRESARIAL Exemplo: Água e Esgoto; Energia Elétrica; Material de Limpeza; Salários. • Receitas: Decorrem da venda de bens ou da prestação de serviços. Exemplo: Venda de Mercadorias; Venda de Produtos; Re- ceita de Serviços. Método de Escrituração Método de escrituração é o modo de registro dos Fatos Administrativos. São dois os Métodos de Escrituração conhecidos: Métodos de Partidas Simples e Método de Partidas Dobradas. a. Método de Partidas Simples: Consiste no registro de operações especificas envolvendo o controle de um só elemento. No Livro Caixa, por exemplo, os eventos são registrados visando apenas ao controle do dinheiro. ** Esse método é deficiente e incompleto, pois não permite o controle global do Patrimônio. b. Método de Partidas Dobradas: De uso universal, esse método, como citado na unidade 1, foi apresentado pela primeira vez pelo frade franciscano pelo Frei Luca Pacioli e que apresentou uma forma mais adequada para utilizar esse método. Importante salientar que ele não é o inventor, apenas conseguiu aprimorá-lo. Sua adoção permite o controle de todos os componentes patrimoniais, bem como das variações do Patrimônio Líquido, que poderão resultar em lucro ou prejuízo. 62CONTABILIDADE EMPRESARIAL O princípio fundamental do método é o de que não há devedor sem que haja um credor, correspondendo a cada débito um crédito de igual valor. Mecanismo de débito e crédito O método do Débito e Crédito é uma técnica utilizada na confecção dos lançamentos contábeis. Na contabilidade, para todo Débito existe um Crédito, de forma que a soma dos valo- res debitados seja sempre igual à soma dos valores creditados, mantendo sempre o equilíbrio. Essa igualdade entre débitos e créditos que é o Método das Partidas Dobradas. Ou seja: Para qualquer operação há sempre: • Um débito e um crédito de igual valor; ou • Um débito e vários créditos de igual valor; ou • Vários débitos e um crédito de igual valor. Debitar significa: a. Registrar a integração ou incorporação de um valor ao PATRIMÔNIO TOTAL (ATIVO). b. Mostrar a utilização ou consumo de valor no PATRI- MÔNIO TOTAL. c. Baixar um valor anteriormente creditado ao PATRI- MÔNIO. Não há débitos sem créditos correspondentes. 63CONTABILIDADE EMPRESARIAL Creditar significa: a. Mostrar a fonte ou origem dos recursos que serão utili- zados na atividade empresarial. b. Registrar a incorporação de uma OBRIGAÇÃO (Re- cursos de Terceiros) ao PATRIMÔNIO TOTAL. c. Baixar um valor anteriormente debitado ao PATRIMÔ- NIO TOTAL. O quadro a seguir nos fornece todas as possibilidades de Débito e Crédito que podem ocorrer em uma empresa. Para realizar um Lançamento Contábil, é preciso contar com cinco informações relevantes: 1. Local e data – É preciso informar corretamente qual o local da empresa e o dia, mês e ano da ocorrência do registro. 2. Conta devedora – É a conta debitada, que vem sempre em primeiro lugar. 3. Conta credora – É a conta creditada, que vem acompa- nhada da preposição acidental “a”. 4. Histórico – É a narração do fato ocorrido, a qual deve ser resumida, mas identificando bem a operação. 5. Importância ou quantia – É o valor das operações ex- presso em unidades monetárias. A seguir serão apresentados alguns exemplos de lança- mentos contábeis com o objetivo de verificar a funcionalidade da técnica. Grupo de Contas Natureza Efeitos dos Lançamentos na Conta Ativo Devedora D Aumenta C Diminui Passivo Credora D Diminui C Aumenta Patrimônio Líquido Credora D Diminui C Aumenta Receitas Credora C Aumenta Despesas Devedora D Aumenta 64CONTABILIDADE EMPRESARIAL Exemplo: Compra de uma Máquina, marca XY, da Casa de Máquinas Teste Ltda, conforme nota fiscal nr. 5.390, no valor de R$ 5.000,00, à vista, no dia 01/03/201x. 1. Local e data da ocorrência do fato: 01/03/201x 2. Conta a ser debitada: Máquina 3. Conta a ser creditada: Caixa 4. Histórico: Aquisição de uma máquina marca XY confor- me nota fiscal nr. 5.390 da Casa de Máquinas Teste Ltda. 5. Valor da operação: R$ 5.000,00. Fórmulasde Lançamento Primeira fórmula: lançamento com uma conta a débito (D) e uma no crédito (C). Exemplo: Aquisição de um veículo marca Fiat conforme nota fiscal nr. 23.450 da Bt Ltda. no valor de R$ 35.000,00. Data D/C Contas Histórico Valor 01/03/201x D Máquina (Ativo Circulante) Aquisição de uma máquina marca XY conforme nota fiscal nr. 5.390 da Casa de Maquinas Teste Ltda. 5.000,00 01/03/201x C Caixa (Ativo Circulante) 5.000,00 Data D/C Contas Histórico Valor D Veiculo (Ativo Circulante) Aquisição de um veículo marca Fiat conforme nota fiscal nr. 23.450 da Bt. Ltda. 35.000,00 C Caixa (Ativo Circulante) 35.000,00 65CONTABILIDADE EMPRESARIAL Segunda fórmula: constam, no lançamento uma só conta no débito e mais de uma no crédito. Exemplo: Compra de mercadoria no valor de 8.000,00 cfe nf.0500 de AB Ltda, sendo 3.000,00 através de depósito bancário e 5.000,00 para pagamento a prazo. Terceira fórmula: constam, no lançamento mais de uma conta no débito e uma só no crédito. Exemplo: Recebimento do cliente DEF ref. a venda da NF 002 no valor de 12.000,00, sendo 4.000,00 em transferência bancária, e 8.000,00 pago em dinheiro. Data D/C Contas Histórico Valor D Mercadoria (Ativo Circulante) Compra de mercadoria no valor de 8.000,00 cfe nf.0500 de AB Ltda 8.000,00 C Banco cta. Mov. (Ativo Circulante) 3.000,00 C Fornecedores (Passivo Circulante) 5.000,00 Data D/C Contas Histórico Valor D Caixa (Ativo Circulante) Recebimento do cliente DEF ref. a venda da NF 002 no valor de 12.000,00 8.000,00 D Banco cta. Mov. (Ativo Circulante) 4.000,00 C Cliente (Ativo Circulante) 12.000,00 66CONTABILIDADE EMPRESARIAL Quarta fórmula: constam, no lançamento, mais de uma conta no débito e mais de uma no crédito. Exemplo: Pagamento da Água no valor de 2.000,00 e Energia elétrica no valor de 2.300,00, sendo a 2.150,00 paga em dinheiro e 2.150,00 paga no banco. Exemplos de Lançamento A seguir serão apresentados alguns exemplos de lança- mentos contábeis com o objetivo de verificar a funcionalidade da técnica. Aquisição de ativo imobilizado a prazo • Quando a empresa adquire um bem a prazo, que será pago posteriormente. Ex: Aquisição de uma máquina no valor de R$ 50.000,00, a prazo. Debita (D) “máquinas e equipamentos”, porque está aumentado o seu valor, e Credita (C) Fornecedor. Data D/C Contas Histórico Valor D Água à Pagar (Passivo Circulante) Pagamento da Água no valor de 2.000,00 e Energia elétrica no valor de 2.300,00, sendo a 2.150,00 paga em dinheiro e 2.150,00 pago no banco. 2.000,00 D Energia Elétrica a Pagar (Passivo Circulante) 2.300,00 C Banco cta. Mov. (Ativo Circulante) 2.150,00 C Caixa (Ativo Circulante) 2.150,00 D/C Contas Valor D Máquinas e Equipamentos 50.000,00 C Fornecedor 50.000,00 67CONTABILIDADE EMPRESARIAL Aquisição de estoque Quando a empresa adquire mercadorias que serão reven- didas ou matéria-prima que serão utilizadas na fabricação de um produto. Debita (D) Mercadorias e Credita (C) Caixa (sempre que sai dinheiro do caixa o lançamento é a CRÉDITO).Ex: Compra de mercadorias no valor de R$ 10.000,00, à vista. Ex: Compra de mercadorias no valor de R$ 6.000,00, a prazo. Depósito em conta corrente Quando a empresa efetua depósito em dinheiro em conta bancária. Ex: Depósito no Banco do Brasil S/A no valor de R$ 1.000,00. Depreciação de bens imobilizados Desgaste sofrido pelo bem em função do uso. Ex: Depre- ciação da máquina ref. Ao mês xx no valor de R$ 235,50. D/C Contas Valor D Mercadorias para Revenda 10.000,00 C Caixa ou Bco cta. Movimento 10.000,00 D/C Contas Valor D Mercadorias para Revenda 6.000,00 C Fornecedor 6.000,00 D/C Contas Valor D Bco cta. Movimento Banco do Brasil S/A 1.000,00 C Caixa 10.000,00 D/C Contas Valor D Depreciação (Despesa) 235,50 C Depreciação Acumulada de Máquinas 235,50 68CONTABILIDADE EMPRESARIAL Pagamento das despesas Pagamento da obrigação referente à despesa. Ex: Pagamento fatura da água no valor de R$ 800,00. Venda de mercadoria Quando a empresa efetua a venda de mercadorias. Ex: Venda de mercadorias no valor de R$ 20.000,00, à vista. Ex: Baixa do Estoque Ex: Venda de mercadorias no valor de R$ 12.000,00, a prazo. Ex: Baixa do Estoque D/C Contas Valor D Água a Pagar 800,00 C Caixa 800,00 D/C Contas Valor D Caixa 20.000,00 C Venda de Mercadorias 20.000,00 D/C Contas Valor D CMV C Mercadorias para Revenda D/C Contas Valor D Clientes 12.000,00 C Venda de Mercadorias 12.000,00 D/C Contas Valor D CMV C Mercadorias para Revenda 69CONTABILIDADE EMPRESARIAL Lançamentos de Abertura da empresa Na constituição do capital de qualquer tipo de empresa, seja ela individual (empresário) ou sociedade, a conta Capital Social será sempre creditada. Por outro lado, será debitada a conta Caixa ou várias outras contas que representem os ele- mentos entregues pelo titular ou pelos sócios para constituição do respectivo capital. Assim, afirmamos que a contabilização da constituição do capital de qualquer que seja a empresa é muito simples, pois o lançamento no Diário conterá, no débito, a conta Caixa ou diversas contas do Ativo e no crédito a conta de Capital Social. Na constituição do capital, dois momentos precisar ficar bem definidos: • Constituição ou subscrição; • Realização ou integralização. Constituição ou Subscrição: A subscrição do capital em uma sociedade compreende o momento em que os sócios reunidos assumem o compromisso de investir, na entidade, o valor da parte do capital social que cabe a cada um deles, em dinheiro, ou em diversos elementos. Normalmente a subscrição ocorre na assinatura do contrato social (sociedades em geral) ou do estatuto (sociedade por ações). Exemplo: Histórico: Pela constituição do capital da empresa XX, no valor de 100.000,00, conforme contrato social sob o número do Nire: XXX, registrada pela junta comercial de XX. Data D/C Contas Valor D Capital Social a Realizar ou a Integralizar (Patrimônio Líquido) 100.000,00 C Capital Social Subscrito (Patrimônio Líquido) 100.000,00 70CONTABILIDADE EMPRESARIAL Realização ou Integralização: Corresponde ao momento em que os sócios entregam para a empresa os valores em dinheiro, ou em outros elementos, pelos quais se comprometeram no momento da subscrição do capital. Exemplo: Histórico: Pela realização do capital, neste momento o sócio A, integraliza o valor de R$ XX,XX, conforme