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CBI of Miami
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CBI of Miami
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DIREITOS AUTORAIS
Esse material está protegido por leis de direitos auto rais. Todos os
direitos sobre o mesmo esto reservados.
Voc não tem pe rmissão para ve nder, d istribuir gratuitamente, ou copiar
e reproduzir integral ou parcialmente esse conteúdo em sites, blogs, jornais ou
quaisquer veículos de distribuição e mídia.
Qualquer tipo de violação dos direitos autorais estará sujeito a ações
legais.
CBI of Miami
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Conceitos e Princípios da Análise Experimental do
Comportamento II
Lucelmo Lacerda
1. Ex tinção Operante e Respondente
Extinção é um nome dado a um processo com portamental e também a
um procedimento de ensino e vamos trabalhar aqui este processo e fazer
alguns apontamentos sobre a utilização do procedimento de E xtinção, embora
ele ser trabalhado direta e mais profundamente em outro contexto, mais à
frente. Como a extinção respondente e operante são fenômenos distintos,
vamos trabalhá-los separadamente.
Extinção Respondente:
Esta é uma relação que o corre entre o indivíduo e um estímulo eliciador
CONDICIONADO, ou seja, que nã o é e stabelecido biologicamente, ma s que foi
aprendido, em que este estímulo deixa de eliciar o respondente, perdendo a
função eliciadora condicionada, por meio da ap resentação reiterada na
ausência do estímulo eliciador incondicionado.
Em outras pa lavras, se os cães começaram a sa livar ao ouvir a sineta,
esta é uma habilidade evolutiva muito interessante, que a sineta se
demonstrou um e stímulo que ante cipava consistentemente o ato de comer, de
modo que a eliciação da salivação diante dele cumpria o papel de preparar o
ambiente digestório. Mas se a sineta perdeu esta relação com a carne, te ria
algum sentido evo lutivo que o cão salivasse para sempre diante dele e diante
de todos os outros estímulos pareados com a v isão da comida? Certamen te
que não, então a relação se enfraquece e some se não for reposta
constantemente.
Temos Então o Seguinte Esquema:
Em um primeiro momento, temos esta relação:
S (estímulo incondicionado) Respondente
S (estímulo neutro) Nenhum comportamento
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Depois, estabelecemos a p resença contínua do estímulo neutro na
presença do estímulo eliciador, o que pode ocorrer de modo “natural”, sem que
ninguém planeje ou organize o ambiente deliberadamente, ou de m aneira
planejada e consistente em um processo educacional ou terapêutico:
S (estímulo incondicionado)
Respondente
S (estímulo neutro)
Deste modo, o e stímulo antes neu tro se torna um estímulo condicionado,
sendo esta, portanto, uma aprendizagem respondente ou condicionamento
respondente:
S (estímulo antes neutro, agora condicionado) Respondente
Se esse estímulo condicionado aparece sem a presença do estímulo
incondicionado, ele aos poucos de ixa de e liciar o respondente, passando pe lo
processo de extinção respondente.
Estímulo
Resposta
Sem
aprendizagem
Visão da comida
Salivação
Barulho do prato
--------------------
Processo de
aprendizagem
Visão da comida
+ barulho do
prato (quando
batemos os
talheres
Salivação (em
função da
visão da
comida)
Resultado
Barulho do prato
salivação
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Nós normalmente comemos em pratos e o barulho continua a ocorrer
junto com a visão da com ida, com o toque dos talheres na louça, mantendo o
pareamento ativo e consistente. Mas imaginem os que isso não ocorresse m ais,
que p assássemos por algum tipo de transformação social que fizesse com que
não mais usássemos nenhum tipo de louça na cozinha e o paream ento
deixasse de ocorrer, o que ocorreria com o co mportamento respondente de
salivar di ante do ba rulho de p rato? Deixaria de existir, ou seja, entraria e m
extinção, como na hipótese abaixo:
Estímulo
Resposta
Relação
Barulho de prato
Salivação
Respondente
condicionado
Barulho de prato
Salivação mais fraca
Processo de extinção
respondente
Barulho de prato
Salivação ainda mais
fraca
Barulho de prato
Salivação ainda mais
fraca
Barulho de prato
Salivação ainda mais
fraca
Barulho de prato
Salivação ainda mais
fraca
...
...
Barulho de prato
Sem salivação
Extinção respondente
completa
O conhecimento deste processo nos dá alguma s informações importantes
também na esfera terapêutico/educacional. Imagine que você seja o
responsável pe lo processo de int ervenção de uma criança, é claro que o
primeiro pa sso para começar seu trabalho é estabelecer o seu valor reforçado r,
ou seja, realizar um pareamento entre você e os estímulos que esta criança
ama, seja a Ga linha Pintadinha, o Cocoricó, In setos, Dinossauros, o que seja.
O terapeuta ou e ducador deve aparecer consistenteme nte na presença desses
estímulos, preferencialmente antes deles e p ermanecendo em sua presença,
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garantindo uma relação de credibilidade entre estes estímulos (presença do
profissional + aquilo que a criança ma is ama) para produzir um
condicionamento respon dente poderoso e os p edidos deste profissional sejam
mais provavelmente seguidos e seus elogios ou brincadeiras, mais
poderosamente reforçadores.
Em um segundo momento, o profissional passa a não somente orquestrar
as co isas para um pareamento com os estímulos reforçadores p ara a criança,
passa também a colocar demandas, a tividades de aprendizagem distintas de
somente assistir TV ou ce lular ou o que quer que a criança faça livremente , as
coisas são organizadas pa ra a intervenção acontecer e a criança a vançar.
MAS, e este é o ponto em que q ueria chegar, é necessário que o profissional
não seja totalmente desligado dos estímulos que lhe emprestaram valor
reforçador, é preciso que esta relação de pareamento seja continuamente
reposta, que muitas vezes o profissional volte a esta r na presença dessa s
coisas adoradas pela criança , para que ele permanentemente seja também um
estímulo d e preferência da criança, pois se esta relação se quebrar e a
presença do profissional nunca mais ocorrer na presença desses outros
estímulos, ele progressivamente perderá seu valor reforçador.
Extinção Operante:
Imagine que uma criança está em casa enquanto dos pa is trabalham
também em casa, cada qual em um cômodo. Esta criança está assistindo TV,
privada d e atenção e ela com eça a chorar. A m ãe imediatamente diz para o p ai
“eu acho que é choro por atenço, no vamos dar atenço, pude ver que e le
não está machucado, se ele tiver alguma dor, d eixe ele falar” e simplesmente
não bola para o chororô e ele passe, então temos uma resposta com uma
certa função (digamo s que a mãe estivesse certa), que não é se lecionado pelo
ambiente, não tem reforço, não chega a se estabelecer no repertório d o
indivíduo. Deste modo, não se trata de uma extinção .
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Para q ue um comportamento passe por um processo de extinção, é
preciso dois requisitos fundamentais, nesta ordem:
1. Um a certa resposta seja reforçada e aprendida
2. A relação en tre a resposta e seu refor çador seja quebrada, de m odo q ue a
resposta não mais produza o mesmo reforço, reduzindo até deixar de existir,
sendo, portanto, extinta.
Imaginemos uma situação diferente desses pa is (e bem mais realista), a
mãe e o p ai o ver o q ue está ocorrendo com o choro e acabam p or reforça -
lo, pois ele não decorre de uma dor ou outro problema, m as da função de
atenção e ele é reforçado, reforçado e aprendido, de modo que esta criança
passa a ser uma “criança chorona” (1º elemento de uma extinço cum prido) e
após um tempo, com ou sem aconselhamento, a família decide inverter a
equação e n ão mais dar qualquer consequência ao comportamento de chorar
de seu filho, a partir de então, portanto, o comportamento de chorar n ão é mais
reforçado (2º passo para a extinção atingido), ou seja, uma quebra da
contingência antes estabe lecida e o comportamento da criança se reduz, até
acabar, completando o processo de extinção operante.
Se no comportamento respondente, a extinção se d á pela contínua
inexistência do pareamento entre estímulo incondicionado e estímulo
condicionado, que elimina o valor eliciador do estímulo condicionado, no
comportamento operante ele se dá por meio da quebra da con tingência, com
mudanças no ambiente que fazem com que o comportamento d ei xe de
produzir as consequências reforçadoras que produziam no p assado, fazendo
com que e ste comportamento deixe de existir, entre em extinção. Isto pode
ocorrer de modo “natural”, no dia a dia d e qu alquer um de nós ou de m odo
planejado, implementado por meio de um procedimento de extinção.
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Exemplos de extinção que ocorrem sem planejamento:
Ex.
A
B
C
Processo
1
No
horário
do
almoço
Almoça em
certo
restaurante
Comida é
gostosa
Isto acontece muitas vezes
e o comportamento é
aprendido
No
horário
do
almoço
Almoça em
certo
restaurante
(mudança de
cozinheiro)
Comida deixa
de ser
gostosa
É quebrada a relação
entre resposta e
consequência (deixa d e ir
ao restaurante)
2
Todos os
dias
Trabalha em
certo emprego
Chefe é
bacana,
uma amizade
com os
colegas
Isto acontece muitas vezes
e o comportamento é
aprendido
Todos os
dias
Trabalha em
certo emprego
Não
relação de
amizade com
novo chefe e
colegas
É quebrada a relação
entre resposta e
consequência (sai do
trabalho)
3
Nos fins
de
semana à
noite
Pede pizza de
certo sabor na
Pizzaria X
Pizza vem
rapidamente,
quentinha
Isto acontece muitas vezes
e o comportamento é
aprendido
Nos fin s
de
semana à
noite
Pede pizza de
certo sabor na
Pizzaria X
Pizza passa
a demorar e
chegar fria
É quebrada a relação
entre resposta e
consequência (deixa de
pedir na Pizzaria X)
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Exemplos de extinção que ocorrem c om planejamento (isso não q uer
dizer que ela seja planejada sozinha):
Ex.
A
B
C
Processo
1
No horário
do almoço
Chora para
não comer
tudo
Me diz “no tem
problema, filho,
não precisa
comer, pode ir”
Isto acontece muitas
vezes e o
comportamento é
aprendido
No horário
do almoço
Chora para
não comer
tudo
Mãe deixa de
liberar da mesa
por conta do
choro.
É quebrada a relação
entre resposta e
consequência (deixa de
chorar para se livrar da
comida/mesa)
2
Em
privação do
celular
Grita
Pai dá o celular
Isto acontece muitas
vezes e o
comportamento é
aprendido
Em
privação do
celular
Grita
Pai passa a reter
o celular
É quebrada a relação
entre resposta e
consequência (deixa de
gritar com a função de
acesso ao celular)
3
Na hora
dos
interclasses
“Bagunça”
na sala d e
aula
Professora tira da
sala e ele assiste
aos interclasses
Isto acontece muitas
vezes e o
comportamento é
aprendido
Na hora
dos
interclasses
“Bagunça”
na sala d e
aula
Professora não
tira mais da sala
e ele não assiste
aos interclasses
É quebrada a relação
entre resposta e
consequência (deixa de
“bagunçar” com a funço
de assistir aos
interclasses)
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No entanto, é preciso considerar ainda algumas coisas importantes, que
são o s efeitos colaterais d a extinção, que podem se r muito danosos e devem
ser conside rados se houve r, de fa to, um planejamento em que este
procedimento tenha luga r. A lém disso, também fatores que alteram a
resistência de um certo compo rtamento ao processo de extinção. Não que
nenhum comportamento operan te poss a resistir d e modo indefinido à extinção,
isto não existe, mas um comportamento pode ser extinto quase imediatamente
ele não produza mais os reforçadores de sempre ou somente depois de um
longo tempo sem esta produção, então comecemos com estes aspectos.
Fatores que influenciam na resistência de um comportamento à extinção:
A. Quantidade de Vezes em que Foi Reforçado Se pensarmos em
comportamentos que foram aprendidos e reforçados poucas vezes, eles são de
mais fá cil extinção, muito d iferente de comportamento s que foram aprendidos e
reforçados durante anos a fio , o q ue é um dos fatores mais fundamentais
apoiar a intervenção precoce em casos de Transtornos do
Neurodesenvolvimento;
B. Custo ou Esforço de Resp osta Um comportamento que demande m uito
esforço, muita energia, para ser emitido será extinto mais rapidamente, caso
não mais produza as consequências reforçadoras de outrora do que um
comportamento de baixo custo de emissão, que pode ser feito muitas vezes
sem dispêndio de muita energia.
C. Esquema de Reforçamento A pesar de ser contraintuitivo, o fato é que o
comportamento fica mais fortalecido, isto é, mais resistente à e xtinção, se
durante o pe ríodo de reforçamento de sua existência os reforçadores eram
alcançados algumas vezes e outras não, ou seja, se e le não era produzido
todas a s ve zes, o que constitui o reforço contínuo. Os esquemas em que o
reforçador é a lcançado algumas vezes e outras não são chamados de
esquemas intermitentes e uns produzem m aior ou menor resistência do que
outros (o que será trab alhado n o próximo tópico), de modo q ue a questão
sobre o reforçamento ante rior do comportamento não é somente a quantidade
de reforçadores disponibilizados, mas qual é a relação proporcional deles com
a quantidade e período de ocorrência das emissões do compor tamento.