contra- to social sob o número do Nire: XXX, registrada pela junta comercial de XX. Razão O Razão, é um somatório de fichas específicas de deter- minadas contas. A palavra ou termo razão decorre do sentido implícito de memória de cálculo ou inteligência dos registros que o mesmo contém. Toda conta, por conter a história da sua existência, envol- vendo os valores aumentados e diminuídos ao longo de um determinado período, precisa de um esquema de controle com vistas a, em qualquer tempo, podermos apurar-lhe o saldo, bem como recorrer aos seus registros e valores com o objetivo de promover as mais variadas análises. Seguindo a objetividade do nosso curso, não estudaremos aqui o “lançamento” do fato administrativo (ou da Variação Patrimonial) em sua forma literal; não escreveremos o lança- mento, mas sim procuraremos analisar a “transação”, identi- ficando a sua “origem” e a sua “aplicação”, para que façamos Data D/C Contas Valor D Caixa (Ativo Circulante) 100.000,00 C Capital Social a Realizar ou a Integralizar (Patrimônio Líquido) 100.000,00 71CONTABILIDADE EMPRESARIAL os lançamentos nas fichas de “Razão”, doravante, tratadas por “Contas T”. O lançamento em conta “T” consiste em alocar o valor monetário no lugar correspondente. Observa-se que o crédito e o débito têm lados distintos na conta “T”. O lado esquerdo é dedicado aos débitos ou às aplicações de recursos, e o lado direito é reservado aos créditos ou origens de recursos. Razonete - conta “T” Para o analista financeiro, de nada vale saber apenas es- crituraros registros contábeis. É preciso dominar a inter- pretação dos registros e a análise dos dados que constam nos demonstrativos de resultados e quadros de origens e aplicações de recursos etc. Faz-se da maior relevância ressaltar que todo lançamento contábil, obrigatoriamente, deverá ser lastreado pelo documento hábil que deu origem ao mesmo. Se a empresa pagou o aluguel de um imóvel que utiliza para as suas atividades operacionais, há de haver um documento que comprove que essa despesa efetivamente ocorreu (recibo do proprietário ou recibo da locadora de imóveis). A conta “T”, que resumimos abaixo, poderia ser apresentada numa ficha de Razão, utilizada nos modernos sistemas mecanizados do nosso século. Observamos que a ficha específica da conta contém dados bem detalhados para uma análise de qualquer lançamento, mas que suas três últimas colunas verticais se resumem na nossa simples conta “T”, isto é, débito, crédito e saldo. Também denominado Gráfico em T ou Conta T, o razonete nada mais é do que uma versão simplificada do livro razão. Por meio dele é possível controlar, separadamente, o movimento de todas as contas e facilitar a visualização do movimento de débito e de crédito nele lançados. Ficha de Razão Ano Nome da Conta Data Código Histórico Débito Crédito Saldo 72CONTABILIDADE EMPRESARIAL Devem ser utilizados tantos Razonetes em T quantas forem às contas utilizadas na escrituração do Diário. Exemplo de lançamentos: a. Integralização de Capital Social em dinheiro de R$ 45.000,00 b. Compra de um veículo a vista no valor de R$ 30.000,00. c. Depósito efetuado no Banco do Brasil S/A R$ 5.000,00 Livros contábeis Os livros contábeis destinam-se à escrituração contábil dos atos e fatos administrativos que ocorrem na empresa. Os livros e toda a escrituração deverão ser conservados em local seguro e adequado enquanto não prescreverem as ações que lhe possam ser relativas. Entre os vários livros presentes em contabilidade, destacaremos os dois livros considerados os mais importantes: Livro Diário e o Livro Razão. Caixa Débito Crédito Capital Social 45.000 45.000 Caixa 45.000 30.000 5.000 10.000 Veículo 30.000 30.000 Bco do Brasil c/ Mov 5.000 5.000 73CONTABILIDADE EMPRESARIAL Livro Diário O livro Diário é obrigatório e sua exigência é por lei em todas as empresas. Como o próprio nome sugere, o livro diário é responsável pelo registro de todos os fatos contábeis que ocor- rem em uma empresa, inclusive, os de natureza aleatória que possam provocar alterações no patrimônio da empresa. Deve ser escriturado em partidas dobradas e em ordem rigorosamente cronológica de dia, mês e ano. Atendendo a esses requisitos, você poderá realizar a escrituração das seguintes maneiras: 1. A escrituração do livro por meio de partidas mensais. 2. A escrituração resumida ou sintética, com valores totais que não excedam a operações de um mês, desde que haja escrituração analítica lançada em registros auxiliares. 3. No caso de a entidade adotar para sua escrituração con- tábil o processo eletrônico, os formulários contínuos, numerados mecânica ou tipograficamente, serão desta- cados e encadernados em forma de livro. O contabilista menos experiente poderá ter algumas dificuldades para realizar a escrituração do Livro Diário, uma vez que, por ser obrigatório seguir uma ordem cronológica, as contas a serem lançadas acabam ficando todas mistu- radas, podendo gerar certa dificuldade no momento de interpretá-las individualmente. Livro Razão Trata-se de um livro indispensável no processamento das informações contábeis. É o livro que organiza os valores de contas de mesma natureza e de maneira racional, ou seja, a escrituração é feita por conta e não de forma cronológica, pro- porcionando mais praticidade para analisá-las numa eventual necessidade. De acordo com Marion (2012, p. 26) o livro razão é “hoje obrigatório. É indispensável em qualquer tipo de empresa: é um 74CONTABILIDADE EMPRESARIAL instrumento mais valioso para o desempenho da contabilidade”. Ele é realizado em contas individualizadas, pois consiste no agrupamento de valores em contas de mesma natureza e de forma racional. Nesse livro, cada conta terá sua própria página, e os lança- mentos deverão ser realizados na ordem em que forem acon- tecendo. É importante ressaltar que este livro possui duas maneiras de serem escriturados. Ou seja, quando a conta for genérica, podemos chamá-lo de Razão Sintético e, quando houver desdobramento, ou seja, quando especificar cada uma das contas para realizar um controle mais efetivo, se chamará Razão Analítico. Observe abaixo a diferença entre eles: Como dissemos, durante a escrituração, não poderão existir rasuras, borrões ou qualquer outro sinal de erro, por isso, há cuidados específicos que devem ser adotados para corrigir num erro. Vejamos algumas dicas: Erros de redação: É comum o contabilista inverter lan- çamentos, ou seja, lançar crédito como débito e vice-versa. Nesse caso, a saída mais adequada é utilizar o Estorno para corrigir o erro. Razão Sintético Razão Analítico Estoques Estoque de mercadorias Estoque de produtos acabados Estoque de matéria prima Duplicatas a Receber Cia. nacional de siderurgia Lojas Felicidades Depósito Santa-fé Bancos Conta Movimento Banco do Brasil Banco Bradesco Banco Real Fornecedores Comércio de ferragens Santa Luzia Pedreira São Mateus Castor & Andrade Ltda. Empréstimos à Pagar Banco do Brasil Financeira Credial. Banco Unioeste. 75CONTABILIDADE EMPRESARIAL Borrões, rasuras, registros nas entrelinhas: Quando ocorrer esse tipo de acidente, o contabilista deverá ressalvar datas e assinar a ressalva na própria escrituração. Salto de linhas ou de páginas: Assim como os erros de redação, o contabilista pode se distrair e pular linhas. Nesse caso, deverá preencher os espaços vazios com traços horizon- tais, ressalvando com data e assinatura. Se pular uma página inteira, o traço deverá ser na diagonal da página, cruzando-a de cima a baixo. Valores lançados a maior: O contabilista poderá realizar um lançamento de retificação com a diferença ou anular e lançar os valores novamente. Valores lançados a menor: Da mesma forma que os valo- res lançados a maior, o contabilista pode fazer um estorno e lançar novamente o valor correto ou realizar um lançamento complementar. Troca de uma conta por outra: Também um erro padrão, muito comum na contabilidade. Para solucionar o problema, basta fazer o estorno do valor na conta errada e realizar o lan- çamento na conta correta. Omissão de lançamentos: Quando o contabilista se esquece de realizar o lançamento na data correta, deverá proceder ao registro do fato no dia em que verificou a omissão, mencio- nando, no histórico, o motivo e a data correta do evento. Lançamento em duplicata: Quando notada tal ocorrência, basta que se proceda ao estorno do lançamento que estiver a mais. 76CONTABILIDADE EMPRESARIAL Balancete de Verificação De acordo com o método das partidas dobradas, cada lançamento a débito deve corresponder a um lançamento a crédito de igual valor. Portanto, infere-se que o somatório dos saldos das contas devedoras deverá ser igual ao dos saldos das contas credoras. Com o objetivo de constatar essa igualdade, é usual antes do levantamento das demonstrações financeiras, que as contas do ativo, passivo, patrimônio líquido, receitas e despesas sejam arroladas num relatório denominado balancete. Mensalmente, a Contabilidade deve fornecer aos admi- nistradores ou gerentes um Balancete que mostre os saldos das contas até aquele momento. Como dezembro é o mês de apurar os lucros e demonstrar o patrimônio, o último Balancete merece muitos cuidados, como preliminar para o fechamento do exercício. Após determinado período de movimentação do patrimô- nio, temos necessidade de verificar a posição dos seus elementos constitutivos. Para tanto, a contabilidade apura preliminarmente o saldo de cada uma dascontas do LIVRO RAZÃO. Após apuração dos saldos de todas as contas patrimoniais e de resultados, estes serão relacionados em um quadro de- monstrativo, separando de acordo com a sua natureza: DE- VEDORA ou CREDORA. A esse relatório, damos o nome de BALANCETE DE VERIFICAÇÃO. O BALANCETE DE VERIFICAÇÃO tem por sua finalidade demonstrar a exatidão dos lançamentos efetuados nas fichas ou livro razão. Isso, porque a contabilidade utiliza o método das partidas dobradas, isto é, não há devedor sem credor e vice-versa. Um mesmo valor é lançado a débito de uma conta e a crédito de outra. Assim sendo, dizemos que o balancete está “fechado, batido” quando a soma da coluna de saldos devedores é igual à soma da coluna dos saldos credores. Se porventura, ocorrer uma diferença entre os débitos e créditos no balancete e, sabendo-se que SOMA das duas co- 77CONTABILIDADE EMPRESARIAL lunas está correta, deduzimos que pode ter ocorrido uma das seguintes situações: Fato contábil debitado e não creditado ou vice-versa. Fato contábil debitado por um valor e creditado por outro valor. Fato contábil debitado ou creditado em duplicidade. O Balancete de Verificação compreende uma listagem de contas com sua titulação prevista no Plano de Contas e que tenham registro inicial e posterior de valores monetários corres- pondentes ao movimento do mês ou acumulado dos meses, total de débito e de crédito, e respectivo saldo, devedor ou credor. Elaboração do balancete de verificação O formato dos Balancetes varia de empresa para empresa, de acordo com as necessidades de cada uma. Balancete é uma relação de contas extraídas do Livro Razão (ou Razonetes), com seus saldos devedores e credores. Os Balancetes podem diferir uns dos outros em relação ao número de colunas. Há Balancetes que poderão conter apenas duas colunas – uma destinada ao saldo devedor, e outra, ao saldo credor de cada conta; outros poderão apresentar colunas destinadas ao movimento de cada conta, aos ajustes efetuados para apuração do resultado, aos saldos, etc. Veja um modelo de Balancete com duas colunas, sendo uma destinada ao saldo devedor, e outra, ao saldo credor de cada conta: BALANCETE DE VERIFICAÇÃO CONTA (Descrição) DÉBITO CRÉDITO TOTAL (exemplo) 45.000,00 45.000,00 78CONTABILIDADE EMPRESARIAL Para a elaboração do Balancete, cada conta será transferida do Razonete para o Balancete; com o respectivo saldo. Assim, se a conta no Razonete apontar saldo devedor, este saldo será transportado para a coluna do saldo devedor do Balancete; se conta apresentar no Razonete saldo credor, este saldo será transportado para a coluna do saldo credor no Balancete. Balancete Sintético Apresenta apenas uma relação das contas, com as colunas indicativas dos débitos e créditos, com os respectivos saldos. Balancete Analítico Apresenta as contas já classificadas em grupos e subgrupos para confecção das demonstrações contábeis, com os respecti- vos saldos nas colunas de débito ou crédito, conforme o caso. 79CONTABILIDADE EMPRESARIAL Síntese Na unidade 3 aprendemos a escrituração que é a parte prática da contabilidade. A escrituração são os lançamentos contábeis, e esses lançamentos são feitos através do mecanis- mo de crédito e débito, que geram os razonetes (contas “T”) e consequentemente os livros contábeis, razão e diário. Essa é atividade diária do contabilista. 80CONTABILIDADE EMPRESARIAL ATIVIDADES 1. Em que consiste a Escrituração? 2. Quando se inicia o processo da Escrituração? 3. Cite três documentos usados como suporte para os registros contábeis. 4. Escolha a alternativa correta: A Escrituração começa pelo livro: ( ) Registro de Inventário. ( ) Contabilidade. ( ) Caixa. ( ) Diário. 5. Coloque V se a afirmativa for verdadeira e F se for falsa: ( ) A Escrituração no livro Diário poderá ser feita sem que haja documentos comprobatórios. ( ) A Escrituração no livro Diário poderá ser feita mediante qualquer comprovante. ( ) Não se pode escriturar nada nos livros contábeis sem que haja documentos idôneos que comprovem a veracidade do registro. ( ) O Capital Inicial de uma empresa só poderá ser constituído por dinheiro. ( ) O Capital Inicial de uma empresa não poderá ser constituído por dinheiro. ( ) O Capital Inicial de uma empresa não será necessariamente constituído apenas por dinheiro. 6. Indique a natureza das contas, colocando as seguintes letras de referência: D = Devedora C = Credora ( ) Caixa ( ) Bancos conta Movimento ( ) Estoque de Mercadorias ( ) Duplicatas a Receber ( ) Fornecedores ( ) Capital ( ) Veículos ( ) Juros Passivos ( ) Receitas de Serviços ( ) Impostos ( ) Fretes e Carretos ( )Móveis e Utensílios ( ) Impostos a Pagar 81CONTABILIDADE EMPRESARIAL DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E SUAS ANÁLISES O relatório contábil é a exposição resumida e ordenada de dados colhidos pela contabilidade. Também conhecido como informes contábeis. O objetivo é relatar às pessoas (usuários da contabilidade) os principais fatos registrados pela contabilidade em determinado período, através das demonstrações contábeis. Na quarta unidade, conheceremos os diferentes tipos de demonstrações contábeis exigidos por lei, suas formas básicas e de que maneira são utilizados para a análise dos gestores das companhias. 82CONTABILIDADE EMPRESARIAL DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS O objetivo principal da Contabilidade é coletar, registrar, resumir, analisar e relatar, em termos monetários, informações acerca dos negócios das empresas. As demonstrações contábeis têm a finalidade de fornecer informações sobre a posição patrimonial e financeira, o desem- penho e as mudanças na posição financeira da entidade, que sejam úteis a um grande número de usuários em suas avaliações e tomadas de decisão econômica. Ela também apresenta os resultados da atuação da Administração na gestão da entidade e sua capacitação na prestação de contas quanto aos recursos que lhe foram confiados. Os Relatórios Contábeis/Demonstrações Contábeis são uma exposição resumida dos dados coletados pela contabili- dade. Esses relatórios têm por objetivo relatar aos usuários da contabilidade (pessoas que utilizam à contabilidade) os fatos ocorridos na entidade em determinado período. Também conhecidos como Informes Contábeis, os mais importantes são as demonstrações financeiras (terminologia utilizada pela Lei das Sociedades Anônimas – Lei 6.404/76) ou demonstrações contábeis (terminologia preferida pelos con- tadores). De acordo com o artigo 176 da Lei 6404/76, ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com base na escritu- ração mercantil da Companhia, as seguintes demonstrações financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação do Patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no exercício: 1. Balanço Patrimonial; 2. Demonstração de Resultado do Exercício – DRE; 3. Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados; 4. Demonstração dos Fluxos de Caixa (Lei 11.638/2007), substituindo o DOAR; 83CONTABILIDADE EMPRESARIAL 5. Demonstração do Valor Adicionado, para as Companhias Abertas; Em substituição à Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados, as empresas podem elaborar a Demonstração de Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL). As Empresas conhecidas como Sociedades Anônimas de Capital Aberto (S.A) que negociam títulos no mercado de capitais, são obrigadas a publicar seus resultados anualmente nos jornais de maior circulação do país, e trimestralmente para a CVM (comissão de valores mobiliários). Acompanham as Demonstrações Financeiras: Notas Explicativas, Relatório de Diretoria e Parecer dos Auditores Independentes. Balanço Patrimonial O objetivo do balanço patrimonial é apresentar, de uma forma ordenada e padronizada, a situação econômica e finan- ceira de uma empresa num determinado período. Para Ribeiro (2010, p. 340) o Balanço Patrimonial é a “Demonstração Financeiraque evidências, resumidamente, o Patrimônio da empresa, quantitativa e quantitativamente”. De acordo com Iudícibus (2010, p. 161) o Balanço Patri- monial “é a demonstração que encerra a sequência dos pro- cedimentos contábeis, apresentando de forma ordenada os três elementos componentes do patrimônio: Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido”. É a demonstração que apresenta todos os bens e direitos da empresa, assim como as obrigações em determinada data. A diferença entre o Ativo e Passivo é chamado de Patrimônio Líquido e representa o capital investido pelos proprietários da empresa, quer através de recursos trazidos de fora da empresa, quer gerados por esta em suas operações e retidos internamente. 84CONTABILIDADE EMPRESARIAL A grande importância do Balanço Patrimonial reside na visão de que ele dá das aplicações de recursos feitas pela em- presa (Ativos) e quantos desses recursos são devidos a terceiros (Passivos). Evidencia o nível de endividamento, a liquidez da empresa, a proporção do capital próprio (Patrimônio Líquido) e outras análises. A visão de dois balanços consecutivos mostra facilmente a movimentação ocorrida e como a estrutura patri- monial e financeira se modificou no período. É uma palavra grega composta de duas partes: “bi” e “lan- cis”. “Bi” significa dois e “lancis” é traduzido por pratos de balança., de onde vem o equilíbrio patrimonial. Mostra a po- sição financeira de uma empresa em um momento específico e informa a capacidade de geração dos f luxos futuros de caixa. É a fotografia da empresa numa determinada data. Estrutura resumida do Balanço patrimonial: Principais grupos do ativo É a parte positiva da posição patrimonial e identifica onde os recursos foram aplicados. Representa os benefícios presentes e futuros para a empresa. Deve ser compreendido como o conjunto de recursos finan- ceiros e econômicos que são administrados de forma a gerarem mais recursos financeiros e econômicos. A finalidade de uma empresa é o lucro, e o Ativo é a aplicação de bens e direitos de modo a produzir lucro. CONTEÚDO DO BALANÇO ATIVO PASSIVO Ativo Circulante Passivo Circulante Ativo não circulante (dividido em): Passivo não circulante - Realizável a Longo Prazo Patrimônio Líquido - Investimentos - Ativo Imobilizado - Ativo Intangível 85CONTABILIDADE EMPRESARIAL Para que algo possa ser considerado um ativo, é necessário que ele cumpra quatro requisitos: constituir bem ou direito para a empresa, ser de propriedade, posse ou controle da so- ciedade, ser mensurável monetariamente e trazer benefícios (ou expectativa de benefícios) para a empresa. O dinheiro é o ativo por excelência, pois é o meio de troca da economia e sua liquidez é plena. As contas do ativo devem ser dispostas em ordem decres- cente de liquidez e classificadas nos seguintes grupos: Ativo circulante Os principais grupos são Disponível, Clientes, Estoques. São todos os direitos que a empresa irá receber até um prazo de 12 meses. Ativo não circulante Com a publicação da Medida Provisória 449 /2008 foi criado o Ativo Não Circulante, composto pelos grupos Rea- lizável a Longo Prazo, Investimento, Imobilizado e Intangí- vel. A Medida Provisória 449/2008 foi transformada na Lei 11941/2009. É composto por ativo realizável a longo prazo, investimen- tos, imobilizado e intangível. Ativo realizável a longo prazo: Direitos realizáveis após o prazo de 12 meses. Direitos derivados de adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou controladas, diretores, acionistas ou participantes no lucro da companhia. Exemplos de contas: Depósitos Judiciais, Impostos a Recuperar. Investimentos: Participações permanentes no capital social de outras sociedades e outros direitos permanentes que não se destinam à manutenção das atividades da sociedade. Exemplo: Investimento em ações, obras de arte. O CPC 26 (Comitê de Pronunciamentos Contábeis) inclui como sugestão para o disponível, o uso da conta caixa e equivalente de caixa. É o grupo conhecido como Capital de Giro da Empresa. 