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CBI of Miami 1 
 
 
 
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Conceitos e Princípios da Análise Experimental do 
Comportamento II 
Lucelmo Lacerda 
 
1. Extinção Operante e Respondente 
Extinção é um nome dado a um processo comportamental e também a 
um procedimento de ensino e vamos trabalhar aqui este processo e fazer 
alguns apontamentos sobre a utilização do procedimento de Extinção, embora 
ele vá ser trabalhado direta e mais profundamente em outro contexto, mais à 
frente. Como a extinção respondente e operante são fenômenos distintos, 
vamos trabalhá-los separadamente. 
• Extinção Respondente: 
Esta é uma relação que ocorre entre o indivíduo e um estímulo eliciador 
CONDICIONADO, ou seja, que não é estabelecido biologicamente, mas que foi 
aprendido, em que este estímulo deixa de eliciar o respondente, perdendo a 
função eliciadora condicionada, por meio da apresentação reiterada na 
ausência do estímulo eliciador incondicionado. 
Em outras palavras, se os cães começaram a salivar só ao ouvir a sineta, 
esta é uma habilidade evolutiva muito interessante, já que a sineta se 
demonstrou um estímulo que antecipava consistentemente o ato de comer, de 
modo que a eliciação da salivação diante dele cumpria o papel de preparar o 
ambiente digestório. Mas se a sineta perdeu esta relação com a carne, teria 
algum sentido evolutivo que o cão salivasse para sempre diante dele e diante 
de todos os outros estímulos pareados com a visão da comida? Certamente 
que não, então a relação se enfraquece e some se não for reposta 
constantemente. 
Temos Então o Seguinte Esquema: 
Em um primeiro momento, temos esta relação: 
S (estímulo incondicionado) Respondente 
S (estímulo neutro) Nenhum comportamento 
 
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Depois, estabelecemos a presença contínua do estímulo neutro na 
presença do estímulo eliciador, o que pode ocorrer de modo “natural”, sem que 
ninguém planeje ou organize o ambiente deliberadamente, ou de maneira 
planejada e consistente em um processo educacional ou terapêutico: 
 
S (estímulo incondicionado) 
 Respondente 
S (estímulo neutro) 
 
Deste modo, o estímulo antes neutro se torna um estímulo condicionado, 
sendo esta, portanto, uma aprendizagem respondente ou condicionamento 
respondente: 
 
 S (estímulo antes neutro, agora condicionado) Respondente 
 
Se esse estímulo condicionado aparece sem a presença do estímulo 
incondicionado, ele aos poucos deixa de eliciar o respondente, passando pelo 
processo de extinção respondente. 
 Estímulo Resposta Processo 
Sem 
aprendizagem 
Visão da comida Salivação Estímulo 
incondicionado 
Barulho do prato -------------------- Estímulo neutro 
Processo de 
aprendizagem 
Visão da comida 
+ barulho do 
prato (quando 
batemos os 
talheres 
Salivação (em 
função da 
visão da 
comida) 
Pareamento 
consistente de 
estímulos – ocorrência 
do condicionamento 
respondente 
Resultado Barulho do prato salivação Estímulo condicionado 
 
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Nós normalmente comemos em pratos e o barulho continua a ocorrer 
junto com a visão da comida, com o toque dos talheres na louça, mantendo o 
pareamento ativo e consistente. Mas imaginemos que isso não ocorresse mais, 
que passássemos por algum tipo de transformação social que fizesse com que 
não mais usássemos nenhum tipo de louça na cozinha e o pareamento 
deixasse de ocorrer, o que ocorreria com o comportamento respondente de 
salivar diante do barulho de prato? Deixaria de existir, ou seja, entraria em 
extinção, como na hipótese abaixo: 
Estímulo Resposta Relação 
Barulho de prato Salivação Respondente 
condicionado 
Barulho de prato Salivação mais fraca Processo de extinção 
respondente Barulho de prato Salivação ainda mais 
fraca 
Barulho de prato Salivação ainda mais 
fraca 
Barulho de prato Salivação ainda mais 
fraca 
Barulho de prato Salivação ainda mais 
fraca 
... ... 
Barulho de prato Sem salivação Extinção respondente 
completa 
 
O conhecimento deste processo nos dá algumas informações importantes 
também na esfera terapêutico/educacional. Imagine que você seja o 
responsável pelo processo de intervenção de uma criança, é claro que o 
primeiro passo para começar seu trabalho é estabelecer o seu valor reforçador, 
ou seja, realizar um pareamento entre você e os estímulos que esta criança 
ama, seja a Galinha Pintadinha, o Cocoricó, Insetos, Dinossauros, o que seja. 
O terapeuta ou educador deve aparecer consistentemente na presença desses 
estímulos, preferencialmente antes deles e permanecendo em sua presença, 
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garantindo uma relação de credibilidade entre estes estímulos (presença do 
profissional + aquilo que a criança mais ama) para produzir um 
condicionamento respondente poderoso e os pedidos deste profissional sejam 
mais provavelmente seguidos e seus elogios ou brincadeiras, mais 
poderosamente reforçadores. 
Em um segundo momento, o profissional passa a não somente orquestrar 
as coisas para um pareamento com os estímulos reforçadores para a criança, 
passa também a colocar demandas, atividades de aprendizagem distintas de 
somente assistir TV ou celular ou o que quer que a criança faça livremente, as 
coisas são organizadas para a intervenção acontecer e a criança avançar. 
MAS, e este é o ponto em que queria chegar, é necessário que o profissional 
não seja totalmente desligado dos estímulos que lhe emprestaram valor 
reforçador, é preciso que esta relação de pareamento seja continuamente 
reposta, que muitas vezes o profissional volte a estar na presença dessas 
coisas adoradas pela criança, para que ele permanentemente seja também um 
estímulo de preferência da criança, pois se esta relação se quebrar e a 
presença do profissional nunca mais ocorrer na presença desses outros 
estímulos, ele progressivamente perderá seu valor reforçador. 
 
• Extinção Operante: 
Imagine que uma criança está em casa enquanto dos pais trabalham 
também em casa, cada qual em um cômodo. Esta criança está assistindo TV, 
privada de atenção e ela começa a chorar. A mãe imediatamente diz para o pai 
“eu acho que é choro por atenção, não vamos dar atenção, já pude ver que ele 
não está machucado, se ele tiver alguma dor, deixe ele falar” e simplesmente 
não dê bola para o chororô e ele passe, então temos uma resposta com uma 
certa função (digamos que a mãe estivesse certa), que não é selecionado pelo 
ambiente, não tem reforço, não chega a se estabelecer no repertório do 
indivíduo. Deste modo, não se trata de uma extinção. 
 
 
 
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Para que um comportamento passe por um processo de extinção, é 
preciso dois requisitos fundamentais, nesta ordem: 
1. Uma certa resposta seja reforçada e aprendida 
2. A relação entre a resposta e seu reforçador seja quebrada, de modo que a 
respostanão mais produza o mesmo reforço, reduzindo até deixar de existir, 
sendo, portanto, extinta. 
 
Imaginemos uma situação diferente desses pais (e bem mais realista), a 
mãe e o pai vão ver o que está ocorrendo com o choro e acabam por reforça-
lo, pois ele não decorre de uma dor ou outro problema, mas da função de 
atenção e ele é reforçado, reforçado e aprendido, de modo que esta criança 
passa a ser uma “criança chorona” (1º elemento de uma extinção cumprido) e 
após um tempo, com ou sem aconselhamento, a família decide inverter a 
equação e não mais dar qualquer consequência ao comportamento de chorar 
de seu filho, a partir de então, portanto, o comportamento de chorar não é mais 
reforçado (2º passo para a extinção atingido), ou seja, há uma quebra da 
contingência antes estabelecida e o comportamento da criança se reduz, até 
acabar, completando o processo de extinção operante. 
Se no comportamento respondente, a extinção se dá pela contínua 
inexistência do pareamento entre estímulo incondicionado e estímulo 
condicionado, que elimina o valor eliciador do estímulo condicionado, no 
comportamento operante ele se dá por meio da quebra da contingência, com 
mudanças no ambiente que fazem com que o comportamento deixe de 
produzir as consequências reforçadoras que produziam no passado, fazendo 
com que este comportamento deixe de existir, entre em extinção. Isto pode 
ocorrer de modo “natural”, no dia a dia de qualquer um de nós ou de modo 
planejado, implementado por meio de um procedimento de extinção. 
 