86CONTABILIDADE EMPRESARIAL Imobilizado: Direitos que tenham por objeto bens corpó- reos destinados à manutenção das atividades da companhia ou exercidos com essa finalidade e os decorrentes de operações que transfiram à companhia os benefícios, riscos e controle desses bens. Exemplo: Terrenos, edifícios, máquinas e equipamentos. Intangível: Grupo novo previsto com a Lei 11638/2007. Direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido. Principais grupos do passivo São obrigações da empresa, contraídas junto à outra (s) pessoa (s) físicas ou Jurídicas. São as origens que financiam a empresa, podendo ser de curto prazo ou longo prazo. Eviden- cia toda a obrigação, dívida, que a empresa tem com terceiros; contas a pagar, fornecedores, impostos a pagar, financiamentos. O Passivo é uma obrigação exigível, isto é, quando a dívida vencer, será reclamada a liquidação. Por isso, é mais adequado chamá-lo de passivo exigível. As contas do Passivo devem ser dispostas em ordem cres- cente de exigibilidade e classificadas nos seguintes grupos: • Passivo Circulante No Passivo Circulante, é esperada sua liquidação dentro dos 12 meses seguintes à data final do Balanço. São as obri- gações com: Terceiros, Tributárias, Trabalhistas e Previdenci- árias e Outras Obrigações. Exemplos de contas: fornecedores, empréstimos, impostos a pagar, encargos sociais a recolher, salários a pagar. • Passivo Não Circulante O Passivo Não Circulante é composto por obrigações com vencimento após o término do exercício social seguinte, ou seja, no prazo superior a 12 meses seguintes à data do Balanço: Com as alterações feitas pela Lei 11638/2007, Medida Provisória 449/2008, Lei 11941/2009 e Resolução 1157 do CFC fica criado a seguinte estrutura para o Passivo: Passivo Circulante, Passivo Não Circulante e o Patrimônio Líquido. 87CONTABILIDADE EMPRESARIAL Fornecedores de Longo Prazo. As antigas contas do Grupo Resultado de Exercícios Futuros serão classificadas nesse grupo. • Patrimônio Líquido Evidências recursos dos proprietários aplicados no em- preendimento. O investimento inicial dos proprietários é de- nominado de Capital. Se houver outras aplicações por parte dos proprietários e acionistas, teremos acréscimo ao Capital. Aumenta pelos lucros gerados ao longo dos anos, por novas integralizações dos acionistas e reduz com os prejuízos gerados ao longo. É conhecido como o capital próprio da empresa. Exemplos das contas do Patrimônio Líquido: Capital Social, Reservas de Capital, Reservas de Lucros e Lucros ou Prejuízos Acumulados. Exemplos de Balanço Patrimonial: Há duas formas de se apresentar o Balanço Patrimonial: Horizontal, o passivo ao lado do ativo. Vertical, o passivo abaixo do ativo. Os exemplos a seguir serão demonstrados na forma hori- zontal. Observe o Balanço Patrimonial a seguir e suas prin- cipais contas. Dica: Todos os balanços das Companhias Abertas estão disponíveis no site: http://www.cvm.gov.br. 88CONTABILIDADE EMPRESARIAL BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO Ativo Circulante Passivo Circulante DISPONIBILIDADES OBRIGAÇÕES FINANCEIRAS Caixa e bancos Aplicações financeiras de Liquidez imediata Duplicatas a pagar Empréstimos e financiamentos a pagar CLIENTES OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS Duplicatas a receber (-) Duplicatas descontadas (-) Provisão para créditos de Liquidação Duvidosa Impostos, taxas e contribuições a recolher Provisão para IRPJ e CSLL OUTROS CRÉDITOS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS E PREVIDENCIÁRIAS Adiantamentos a fornecedores Ordenados e salários a pagar Encargos sobre salários a pagar Provisão para 13º salário com encargos Provisão para férias e encargos TRIBUTOS A RECUPERAR OUTRAS OBRIGAÇÕES Impostos e contribuições a recuperar Contas a pagar INVESTIMENTOS TEMPORÁRIOS A CURTO PRAZO PARTICIPAÇÕES E DESTINAÇÕES DO LUCRO LÍQUIDO Ações deoutras empresas Participações de empregados a pagar Dividendos a pagar ESTOQUES Estoques matérias-primas/Mercadorias DESPESAS DO EXERCÍCIO SEGUINTE Prêmios de seguros a vencer TOTAL ATIVO CIRCULANTE TOTAL PASSIVO NÃO CIRCULANTE Ativo não-circulante Ativo realizável a longo prazo Passivo não-circulante Passivo exigível a longo prazo 89CONTABILIDADE EMPRESARIAL CLIENTES OBRIGAÇÕES COM TERCEIROS Duplicatas a receber Duplicatas a pagar Empréstimos e financiamentos a pagar Empréstimos a pagar para pessoas ligadas CRÉDITOS COM PESSOAS LIGADAS RECEITAS DIFERIDAS Empréstimos a diretores Receitas recebidas antecipadamente(-) Custos, despesas ou encargos TOTAL REALIZÁVEL A LONGO PRAZO TOTAL PASSIVO NÃO CIRCULANTE PATRIMÔNIO LÍQUIDO Investimentos Capital Social Participação em outras empresas Imóveis de renda Outros investimentos Capital social subscrito(-) Capital social a realizar Imobilizado Reservas de Capital Prédios Terrenos Veículos Mobiliários e Utensílios (-) depreciação acumulada Equipamentos de escritório Reserva de agio na emissão de ações/quotas INTANGÍVEL RESERVAS DE LUCROS Marcas e patentes Fundo de comércio (-) amortização acumulada Reserva legal Reserva estatuária Reserva de lucros a realizar (-) Ações em tesouraria (-) Prejuízos acumulados TOTAL DO ATIVO PERMANENTE TOTAL DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO TOTAL DO ATIVO TOTAL DO PASSIVO 90CONTABILIDADE EMPRESARIAL DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE) Relatório contábil destinado a evidenciar a composição do resultado formado em um determinado período de operações da entidade. Evidencia os vários níveis de resultados mediante confronto entre as receitas e os correspondentes custos e despe- sas. Evidencia também o resultado econômico, isto é, o lucro ou o prejuízo apurado pela empresa no desenvolvimento de suas atividades durante determinado período, que geralmente é igual a um ano. As receitas e despesas de uma empresa representam, res- pectivamente, acréscimo e diminuição de seu patrimônio lí- quido. Essas receitas e despesas são controladas em contas específicas que, em geral, são de grande volume, chamadas contas de resultado. Ao final de cada exercício, é necessário que essas contas sejam encerradas para que possam ser conhecidos os resultados do exercício; esses resultados possam ser apresentados de modo ordenado e de fácil entendimento. A empresa deve informar, como foi obtido o resultado do exercício que foi transferido para a conta “Lucros ou prejuízos acumulados”. Essa informação é dada, em maior parte, através da demonstração do resultado do exercício, que nada mais é do que uma apresentação das contas de receitas e despesas feitas de modo ordenado. Tal ordenação se baseia, principalmen- te, na divisão de receitas e despesas entre operacionais e não operacionais e em sua apresentação na forma indicada pela legislação vigente. Resumindo: O Balanço Patrimonial sempre é uma demonstração que informa a posição econômico-financeira da empresa na data em que for elaborado. A demonstração de Resultado do Exercício é uma forma estruturada de se evidenciar a composição do resultado econômico da entidade, ou seja, é um critério de se organizarem as receitas auferidas e as despesas incorridas no período. 91CONTABILIDADE EMPRESARIAL É uma demonstração que evidencia o resultado econômico da empresa, pois a transformação do Lucro em Fluxo de Caixa irá depender do ciclo financeiro da empresa (Prazo de Giro dos Estoques, Prazo Médio de Recebimento e Prazo Médio de Pagamento dos Fornecedores). A Demonstração de Resultados do Exercício é o relatório que evidências de forma ordenada, o resumo das receitas e despesas ocorridas em determinado período. É apresentada de forma vertical, partindo das receitas e as devidas deduções, obtendo no final o resultado líquido (lucro ou prejuízo). Estrutura da DRE Segundo Ribeiro (2010 p.345) “Essa demonstração evi- dencia o Resultado que a empresa obteve (lucro ou prejuízo) no desenvolvimento de suas atividades durante um determinado período, geralmente igual a um ano”. Um princípio contábil que norteia todo o Demonstrativo de Resultado e demais Demonstrações Financeiras é a apli- cação do regime de competência para apropriação de receitas e despesas, independente do pagamento ou recebimento, os lançamentos dentro do período m que incorrerem (já comen- tamos na unidade 1). Antes de abordarmos mais detalhadamente seus compo- nentes, cabe destacar dois aspectos fundamentais que devem nortear a contabilidade das empresas no reconhecimento con- tábil das receitas, custos e despesas, aspectos esses expressos nos § 1º do art. 187 da referida Lei, como segue: “§ 1º Na determinação do resultado do exercício serão computados: As receitas e os rendimentos ganhos no período, indepen- dentemente da sua realização em moeda; e 92CONTABILIDADE EMPRESARIAL Os custos, despesas, encargos e perdas, pagos e incorridos, correspondentes a essas receitas e rendimentos”. Essas conceituações da Lei representam basicamente um dos pressupostos básicos, presente no Pronunciamento Con- ceitual Básico - Estrutura Conceitual, denominado Regime de Competência, que, por sua vez, pressupõe a confrontação entre receitas e despesas, conforme descrito no item 95 do Pronunciamento Técnico do CPC supracitado: “95. As despesas são reconhecidas na demonstração do resultado, com base na associação direta entre elas e os corres- pondentes itens de receita. Esse processo, usualmente chamado de confrontação entre despesas e receitas (Regime de Compe- tência), envolve o reconhecimento simultâneo ou combinado das receitas e despesas que resultem diretamente das mesmas transações ou outros eventos; (...)”