 
 
 
 
 
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Exemplos de extinção que ocorrem sem planejamento: 
Ex. A B C Processo 
1 No 
horário 
do 
almoço 
Almoça em 
certo 
restaurante 
Comida é 
gostosa 
Isto acontece muitas vezes 
e o comportamento é 
aprendido 
No 
horário 
do 
almoço 
Almoça em 
certo 
restaurante 
(mudança de 
cozinheiro) 
Comida deixa 
de ser 
gostosa 
É quebrada a relação 
entre resposta e 
consequência (deixa de ir 
ao restaurante) 
2 Todos os 
dias 
Trabalha em 
certo emprego 
Chefe é 
bacana, há 
uma amizade 
com os 
colegas 
Isto acontece muitas vezes 
e o comportamento é 
aprendido 
Todos os 
dias 
Trabalha em 
certo emprego 
Não há 
relação de 
amizade com 
novo chefe e 
colegas 
É quebrada a relação 
entre resposta e 
consequência (sai do 
trabalho) 
3 Nos fins 
de 
semana à 
noite 
Pede pizza de 
certo sabor na 
Pizzaria X 
Pizza vem 
rapidamente, 
quentinha 
Isto acontece muitas vezes 
e o comportamento é 
aprendido 
Nos fins 
de 
semana à 
noite 
Pede pizza de 
certo sabor na 
Pizzaria X 
Pizza passa 
a demorar e 
chegar fria 
É quebrada a relação 
entre resposta e 
consequência (deixa de 
pedir na Pizzaria X) 
 
 
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Exemplos de extinção que ocorrem com planejamento (isso não quer 
dizer que ela seja planejada sozinha): 
Ex. A B C Processo 
1 No horário 
do almoço 
Chora para 
não comer 
tudo 
Mãe diz “não tem 
problema, filho, 
não precisa 
comer, pode ir” 
Isto acontece muitas 
vezes e o 
comportamento é 
aprendido 
No horário 
do almoço 
Chora para 
não comer 
tudo 
Mãe deixa de 
liberar da mesa 
por conta do 
choro. 
É quebrada a relação 
entre resposta e 
consequência (deixa de 
chorar para se livrar da 
comida/mesa) 
2 Em 
privação do 
celular 
Grita Pai dá o celular Isto acontece muitas 
vezes e o 
comportamento é 
aprendido 
Em 
privação do 
celular 
Grita Pai passa a reter 
o celular 
É quebrada a relação 
entre resposta e 
consequência (deixa de 
gritar com a função de 
acesso ao celular) 
3 Na hora 
dos 
interclasses 
“Bagunça” 
na sala de 
aula 
Professora tira da 
sala e ele assiste 
aos interclasses 
Isto acontece muitas 
vezes e o 
comportamento é 
aprendido 
Na hora 
dos 
interclasses 
“Bagunça” 
na sala de 
aula 
Professora não 
tira mais da sala 
e ele não assiste 
aos interclasses 
É quebrada a relação 
entre resposta e 
consequência (deixa de 
“bagunçar” com a função 
de assistir aos 
interclasses) 
 
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No entanto, é preciso considerar ainda algumas coisas importantes, que 
são os efeitos colaterais da extinção, que podem ser muito danosos e devem 
ser considerados se houver, de fato, um planejamento em que este 
procedimento tenha lugar. Além disso, há também fatores que alteram a 
resistência de um certo comportamento ao processo de extinção. Não que 
nenhum comportamento operante possa resistir de modo indefinido à extinção, 
isto não existe, mas um comportamento pode ser extinto quase imediatamente 
ele não produza mais os reforçadores de sempre ou somente depois de um 
longo tempo sem esta produção, então comecemos com estes aspectos. 
Fatores que influenciam na resistência de um comportamento à extinção: 
A. Quantidade de Vezes em que Foi Reforçado – Se pensarmos em 
comportamentos que foram aprendidos e reforçados poucas vezes, eles são de 
mais fácil extinção, muito diferente de comportamentos que foram aprendidos e 
reforçados durante anos a fio, o que é um dos fatores mais fundamentais 
apoiar a intervenção precoce em casos de Transtornos do 
Neurodesenvolvimento; 
B. Custo ou Esforço de Resposta – Um comportamento que demande muito 
esforço, muita energia, para ser emitido será extinto mais rapidamente, caso 
não mais produza as consequências reforçadoras de outrora do que um 
comportamento de baixo custo de emissão, que pode ser feito muitas vezes 
sem dispêndio de muita energia. 
C. Esquema de Reforçamento – Apesar de ser contraintuitivo, o fato é que o 
comportamento fica mais fortalecido, isto é, mais resistente à extinção, se 
durante o período de reforçamento de sua existência os reforçadores eram 
alcançados algumas vezes e outras não, ou seja, se ele não era produzido 
todas as vezes, o que constitui o reforço contínuo. Os esquemas em que o 
reforçador é alcançado algumas vezes e outras não são chamados de 
esquemas intermitentes e uns produzem maior ou menor resistência do que 
outros (o que será trabalhado no próximo tópico), de modo que a questão 
sobre o reforçamento anterior do comportamento não é somente a quantidade 
de reforçadores disponibilizados, mas qual é a relação proporcional deles com 
a quantidade e período de ocorrência das emissões do comportamento. 
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Vamos dar exemplos dessas possibilidades de resistência à extinção: 
Comportamento Quantidade 
de 
reforçamento 
Custo de 
resposta 
Esquema de 
reforçamento 
Tempo em 
extinção para 
ser eliminado 
Birra por 
salgadinho 
5 vezes Alto Contínuo X (pouco 
tempo) 
1000 vezes Alto Contínuo Maior do que X 
1000 vezes Baixo Contínuo Maior ainda 
1000 vezes Baixo Intermitente Dureza 
 
E além de haver diferentes possibilidades de resistência à extinção, 
também há alguns efeitos colaterais que são esperados quando um indivíduo é 
colocado em uma condição de extinção de algum comportamento. Estes 
efeitos não aparecem todas as vezes em que há extinção, mas em algumas 
das situações em que ela ocorre, que não conseguimos prever com precisão. 
São eles os que seguem: 
Efeitos colaterais da Extinção 
 
Explosão da Extinção 
Aumento da frequência da resposta 
Aumento da variação da resposta 
Aumento da intensidade da resposta 
Eliciação de respostas emocionais Tristeza, desamparo, raiva... 
 
 
 
 
 
 
 
 
CBI of Miami 12 
 
 
Vamos dar exemplos para ficar mais claro o que seriam esses eventos. 
A B C Efeito 
colateral 
O que pode ocorrer 
durante a extinção 
 
 
 
Diante do 
salgadinho 
 
 
 
Grita e 
choraGanha o 
salgadinho 
+ frequência Grita e chora mais 
ainda 
+ variação Se joga no chão e bate 
no próprio rosto 
+ intensidade Grita e chora com mais 
intensidade (é ouvida 
em todo o mercado 
Respostas 
emocionais 
Choro legítimo e soluço 
 
Em 
privação 
de 
atenção, 
em sala de 
aula 
 
“Bagunça”, 
isto é, fala 
e anda 
sem parar 
 
Professora 
dá bronca 
+ frequência Fala mais e anda mais 
+ variação Bate nos colegas e nas 
carteiras 
+ intensidade Fala mais alto e corre 
Respostas 
emocionais 
Fica triste e 
desamparado 
 
O grande problema, portanto, da extinção, é a grande possibilidade de ela 
ser iniciada e quando os efeitos colaterais aparecem, ainda que sejam 
provisórios, causem uma situação difícil de ser controla, que exija que os 
aplicadores voltem atrás, ou ainda e mais frequentemente, que seja aplicada 
sem conhecimento de causa e quando o comportamento sobe de frequência, 
intensidade e variabilidade, ou seja, justamente no pico da explosão da 
extinção, quando ele está prestes a cair até sua completa eliminação, o 
aplicador, seja profissional ou genitor diz “Vixe, com ele não está funcionando, 
está é piorando” e volta atrás, fazendo com que o comportamento seja 
reforçado agora em ocorrência de maior frequência, variabilidade e em um 
nível mais intenso, além de colocar o reforçamento em um esquema de reforço 
intermitente (afinal o comportamento ficou uma série de emissões sem 
CBI of Miami 13 
 
 
funcional, isto é, atingir sua função, e passou a funcionar novamente), fazendo 
com tudo isso aumente e muito a resistência à extinção e fazendo com que um 
procedimento que levaria, se fosse feito adequadamente, uns poucos dias, se 
torne um comportamento fortalecido o suficiente para semanas ou meses a fio 
existindo mesmo sem reforçadores. 
Estes efeitos impõem desafios especiais à utilização deste procedimento 
em intervenções comportamentais, como a necessidade de se prever se é 
possível o aparecimento de respostas que coloquem em risco a segurança do 
indivíduo, o que não é admissível e que pode levar a uma preparação prévia do 
ambiente para evitar quaisquer riscos ou até mesmo a opção de utilização de 
outros procedimentos que não a extinção para a intervenção. Isto será mais 
discutido à frente, mas é importante que a questão já seja levantada para a 
reflexão. 
 
2. Esquemas de Reforçamento (e a Lógica de Ensinar no Contínuo e 
Caminhar para o Intermitente) 
Existem diferentes formas de um comportamento ser reforçado, isto é, de 
ele produzir ou não consequências vantajosas para o organismo que se 
comporta. Basicamente, este reforçamento pode ser contínuo ou intermitente e 
a intermitência pode ocorrer em diferentes esquemas, que têm impacto na 
frequência do responder, nas pausas que ocorrem após o reforçamento e na 
resistência à extinção e vamos responder a essas questões nesta pequena 
introdução ao assunto. 
 
• Reforço Contínuo: Esta é uma forma de reforçamento em que todas as 
vezes que o indivíduo se comporta, o reforço ocorre, isto é, a consequência 
que torna este comportamento vantajoso para si é produzida e atua sobre ele, 
aumentando a probabilidade de se comportar novamente da mesma forma, 
quando no mesmo contexto. Ou seja, o comportamento é reforçado 
continuamente. 
O padrão comportamental produzido por este esquema, no entanto, não é 
alto, isto porque o comportamento sempre produz o reforçador e ao ter acesso 
ao reforçador, ocorre o processo de saciação do organismo, sua motivação é 
CBI of Miami 14 
 
 
diminuída, de modo que ele pode até ter reforçado o comportamento no longo 
prazo e o indivíduo ter maior probabilidade de se comportar quando novamente 
estiver privado do reforçador, mas no momento em que ele já se comportou e 
já teve acesso ao reforçador, isto exerce um efeito momentâneo de redução da 
privação e da motivação para o comportamento. 
Imaginemos o seguinte caso, Joãozinho, todas as vezes que chora de 
determinada forma, tem acesso a uma mamadeira, que a mãe o dá. No 
entanto, quando ele dá uma choradinha, a mamadeira já lhe é dada, então, 
naquele momento, ele fica saciado de leite, não faria sentido que ele chorasse 
logo em seguida, então ele irá chorar somente da próxima vez em que sentir 
fome. Ao final das contas, portanto, a frequência do comportamento de chorar 
não é alta, já que sempre que acontece, produz a saciação do indivíduo. 
E há mais uma coisa importante sobre isso, além de produzir uma 
frequência baixa do comportamento, o reforço contínuo também torna o 
comportamento pouco resistente à extinção. Se for implementado um 
procedimento ou se Joãozinho ficar sem sua mamadeira mesmo chorando por 
qualquer outro motivo, o comportamento de emitir aquele choro específico 
rapidamente será eliminado. 
Mas também é verdade que o esquema de reforço contínuo é o ideal para 
que aprendamos uma habilidade nova. Imagine o comportamento de xavecar 
uma pessoa, isto é, de fazer uma aproximação verbal com a função de uma 
relação de intimidade, qual é a probabilidade de isso dar certo, na vida real? 
Depende muito, mas com certeza é sempre baixa, mas se alguém não é muito 
hábil, vai ficando mais difícil, e se alguém tentar uma, duas, três, quatro...vinte 
vezes e não der certo, então a probabilidade deste comportamento ser 
aprendido, é muito baixa. Mas e se ele emitir este comportamento em um 
ambiente controlado, de um Grupo de Habilidades Sociais, por exemplo, e ele 
tiver acesso a reforço arbitrário, como elogios, fichas, aprovação, palmas... 
todas as vezes que ele emitir o comportamento ali, até ficar mais fluente e 
depois passar para a vida real, então é mais provável que ele aprenda o 
comportamento e depois de aprendido, a probabilidade de ele ter sucesso na 
vida real antes do vigésimo fora aumenta muito. 
CBI of Miami 15 
 
 
Isto é o que ocorre com inúmeras habilidades com crianças pequenas, 
cujo comportamento vamos reforçando mesmo quando fazem bem mais ou 
menos, até depois começar a reforçar só quando acertam até que os 
comportamentos se tornem aprendidos e fortes. O reforçamento contínuo é, 
portanto, a melhor forma de aprender, mas torna o comportamento sensível 
demais às possibilidades do mundo real, o que exige que partamos ainda no 
processo de ensino para o reforçamento intermitente, que é nosso tema agora. 
 
• Reforço intermitente: Na vida real, o reforço não acontece todas as 
vezes em que nos comportamos, ele às vezes ocorre e às vezes não 
ocorre, o que configura especificamente o que chamamos de reforço 
intermitente. Mas existem diferentes correlações entre o reforço e o responder, 
que pretendemos explorar aqui. 
Padrões Fixos – Um comportamento pode produzir os reforçadores em 
certos esquemas invariáveis, que não mudam. Estes esquemas podem ser por 
quantidade de vezes que o organismo se comportou (esquema de razão) ou 
por intervalos invariáveis a partir dos quais a primeira emissão é reforçada 
(esquema de intervalo). Padrões fixos produzem frequências de 
comportamento e resistência à extinção mais altas do que reforço contínuo, 
mas mais baixas do que esquemas variáveis e produzem mais pausas pós-
reforço do que nos esquemas variáveis. 
Padrões Variáveis – Um comportamento pode produzir os reforçadores 
em certos esquemas que possuem uma certa média, mas que não são fixos, 
ou seja, se a liberação do reforçador se dá em função da quantidade de vezes 
em que o comportamento é realizado (esquema de razão), não ocorrem 
sempre exatamente após a mesma quantidade de emissões, mas varia em 
torno de um certo número, ou seja, a quantidade de emissões é variável. Da 
mesma forma em relação aos intervalos a partir dos quais a primeira emissão 
daresposta é reforçada, nestes padrões variáveis este intervalo não é fixo, 
mas se modifica em torno de uma média. Padrões variáveis produzem as mais 
altas frequências do comportamento e maior resistência à extinção, assim 
como menos pausas pós-reforço. 
CBI of Miami 16 
 
 
Esquema de Razão – É aquele em que a liberação dos reforçadores se 
dá em face da quantidade de vezes que o organismo emitiu o comportamento, 
seja em uma relação que é fixa (razão fixa) ou variável (razão variável). 
Estemas de razão produzem padrões de comportamento de maior frequência e 
menos pausa pós-reforço do que esquemas de intervalo. 
Esquema de Intervalo – É aquele em que o reforçador é produzido pelo 
comportamento na primeira emissão após o fim de um certo intervalo, que 
pode ser sempre o mesmo (intervalo fixo) ou pode mudar (intervalo variável) e 
este esquema produz frequências menores e mais intervalo pós-reforço do que 
esquemas de razão. 
 