. É, por decorrência desse pressuposto, que, por exemplo: • A receita de venda é contabilizada por ocasião da venda e não quando de seu recebimento. • A despesa de pessoal (salários e seus encargos) é reconhe- cida no mês em que se recebeu tal prestação de serviços, mesmo sendo paga no mês seguinte. • Uma compra de matéria-prima é contabilizada quando do recebimento da mercadoria e não do seu pagamento. • Despesa do Imposto de Renda é registrada no mesmo período dos lucros a que se refere e, não no exercício seguinte, quando for declarada e paga. 93CONTABILIDADE EMPRESARIAL Apresentação - DRE O objetivo da Demonstração do Resultado do Exercício é fornecer aos usuários das demonstrações financeiras da em- presa, os dados básicos e essenciais da formação do resultado (lucro ou prejuízo) do exercício. O art. 187 da Lei das Sociedades por Ações disciplina a apresentação dessa Demonstração, visando a atender a tal objetivo, pois, resumindo, a Demonstração é iniciada com o valor total da receita apurada em suas operações de vendas, da qual é deduzido o custo total correspondente a essas vendas, apurando-se a margem bruta, ou seja, o lucro bruto. São, então, apresentadas as despesas operacionais segregadas por subtotais, conforme sua função, quais sejam: • Despesas com vendas; • Despesas financeiras deduzidas das receitas financeiras; • Despesas gerais e administrativas; • Outras despesas e receitas operacionais. • Assim, deduzindo-se as despesas operacionais totais do lucro bruto, apresenta-se o lucro operacional, outro dado importante na análise das operações da empresa. Após o lucro operacional, apresentam-se as outras receitas e despesas, apurando-se então o resultado antes dos tributos (imposto de renda e contribuição social sobre o lucro). Deduz-se, a seguir, imposto de renda e contribuição social a pagar e, finalmente, as participações de terceiros, não na forma de acionistas, calculáveis sobre o lucro, tais como empregados, chegando-se, assim, ao lucro ou prejuízo líquido do exercício, que é o valor final da Demonstração 94CONTABILIDADE EMPRESARIAL Modelo de DRE A seguir apresentaremos o modelo básico de DRE: Receita Bruta Todas as receitas de vendas ocorridas no período. (-) Deduções Neste grupo encontram-se asdevoluções de mercadorias ocorridas e os impostos, incidentes sobre as vendas. (ICMS, PIS, ISS e COFINS) (=) Receita Operacional Líquida-ROL A diferença entre a Receita Bruta e as Deduções (-) Custo do Produto São os custos de fabricação dos produtos (CPV) ou comercializados (CMV) ou Custo dos Serviços Prestados (CSP) (=) Lucro Bruto A diferença entre a Receita Líquida e o Custo do Produto Vendido ou Serviço Prestado. Este valor constitui a Margem de Contribuição. (-) Despesas com Vendas Despesas referentes a comercialização dos produtos, diretamente vinculadas à venda Exemplo: Propaganda, Comissões de vendas, Representantes, Fretes, etc. (-) Despesas Administrativas São as despesas incorridas para administrar a empresa, geralmente fixas. Exemplo: Despesas de pessoal da administração, Material de Expediente, Aluguel, alimentação, etc (+ /-) Equivalência Patrimonial Despesa ou Receita com o do Resultado da Equivalência Patrimonial (+ /-) Outras Receitas/Despesas A diferença entre as receitas e as despesas que não são da atividade operacional da empresa. Exemplo: Venda de Imobilizado e Outras Despesas/Receitas Operacionais (=) Lucro Operacional Lucro Bruto, deduzido das despesas operacionais e resultado da Equivalência Patrimonial (+ /-) Despesas/Receitas Financeiras São as receitas obtidas através de juros, (aplicações financeiras, juros cobrados), deduzido das despesas de juros incorridos de empréstimos bancários. (=) Resultado antes dos Tributos sobre o lucro Diferença entre o Resultado Antes das Receitas e Despesas Financeiras e as Despesas Financeiras Líquidas (-) Imposto de Renda / Contribuição Social Impostos calculados sobre o Lucro (-) Participações de Empregados e administradores Valores Pagos a Empregados e Administradores que não se caracterizam como Despesas (=) Lucro Líquido Resultado final 95CONTABILIDADE EMPRESARIAL Receita Bruta: é o somatório das receitas de exploração das atividades que constam no objetivo da empresa, ou seja, são as geradas pelas atividades às quais a empresa se dedica. Deduções da Receita Bruta: representa o somatório das deduções da Receita Bruta que são representadas por três gru- pos: devoluções de vendas, abatimentos sobre vendas e impos- tos e contribuições sobre vendas (ICMS, ISS, P IS sobre o faturamento e o COFINS). Quanto ao IPI, este não deve ser considera do neste título, pois o mesmo deverá ser deduzido diretamente na rubrica Venda de Produtos. Receita Líquida: é a receita real da empresa, pois os im- postos e abatimentos acabam aumentando a conta de receita bruta, sendo que esses valores são repassados para o governo. Custo dos Produtos e/ou Mercadorias Vendidos (CPV / CMV) e dos Serviços Prestados (CSP): refere-se ao custo da empresa para produzir ou vender um produto e/ou ainda para prestar um serviço. Os custos de produção (ou da merca- doria vendida) são obtidos por baixas nas contas de estoques determinadas por vendas realizadas, e o critério de avaliação adotado (PEPS, UEPS, preço médio ponderado, etc.), produz alterações em seus valores. Lucro Bruto: é a diferença entre a receita líquida e seus custos para poder obtê-la. Despesas Operacionais: Gastos para administrar a empresa como um todo. Não se relacionam diretamente ao produto, mas são necessárias para vendê-los, administrar a empresa e financiar as operações, ou seja, relacionam-se diretamente com o objeto do negócio da empresa. Despesas Administrativas: decorrem das atividades desen- volvidas na área administrativa. Gastos com pessoal e demais gastos necessários à administração da empresa compõem este grupo. 96CONTABILIDADE EMPRESARIAL Despesas de Vendas ou Comerciais: todas aquelas que ocorrem na área comercial da empresa. Englobam tantos gastos com pessoal como os demais, necessários ao desenvolvimento das atividades comerciais da empresa. Despesas e Receitas Financeiras: as despesas são apresen- tadas segregadas das receitas, evidenciando a diferença entre elas. Representam os juros pagos ou recebidos nas operações comerciais ou financeiras realizadas pela empresa. Outras Despesas Operacionais: se incluem aqui todas as despesas operacionais que não se enquadrem nos demais grupos de contas de despesas operacionais. Outras Receitas Operacionais: demais receitas, exceto financeiras, como aluguéis, variação monetária ativa, receitas de participações societárias, receitas eventuais, etc. Lucro ou Prejuízo Operacional: lucro corresponde ao lucro obtido no confronto entre o Lucro Bruto acrescido das demais Receitas Operacionais e deduzido das demais Despesas Operacionais. Quando o total dos Custos Operacionais mais as Despesas Operacionais forem superiores ao total da Receita Operacional Líquida mais as demais Receitas Operacionais, esse resultado corresponderá a prejuízo chamado de Prejuízo Operacional. Outras Receitas e Outras Despesas: aqui devem ser consi- deradas aquelas anteriormente chamadas de não operacionais. São raras, extraordinárias, incomuns e alheias à vida normal da empresa, ou seja, baixa de investimentos, ganhos ou perdas nas vendas de bens do ativo imobilizado ou intangível. Provisão para Contribuição Social e Imposto de Ren- da: calculadas sobre o Lucro Real que é o Lucro Líquido do Exercício ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas pela legislação. Sempre é importante consultar a legislação em vigor para verificar os critérios de cálculo dessas provisões. 97CONTABILIDADE EMPRESARIAL Resultado do Exercício após o Imposto de Renda (ou após a Tributação, ou após as Deduções): É obtido após as dedu- ções das participações e contribuições do lucro remanescente depois de deduzida a provisão para imposto de renda. Essas deduções referem-se às participações de debêntures, de empre- gados, de administradores e partes beneficiárias, assim como, às contribuições para instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados. Reversão de Juros sobre o Capital Próprio: é uma norma que deve ser observada pelas sociedades anônimas de capital aberto sempre que optarem por contabilizar juros remunera- tórios do capital próprio como despesas financeiras. Exemplo prático de elaboração do DRE: Com base na relação de contas a seguir, extraída do livro Razão da empresa Indústria Exemplo S.A, em 31/12/X1, na qual constam contas já encerradas (Contas de Resultado) e abertas (Contas Patri- moniais), elaborar a Demonstração do Resultado do Exercício. Conta Valor em R$ Vendas 1.929.975,00 Impostos e Contribuições sobre Vendas 496.000,00 Custo das Mercadorias Vendidas (CVM) 336.500,00 Fretes e Carretos 30.000,00 Despesas com Créditos de Liquidação Duvidosa 6.000,00 Juros Passivos 5.000,00 Juros Ativos 45.000,00 Aluguéis Passivos 139.000,00 Depreciação 237.175,00 Encargos Sociais 71.000,00 Material de Expediente 25.000,00 Prêmios de Seguros 15.000,00 Salários 200.000,00 Provisão para a Contribuição Social s/L.Líquido 37.663,00 Provisão para Imposto de Renda 94.159,00 98CONTABILIDADE EMPRESARIAL Para elaborar a Demonstração do Resultado do Exercício, devemos reunir as Contas de Despesas e de Receitas em seus respectivos grupos, conforme consta na próxima Demonstra- ção. Veja como agruparemos as referidas contas para a solução deste exemplo: Após essa separação, podemos elaborar de forma simplifi- cada o nosso DRE, seguindo o modelo apresentado anterior- mente, lembrando sempre que a última linha é resultado final, onde apuraremos o lucro ou prejuízo. Despesas com Vendas Fretes e Carretos 30.000,00 Despesas com Créditos de L. Duvidosa 6.000,00 Total 36.000,00 Despesas Financeiras Juros Passivos 5.000,00 Receitas Financeiras Juros Ativos 45.000,00 Despesas Gerais e Administrativas Aluguéis Passivos 139.000,00 Encargos Sociais 71.000,00 Material de Expediente 25.000,00 Prêmios de Seguros 15.000,00 Salários 200.000,00 Depreciação 237.175,17 TOTAL 687.175,17 Resumindo: A DRE é nada mais é que adiferença do que foi vendido menos o que foi gasto em um determinado período (1 mês, 1 ano), obtendo dessa forma o lucro ou prejuízo. 