• Razão Fixa – (FR) 
Neste esquema, a proporção entre a quantidade de comportamentos que 
devem ser emitidos pelo organismo e a quantidade de reforçadores liberados é 
fixa, não muda, o reforçador sempre é liberado após X emissões do 
comportamento em questão. Damos um número ao esquema que corresponde 
a esta quantidade, por exemplo, se o comportamento for reforçado a cada duas 
emissões, nomeamos o esquema de FR:2, enquanto se ele for reforçado a 
cada 4 vezes, somente, ele é um FR:4, como no exemplo abaixo: 
FR:2 – bloco com 8 tentativas 
1 R - 3 R - 5 R - 7 R - 
2 R S+ 4 R S+ 6 R S+ 8 R S+ 
Legenda: R (resposta emitida) S+ (reforço positivo) – (ausência de 
consequência) 
 
FR:4 – bloco com 16 tentativas 
1 R - 5 R - 9 R - 13 R - 
2 R - 6 R - 10 R - 14 R - 
3 R - 7 R - 11 R - 15 R - 
4 R S+ 8 R S+ 12 R S+ 16 R S+ 
Legenda: R (resposta emitida) S+ (reforço positivo) – (ausência de 
consequência) 
CBI of Miami 17 
 
 
• Razão Variável – (VR) 
É aquele esquema em que a liberação do reforçador também se dá em 
função da quantidade de emissões do comportamento, em uma certa 
quantidade que é varia em torno de uma média, e é esta média que nomeia o 
esquema. Por exemplo, se um comportamento é reforçado nas tentativas 2, 4, 
10, 8, 20, 3, 7, 1, 8, 5, 5, 12, 18, 1, 6 e 4, que calculemos a quantidade de 
emissões, 112, dividido pela quantidade de reforçadores disponibilizados, 16, 
nomeando, portanto, como VR:7. 
 
VR:4 – bloco com 16 tentativas 
1 R - 5 R S+ 9 R - 13 R - 
2 R S+ 6 R - 10 R - 14 R S+ 
3 R - 7 R - 11 R - 15 R - 
4 R - 8 R - 12 R - 16 R S+ 
Legenda: R (resposta emitida) S+ (reforço positivo) – (ausência de 
consequência) 
 
Neste caso, basta dividir a quantidade de comportamentos – 16 – pela 
quantidade de reforçadores – 4 – para se ter o nome do esquema VR:4 
 
• Intervalo Fixo – (FI) 
Neste esquema, o comportamento é reforçado quando emitido após um 
certo intervalo após o reforçamento anterior. Estes esquemas são nomeados 
com o tempo que constitui o intervalo. Por exemplo, podemos ter o FI:1 
segundo, FI:1 minuto, FI:1 mês e assim por diante. 
Imaginemos o seguinte esquema, FI:2 minutos para o comportamento de 
um cachorro de latir, isso significa que ele late às 13h e há reforço (digamos 
que seja um biscoito) e o próximo só será liberado, portanto, após o latido que 
vier após as 13:02, se neste intervalo ele latir outras 10 vezes, não haverá 
reforçadores para isso. Quando são 13:02, digamos que o cachorro esteja 
entretido com outra coisa e só volta a latir 13:03, quando tem acesso ao 
CBI of Miami 18 
 
 
reforçador e passamos a remarcar o tempo como o intervalo, de modo que o 
reforçador só estará disponível no comportamento emitido após 13:05, ou seja, 
2 minutos depois do último reforçamento. 
 
• Intervalo Variável – (VI) 
Neste esquema, também o foco é o intervalo entre os reforçamentos, não 
importa quantas vezes um indivíduo emitiu o comportamento, mas o intervalo 
entre as oportunidades. Digamos mais uma vez que estejamos reforçando o 
comportamento de latir de um cachorrinho (porque faríamos isso, só Deus 
sabe), mas ao invés de definirmos um tempo exato, poderíamos estabelecer 
um VI:10 minutos, isso poderia ser organizado assim: 
Primeiro latido com reforço 13h10min 
Próximos: 
20 minutos depois do último reforçamento 
5 minutos depois do último reforçamento 
7 minutos depois do último reforçamento 
1 minuto depois do último reforçamento 
17 minutos depois do último reforçamento 
 
Se considerarmos que os intervalos somados dão 50 minutos em 5 
intervalos, mas esses intervalos não foram todos estáticos em 10 minutos, eles 
variaram enormemente, o que constitui um VI:10, portanto. 
CBI of Miami 19 
 
 
Exemplo dos padrões produzidos pelos diferentes esquemas: 
 
 
3. Punição Positiva e Punição Negativa, seus Efeitos Colaterais e o 
Debate Contemporâneo 
Punição, em Análise do Comportamento, não é sinônimo de castigo, 
como no senso comum, na verdade, é uma operação funcional que pode 
ocorrer de inúmeras diferentes formas. Uma punição é o processo de redução 
de um comportamento por meio de sua consequenciação com estímulos 
aversivos. Dizendo de outra forma, quando um comportamento produz 
consequências aversivas, isto é, que o organismo se comporta para evitar, isso 
faz com que este organismo se comporte, portanto, menos daquela mesma 
forma, o que constitui o processo de punição e esta redução de probabilidade 
do comportamento no futuro é o produto desta punição. 
Esta punição é, portanto, uma contingência operante, mas ao contrário da 
contingência de reforçamento, neste caso o comportamento diminui de 
probabilidade, ao invés de aumentar. O indivíduo, enquanto organismo, se 
comporta operando uma mudança no ambiente e este ambiente opera sobre 
CBI of Miami 20 
 