99CONTABILIDADE EMPRESARIAL DRE – Demonstrativo do Resultado do Exercício (+) Receita Operacional Bruta 1.929.975 Venda de Produtos, Mercadoria e/ou Prestação de Serviços 1.929.975 (-) Deduções da Receita Bruta 496.000 Impostos e Contribuições sobre Vendas 496.000 (=) Receita Operacional Líquida 1.433.975 (-) Custos dos Produtos, Mercadorias e Serviços Vendidos 336.500 CPV, CMV ou CSP. 336.500 (=) LOB – Lucro Operacional Bruto 1.097.475 (-) Despesas Operacionais 723.175 (-) Despesas c/ Vendas 36.000 Fretes e Carretos 30.000 Despesas c/ crédito duvidoso 6.000 (-) Despesas Administrativas 687.175 Aluguéis 139.000 Encargos Sociais 71.000 Material de Expediente 25.000 Prêmio de Seguros 15.000 Salários 200.000 Depreciações 225.250 Amortizações 11.925 (=) Lucro Operacional antes do resultado financeiro 374.300 Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados A Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) é um relatório contábil que tem por finalidade eviden- ciar o saldo inicial da conta Prejuízos Acumulados, os ajustes de Exercícios anteriores, as recessões de reservas, o Lucro líquido do Exercício e a sua destinação. Sua obrigatoriedade é apenas para empresas com sociedades limitadas, enquanto outros tipos de empresa podem optar por incluir essa demonstração das mutações do patrimônio líquido (DMPL) e lucros ou prejuízos acumulados. (+/-) Resultado Financeiro 40.000 (+) Receita Financeira 45.000 Juros Ativos 45.000 (-) Despesas financeiras 5.000 Juros Passivos 5.000 (=) Resultado (Lucro ou Prejuízo) antes do IRPJ e CSLL 414.300 (-) Provisão para CSLL 37.663 (-) Provisão para IRPJ 94.159 (=) Resultado Líquido (Lucro ou Prejuízo) do Exercício. 282.478 100CONTABILIDADE EMPRESARIAL Vejamos o que dispõe o artigo 186 da Lei nº 6.404/76: A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados dis- criminará: I. O saldo do início do período, os ajustes de exercícios anteriores e a correção monetária do saldo inicial; II. As reversões de reservas e o lucro líquido do exercício; III. As transferências para reservas, os dividendos, a par- cela dos lucros incorporada ao capital e o saldo ao fim do período. § 1º - Como ajustes de exercícios anteriores serão conside- rados apenas os decorrentes de efeitos de mudança de critério contábil, ou da retificação de erro imputável a determinado exercício anterior, e que não possam ser atribuídos a fatos subsequentes. § 2º - A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados deverá indicar o montante do dividendo por ação do capital social e poderá ser incluída na demonstração das mutações do patrimônio líquido, se elaborada e publicada pela companhia. Na DLPA, é calculado e definido o lucro ou prejuízo anual da empresa, que é transferido para o relatório e conta de lucros acumulados. Com base nessas informações, é possível observar as variações de caixa da empresa, os períodos em que houve maior lucro e também maior prejuízo, assim como a extensão de crescimento possível da empresa. Conhecer com detalhes suas reservas significa conhecer as perspectivas da empresa para o futuro. Dessa forma, sua diretoria e contabilidade sabem com detalhes seu capital de giro, suas possibilidades de expansão, se há como investir em novos produtos, instalações ou até mesmo em outras filiais. 101CONTABILIDADE EMPRESARIAL Demonstração do Fluxo de Caixa É o Relatório contábil que tem por fim evidenciar as tran- sações ocorridas em um determinado período e que provocaram modificações no saldo da conta Caixa. E, ainda, é a demons- tração sintetizada dos fatos administrativos que envolvem os f luxos de dinheiro ocorridos durante determinado período na conta Caixa. Fluxos de caixa compreendem entradas e saídas de dinheiro na empresa. A Lei 11.638/07 tornou obrigatória a evidenciação da Demonstração dos Fluxos de Caixa. O Comitê de Pronun- ciamentos Contábeis emitiu o Pronunciamento Técnico nº 03 apresentando as normas para sua elaboração. A demonstração dos Fluxos de Caixa mostra as origens e aplicações de caixa e seus equivalentes, que é a base para ava- liação da situação financeira da empresa e sua capacidade de pagamento das obrigações. Essa demonstração auxilia a res- ponder a perguntas vitais, como: “Onde foi obtido o dinheiro?” e “Onde o dinheiro foi aplicado e com que objetivo?”. O caixa é vital para o bom funcionamento de qualquer empresa, e o modo como os f luxos de caixa são administra- dos poderá determinar o sucesso ou fracasso de uma empresa. As contas devem ser pagas em seu vencimento, e o dinheiro excedente poderá ser aplicado na compra de estoque, de equi- pamentos ou na geração de rendimentos financeiros. A DFC (Demonstração do Fluxo de caixa) é relativamente parecida com a DOAR e, pela nova Lei, vem em substituição a esta. Enquanto o DOAR trabalha com a variação do Capital Circulante Líquido (CCL), a DFC trabalha com a variação do Caixa e Equivalente à Caixa (Variação do saldo do Caixa no Final e no início de um período). Caixa compreende numerário em espécie e depósitos bancários disponíveis. Equivalentes de caixa são aplicações financeiras de curto prazo, de alta liquidez, que são conversíveis em dinheiro e têm um grau de risco baixo em função de mudança de valor. Abrangem investimentos resgatáveis em até três meses e que tenham altíssima liquidez. 102CONTABILIDADE EMPRESARIAL Exemplo de Demonstração do Fluxo de Caixa: Custos e Despesas que reflete no fluxo de Caixa É fundamental que o gestor administrativo conheça toda a estrutura de custos e despesas da empresa, para buscar receitas que maximizem os resultados de suas operações. Através das técnicas de análises das demonstrações contábeis que serão tratadas, no próximo capítulo, o gestor encontrará subsídios que irão lhe assegurar a conhecer a situação de uma empresa. Fluxo de Caixa - Método Indireto Ano Atual Ano Anterior Fluxos operacionais Resultado líquido (+) Depreciações e amortizações (Aumento) Redução de Clientes (Aumento) Redução de Impostos a Recuperar (Aumento) Redução de Estoques (Aumento) Redução de Despesa pagas antecipadamente Aumento (Redução) em Fornecedores Aumento (Redução) de Obrigações Sociais e Trabalhistas Aumento (Redução) de Obrigações Tributárias Aumento (Redução) de Adiantamentos Aumento (Redução) de Outras Obrigações Caixa líquido das atividades operacionais (1) Fluxos de investimentos (-)Compra de ativo imobilizado (+)Recebimento da venda de imobilizado (+)Juros recebidos (+)Dividendos recebidos Caixa líquido das atividades de investimentos (2) Fluxos de financiamentos (+)Integralização de aumento de capital (-)Pagamento de empréstimos e financiamentos Novos empréstimos e financiamentos Caixa líquido das atividades de financiamentos (3) Aumento / redução de caixa (1+2+3) Saldo inicial de caixa Saldo final de caixa 103CONTABILIDADE EMPRESARIAL Demonstração do Valor Adicionado A DVA (Demonstração do Valor Adicionado) foi inserida pela Lei nº 11.638/2007, (artigo 176, inciso V), no conjunto de demonstrações financeiras que as companhias abertas devem apresentar ao final de cada exercício social, estando, portanto, sujeita a todas as regras de aprovação. O artigo 188, inciso II da Lei das S/A, informa que a De- monstração do Valor Adicionado indicará: o valor da riqueza gerada pela companhia, a sua distribuição entre os elementos que contribuíram para a geração dessa riqueza, tais como empre- gados, financiadores, acionistas, governo e outros, bem como a parcela da riqueza não distribuída. O valor adicionado de uma empresa, elaborado na forma contábil, representa o quanto de valor ela agrega aos insumos que adquire num determinado período, sendo obtido, de forma geral, pela diferença entre vendas e o total dos insumos adquiridos de terceiros. Esse valor terá também o significado de toda a remuneraçãodos esforços aplicados na atividade da empresa. Sob uma abordagem mais ampla, a Contabilidade utiliza a Demonstração do Valor Adicionado para identificar e divulgar quanto a atividade da empresa gera de recursos adicionais para a economia local, como e para quem os distribui. A Demonstração do Valor Adicionado, que também pode integrar o Balanço Social, constitui desse modo, uma importante fonte de informações, à medida que apresenta esse conjunto de elementos que permitem a análise do desempenho econômico da empresa, evidenciando a geração de riqueza, assim como dos efeitos sociais produzidos pela distribuição dessa riqueza. Além das informações contidas nos grupos relacionados no modelo da Demonstração do Valor Adicionado, a entidade deve acrescentar ou detalhar outras linhas na Demonstração do Valor Adicionado quando o montante e a natureza de um item ou o somatório de itens similares forem de tal magnitude que a apresentação em separado ajuda na apresentação mais adequada da Demonstração do Valor Adicionado. 104CONTABILIDADE EMPRESARIAL De acordo com a chamada “Nova Lei Contábil”, a Lei nº 11.638/2007 de 28/12/2007 que a altera a Lei nº 6.404/776 as empresas S/A de Capital Aberto, ou seja, aquelas que movi- mentam ações no mercado de capitais, bem como as empresas Ltda. denominadas de “Grande Porte” com faturamento anual superior a R$ 240.000.000,00 estão obrigadas a publicar a Demonstração do Valor Adicionado. Na Demonstração do Resultado do Exercício, a parte de terceiros (capitalistas, empregados, governo) é considerada como despesas ou custos, porque, do ponto de vistas dos pro- prietários, esses valores distribuídos representam redução do lucro e, consequentemente, redução da parcela que cabe a cada proprietário. Como se pode observar, a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e a Demonstração do Valor Adicionado (DVA) têm enfoques bem diferentes e objetivam fornecer informações sob distintos pontos de vista, o que torna eficaz a necessidade que os usuários possuem de informações adicionais. A DVA indica, de forma clara e precisa, a parte da riqueza que pertence aos sócios ou acionistas; a que pertence aos demais capitalistas que financiam; e a parte que fica com o governo. 