 
ele uma mudança, ele se torna um organismo novo, transformado, um 
organismo com menor probabilidade de emissão daquele comportamento. 
A punição, por sua vez, também pode ser positiva ou negativa, mas não 
se engane, não estamos falando de ela ser boa ou ruim ou fazer diminuir 
de probabilidade comportamentos bons ou ruins, na verdade este não é 
um tema da ciência, já que podemos realmente divergir quanto ao valor das 
coisas. Tal como nas relações de reforçamento, as palavras positivo e 
negativo, aqui, têm a função de – e +, isto é, possuem função matemática de 
indicar se a consequência que diminui a probabilidade do comportamento a 
que segue é a adição de um estímulo ou a subtração de um estímulo. 
Se meu comportamento produz a perda de um estímulo reforçador, isto 
pode puni-lo, ou seja, esta consequência pode fazer com que eu me comporte 
menos, mas não houve a adição de um estímulo aversivo, na verdade o que 
houve foi a retirada, a subtração de um estímulo, daí que seja uma punição 
negativa. 
Se meu comportamento faz com que eu tome um baita choque e eu deixe 
de me comportar da mesma forma, a consequência punidora não foi a retirada, 
a subtração de nenhum estímulo, mas a adição do estímulo a que chamamos 
de choque, que diminuiu a probabilidade de eu me comportar, daí que seja 
uma punição positiva, ainda que nada nesta descrição seja positivo, no sentido 
valorativo do termo. 
Mais uma vez é preciso reiterar que punição não é castigo, e por dois 
motivos: A. castigos podem não serem punitivos, porque castigo é topografia, é 
forma, e não função. Digamos que alguém esteja com sono e por isso fique 
“chato” em uma festa, zombando e batendo nos colegas, então o pai decide 
castigá-lo enviando-o a seu quarto, o que pode ser extremamente reforçador 
para ele, à medida em que o possibilitadormir e retirar de seu ambiente o 
estímulo aversivo a que chamamos de sono; e B. punição não 
necessariamente é um castigo, já que é função e não topografia. Digamos que 
uma criança faça um comportamento inadequado e eu a chame, lhe dê um 
beijo e, carinhosamente diga “mamãe não quer que você faça isso de novo, 
tá?” e ele de fato pare de fazer aquilo, isso foi uma punição, ainda que não 
tenha sido um castigo. 
CBI of Miami 21 
 
 
Punições são efetivas, mas porque então não as utilizamos simplesmente 
todas as vezes que temos um comportamento que desejamos eliminar? Porque 
os comportamentos inadequados não são simplesmente seguidos destas 
consequências, deixando o espaço limpo para os adequados? Porque há 
sérios problemas éticos e técnicos nesta utilização, que iremos sumarizar em 
seguida, através da pontuação de 8 efeitos colaterais da punição, que podem 
ser encontrados em toda a obra de Skinner, mas que estão bem sumarizados 
no livro A Coerção e Suas Implicações, de Murray Sidman. 
1. Elicia Comportamentos Emocionais 
Quando nós passamos por uma experiência de punição, uma série de 
respondentes são eliciados, provocando situações em que nosso coração pode 
acelerar, ficarmos ofegantes, suarmos, uma sensação de angústia ou de 
aceleração, enfim, comportamentos que, agrupados, geralmente denominamos 
de medo, raiva, ansiedade, entre outros. Estes respondentes podem paralisar 
um indivíduo, sendo uma barreira para aprendizagem, o que constitui um 
problema técnico para o ensino, assim como pode provocar sofrimento, o que 
constitui um problema ético para qualquer relação. 
2. Provoca Comportamentos Agressivos 
Quando passamos por uma experiência de punição, há o estabelecimento 
do valor reforçador de agirmos de maneira agressiva, por exemplo, batendo no 
agente punidor, o que é verificado em pesquisas básicas com animais como 
chimpanzés e seres humanos também, o que faz aumentar a probabilidade de 
o agente punidor ou outra pessoa presente ser colocado nesta situação. 
3. Funciona “Somente” na Presença do Agente Punidor 
As pessoas normalmente diminuem a velocidade de seu carro diante do 
radar, mas aceleram tão logo ele não esteja mais presente, assim como 
tendem a falar ou olhar a prova do coleguinha assim que a Professora dá um 
pulo no banheiro. São exemplos consistentes, mas corriqueiros de 
comportamentos que são punidos por certas consequências, mas quando o 
agende punidor não está apresente, não afeta a probabilidade de o 
comportamento acontecer. 
CBI of Miami 22 
 
 
Este efeito colateral não pode ser estendido a todos os contextos porque 
quando eu como um salgado e passo mal, o comportamento não é socialmente 
mediado e não possui um agente punidor na ausência do qual a probabilidade 
de reforçamento volta a ocorrer, na verdade estamos falando de situações em 
que a punição se dá pela própria forma da ocorrência do comportamento. 
4. Dá Modelo de Punição 
Quando punimos um indivíduo, estamos também oferecendo a ele um 
modelo de como devemos fazer em relação a outras pessoas, isto é, 
oferecemos a ele, sem querer, um modelo que ele pode imitar. Ao tomar suas 
próprias experiências de punição como um modelo, um indivíduo pode passar 
a apresentar aqueles mesmos estímulos diante do seu cachorro, uma 
irmãzinha ou outra pessoa, fazendo com que haja uma violação da dignidade 
deste outro, além de prejudicar as oportunidades sociais também deste 
indivíduo. 
5. O Aplicador Se Torna Estímulo Aversivo 
Já aprendemos que quando dois estímulos aparecem de maneira 
consistente diante de um indivíduo, um desses estímulos ganha as 
propriedades do outro, por meio do pareamento de estímulos, que também 
podemos chamar de Transferência de Estímulos ou Condicionamento 
Respondente. 
Assim, se um aplicador de uma intervenção baseada em ABA pune 
consistentemente certos comportamentos de um cliente, então a própria visão, 
o cheiro, a voz deste aplicador ganharão as propriedades dos estímulos 
punidores, ou seja, sua própria presença se tornará um estímulo aversivo para 
o cliente, tornando este profissional inútil para a tarefa de reforçar 
comportamentos adequados e prejudicando gravemente a intervenção. 
6. Provoca Comportamento de Fuga e Esquiva 
Não é só a presença física do aplicador que se torna aversiva quando há 
uma prática de punição, é tudo o que a ele está vinculado e se uma coisa é 
punitiva, é verdade que ela reduz a probabilidade dos comportamentos a que 
ela segue, mas também é verdade que ela aumenta os comportamentos que 
produzem sua retirada do ambiente, ou seja, ela aumenta a probabilidade de o 
CBI of Miami 23 
 
 
indivíduo se comportar para ir embora, de fugir desta situação aversiva, o que 
prejudica gravemente qualquer possibilidade de ensino. 
Além disso, o estímulo que é aversivo, como indica o próprio nome, causa 
aversão ao indivíduo, ou seja, ele se comporta para ficar o mais longe possível 
deste estímulo, o que pode significar tanto os comportamentos para saírem de 
uma determinada situação (fuga) como quaisquer comportamentos que evitem 
sequem que estes estímulos sejam confrontados, ou seja, produz 
comportamentos para evitar que a situação ocorra, trata-se da esquiva. 
Se uma terapia é baseada em punição, o indivíduo fará de tudo a seu 
alcance para não participar dela, ele pode chorar, berrar, bater e até simular 
uma dor de cabeça (esquiva), assim como, se não houver modo de evitar, fará 
tudo isso e muito mais já no ambiente de terapia, para que seja mandado em 
bora para casa antes da hora (fuga). 
7. Reforça o Comportamento Punidor 
Se você é um educador ou terapeuta e a criança com a qual está 
trabalhando dê socos em você e nos colegas dele, isso é uma situação 
extremamente aversiva, é verdade. Se você se comportar de uma maneira que 
ela pare de bater, isto elimina um estímulo aversivo do seu ambiente e a 
punição é capaz de produzir isso. Se você punir o comportamento dela de 
bater, este comportamento será inevitavelmente reduzido. 
O problema é que, quando você conseguir retirar este comportamento 
inadequado de bater em todo mundo, o seu comportamento de punir será 
reforçado, ou seja, ele terá sido capaz de afastar um estímulo aversivo (bater) 
do ambiente e isso deve fazer com que seu comportamento de punição 
aumente de probabilidade (reforço negativo), o que tornará seu comportamento 
de punir mais provável e com mais probabilidade de ter acesso a reforço, 
aumentando mais e mais e mais e mais e transformando o profissional em um 
tipo abusivo, o que é inadmissível no campo da Análise do Comportamento. 
8. Não ensina outras respostas substitutivas 
Se uma pessoa emite um comportamento, por mais inadequado que ele 
seja, há uma motivação que estabelece o valor do reforçador pelo qual o 
indivíduo se comporta. Se nós punirmos um certo comportamento é verdade 
que ele será reduzido de probabilidade e até mesmo eliminado. No entanto, 
CBI of Miami 24 
 