105CONTABILIDADE EMPRESARIAL Introdução à Análise das Demonstrações Contábeis Uma das principais finalidades da contabilidade é mos- trar periodicamente a situação patrimonial, financeira e de rentabilidade das empresas. Isso é feito com base no nos dois principais demonstrativos: Balanço patrimonial e a Demons- tração do Resultado do Exercício. Conforme (Ching, Marques e Prado, 2010) ao examinar essas demonstrações financeiras você estaria apto a: • Interpretar a situação econômico-financeira da empresa; • Identificar seus pontos fortes e fracos; • Medir sua capacidade de gerar lucro; • Identificar sua eficiência em gerenciar seus ativos; • Verificar maneiras de aumentar a rentabilidade do ne- gócio. A análise financeira de balanços é uma ferramenta pode- rosa à disposição das pessoas físicas e jurídicas relacionadas à empresa, como acionistas, dirigentes, bancos e fornecedores. A análise de Balanços objetiva extrair informações das De- monstrações Financeiras para a tomada de decisões. O montante de uma conta ou de um grupo patrimonial quando tratado isoladamente não retrata adequadamente a importância do valor apresentado e muito menos seu compor- tamento ao longo do tempo. Por exemplo, o total dos custos de produção, por si só, representa pouco para o analista, mas, se comparado com o montante das vendas ou com o valor desses mesmos custos levantados em outros exercícios sociais, refletirá com maior clareza sua posição. Assim, a comparação dos valores entre si e com outros de diferentes períodos oferecerá um aspecto mais dinâmico e elucidativo à posição estática das demonstrações contábeis. Esse processo de comparação, indispensável ao conhecimento 106CONTABILIDADE EMPRESARIAL da situação de uma empresa, é representado pelas análises horizontal, análise vertical e análise por índices. A análise financeira de balanços propicia as avaliações do patrimônio da empresa e das decisões tomadas, tanto em relação ao passado, retratado nas demonstrações financeiras, como em relação ao futuro, espelhado no orçamento financeiro. As duas principais características de análise de uma em- presa são a comparação dos valores obtidos em determinado período com aqueles levantados em períodos anteriores e o relacionamento desses valores com outros afins. Dessa maneira, pode-se afirmar que o critério básico que norteia a análise de balanços é a comparação. O processo de análise é direcionado conforme o interesse do usuário da informação contábil e financeira. O produto final da análise serão os relatórios escritos em linguagem objetiva e suportados por gráficos, tabelas ou pla- nilhas de forma gerencial de acordo com as necessidades do usuário ou padrões utilizados pela área de Controladoria. Visão Histórica Para uma compreensão da evolução das análises dos de- monstrativos, a seguir detalhamos uma visão cronológica do processo: • No final do século XIX, banqueiros americanos pas- saram a solicitar balanços das empresas tomadoras de empréstimos. • Em 9 de fevereiro de 1895, o Conselho Executivo da Associação de Bancos de Nova York recomendou a seus membros que solicitassem balanços aos tomadores de empréstimos. Relembrando que podemos dividir os usuários em dois grandes grupos: Internos Administração da empresa, sócios e funcionários E, Externos: Credores, fornecedores, bancos, governo, clientes, sociedade, etc. 107CONTABILIDADE EMPRESARIAL • Em 1900, a associação divulgou um formulário de pro- posta de crédito que inclua espaço para balanço. • Em 1919, Alexander Wall (considerado o pai da análise de balanços) desenvolveu um modelo de análises de índices; • Em 1925, Stephen Gilman propôs a análise horizontal. • Em 1930, surgiu na DuPont, um modelo de análise de rentabilidade Roi (Return on Investiment, ou Retorno sobre o Investimento) que apresentava o retorno em margem e giro. • Em 193l, a Dun & Bradstreet passou a elaborar e a divulgar índices padrões para os diversos ramos de ati- vidades dos EUA; • No Brasil, em 1968, foi criada a SERASA e surgiu a me- todologia de análise e de construção de índices - padrão. O processo de análise O processo de análise das demonstrações contábeis é com- posto dos seguintes procedimentos: Estrutura das demonstrações financeiras Para estruturar as demonstrações, é necessário padronizá- -las. As demonstrações contábeis costumam evidenciar deta- lhamentos que precisam sofrer condensação e críticas através de uma padronização, que é feita pelos seguintes motivos: • Simplificação: quanto maior o volume de contas mais difícil fica a visualização e a compreensão do todo. • Comparabilidade: como cada empresa possui o seu pró- prio plano de contas e diferenciado de outras empresas, Extração dos índices das demonstrações contábeis Comparação dos índices calculados com o padrão Ponderação das informações Elaboração dos diagnósticos Tomada de decisões 108CONTABILIDADE EMPRESARIAL tornam-se necessário agregar contas a fim de que os balanços se tornem comparáveis. • Adequação aos objetivos da análise: conforme o objetivo a que se propõe a análise, deve-se montar um modelo padrão que permita identificar os fatores importantes. • Precisão na classificação das contas: o analista poderá modificar as classificações que forem falhas, como, por exemplo, certos investimentos de caráter permanente que aparecem no ativo circulante, despesas do próprio Exer- cício que figuram como despesas do exercício seguinte, gastos, indevidamente lançados, como ativo diferido quando deveriam fazer parte das despesas ou perdas do exercício. • Descoberta de erros: A padronização possibilita melhor análise e descoberta de erros, tais como: estoques finais ou iniciaisque não coincidem; provisão para devedores duvidosos do balanço que não coincide com a que foi constituída na demonstração de resultado do exercício; e não-conciliação do patrimônio líquido final com os resultados do exercício mais o patrimônio líquido inicial. • Intimidade do analista com as demonstrações contábeis: A padronização obriga o analista a pensar em cada conta e a decidir sobre sua consistência com as demais contas, enquanto faz a transcrição para o modelo predefinido de demonstração. Objetivos da análise econômico-financeira O objetivo básico é a elaboração de informações úteis a diversos interessados que estarão preocupados em: • ler e interpretar a situação dos negócios; • avaliar o desempenho da empresa e de seus gestores; • diagnosticar problemas; e • vislumbrar perspectivas e tendências futuras. 109CONTABILIDADE EMPRESARIAL Para atender a esses objetivos, faz-se necessária a preparação dos dados para a análise, eliminando-se as distorções inf lacio- nárias para que seja feita a reclassificação das demonstrações contábeis quando necessárias. Metodologia de análise A metodologia tradicional adotada para análise poderia ser assim dividida: • Análise vertical e horizontal; • Análise através de índices econômico-financeiros; • Análise das necessidades de capital de giro; Análise Vertical É um processo comparativo, expresso em percentagem, aplicado quando se relacionar uma conta ou grupo de contas com um valor afim ou relacionável, identificado no mesmo demonstrativo. Essa análise das contas das demonstrações contábeis mostra a sua composição percentual e a participa- ção de cada conta em relação a um valor adotado como base (100%). Além disso, é importante para avaliar a estrutura de composição de itens e sua evolução no tempo. Essa análise, em períodos sucessivos, pode fornecer uma base para a projeção de uma demonstração de resultados. Porém, essa projeção apresenta algumas limitações, principalmente, porque não leva em conta as mudanças no processo tecnoló- gico e / ou nos custos dos insumos e / ou nos preços de venda. Qualquer projeção baseada em dados históricos requer muito cuidado. Dessa forma, dispondo-se dos valores absolutos em forma vertical, pode se apurar facilmente a participação relativa de cada item contábil no Ativo, no Passivo ou na Demonstração de Resultado. 110CONTABILIDADE EMPRESARIAL Veja o exemplo a seguir, inicialmente partimos de um balanço final de 31.12.x1, posteriormente inserimos uma coluna para o cálculo da análise vertical (AV): No Ativo, a comparação é cada conta em relação ao total do ativo, que mostrará quanto % representa cada aplicação em relação ao total das aplicações. No Passivo, mostrará quanto % é cada origem em relação ao total das origens. No Demonstrativo de Resultado, mostrará quanto % das contas lançadas no DRE (Receitas e Despesas em relação à Receita Operacional Líquida-ROL). BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO 31.12.X1 PASSIVO 31.12.X1 CIRCULANTE Disponível 2.800 Duplicatas a receber 6.200 Estoque 10.000 CIRCULANTE Fornecedores 6.000 Salários a pagar 2.000 Impostos a pagar 1.000 Encargos a pagar 2.800 Empréstimos a pagar 3.200 TOTAL DO CIRCULANTE 19.000 TOTAL DO NÃO CIRCULANTE 30.000 Não circulante realizável a longo prazo Não circulante Títulos a receber 6.000 Financiamentos 30.000 TOTAL DO NÃO CIRCULANTE 15.000 Permanente Patrimônio Líquido Investimentos Ações outras cias. 5.000 Terrenos para expansão 10.000 Imobilizado Prédios 50.000 Veículos 12.000 Móveis e utensílios 8.000 Capital 50.000 Lucros Acumulados 15.000 TOTAL DO NÃO CIRCULANTE 91.000 TOTAL DO PATR. LÍQUIDO 65.000 Total do Ativo 110.000 Total do passivo + PL 110.000 111CONTABILIDADE EMPRESARIAL Exemplo 1: Conta Caixa R$ 2.800,00 / R$ 110.000,00 (Total do Ativo) x 100. Significado: 2,50% das aplicações do Ativo estão na conta Caixa Exemplo 2: Fornecedores: R$ 6.000,00 / R$ 110.000,00 (Total do Passivo) x 100. Significado: 5,50% das Origens que financiam a empresa são de Fornecedores. BALANÇO PATRIMONIAL - ANÁLISE VERTICAL ATIVO 31.12.X1 AV PASSIVO 31.12.X1 AV Circulante Disponível Duplicatas a receber Estoque TOTAL DO CIRCULANTE 2.800 6.200 10.000 19.000 2,5% 5,6% 9,1% 17,3% Circulante Fornecedores Salários a pagar Impostos a pagar Encargos a pagar Empréstimos a pagar TOTAL DO CIRCULANTE 6.000 2.000 1.000 2.800 3.200 15.000 5,5% 1,8% 0,9% 2,5% 2,9% 13,6% Não Circulante - Realizável a Longo Prazo Títulos a receber PERMANENTE Investimentos - Ações outras cias. - Terrenos para expansão Imobilizado - Prédios - Veículos - Móveis e utensílios TOTAL DO NÃO CIRCULANTE 6.000 5.000 10.000 50.000 12.000 8.000 91.000 5,5% 4,5% 9,1% 45,5% 10,9% 7,3% 82,7% Não circulante Financiamentos TOTAL DO NÃO Patrimônio Líquido Capital Lucros