 
isso não responde ao problema fundamental do indivíduo que podemos resumir 
da seguinte forma “e agora, como terei acesso ao mesmo reforçador?” 
Se alguém se comporta de maneira inadequada por atenção, por 
exemplo, chorando como um bebê, eu posso punir seu comportamento de 
chorar e isso jamais voltar a acontecer, mas eu preciso me perguntar o que é 
então que ele fará para conseguir atenção daqui para frente. Talvez o indivíduo 
possa pedir adequadamente atenção, mas há alta probabilidade de ele não 
saber como fazer isso e ele poderia fazer cocô nas calças, bater a cabeça ou 
quebrar coisas, entre inúmeras outras formas, ainda muito mais inadequadas 
do que chorar, que ele pode emitir. Istoocorre porque a eliminação de um certo 
comportamento não foi acompanhada do ensino de outros comportamentos 
que dessem acesso ao mesmo reforçador. 
 
O Debate Contemporâneo 
Décadas atrás, a sociedade criava e ensinava suas crianças por meio de 
muitos artifícios violentos, em que a punição tinha realmente um papel especial 
na escola, em casa, nas terapias e inclusive, claro, naquelas que se baseavam 
em ABA. Intervenções que utilizavam choques, por exemplo, eram comuns, e 
inclusive pesquisadores muito reputados que tiveram experimentos 
importantes, como Lovaas, têm em seu currículo inúmeros estudos que hoje 
seriam absolutamente inaceitáveis. 
Entende-se, portanto, que a sociedade mudou e não é mais possível 
aceitar práticas em que a punição é uma ferramenta como outra qualquer à 
disposição do Analista do Comportamento, para evitar as práticas abusivas. 
Este combate, contudo, tornou toda a discussão em torno da punição um 
verdadeiro tabu, o que também não é favorável para a área e também para as 
crianças e suas famílias. Isto porque, quando uma criança faz um 
comportamento de agredir a outrem, por exemplo, se a Professora o olha nos 
olhos e diz “Isso não se faz com o amiguinho!” e se de fato ele bate menos no 
amigo, que procedimento comportamental é este? Punição e ainda assim a 
dignidade do aluno não foi violada de modo algum, pelo contrário ele aprendeu 
e a dignidade do colega, que outrora tinha sido violada pela agressão, foi 
recuperada. 
CBI of Miami 25 
 
 
Há uma série de importantes autores, como Bruna Colombo, Marcos 
Bentes, Marta Hunzinker, entre inúmeros outros, que questionam este tabu e 
propõem uma discussão ampla e aprofundada sobre a punição (apesar deste 
nome terrível), em que se pese ética e tecnicamente nos casos concretos esta 
avaliação de benefício dos indivíduos para que possamos pesquisar sobre o 
tema, sempre resguardando a dignidade humana, em primeiríssimo lugar e 
também a transparência com escrutínio externo. 
 
4. Contingências Automáticas e Socialmente Mediadas 
Nós já vimos que uma contingência é uma relação de dependência entre 
eventos, em que os Antecedentes (A), uma Resposta do organismo (B) e a 
Consequência que ela produz (C) interagem de modo a transformar o ambiente 
e o organismo, de modo dinâmico, por meio do aumento de probabilidade do 
comportamento, quando as consequências são reforçadoras, ou redução da 
probabilidade do comportamento, quando as consequências são punidoras. 
Ocorre, no entanto, que tudo o que não é a Resposta, é ambiente para 
que ela ocorra, ou seja, todos os estímulos corporais, o próprio corpo dentro da 
pele é parte do ambiente em que o organismo se comporta. Esses estímulos 
corporais podem ser estímulo antecedente e consequência para os 
comportamentos, daí que sejam também parte da contingência. 
Quando estabelecemos a análise de uma contingência, olhamos para 
uma resposta específica de um organismo. Por exemplo, se um estudante 
bagunça em sala de aula e a professora o dá uma esculhambação e o tira da 
sala, talvez tenhamos uma contingência em que um indivíduo está privado de 
atenção (A) e então ele grita e batuca (B) e então a Professora o dá uma 
esculhambação e o tira da sala e ele recebe também outras broncas da 
Coordenação e Direção da escola (C), constituindo uma contingência de 
reforço positivo pois a atenção foi adicionada ao ambiente do estudante pelas 
broncas. No entanto, se olharmos para a Professora, nesta relação, a bronca 
que ela dá não é tomada como comportamento, porque o que estávamos 
analisando até agora era o comportamento do estudante e não o dela, ou 
sejam, se a análise é da contingência do estudante, o comportamento da 
Professora é ambiente em que ele se comporta. Quando dizemos que, exceto 
CBI of Miami 26 
 
 
a Resposta, todo o restante é ambiente, estamos falando também de outras 
respostas que a não a que está em análise. 
O que é preciso salientar é que o ambiente social, portanto, o 
comportamento de outras pessoas, é ambiente no qual uma pessoa se 
comporta, mas um ambiente no qual as contingências são socialmente 
mediadas. Se eu olhar e analisar o comportamento da professora que deu a 
bronca e tirou o aluno da sala, provavelmente eu dissesse que uma pessoa 
motivada para dar aula sobre um certo tema foi confrontada com um aluno 
correndo e batucando, tornando impossível que ela lecionasse (A) então ela 
deu uma bronca e tirou o aluno da sala (B) e então o ambiente teve um 
estímulo aversivo retirado (corrida e batuque do estudante) (C) reforçando 
negativamente o comportamento severo da Professora. 
As contingências de reforçamento e punição podem ser, portanto, 
socialmente mediadas ou não. As consequências que controlam nosso 
comportamento podem ser produzidas por outras pessoas, seja em 
intervenções educacionais ou terapêuticas ou no dia a dia ou não, podem ser 
produzidas por nossa relação direta como mundo exterior ou nosso mundo 
interior, nosso mundo dentro de nossa pele. 
A B C Tipo de 
contingência 
Todo dia 
cedo 
Vou à 
academia 
Sinto a endorfina, que 
reforça meu 
comportamento 
Automática 
Todo dia 
cedo 
Vou à 
academia 
Encontro pessoas legais 
e isso reforça meu 
comportamento 
Socialmente 
mediada 
Privado de 
comida 
Faço almoço e 
como 
A fome é afastada e isso 
reforça este 
comportamento 
Automática 
Privado de 
comida 
Peço um prato 
de comida a 
minha mãe 
A fome é afastada e isso 
reforça este 
comportamento 
Socialmente 
mediada

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