acumulados TOTAL DO PATR. LÍQUIDO 30.000 30.000 50.000 15.000 65.000 27,3% 45,5% 13,6% 59,1% Total do ativo 110.000 100% Total do Passivo + PL 110.000 100% 112CONTABILIDADE EMPRESARIAL Análise Horizontal É a comparação que se faz entre os valores de uma mesma conta ou grupo de contas, em diferentes exercícios sociais. A análise horizontal das contas das demonstrações finan- ceiras mostra as variações que ocorreram nos valores monetá- rios ou em valores relativos (% ou índices) num determinado período de tempo. A análise horizontal enfatiza a modificações ou evoluções em cada conta das demonstrações financeiras em relação a uma demonstração básica, geralmente a mais antiga da série, a fim de caracterizar tendências. É, basicamente, um processo de análise temporal (evolução de um ano para o outro), desenvolvido por meio de números índices, sendo seus cálculos processados de acordo com a se- guinte expressão: Por exemplo, vamos analisar o balanço do ano 20x2 com- parando com 20x1, simplesmente nós dividimos a diferença pelo ano de 20x1 e multiplicamos por 100 %, ou depois que tiver o resultado da divisão, soma 1 (para a base 100) e depois multiplica por 100. Número índice = 1) Valor da data atual / Valor ano anterior (mês) x 100 2) Valor data atual / Valor ano anterior (mês) -1 x 100 113CONTABILIDADE EMPRESARIAL Tomando-se como base o ano de X1: Exemplo 1: Conta Caixa - diferença R$ 800,00 / R$ 2.000,00 (ano 20x1) x 100, (40%) Ou Conta Caixa- diferença R$ 800,00 / R$ 2.000,00 (ano 20x1) +1 x 100 (140%) Significado: o caixa aumentou em 40% do 20x2 comparando com ano 20x1 BALANÇO PATRIMONIAL - ANÁLISE HORIZONTAL Ativo 20x2 20x1 Diferença AH AH AV Circulante -Disponível -Duplicatas a receber -Estoque TOTAL DO CIRCULANTE 2.800 6.200 10.00 19.000 2.000 4.000 12.000 18.000 800 2.200 -2.000 1000 140,0% 155,0% 83,3% 105,6% 40,0% 55,0% -16,7% 5,6% 2,5% 5,6% 9,1% 17,3% TOTAL DO NÃO CIRCULANTE 91.000 82.000 9.000 111,0% 10,0% 100% Total do Ativo 110.000 100.000 10.000 110,0% 10,0% 100% PASSIVO TOTAL DO CIRCULANTE 15.000 12.000 3.000 125,0% 25,0% 13,6% TOTAL DO NÃO CIRCULANTE 30.000 23.000 7.000 130,4% 30,4% 27,3% TOTAL DO PATR. LÍQUIDO 65.000 65.000 0 100,0% 0,0% 59,1% Total do Passivo + PL 110.000100.000 10.000 110,0% 10,0% 100,0% 114CONTABILIDADE EMPRESARIAL Exemplo 2: Conta Estoque - diferença R$ 2.000,00/R$ 12.000,00 x 100, (-16,7%) Ou Conta Estoque diferença R$ 2.00,00 / R$ 12.000,00 (ano 20x1) +1 x 100 (83,3%) Significado: o estoque diminui em 16,7% do 20x2 com- parando com ano 20x1, ou o estoque de 20x2 significa 83,3% do ano 20x1. Análise de Índices Econômicos – financeiros Índices ou quocientes é a relação entre contas ou grupo de contas das Demonstrações Financeiras, que visa a evidenciar determinado aspecto da situação econômica ou financeira de uma empresa. A característica fundamental dos índices é fornecer visão ampla da situação econômica ou financeira da empresa. Aspectos revelados pelos índices Os índices são divididos em 2 grupos, aqueles que eviden- ciam aspectos da situação financeira, e aqueles que eviden- ciam aspectos da situação econômica. Os índices da situação financeira, por sua vez, são divididos em índices de liquidez e estrutura de capital e os da situação econômica são os índices de rentabilidade. Os índices servem de medida dos diversos aspectos econô- micos e financeiros das empresas. Assim como um médico usa Tanto a análise Vertical como a Horizontal dependem de uma boa escrituração contábil que tenha padrões em todos os anos para que não se perca o poder da comparação e a evolução correta dos saldos. 115CONTABILIDADE EMPRESARIAL certos indicadores, como pressão e temperatura, para elaborar o quadro clínico do paciente, os índices financeiros permitem construir um quadro de avaliação da empresa. Os índices sinalizam a situação em que a empresa apre- senta um endividamento elevado, sabe-se do perigo em ter negociações com esse tipo de empresa, no que diz respeito a sua liquidez. Entretanto, mesmo estando à beira de insolvên- cia, a empresa pode ter vida longa e operar indefinidamente, pois entram em jogo outros fatores como: prestígio da empresa junto ao governo, relacionamento com seus fornecedores, com o mercado financeiro, uma boa carteira de clientes, etc... Porém, o índice financeiro é um alerta. A quantidade de índices para uma boa análise O importante não é o cálculo de muitos índices, mas de um conjunto que permita conhecer a situação da empresa, segundo o grau de profundidade desejada da análise. Ou seja, essa profundidade da análise é variável de usuário para usuário: imagine um fornecedor que irá buscar informações rápidas sobre a empresa, nos índices de liquidez e rentabilidade, mas imagine uma instituição financeira para fornecer um empréstimo, fará uma análise muito mais profunda. Indicadores de Liquidez Os indicadores de liquidez evidenciam a situação financeira de uma empresa frente a aos diversos compromissos financeiros com terceiros. Além do Capital Circulante Líquido (Ativo Cir- culante (-) Passivo Circulante), o estudo da liquidez mostra a saúde financeira da empresa e sua capacidade de saldar dívidas. Visam medir a capacidade de pagamento (folga financeira) de uma empresa, ou seja, sua habilidade em cumprir correta- mente as obrigações passivas. 116CONTABILIDADE EMPRESARIAL Liquidez corrente: relação entre o ativo circulante e o pas- sivo circulante. Se a liquidez corrente for superior a 1, indica a existência de uma capital circulante (capital de giro) líquido positivo; se igual a 1, pressupõe sua inexistência e, inferior a 1 capital de giro negativo. Liquidez seca: o índice indica o percentual das dívidas de curto prazo que pode ser resgatado mediante o uso de ativos circulantes de maior liquidez. Liquidez geral: esse indicador retrata a saúde financeira a longo prazo da empresa. Porém a importância desse índice para análise pode ser prejudicada se os prazos dos ativos e passivos, considerados em seu cálculo, forem muito diferentes. Indicadores de Estrutura São utilizados para aferir a composição das fontes passivas de recursos de uma empresa. Ilustram a forma pela qual os recursos de terceiros são usados pela empresa e sua partici- pação relativa em relação ao capital próprio. Fornecem, ainda elementos para avaliar o grau de comprometimento financeiro de uma empresa perante seus credores. Relação capital de terceiros/passivo total (quantidade): mede a porcentagem dos recursos totais da empresa que se encontra financiada por capital de terceiros. Ou seja, para cada unidade monetária de recursos captada pela empresa, mede quanto provém de fontes de financiamento não próprias. Relação dívidas de curto prazo / capital de terceiros (qualidade): Esta medida revela o nível de endividamento 117CONTABILIDADE EMPRESARIAL (dependência) da empresa das dívidas de curto prazo (passivo circulante) em relação ao seu capital de terceiros. Indicadores de Rentabilidade Visam avaliar os resultados auferidos por uma empresa em relação a determinados parâmetros que melhor revelem suas dimensões. Refletem o potencial econômico da empresa. Retorno sobre o Patrimônio líquido (ROE): este índice mensura o retorno dos recursos aplicados na empresa por seus proprietários. Em outras palavras, para cada unidade monetária de recursos próprios investido na empresa, medem-se quanto os proprietários auferem de lucro. Retorno sobre o ativo (ROA): revela o retorno produzido pelo total das aplicações realizadas por uma empresa em seus ativos. (Independentemente se são recursos próprios ou de terceiros). Rentabilidade das vendas: mede a eficiência de uma em- presa em produzir lucro por meio de suas vendas. É a margem efetiva que a empresa em relação as suas vendas. Esses índices apresentados, são apenas parte dos grupos de índices das demonstrações contábeis, pois depende muito da estrutura da empresa e da necessidade de quem analisa as informações, portanto quem tiver interessante em ampliar esse estudo, atualmente dispomos de vasta bibliografia sobre o assunto. 118CONTABILIDADE EMPRESARIAL Síntese Nessa quarta e última unidade aprendemos um pouco mais sobre os principais demonstrativos contábeis, entendendo a sua estrutura e importância. Lembrando que os principais são: Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício. Também tivemos uma breve introdução à Análise dos Demonstrativos Financeiros, destacando a sua relevância no processo de tomada de decisão 119CONTABILIDADE EMPRESARIAL ATIVIDADES 1. Qual a finalidade das demonstrações contábeis? 2. Quais os 2 principais demonstrativos contábeis? 3. Qual o principal objetivo do Balanço patrimonial? 4. Qual o principal objetivo da Demonstração do Resultado do Exercício? 5. Quais são os principais grupos de indicadores de análise das demonstrações contábeis? 6. Resolva: Relacione os itens da primeira lista com os itens da segunda: a. Ativo Circulante b. Ativo Não Circulante c. Passivo Circulante d. Patrimônio Líquido e. Despesas Operacionais f. Receitas Operacionais ( ) Fornecedores ( ) Capital ( ) Caixa ( ) Veículos ( ) Imóveis ( ) Fretes e Carretos ( ) Água e Esgoto ( ) Reserva Legal ( ) Receitas de Serviços ( ) Salários ( ) Clientes ( ) Salários a Pagar ( ) Juros Ativos ( ) Imposta e Taxas a Recolher ( ) Estoque de Mercadorias 120CONTABILIDADE EMPRESARIAL REFERÊNCIAS ANTHONY, Robert N. GOVINDARAJAN, Vijay. Sistemas de controle gerencial. 12 ed. americana. São Paulo: McGraw- -Hiil, 2008. ARAUJO, Allison de Queiroz. 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INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE E REGIMES CONTÁBEIS Introdução a Contabilidade A contabilidade nos tempos atuais Entendendo a contabilidade Conceitos de Contabilidade Funções e áreas de atuação da contabilidade Profissional Contábil A Contabilidade na Administração das Empresas Usuários das Informações Contábeis Síntese NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE Princípios de contabilidade e normas brasileiras de contabilidade Aspectos sobre a estrutura básica da contabilidade Síntese REGISTROS CONTÁBEIS (ESCRITURAÇÃO) ESCRITURAÇÃO Fórmulas de Lançamento Síntese DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E suas análises DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE) Síntese REFERÊNCIAS